xiii encontro anual dos cursos de graduação em administração no

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XIII ENCONTRO ANUAL DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
NO BRASIL
TEMA: “INOVAÇÕES E INVESTIMENTOS NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO NO
BRASIL”
COMUNICAÇÃO
SUBTEMA: “QUESTÕES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS”
A MATEMÁTICA COMO UM ESTUDO DE CASO PARA A
INTERDISCIPLINARIDADE DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
Vicente Eudes Veras da Silva
[email protected]
Instituição onde leciona:
Professor de Matemática I e Matemática II
Curso de Graduação em Administração
UNESA – Universidade Estácio de Sá / Petrópolis/RJ
Instituição onde Pesquisa:
Programa de Pós-Graduação / Mestrado em Educação
Área de Novas Tecnologias e Processos Educacionais
UNESA/RJ
Endereço completo:
Rua Jorge Justen 232 – bloco 5 – apto 108
Bingem – Petrópolis/RJ
CEP: 25665008
Tel.: (24)2247-8504 Cel.: (21)9146-7791
e-mail: [email protected]
XIII ENCONTRO ANUAL DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
NO BRASIL
TEMA: “INOVAÇÕES E INVESTIMENTOS NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO NO
BRASIL”
COMUNICAÇÃO
SUBTEMA: “QUESTÕES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS”
A MATEMÁTICA COMO UM ESTUDO DE CASO PARA A
INTERDISCIPLINARIDADE DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
Vicente Eudes Veras da Silva
[email protected]
Professor de Matemática I e Matemática II
Curso de Graduação em Administração
UNESA – Universidade Estácio de Sá / Petrópolis/RJ
RESUMO
O desenvolvimento, nos alunos, da capacidade de aprender nos parece uma
síntese dos objetivos psicopedagógicos de qualquer sistema educacional de
sociedades que querem preparar pessoas que tenham condições de adaptar-se a
mudanças tanto culturais, tecnológicas ou sociais. Por outro lado, estamos diante de
uma nova maneira de expressão e compreensão, onde possa haver trocas múltiplas
entre professores e alunos e, entre as disciplinas de Administração. É profunda a
ruptura que se dá quando se passa de uma mente que relaciona matemática a
exercícios para uma mente que entende a matemática como resolução de situaçõesproblema. Faz-se necessária, então, a conscientização dos professores sobre a
influência de uma aplicação da matemática nas formas de pensamento para que os
mesmos se motivem a participar de forma ativa na implantação de situaçõesproblema na forma de Estudo de Caso aplicadas aos Cursos de Graduação em
Administração.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo é examinar com alguma profundidade como a
matemática e o restante do mundo interagem no curso do processo de uma
aplicação da matemática nos Cursos de Graduação em Administração.
A proposta é de implementar um conteúdo único aos Cursos de Graduação em
Administração, ou seja, utilizar uma mesma linguagem, tanto nos assuntos
abordados como nas avaliações sem comprometer a individualidade e criatividade
do professor em sala de aula.
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PROPOSTA METODOLÓGICA
Proponho que a disciplina seja desenvolvida como um grande estudo de caso (uma
situação-problema) com a participação ativa dos alunos nas tomadas de decisão na
criação de uma empresa fictícia. Tal estratégia, envolvente e interativa, está
adequada às atuais tendências da Administração, empolgando os alunos e fazendo
com que eles percebam a necessidade da Matemática para o dia-a-dia da profissão
que escolheram.
Na criação desta empresa deverão ser analisados os conceitos de custo,
receita, lucro, margem de contribuição, margem de lucro, impostos, cálculo do preço
do produto, entre outros.
Ao substituir a lista de exercícios por um estudo de caso (situação-problema)
reforçamos a diferença entre um exercício e um problema visto que o exercício
requer apenas mecanismos que nos conduzem de forma imediata à solução. Um
estudo de caso, considerado aqui como uma situação-problema, requer dos alunos
a ativação de diversos tipos de conhecimento, de procedimentos, de atitudes e
motivações.
Ensinar ao aluno do Curso de Graduação em Administração a resolver
problemas consiste não apenas em ensinar-lhe estratégias eficazes mas em criar o
hábito e a atitude de encarar a aprendizagem como um problema para o qual se tem
que encontrar respostas.
O que ocorre realmente quando fazemos uma aplicação da matemática?
Começamos com uma situação, retirada do campo da Administração ou da
Economia ou do cotidiano, que desejamos entender ou sobre o qual desejamos
atuar. Tentamos então “matematizar” a situação, isto é, examina-la sistemática,
estrutural e analiticamente. Com um problema bem formulado em mãos, passamos
a trabalhar nele fazendo uso de todo e qualquer raciocínio matemático adequado.
Desta forma, estaremos introduzindo a matemática como ferramenta útil e
fundamental para a profissão do administrador e, ainda, estabelecendo relação com
outras disciplinas do curso como Estatística, Matemática Financeira, Introdução a
Economia e Teoria Microeconômica, fazendo da disciplina de Matemática um dos
pivôs para a interdisciplinaridade no curso de Administração.
A abordagem dos muitos tópicos de matemática será feita dentro da carga
horária estipulada para as disciplinas, e esta carga horária se mostrava reduzida
para tanto conteúdo. Além desta limitação, precisamos lembrar que, para um bom
aproveitamento das aulas, o nosso aluno deve ter uma boa formação matemática
em nível fundamental e médio, o que infelizmente não ocorre com a maioria. Sendo
assim, para atingirmos um de nossos principais objetivos, a melhoria do ensino de
matemática, estamos neste segundo semestre de 2002 aumentando de 60 para 90
horas a carga horária de MAT I igualando a carga horária de MAT II de forma que
propicie a ampliação dos conhecimentos dos tópicos de nível superior visando a
preparação para as demais disciplinas do curso que utilizam o ferramental
matemático.
É de fundamental importância que os professores que forem ministrar as
disciplinas MAT I e MAT II estejam prontos para enfrentar o desafio de fazer da
matemática uma linguagem que será de real utilidade para a vida acadêmica e
profissional do aluno; que esteja preparado para contribuir com idéias, experiência
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profissional em sala de aula e fora dela e que esteja preparado para trabalhar em
equipe.
“QUANDO EU IREI USAR ISSO”
Quando ouvimos a pergunta acima, na verdade, a afirmação oculta é “Isso é
difícil. Eu não gosto disso”. A verdadeira questão, a que todo professor de MAT I ou
MAT II deveria se perguntar é “Onde se aplica isso?”, o que leva a algumas aulas
interessantes, tanto para mim como para meus alunos do Curso de Graduação em
Administração.
Trazer uma situação-problema na forma de estudo de caso para a sala de
aula, por um lado, desperta expectativas nos alunos e, também no professor, cria
envolvimentos emocionais e intelectuais, exige conhecimentos conceituais, utiliza
habilidades matemáticas “fora do programa”, por outro lado, desperta o desejo de
aprofundar conhecimentos, parece suscitar um crescimento intelectual pois faz-nos
enpenharmos na busca dos “por quês” e “comos”.
A situação-problema na forma de estudo de caso não de ficar presa apenas
aos cursos de MBA (Mestrado em Administração de Empresas) pois tem espaço
reservado em MAT I e MAT II dos Cursos de Graduação em Administração pois
considero as aplicações um instrumento muito poderoso, uma vez que elas
fornecem uma multiplicidade de abordagens onde um dos papéis é o de criar o
envolvimento do aluno.
Estudos de caso apresentam-se como recurso didático importante,
apresentando situações muito próximas da realidade, ou mesmo alguma história
verídica, exigindo do aluno um posicionamento frente à situação colocada. A
aplicação do estudo de caso tem como finalidade despertar a capacidade de tomar
decisões e auxilia o exercício de reflexão sobre problemas apresentados na forma
de "caso".
Pode-se enumerar em seis, os principais passos no processo de elaboração
do Estudo de Caso até a resolução da situação-problema: formulação, modelação,
solução, avaliação, decisão, implementação.
1º Passo:
Formulação do problema.
Primeiramente o professor de MAT I ou MAT II deve formular corretamente o
problema em estudo. O problema deve ser analisado a partir de um sistema
integrado, onde interatuam várias componentes, todas elas interdependentes, para o
qual é preciso obter uma solução que satisfaça a todas elas.
Nesta etapa devem ficar bem definidos:
a)
os objetivos que se pretendem alcançar com a resolução do problema.
b)
as restrições (limitações) existentes no sistema em geral.
c)
as relações de interdependência de todas as componentes integrantes
da situação-problema.
Este passo deve ser executado com muita responsabilidade, e obviamente, a
formulação inicial será sempre reformulada até que se alcance a que melhor
represente a situação real em estudo.
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2º Passo:
Construção do modelo matemático.
Um modelo é uma representação simplificada de uma situação na vida real.
Um modelo reflete a essência do problema, representando as relações de
interdependência existentes entre todas as componentes da situação em estudo.
Para formular matematicamente um problema da vida real, por vezes
complexo, é preciso começar por uma representação, o mais simples possível, do
mesmo, ou seja, simplificar o problema em estudo.
Geralmente, este processo de modelação desenvolve-se em forma de espiral,
começando por uma representação simplificada do problema, até se chegar depois
de vários ciclos a uma representação mais próxima da situação em estudo na vida
real.
Este processo de reformulação e remodelação pode repetir-se, até que o
modelo desenvolvido e as suas soluções representem, o mais fielmente possível, a
complexidade do problema em estudo, e as soluções implementadas satisfaçam
completamente os principais objetivos traçados.
3º Passo: Determinação da solução.
Uma vez realizada a formulação matemática do problema, é preciso aplicar
métodos e algoritmos que atendam a resolução da situação-problema
Se o modelo foi corretamente formulado, a solução obtida pode ser uma boa
aproximação da solução a implementar na situação real. Vale aqui ressaltar que
qualquer modelo, como representação do problema, possui um certo grau de
incerteza, motivado fundamentalmente pelas simplificações efetuadas.
4º Passo:
Avaliação do modelo e da solução.
Neste passo serão avaliados, quer o modelo escolhido, quer as soluções
obtidas. Dependendo das conclusões da avaliação, será determinado o passo a
seguir.
a)
Avaliação satisfatória: proceder à tomada de decisão, que prepara as
condições para a implementação da solução obtida na situação real.
b)
Avaliação não satisfatória: proceder à reformulação, remodelação e
resolução do novo modelo, a partir dos resultados obtidos no processo de
avaliação.
5º Passo:
Tomada de decisão na solução encontrada.
Uma vez concluída satisfatoriamente a etapa de avaliação, é preciso elaborar
um relatório bem documentado que possibilite a implementação da situação obtida
na situação real. Este relatório deve incluir o modelo e um procedimento para a
tomada de decisão, o que significa, que todas as ações que devem ser realizadas
para implementar os resultados do Estudo de Caso
6º Passo:
Implementação
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Neste passo efetua-se a implementação das soluções obtidas usando a
metodologia elaborada. No processo de implementação é preciso envolver
ativamente as disciplinas envolvidas no Estudo de Caso
PERFIL, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ALUNO
Ao término do primeiro período (MAT I) e do segundo período (MAT II), os
alunos deverão estabelecer uma comparação entre a teoria matemática
desenvolvida em sala de aula e a prática de uma empresa real.
Espera-se, com a implantação de uma matemática na forma de um Estudo de
Caso, o seguinte perfil dos alunos ao final do Curso de Graduação em
Administração:
formação humanística e visão global que o habilite a compreender o meio
social, político, econômico e cultural onde está inserido e a tomar decisões em um
mundo diversificado e interdependente;
competência para atuar profissionalmente nas organizações, além de
desenvolver atividades técnico-científicas próprias do administrador;
competência para atuar de forma empreendedora, analisando criticamente as
organizações, identificando oportunidades, antecipando e promovendo suas
transformações;
competência para atuar em equipes interdisciplinares;
competência para compreender a necessidade do contínuo aperfeiçoamento
profissional e do desenvolvimento da autoconfiança.
Com o perfil acima descrito esperamos que, com uma Matemática voltada
para a solução-problema de um Estudo de Caso, os alunos adquiram competências
e habilidades para:
expressar-se corretamente nos documentos técnicos específicos, bem como
nas relações interpessoais, de forma a auxiliar na interpretação da realidade das
organizações;
utilizar raciocínio lógico, crítico e analítico, operando com valores e
formulações quantitativas e estabelecendo relações formais e causais entre
fenômenos;
interagir criativamente em face dos diferentes contextos organizacionais e
sociais;
compreender o todo administrativo, de modo integrado, sistêmico e
estratégico, bem como de suas relações com o ambiente externo;
lidar com modelos de gestão inovadores;
resolver problemas e desafios organizacionais com flexibilidade e
adaptabilidade;
ordenar atividades e programas, identificar e dimensionar riscos para tomada
de decisões;
selecionar estratégias adequadas de ação, visando atender interesses
interpessoais e institucionais; selecionar procedimentos que privilegiem formas de
atuação em prol de objetivos comuns; articular o conhecimento sistematizado com a
ação profissional.
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TEMPO DE MUDANÇAS
O conhecimento por parte do professor de matemática aplicada à
Administração (MAT I ou MAT II) dos processos envolvidos na resolução de
problemas e das dificuldades que os alunos encontram nos mesmos, permitirá que
a tarefa seja apresentada pelo professor de uma forma a minimizar estes percalços;
por outro lado, se for facultado ao aluno a existência destas dificuldades, acredito
que um esforço conjunto permita um melhor rendimento na resolução de um estudo
de caso.
O tipo da estratégia e quais os pontos relevantes deverão ser selecionadas
pelo professor baseados nas suas experiências sobre o Estudo de Caso. Caso as
dicas selecionadas não estejam trazendo o resultado esperado, o professor deverá
reavaliá-las e determinar a existências das que poderão auxiliar o aprendizado.
Acredito que a matemática desta forma desenvolve o conjunto de saberes e
conhecimentos necessários para que ao concluir o Curso de Graduação em
Administração, o administrador possa reconhecer e definir problemas, equacionar
soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações no processo de trabalho,
atuar preventivamente, transferir e generalizar conhecimentos, além de, é claro,
apresentar raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores, formulações
matemáticas para estabelecer relações formais e causais entre fenômenos e para
expressar-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos
organizacionais e sociais.
É preciso reconhecer a urgência da elevação do nível científico, cultural e
técnico da população, para que se torne inadiável novas formas de ensinoaprendizagem da matemática aplicada à Administração.
Nessa nova realidade, o Curso de Graduação em Administração deixar de
ser informativo e transforma-se num lugar de análise crítica e produção de
informação, com isso, alunos adquirem o poder de tomada de decisão através da
situação-problema de um Estudo de Caso.
Deve ficar claro tanto para o educador quanto para o educando que a
matemática através do Estudo de Caso deve ser de uma postura reflexiva, critica e
metodológica e numa linguagem segura nas raízes das questões, examinando a
dimensão interdisciplinar.
Enfim, no mundo cada vez mais globalizado, com a revolução tecnológica e a
árdua busca pela competitividade, o ensino-aprendizagem da matemática a partir da
formulação de situação-problema requer um professor de MAT I e MAT II aberto a
promover estas mudanças em seu currículo. Segundo Chiavenato (1997, p. 24):
“Mudança é a passagem de um estado para outro. É a
transição de uma situação para outra situação diferente.
Mudança representa transformação, perturbação, interrupção,
fratura. A mudança está em toda parte; nas organizações, nas
cidades, nos hábitos das pessoas, nos produtos e serviços, no
tempo e no clima, no dia-a-dia”.
BIBLIOGRAFIA
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CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 4ª ed.
São Paulo: Campus, 1997.
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