Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL TRATAMENTO DE LIPODISTROFIA GINÓIDE COM ULTRASSOM TERAPÊUTICO E DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL Lipodystrophy Gynoid Treatment Therapeutic Ultrasound and Manual Lymphatic Drainage CASTRO, Karine de1 CROVE, Elaine Herculano2 MOREIRA, Fernando Freitas3 SILVA, Alessandra Maciel da4 ARMONDES, Carla Caroline Lenzi5 SAVI, Vanessa Koppe6 RESUMO A lipodistrofia ginóide é um problema estético e funcional e até mesmo emocional. Este projeto tem como objetivo verificar a atuação do ultrassom terapêutico e da drenagem linfática manual no tratamento da lipodistrofia ginóide. Participaram desta pesquisa 5 voluntárias, na faixa etária entre 18 e 35 anos. Primeiramente, as voluntárias passaram por uma anamnese e exame físico geral. Os parâmetros escolhidos foram a perimetria da região glútea e superior da coxa e os registros fotográficos. As voluntárias foram submetidas a 20 atendimentos, primeiramente, realizou-se a aplicação do ultrassom, seguida da estimulação dos gânglios linfáticos e depois a drenagem linfática manual. Após a realização da técnica, as voluntárias foram reavaliadas, para a obtenção dos resultados. Constatou-se que houve uma diminuição geral das medidas após os atendimentos. Na região glútea, 20 cm abaixo da CIPS e logo abaixo da prega glútea direita foram as regiões que obtiveram uma diminuição das medidas, sendo de 2,97% (± 0,70) e 3% (± 1,40). Com relação ao grau de acometimento 40% das voluntárias apresentaram redução do mesmo, já 60% das voluntárias apresentaram apenas uma melhora no aspecto visual, não havendo redução no grau de acometimento. Portanto, conclui-se que a atuação do ultrassom e drenagem linfática manual auxilia na melhora do aspecto visual do tecido acometido por esta patologia. Palavras chave: Ultrassom, Lipodistrofia, Drenagem. 1 Acadêmico do Curso de Bacharelado em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal - FACIMED. EMAIL: [email protected] 2 Acadêmico do Curso de Bacharelado em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal Cacoal - FACIMED. EMAIL: [email protected] 3 Acadêmico do Curso de Bacharelado em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal - FACIMED. EMAIL: [email protected]. 4 Bacharel em Fisioterapia - Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED. 5 Docente do curso de Bacharelado em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Biomédicas de CacoalFACIMED. Bacharel em Fisioterapia – UNESP. Mestre em Engenharia Biomédica docente do curso de fisioterapia da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED. EMAIL: [email protected] 6 Docente do curso de fisioterapia da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED. EMAIL: [email protected] Local da realização do trabalho: Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED. CACOAL 66 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL ABSTRACT The gynoid lipodystrophy is an aesthetic and functional problem and even emotional. This project aims to check the effectiveness of therapeutic ultrasound and manual lymphatic drainage in the treatment of gynoid lipodystrophy. Participated in this research five volunteers, aged between 18 and 35 years. First, the volunteers underwent a medical history and general physical examination. The parameters chosen were perimetry the gluteal and upper thigh and photographic records. The volunteers were subjected to 20 calls, first, took place the application of ultrasound, followed by stimulation of the lymph nodes and then the manual lymphatic drainage. Upon completion of the technique, subjects were re-evaluated to obtain the results. It was found that there was a general decrease of the measures after the consultations. Ventrogluteally 20 cm below the CIPS and just below the right gluteal fold regions which were obtained a reduction of the measures, and 2.97% (± 0.70) and 3% (± 1.40). Regarding the degree of involvement 40% of the volunteers showed a reduction of the same, as 60% of the volunteers had only an improvement in the visual appearance, with no reduction in the degree of involvement. Therefore, it is concluded that the performance of ultrasound and manual lymphatic drainage aids in improving the visual appearance of the tissue affected by this disease. Keywords: ultrasound, lipodystrophy and drainage. INTRODUÇÃO De acordo com Menezes (2009), a maior preocupação estética das mulheres está relacionada à lipodistrofia ginóide, conhecida também como celulite, e que chega a atingir 85-98% das mulheres de todas as raças. A lipodistrofia ginóide recebe outras designações como: fibro edema gelóide, hidrolipodistrofia, infiltração celulítica, paniculopatia edemato fibro esclerótica, lipoesclerose nodular e outros (CORRÊA, 2005). Segundo Mendonça e Rodrigues (2010), a lipodistrofia ginóide (LDG) surge a partir da mudança do tecido gorduroso, dos tecidos conectivos e dos vasos sanguíneos e linfáticos. O estrógeno, hormônio feminino, pode agir nos vasos, aumentando ou diminuindo a irrigação da área. Isso compromete os tecidos, podendo produzir uma reação fibrótica. Essa patologia é considerada multifatorial e pode ser causada por efeitos hormonais, predisposição genética, inatividade física, obesidade, tabagismo, estresse e maus hábitos alimentares (MILANI; JOAO; FARAH, 2006). De acordo com Menezes (2009), a lipodistrofia ginóide pode ser classificada em quatro fases: A fase inicial, onde o processo já está instalado internamente, mas não pode ser visto ou sentido; na segunda, inicia-se a evolução do processo, caracterizada por mudanças estruturais que vão ficando cada vez mais acentuadas; nesse caso, os primeiros sintomas passam a ser visíveis e podem ser sentidos sob palpação, a pele 67 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL ganha um aspecto de casca de laranja e com ondulações; já na terceira fase, há presença de nódulos, os sinais são bem visíveis, não necessitando de palpação para serem percebidos, a pele áspera aparenta uma casca de laranja e a pele esta edemaciada, ocorre sensação de perna pesada; na quarta fase, ela é dura e a pele fica “lustrosa”, cheia de depressões, as pernas ficam inchadas, pesadas, doloridas e a sensação de cansaço está presente, mesmo sem esforço físico. Uns dos tratamentos que apresentam benefícios a essa patologia é o ultrassom terapêutico, devido aos seus efeitos biofísicos específicos já conhecidos, como o aumento da circulação, com consequente neovascularização e relaxamento muscular, efeito mecânico, caracterizado pela micromassagem, o rearranjo e extensibilidade das fibras colágenas e melhora das propriedades mecânicas do tecido, e também por seus efeitos de veiculação de substâncias por fonoforese (MILANI; JOAO; FARAH, 2006). Segundo Cunha (2007), a drenagem linfática manual é de grande importância no tratamento da lipodistrofia ginóide, diante do quadro de estase sanguínea e linfática. Essa técnica consiste em captar o líquido intersticial excedente que originou o edema e evacuá-lo em direção as reservas ganglionares, mantendo, dessa forma, o equilíbrio hídrico dos espaços intersticiais. O presente trabalho teve como objetivo verificar a atuação do ultrassom terapêutico e da drenagem linfática manual no tratamento da lipodistrofia ginóide. MATERIAIS E MÉTODOS A amostra foi selecionada de maneira aleatória simples, a mesma foi caracterizada por 5 pacientes do sexo feminino, na faixa etária dos 18 aos 35 anos, que residem na cidade de Cacoal – RO. Os Critérios de inclusão foi apresentarem LDG na região dos glúteos e superiores das coxas, apresentarem qualquer grau de LDG, e Sedentárias. Os Critérios de não inclusão da pesquisa foram pacientes que apresentaram lesão muscular na região a ser tratada, pacientes que praticantes de atividade física, pacientes em tratamento específico para LDG, mulheres com idade superior á 35 anos, mulheres com idade inferior á 18 anos, mulheres que se recusaram a assinar o TCLE. A pesquisa foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de ciências biomédica de Cacoal – RO, com o protocolo de n° 892/12 e autorização da clínica onde foi realizado o estudo. Todas as participantes foram 68 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL esclarecidas sobre os objetivos do estudo e os procedimentos metodológicos da pesquisa e aquelas que concordaram em participar assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em todas as fichas de avaliação, os indivíduos foram identificados por números visando preservar sua identidade. Foram utilizados os seguintes instrumentos ultrassom terapêutico (KLD – Esthétic Avatar) com frequência de 3 MHZ continuo e o tempo de aplicação, mensurado 2 minutos para áreas próximas de 10 cm² para realização do tratamento de lipodistrofia ginóide, Guirro e Guirro (2004). Gel á base de água (carbogel): como via de acoplamento entre o transdutor e a pele. O transdutor foi mantido sempre perpendicular á área tratada e em constante movimentação, para diminuir a energia refletida e refratada. Maca (IMER): para participante ficar em decúbito ventral durante o tratamento. Papel toalha: para higienização das regiões a serem tratadas. Fita métrica plástica (Fitness): para realização da perimetria antes e depois do tratamento com objetivo de comparação. Lápis demográfico: para marcar os pontos anatômicos. Ficha de Avaliação (segundo Borba (2006), que foi adaptada por não apresentar perimetria): para armazenar dados subjetivos e objetivos sobre as participantes. Câmara Digital Fotográfica (OLYMPUS) 12 Megapixels: para registro fotográfico das regiões tratadas na primeira e na última sessão, para verificar os efeitos obtidos. A drenagem linfática manual foi realizada nas coxas e regiões glúteas das voluntarias, utilizando técnicas tradicionais, obedecendo á seguinte ordem: Bombeamento dos linfonodos inguinais e poplíteos, deslizamento simples, deslizamento direcionado, amassamento, bombeamento com deslizamento, deslizamento final e bombeamento final dos linfonodos inguinais e poplíteos, foram realizados cinco repetições de cada movimento. COLETA DE DADOS O procedimento da coleta na primeira sessão foi aplicada a ficha de avaliação da lipodistrofia ginóide que obteve: Identificação; investigação sobre possíveis patologias do sistema circulatório; disfunção hormonal; fraturas não consolidadas; processo inflamatório agudo na articulação; lesão muscular/ tendinosa; espasticidade/ miotonias; alergias a corrente elétrica ou produtos; fumantes; pratica atividades físicas; tipos de alimentação; tratamentos anteriores e resultados; período de aparecimento da celulite 69 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL grau e localização; uso de anticoncepcional. O exame físico constou de: inspeção; palpação; teste casca de laranja, teste de preensão e perimetria. A perimetria foi realizada com as voluntárias em posição ortostática, glúteos relaxados e de costa em relação à pessoa que efetuou as medidas. Os pontos anatômicos citados foram marcados com lápis demográfico á 10 cm, 15 cm, 20 cm abaixo da crista ilíaca póstero superior e abaixo da prega glútea direita e esquerda para facilitar a efetuação da perimetria. Foi realizado registro fotográfico das regiões a serem tratadas, em vista posterior, enfatizando-se a região acometida, tiradas a uma distância de 75 cm da participante, a qual permaneceu em posição ortostática com os glúteos relaxados e depois contraídos. Esse registro serviu como base de comparação para a verificação da eficácia do tratamento, permitindo visualizar os resultados obtidos. Esta pesquisa foi realizada na clinica de fisioterapia da Faculdade de ciências biomédica de Cacoal (FACIMED), localizada na Avenida Projetada, 2070, Bairro Jardim Eldorado, Cacoal – RO. Os atendimentos foram realizados das 15:25 ás 19:10 horas. Cada participante recebeu 20 atendimentos divididos em 3 sessões por semanas, em dias alternados, num total de 15 atendimentos por semanas, cada sessão teve duração de 45 minutos. O intervalo entre tratamentos sucessivos depende da natureza da lesão, aguda ou crônica. As lesões com caráter agudo devem ser tratadas diariamente e as lesões com caráter crônico, em geral menos severo, poderão ser tratados em dias alternados, duas ou três vezes por semana (FUIRINI; LONGO, 1996). Lima et al. (2006), realizou um trabalho para demonstrar a eficácia da drenagem linfática manual no tratamento de lipodistrófia ginóide, este estudo foi realizado por 15 mulheres com idade entre 18 a 27 anos com duração de 20 sessões. Os resultados foram satisfatórios e obtiveram diminuição nas medidas da perimetria após as sessões de tratamento. Após as 20 sessões as voluntarias foram submetidas á perimetria exatamente sobre os pontos anatômicos citados anteriormente, e os dados obtidos foram comparados ás medidas realizadas no inicio do tratamento. E as voluntarias foram fotografadas novamente para verificação da evolução do tratamento. O grau de acometimento foi avaliado através do aspecto visual fotográficos, antes e depois dos atendimentos. 70 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL RESULTADOS De acordo com a ficha de avaliação participaram desta pesquisa 5 voluntárias do sexo feminino. Constatou-se que a faixa etária das participantes variou entre 18 e 24 anos, com uma idade média de 22 (± 2,34) anos. Quanto ao uso de anticoncepcional constatou-se que 3 participantes (60%) faziam uso do mesmo e 2 participantes (40%) não faziam uso deste medicamento, com relação ao uso de cigarro relatou que 100% não faziam uso do mesmo. De acordo com as participantes, 2 relataram (40%) inicio da LDG na gravidez e 3 das participantes (60%) tiveram inicio na adolescência. Quanto ao grau da LDG 3 das voluntárias (60%) apresentavam grau 2, 1 das participantes (20%) apresentava grau 1 e a outra apresentava grau 3. Segundo os critérios de inclusão e exclusão dessa pesquisa 100% das participantes não praticavam atividade física. Em relação aos testes realizados antes e depois das avaliações observou-se que: O teste de “casca de laranja” (consiste em pressionar o tecido adiposo entre os dedos polegar e indicador ou entre palmas das mãos. Será positivo se a pele parecer com uma casca de laranja, com aparência rugosa) foi positivo em 100% das participantes tanto antes quanto após o tratamento. 120 100 80 60 40 20 0 90,6 89,4 98,4 96,6 103,8 100,8 61,6 59,8 61,8 60,6 10cm abaixo CIPS 15cm abaixo CIPS 20cm abaixo CIPS abaixo da prega abaixo da prega glútea ‐ Direita glútea ‐ Esquerda Antes Depois GRAFICO 1: Média das variáveis da perimetria das regiões 10cm abaixo CIPS, 15cm abaixo da CIPS, 20cm abaixo da CIPS, abaixo da prega glútea direita e abaixo da prega glútea esquerda realizado antes e após os 20 atendimentos. Fonte: própria autora. O gráfico 1 demonstra as médias de cada região anteriormente e após o tratamento. A região 10 cm abaixo da CIPS, antes do atendimento obteve uma média de 71 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL 90,6 (± 3,28) cm e depois do atendimento 89,4 (± 3,78) cm. Já a região 15 cm abaixo da CIPS obteve uma média de 98,4 (± 3,20) cm antes e depois do atendimento 96,6 (± 1,94) cm. Na região 20 cm abaixo da CIPS, antes do atendimento obteve uma média de 103,8 (± 1,92) cm e depois do atendimento 100,8 (± 1,78) cm. Abaixo da prega glútea direita antes do atendimento 61,6 (± 1,14) cm e depois do atendimento 59,8 (± 0,83) cm. Abaixo da prega glútea esquerda obteve uma média 61,8 (± 0,83) cm antes e 60,6 (± 0,89) depois dos atendimentos. Participantes 4 2,97 3 2 1,38 3 1,98 1,84 1 Participantes 0 10cm abaixo CIPS 15cm abaixo CIPS 20cm abaixo abaixo da abaixo da CIPS prega glútea ‐ prega glútea ‐ Direita Esquerda GRÁFICO 2: Média em percentual da diminuição das variáveis da perimetria das regiões 10cm abaixo CIPS, 15cm abaixo da CIPS, 20cm abaixo da CIPS, abaixo da prega glútea direita e abaixo da prega glútea esquerda realizado antes e após os 20 atendimentos. Fonte: própria autora. Observa-se que há variação entre as médias de antes e depois, mostram que no geral houve melhora da redução de medidas. Na região 10 cm abaixo da CIPS obteve uma diminuição de 1,38% (± 2,55). Na região 15 cm abaixo da CIPS teve uma redução de 1,84% (± 1,48). Nas regiões de 20 cm abaixo da CIPS e abaixo da prega glútea direita, foram as regiões que apresentaram maior redução de medidas, sendo 2,97% (± 0,70) e 3% (± 1,40) respectivamente. Na prega glútea esquerda apresentou diminuição de 1,98% (± 1,39) conforme ilustra no gráfico 2. De acordo com a avaliação e reavaliação segue abaixo as fotografias do antes e depois dos 20 atendimentos mostrando o resultado maior eficácia e o resultado menor eficácia. 72 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL Resultado com maior eficácia: Foto 1: 1° paciente (22 anos) antes das 20 sessões (foto esquerda glúteos relaxados e direita sob contração glútea). Observou-se que antes do tratamento a participante apresentava grau 1 no glúteo esquerdo e grau 2 no glúteo direito e superior das coxas, conforme ilustra à foto 1. Fonte: própria autora. Foto 2: 1° paciente (22 anos) depois das 20 sessões (foto esquerda glúteos relaxados e direita sob contração glútea). Depois das 20 sessões observou-se que o glúteo direito não apresentava mais grau de acometimento da LDG, o glúteo esquerdo e parte superior das coxas evoluíram para grau 1 (foto 2). 73 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL Resultado com menor eficácia: Foto 9: 5° paciente (18 anos) antes das 20 sessões (foto esquerda glúteos relaxados e direita sob contração glútea). Observou-se a presença de LDG grau 2 nas regiões glúteas e superior das coxas Fonte: própria autora. Foto 10: 5° paciente (18 anos) depois das 20 sessões (foto esquerda glúteos relaxados e direita sob contração glútea). Fonte: própria autora. Depois das sessões observou que não houve diferença significante do antes e depois do tratamento em comparação aos graus de classificação da LDG. Pode observar que houve uma melhora tecidual onde a pele ficou com um aspecto mais liso. 74 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL DISCUSSÃO A justificativa do presente estudo baseia-se na utilização do ultrassom terapêutico associado à drenagem linfática manual, visando reduzir a lipodistrofia ginóide, um problema que atinge um grande número de mulheres causando nestas um quadro patológico e estético indesejável (WEIMANN, 2004). Existem vários fatores que favorecem o aparecimento da lipodistrofia ginóide. Alguns fatores foram analisados e poderiam ter interferido no resultado da pesquisa, como é o caso do anticoncepcional. Segundo Guirro e Guirro (2004) e Borges (2006), por apresentarem hormônios na sua fórmula, podem levar a uma alteração nos adipócitos, e desencadear ainda mais a lipodistrofia ginóide. Como podes se observar nessa pesquisa as participantes (60%) que faziam uso de anticoncepcional (1°, 3° e 4°) obtiveram um bom resultado; as que não faziam uso (2° e 5º) obtiveram resultados distintos, sendo que a 5º participante não apresentou resultado satisfatório, o que vem a contradizer os autores citados acima. Outras variáveis como tabagismo e o exercício físico, também poderiam ter influenciado no resultado. Segundo Fernandes (2003), as substâncias do cigarro determinam espessamento das paredes dos vasos sanguíneos prejudicando a circulação, já deficiente na lipodistrofia ginóide. Em relação à prática de exercícios físicos, 100% das participantes não praticavam atividades físicas, já que essa variável apresentava-se como um critério de exclusão, isso pode ter influenciado nos resultados, segundo Leite (2003) e Pravatto (2007). No presente estudo, não foram averiguados alimentação, posição preferencial adotada durante o dia e tensão pré-menstrual. Estas variáveis segundo os autores citados abaixo tem grande importância no nível de variabilidade dos resultados. De acordo com Guirro e Guirro (2004) e Borges (2006), os hábitos desordenados e abusos na dieta, dão origem com o passar do tempo, a desequilíbrios a nível celular que originam uma reação em cadeia, influenciando diretamente na formação da lipodistrofia ginóide. Para Rossi (2001), a posição preferencial adotada durante o dia, como a postura sentada por período prolongado, pode comprimir as cadeias ganglionares da região 75 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL poplítea e inguíno - crural e agravar o quadro de lipodistrofia ginóide, devido à resistência oferecida à circulação de retorno veno-linfático. Oenning e Braz (2002) realizaram uma pesquisa do tratamento de lipodistrofia ginóide associado ao ultrassom e observaram que no período pré-menstrual e menstrual, houve piora no quadro de lipodistrofia ginóide. Deve-se ressaltar que a perimetria realizada neste estudo não foi utilizada para identificar a lipodistrofia ginóide ou classificá-la, mas como uma medida complementar e indireta na avaliação, pois o aumento na circunferência da região glútea poderia estar relacionada com o ganho de peso e este com a lipodistrofia ginóide. Observou-se que todas as participantes tiveram diminuição da perimetria em alguma região que foi mensurada. Sabendo que a lipodistrófia ginóide é uma patologia multifatorial que causa complicações estéticas, funcionais e sociais, o presente estudo mostra á população que o tratamento de lipodistrofia ginóide apresenta bons resultados, porém é de grande valia uma abordagem multiprofissional do distúrbio para obtenção de resultados mais satisfatórios. Conforme afirma Milani, João e Farah (2006) e Guirro e Guirro (2004). Com os resultados obtidos nesta pesquisa pode-se observar que o tratamento isolado de lipodistrofia ginoide não levaria a resultados satisfatórios. Visto que nesta pesquisa foi utilizado ultrassom associado com drenagem linfática, e os resultados foram bons, onde 2 participantes obteve redução do grau de acometimento e 3 participantes não apresentaram redução do grau de acometimento, mais apresentaram redução da perimetria e uma melhora do aspecto visual tecidual. Os resultados poderiam ser satisfatórios se o tratamento fosse acompanhado com adoção de medidas alimentares equilibradas e com a prática de atividades físicas. Isso vem a confrontar com as pesquisas realizadas por Lima et al. (2006) e Pieri e Brongholi (2003), Lima et al. (2006), realizou um trabalho para demonstrar a eficácia da drenagem linfática manual no tratamento de lipodistrófia ginóide, este estudo foi realizado por 15 mulheres com idade entre 18 a 27 anos com duração de 20 sessões. Os resultados foram satisfatórios e obtiveram diminuição nas medidas da perimetria após as sessões de tratamento. O presente estudo esta de acordo com a pesquisa de Marcant (2007), onde 10 mulheres que foram submetidas a 10 sessões, apresentaram resultados satisfatórios, na qual todas as participantes obtiveram redução das medidas mensuradas e duas 76 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL participantes apresentaram redução do grau de acometimento da LDG. Demonstrando que a associação da drenagem linfática com o ultrassom é eficaz no tratamento de lipodistrófia ginóide. O ultrassom melhora a circulação, favorece as trocas metabólicas e evita fibroses como o aspecto da “casca de laranja”, também faz com que ocorra a quebra das moléculas de gordura. A drenagem linfática manual auxilia na eliminação desses líquidos e toxinas, através da corrente linfática, fazendo com que essas impurezas sejam excretadas (BORGES, 2006). Em relação à classificação da lipodistrofia ginóide, de acordo com o estágio encontrado, analisando-se, isoladamente, os glúteos e a parte superior das coxas, que foram submetidos à terapia, observou-se, da primeira para a segunda avaliação, uma melhora no aspecto visual tecidual da pele, com consequente redução do grau de acometimento. A avaliação realizada após as 20 sessões, verificou que as participantes 3, 4 e 5 (60%) não apresentaram decréscimo do grau de acometimento da LDG, a 1° e 2° participantes (40%) obtiveram decréscimos do grau de acometimento. Segundo Pravatto (2007), não foram encontrados estudos científicos que comprovem o número mínimo eficaz de sessões de ultrassom associado á drenagem linfática manual no tratamento da lipodistrofia ginóide. Por fim, a lipodistrofia ginóide não pode ser tratada isoladamente é preciso buscar a saúde da paciente em todos os seus aspectos, ou seja, o sistema muscular e a gordura localizada também dever ser abordadas para devolver ou manter a harmonia corporal. Isto pode ser obtido através da adoção de medidas alimentares equilibradas e com a prática de atividades físicas (GUIRRO; GUIRRO 2004). CONCLUSÃO Com os resultados obtidos através deste estudo, conclui-se que a atuação do ultrassom terapêutico na frequência de 3 MHZ, modo continuo, associado à drenagem linfática manual no tratamento de lipodistrofia ginóide, auxilia na melhora das depressões teciduais, aspecto geral da pele e diminuição das medidas. Apesar da notável melhora no aspecto visual da pele, constatou-se que os números de sessões não foram suficientes para todas as participantes, já que as mesmas 77 Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – ARTIGO ORIGINAL possuíam diferentes graus de acometimento da lipodistrofia ginóide. Uma boa alimentação e a prática regular de exercícios físicos poderiam complementar o tratamento. O presente estudo mostra à população que esse tratamento funciona, porém é de grande valia uma abordagem multiprofissional do distúrbio. Sendo assim, sugere-se novos estudos sobre o assunto, com maior número de sessões e com mudança no estilo de vida das pacientes para a obtenção de melhores resultados. REFERÊNCIA BORBA, P. F. Análise da eficácia da corrente russa na redução do fibro edema gelóide. Disponível em: http://www.fag.edu.br/tcc/2006/Fisioterapia/analise_da_ eficacia_da_corrente_na_reducao_do_fibro_edema_geloide.pdf. Acesso em: 22/07/2011. BORGES, F. S. 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