1 1 - INTRODUÇÃO 1.1 - INSULINA As ilhotas de Langerhans foram identificadas, no pâcreas, por volta de 1860, por Langerhans, daí a sua denominação. A relação entre diabetes e pâncreas foi sugerida desde 1788 por Cawley, mas só foi comprovada por Frederick Banting & Charles Best. Eles extraíram um potente fator hipoglicemiante de pâncreas de cães, usando uma solução ácida de etanol (Banting et al., 1922). Esse fator denominado insulina devido à sua origem (“islets of Langerhans”), rapidamente teve sua utilização disseminada no controle do diabetes. A insulina é considerada um hormônio modelo, uma vez que foi o primeiro a ser purificado, seqüenciado, cristalizado e sintetizado através de técnicas químicas e de biologia molecular (Murray et al. 2002). A insulina é um peptídio formado por duas cadeias, uma de 21 aminoácidos e a outra de 30 aminoácidos, ligadas por pontes dissulfeto. Ela é sintetizada por ribossomos no retículo endoplasmático das células β do pâncreas sob a forma de pré-pró-insulina, um polipeptídeo linear de 110 aminoácidos, com uma seqüência sinal constituída por 23 aminoácidos hidrofóbicos, que direciona a pré-pró-insulina para cisternas do retículo endoplasmático rugoso. Nas cisternas da referida organela ocorre remoção da seqüência líder, formação das pontes dissulfeto e enrolamento da cadeia. A pró-insulina tem de 77 a 86 aminoácidos sendo constituída pelas cadeias A e B, conectadas pelo peptídeo C. O peptídeo C possibilita o dobramento da cadeia permitindo, assim, a correta formação das três pontes dissulfeto. A molécula de pró-insulina é transportada ao aparelho de Golgi, onde iniciam-se a proteólise e o empacotamento em grânulos secretores. Nesses grânulos secretores é convertida em insulina pela ação de uma peptidase específica que cliva ligações peptídicas envolvendo aminoácidos básicos presentes nas extremidades do peptídeo C. Quantidades equimolares do peptídeo C e moléculas de insulina estão presentes no interior desses grânulos. Após estimulação apropriada, os grânulos maduros se fundem com a membrana plasmática e descarregam seus conteúdos no fluido extracelular por exocitose. Em vertebrados, as etapas de transcrição e tradução da insulina são moduladas pela concentração de glicose sanguínea (Dodson & Steiner, 1998). 2 A comparação das seqüências das insulinas de diferentes espécies animais aponta para conservação da identidade e posição da maioria dos aminoácidos, exceto para os resíduos 8, 9 e 10, da cadeia A, e o resíduo 30 da cadeia B. Embora os aminoácidos nessas posições variem muito, as propriedades biológicas aparentemente não são alteradas. As posições e regiões altamente conservadas são: a localização das três pontes dissulfeto; os resíduos hidrofóbicos na região carboxi-terminal da cadeia B e as regiões amino e carboxila-terminais da cadeia A. A estabilização da estrutura da molécula de insulina ocorre por pontes de hidrogênio e interações iônicas. Dímeros de insulina são formados pela interação por pontes de hidrogênio entre os grupamentos peptídicos dos resíduos B24 e B26 de duas moléculas de insulina. Quando a insulina está em alta concentração, organiza-se como um hexâmero, cada uma associada a dois átomos de zinco (Baker et al., 1988 citado por Conlon, 2001). As células β do pâncreas respondem aos diversos estímulos recebidos (na forma de substratos, hormônios ou neurotransmissores) e liberam insulina em intensidade proporcional ao balanceamento entre fatores estimulatórios e inibitórios. A resposta mediada por insulina à concentração de glicose sangüínea é bifásica. A primeira é rápida, ocorrendo secreção transitória de insulina. A segunda é proporcional ao nível e duração do pré-estímulo de glicose, e é dependente parcialmente da síntese continuada de insulina. O aumento dos níveis de glicose é o regulador fisiológico mais importante da secreção da insulina. A estimulação da liberação de insulina por aminoácidos depende do tipo de aminoácido e do nível de glicose presente; lipídeos são também capazes de potencializar a liberação de insulina (Rorsman et. al., 2000; Lang, 1999; Pagliara et al., 1974). A degradação da insulina ocorre principalmente no fígado e rins e é responsável pela remoção e inativação desse hormônio. O primeiro passo para o catabolismo da insulina é a ligação ao seu receptor e a subseqüente internalização. Interações intracelulares entre insulina e a protease específica para insulina (sistema de degradação enzimática da insulina) promovem a clivagem da insulina. Outras enzimas estão envolvidas na degradação da insulina como a proteína isomerase dissulfeto que catalisa a redução das pontes dissulfeto após a clivagem iniciada pela protease específica para insulina e, a catepsina D, localizada nos lisossomos possivelmente relacionada a degradação ácida da insulina previamente quebrada 3 pela protease e proteína isomerase dissulfeto (Mora et al., 2003, Duckworth et al., 1988). A insulina liga-se ao seu receptor nas células alvo para exercer suas funções. O receptor é constituído por duas subunidades α que se projetam para o lado externo da membrana plasmática e duas subunidades β, transmembranares, cujas extremidades carboxílicas encontram-se no lado citossólico. Um modelo propõe que uma molécula de insulina liga-se com alta afinidade às duas subunidades α do receptor, proporcionando mudança conformacional necessária a estimulação da atividade tirosina quinase da subunidade β. Conforme esquematizado na figura 1, o sítio 1 de uma molécula de insulina liga-se ao sítio de ligação 1 em uma das subunidades α do receptor e o sítio 2 da molécula de insulina associa-se com a região 2 de outra subunidade α do receptor (Schäffer, L., 1994). Receptor de insulina Receptor de insulina ativado Insulina Figura 1 - Ligação de Insulina ao Receptor (Schäffer, L., 1994). A região 1 de uma molécula de insulina interagiria com o sítio de ligação 1 em uma das subunidades α do receptor e a região 2 da molécula de insulina ligaria com a região 2 da outra subunidade α do receptor, determinando mudança conformacional do receptor de insulina. Subseqüente à autofosforilação do receptor de insulina, ocorre a fosforilação dos resíduos de tirosina nos substratos intracelulares. Os substratos para os receptores de insulina são quatro. Existem 20-22 resíduos de tirosina que podem ser fosforilados no receptor de insulina. Esses sítios de fosforilação estão localizados no domínio que interage com proteínas que possuem o domínio homólogo a src (SH)2 4 como fosfatidil inositol 3 quinase, proteína de ligação ao receptor do fator de crescimento e a fosfatase tirosina Syp. A fosforilação dessas proteínas desencadeia a ativação do sistema Ras-Raf-MAP quinase ou ativação da quinase serina AKT quinase, resultando nos efeitos biológicos da insulina. Esse modelo de sinalização é esquematizado na figura 2 (revisado por Baudler et al, 2003). Receptor de insulina glicose Quinase PI 3 Complexo RAS Quinase S6 Transporte de Glicose Síntese de lipídios Quinase MAP Proliferação Expressão Gênica Expressão gênica Síntese de proteínas Figura 2: Esquematização da cascata de sinalização de insulina (Baudler et al, 2003). AKt – quinase serina/treonina sensível a insulina; ATP – adenosina trifosfato; IRS – substrato do receptor de insulina; GAB-1 – proteína de ligação associada GBR2; GAP – proteína ativadora de GTPase; GLUT4 – tranportador de glicose do tipo 4; GRB2 – proteína 2 de ligação do receptor do fator de crescimento; GTP – guanosina trifosfato; GSK3 – quinase 3 da sintase do glicogênio; MAP – proteína quinase ativada por mitógeno; p110p85 – subunidade catalítica (p110) e subunidade regulatória da quinase PI-3; Shc proteína com domínio homólogo ao colágeno e com domínio homólogo a Src; SHP2 – fosfatases tirosinas com domínio homólogo a Scr; SOS – fator trocador de nucleotídeo guanidina específica para Ras (oncogene do vírus sarcoma Harvey); Raf – oncongene viral codificante de uma quinase serina/treonina (retrovírus de transformação rápida); MEK – quinase da MAP quinase; Rsk – quinase S6 ribosssomal. 5 A insulina de vertebrados é conhecida por exercer uma ampla faixa de efeitos regulatórios na célula. Tradicionalmente, esses efeitos são classificados em dois tipos: metabólicos e estimuladores de crescimento. Os efeitos metabólicos da insulina consistem na captação, transporte, armazenamento e metabolismo de moléculas alimentares (as hexoses, aminoácidos e ácidos graxos). Enquanto os efeitos metabólicos podem ser de curta e longa duração, os efeitos mitogênicos são de longa duração e ocorrem no nível gênico. Consistem no aumento da expressão de genes específicos, estimulação da síntese de DNA, RNA e proteínas específicas, e, em seu conjunto, resultam no crescimento celular. A insulina, em baixa concentração, tem ação metabólica e, em alta concentração, ação mitogênica (Pertseva et al., 2003). Alexander-Bridges et al. (1992) sugerem que os efeitos da insulina sobre os genes responsáveis pelo crescimento são realizados através de fosforilação das proteínas, enquanto o efeito sobre os genes relacionados ao metabolismo é efetuado pela inibição da fosforilação. Uma entrada de glicose, nas células β do pâncreas, determina aumento de ATP, via glicólise e ciclo de Krebs. Altos níveis de ATP inibem os canais de K+ sensíveis a ATP, despolarizando a membrana das células β, o que resulta no influxo de Ca++, através dos canais de Ca++ sensíveis a voltagem. Uma vez elevada a concentração de Ca++, ocorre o estímulo da exocitose da insulina. Isso resulta num aumento nos níveis da insulina sangüínea que, por sua vez, mediará uma série de efeitos descritos a seguir (Deeney et al., 2000). Um dos efeitos consecutivos ao aumento nos níveis de insulina é o aumento da transcrição do gene da glicoquinase no fígado, elevando a quantidade desta enzima no órgão. Tal indução enzimática pode contribuir muito para diminuir os níveis elevados de glicose no sangue. A glicoquinase é uma isoenzima da hexoquinase com propriedades cinéticas muito diferentes das outras hexoquinases. O Km é consideravelmente mais alto do que para outras hexoquinases. A glicoquinase não está sujeita à inibição pela glicose 6-fosfato, o produto da reação de fosforilação catalisada por essa enzima (Brady et al., 1999). A glicose é transportada por oito membros de uma superfamília de proteínas de membrana, produtos de genes singulares, expressos num padrão tecidoespecífico. Os transportadores de glicose são chamados de GLUT1, GLUT2 e assim por diante. A maioria dos transportadores está localizada na membrana plasmática e o movimento do transporte de glicose é no sentido de fora para dentro da célula. 6 (Olson & Pessin, 1996). GLUT4 é o transportador sensível à insulina, predominantemente encontrado, mas não exclusivamente, nos tecidos adiposo, músculo esquelético e cardíaco. No estado basal, mais de 95 % dos transportadores GLUT4 localizam-se nos diferentes compartimentos de armazenamento – elementos túbulo-vesicular intracelular, compartimentos endomembranosos (endossomos de reciclagem e distribuição) e complexo Trans-Golgi. A insulina estimula a translocação de GLUT4 para a membrana plasmática através de duas vias de sinalização: uma dependente de substrato do receptor de insulina/quinase do fosfatidilinositol 3-fosfato e outra envolvendo CAP/CbI/TC10 (Kanzaki & Pessin, 2003; Brady et al., 1999; Pessin et al., 1999). A glicose é fosforilada, após sua entrada na célula, por hexoquinases, sendo dessa forma mantida no interior celular. Dependendo das necessidades metabólicas, a glicose 6-fosfato poderá ser armazenada como glicogênio ou sofrer glicólise para subseqüente oxidação do piruvato e produção de ATP. As duas enzimas do metabolismo do glicogênio, a fosforilase do glicogênio e sintase do glicogênio, bem como as enzimas chaves da glicólise, estão sujeitas à regulação por modificação covalente, alostérica e compartimentalização (Brady et al., 1999). No metabolismo do glicogênio, a sintase do glicogênio catalisa a incorporação de UDP-glicose ao glicogênio, enquanto a fosforilase libera resíduos de glicose 1fosfato das cadeias do glicogênio (figura 3). A fosforilação de múltiplos sítios da sintase do glicogênio resulta na sua progressiva inativação, enquanto a fosforilação de um único sítio da fosforilase do glicogênio promove a sua ativação. A insulina ativa a proteína fosfatase (PP1) responsável pela desfosforilação tanto da sintase do glicogênio quanto da fosforilase do glicogênio, promovendo a estimulação máxima da síntese de glicogênio e inibição da glicogenólise. A proteína fosfatase (PP1) desfosforila e inativa uma quinase da fosforilase do glicogênio, o imediato ativador desta enzima. A insulina, também, diminui a atividade da quinase da sintase do glicogênio-3 (GSK-3) que por sua vez fosforila e inativa a sintase do glicogênio. (Baudler et al., 2003; Brady et al., 1999). 7 Receptor de insulina + PPI + Glicogênio sintase GSK-3 Desfosforilação da fosforilase do glicogênio Desfosforilação da fosforilase quinase Figura 3: Desfosforilação das enzimas do metabolismo do glicogênio (Brady et al., 1999). A insulina promove regulação alostérica das enzimas do metabolismo do glicogênio, à medida que aumentos nos níveis intracelulares de glicose, glicose 6fosfato e UDP-glicose contribuem para regulação de ambas enzimas. Por fim, a insulina ativa a síntese do glicogênio por regular a localização subcelular da sintase do glicogênio. Em hepatócitos, aumentos nos níveis de glicose 6-fosfato resultam na translocação da sintase do glicogênio do citosol para a membrana plasmática (Fernandez-Novell, et al., 1997). A insulina sinaliza a ativação de fosfoproteínas fosfatases por mecanismos não totalmente compreendidos. Uma fosfoproteína fosfatase remove o fosfato da enzima bifuncional fosfofrutoquinase-2 e frutose 2,6-bifosfatase. Quando a enzima bifuncional está desfosforilada, a atividade fosfofrutoquinase-2 está ativa e catalisa a síntese de frutose 2-6 bifosfato. Quando a enzima bifuncional estiver fosforilada, a atividade frutose 2,6-bifosfatase é estimulada e passa a catalisar a hidrólise da frutose 2-6 bifosfato. Desse modo, a insulina converte a enzima bifuncional na forma fosfrutoquinase 2, o que resulta no acúmulo de frutose 2-6 bifosfato. Frutose 2-6 bifosfato é um regulador positivo da enzima 6-fosfofruto-1-quinase e inibidor da frutose 1,6 bifosfatase, por conseguinte, a glicólise é estimulada e a gliconeogênese inibida (Saltiel & Kahn, 2001; Pilkis, 1992). A insulina estimula a lipogênese por vários mecanismos. Em função de uma maior captação de glicose para o interior celular, aumenta-se a disponibilidade do piruvato, necessário à síntese de ácidos graxos e também do glicerol 3-fosfato para 8 a esterificação de ácidos graxos recentemente formados. A insulina estimula a ativação da piruvato-desidrogenase no tecido adiposo, mas não no fígado e determina a conversão à forma ativa da acetil-CoA carboxilase. Um outro efeito da insulina é a redução dos níveis de AMPc no tecido adiposo, conseqüentemente ocorre inibição da lipólise, e portanto, a concentração de ácidos graxos livres reduzse acompanhada pela diminuição de acil-CoAs de cadeias longas o que inibe a lipogênese. A principal ação da insulina no tecido adiposo é inibir a atividade da lipase hormônio-sensível tanto pela redução do AMPc quanto pela ativação da fosfatase da lipase. No fígado, a insulina estimula a síntese de triacilglicerídeos que são transportados para o tecido adiposo na forma de VLDLs (lipopoproteínas de densidade muito baixa). Nos adipócitos os ácidos graxos liberados dos triacilgliceróis provenientes das VLDLs são usados na síntese de triacilglicerídeos (Devlin et al., 2002; Geelen et al., 1980; Holm, 2003). Além do transporte de glicose, insulina estimula o transporte de potássio. Dois mecanismos são propostos para esta ativação: o estímulo do cotransportador de Na+ e K+ e o da Na+K+ATPase. O efeito máximo é observado em 10 minutos (Longo, 1996). Em fibroblastos, insulina aumenta a reciclagem da Na+K+ATPase sem afetar a quantidade na membrana ou modificar a dependência intracelular de Na+ pela Na+K+ATPase (Longo et al., 2001). Insulina desempenha um papel chave na regulação da síntese protéica. Tal papel tem sido observado em vários tecidos e em sistemas de cultura de células (Antonetti et al., 1993; Asford & Pain, 1986; DePhilip et al., 1979). Múltiplos mecanismos estão envolvidos nessa regulação: 1 – aumento da eficiência na iniciação e/ou elongação na tradução do mRNA (Kimball et al., 1994); 2 – mudança na transcrição de genes específicos (O’Brien & Granner, 1996); 3 – aumento do número de ribossomos (Antonetti et al., 1993; Asford et al., 1986; DePhilip et al., 1979). O grau de contribuição de cada um deles na regulação da síntese protéica varia conforme os sistemas em estudo. Mudanças dos níveis basais dos ribossomos podem envolver modulação na síntese ribossomal ou de sua degradação. Hannan et al. (1998) observaram que insulina estimula a transcrição de rRNA em células de fibroblastos de camundongos albinos 3T6 e células de hepatomas de rato –II-E.C3, em parte, pelo aumento do conteúdo celular de componentes requeridos para formação do complexo ativo de RNA polimerase I. As moléculas que tiveram os 9 níveis aumentados foram o UBF (fator de ligação “upstream”) e o fator 53 associado a RNA polimerase I (Hannan et al., 1998). 1.2 - DISTRIBUIÇÃO DE INSULINA NOS ORGANISMOS A insulina teve sua origem associada ao pâncreas nos vertebrados primitivos. Verificou-se, no entanto, recentemente, que ela tem uma distribuição mais ampla, tanto em termos dos tecidos em que se encontra quanto em relação à sua presença em outros reinos (Le Roith et al.,1980). Já em 1923, Best & Scott descreveram uma atividade hipoglicêmica em extratos de diversas glândulas, como a tireóide, o timo, a submaxilar e o fígado. No sistema nervoso central, a insulina apresenta funções na estimulação simpática e liberação do fator liberador de corticotropina, além de possível ação no crescimento do sistema nervoso central (Schulingkamp et al., 2000; Ferrannini et al., 1999). Há duas teorias para origem da insulina no cérebro de vertebrados: uma seria através da produção local de insulina e a outra seria pelo transporte ativo da insulina, contra o gradiente, da circulação para o sistema nervoso central (Schulingkamp et al., 2000). Em invertebrados, a maioria dos trabalhos publicados entre 1980 e 1997 sobre insulina, a descrevem no sistema nervoso mais do que no sistema enteropancreático (Sower et. al., 2000). 1.2.1 – INSULINA EM PROCARIOTOS Um único trabalho registra insulina em um procarioto. Este trabalho foi publicado em 1981 por LeRoith et al. (1981b), onde foi descrita insulina em Escherichia coli detectada por atividade imunológica e biológica. 1.2.2 – INSULINA EM EUCARIOTOS UNICELULARES Desde 1923, a presença de insulina havia sido descrita por Collip, em levedura, baseando-se em atividade hipoglicêmica. Mais um indicativo da presença de insulina, em levedura, seria o caminho de sinalização de insulina, descoberto posteriormente, quando insulina exógena de humanos foi administrada à levedura Saccharomyces cerevisae e houve estimulação do metabolismo de glicose e da quinase Snf1 (Muller et al., 1998). 10 Em 1980, LeRoith et al. descreveram insulina em Tetrahymena pyriformis (protozoário), Aspergillus fumigatus (fungo) e Neurospora crassa (fungo). Estes peptídeos relacionados à insulina mostraram comportamento semelhante à insulina de vertebrados em cromatografia de exclusão molecular, de troca iônica e de fase reversa, além de apresentarem atividade imunológica e biológica (LeRoith et al., 1980; LeRoith et al., 1985). Tentativas foram feitas para clonar o gene de insulina de Neurospora crassa, mas Muthukumar e Lenard (1991) obtiveram um pseudogene semelhante ao gene da preproinsulina humana. Ainda em Neurospora crassa foi identificado e purificado um receptor de insulina de membrana com 55 kDa, o que aponta um caminho de sinalização de insulina neste fungo (Dietz et al., 1989; Kole et al., 1991). 1.2.3 – INSULINA EM INVERTEBRADOS Em invertebrados, a insulina apresenta-se como um grupo de peptídeos, estruturalmente muito diversos entre si e codificados por grandes famílias multigênicas. As estruturas básicas das insulinas de vertebrados são mantidas nestes peptídeos, tais como organização em duas cadeias e centro hidrofóbico. No entanto, também apresentam características únicas tais como a incapacidade de formar dímeros ou hexâmeros como acontece com o MIP (peptídeo de molusco relacionado à insulina) e com o LIRP (peptídeo de lagosta relacionado à insulina); as cadeias B são extremamente variáveis, em extensão, quando comparadas às insulinas de vertebrados (Smit et al., 1998). Entre os filos de invertebrados, a insulina foi descrita em urocordatos, equinodermes, artrópodes, anelídeos, moluscos e esponjas (Sower et al., 2000; Robitzki et al., 1989). Em Apis mellifica (abelha), Drosophila melanogaster e Annelida oligocheta, os peptídeos relacionados à insulina foram detectados por ensaios imunológicos e biológicos (Maier et al., 1988; LeRoith et al., 1981a). A insulina da esponja Geodia cydonium, altamente homóloga à insulina de vertebrados, não apresenta pontes dissulfeto intracadeia, e possivelmente está envolvida na sinalização endócrina neste organismo. Várias são as evidências que confirmam este fato: esta proteína é sintetizada por células sinalizadoras na esponja e é capaz de estimular a transcrição de RNAm de calelectrina, além do fato de que membranas citoplasmáticas contêm um receptor para insulina (Robitzki et al., 1989). 11 1.2.4 – INSULINA EM PLANTAS Abordagens científicas no sentido de se investigarem atividades de plantas eficientes no tratamento do diabetes têm sido feitas, mas pouco se sabe sobre o mecanismo de ação e os princípios ativos de tais plantas. Foi demonstrado que extratos aquosos da casca de sementes de Caesalpinia bonducella, administrados oralmente, têm ação hipoglicêmica em ratos com diabetes induzido por estreptozotocina e aloxano (Biswas et al., 1997) e que extratos aquosos do fruto de Momordica charantia têm ação hipoglicêmica em ratos tratados com aloxano (Srivastava et al., 1993). Tantos são os tratamentos tradicionais empregados para o diabetes mellitus que, se contabilizados, ultrapassam o número de 400. Compostos da classe dos alcalóides, glicosídeos e polissacarídeos são descritos como tendo atividade hipoglicêmica, embora seus mecanismos de ação não sejam totalmente definidos. Os possíveis mecanismos de ação são: facilitação da ação da insulina e estimulação de sua síntese (Bailey & Day, 1989). Um composto extraído de Salacia reticulata, um açúcar sulfatado denominado salacinol, apresenta atividade hipoglicêmica por inibir a atividade α- glicosidásica do intestino (Yoshikawa et al., 1997). Já desde o descobrimento de insulina em vertebrados, sua presença foi investigada em plantas. Um dos membros do grupo que descobriu a insulina em cães, J. B. Collip, publicou um artigo em 1923, relatando atividade hipoglicêmica de extratos de diferentes plantas como alface, cevada, cebola, trigo e feijão. Ele atribuiu o nome de glucocinina a estes compostos hipoglicemiantes por considerar que o hormônio deveria ter uma denominação relacionada à sua atividade, ou seja, metabolismo de glicose e não relativa ao tecido de origem em vertebrados (Collip, 1923). Posteriormente, em 1979, um polipeptídeo extraído de Momordica charantia (melão-de-São-Caetano), uma Cucurbitaceae, foi denominado p-insulina, dado suas características semelhantes à insulina bovina quanto ao método de preparação, cristalização e atividade hipoglicêmica (Khanna & Jain, 1979). Peptídeos relacionados à insulina também foram detectados por ensaios imunológicos e biológicos em espinafre, centeio e Lemna gibba (Collier et al.,1987). Embora já estivesse sido descrita a presença de insulina em plantas, a primeira seqüência de uma insulina vegetal, foi obtida por Oliveira e colaboradores em 1999, tendo sido isolada de sementes de Canavalia ensiformis (feijão-de-porco), uma leguminosa. 12 As proteínas solúveis do tegumento de Canavalia ensiformis foram submetidas a cromatografia de troca iônica (DEAE-celulose) e a fração adsorvida foi separada, posteriormente, em cromatografia de exclusão molecular (Sephadex G50). A fração eluída, em Sephadex G-50, no tempo de retenção das proteínas com aproximadamente 8 kDa foi separada em gel de poliacrilamida e a banda protéica com 6 KDa contida nessa fração foi seqüenciada. A principal seqüência foi a que apresentou homologia com insulina bovina e a seqüência secundária mostrou-se 80% homóloga a uma seqüência interna do receptor do tipo tirosina quinase de humanos. A fração da Sephadex G50 com 15,3 % de espécies responsivas ao anticorpo anti-insulina humana, conforme determinado por radioimunoensaio, reduziu a glicemia de camundongos com diabetes induzida por aloxano, em nível comparável a solução de insulina bovina controle (Oliveira et al., 1999). Imunolocalização demonstrou a presença de insulina, receptor do tipo proteína quinase e proteínas do tipo fosfoserina na camada interna do tegumento de sementes de Canavalia ensiformis. (Oliveira et al., 2004). De Vigna unguiculata, também foram isoladas proteínas do tipo insulina com homologia a insulina bovina. Foi observado que os níveis de proteínas do tipo insulina aumentam durante o desenvolvimento de frutos de Vigna unguiculata e só declinam com a fase do amadurecimento (Venâncio et al., 2003). Posteriormente, esse mesmo grupo purificou uma proteína com afinidade a insulina de frutos de Vigna unguiculata cuja seqüência primária foi homóloga a receptores do tipo quinase de Arabidopsis thaliana e ao precursor do receptor de insulina de rato (Venâncio et al., 2004). Insulina foi detectada em cloroplastos e em vacúolos de células parenquimáticas de folha de Bauhinia variegata (pata-de-vaca). No vacúolo, insulina estava associada a cristais contendo cálcio provavelmente na forma de oxaloacetato de cálcio. A proteína isolada do cloroplasto de folha de Bauhinia variegata apresentou atividade hipoglicemiante e seqüência parcial homóloga a insulina (Azevedo et al., 2003). 13 1.3 - EFEITOS DE INSULINA EXÓGENA EM PLANTAS Um caminho de transdução de sinais envolvendo insulina tem sido evidenciado, em plantas, pelos resultados de administração exógena desse hormônio. Em sementes de melancia, pepino e girassol, insulina foi capaz de estimular a atividade de enzimas do ciclo do glioxalato (Goodman & Davis, 1993). Já em sementes de milho, a insulina acelerou a germinação e o crescimento das sementes, além de aumentar a síntese de proteínas ribossomais. Em especial, o fator de iniciação eIFiso-4E de sementes de milho teve o seu controle transcricional relacionado à insulina que, ao que tudo indica, modularia a fosforilação de proteína ribossomal S6 na subunidade 40S. No estado fosforilado da proteína ribossomal S6 há maior eficiência no recrutamento do RNAm da eIFiso-4E para os polissomos (Sánchez de Jiménez et al., 1999; Dinkova et al., 2000). Através de ensaio de ligação em membrana, Komatsu & Hirano (1991) demonstraram que globulinas 7S básicas de Vigna radiata, Vigna anglaris, Vigna sinensis, Lupinus albus e Glycine max e também uma glicoproteína epidermal de cenoura são capazes de se ligarem à insulina e ao fator de crescimento do tipo insulina I e II. As globulinas 7S básicas não têm homologia de seqüência com o receptor de insulina ou com receptores de fatores de crescimento do tipo insulina. No entanto, as globulinas 7S básicas apresentam diversas características semelhantes ao receptor de insulina. As duas proteínas são glicosiladas e têm domínios ricos em cisteína. Tanto o receptor de insulina quanto as globulinas 7S básicas são formadas por duas subunidades ligadas por ponte dissulfeto, e são sintetizadas na forma de um precursor com uma única cadeia. A subunidade de 16 kDa das globulinas 7S básicas tem atividade quinásica semelhante à subunidade β do receptor. Watanabe e colaboradores (1994) isolaram um peptídeo de radículas de soja em germinação, denominado leginsulina, capaz de ligar-se às globulinas 7S básicas e estimular a atividade quinásica destas proteínas, embora leginsulina não tenha homologia com insulina (Komatsu & Hirano, 1991; Komatsu et al., 1994; Watanabe et al., 1994). 14 1.4 – EFEITOS DE ANÁLOGOS DA INSULINA E INIBIDORES DO EFEITO DA INSULINA EM PLANTAS Alguns compostos têm efeitos miméticos à insulina, entre estes estão o vanadil sulfato e pinitol. O D-pinitol (3-O-metil-quiroinositol), isolado do Bougainvillea spectabilis, reduziu a glicemia de camundongos diabéticos e aumentou o transporte de deoxi-glicose em células musculares (Bates et al., 2000). Os D-quiroinositóis são estruturalmente relacionados aos fosfatidilinositóis fosfato que participam na cascata de ativação do transporte de glicose promovida pela insulina (Holman & Kasuga, 1997; White, 1997). Por sua vez, os fosfoglicanos inositóis são rapidamente produzidos em resposta à insulina e atuam como mediadores da ação da insulina, provavelmente, após o receptor (Kelly et al., 1987; Larner et al., 1998). Vanadil reduziu as concentrações de glicose de ratos diabéticos (Thompson et al., 1993) e estimulou o transporte de glicose e atividade da sintase do glicogênio em hepatócitos isolados de ratos (Miralpeix et al., 1989). Em plantas, tanto o vanadil sulfato quanto o pinitol tiveram efeitos similares aos da insulina. Pinitol e vanadil sulfato quando adicionados ao meio de germinação de sementes de Canavalia ensiformis promoveram aumentos significativos no comprimento e massa de raízes e epicótilos com 120 horas após a embebição, semelhantemente à insulina. No entanto, sementes de Canavalia ensiformis embebidas em solução de tifortin (inibidor da atividade quinase do receptor de insulina) tiveram epicótilos e radículas com tamanhos e massas inferiores daquelas sementes embebidas com solução de insulina (Oliveira et al., 2004). Rapamacina e wortimanina, dois inibidores da sinalização de insulina, preveniram o aumento da síntese das proteínas ribossomais e da fosforilação de proteínas ribossomais S6 da subunidade ribossomal 40 S de eixo embrionário de milho com 24 horas após a embembição, promovido pela insulina (Sánchez de Jiménez et al., 1999) e também preveniram a ativação da mobilização de RNAm do fator de inicialização de eucarioto – eIFiso4E, desencadeada por insulina, nos polissomos de eixo embrionário de milho com 24 horas após embebição (Dinkova et al., 2000). 15 1.5 – METABOLISMO DE AÇÚCARES EM PLANTAS A fotossíntese constitui a rota pela qual toda a energia solar entra na biosfera (Raven et al., 1996). Em vegetais, a fotossíntese ocorre em uma organela intracelular especializada, o cloroplasto. Os produtos da fotossíntese são usados pelas células fotossintetizantes para processos biossintéticos e são geralmente exportados na forma de sacarose para suprir as necessidades metabólicas das células não fotossintetizantes do vegetal. Alternativamente, os produtos podem ser armazenados na forma de amido, um polissacarídeo osmoticamente inerte (Alberts et al., 1997). A síntese de sacarose é restrita ao citosol. Entretanto, é armazenada principalmente no vacúolo, que é cerca de 10 a 20 vezes maior que o citosol. O transporte intracelular de sacarose que ocorre entre vacúolo e citosol envolve um antiporter sacarose-H+ (Winter & Huber, 2000). O transporte intercelular pode ocorrer por via de duas rotas principais. A primeira delas envolve o transporte mediado por carreador através da membrana plasmática e a difusão através da fase aquosa da parede celular (rota apoplástica). A segunda envolve o transporte direto célula-célula via plasmodesmata (rota simplástica). O transporte intercelular de sacarose ocorre dentro de uma planta por ambas as rotas, dependendo do tipo celular e da espécie. Células do mesófilo, por exemplo, estão conectadas por uma rede extensa de plasmodesmatas. O transporte da sacarose por via simplástica poderia ocorrer entre os tubos crivados e o complexo das células companheiras, que estão interconectados via plasmodesmatas (Winter & Huber, 2000). Se o transporte da sacarose no floema ocorre por via simplástica ou apoplástica, é ainda motivo de controvérsia. A figura 4 apresenta um caminho hipotético do fluxo de solutos dentro e fora do floema. Nas veias menores, o soluto passaria através do parênquima do floema ou células da bainha do feixe para as células companheiras através do plasmodesmata (A) ou por via apoplástica (B). Das células companheiras, os solutos seriam translocados para os tubos crivados seguindo uma rota simplástica (D) ou apoplástica (C). A perda continuada de soluto durante o transporte dirigiria o fluxo de líquido para os tubos crivados. No tecido floemático, o complexo das células companheiras/tubos crivados é simplasticamente isolado, o que permitiria o equilíbrio do soluto entre os dois tipos celulares. Alguns 16 solutos poderiam sair do caminho floemático, via rota apoplástica, para tecido de alimentação (F). Nos órgãos drenos, o fluxo ocorreria pela rota simplástica (A) ou apoplástica (F) (Turgeon, 2000). Veias menores Floema Tubo crivado Tubo crivado Tecido “dreno” Tubo crivado Célula companheira Célula companheira Célula companheira Células do floema ou feixe da bainha Célula do floema Célula do floema Figura 4: Caminhos hipotéticos do fluxo de solutos dentro e fora do floema (Turgeon, 2000). Nas veias menores, os solutos seriam transportados das células do parênquima do floema ou da bainha do feixe para as células companheiras pela via simplástica (A) ou apoplástica (B). O caminho apoplástico envolve efluxo e influxo através dos transportadores associados à membrana. Das células companheiras, os solutos seriam transportados para os elementos de tubo crivados por via apoplástica (C) ou simplástica (D). O controle do transporte de solutos para os elementos de tubo crivados, nas veias menores, ocorre pela especificidade dos carreadores (C) ou pela recuperação dos solutos transferidos pelo caminho simplástico mediada por carreadores (E). No floema, os solutos dos elementos de tubo crivados, poderiam seguir para o tecido dreno ou ter fluxo bidirecional com as células companheiras. Nas células companheiras do tecido floemático, os solutos seguiriam por via apoplástica (F) para células do parênquima do floema. Nos tecidos drenos, ocorreria o fluxo birecional dos solutos entre os elementos do tubo crivados e células companheiras (D). Os solutos das células companheiras poderiam ser transportados por via simplástica (A) ou apoplástica (F) para células do parênquima do floema. O caminho apoplástico envolve entrada e saída de solutos via carreadores associados à membrana. Os açúcares são translocados através da membrana plasmática, mediante transportadores, direcionados por gradiente de prótons (Stadler et al., 1995 citado por Yistra et al., 1998). Esses transportadores são de monossacarídeos ou dissacarídeos. Os genes para transportadores de dissacarídeos são transcritos, “a priori”, em folhas maduras, e os transportadores de 17 monossocarídeos em órgãos drenos, ou seja, folhas jovens, órgãos florais e de armazenamento (Sauer & Stadler, 1993 citado por Yistra et al.,1998). O tubo polínico de Petunia hibrida, um órgão dreno, capta açúcar na forma de hexoses e para tanto a sacarose deverá ser clivada por invertases associadas à parede celular. O gene Pmt1 (transportador de monossacarídeo de Petúnia 1) somente é expresso no grão de pólen e este transportador só é ativo após a primeira mitose desta célula reprodutora (Yistra et al., 1998). Diferentemente de outros transportadores de membrana, o transportador de sacarose isolado de cotilédones de soja, que é homólogo à vicilina, não depende de um gradiente de próton para promover o transporte (Overvoorde et al., 1997). Sacarose tem papel chave no crescimento e desenvolvimento das plantas podendo atuar como açúcar transportador, nutriente e molécula sinalizadora. Como resultado dessa importante participação, diversos estudos têm sido desenvolvidos para identificar os mecanismos que regulam o metabolismo da sacarose. A figura 5 representa um modelo do metabolismo da sacarose nas células das plantas no qual sacarose seria clivada por uma invertase no apoplasto ou no interior da célula. As hexoses resultantes (glicose e frutose) seriam convertidas a hexoses-fosfato por frutoquinases e hexoquinases presentes no citosol. A sacarose poderia também ser clivada pela sacarose sintase, produzindo UDP-glicose e frutose. Após fosforilações as hexoses-fosfato resultantes poderiam ser metabolizadas pela glicólise (Pego & SmeeKens, 2000). A sacarose é sintetizada nas folhas como um dos produtos finais da fotossíntese. Durante o dia, o substrato para síntese de sacarose é a triose fosfato, liberada do cloroplasto através de um sistema antiporte que troca sacarose por Pi. À noite, o substrato para síntese de sacarose é proveniente da quebra do amido, provavelmente na forma de glicose (Winter & Huber, 2000). A biossíntese da sacarose é catalisada pela ação seqüencial da sintase da sacarose fosfato (SPS) e fosfatase da sacarose 6-fosfato (SPP): (1) UDP-Glicose + Frutose 6-fostato SPS sacarose 6-fosfato + UDP + H+ SPP (2) Sacarose 6-fosfato + H2O sacarose + Pi 18 Sacarose invertase Frutose + glicose Transportador de sacarose Transportador de hexoses apoplasto citosol Sacarose Sacarose sintase invertase Frutose + glicose UDP-glicose + frutose Frutoquinase Frutose 6-fosfato hexoquinase Glicose 6-fosfato Glicólise Figura 5: Metabolismo da sacarose nas células das plantas (Pego & SmeeKens, 2000). A sacarose seria transferida do apoplasto para o interior celular através do transportador de sacarose localizado na membrana plasmática, ou seria clivada pela invertase, ainda, no apoplasto, formando glicose e frutose. As hexoses (glicose e frutose) seriam transferidas para o interior celular através do transportador de hexoses. A sacarose no interior celular poderia ser clivada pela invertase formando glicose e frutose ou pela sacarose sintase formando UDP glicose e frutose. As hexoses, glicose e frutose, poderiam ser fosforiladas, respectivamente, por hexoquinase e frutoquinase e então serem metabolizadas através da glicólise. A rápida remoção da sacarose 6-fosfato por uma fosfatase específica conduz a síntese de sacarose à irreversibilidade, embora a primeira reação, catalisada pela SPS, seja reversível (Winter & Huber, 2000). O estado de fosforilação da SPS constitui um importante mecanismo da regulação da atividade desta enzima e ocorre em resposta a estímulos endógenos e ambientais. A fosforilação foi, originalmente, descoberta como mecanismo modulador da atividade claro/escuro. Mais recentemente foi relacionada à ativação da enzima que ocorre quando o tecido de folhas é submetido a estresse osmótico. A enzima é fosforilada em vários resíduos de serina, “in vivo”. Em espinafre, a serina 158 quando fosforilada, inativa a enzima no escuro por alterar a afinidade da enzima 19 pelo substrato e efetores (McMichael et al., 1993). Recentes evidências sugerem que há um segundo sítio de regulação por fosforilação na serina 424, altamente conservado entre as espécies, assim como a serina 158. A fosforilação da serina 424 ativa a enzima em resposta a estresse osmótico nos tecidos foliares (Toreser & Huber, 1997). A clivagem reversível da sacarose é catalisada pela sintase da sacarose (SuSy). A energia da hidrólise é conservada na ligação glicosídica da UDP-glicose que constitui substrato para síntese da celulose e da calose ou ainda pode entrar na via glicolítica pela ação combinada da UGPase e fosfoglicomutase. Em tecidos não verdes a glicose-1 fosfato e glicose 6-fosfato são as hexoses fosfatos, geralmente envolvidas na síntese de amido (Winter & Huber, 2000). (1) Sacarose + UDP (2) UDP-glicose + PPi SuSy UGPase UDP-glicose + frutose UTP + glicose-1 fosfato fosfoglicomutase (3) glicose-1 fosfato glicose-6 fosfato Tanto monocotiledôneas quanto dicotiledôneas possuem pelo menos duas isoformas da enzima SuSy. No entanto, nas leguminosas, SuSy possui apenas uma isoforma. As isoenzimas exibem diferente expressão espacial e temporal e sofrem regulação diferenciada no nível transcricional e traducional, o que pode ser relacionado com importante papel no metabolismo da planta (Winter & Huber, 2000). As invertases são grupos de β-frutosidases que diferem quanto à solubilidade, localização e pH ótimo para sua atividade. As invertases são classificadas em: (1) invertase ácida solúvel encontrada no vacúolo; (2) invertase ácida insolúvel associada à parede celular e (3) invertase alcalina/neutra encontrada no citosol. As invertases ácidas vacuolares clivam sacarose nos eventos que requerem demanda aumentada da hidrólise da sacarose como expansão celular. As invertases solúveis alcalinas/neutras são importantes na quebra de sacarose quando as atividades das invertases ácidas estão baixas. Como as invertases ácidas de parede celular podem promover gradiente de sacarose nos tecidos fontes e drenos, provavelmente, este tipo de invertase está envolvido nas relações que definem tecido fonte e tecido dreno (Winter & Huber, 2000). 20 Plantas são maquinarias fotoautotróficas que coordenam a fixação de carbono da fotossíntese com sua utilização, mobilização e distribuição em vários tecidos e em diferentes estágios do desenvolvimento. Assim, os genes que codificam proteínas envolvidas nestes processos são altamente regulados por açúcares. Evidências indicam que açúcares afetam a expressão de genes relacionados a fotossíntese, metabolismo do glioxilato, glicólise, metabolismo de sacarose, nitrogênio e amido, regulação do ciclo celular e mecanismos de defesa (Koch, 1996). Altos níveis de açúcares reprimem a expressão de genes responsáveis por rotas anabólicas de carboidratos e induzem genes envolvidos no armazenamento e utilização dos mesmos. Conseqüentemente, a depleção de açúcares exerce o efeito oposto (Jang & Sheen, 1997). Glicose e sacarose têm sido mostradas como importantes moléculas sinalizadoras em plantas. Entretanto, genes que são regulados por sacarose são também regulados por glicose e frutose, levando à hipótese de que estas últimas podem atuar como moléculas sinalizadoras diretas. É provável que a sacarose seja convertida a uma hexose, antes de se tornar um sinal (Jang & Sheen, 1997). Os mecanismos de sensibilidade a açúcares em plantas, ainda, são pouco entedidos, mas ao que tudo indica, as hexoquinases estão envolvidas (Smeekens, 2000). Estudos com plantas transgênicas de Arabidopsis com alterados níveis de hexoquinase ou expressando hexoquinase de levedura indicam a existência de três vias de sinalização envolvendo glicose que seriam: uma via independente de hexoquinase, uma via dependente de hexoquinase e do metabolismo da glicose (alteração da taxa de ATP/AMP ou concentrações de fosfato no citosol resultante da atividade da hexoquinase) e uma terceira via dependente de hexoquinase e independente do metabolismo de glicose. Interessantemente, a repressão de genes relacionados à fotossíntese e ativação dos genes relacionados à patogenicidade têm sido observadas como conseqüência de todas as diferentes vias de sinalização por glicose (Shen et. al., 1999). As frutoquinases também estão envolvidas na regulação metabólica sinalizada por açúcares, e apresentam expressão diferencial: a do tipo 1, por exemplo, é encontrada nos tecidos fontes de açúcares e a do tipo 2, em tecidos drenos (Pego & Smeekens, 2000). Análises genéticas e fenotípicas de mutantes de Arabidopsis, na sinalização por açúcares, têm revelado interações complexas entre sinalização por açúcares e as cascatas de sinalização por hormônios (Leon & Sheenm 2003). A sinalização por 21 glicose interage com a via do etileno, de maneira antagônica, como tem sido evidenciado pelos estudos com mutantes gin 1 (insensível à glicose) e mutantes ein1 (insensível ao etileno). Segundo o modelo para interação de açúcares e hormônios na regulação de crescimento da plântula de Arabidopsis, proposto por Gazzarrini & McCourt (2001), a plântula no estágio 1 do desenvolvimento seria altamente sensível a ABA. No estágio 1, o carbono requerido para o desenvolvimento da plântula é fornecido pelo catabolismo de lipídeos e proteínas armazenados no embrião. Quando o desenvolvimento está no nível 2, ou seja, a plântula está fotossinteticamente independente, a sensibilidade para ABA diminui. Aplicações exógenas de açúcares, em concentrações elevadas (não fisiológicas), resultam em um aumento nos níveis endógenos de ABA. Entretanto, o efeito de ABA depende do estado do desenvolvimento da plântula: no estado 1, ABA inibe o desenvolvimento e no 2 tem pouco efeito sobre o desenvolvimento. A sinalização para altas concentrações de açúcar é negativamente regulada por etileno através da modulação negativa da sinalização por ABA (Gazzarrini & McCourt, 2001). 1.6 – GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PLÂNTULA A germinação é um processo fisiológico que tem seu início com a captação de água pela semente quiescente e termina quando ocorre o alongamento do eixo embrionário. Eventos subseqüentes à emersão da radícula, incluindo a mobilização das reservas, são associados ao desenvolvimento da plântula (Bewley, 1997; Bewley & Black, 1994). O início do alongamento da radícula é determinado por três possíveis fatores. O primeiro seria redução do potencial osmótico que ocorre em função do aumento da concentração do soluto proveniente da hidrólise de polímeros de reserva. A redução do potencial osmótico promoveria um aumento da captação da água e dessa forma o aumento da pressão de turgor (Welbaum & Bradford, 1990). O relaxamento da parede celular constitui o segundo fator. Possivelmente xiloglicanoendotransglicosilases e expansinas estão envolvidas neste processo de relaxamento da parede celular. A atuação de xiloglicano-endotransglicosilases possibilitaria a extensão da parede, já que catalisam a clivagem reversível de moléculas de xiloglicanos, responsáveis pela ligação das microfibrilas de celulose (Wu et al., 1994). Expansinas rompem pontes de hidrogênio entre os polímeros da parede 22 celular (McQueen-Mason & Cosgrove, 1995). O último fator seria o enfraquecimento de estruturas adjacentes à ponta da radícula o que permitiria a sua passagem (Watkins & Cantliffe,1983). Sob condições ótimas, a absorção de água pela semente é trifásica. No primeiro momento, ocorre captação rápida de água devido ao alto potencial mátrico, isto é, habilidade de ligar a água em função da hidratação da parede celular, amido e corpos protéicos. Na segunda fase, a absorção de água estabiliza e a massa fresca da semente permanece constante. A segunda fase é conseqüência do balanço entre o potencial osmótico e o potencial de pressão (pressão exercida sobre a parede celular decorrente da entrada da água). A última fase é caracterizada pela rápida absorção e tem seu início com emersão da radícula, ou seja, com o fim da germinação. Nesse momento, a absorção de água é dirigida pelo potencial osmótico (Bewley & Black, 1994). As estruturas e enzimas necessárias para reiniciar a atividade metabólica durante a germinação estão presentes na semente seca e foram sintetizadas durante o processo de maturação da semente. A reintrodução de água é suficiente para retomada do metabolismo. Inicialmente, observa-se um aumento no consumo de oxigênio, atribuído em parte à ativação e hidratação das enzimas mitocondriais envolvidas no ciclo do ácido cítrico e na cadeia transportadora de elétrons. Após a hidratação da semente, o consumo de oxigênio é estabilizado ou quase não se eleva, aumentando somente após alongamento da radícula. Nessa fase estacionária da respiração, provavelmente há pouco aumento das enzimas da respiração e do número de mitocôndrias. Tecidos de sementes secas contêm mitocôndrias pouco diferenciadas (Attuci et al., 1991, Ehrenshaft & Brambl, 1990). Dois padrões de desenvolvimento de mitocôndrias são observados, nos tecidos de armazenamento, durante a germinação de sementes. No grupo de sementes armazenadoras de amido há, predominantemente, reparo e ativação de organelas pré-existentes (Morohashi et al., 1980). Enquanto, nas sementes armazenadoras de gordura, observam-se síntese de novas mitocôndrias (Morohashi et al., 1981). Em conseqüência da deficiência interna de oxigênio provocada pelas estruturas ao redor da semente (testa) e da densidade interna dos tecidos que limitam a difusão dos gases, sementes em germinação freqüentemente produzem etanol (Morohashi & Shimokoriyama, 1972 citado por Bewley, 1997). 23 A maquinaria para síntese de proteínas também está presente nas sementes secas. Após a rehidratação da semente observa-se o recrutamento de ribossomos isolados para formarem complexos polissomais sintetizadores de proteínas (Dommes & Van de Walle, 1990). RNAm(s) presentes no embrião seco podem ser utilizados transitoriamente durante o início da germinação (Lane, 1991). Com o decorrer do tempo, a síntese de proteínas torna-se mais dependente da síntese de novos transcritos (Sanchez-Martinez et al., 1986, Bewley & Marcus, 1990). No decorrer da germinação, ocorre reparo de DNA danificado durante o processo de desidratação da semente. A síntese de DNA é um evento pós germinativo (Osborne & Boubriak, 1994). O primeiro sinal que a germinação se completou é o aumento da massa fresca e comprimento da radícula. Após a emersão da radícula ocorre um aumento rápido no consumo de oxigênio em decorrência do aumento de enzimas respiratórias e mitocôndrias recém sintetizadas durante a proliferação celular. A síntese de DNA está associada aos eventos de divisão celular durante o crescimento do eixo embrionário. O desenvolvimento da plântula pode ser dividido em dois tipos segundo as características dos cotilédones pós-germinação: (1) epigeal – os cotilédones são suspensos em decorrência da extensão do hipocótilo e torna-se foliado e fotossintetizante. (2) hipogeal – o hipocótilo permanece curto e compacto e os cotilédones permanecem abaixo do solo. O epicótilo se expande para elevar as primeiras folhas verdadeiras. Plântulas de Phaseolus vulgaris tem desenvolvimento epigeal (Bewley & Black, 1994). A mobilização de reservas nos tecidos de armazenamento é um evento pósgerminativo; no entanto, no eixo embrionário, pode ocorrer antes do final da germinação. As reservas contidas no eixo embrionário são geralmente presentes em pequenas quantidades, mas são importantíssimas para o desenvolvimento inicial da plântula. As reservas nos tecidos de armazenamento estão na forma de polímeros de alto peso molecular que são hidrolisados e convertidos em formas facilmente transportáveis para os tecidos em crescimento ou com metabolismo acelerado. Estudos da mobilização de reservas em sementes de ervilha, uma leguminosa não endospermática, mostraram que carboidratos, proteínas e triacilgliceróis presentes na radícula, e sacarose, rafinose e estaquiose são os substratos para respiração nos estágios iniciais do desenvolvimento da plântula. Para o desenvolvimento posterior da raiz e ramos é necessária a hidrólise de reservas dos cotilédones e transporte 24 dos produtos para o eixo em crescimento. Assim os açúcares livres e dextrinas liberados da hidrólise do amido são rapidamente translocados para o eixo em crescimento já que não é observado acúmulo destes açúcares nos cotilédones. A atividade da fosforilase do amido nos cotilédones produz glicose 1-fosfato que pode reagir com UTP para formar UDP-glicose e então ser convertida em sacarose pela sintase da sacarose fosfato e fosfatase da sacarose. Esse açúcar provavelmente é transportado para o eixo embrionário em desenvolvimento, onde estão presentes enzimas de hidrólise (Bewley & Black, 1994). A germinação é um processo complexo que é controlado por fatores externos (luz, umidade, temperatura) e por reguladores internos (ácido abscíssico e giberelinas). O ácido abscíssico está envolvido no estabelecimento e manutenção da dormência enquanto as giberelinas estão relacionadas à indução da germinação. As giberelinas induzem a expressão de genes cujo produtos são responsáveis pela mobilização de reservas (Bewley, 1997, Peng & Harberd, 2002). 1.7 – INSULINA PODERIA ATUAR COMO HORMÔNIO EM PLANTAS? Por muito tempo, atribuiu-se o papel de sinalização nos processos de crescimento e desenvolvimento de plantas a seis hormônios não protéicos. Tais hormônios são identificados como auxina, citocinina, etileno, giberelinas, ácido abscísico, brassinosteróides. Auxina é um dos mais importantes hormônios de plantas e a forma primária presente na maioria das plantas foi caracterizada como o ácido 3-indol acético. Este hormônio é responsável pelo controle de diversos processos fisiológicos de planta, entre eles: divisão celular, crescimento celular por expansão, diferenciação da raiz e resposta da raiz à gravidade (Kulaeva & Prokoptseva, 2004). Citocininas têm importantes funções nos processos fisiológicos e no desenvolvimento das plantas, tais como: divisão celular, regulação do crescimento da raiz e broto, desenvolvimento de cloroplastos, senescência da folha e resistência a patógeno. As citocininas são percebidas e transmitidas por um sistema com várias etapas de fosforilação (Kulaeva & Prokoptseva, 2004; Heyl & Schmülling, 2003). As giberelinas ativas (GA), ácidos carboxílicos diterpenóides, são hormônios com importantes funções na modulação de diversos processos durante o 25 desenvolvimento da planta. GAs promovem crescimento de folhas e caules. Em algumas espécies, GAs induzem germinação e regulam o tempo do florescimento e do desenvolvimento das flores, frutos e sementes. A via de transdução das giberelinas promove alterações na expressão gênica e morfologia da planta (Sun & Gubler, 2004, Olszewski et al., 2002). Ácido abscísico (ABA) tem importante papel em diversos aspectos do crescimento e desenvolvimento da planta. ABA regula o depósito de reservas durante o desenvolvimento da semente, controla a fase de desidratação da embriogênese e maturação da semente. ABA também está envolvido nos processos de dormência, fechamento dos estômatos e respostas a estresse hídrico, salinidade e frio. Algumas das respostas mediadas por ABA são rápidas e envolvem modificações do fluxo de íons, enquanto outras são demoradas e relacionadas à mudança na expressão gênica (Kulaeva & Prokoptseva, 2004). A sinalização de ABA interage com diversas vias de sinalização em plantas através de mediadores. Alguns desses mediadores têm sido determinados geneticamente e consistem em proteínas quinases e fatores de transcrição que podem regular a atividade de várias proteínas e genes (Finkelstein & Gibson, 2001). A tabela 1 apresenta um resumo dos processos fisiológicos de plantas e a forma de regulação por ABA e outros sinalizadores. Os brassinosteróides são esteróis de plantas que desempenham diversos efeitos como expansão das células adaxiais da junta entre a lâmina foliar e bainha da plântula de arroz, estimulação do alongamento do segundo e terceiro internodo do caule do feijão, diferenciação vascular e reorientação de microtúbulos (Bishop & Koncz, 2002, Crozier et al., 2000). Etileno está relacionado à regulação de vários processos fisiológicos, variando desde amadurecimento de fruto e senescência de folha à resposta ao estresse biótico e abiótico. Um efeito do etileno no crescimento da planta, muito conhecido, é a resposta tripla de plântulas etioladas de dicotiledôneas. A resposta tripla consiste na inibição do hipocótilo e alongamento celular da raiz, aumento radial do hipocótilo e curvatura exagerada apical (Gazzarrini & McCourt, 2001; Guo & Ecker, 2004). 26 Tabela 1: Processos fisiológicos de plantas e a forma de regulação por ABA e outros sinalizadores (Finkelstein & Gibson, 2001). Processos Açúcares e seus Efeitos do ABA fisiológicos efeitos Divisão celular na Glicose promove fase de embrião Bloqueia Sacarose inibe G/S a Outros sinalizadores fase Giberelinas, auxinas e citocinas promovem divisão. Armazenamento Sacarose promove Promove Genes reguladores de reservas em FUS e sementes (cotilédones LEC foliares) promovem Baixa Germinação: emergência glicose e Inibe da sacarose revertem Giberelinas, etileno, brassinosteróides e radícula inibição por ABA Germinação: Glicose e sacarose Acentua a inibição Giberelinas mobilização luz promovem. de inibem a expressão da expressão das promovem reservas (síntese do de amilases) gene da a α- α-amilase de arroz, expressão do gene amilase 1A e do promovida pelos da α-amilase 1A e gene da α-amilase açúcares. não tem efeito sobre 3D do arroz. a expressão do gene da α-amilase 3D do arroz. Desenvolvimento Altas da plântula concentrações Inibe de Etileno diminui sensibilidade glicose e sacarose açúcares. inibem. Tuberização Sacarose promove Promove Giberelinas inibem. a a 27 Diversos trabalhos indicam que as poliaminas, em plantas superiores, estão envolvidas na regulação do crescimento e desenvolvimento e em resposta a estresse (Evans & Malmberg, 1989; Kumar et al., 1997). Embora não haja dúvidas sobre a importância das moléculas sinalizadoras citadas acima, extensivos estudos genéticos e bioquímicos, realizados na década de 90 do século passado, têm demonstrado a importância de alguns peptídeos nos sistemas de sinalização nos vegetais durante o crescimento e desenvolvimento, incluindo regulação dos mecanismos de defesa em resposta a pestes, controle de divisão e expansão celular, determinação de incompatibilidade à auto-polinização. Atualmente, são reconhecidos cinco principais peptídeos sinalizadores em plantas: sisteminas; PSK (fitossulfocinas); ENOD40 (fator de nodulação); CLV3 (clavata 3) e SCR (proteína rica em cisteína do locus S) (Frassen & Bisseling, 2001), os quais descreveremos resumidamente a seguir. A sistemina, o primeiro peptídeo sinalizador identificado em plantas, foi isolada de folhas feridas de tomate e foi capaz de induzir a expressão de genes codificadores de diversas proteínas de defesa, incluindo inibidores de proteases. O emprego de sistemina marcada radioativamente mostrou que este peptídeo se move do sítio de ferida para outro sítio distante e também induz a expressão de inibidores de proteases, isto é, confere resposta sistêmica à ferida (Pearce et al., 1991). Scheer & Ryan (1999) purificaram um receptor para sistemina de 160 kDa, SR 160, da membrana plasmática de tomate, sendo caracterizado como receptor do tipo quinase rico em leucina. Recentemente, dois peptídeos do tipo sistemina foram extraídos de folhas de tabaco, Tob Sys I e Tob Sys II. Embora os dois peptídeos contenham 18 aminoácidos e induzam a expressão de inibidores de tripsina e proteína quinase ativada por mitógeno de 48 kDa, a seqüência destes dois peptídeos é muito distinta da sistemina (Pearce et al., 2001a). Durante a purificação de Tob Sys I e Tob Sys II, RALF (fator de alcalinização rápida) foi identificado como um peptídeo do tipo sistemina por induzir alcalinização do meio e estimular a atividade da proteína quinase ativada por mitógeno. Diferente de Tob Sys I e Tob Sys II, RALF não induz a expressão de inibidores de proteases. RALF é ativo em quantidades que variam de nano a micromolar e sua aplicação exógena inibiu o crescimento da raiz e formação de pêlos radiculares (Pearce et al., 2001b). 28 Dois fatores promotores de crescimento celular, denominados fitossulfocinas (PSK-α e PSK-β) foram isolados de suspensão de Aspargus officinalis. PSK-α e PSK-β são pequenos peptídeos sulfatados, constituídos, respectivamente, por 5 e 4 aminoácidos. PSK-β provavelmente é um produto de hidrólise do PSK-α, pois apresentam a mesma seqüência diferindo somente no número de aminoácidos. Fitossulfocinas foram identificadas em outras espécies de plantas, além do Aspargus e são funcionalmente semelhantes às PSK-α e PSK-β. As fitossulfocinas estimulam a proliferação de culturas de células de baixa densidade, em concentrações nanomolares, e estimularam outros eventos, incluindo, a diferenciação dos elementos traqueóides. Como as sisteminas, as fitossulfocinas são resultantes do processamento de polipeptídeos precursores maiores (Matsubayashi & Sakagami, 1996; Yang et al., 2000). O gene de nodulação recente (ENOD40) é expresso nos nódulos recém formados no córtex da raiz de leguminosas após infecção por rizóbios simbiônticos. O gene ENOD40 é encontrado em plantas leguminosas e não leguminosas e codifica um curto mRNA que não contém ORF (quadro de iniciação de leitura), mas tem duas regiões conservadas. A região I, próxima ao 5’ terminal codifica 10-13 aminoácidos e a região II, próxima ao 3’ terminal é codificadora de 27 aminoácidos. O ENOD40 induziu divisão celular no córtex interno da raiz de alfafa (Crespi et al., 1994; Sousa et al., 2001). O meristema do caule é conhecido por ter duas regiões: uma zona central contendo células meristemáticas no estado indiferenciado e uma zona periférica, onde as células entram em processo de diferenciação. O desenvolvimento do meristema do caule, em Arabidopsis, está sob regulação dos genes CLAVATA1 e CLAVATA3. O locus CLAVATA promove diferenciação das células meristemáticas e restrição à proliferação de células no centro do meristema. CLV1 codifica um receptor do tipo serina/treonina quinase (RLK). CLV2 codifica uma proteína do tipo receptor similar à codificada por CLV1, mas faltando o domínio quinase. CLV3 codifica uma proteína de aproximadamente 9kDa. Estudos bioquímicos demonstram que CLV1 existe na forma de dois complexos, um de 185 kDa e outro de 450 kDa. O complexo de 185 kDa consiste no heterodímero de CLV1 e CLV2 ligados por ponte dissulfeto. O complexo de 450 kDa contém, além do dímero CLV1 e CLV2, uma proteína relacionada a GTPase Rho (Rop) e a uma proteína fosfatase (KAPP). É postulado que CLV3 seja secretado pelas células apicais e interaja com CLV1 e 29 CLV2 nas células inferiores para induzir a autofosforilação de CLV1 e subseqüente formação do complexo de 450 kDa. A fosfatase KAPP promove desfosforilação de CLV1, funcionando como regulador negativo da sinalização promovida por CLV1 (Clark, 2001; Trotochaud et al., 1999; Stone et al., 1998). O sistema de auto-incompatibilidade de plantas com flores é um mecanismo que garante a diversidade dentro da espécie, pois possibilita o reconhecimento e rejeição de pólen de indivíduos próximos. A genética clássica revelou que o SI (sistema de incompatibilidade) é controlado por um único locus multialélico denominado locus da esterilidade (S-locus) (Bateman, 1955 citado por Matsubayashi, 2003). Quando pólen e pistilo têm o mesmo alelo, interações moleculares entre determinantes masculinos e femininos disparam uma resposta SI que inibe o metabolismo e crescimento do grão de pólen (Kanno & Hinata, 1969). O locus S de Brassica contém 03 genes altamente polimórficos: (1) o gene SRK que codifica um receptor do tipo quinase serina/treonina com domínio extracelular homólogo a SLG; (2) um gene codificador de uma glicoproteína do locus S (SLG); e (3) o gene SP11/SCR que codifica um peptídeo de 8 aminoácidos chamado de proteína 11 do locus S (SP11; também chamada de proteína rica em cisteína do locus S - SCR). No sistema de incompatibilidade, os determinantes feminino e masculino são, respectivamente, SRK e SP11/SCR. SLG tem a função de intensificar o processo de reconhecimento (Schopfer et al., 1999; Shiba et al., 2001; Takasaki et al., 2000). Um grande número de informações na literatura científica sugere a ocorrência de proteínas de plantas que são relacionadas à cascata de sinalização de insulina de vertebrados (tabela 1) (Xavier-Filho et al., 2003). Esses dados associados a recente descoberta de proteínas com seqüência homóloga a insulina em sementes de Canavalia ensiformis, fruto de Vigna unguiculata e folhas de Bauhinia variegate (Oliveira et al., 1999; Venâncio et al., 2003; Azevedo et al., 2003) e a observação dos efeitos de aplicação exógena de insulina em processos vegetais por diversos autores (Sánchez de Jiménez et al., 1999; Dinkova et al., 2000; García-Flores et al., 2001; Goodman & Davis, 1993; Oliveira et al., 2004), nos levam a acreditar no potencial sinalizador dessa molécula em plantas. Esse trabalho tem por objetivo contribuir para esclarecimento das funções da insulina e a confirmação do seu papel hormonal em plantas. 30 Tabela 2: Lista de proteínas associadas à sinalização de insulina encontradas em vertebrados e plantas (Xavier-Filho et al., 2003). Proteínas Animais Insulina Plantas + + insulina + + Substrato do receptor de + + Transportador de glicose + + Quinase 3-fosfaditilinositol + + Hexoquinase + + Via da MAPK + + TOR + + Quinase S6 ribossomal + + Receptor de (quinase tirosina) insulina, proteínas IRS-1 e IRS-2. 31 2 – OBJETIVOS A insulina tem uma ampla distribuição filogenética e acreditamos que sua função reguladora no metabolismo e proliferação celular seja conservada também em plantas. Este trabalho tem a perspectiva de tentar elucidar esta questão e assim pretendemos: • Quantificar o transporte de glicose marcada radioativamente em cultura de células de fumo na presença e ausência de insulina comercial; • Avaliar o efeito da insulina e pinitol (mimetizador da insulina) sobre desenvolvimento de plântula de Phaseolus vulgaris; • Avaliar o efeito da insulina sobre produção de etileno e CO2 por sementes germinadas na presença e ausência de insulina; • Quantificar a concentração de glicose, frutose, sacarose e amido de sementes de Phaseolus vulgaris germinadas na presença e ausência de insulina; • Quantificar atividades de enzimas relacionadas ao metabolismo de açúcares (invertase, sintase da sacarose fosfato) de sementes de Phaseolus vulgaris germinadas na presença e ausência de insulina; • Caracterizar moléculas do tipo insulina endógena no eixo embrionário de Phaseolus vulgaris; • Testar a capacidade de ligação de moléculas do tipo insulina de Phaseolus vulgaris a vicilinas. 32 3 – MATERIAIS 3.1 – MATERIAL BOTÂNICO A planta de Phaseoluls vulgaris é originária das Américas onde foi domesticada. Suas raízes apresentam crescimento primário e secundário, o caule é herbáceo apresentando durante fase adulta seção transversal cilíndrica e levemente angulosa, sendo constituído por nós e internódios intercalados, com números variáveis e dependentes do hábito alimentar. Suas folhas são de dois tipos, as simples e compostas. As folhas simples são as primeiras a serem formadas e caem, antes do completo desenvolvimento da planta. Elas estão localizadas no segundo nó do caule e são duas com filotaxia oposta. As folhas compostas são formadas por estípulas, pecíolo, raque, peciólulo, pulvínulas e lâmina foliar composta. Suas flores são papilionadas e o fruto é um legume, ou seja, é constituído por um carpelo seco, deiscente, zigomorfo, geralmente alongado e comprimido com as sementes dispostas em uma fileira central com deiscência na sutura dorsal e ventral (Santos e Gavilanes , 1998). As sementes de Phaseolus vulgaris L. cv. Carioca foram cedidas pelo Centro de Ciências Tecnológicas Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense. 3.2 - REAGENTES Os reagentes principais utilizados no trabalho são listados a seguir: [U]14C-glicose líquido de cintilação (Ready to use, Beckman) insulina humana - Península insulina bovina - Sigma acrilamida – MERCK bis-acrilamida – Sigma glicose 6-fosfato - Sigma Hepes - Sigma Sacarose - Sigma 33 Acetato de sódio - Sigma UDP glicose – Sigma Glicose 6-fosfato desidrogenase – Sigma NAD+ - Sigma Frutose 6-fosfato – Sigma Hexoquinase – Sigma Fosfoglicoisomerase – Sigma Invertase – Sigma Kit de dosagem de amido – Sigma Os demais reagentes empregados neste trabalho são de grau analítico e foram adquiridos comercialmente. 3.3 - ANTICORPOS Os anticorpos empregados neste trabalho foram adquiridos comercialmente, como se segue: IgG de “guinea pig” anti-insulina humana – Peninsula Laboratories Anticorpo anti IgG de “guinea pig” complexado a peroxidase – Sigma 3.4 – EQUIPAMENTOS Os equipamentos usados neste trabalho são relacionados a seguir: Balança 2100S – Sartorius Basic Balança 110S – Sartorius Basic Agitador Mixer 5432 – Eppendorf Mini centrífuga 5415C – Eppendorf Fonte Pac 300 – BioRad Sistema de Eletroforese – BioRad Leitor de ELISA – BioRad Espectrofotômetro UV mini 1240 - Shimadzu 34 4 – MÉTODOS 4.1 – CULTURA DE CÉLULAS DE TABACO As células de cultura de tabaco em suspensão, fornecidas pela Universidade Federal de Viçosa, foram mantidas em meio líquido NT-1 [sais MS 0,43% (p/v), sacarose 3% (p/v), tiamina-HCl 0,0001% (p/v), inositol 0,01% (p/v), 2,4-D 0,2 mgL-1, KH2PO4 1,32 mmol/L, pH 5,7]. Semanalmente foram feitas repicagens da suspensão celular. 4.2 – EFEITOS DE INSULINA EXÓGENA NO TRANSPORTE DA GLICOSE EM SUSPENSÃO DE CÉLULAS DE TABACO. Insulina humana foi adicionada a uma suspensão de células (55 g), na concentração de 2,0 μg/mL. Decorridas 12 horas, adicionaram-se 2 μL de [U]14Cglicose (0,8 uCi/mL). Com o objetivo de acompanhar o transporte de glicose para o interior das células, alíquotas (10 mL) foram coletadas nos tempos 8, 16, 32, 46 e 60 horas e filtradas sob vácuo. As frações foram acrescentadas ao líquido de cintilação (Ready to use, Beckman), agitadas vigorosamente num vortex e analisadas por cintilografia. O controle consistia na suspensão de células não incubadas com insulina. 4.3 – EFEITO DE INSULINA EXÓGENA NA GERMINAÇÃO DE Phaseolus vulgaris. Para este estudo, as sementes de Phaseolus vulgaris foram esterilizadas em etanol 70% por um minuto, SDS 0,1% e hipoclorito 0,5% por 30 segundos e, em seguida, lavadas cinco vezes com água destilada estéril (2 minutos cada). Em seguida foram colocadas para germinar em placas de petri contendo algodão embebido em solução aquosa de diferentes concentrações de insulina bovina: 0 μg/mL (controle); 0,036 μg/mL; 0,36 μg/mL; 0,9 μg/mL; 1,8 μg/mL; 3,6 μg/mL. As sementes foram mantidas à temperatura ambiente. Após 72 horas, as sementes foram dissecadas e as medidas de massa e comprimento de epicótilos e radículas foram determinadas, assim como os números de raízes secundárias presentes nas 35 radículas. Neste trabalho, optamos por trabalhar com o tempo de 72 horas, pois, neste estágio as plântulas têm as partes bem definidas e ainda não estão fotossintetizantes. Cada experimento compreendia 10 sementes e foi repetido por 3 vezes (Sanches de Jiménez et al., 1999, Oliveira et al., 2004). 4.4 – EFEITO DE INSULINA EXÓGENA NA EMISSÃO DE ETILENO DURANTE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris. A emissão de etileno por um grupo de 30 sementes de P. vulgaris, embebidas em água ou solução aquosa de insulina bovina (0,9 μg/mL), foi medida empregandose um espectrômetro fotoacústico. A diferença entre 10P14 (949.479 cm-1) e 10P12 (951.192 cm-1), as duas maiores linhas de absorção de etileno, foi utilizada na determinação. As medidas foram feitas nos tempos de 0, 24, 48, 72 e 96 horas após embebição e repetidas por 3 vezes. 4.5 – EFEITO DE INSULINA EXÓGENA NA EMISSÃO DE CO2 DURANTE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris. O dióxido de carbono (CO2) emitido por um grupo de 30 sementes de P. vulgaris, embebidas em água ou solução aquosa de insulina bovina (0,9 μg/mL), foi medido, por um analisador infravermelho PA de gás – Hartmann & Braun URAS 14, do início da embebição até as 96 horas. O experimento foi feito em triplicata. 4.6 – EXTRAÇÃO DE AÇÚCARES SOLÚVEIS E AMIDO Os tecidos frescos das sementes (cotilédones, radículas e epicótilos) com 72 horas da embebição tratados (0,9 μg/mL) e não tratados com insulina bovina foram triturados em nitrogênio líquido. 140 mg destes tecidos foram pesados em tubos eppendorfs, e a estes foram adicionadas 400 μL de etanol 80 %, sendo o conteúdo homogeneizado. Em seguida, foram adicionados mais 400 μL de etanol 80 % e a mistura foi novamente homogeneizada. Os eppendorfs foram pesados antes de serem incubados em banho-maria a 70 ºC por 90 minutos. Após o aquecimento a massa foi restituída com etanol 80 % e os eppendorfs contendo a mistura foram centrifugados a 12.000 x g, 4 ºC, por 15 minutos. O sobrenadante foi usado na 36 determinação de açúcares solúveis. Ao sedimento, acrescentaram-se 800 μL de etanol 80 % e centrifugou-se a mistura por 10 minutos a 12.000 x g, 4 ºC. O sobrenadante foi descartado e o sedimento mais uma vez foi lavado com 800 μL de etanol 80 %. O sedimento foi ressuspenso com 400 μL de hidróxido de potássio 0,2 M, homogeneizado e incubado por 60 minutos a 95 ºC. Após o aquecimento, 70 μL de ácido acético 1 M foram adicionados. Procedeu-se a última centrigação por 15 minutos a 12.000 x g, 4 ºC. O sobrenadante foi empregado para dosagem de amido dos referidos tecidos. Três experimentos de germinação independentes foram usados para o procedimento de extração para posterior dosagem de açúcares. 4.7 - EFEITO DE INSULINA EXÓGENA NA CONCENTRAÇÃO DE AÇÚCARES SOLÚVEIS EM EPICÓTILOS, RADÍCULAS E COTILÉDONES DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris COM 72 HORAS DA EMBEBIÇÃO Os teores de açúcares solúveis (glicose, frutose e sacarose) dos tecidos (cotilédones, radículas e epicótilos) de sementes com 72 horas da embebição não tratadas e tratadas com insulina bovina (0,9 μg/mL) foram determinados por métodos enzimáticos, acompanhando aumentos de absorvâncias a 340 nm. A glicose foi medida como descrito a seguir: 20 μL do material a ser dosado foram transferidos para placas de cultura e adicionaram-se 260 μL de tampão A (Imidazol 100 mM pH 6,9, MgCl2 5 mM, NAD+ 2 mM, ATP 1mM, glicose 6-fosfato desidrogenase 2U/mL). A absorvância da mistura foi determinada em leitor de ELISA até estabilização dos valores. Adicionaram-se 5 μL de hexoquinase (1U/5 μL). Procedeu-se a leitura das absorvâncias a 340 nm até estabilização dos valores, no leitor de ELISA. O seguinte controle foi feito: (1) água mais tampão A e hexoquinase; e (2) uma solução 100 μM de glicose. A diferença entre as leituras de absorvância antes e após adição da hexoquinase foi usada nos cálculos da concentração de glicose. Para determinação de frutose adicionaram-se à mistura anterior 5 μL de fosfoglicoisomerase (10 U/mL) e a leitura foi realizada a 340 nm até estabilização da mesma. Quando a sacarose foi dosada, adicionaram-se à mistura anterior 5 μL de invertase (solução saturada em tampão A) e a absorvância a 340 nm foi acompanhada até estabilização dos valores. As dosagens foram feitas em número 37 de três para cada extrato (três experimentos independentes). Assim foram obtidos para cada tecido 9 valores. 4.8 - EFEITO DA INSULINA NA CONCENTRAÇÃO DE AMIDO DOS EPICÓTILOS, RADÍCULAS E COTILÉDONES DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris COM 72 HORAS DA EMBEBIÇÃO. As concentrações de amido dos tecidos (cotilédones, radículas e epicótilos) de sementes com 72 horas da embebição tratadas (0,9 μg/mL) e não tratadas com insulina bovina foram determinadas por metodologia enzimática, com o emprego do Kit de dosagem de amido da Sigma. Aos 25 μL do extrato obtido segundo metodologia do ítem 3,6, foram adicionados 25 μL do reagente de ensaio de amido que continha amiloglicosidase (50 U/mL) e sais. O primeiro controle consistiu em misturar 25 μL do reagente de ensaio de amido com 25 μL de água miliQ. No segundo controle só foram utilizados 50 μL de água miliQ. Para o controle da amostra, 25 μL de cada extrato foram acrescidos de 25 μL de água miliQ. Soluções de amido (6 mM e 30 mM) foram usadas para calibração. As misturas foram incubadas por 15 minutos a 60 ºC. Uma alíquota de 20 μL dessas misturas foi transferida para placas de cultura e adicionaram-se 100 μL do reagente de ensaio de glicose que continha NAD+ 1,5 nM; ATP 1 mM; hexoquinase 1 U/mL e glicose 6fosfato desidrogenase 1 U/mL. Após 15 minutos, as absorvâncias foram lidas no leitor de Elisa a 340 nm. As determinações foram feitas em triplicata para cada extrato. 4.9 – EXTRAÇÃO DE PROTEÍNAS PARA DETERMINAÇÃO DE ATIVIDADE ENZIMÁTICA Os tecidos frescos das sementes com 72 horas a partir da embebição tratados (0,9 μg/mL) e não tratados com insulina bovina foram macerados em nitrogênio líquido e extraídos com tampão Hepes 100 mM pH 7,5, DTT 1mM, MgCl2 5mM. A proporção entre massa e volume de tampão foi 1:3 para extração de cotilédones, epicótilos e radículas, e 1:9 para extração de tegumento. A mistura foi centrifugada a 12.000 x g, 4 ºC, por 15 min e o sobrenadante utilizado para dosagem 38 da atividade de invertase e sintase da sacarose fosfato. Três experimentos independentes de germinação foram utilizados para extração obtendo-se 03 extratos de partidas diferentes. Em cada experimento foram extraídos os tecidos mencionados acima. Assim os extratos de cada tecido eram em número de três. 4.10 – EFEITO DE INSULINA EXÓGENA NA ATIVIDADE DE INVERTASE ÁCIDA EM EPICÓTILOS, RADÍCULAS, TEGUMENTOS E COTILÉDONES DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris COM 72 HORAS DA EMBEBIÇÃO A atividade do tipo invertase dos diferentes tecidos das sementes (cotilédones, tegumentos, epicótilos e radículas) com 72 horas da embebição tratados (0,9 μg/mL) e não tratados com insulina bovina foi quantificada num meio reacional contendo 60 μL do extrato protéico em estudo (obtido conforme item 4.9), 20 μL de acetato 100 mM pH 4,7 e 20 μL de sacarose 500 mM. A reação se processou por 60 minutos a 37 ºC. A glicose foi quantificada segundo método descrito no ítem 3.7. Foram feitos 02 controles. O primeiro controle consistiu em 60 μL de água miliQ, 20 μL de acetato 0,1 M pH 4,7 e 20 μL de sacarose 500 mM. O segundo controle continha 60 μL de extrato, 20 μL de água miliQ, 20 μL de acetato 0,1 M pH 4,7. Duas determinações da atividade enzimática foram procedidas para cada extração que foram em número de 3, assim obtivemos no final 6 valores para cada tecido (Geigenberger and Stitt, 1993). 4.11 – EFEITO DE INSULINA EXÓGENA NA ATIVIDADE DE SINTASE DA SACAROSE FOSFATO EM EPICÓTILOS, RADÍCULAS, TEGUMENTOS E COTILÉDONES DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris COM 72 HORAS DA EMBEBIÇÃO A atividade da sintase da sacarose fosfato dos diferentes tecidos das sementes (cotilédones, tegumentos, epicótilos e radículas) com 72 horas da embebição tratados (0,9 μg/ml) e não tratados com insulina bovina foi medida pelo método da antrona, conforme descrito por Huber & Huber, 1989. Volumes de 20 μL de extrato protéico de cotilédones e epicótilos, e 40 μL de extrato protéico de 39 radículas e tegumentos foram ensaiados num volume reacional de 70 μL contendo Hepes 7,1 mM pH 7,4, MgCl2 171 μM, frutose 6-fosfato 171 μM, glicose 6-fosfato 0,5 mM e UDP glicose 85,7 μM. A reação processou-se por 30 minutos a 25 ºC. Em seguida, foram adicionados 70 μL de hidróxido de potássio 30 %. As amostras foram aquecidas em banho a 100 ºC por 10 minutos e, posteriormente, centrifugadas por 18 segundos a 10.000 x g e, em seguida, resfriada em gelo. Adicionou-se 1mL do reativo de antrona (0,14 % de antrona em ácido sulfúrico 85 %) e incubou-se a 40 ºC por 20 minutos. A leitura da absorvância foi feita a 620 nm e os valores foram comparados às absorvâncias da curva padrão de sacarose. Como controle, extratos protéicos fervidos por 10 minutos foram incubados por 30 minutos a 25 ºC, em Hepes 7,1 mM pH 7,4, MgCl2 171 μM e UDP glicose 85,7 μM e a seguir foi dosado sacarose conforme descrito acima. Num segundo controle 70 μL de água miliQ foi usada para dosar sacarose. Cada extrato foi dosado por duas vezes assim feitas 6 dosagens para cada tecido. 4.12 – EFEITO DE PINITOL NA GERMINAÇÃO DE Phaseolus vulgaris As sementes foram esterilizadas como descrito no item 4.3 e foram germinadas nas seguintes concentrações de pinitol: 0 μg/mL (controle); 0,36 μg/mL; 0,9 μg/mL; 1,8 μg/mL; 3,6 μg/mL e 36 μg/mL. Os parâmetros medidos foram massa e comprimento de radículas e epicótilos, e número de raízes secundárias das radículas. Cada placa de Petri continha 10 sementes e cada experimento foi repetido 3 vezes. 4.13 - LIGAÇÃO DE INSULINA A VICILINA POR CROMATOGRAFIA DE AFINIDADE. Para preparação da coluna de afinidade, Sepharose 4B ativada com brometo de cianogênio (2,5 g) foi embebida com bicarbonato de sódio 0,1 M pH 9,0, NaCl 0,5 M. Exaustivas lavagens foram realizadas com este mesmo tampão, após as quais, a resina foi ressuspensa em um volume deste tampão, suficiente para solubilizar 25 mg de vicilina de feijão-de-corda IT81D (preparada segundo Macedo et al., 1993). A 40 suspensão foi mantida a temperatura ambiente, sob agitação lenta, por 4 horas, seguida de incubação a 4 ºC por 16 horas. Após decantação, o sobrenadante foi descartado e adicionou-se tampão glicina 0,1 M pH 9,0 ao precipitado. O material foi agitado lentamente por 3 horas e decantado posteriormente. Logo após o descarte do segundo sobrenadante, foi adicionado ácido acético 0,1 M pH 3,0. O material foi novamente decantado e procederam-se exaustivas lavagens com tampão bicarbonato de sódio 0,1 M pH 9,0, NaCl 0,5 M (Cua trecasas, 1970). A coluna de vicilina acoplada a Sepharose 4B (1 mL) foi utilizada para testar a capacidade de ligação de insulina à vicilina. Para verificar a eficiência deste processo aplicamos 670 μg de insulina comercial bovina (Sigma) dissolvida no tampão em bicarbonado de sódio pH 9,0 em diferentes concentrações de EDTA à coluna de vicilina acoplada a Sepharose 4B. As condições de eluição também foram variadas. Três diferentes condições cromatográficas foram testadas. Na primeira, a insulina foi dissolvida em bicarbonato de sódio 0,1 M e NaCl 0,5 M pH 9,0, esse mesmo tampão foi empregado para lavar a coluna. A eluição foi feita com ácido acético 0,1 M pH 3,0. Na segunda condição cromatográfica testada, a insulina foi dissolvida em bicarbonato de sódio 0,1 M pH 9,0 com EDTA 5 mM que também foi empregado para lavar a coluna. O material retido foi eluído primeiro com bicarbonato de sódio 0,1 M pH 9,0, EDTA 5mM e NaCl 2 M e depois com ácido acético 0,1 M pH 3,0. No terceiro sistema testado, a insulina foi dissolvida em bicarbonato de sódio 0,1 M pH 9,0 com EDTA 20 mM, este mesmo tampão foi empregado para lavar a coluna. A eluição foi precedida com bicarbonato de sódio 0,1 M, EDTA 20 mM e NaCl 2 M pH 9,0 e depois ácido acético 0,1 M pH 3,0. Os experimentos foram feitos em duplicata. 4.14 – EXTRAÇÃO DE PROTEÍNAS DE EIXO EMBRIONÁRIO DE Phaseolus vulgaris COM 48 HORAS DE GERMINAÇÃO Os eixos embrionários com 48 horas de embebição em água foram macerados em nitrogênio líquido e extraídos numa proporção de 1:5 com bicarbonato de sódio 0,1 M pH 9,0, EDTA 0,2 mM, triton X-100 0,1%, glicerol 10 %, benzamidina 10mM e PMSF 2mM. O homogenato foi centrifugado a 27.000 x g por 30 minutos a 4 ºC. O sobrenadante foi submetido à cromatografia de afinidade em coluna de vicilina acoplada à Sepharose 4B para isolamento de moléculas. 41 4.15 - SEPARAÇÃO DE MOLÉCULAS DO TIPO INSULINA DE EXTRATO DE EIXO EMBRIONÁRIO DE Phaseolus vulgaris COM 48 HORAS DA EMBEBIÇÃO Os extratos dos eixos embrionários de Phaseolus vulgaris com 48 horas de embebição (65 mL) obtido segundo metodologia descrita no item 4.14 foi aplicado à coluna de vicilina Sepharose 4B (1 mL) num fluxo de 30 mL/hora. Uma coluna diferente da que foi usada para testar a ligação de insulina a vicilina foi empregada para cromatografia de extratos dos eixos embrionários de Phaseolus vulgaris. A coluna foi lavada com tampão bicarbonato de sódio 0,1 M pH 9,0, NaCl 0,5 M. O material retido na coluna a partir dos extratos dos eixos embrionários foi eluído com ácido acético 0,1 M pH 3,0. 4.16 - TESTE DIAGNÓSTICO DE INSULINA POR ELISA Os picos retidos da insulina, dos extratos de eixos embrionários de Phaseolus vulgaris foram analisados quanto a sua reatividade ao anticorpo anti-insulina humana, por técnica de ELISA. Os materiais foram ressuspensos em tampão carbonato/bicarbonato 0,05 M pH 9,6. A placa de ELISA foi sensibilizada por 16 horas com diferentes amostras. Após este período, descartaram-se os extratos e a placa foi lavada 03 vezes por 20 minutos com Tween-20 0,05% em tampão fosfato 0,1 M pH 7,6 NaCl 0,5 M. Adicionaram-se aos poços 300 μL de tampão bloqueador (gelatina 1%, Tween-20 0,05 % em tampão fosfato 0,1 M pH 7,6 NaCl 0,5 M) por um período de 1 hora. Lavou-se a placa 3 vezes por 20 minutos com Tween-20 0,05 % em tampão fosfato 0,1 M pH 7,6 NaCl 0,5 M e depois incubou-se com o anticorpo anti-insulina humana, diluído na proporção de 1: 2.000 no tampão bloqueador, a 37 ºC, por um período de 45 minutos. Fizeram-se 03 lavagens, de 5 minutos cada, da placa com Tween 0,05% em tampão fosfato 0,1 M pH 7,6 NaCl 0,5 M. Incubou-se a placa com o conjugado anti-IgG-peroxidase, diluído 1: 2.000 em tampão bloqueador, a 37 ºC, por um período de 45 minutos. A placa foi mais uma vez lavada em tampão fosfato 0,1 M pH 7,6 NaCl 0,5 M Tween-20 0,05 %, por 4 vezes, durante 5 minutos cada lavagem. Adicionou-se o substrato (10 mg de orto-fenil-diamina dissolvido em 25 mL de tampão citrato 26 mM/fosfato 52 mM pH 5,0 com 10 μL de água 42 oxigenada) e deixou-se a placa no escuro por 10 minutos a temperatura ambiente. A reação foi interrompida com a adição de 50 μL de ácido sulfúrico 3 N. Procedeu-se, então a leitura das placas a 410 nm em leitor de ELISA. Uma curva com diferentes concentrações de insulina bovina comercial foi elaborada para referência. Considerou-se uma reação positiva a leitura maior do que a do controle, que consistia do tampão de extração (carbonato/bicarbonato 0,05 M pH 9,6) (CainelliGebara et al, 1995). 4.17 – VISUALIZAÇÃO EM GEL DE POLIACRILAMIDA SOB CONDIÇÕES DESNATURANTES DE PROTEÍNAS Os procedimentos eletroforéticos foram realizados segundo o método de Laemmli (1970). O gel de concentração foi preparado a uma concentração de 3,75 % de acrilamida com SDS 10 % e Tris-HCl 1 M pH 6,8 e o de separação com concentração de 15 % de acrilamida com SDS 10 % e Tris-HCl 1,5 M pH 8,8. Amostras protéicas foram dissolvidas em tampão de amostra contendo SDS 4 %, glicerol 12 %, Tris-HCl 50 mM pH 6,8 e azul de bromofenol 0,01 %. A corrente utilizada foi de 15 mA. O gel foi revelado por nitrato de prata (Blum et al., 1987). 4.18 – LOCALIZAÇÃO DE INSULINA EM TECIDOS EMBRIONÁRIOS DE Phaseolus vulgaris por IMUNOCITOQUÍMICA Radículas e epicótilos de embrião de Phaseolus vulgaris com 48 horas de embebição em água foram cortados e fixados em glutaraldeído 0,1%, paraformaldeído 4% em tampão cacodilato de sódio 0,05 M pH 7,0. A desidratação processou-se com metanol 50 % (trinta minutos), 70 % (uma hora) e 90 % (uma hora). Depois desta etapa, o material foi incluído em resina LR Gold, seqüencialmente, em 50 % de metanol e 50 % de LR Gold (dezoito horas); 30% de metanol e 70 % de LR Gold (dezoito horas), 100 % de LR Gold (quatro dias), 100 % de LR Gold e catalisadores (dez horas). Os catalisadores são benzil e peróxido de benzoil. A polimerização da resina ocorre sob baixa temperatura e incidência de luz visível. Cortes de aproximadamente 60 nm foram obtidos em ultramicrótomo Reichert Ultracuts e coletados em grades de níquel forradas com filme “formvar”. Os cortes 43 foram incubados com cloreto de amônio 50 mM por duas horas, seguido de bloqueio com PBS (10 mM de fosfato de sódio pH 7,4, 0,15 M de NaCl) contendo 1% de BSA (tampão bloqueador) por duas horas. Em seguida, os cortes foram incubados com anticorpo anti-insulina humana produzido em “guinea pig”, diluído1:100 em tampão bloqueador, por duas horas. Os cortes foram lavados quatro vezes com tampão de bloqueio e seis vezes com tampão PBS (com intervalos de cinco minutos entre as lavagens). A próxima etapa foi incubar as lâminas com anti-IgG de cobaia conjugado a partículas de ouro coloidal 10 nm, numa diluição 1:200, em tampão bloqueador, por duas horas. Seguiram-se quatro lavagens com tampão bloqueador e seis vezes com tampão PBS (com intervalos de cinco minutos entre as lavagens). Os cortes controle não foram incubados com anticorpo anti-insulina humana. Os cortes foram contrastados com acetato de uranila e citrato de chumbo, e analisados ao microscópio de transmissão Omega 900 da Zeiss operado em 80KV. 44 5 – RESULTADOS 5.1 – EFEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA EXÓGENA NO TRANSPORTE DA GLICOSE EM CÉLULAS DE TABACO A insulina comercial humana quando adicionada a células de tabaco em suspensão aumentou o transporte de glicose para o interior celular. Como podemos visualizar na figura 6, a partir do tempo de 16 horas a quantidade de glicose radioativa é bem maior nas células tratadas com insulina do que nas não tratadas. O efeito máximo da insulina no transporte de glicose para o interior da célula foi observado no tempo de 16 horas, e a quantidade de glicose nas células tratadas com insulina foi aproximadamente 17 vezes maior do que nas células não tratadas. As contagens de cintilações por minuto (cpm) nas células tratadas com insulina nos tempos de 32, 46 e 60 horas foram respectivamente 11, 9 e 7 vezes maiores do que as das células controles. 45 25000 CPM 20000 * * * 15000 * 10000 5000 0 8 16 32 controle 46 Insulina (2,0 ug/ml) 60 horas Figura 6 – Efeito da Insulina na absorção de glicose. * Amostras estatisticamente diferentes (Teste T - P ≤ 0.05). As colunas representam a média de três experimentos e as barras indicam o desvio padrão. 46 5.2 – EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA EXÓGENA NA GERMINAÇÃO DE Phaseolus vulgaris Insulina adicionada ao meio de germinação estimulou o crescimento do eixo embrionário de Phaseolus vulgaris conforme podemos visualizar na figura 7. A figura 7 A apresenta o tamanho das radículas de eixo embrionário de sementes com 72 horas da embebição, germinadas em presença de diferentes concentrações de insulina bovina. O maior aumento no tamanho das radículas em torno de 19 % foi observado quando as sementes germinaram em meio contendo de 0,036 μg/mL a 1,8 μg/mL de insulina. O menor aumento no tamanho das radículas foi de 11 % em meio contendo uma concentração de 3,6 μg/mL. Os epicótilos de sementes tratadas com insulina foram significativamente maiores que as não tratadas conforme podemos observar na figura 7 B. O maior aumento no tamanho dos epicótilos foi observado na concentração de 0,9 μg/mL, tendo sido na ordem de 41 %. Já o menor aumento (12%) foi observado na concentração de 3,6 μg/mL. As massas, tanto de radículas (Figura 7 C) quanto de epicótilos (Figura 7 D), foram estatisticamente maiores nas sementes germinadas na presença de insulina. As taxas de aumento nas massas das radículas variaram de 25 % (3,6 μg/mL) a 74 % (0,036 μg/mL). Insulina na concentração de 0,9 μg/mL aumentou em cerca de duas vezes a massa dos epicótilos. O aumento nas massas dos epicótilos promovido pela insulina na concentração 3,6 μg/mL foi menor (1,4 vez) do que nas demais concentrações de insulina, o que nos indica que este hormônio em concentrações elevadas reduz seu efeito promotor do crescimento. A insulina nas diferentes concentrações empregadas, aproximadamente dobrou o número de raízes laterais (Figura 7 E). a a b 0.036 0.36 0.9 1.8 3.6 insulina (ug/mL) A radícula (mg) b 2 0 a 100 b a b c 50 0 0 0.036 0.36 0.9 1.8 3.6 insulina (ug/mL) 8 a ab 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 a a bc b d a b c 1.8 3.6 b 0 0.036 B d C raízes laterais(nº) a 4 0 E a epicótilo (cm) c 6 0.36 0.9 insulina (ug/mL) epicótilo (mg) radícula (cm) 47 D 15 a 10 a b b c d 5 0 0 0.036 0.36 0.9 1.8 3.6 insulina (ug/mL) c 6 d 4 2 0 0 0.036 0.36 0.9 1.8 3.6 insulina (ug/mL) Figura 7 – Efeito de insulina no comprimento de radículas (A) e epicótilos (B), na massa de radículas (C) e epicótilos (D) e no número de raízes laterais (E) de eixos embrionários de Phaseolus vulgaris, com 72 horas de embebição. As colunas indicam a média de três resultados e as barras representam o desvio padrão. As médias com mesma letra não são estatisticamente diferentes (Teste de Duncan - P ≤ 0.05). 48 5.3 – EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA EXÓGENA NA EMISSÃO DE ETILENO DURANTE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris. Conforme podemos observar na figura 8 a insulina reduziu a emissão de etileno na ordem de 8 % (±8), 25% (±10) e 38 % (±4) nos tempos de 48, 72 e 96 horas, respectivamente. Dado o grande desvio no tempo de 48 horas consideraremos uma redução efetiva na emissão de etileno nos tempos de 72 horas e 96 horas. O comportamento de redução na emissão de etileno nos tempos de 72 horas e 96 horas foi característico para os três experimentos. No tempo de 72 horas, as sementes germinadas na presença de insulina produziram menos etileno do que sementes germinadas na ausência de insulina, tendo sido a redução da ordem de 16, 24 e 37 %, nos três experimentos independes enquanto no tempo de 96 horas as reduções foram da ordem de 34, 41 e 38 %. 5.4 - EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA EXÓGENA NA EMISSÃO DE CO2 DURANTE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris. Nossos resultados sugerem que insulina aumenta a taxa de respiração das sementes ao longo do desenvolvimento do eixo epicótilo-radícula. A figura 9 apresenta a taxa de emissão de CO2 de sementes tratadas com insulina e não tratadas. 49 % de redução da emissão de etileno 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 48 72 96 tempo (horas) Figura 8 – Efeito da administração de insulina exógena na emissão de etileno durante a germinação de sementes de Phaseolus vulgaris. A coluna representa a média da redução da taxa de emissão de etileno de três experimentos. As barras indicam o desvio padrão. 50 B 3,0 Água Water Aqueous Insulina (0,9solution ugmL) of insulin -1 -1 Respiration Rate ( μL.g .h ) 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0 20 40 60 ( hours TempoTime (horas) 80 100 ) Figura 9 – Efeito da administração de insulina exógena na emissão de CO2 durante a germinação de sementes de Phaseolus vulgaris. O experimento foi feito em triplicata cujos perfis foram similares. O gráfico representa um experimento. 51 5.5 - EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA EXÓGENA NA CONCENTRAÇÃO DE AÇÚCARES SOLÚVEIS DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris COM 72 HORAS DA EMBEBIÇÃO. Os níveis de glicose, frutose e sacarose de cotilédones, epicótilos e radículas provenientes de sementes com 72 horas da embebição em presença de insulina bovina (0,9 μg/mL) ou de água são apresentados na figura 7. Os níveis de glicose e frutose nos três tecidos analisados das sementes tratadas com insulina não foram estatisticamente diferentes dos níveis desses açúcares em sementes não tratadas com insulina. Na presença deste hormõnio, somente a concentração de sacarose foi alterada; reduções da ordem de 11, 19 e 40 % foram observados em cotilédones, radículas e epicótilos, respectivamente (Figura 10). 5.6 - EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA EXÓGENA NA CONCENTRAÇÃO DE AMIDO DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris COM 72 HORAS DA EMBEBIÇÃO. As concentrações de amido nos cotilédones e epicótilos de sementes embebidas em solução aquosa de insulina bovina (0,9 μg/mL) não foram estatisticamente diferentes das concentrações de amido nesses mesmos tecidos de sementes embebidas com água, conforme podemos observar na figura 11. A insulina, no entanto, reduziu a concentração de amido de radículas, na ordem de 54 % em referência às radículas de sementes não tratadas. 52 umol/MF 400 a b 300 200 100 a a a a 0 glicose A frutose controle um ol/gMF 400 sacarose insulina (0,9 ug/mL) a a a 300 b 200 a a 100 0 glicose umol/gMF B C 600 500 400 300 200 100 0 controle frutose sacarose insulina (0,9 ug/mL) a a b a a a glicose controle frutose sacarose insulina (0,9 ug/mL) Figura 10 – Concentrações de glicose, frutose e sacarose nos cotilédones (A), radículas (B) e epicótilos (C) de Phaseolus vulgaris com 72 horas da embebição. As colunas indicam média de três experimentos independentes e as barras representam o desvio padrão. As médias com mesma letra não são estatisticamente diferentes (Teste de Duncan test - P ≤ 0.05). 53 ug de amido/grama de massa fresca 30 a a 25 a 20 15 b a a 10 5 0 Cotilédones Radícula controle Epicótilo insulina (0,9 ug/ml) Figura 11 – Concentrações de amido nos cotilédones, radículas e epicótilos de Phaseolus vulgaris com 72 horas da embebição. Colunas indicam média de três experimentos independentes. As médias com mesma letra não são estatisticamente diferentes (Teste de Duncan test - P ≤ 0.05). 54 5.7 - EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA EXÓGENA NA ATIVIDADE DA INVERTASE DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris COM 72 HORAS DA EMBEBIÇÃO. A figura 12 apresenta a atividade de invertase em tegumentos, cotilédones, radículas e epicótilos de sementes germinadas em presença de insulina ou em água. A insulina não alterou a atividade da invertase nos epicótilos e radículas de sementes de P. vulgaris com 72 horas da embebição, pois os valores da atividade não foram estatisticamente diferentes daquelas sementes não tratadas com insulina. A atividade invertásica não foi detectada em tegumentos e cotilédones de sementes de P. vulgaris com 72 horas da embebição, nem em sementes tratadas, nem nas não tratadas com insulina. 5.8 – EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA EXÓGENA NA ATIVIDADE DA SINTASE DA SACAROSE FOSFATO DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris COM 72 HORAS DA EMBEBIÇÃO. A insulina reduziu em 59 % a atividade da sintase da sacarose fosfato de radículas de sementes de Phaseolus vulgaris com 72 horas da embebição (Figura 13). No entanto, a atividade da sintase da sacarose fosfato dos cotilédones e epicótilos de sementes de Phaseolus vulgaris com 72 horas da embembição tratadas e não tratadas com insulina não diferiram nos níveis de atividades (Figura 13). A atividade da sintase da sacarose fosfato não foi detectada em tegumentos de sementes de Phaseolus vulgaris com 72 horas da embembição, nem em sementes tratadas, nem nas não tratadas com insulina. 55 0,3 uMol de glicose gMf-1 min-1 a a 0,25 0,2 a a 0,15 0,1 0,05 nd nd 0 tegumentos cotilédones controle radículas epicótilos insulina (0,9 ug/mL) Figura 12 – Atividade invertásica nos tegumentos, cotilédones, radículas e epicótilos de Phaseolus vulgaris com 72 horas da embebição. As colunas indicam média de três experimentos independentes e as barras representam o desvio padrão. As médias com mesma letra não são estatisticamente diferentes (Teste de Duncan test - P ≤ 0.05). nd – não detectado. uMol de sacarose gMF-1 min -1 56 a 140 a 120 100 a 80 60 a a b nd 40 20 0 tegumentos cotilédones controle (água) radículas epicótilos insulina (0,9 ug/mL) Figura 13 – Atividade da sintase da sacarose fosfato nos tegumentos, cotilédones, radículas e epicótilos de Phaseolus vulgaris com 72 horas da embebição. As colunas indicam média de três experimentos independentes e as barras representam o desvio padrão. As médias com mesma letra não são estatisticamente diferentes (Teste de Duncan test - P ≤ 0.05). nd – não detectado. 57 5.9 - EFEITO DO PINITOL (MIMETIZADOR DA AÇÃO DE INSULINA) NA GERMINAÇÃO DE Phaseolus vulgaris Os quiro-inositóis são compostos que atuam como mediadores da ação da insulina, provavelmente, após ligação ao receptor. No nosso estudo, o efeito do Dpinitol (3-O-metil-quiroinositol) na germinação de sementes de Phaseolus vulgaris nas concentrações de 0,36, 0,9, 1,8, 3,6, 36 foi testado. As variáveis analisadas foram: tamanho de epicótilos e radículas, massa de epicótilos e radículas, e número de raízes laterais de sementes de Phaseolus vulgaris com 72 horas da embebição. Os valores são apresentados na figura 14. O pinitol teve efeito estimulador do crescimento tanto de epicótilos quanto de radículas. O aumento proporcionado pelo pinitol no tamanho das radículas variou de 30 % (1,8 μg/mL) a 77 % (0,9 μg/mL), enquanto a variação no tamanho dos epicótilos foi de 20 % (3,6 μg/mL) a 41 % (36 μg/mL). As massas de epicótilos e radículas de sementes embebidas em solução aquosa de pinitol foram maiores do que das sementes embebidas somente em água. O maior aumento na massa dos epicótilos e das radículas foi obtido utilizando-se a concentração de 0,9 μg/mL, sendo da ordem de 83 % e 98 %, respectivamente (Figuras 14 C e 14 D). Na concentração de 1,8 μg/mL, o pinitol promoveu as menores taxas de aumento na massa dos epicótilos (33 %) e radículas (63 %) pinitol aumentou o número de raízes laterais de 3 (1,8 μg/mL) a 5 vezes (36 μg/mL) aproximadamente (Figura 14 E). b a e c 2 0 0,36 0,9 1,8 3,6 80 60 b a c 0 a b a b 0 0 0,36 0,9 C 1,8 3,6 b a 6 a a 10 8 6 4 2 0 D pinitol (ug/mL) 8 0,36 0,9 ab b 1,8 c 3,6 36 pinitol (ug/mL) c a b ab 1,8 3,6 a d 0 36 a ab d B 40 20 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 36 pinitol (ug/mL) A radícula (mg) a 4 0 raízes laterais (no) d epicótilo (cm) 6 epicótilo (mg) radícula (cm) 58 0,36 0,9 36 pinitol (ug/mL) b c 4 2 0 E 0 0,36 0,9 1,8 3,6 36 pinitol (ug/m L) Figura 14 – Efeito do pinitol no comprimento de radículas (A), epicótilos (B), na massa de radículas (C) e epicótilos (D), e no número de raízes laterais (E) de eixos embrionários de Phaseolus vulgaris com 72 horas da embebição. As colunas indicam média de três experimentos independentes e as barras representam o desvio padrão. As médias com mesma letra não são estatisticamente diferentes (Teste de Duncan test - P ≤ 0.05). 59 5.10 - LIGAÇÃO DE INSULINA A VICILINAS POR CROMATOGRAFIA DE AFINIDADE. Nossos resultados demonstram que insulina bovina liga-se a vicilinas de Vigna unguiculata (IT81D) acoplada a Sepharose 4 B (figuras 15, 16 e 17). Em média 63 μg de insulina ficaram retidos em 1 mL da matriz de vicilina acoplada a Sepharose 4B. O EDTA reduziu a capacidade de ligação de insulina a vicilina conforme podemos observar nas figuras 15, 16 e 17. Quando comparamos os três gráficos observamos leituras de absorvâncias menores do pico de insulina retida quando o EDTA estava presente no tampão do bicarbonato. No entanto, quando EDTA foi usado na concentração de 20 mM, a insulina ligada só foi eluída com ácido acético 0,1 M pH 3,0 (figura 17). Quando EDTA estava nos tampões na concentração de 5 mM, parte da insulina que ficou retida foi eluída com aumento da força iônica (NaCl 2M) e outra com ácido acético 0,1 M pH 3,0. Todos os picos retidos foram testados por ELISA e uma reação positiva indicava que a proteína eluída se tratava de insulina. 60 0,07 Ácido Acético 0,1 M pH 3,0 absorvância (280 nm) 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 volume (mL) Figura 15 – Perfil cromatográfico de insulina bovina em coluna de vicilinaSepharose 4B. Tampão de equilíbrio e dissolução de amostra – bicarbonato de sódio 0,1 M NaCl 0,5 M pH 9,0. Tampão de Eluição – Ácido acético 0,1 M pH 3,0. 670 μg de insulina foram aplicados a coluna. 0,08 B A 0,06 0,04 0,02 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 0 absorvância (280 nm) 61 volume (mL) Figura 16 – Efeito do EDTA (5mM) no perfil cromatográfico de insulina bovina em coluna de vicilina-Sepharose 4B. Tampão de equilíbrio e dissolução de amostra – bicarbonato de sódio 0,1 M, EDTA 5 mM pH 9,0. Tampão de Eluição – (A) bicarbonato de sódio 0,1 M, EDTA 5 mM NaCl 2 M pH 9,0, (B) Ácido acético 0,1 M pH 3,0. 670 μg de insulina foram aplicados a coluna. 45 41 37 29 25 B 21 17 13 9 5 A 33 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 1 absorvância (280 nm) 62 volume (1 mL) Figura 17 – Efeito do EDTA (20mM) no perfil cromatográfico de insulina bovina em coluna de vicilina-Sepharose 4B. Tampão de equilíbrio e dissolução de amostra – bicarbonato de sódio 0,1 M, EDTA 20 mM pH 9,0. Tampão de Eluição – (A) bicarbonato de sódio 0,1 M, EDTA 20 mM NaCl 2 M pH 9,0, (B) Ácido acético 0,1 M pH 3,0. 670 μg de insulina foram aplicados a coluna. 63 5.11 - SEPARAÇÃO DE MOLÉCULAS DO TIPO INSULINA DE EIXOS EMBRIONÁRIOS DE Phaseolus vulgaris COM 48 HORAS DA EMBEBIÇÃO POR CROMATOGRAFIA DE AFINIDADE EM VICILINASEPHAROSE A Figura 18 apresenta o perfil cromatográfico de extrato de eixos embrionários de Phaseolus vulgaris com 48 horas da embebição em coluna de Vicilina-Sepharose 4B. Observa-se que houve retenção de material quando este foi eluído com ácido acético 0,1 M pH 3,0. Quando essa fração foi analisada por ELISA, mostrou-se reativa ao anticorpo anti-insulina humana. Essa fração também foi submetida à separação por SDS-PAGE e conforme podemos visualizar na figura 19, uma proteína com massa molecular próxima a da insulina está presente. Esses resultados indicam presença de insulina endógena nos eixos embrionários de P. vulgaris. 5.12 – IMUNOLOCALIZAÇÃO DE INSULINA NOS EIXOS EMBRIONÁRIOS DE Phaseolus vulgaris COM 48 HORAS DE EMBEBIÇÃO. Pela microscopia eletrônica de transmissão, foi detectada marcação de insulina nos vacúolos de epicótilos de Phaseolus vulgaris com 48 horas da embebição em água (Figura 20) e nos vacúolos e citoplasmas de radículas de Phaseolus vulgaris com 48 horas da embebição em água (Figura 21). No controle, os cortes não foram tratados com o anticorpo anti- insulina humana. 64 absorvância (280 nm) 4,5 4 A 3,5 3 2,5 2 1,5 1 114 108 102 96 90 84 78 72 66 60 54 48 42 36 30 24 18 12 6 0 0,5 0 volume (mL) 0,02 0,015 0,01 0,005 11 7 11 5 11 3 11 1 10 9 10 7 10 5 10 3 10 1 99 97 0 95 absorvância (280 nm ) B volum e (m L) Figura 18 – A – Perfil cromatográfico do extrato de eixos embrionários com 48 horas da embebição em Sepharose 4B acoplada a vicilina. B - Ácido Acético 0,1 M pH 3,0 (região de eluição ampliada). Tampão de equilíbrio – bicarbonato de sódio 0,1 M NaCl 0,5 M pH 9,0. 65 I 1 5,7 kDa Figura 19 – SDS-PAGE em gel 15 % de acrilamida. I – Insulina bovina comercial, 1 – Pico retido do extrato total de Phaseolus vulgaris em cromatografia de afinidade em vicilina acoplada a Sepharose 4B. 66 Figura 20 – Detecção de insulina em epicótilos de Phaseolus vulgaris com 48 horas da embebição por microscopia eletrônica de transmissão (MET). Painel: A – Controle. B – Vacúolo marcado com partículas de ouro coloidal de 10 nm. Barra = 200 nm. 67 Figura 21 - Detecção de insulina em radículas de Phaseolus vulgaris com 48 horas da embebição por microscopia eletrônica de transmissão (MET). A – Controle. B – Vacúolo marcado com partículas de ouro coloidal de 10 nm. C – Espaço intercelular marcado com partículas de ouro coloidal de 10 nm. D – Citoplasma marcado com partículas de ouro coloidal de 10 nm. E – Parede celular. Barra corresponde a 400 nm em A, 250 nm em C e E, 90 nm em B e D. 68 6 – DISCUSSÃO É sabido que a insulina, em animais, aumenta o transporte de glicose para o interior celular. Esse processo é mediado pelo aumento da translocação de transportadores GLUT4 para a membrana plasmática (Kanzaki & Pessin, 2003; Brady et al., 1999; Pessin et al., 1999). Nossos resultados demonstram efeito similar da insulina em plantas. As células de tabaco tratadas com insulina apresentam quantidades de glicose significativamente maiores do que células não tratadas nos tempos de 16 horas, 24 horas, 48 horas e 72 horas (figura 6). Acreditamos que a insulina, de forma semelhante em animais, esteja sinalizando o aumento de transportadores de hexoses na membrana citoplasmática das células de tabaco em suspensão. A primeira descrição do efeito de insulina sobre os processos germinativos foi publicada em 1923, por Ellis & Eyster. Neste trabalho, insulina de pâncreas de boi e de cebola preparadas segundo o método de Collip’s, foram testadas em plântulas de milho de um genótipo clorótico e outro normal durante a fase de crescimento dependente do endosperma. Este hormônio, em concentrações inferiores a 0,005 %, teve efeito estimulador do crescimento da raiz, extremidades e número de raízes laterais dos genótipos testados, enquanto em altas concentrações a insulina passou exercer efeito inibitório do crescimento das plântulas. Plantas do genótipo clorótico tratados com insulina apresentaram cerca de 28,7 % a mais de pigmentos verdes do que plântulas de milho não tratadas (Ellis & Eyster, 1923). Relatos do efeito positivo da insulina sobre a germinação e desenvolvimento da plântulas de milho também foram publicados pelo grupo da Sáchez de Jiménez, em 1999 (Sánchez de Jiménez et al., 1999). Esse trabalho demonstra que insulina acelera a incorporação de metionina 35 S em proteínas ribossomais, aumenta a mobilização de mRNA da proteína ribossomal S6 para os polissomos e também intensifica a fosforilação da proteína ribossomal S6 na subunidade ribossomal 40S em eixos embrionários de milho em germinação. Em 2000, esse mesmo grupo apresentou os resultados referentes aos efeitos da insulina na síntese de novo das duas principais isoformas dos fatores de iniciação de eucariotos 4E em plantas, eIF4E e eIFiso4E. Insulina acelerou a síntese de novo do fator eIFiso4E, mas não do eIF4E (Dinkova et al., 2000). Esses dados, em conjunto, indicam um processo de regulação da tradução, promovido pela insulina em plantas. De milho, foi isolada 69 uma proteína de 20 kDa com propriedades homólogas a insulina. No processo de purificação desta proteína empregou-se uma coluna de anticorpo anti-insulina acoplado a Sepharose 4B (García-Flores et al., 2001). Insulina, também, tem efeito estimulador no desenvolvimento de plântulas de cevada, sementes oleaginosas (pepino, girassol e melão) e Canavalia ensiformis (Csaba & Pál, 1982; Goodman & Davis, 1993; Oliveira et al., 2004). Insulina, quando presente em concentração de 10-8 M, no meio de germinação de sementes de cevada, foi capaz de promover aumento no comprimento e massa das raízes, massa do coleóptilo e atividade mitótica das plântulas (Csaba & Pál, 1982). Sementes de pepino, girassol e cevada, quando germinadas na presença de insulina, apresentaram atividades aumentadas das enzimas cotiledonárias relacionadas à conversão de gorduras em carboidratos. As atividades das enzimas acil CoA desidrogenase, citrato sintase e malato desidrogenase de cotilédones das três espécies de sementes citadas foram maiores na presença de insulina do que na ausência. Somente as atividades das isoformas glioxissomais foram alteradas por insulina. Tratamento com insulina, também, aumentou a atividade de enzimas específicas do ciclo do glioxilato, a isocitrato liase e malato sintase. Duas enzimas do peroxissoma, catalase e oxidase do glicolato, não diretamente envolvidas na conversão de gorduras armazenadas em carboidratos, tiveram atividades aumentadas após tratamento com insulina (Goodman & Davis, 1993). Nossos dados estão de acordo com trabalhos anteriores, à medida que insulina estimulou o desenvolvimento de plântulas de Phaseolus vulgaris. Na figura 7 A podemos constatar que as sementes tratadas com insulina em concentrações de 0,036, 0,36, 0,9, 1,8 e 3,6 μg/ml tinham tamanhos de radículas maiores do que em sementes não tratadas. Um outro parâmetro analisado foi a massa dessas radículas que foi maior nas sementes tratadas com insulina nas concentrações de 0,036, 0,36, 0,9, 1,8 e 3,6 μg/mL do que as não tratadas (figura 7 C). Tanto o tamanho quanto a massa dos epicótilos de sementes tratadas com insulina (0,036, 0,36, 0,9, 1,8, e 3,6 μg/mL) foram estatisticamente maiores do que as de sementes não tratadas, conforme podemos observar entre as figuras 7 B e 7 D, respectivamente. A figura 7 E apresenta o número de raízes secundárias de sementes tratadas com diferentes concentrações de insulina, notando-se que em todas concentrações empregadas insulina ativou a formação de raízes secundárias. 70 Em nosso trabalho, observamos que a insulina, por mecanismos ainda não conhecidos, reduz a síntese de etileno ou aumenta a sua degradação, resultando na menor taxa de emissão de etileno de sementes germinadas na presença deste hormônio (figura 8). Se por um lado consideramos difícil a análise do efeito da insulina na redução da emissão de etileno uma vez que a sinalização de hormônios, em planta, seja resultante de múltiplas interações, seja dependente do tipo celular, do estágio do desenvolvimento e da concentração. Por outro lado, constatamos que no processo de desenvolvimento de plântula, insulina e etileno têm papéis antagônicos. A insulina estimula o desenvolvimento da plântula enquanto etileno inibe o crescimento de epicótilo e hipocótilo (Kende, 1993). Através dos estudos com mutantes ein (insensível a etileno) e ctr (resposta tripla constitutiva) uma via de sinalização foi delineada, na qual etileno se ligaria aos receptores para etileno (ETR) e este evento pára a ativação de uma proteína com alta homologia com MAPKKK (quinase da quinase da quinase ativada por mitógenos) do tipo Raf, a CTR1. Os receptores de etileno quando estão ligados ao etileno inativam a quinase serina/treonina do tipo Raf (CTR1). A inativação de CTR1 libera reguladores positivos EIN2 e ativadores transcricionais, EIN3, da regulação negativa de CTR1, permitindo, assim, a resposta ao etileno. Possivelmente, na ausência do gás etileno, a via de ETR ativa o crescimento celular. A repressão de ETR pelo etileno inibe a expansão celular (Gazzarrini & McCourt, 2001; Guo & Ecker, 2004). Sugerimos que a insulina possa estar atuando na cascata de sinalização de etileno e ative a proteína CTR1 (proteína do tipo quinase Raf que ativa cascata de fosforilações na rota da MAP quinase), ao mesmo tempo iniba a atuação do etileno. Interessantemente, insulina aumenta a expressão gênica e síntese de DNA, em vertebrados, atuando na via de sinalização por proteínas MAPK (quinase ativa por mitógenos). Mas cabe ressaltar que o papel da cascata de MAPK na sinalização de etileno é controverso e mais evidências genéticas são necessárias (Guo & Ecker, 2004). Existem evidências que etileno ative MAP quinase em epicótilos e em folhas de Arabidopsis (Novikova et al., 2000) e em células de suspensão de Medicago (Quaked et al., 2003). Neste trabalho, também, avaliamos o efeito da insulina sobre a taxa da respiração de sementes germinadas na presença e ausência de insulina. Era de se esperar um aumento na taxa respiratória já que insulina acelera o desenvolvimento 71 de eixo embrionário e para tanto há uma maior necessidade energética. Os resultados apresentados na figura 9 reforçam essas expectativas. Os açúcares são moléculas importantíssimas durante o crescimento e desenvolvimento das plantas. Estão envolvidos nos processos de transporte de fotossintatos bem como em processos metabólicos e de sinalização. Em diversos processos fisiológicos, os açúcares não só participam, mas também os regulam. Um exemplo da importância do metabolismo de açúcares encontra-se no evento da passagem da fase de diferenciação para a fase de armazenamento que ocorre durante o desenvolvimento de sementes. Em Vicia faba, durante a fase de préarmazenamento, a sacarose é hidrolisada por uma invertase associada à parede celular. A atividade invertásica é alta nesta fase, resultando em altos níveis de glicose que promovem crescimento por divisão celular. Nas células parenquimáticas a sacarose é ressintetizada pela sintase da sacarose fosfato. Quando o embrião estende-se, ocasiona a destruição da camada de parênquima de parede fina; ocorre, então, depleção do nível de invertase ocasionando a elevação dos níveis de sacarose. Os altos níveis de sacarose e os baixos nívies de glicose promovem diferenciação celular e síntese dos produtos de armazenamento (Weber et al., 1995; Weber et al., 1996; Weber et al., 1998). Nesse trabalho procuramos analisar alterações no metabolismo de açúcares durante o desenvolvimento da plântula de Phaseolus vulgaris, como conseqüência do tratamento de sementes com insulina. Para tanto dosamos glicose, frutose, sacarose e amido nas diferentes partes do embrião e atividades das enzimas sintase da sacarose fosfato e invertase. Os níveis de glicose e frutose dos cotilédones, epicótilos e radículas alteraram pouco em função do tratamento com insulina (Figura 10). Na presença de insulina, redução significativa do nível de sacarose foi observada nos cotilédones, radículas e epicótilos tendo sido na ordem de 11 %, 19 % e 40%, respectivamente (Figura 10). A redução da concentração de sacarose nas radículas de sementes tratadas com insulina pode ser explicada pela redução da atividade da enzima sintase da sacarose fosfato resultante do tratamento com insulina (figura 13). Esta enzima é capaz de catalisar tanto a síntese quanto a hidrólise da sacarose. Entretanto concentrações da SPS são normalmente altas nos tecidos que sintetizam sacarose, indicando que é uma enzima predominantemente de biossíntese (Dennis & Blakeley, 2000). Analisando os resultados, acreditamos que na radícula a insulina estaria interferindo nos processos de síntese da sacarose 72 e não nos processos de hidrólise já que não houve diferença nos níveis de atividade da enzima invertase entre radículas dissecadas de sementes embebidas com insulina e radículas dissecadas de sementes embebidas com água (Figura 12). Não podemos correlacionar a redução de sacarose observada nos epicótilos tratados com insulina com diferenças entre as atividades das enzimas invertase e sintase da sacarose fosfato já que estatisticamente as atividades das duas enzimas foram iguais nos epicótilos de sementes embebidas com insulina e nos epicótilos de sementes embebidas com água (figura 12 e 13). A insulina nos epicótilos estaria interferindo em outros processos metabólicos da sacarose que ainda não foram analisados. Tais processos poderiam ser um aumento da mobilização de sacarose para outros tecidos (radícula) ou ainda utilização de sacarose na síntese de outros compostos, tais como proteínas. Nos cotilédones de Phaseolus vulgaris, similar ao que acontece em sementes de ervilha em germinação (Bewley & Black, 1994), não detectamos atividade invertásica (figura 12) e a atividade da sintase da sacarose fosfato não sofreu alteração em função do tratamento com insulina (figura 13). Assim as atividades destas enzimas não justificam a redução de sacarose também observada nos cotilédones. Essa redução pode ser atribuída a um aumento na mobilização de sacarose para os tecidos drenos. No geral, observamos que insulina reduz as concentrações de sacarose nos tecidos do eixo embrionário e nos cotilédones. Esse efeito da insulina no metabolismo dos açúcares poderia ser conseqüência de um maior requerimento metabólico e estrutural resultante das maiores taxas de crescimento de epicótilos e radículas promovidas por esse hormônio ou ainda que a insulina estaria sinalizando a redução da sacarose para evitar o efeito inibitório de altas concentrações deste açúcar sobre o desenvolvimento da plântula (Finkelstein & Gibson, 2001). Um outro efeito da insulina nas concentrações de açúcares foi a redução dos níveis de amido, um polissacarídeo de reserva, nas radículas de sementes tratadas com insulina (figura 11). Esse efeito resulta, provavelmente, das maiores taxas metabólicas requeridas para um crescimento acelerado. Nos demais tecidos analisados não houve diferença estatística entre as concentrações de amido de sementes tratadas e não tratadas com insulina. Conforme podemos visualizar na figura 12 e 13, não detectamos atividade invertásica e nem da sintase da sacarose fosfato nos tegumentos das sementes que 73 é um tecido de origem materna, mais relacionado a funções de proteção das sementes do que metabólicas (Bewley & Black, 1994). Após a confirmação do efeito de insulina sobre o desenvolvimento de plântula de Phaseolus vulgaris, foi investigado se a cascata de sinalização de insulina seria conservada em plantas. Então, testamos um composto quiro-inositol, o pinitol, conhecido por ser mediador, pós-receptor, na cascata de sinalização da insulina (Bates et al., 2000). O pinitol teve efeito análogo à insulina, conforme observamos na figura 14, promovendo o crescimento de epicótilos, radículas e aumento no número de raízes laterais. O pinitol também mimetizou o efeito da insulina no desenvolvimento de plântulas de Canavalia ensiformis (Oliveira et al., 2004). Esses resultados nos indicam que, em plantas, existe uma via de sinalização de insulina similar à encontrada em vertebrados. Se insulina tem efeito sobre o desenvovimento de eixo embrionário e possivelmente existe um sistema de sinalização semelhante ao dos vertebrados, uma pergunta surgiu: Existiria insulina endógena no eixo embrionário de Phaseolus vulgaris? Partindo da reconhecida capacidade de insulina de ligar-se a globulinas 7S básicas (Komatsu & Hirano, 1991) em ensaios de ligação de membrana e de dados obtidos por Ribeiro (2003), demonstrando por ensaios de ELISA, que insulina também liga-se a globulinas 7S ácidas, do tipo vicilinas, idealizamos um processo de purificação de insulina baseado em cromatografia de afinidade em coluna de vicilinaSepharose. Assim acoplamos vicilinas de Vigna unguiculata a Sepharose 4B e testamos sua capacidade de ligação à insulina bovina bem como a forma de eluição. As figuras 15, 16 e 17 apresentam os perfis cromatográficos de insulina. Os picos retidos foram testados por Elisa e mostraram-se reativos ao anticorpo anti-insulina humana, indicando que a proteína eluída se tratava de insulina. Insulina é conhecida por associar-se a metais divalentes (Howell et al., 1978 citado por Dodson & Steiner, 1998) e esta associação poderia interferir com a ligação de insulina a vicilina, por isso o EDTA (quelante) foi empregado no tampão bicarbonato. Os resultados demonstram que insulina, aparentemente, interage mais fortemente com vicilina quando EDTA está ausente no tampão bicarbonato. O extrato de eixo embrionário de Phaseolus vulgaris com 48 horas da embebição foi aplicado na coluna de vicilina acoplada a Sepharose 4B. A figura 18 apresenta o perfil dessa cromatografia e podemos observar que houve retenção de material que foi eluído com ácido acético 0,1 M pH 3,0. Essa fração foi testada por Elisa e apresentou antigenicidade ao 74 anticorpo anti insulina humana. Quando analisada em SDS PAGE, observamos a presença de uma banda protéica com massa molecular próxima à da insulina conforme podemos visualizar na figura 19. Os dados dos experimentos de imunolocalização confirmam que eixo embrionário contém insulina endógena. Insulina foi imunolocalizada nos vacúolos de epicótilo (figura 20) e nos vacúolos e citoplasmas de radículas (figura 21) de Phaseolus vulgaris com 48 horas da embebição em água. 75 7- CONCLUSÕES Os dados apresentados neste trabalho sugerem que a insulina aumenta o transporte de glicose em células de tabaco em suspensão e tem papel ativador do crescimento de eixo embrionário de Phaseolus vulgaris assim como o pinitol, conhecido mimetizador da ação de insulina. Insulina também tem efeito inibidor sobre a emissão do hormônio etileno em sementes de Phaseolus vulgaris em germinação e apresenta efeito estimulador na emissão do CO2. Insulina afeta o metabolismo de carboidrato já que reduziu a concentração de sacarose nos epicótilos, nas radículas e cotilédones de sementes de Phaseolus vulgaris com 72 horas da embebição assim como reduziu a concentração de amido e da atividade da sintase da sacarose fosfato nas radículas de sementes no mesmo estágio de desenvolvimento. Insulina está presente em eixo embrionário de semente com 48 horas da embebição. Esses resultados indicam fortemente que insulina tem papel regulador no metabolismo e crescimento de plantas. Concluímos, também, que insulina pode ser isolada utilizando a técnica de cromatografia de afinidade de vicilina acoplada a Sepharose 4B. 76 8- Referências bibliográficas Alberts, B., Bray, D., Lewis, J., RAFF, M., Roberts, K., Watson, J.D. (1997) Biologia Molecular da Célula. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas. Alexander-Bridges, M., Buggs, C., Giere, L., Denaro, M., Kahn, B., White, M., Sukhatme U., Nasrin, N. 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