faculdade assis gurgacz

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FACULDADE ASSIS GURGACZ
MENINGITES: UM ESTUDO LABORATORIAL NA CIDADE DE CASCAVEL PARANÁ
Cascavel
2015
RAFAELA EXTECKOETTER
MENINGITES: UM ESTUDO LABORATORIAL NA CIDADE DE CASCAVEL –
PARANÁ
Trabalho de conclusão de curso
apresentado como requisito parcial
para obtenção do título de bacharel em
farmácia,
Curso
de
Farmácia,
Faculdade Assis Gurgacz – FAG
Orientadora: Leyde Daiane de Peder
Co-orientador: Claudinei Mesquita da
Silva
Cascavel
2015
RAFAELA EXTECKOETTER
MENINGITES: UM ESTUDO LABORATORIAL NA CIDADE DE CASCAVEL - PR
Trabalho apresentado durante o curso de Farmácia da Faculdade Assis
Gurgacz, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia,
sob a orientação da professora Leyde Daiane de Peder.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
LEYDE DAIANE DE PEDER
Professora Mestre
_________________________________
PATRÍCIA STADLER ROSA LUCCA
Professora Mestre
__________________________________
__________________________________
MARIA DAS GRAÇAS TAKIZAWA
Professora Mestre
Cascavel, 29 de Junho de 2015
4
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado especialmente aos meus pais, pelo incentivo para a
realização desse sonho, que sempre acreditaram e estiveram comigo durante
toda essa caminhada, encorajando-me nos momentos difíceis, me deram apoio e
muito amor. Mostraram-me que tudo é possível, basta acreditar e correr atrás,
amo vocês!
5
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por oportunizar a graça da existência.
A minha família e amigos pela compreensão e apoio nos momentos mais difíceis
ao longo desse período.
Agradeço de forma especial minha orientadora, Leyde Daiane de Peder pelo
contínuo incentivo, paciência e boa vontade com que sempre esteve disposta a esclarecer
minhas dúvidas, bem como indicar o melhor caminho a seguir, meu carinho e meu
agradecimento.
Ao meu co-orientador, Claudinei Mesquita da Silva que compartilhou sua
experiência para que minha formação fosse também um aprendizado de vida
Ao Laboratório Biovel, especialmente a Dra. Denise Michelle Indras e ao Dr.
Marcos Valério por disponibilizar os dados para a realização da minha pesquisa.
A minha tia e madrinha Denir Zonta que me auxiliou em vários momentos difíceis
dessa etapa da minha vida.
Agradeço a todos os professores e colegas que de algum modo contribuíram para
meu aprendizado nesta jornada.
6
Sumário
REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................
07
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................
26
ARTIGO..................................................................................................................
29
INSTRUÇÕES AOS AUTORES DA REVISTA
SABIOS..................................................................................................................
40
7
REVISÃO DE LITERATURA
HISTÓRIA DAS MENINGITES
Desde o inicio da medicina, a meningite é conhecida, embora seus sinais e
sintomas por muitos anos tenham sido desconhecidos. Em 1805, pela primeira vez, foi
descrita a sintomatologia de uma meningite cérebro-espinhal, pelo médico M. Vieusseux
em Genebra (REQUEIJO, 2005).
Depois de vários anos sem saber qual era o agente etiológico da doença, em
1887, o médico alemão Anton Weichelbaum descobriu a bactéria que ocasionava aquela
meningite epidêmica e chamou de Diplococcus intracellularis, que ficou conhecida como
meningococo de Weichselbaum (REQUEIJO, 2005).
Conforme relatos, em 1906, os doutores Adolfo Lutz e Teodoro Baima, pela
primeira vez, registraram exames bacterioscópicos nos quais foram identificados os
meningococos de Weichselbaum, a partir de amostras de líquido cefalorraquidiano de
crianças adoecidas vindas de Portugal e Espanha em imigrações (TRÓCOLI, 1997).
Desde o início do século XX, na Europa, já havia tratamento soroterápico, ainda
que relativamente útil na cura da meningite, muitas vezes originava infecções com outras
bactérias contaminantes e choques anafiláticos. No Brasil a produção do soro
antimeningocócico foi introduzida em 1920 pelo Dr. Miguel Couto (REQUEIJO, 2005).
Em meados de 1930, as sulfonanamidas substituíram a soroterapia, que eram
usadas na cura das meningites, bem como no controle profilático de portadores
assintomáticos de meningococos. No ano de 1926, Alexander Flemming descobriu a
penicilina, porém, foi produzida em grande escala somente durante a Segunda Guerra
Mundial (1938 – 1945). No Brasil, em 1947, a penicilina foi introduzida no estado de São
Paulo devido a uma epidemia (DAVIS, 2003).
LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO
O líquido cefalorraquidiano (LCR) ou líquor é um líquido que circula ao redor do
encéfalo e da medula espinal e que constitui um sistema protetor do SNC (MARTINS,
2013). Este líquido apresenta diversas funções, entre elas, o fornecimento de nutrientes
8
essenciais ao cérebro, a remoção de produtos resultantes da atividade neuronal do SNC
e a proteção mecânica do SNC (MACHADO, 2005).
O líquor é formado, principalmente, nos plexos coroides dos ventrículos cerebrais.
A circulação do líquor começa pela sua secreção nos plexos coroides e posteriormente, a
partir do quarto ventrículo, para dentro do espaço subaracnoide por meio de três orifícios:
uma abertura mediana e duas aberturas laterais. Este fluído circula sobre as superfícies
dos hemisférios cerebrais e em torno da medula espinal. A sua circulação é
extremamente lenta, sendo auxiliada pelas pulsações arteriais dos plexos coroides e
pelos cílios das células ependimárias, que revestem os ventrículos (SNELL, 2003). O
líquor retorna para o sangue venoso através das vilosidades aracnoides (GRAAFF, 2002).
O líquor é um líquido claro, incolor, aquoso, inodoro e estéril. É semelhante à um
ultrafiltrado do plasma sanguíneo e contém cerca de 99 % de água. Possuem, em
solução, sais inorgânicos semelhantes aos do plasma sanguíneo. O conteúdo de glicose
é cerca de metade da existente no sangue e há apenas vestígios de proteínas. Estão
presentes apenas alguns linfócitos, cuja contagem normal é de 0 a 5 células/mm 3
(MARTINS, 2013).
Através de punções lombares, suboccipitais ou ventriculares, pode se medir a
pressão do LCR ou colher certa quantidade deste para o estudo das suas características
citológicas e físico-químicas. O estudo do líquor é especialmente valioso para o
diagnóstico dos diversos tipos de meningites. A análise laboratorial do LCR permite obter
informações importantes para diagnóstico, baseado numa avaliação microbiológica,
bioquímica e citológica, as quais englobam desde aspectos físicos da amostra até
contagens globais e diferenciais das células presentes (MARTINS, 2013; MACHADO,
2005).
BARREIRAS ENCEFÁLICAS
As barreiras encefálicas podem ser definidas como, dispositivos que dificultam ou
impedem a passagem de substâncias do sangue para o tecido nervoso, do sangue para o
LCR ou do líquor para o tecido nervoso. Estas barreiras agem como verdadeiras
membranas lipídicas, formando duas barreiras: a barreira hemato-encefálica (BHE) e a
barreira hemato-liquórica (BHL). A presença destas barreiras é a principal causa para a
9
sobrevivência do cérebro, sendo responsáveis pela manutenção do ambiente restrito e
controlado que este órgão necessita para sobreviver (MACHADO, 2005).
ASPECTOS GERAIS
As membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal são denominadas
meninges e estas são denominadas dura-máter, aracnoide e pia-máter.
O líquido
cefalorraquidiano (LCR) ou líquor circula no espaço entre a aracnóide e a pia-máter, em
um espaço conhecido como espaço subaracnoide (NITRINI, 2003). (Figura 1)
Figura 1: Sistema nervoso e meninges.
Fonte: Netter, Frank H..Atlas de Anatomia Humana. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000
É indispensável ter conhecimento da estrutura e disposição das meninges, não só
para a compreensão do seu papel na proteção dos centros nervosos, mas também
porque são frequentemente atacadas por processos patológicos como infecções
(meningites) ou tumores (meningiomas) (MACHADO, 2005).
A meningite é um processo inflamatório da aracnoide, pia-máter e do LCR,
estendendo-se pelo espaço subaracnoide do cérebro e da medula espinhal. Este
processo inflamatório acontece quando uma bactéria, fungo, vírus ou parasita atravessa a
barreira de defesa do organismo e se instala nas meninges. Uma vez instalado, o
processo infeccioso dissemina-se rapidamente pelo LCR (MORRIS, 1992).
Sendo que, para a meningite infecciosa se desenvolver, o organismo patogênico
penetra no organismo humano, cruzando a barreira hematoencefálica e a barreira sangue
– líquido cefalorraquidiano. O LCR também pode ser contaminado por um ferimento que
penetre nas meninges, em consequência de um trauma, procedimento cirúrgico ou
malformação congênita. Por não existir produção de anticorpos no líquor e as
10
imunoglobulinas do sangue não terem acesso ao LCR, o microrganismo infectante se
desenvolve facilmente disseminando-se pela circulação do mesmo e como consequência
ocorre a inflamação meníngea (MACHADO, 2005).
A meningite se caracteriza por febre alta, náuseas e vômito, sem foco de infecção
aparente, acompanhado de cefaléia intensa, rigidez da nuca, sonolência, torpor, irritação,
diminuição da sucção em lactentes, abaulamento de fontanela e convulsões. Indivíduos
com estes sintomas devem ser considerados casos suspeitos de meningite e o tratamento
deve ser iniciado imediatamente, mesmo antes da confirmação do agente infeccioso
(CARVALHANAS et al., 2005).
Pode ser classificada de acordo com o microrganismo que a desencadeou, isto é,
de acordo com o agente etiológico: meningite bacteriana, meningite viral e meningite
fúngica (ou pode ser classificada como piogênica aguda (bacteriana), linfocítica aguda
(viral) e crônica (bacteriana ou fúngica). A evolução da doença proporciona a indicação da
etiologia, pois na meningite viral as manifestações agudas são observadas em poucas
horas, na meningite bacteriana de algumas horas a um dia e na meningite fúngica ou
tuberculosa de dias a duas semanas (DAVIS, 2003).
MENINGITE BACTERIANA
Qualquer bactéria pode causar meningite bacteriana, porém, análises indicam que
os agentes etiológicos mais frequentes são Haemophilus influenzae, Streptococcus
pneumoniae e Neisseria meningitidis. Agentes como endobactérias e estafilococos,
acometem pacientes com sistema imunológico deficiente, como na fase inicial ou final da
vida (DAVIS, 2003; MACHADO, 2005).
Os principais tipos de meningite podem ser classificados de acordo com seu
agente etiológico:

Meningite causada por Neisseria meningitidis
A bactéria Neisseria meningitidis, é um diplococo gram-negativo (Figura 2)
também denominado meningococo, produz um amplo espectro clínico da doença
conhecida como meningite menigocócica, na qual se verificam patogenias focais e
11
invasivas. Verifica-se ocorrência mundial e epidemias localizadas, representando 10 a
40% das meningites bacterianas (ALBA, 2007).
Figura 2. Neisseria meningitidis.
A doença inicia-se na orofaringe, passando para a circulação sistêmica. Os
meningococos ligam-se as meninges pela lâmina crivosa; as bactérias podem ser
encontradas no sangue e em lesões cutâneas, sendo transmitidas por disseminação
hematogênica. A cápsula bacteriana é importante para a penetração no LCR e indução da
reposta inflamatória. A nasofaringe pode ser colonizada pela bactéria que, após
colonização da mucosa, é transportada pelas células especializadas, dentro dos vacúolos
fagocitários até as camadas subepiteliais, levando à disseminação hematogênica,
eventualmente atravessam o espaço subaracnoide, atingindo o LCR. A entrada é feita
através de áreas com baixa resistência, como plexos coróides, sinusoides, venoso-durais,
capilares cerebrais, locais de defeitos congênitos, locais com trauma ou cirurgia ou de
infecção parameningeana. Por ser a nasofaringe o habitat natural do meningococo, a
transmissão é feita por gotículas respiratórias e os indivíduos infectados assintomáticos
ou doentes são as fontes de infecção (REQUEJO, 2005).
O desenvolvimento da doença meningocócica depende de vários fatores
predisponentes como ambientais, humanos, microbiológicos e culturais, sendo que ocorre
na forma de pequeno surto epidêmico ou grande epidemia, de acordo com densidade
populacional envolvida, condições propícias para entrada de cepa de maior virulência e
quantidade de indivíduos imunodeprimidos (MARTINS, 2013).

Meningite causada por Streptococcus pneumoniae
12
O Streptococus pneumoniae (pneumococo) causa meningite com a mesma
frequência que o meningococo, sendo muito comum na população idosa e muito
preocupante na infância, devido sua alta morbi-mortalidade e graves sequelas. Apesar de
acometer qualquer idade, mais de 50% dos pacientes têm menos de 1 ou mais de 50
anos de idade (BEREZIN et al., 2002; MILLER et al., 2002).
O Streptococus pneumoniae é uma bactéria esférica gram-positiva que se dispõe
de dois a dois (diplococos) ou em pequenas cadeias, alfa-hemolítica (Figura 3). O
pneumococo está presente na microbiota normal e presente no trato respiratório superior.
Seu local de colonização pode influenciar a expressão dos fatores de virulência e estão
descritos mais de 90 sorotipos capsulares, diferenciados pela composição química em
seus polissacarídeos capsulares, além da produção de outros dois antígenos
polissacarídicos (ácido teicoico e ácido lipoteicoico). Há um aumento na resistência
destes pneumococos aos antimicrobianos e a alteração das transpeptidases é o
principalmecanismo de resistência à penicilina (ALBA, 2007).
Figura 3. Streptococcus pneumoniae

Meningite causada por Haemophilus influenzae
O Haemophilus influenzae é uma bactéria que se apresenta como bastonete
pleomórfico, aeróbico, gram-negativo, classificada em 6 sorotipos (A, B, C, D, E, F), pela
diferença antigênica da cápsula polissacarídica (Figura 4). O Haemophilus influenzae,
sem cápsula, se encontra nas vias respiratórias de forma saprófita, podendo causar
infecções assintomáticas ou doenças não-invasivas como otites, bronquite e sinusites,
tanto em crianças como em adultos (BRASIL, 2005).
O Haemophilus influenzae tipo b (Hib) é importante em países onde a vacina
conjugada ainda não é utilizada, principalmente em lactentes e crianças. Na América
13
Latina a importância deste agente etiológico em crianças é ressaltada. O impacto da
introdução da vacina conjugada Hib na redução das doenças invasivas é expressivo em
regiões industrializadas como Estados Unidos e diversos países da Europa e em alguns
locais da América Latina, como Chile e Brasil (MIRANZI et al.,2006; SIMÕES et al., 2004;
MORRIS, 1992).
Figura 4. Haemophilus influenzae

Meningite causada por estafilococos
Os estafilococos são cocos que formam colônias de células aderidas umas às
outras, encadeadas, aos pares, em forma de correntes ou agrupadas em forma de
cachos.
Sendo que os estafilococos (Staphylococcus. aureus e S. epidermidis) são causas
raras de meningite. O tratamento é feito com penicilina endovenosa por 2 a 4 semanas.
Em casos onde haja resistência à penicilina, como infecções hospitalares, a vancomicina
é mais apropriada (ALBA, 2007).

Meningite causada por estreptococos
Os estreptococos são responsáveis por 1 a 2% dos casos de meningite.
Geralmente a infecção é secundária de algum foco séptico, como da mastóide ou dos
seios nasais.
14
TRATAMENTO DAS MENINGITES BACTERIANAS
Considerando a alta letalidade e as sequelas associadas às meningites
bacterianas,
o
tratamento
com
antibiótico
deve
ser
instituído
imediatamente,
preferencialmente logo após a punção lombar e a coleta de sangue para hemocultura. A
escolha inicial do tratamento com antibióticos deve se basear em sua ação bactericida
sobre os agentes etiológicos mais frequentes (Quadro 2) e na faixa etária do paciente
(Quadro 1).
Após o antibiograma e a identificação do agente etiológico, deve ser
realizada a adequação da terapia (MARTINS, 2013).
Quadro 1. Tratamento das meningites bacterianas de acordo com a faixa etária do paciente.
Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica (2010)
15
Quadro 2. Recomendação de antibioticoterapia, segundo etiologia.
Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica (2010)

Meningite tuberculosa
A meningite tuberculosa é normalmente uma forma de evolução da tuberculose
pulmonar. A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa, transmitida por via aérea, com
evolução crônica, o principal agente etiológico causador dessa doença é o Mycobacterium
tuberculosis. O M. tuberculosis, bacilo de Koch, é uma micobactéria BAAR (bacilo álcoolácido-resistente), parasita intracelular, aeróbia facultativa, não formador de esporos, sem
flagelos, não produz toxinas e se divide a cada 16-20 horas (Figura 5) (MARTINS, 2013).
A transmissão desse agente etiológico ocorre por via aérea quando os bacilos penetram
com o ar inspirado e atingem as porções mais periféricas do pulmão.
Figura 5. Mycobacterium tuberculosis.
16
A meningite tuberculosa é diferente da meningite causada por outras bactérias,
devido sua evolução mais demorada, mortalidade mais elevada, alterações do LCR de
menor gravidade e o tratamento menos eficaz, com maior número de sequelas. É uma
meningite subaguda, onde o início dos sintomas não é agudo, com menor grau de
inflamação e evolução mais prolongada (MILLER et al., 2002; AMINOFF et al., 2005).
Essa meningite é prevalente nos grupos de alto risco, como imunocomprometidos
(portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a AIDS), imigrante de áreas
endêmicas e pessoas altamente expostas (membros da família e trabalhadores da
saúde). Pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais frequente em crianças e jovens,
com tendência maior em menores de cinco anos. A vacina BCG protege em torno de
80%, evitando a disseminação hematogênica do bacilo e o desenvolvimento de meningite
(ALBA, 2007; DEVINSKY, 2001).
A meningite tuberculosa pode ocorrer nos primeiros seis meses após a infecção
pulmonar ou se manifestar após um período de anos. Após a infecção pelo M.
tuberculosis, a detecção das lesões primárias acorre após 4 a 12 semanas (ALBA, 2007).
Sendo a meningite tuberculosa geralmente resultante da reativação de uma
infecção lactente causada pelo bacilo ácido–resistente Mycobacterium tuberculosis. A
infecção primária tipicamente adquirida através da inalação de partículas contendo
bacilos. Estes se multiplicam e são disseminados através do sangue proveniente do
pulmão; é neste estágio que as meninges têm maior probabilidade de serem afetadas.
Nas meninges os bacilos permanecem num estado latente em tubérculos, os quais
podem se romper para o espaço subaracnoídeo posteriormente, resultando na meningite
tuberculosa (MARTINS, 2013).
A meningite tuberculosa sempre é secundária à tuberculose em outro local do
organismo. O foco primário da infecção geralmente esta localizada nos pulmões, podendo
ser encontrado nos linfonodos, nos ossos, nos seios nasais, no trato gastrointestinal ou
em qualquer outro órgão do corpo. O início dos sintomas meníngeos pode ser com sinais
de disseminação miliar aguda ou pode haver evidência clínica de atividade no foco
primário; contudo, a meningite é, com freqüência, a única manifestação da doença
(MARTINS, 2013).
17
Segundo Devisnky (2001), o tratamento recomendado é o uso de 4 drogas de
primeira linha (rifampicina, isoniazida e pirazinamida e etambutol) nos primeiros 2 a 3
meses, mesmo após o desaparecimento dos sintomas. No caso do paciente ser sensível
às drogas de primeira linha ou se o microrganismo é resistente, recomenda-se drogas de
segunda linha (estreptomicina, ciprofloxacina e etionamida). Davis (2003) recomenda a
administração simultânea de três medicamentos, rifampicina, isoniazida e pirazinamida
por 2 meses, em seguida a combinação de rifampicina e isoniazida por 7 meses, que
coincide com o esquema preconizado pelo Programa Nacional de Controle da
Tuberculose (BRASIL, 2002)
MENINGITE FÚNGICA
As meningites causadas por agentes fúngicos podem ocorrer como infecções
oportunistas ou aparecer em hospedeiros imunocomprometidos (como exemplos diabetes
ou terapia iminissupressora). Os agentes fúngicos habituais são: Cryptococcus
neofarmans, Coccidioides immitis, Candida albicans, Aspergillus spp, Histoplasma
capsulatum, Blatomyces e Mucor spp. A meningite crônica pode ser causada por fungos
dos gêneros Coccidioides e Candida (ALBA, 2007).
A base do tratamento das infecções fúngicas é a anfotericina B, seguindo
protocolo bem estabelecido em função de sua alta incidência de toxicidade, com 1 mg por
dia, dobrando-se a dose diariamente até alcançar 16 mg/dia, para alcançar a dose
terapêutica de 0,5 a 1,5 mg/kg por dia. Fluocitosina, miconazol, cetoconazol e fluconazol
são efetivos anti-fúngicos (DAVIS, 2003; DEVINSKY, 2001; FRIGELI et al., 2001).
MENINGITE VIRAL
As infecções virais das meninges (meningite) e do parênquima cerebral
(encefalite) apresentam-se muitas vezes como estados confusionais agudos. A meningite
viral é mais frequentemente causada por vírus entéricos, enquanto que a encefalite viral
por exantemas da infância (MARTINS, 2013).
As meningites virais acometem qualquer idade, com maior frequência na infância,
entre 5 e 10 anos e são raras após os 40 anos. Estas meningites são duas vezes mais
18
frequentes em meninos que em meninas, circunstância que desaparece com a idade
(PELLINI et al., 2004).
A transmissão viral é de pessoa a pessoa e varia com o agente etiológico. O
enterovírus predomina na primavera e no verão e a doença tem duração menor que uma
semana. O vírus da coriomeningite linfocitária é raro, transmitido por contato direto ou
indireto com as excreções de roedores, por via digestiva, através da contaminação de
alimentos com a urina do roedor ou exposição de feridas (MARTINS, 2013).
A meningite viral apresenta sinais e sintomas que variam de acordo com o agente
etiológico, os sintomas podem ser, hipertermia, astenia, mialgia, cefaléia, fotofobia, rigidez
da nuca, distúrbios gastrointestinais, sintomas respiratórios ou erupção cutânea. Febre,
cefaléia e sinais meníngeos de início agudo são os sinais e sintomas mais frequentes
observados em meningite por enterovírus (ALBA, 2007; PELLINI et al., 2004).
A recuperação da meningite viral normalmente ocorre em uma a duas semanas
do início, mas alguns pacientes podem ter fadiga, astenia e tonteira por meses (ALBA,
2007).
MENINGITES PARASITÁRIAS
As infecções por parasitas são importantes causas de doença do SNC,
particularmente em pacientes imunodeprimidos e em certas regiões do mundo. A
meningite parasitária é mais comum em países pouco desenvolvidos e é normalmente
causada por parasitas encontrados na água, comida ou solos contaminados (AMINOFF et
al., 2005).
- Meningite por Angiostrongylus cantonensis:
O Angiostrongylus cantonensis é um helminto endémico no sudeste da Ásia e
Havai. O reservatório deste parasita são os roedores e a infecção é transmitida por
ingestão de moluscos crus contaminados com larvas. As larvas migram para o cérebro,
onde se desenvolvem e originam meningite com eosinofilia. A maioria dos pacientes
queixa-se de dor de cabeça e, cerca de metade, de rigidez na nuca, vómitos, febre e
parestesias (AMINOFF et al., 2005).
19
- Meningoencefalite por Naegleria fowleri
A ameba Naegleria fowleri causa meningoencefalite amebiana primária em
pacientes jovens, previamente saudáveis, expostos a água contaminada. As amebas
entram para o SNC através da placa cribiforme, produzindo uma meningoencefalite difusa
que afeta a base dos lobos frontais e da fossa posterior (MURRAY et al., 2006).
É caracterizada por dor de cabeça, febre, náuseas, vómitos, sinais de irritação
meníngea e estado mental desordenado (AMINOFF et al., 2005).
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico laboratorial das meningites é realizado através do estudo do líquor
e sangue, no caso de meningites virais o diagnóstico também pode ser realizado através
da urina e fezes. Os principais exames utilizados para o diagnóstico de casos suspeitos
de meningite são: exame quimiocitológico do líquor; bacterioscopia direta do líquor;
cultura de líquor, sangue e fezes; contra-imuneletroforese cruzada (CIE) de líquor e soro;
aglutinação pelo látex de líquor e soro (MARTINS, 2013).
Embora o aspecto do líquor não seja considerado um exame, ele funciona como
um indicativo. O aspecto normal do líquor é límpido e incolor, já em processos infecciosos
ocorre o aumento de células, causando turvação.
No quadro 3 são apresentadas
informações sobre as alterações do líquor, importantes para estabelecimento de suspeitas
diagnósticas das principais meningites (ALBA, 2007).
20
Quadro 3. Alteração do LCR em algumas patologias (exames laboratoriais).
Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica (2010)
PREVENÇÃO E CONTROLE
Para alguns dos agentes infecciosos causadores das meningites é possível dispor
de medidas de prevenção primária, tais como vacinas e quimioprofilaxia. São
fundamentais, o diagnóstico e o tratamento precoce para um bom prognóstico da doença,
evitando assim sequelas e até mesmo o óbito (BRASIL, 2005).
QUIMIOPROFILAXIA
A quimioprofilaxia não assegura efeito protetor absoluto e prolongado, mas é uma
medida eficaz na prevenção de casos secundários, sendo indicado para os contatos
íntimos nos casos de doença meningocócica e meningite por Haemophilus influenzae e
para o paciente no momento da alta (exceto se o tratamento foi com ceftriaxona, pois esta
droga é capaz de eliminar o meningococo da orofaringe). A droga de escolha para a
21
quimioprofilaxia
é
a
rifampicina,
sendo
administrada
em
dose
adequada
e
simultaneamente a todos os contatos íntimos, no prazo de 48 horas da exposição à fonte
de infecção, considerando o período de transmissibilidade da doença. O uso restrito da
droga evita a seleção de meningococos resistentes (BRASIL, 2005).
IMUNIZAÇÃO
As vacinas contra meningite são específicas para diferentes agentes etiológicos,
sendo que algumas fazem parte do calendário básico de vacinação da criança e outras
estão indicadas apenas em situações de surto. São elas:

Vacina contra Haemophilus influenzae tipo B (Hib) ou tetravalente:
A conjugação de um derivado protéico ao polissacarídeo capsular levou à
produção de uma vacina que estimula o sistema imunológico com uma resposta Tdependente, para uso em crianças menores de 2 anos de idade. A eficácia e a segurança
das vacinas conjugadas Hib é comprovada mesmo quando associadas ou combinadas
com outras vacinas.
A vacina contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib) faz parte do calendário
básico de vacinação infantil, sendo recomendada para menores de um ano no esquema
de três doses, com intervalo de 60 dias entre as doses. É utilizada juntamente com a
vacina DPT (Tríplice bacteriana - Vacina acelular contra Difteria, Tétano e Coqueluche),
compondo a vacina tetravalente, que previne contra as infecções invasivas causadas pelo
Haemophilus influenzae do tipo b, como meningite, otite, septicemia, pneumonia, entre
outras. Suas contra-indicações estão relacionadas à hipersensibilidade, são raras as
reações adversas e, quando ocorrem, são locais (dor, eritema e enduração), normalmente
surgem nas primeiras 24 a 48 horas após a administração (BRASIL, 2005).

Vacina contra o bacilo de Koch
A vacina BCG (bacilo de Calmette-Guérin, estirpe Moreau Rio de Janeiro),
composta de cepas atenuadas do bacilo Mycobacterium bovis é utilizada desde 1921,
22
previne contra as formas graves de tuberculose. Recomenda-se uma dose ao nascer,
com administração o mais precoce possível, e dose de reforço entre 6 e 10 anos de
idade. Para a criança que recebeu BCG há seis meses ou mais, e que não mostra a
cicatriz vacinal, indica-se a revacinação, mesmo sem teste tuberculínico prévio (PPD). A
vacina é contra-indicada para indivíduos HIV positivos, sintomático ou assintomático e em
menores de 13 anos infectados pelo HIV. Os parâmetros clínicos e risco epidemiológico
para a tomada de decisão devem ser considerados; trabalhadores de saúde que reagem
à prova tuberculínica (reator forte/acima de 10 mm); portadores de imunodeficiências
congênitas. Os eventos adversos incluem formação de abscesso subcutâneo frio ou
quente, ulceração com diâmetro maior que 1cm no local da aplicação, linfadenite regional
supurada, cicatriz quelóide, reação lupóide e outras lesões localizadas ou generalizadas
(BRASIL, 2005).

Vacinas contra Neisseria meningitidis:
As vacinas antimeningocócicas podem ser polissacarídicas ou conjugadas e são
usadas na prevenção e controle de epidemias. As vacinas polissacarídicas são sorogrupo
específico e se baseiam na reação imunogênica do hospedeiro ao polissacarídeo
capsular do meningoco. Estas vacinas não proporcionam resposta imune adequada em
menores de 2 anos pela ausência de resposta consistente a antígenos T independentes
nesta idade. Mesmo nos pacientes acima desta idade, a proteção é de duração limitada,
sem capacidade de induzir memória imunológica. Portanto, estas vacinas estão indicadas
para grupos de alto risco ou na ocasião de surtos e epidemias. As vacinas
polissacarídicas disponíveis protegem contra os sorogrupos A, C, W135 e Y. As vacinas
conjugadas, por sua vez, mudaram a natureza da resposta imune. A vacina contra o
sorogrupo C conjugada às proteínas carreadoras induz a produção de altos níveis de
anticorpos, mesmo em lactentes, com excelente memória imunológica (SÁFADI et al.,
2006).

Vacina contra Streptococcus pneumoniae:
23
Vieira et al (2007) verificaram em seu trabalho as coberturas das vacinas
conjugadas 7, 9, 11 e 23 valentes, obtendo os seguintes resultados:
- vacina conjugada 7-valente (14, 6B, 18C, 19F, 4, 9V e 23F): cobertura de
51,30% do total das cepas e de 61,42% na faixa etária entre 0 a 5 anos.
- vacina conjugada 9-valente (1, 5, 14, 6B, 18C, 19F, 4, 9V e 23F): aumento da
cobertura vacinal para 57,33% do total das cepas e para 68,57% na faixa etária entre 0 a
5 anos.
- vacina conjugada 11-valente (3, 7F, 1, 5, 14, 6B, 18C, 19F, 4, 9V e 23F):
aumento da cobertura vacinal para 60,78% do total das cepas, com cobertura idêntica da
vacina 9-valente na faixa etária de 0 a 5, já que não foram isoladas nesta idade os
sorotipos 3 e 7F.
- vacina conjugada 23-valente: cobertura vacinal de 73,28% das cepas isoladas,
mas sem eficácia para crianças entre 0 a 2 anos, sendo mais utilizada na população
adulta e em idosos.
A vacina contra S. pneumoniae está disponível no Brasil, gratuitamente, nos
Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais em 2 apresentações: 23 Valente e
7 Valente.

23 Valente
Indicada para adultos acima de 60 anos de idade, quando acamados,
hospitalizados ou institucionalizados; crianças com dois anos, adolescentes adultos com
imunodeficiência adquirida ou congênita, síndrome nefrótica, disfunção anatômica e
funcional do baço, doença pulmonar ou cardiovascular crônica e grave, insuficiência renal
crônica, diabetes mellitus insulino-dependente, cirrose hepática, fístula liquórica e
transplantados de medula óssea de qualquer idade (BRASIL, 2005).

7 Valente
A vacina conjugada 7-valente contra S. pneumoniae disponível no Brasil contém
os sorotipos 4, 6B, 9V, 14, 18C, 19F, 23F conjugados com um mutante da toxina diftérica
24
- a proteína CRM197. Esta vacina faz parte do calendário de vacinação dos EUA desde
outubro de 2000, indicada para crianças com idade entre 2 e 60 meses, por via
intramuscular, juntamente com outras vacinas contra poliomielite, difteria, tétano,
coqueluche, hepatite B e H. influenzae do tipo b (IPV, DTP, HB, Hib), com doses que
variam com a idade de início (BRICKS et al., 2006). No CRIE é indicada para crianças de
dois a 23 meses imunocompetentes, com doença pulmonar ou cardiovascular crônicas
graves, síndrome nefrótica, diabetes mellitus, insuficiência renal crônica, fístula liquórica,
cirrose hepática, asplenia congênita ou adquirida, hemoglobinopatias, imunodeficiência
congênita ou adquirida, crianças HIV positivo assintomáticas e com aids. A vacina deve
ser
administrada
15
dias
antes
de
esplenectomia
eletiva
e
quimioterapia
imunossupressora (BRASIL, 2005).
VACINAÇÃO PARA BLOQUEIO DE SURTO
A vacinação para bloqueio está indicada nas situações em que haja a
caracterização de um surto de doença meningocócica para o qual seja conhecido o
sorogrupo responsável e exista vacina eficaz disponível. Baseado na análise
epidemiológica, características da população e a área geográfica de ocorrência dos
casos, define-se a estratégia de vacinação e os procedimentos da campanha de
vacinação devem seguir as normas técnicas preconizadas pelo Programa Nacional de
Imunização (PNI) (BRASIL, 2005).
A detecção precoce de eventuais surtos da enfermidade, é possível quando os
casos são imediatamente notificados, permite empregar os atuais conhecimentos sobre o
uso potencial das vacinas antimeningocócicas prontamente, beneficiando a população
sob risco. A partir do ano de 2000, com a adoção, pelo Ministério da Saúde, de critérios
para a vacinação de bloqueio, recomendados pela Comissão Nacional das Meningites, a
habilitação ao uso destas vacinas passou a ser facilitada, contribuindo para pronta
intervenção (TRÓCOLI, 1997).
Após a vacinação, são necessários 7 a 10 dias para a obtenção de títulos
protetores de anticorpos. Casos ocorridos em pessoas, no período de até 10 dias após a
vacinação não devem ser considerados falhas da vacinação. Estes casos são passíveis
25
de ocorrência, haja vista que o indivíduo pode ainda não ter produzido imunidade ou estar
em período de incubação da doença, que varia de 2 a 10 dias (BRASIL, 2005).
O bloqueio vacinal se realizado em tempo hábil no curso da evolução da doença,
fornece sólidos argumentos a favor de sua contribuição para a interrupção do processo
epidêmico, limitando as possibilidades de sua expansão para outras áreas e reduzindo,
com isso, os riscos de morbidade e mortalidade pela enfermidade (TRÓCOLI, 1997).
26
REFERÊNCIAS
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29
ARTIGO
MENINGITES: UM ESTUDO NA CIDADE DE CASCAVEL - PR
¹EXTECKOETTER, Rafaela, ²SILVA, Claudinei Mesquita da e ²PEDER, Leyde Daiane de
1Acadêmica
do curso de Farmácia – FAG
2Docente
do curso de Farmácia – FAG;
RESUMO: A meningite é uma doença infecciosa, com etiologia variada, que consiste na inflamação das
meninges, de notificação obrigatória. Apesar da implementação de vacinas e conscientização de cuidados
higiênicos, ainda causa morbidade e mortalidade considerável. A vigilância epidemiológica tem papel
importante na monitoração e permite diagnosticar o comportamento da doença possibilitando o
planejamento de intervenções. O objetivo deste estudo foi analisar as características epidemiológicas e
laboratoriais das meningites em hospitais particulares, na cidade de Cascavel, através da análise de laudos
de exames realizados em um laboratório privado de análises clínicas na cidade de Cascavel-PR, no período
de 2012 a 2014. No período do estudo foram analisados 645 laudos de prováveis meningites. A meningite
viral foi a mais frequentemente encontrada (32,71%), seguida pela bacteriana (5,58%). 61,86% dos laudos
estudados tiveram resultado negativo. Apesar dos avanços preventivos e terapêuticos, a meningite continua
sendo uma doença preocupante na região de Cascavel exigindo constante vigilância epidemiológica.
PALAVRAS CHAVES: Epidemiologia, Meningites Bacterianas, Meningite Viral.
MENINGITIS: A STUDY IN CASCAVEL CITY - PR
ABSTRACT: Meningitis is an infectious disease with varied etiology, which is the inflammation of the
meninges with mandatory notification. Despite the deployment of vaccines and awareness of hygienic care,
still causes considerable morbidity and mortality. Epidemiological surveillance plays an important role in
monitoring and allows diagnose the disease behavior enabling the planning of interventions. The objective of
this study was to analyze the epidemiological and laboratory characteristics of meningitis in private hospitals
in the city of Cascavel, by analyzing tests reports obtained under a private clinical laboratory in the city of
Cascavel-PR, in the period 2012-2014. During the period of studywere investigated 645 reports of probable
meningitis. The viral meningitis was most frequently found (32,71%), followed by bacterial (5,58%). 61,86%
of the reports studied were negative. Despite the preventive and therapeutic advances, meningitis remains a
worrying disease in Cascavel region requiring constant surveillance.
KEYWORDS: Epidemiology, Bacterial Meningitis, Viral Meningitis.
.
30
INTRODUÇÃO
O termo meningite expressa a ocorrência de um processo inflamatório das
meninges, membranas que envolvem o cérebro, causadas principalmente por
microrganismos patogênicos, tais como bactérias, vírus, fungos e parasitas. Dentre as
infecções do sistema nervoso central, a meningite apresenta as mais elevadas taxas de
morbidade e mortalidade. Qualquer pessoa pode contrair meningite, no entanto esta
doença ocorre mais frequentemente nas crianças, sendo que os menores de cinco anos
são mais vulneráveis (1).
Esta doença, no passado, levava a maioria dos pacientes a óbito, deixando
sequelas neurológicas nos pacientes que sobreviviam. Com o conhecimento mais
profundo da patologia, a evolução das técnicas de diagnóstico e o desenvolvimento dos
antibióticos e vacinas, a taxa de mortalidade e as sequelas diminuíram, permitindo aos
pacientes melhor qualidade de vida
(1,2).
Sintomas como febre alta, náuseas e vômito, sem foco de infecção aparente,
acompanhado de cefaléia intensa, rigidez da nuca, sonolência, torpor, irritação,
diminuição da sucção em lactentes, abaulamento de fontanela e convulsões deve ser
considerado caso suspeito de meningite e o tratamento deve ser iniciado imediatamente,
mesmo antes da confirmação do agente infeccioso. Devido à sua capacidade de produzir
surtos, as meningites infecciosas constituem um problema de saúde pública, nacional e
mundial. Todos os casos suspeitos, independente do agente etiológico, devem ser
notificados e investigados de forma oportuna e adequada pelo sistema de vigilância
epidemiológica que tem importante atuação no controle das meningites no país, e o faz
através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), destino dos dados
colhidos de cada caso de meningite, doença em regime de notificação compulsória
(2).
O líquido cefalorraquidiano (LCR) ou líquor é um líquido que circula ao redor do
encéfalo e da medula espinal e que constitui um sistema protetor do sistema nervoso
central (SNC)
(1).
Este líquido apresenta diversas funções, entre elas, o fornecimento de
nutrientes essenciais ao cérebro, a remoção de produtos resultantes da atividade
neuronal do SNC e a proteção mecânica do SNC (3).
O exame do líquor fornece informações importantes em relação ao diagnóstico
etiológico e acompanhamento de processos inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos dos
31
órgãos que são envolvidos por esse líquido
(4).
Esse exame compreende a análise dos
aspectos físicos, bioquímicos e citológicos do liquor.
Este trabalho teve com objetivo primário estudar o perfil dos exames de líquor de
pacientes de alguns Hospitais Particulares da Cidade de Cascavel, Paraná, realizados
entre o período de 2012 à 2014. Como objetivo secundário analisar os possíveis casos
das meningites ocorrido nestes hospitais, levando em considerando o gênero e dados
bioquímicos e citológicos do líquido cefalorraquidiano (LCR) nos casos positivos de
meningites. A necessidade deste estudo é de importância cientifica, devido tanto a
repercussão na saúde pública (devido a necessidade de notificação compulsória) quanto
a pouca quantidade de trabalhos sobre avaliação do perfil de líquor nas meningites.
Considerou-se neste estudo, as caracterisiticas citológicas (leucócitos, neutrófilos e
linfócitos) e bioquímicas (proteínas, glicose e ácido lático) do líquor.
METODOLOGIA
Para a execução do presente trabalho, foram analisados os laudos relativos aos
exames de líquor realizados por um Laboratório de Análises Clínicas privado da cidade de
Cascavel – PR, que realiza exames laboratoriais para hospitais da mesma cidade. Os
laudos referem-se aos anos de 2012 a 2014.
As variáveis coletadas foram: sexo, valores dos exames bioquímicos de glicose,
proteína, ácido lático, e citológico de leucócitos e hemácias.
Os dados obtidos foram tabulados no programa Microsoft Office Excel e
transformados em gráficos e tabelas.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Faculdade Assis Gurgacz sob o parecer 857.540 de 08/10/2014.
32
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O líquido cefalorraquidiano (LCR) ou líquor é um líquido com aspecto incolor,
aquoso, inodoro e estéril. É semelhante à um ultrafiltrado do plasma sanguíneo e contém
cerca de 99 % de água. Possuem, em solução, sais inorgânicos semelhantes aos do
plasma sanguíneo (1).
No presente estudo foram analisados 645 laudos de exames de líquido
cefalorraquidiano, os quais corresponderam às análises de todos os líquors advindos de
alguns hospitais privados da cidade de Cascavel – Paraná entre 2012 e 2014.
A análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) tem se mostrado como um dos
principais exames laboratoriais de urgência imediata, pois frequentemente uma patologia
inflamatória, tumoral, vascular ou alérgica, que acomete o sistema nervoso central (SNC),
meninges ou membranas pio - aracnóides, revela-se de um modo claro por esse exame
(5).
O
líquor
é
fundamental para
o
diagnóstico
da
meningite,
sendo
de
responsabilidade do médico a coleta do material e qualidade da amostra, que garante a
confiabilidade dos resultados
(5).
O diagnóstico precoce é imprescindível para reduzir a
morbidade e mortalidade determinadas por meningite bacteriana
(6).
A análise do líquor deve ser realiazada logo após a chegada no laboratório
através das análises citológica, bioquímica e bacteriológica. A contagem diferencial de
leucócitos é uma etapa fundamental da análise laboratorial, pois, conforme a linhagem
celular predominante nessa contagem, se estabelece uma conduta terapêutica adequada,
de acordo com o significado clínico desse resultado (1).
O líquor normal em adultos e crianças maiores de três meses de idade tem
aspecto límpido, número de leucócitos até 5 células/mm3, já no período neonatal exibem
amplas variações, dificultando bastante a sua interpretação. Durante a primeira semana
de vida, o líquor normal contém em média 8 leucócitos/mm3, mas valores até 32
leucócitos/mm3 têm sido observados em recém-nascidos normais (não infectados) (6).
Considera-se que o paciente apresenta infecção no sistema nervoso central
quando a quantidade de leucócitos encontrados no liquor ultrapassa 5 células/ml
(7).
Nestes casos costumeiramente faz-se o diferencial de leucócitos (8), para a determinação
da provável etiologia da infecção. Pacientes acometidos por meningites virais possuem
predomínio de linfócitos no líquor e pacientes acometidos por meningite bacteriana
33
possuem predomínio de neutrófilos, sendo mais comum em indivíduos com contagem de
leucócitos inferior a 1.000 células/mm3 (9).
No presente estudo verificou-se que dos 645 laudos analisados, 211 (32,71%)
apresentaram aumento de linfócitos, o que sugere meningite de provável etiologia viral e
36 (5,58%) apresentaram aumento de neutrófilos o que sugere uma meningite com
provável etiologia bacteriana (Figura I).
Linfócitos
Neutrófilos
Sem presença de células
33%
62%
5%
Figura I: Porcentagem de laudos que apresentaram presença de células.
Em condições normais, o líquor é constituído de pequenas concentrações de
proteína, glicose, lactato, enzimas, potássio, magnésio e concentrações relativamente
elevadas de cloreto de sódio, não apresentando hemácias
(10).
Em condições patológicas, o líquor pode apresentar aspecto turvo devido ao
aumento do número de células e/ou proliferação de bactérias ou fungos. Quanto à cor, o
líquor pode ser classificado como xantocrômico ou eritrocrômico. A xantocromia indica
coloração amarelada decorrente da presença de bilirrubina plasmática, que pode ser
resultado de uma hemorragia subaracnóidea ou da transudação de proteínas do soro
para o líquor ou presença de bilirrubina na icterícia, no presente estudo identificou-se 82
casos com coloração xantocrômica. Já a eritrocromia indica coloração avermelhada
decorrente da hemólise das hemácias, que pode ser causada por um acidente de punção
ou uma hemorragia subaracnóidea
(10),
no presente estudo verificou-se 48 casos com
coloração eritrocrômica, contendo presença de hemácias, variando de 248 até 349.860.
34
O líquor é constituído de pequenas concentrações de proteína, glicose, lactato,
enzimas, potássio, magnésio e concentrações relativamente elevadas de cloreto de
sódio(5).
A tabela I demonstra as alterações nos liquors de glicose, proteínas e ácido lático
fora dos valores de referências. Os valores de referência para glicose variam de 50 a
80%, no presente estudo 49 (23,22%) possíveis casos de meningite viral e 13 (36,11%)
possiveis casos de meningite bacteriana tiveram dimunuição do valor de referência.
Meningite Viral
Meningite Bacteriana
Glicose
49 (23,22%)
13 (36,11%)
Proteínas
121 (57,34%)
27 (75%)
Ácido lático
80 (37,91%)
24 (66,67%)
Tabela I: Quantidade de laudos com alterações em valores bioquímicos em relação a meningite viral e
bacteriana.
Os níveis de glicose no líquor são utilizados para diferenciar meningite bacteriana
de viral
(11).
A hipoglicorraquia (diminuição da taxa de glicose) no líquor é causada
principalmente por alterações nos mecanismos de transporte de glicose através da
barreira hematoencefálica e por sua grande utilização por parte das células encefálicas (12).
Os níveis de glicose se normalizam antes dos níveis de proteínas e da contagem de
células durante a recuperação da meningite, tornando-se um parâmetro útil na avaliação de
resposta ao tratamento (11).
Os valores de referência para proteínas é de 15 a 45 mg/dL, 121 (57,34%) casos
possíveis de meningites viral e 27 (75%) possíveis meningites bacteriana tiveram um
aumento da concentração de proteínas no líquor. A análise da quantidade total de
proteínas no liquor é utilizada principalmente para detectar doenças do Sistema Nervoso
Central
(SNC),
associadas
com
o
aumento
da
permeabilidade
hematoencefálica ou à produção intratecal de imunglobulinas
da
barreira
(10).
O ácido lático possui como referência o valor de até 2,1 mol/L, sendo que 80
(37,91%) casos prováveis de meningites viral e 24 (66,67%) tiveram um aumento deste
valor. A elevação de ácido lactico no líquor não se limita à meningite e pode ser resultante
de qualquer quadro clínico que reduza o fluxo de oxigênio para os tecidos
(12),
apesar de
35
ser utilizada principalmente no diagnóstico diferencial entre as meningites bacterianas e
virais (10).
A produção de níveis aumentados de ácido lático no líquor ocorre devido a uma
destruição do tecido dentro do sistema nervosa central (SNC), causado pela privação de
oxigênio. Por isso, a elevação de ácido lático no líquor não ocorre somente em caso de
meningite, podendo ser resultante de qualquer quadro clínico que reduza o fluxo de
oxigênio para os tecidos
(11),
apesar de ser utilizada principalmente no diagnóstico
diferencial entre as meningites bacterianas e virais
(10).
Os níveis de ácido lático são
frequentemente utilizados para monitoramento de graves lesões na cabeça, considerado
um marcador estabelecido de traumatismo crânio-encefálico (TCE) (11).
De uma maneira geral observou-se que a meningite viral é mais frequente que a
meningite bacteriana, porém menos grave, sendo que os vírus têm maior possibilidade de
serem disseminados quando as pessoas não lavam as mãos antes das refeições, após a
utilização das instalações sanitárias, ou depois de manusear fraldas de crianças ou
objetos sujos. Podem também ser transmitidos por contato íntimo, comum entre membros
de uma mesma família
(13).
Por isso, a higiene pessoal e o ambiente arejado são fatores
importantes para a prevenção da doença.
Em um estudo realizado no Rio de Janeiro, no período de maio de 1986 a
setembro de 2002 em um hospital publico, a etiologia viral teve maior predominância.
Entre os 694 casos confirmados, 60% eram homens
(14).
Em outro estudo realizado com resultados de exames de líquores (813 exames)
de um hospital de referência na cidade de Salvador, 45 tiveram resultado positivo para
meningite. Sendo que 29 dos exames como resultado de meningite viral, 10 meningite
bacteriana, 3 fúngicas, 2 tuberculosas e 1 indeterminada (15).
Porém em outro estudo realizado no Rio de Janeiro, no período de novembro de
1996 a junho de 1997, tiveram mais casos de meningites bacterianas (141 casos) do que
meningites virais (63 casos). Entre o total de meningites identificadas, o sexo masculino
teve a maior frequência (125 casos) (16).
Na cidade de Porto Alegre, foi realizado uma pesquisa em laboratorio de análises
clínicas de um hospital, onde a coleta de dados foi feita através da consulta dos laudos
laboratoriais emitidos pelo laboratório de Janeiro de 2000 a Dezembro de 2009. Nesse
36
estudo verificou-se que dos 1207 pacientes positivos nesse período, 66% eram do sexo
masculino e 34% do feminino (17).
Com relação ao número dos prováveis casos de meningite analisados no
presente trabalho, a etiologia viral apresentou maior frequência que a etiologia bacteriana,
sendo identificado maior acometimento no gênero masculino em todos os possíveis casos
positivos (Figura II). Esses dados corroboram com outros estudos que também relataram
maior incidência de meningite no gênero masculino, em várias partes do país
(13).
Diferentemente do presente estudo, uma pesquisa no Norte do País, relativo ao
período de 2000 e 2002, com crianças entre 1 mês e 12 anos internadas com diagnóstico
de meningite bacteriana encontrou maior frequência no gênero feminino
Homens
Mulheres
28,37%
33,33%
16,90% 15,81%
3,88% 1,71%
Meningite
Bacteriana
Meningite Viral
Negativos
Figura II. Porcentagem dos pacientes em relação ao gênero
(13).
37
CONCLUSÃO
Com o presente estudo observa-se a importância dos exames bioquímicos e
citológicos, para definição de um provável diagnostico rápido de meningite, sendo que o
exame para comprovação do agente etiológico da doença é o exame microscópico,
porém este, o resultado é mais demorado.
A redução do impacto das meningites depende de manuseio terapêutico rápido e
adequado, aliado à estratégia de prevenção por imunização planejada, tornando
fundamental a caracterização e vigilância do comportamento da doença nas diversas
localidades.
O aumento da população tem gerado agravos na saúde pública, principalmente
em áreas de baixa renda onde a informação e o acesso à saúde tem se mostrado
deficiente, e a população torna-se mais propensa às consequências da infecção sem
acesso a um diagnóstico preciso e rápido.
São importantes medidas educativas para a conscientização da gravidade desta
doença, pois, ela pode desenvolver no indivíduo infectado, graves sequelas neurológicas,
por vezes, irreversíveis.
38
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Pediatria, Rio de Janeiro, v. 75, p. 46 – 56, 1999.
7. AHMED, A; HICKEY, S. M; EHREH, S; TRUJILLO, M; BRITO, F; GOTO, C. Valores do
liquido cefalorraquidiano em neonates. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 15, p. 298
– 303, 1996.
8. NASCIMENTO, L. F. C. Bacterial meningites at the Universit Hospital of Taubaté, 1995
to 1998: epidemiology and prognosis of 82 cases. Disponível em:
<http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=452&fase=imprime>. Acesso em:
21 de Junho de 2015.
9. COMAR, S. R; MACHADO, N. A; DOZZA, T. G; HAAS, P. Análise citológico do liquido
cefalorraquidiano. Revista Estud Biol, Curitiba, v. 31, n. 73, p. 93 – 102, jan/dez, 2009.
39
10. DIMAS, L. F; SOHLER, M. P. Exame do líquido cefalorraquidiano: influência da
temperature, tempo e preparo da amostra na estabilidade analítica. Jornal Brasileiro de
Patologia e Medicina Laboratorial, Rio de Janeiro, v. 44, n. 2, abr/mai, 2008.
11. NIGROVIC, L. E; KIMIA, A. A; SHAH, S. S; NEUMAN, M. I. Relationship between
cerebrospinal fluid glucose and serum glucose. The New England Journal of Medicine,
Feb. 2012.
12. STRASINGER, S. K; LORENZO, M. S. D. Urinálise e fulídos corporais. São Paulo:
Livraria Médica Paulista Editora, 2009.
13. LABIAK, V. B; STOCCO, C; LEITE, M. L; FILHO, J. S. V. Aspectos epidemiológicos
dos casos de meningite notificados no município de Ponta Grossa – Pr, 2001 – 2005.
Revista Cogitare Enfermagem, Curitiba, v. 12, n. 3, p. 306 – 312, jul/set, 2005.
14. ESCOSTEGUY, C. C; MEDRONHO, R. A; MADRUGA, R; DIAS, G; BRAGA, R. C;
AZEVEDO, O. P. Vigilância epidemiológica e avaliação da assistência as meningites.
Revista de Saúde Publica, Rio de Janeiro, v. 38, n. 5, p. 657 – 663, 2004.
15. SOUZA, M. O. Estudo do perfil dos exames de liquor, com diagnóstico de
meningite, em um hospital de referência de Salvador. 2012. Monografia –
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012.
16. TRÓCOLI, M. G. C. Epidemiologia das meningites bacterianas e virais agudas
ocorridas no Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS). Tese
(Mestrado em Saúde Publica) – Escola Nacional de Saúde Publica, Rio de Janeiro, 1997.
17. NICOLI, G. S; FERREIRA, J. A. S; GUTIERREZ, L. L. P. Avaliação do agente
etiológico bacteriano mais prevalente no liquor de um complex hospitalar de Porto Alegre
nos últimos dez anos. Revista Ciência em movimento, v. 13, n. 27, p. 77 – 84, 2012.
40
ANEXO I - INSTRUÇÕES AOS AUTORES DA REVISTA SABIOS - REVISTA DE
SAÚDE E BIOLOGIA
Diretrizes para os autores
Todos os autores devem ser cadastrados corretamente, com nome, afiliação e
endereço para correspondência. Uma vez submetido o artigo, não será possível cadastrar
autores adicionais.
Elaboração do artigo
Idioma: Serão aceitos artigos escritos em português ou inglês.
Formato do arquivo: O artigo deve ser enviado no formato de arquivo do programa
Microsoft Office Word.
Formatação: O artigo deve conter a seguinte formatação: - Deve ser elaborado em folha
tamanho A4 (210 mm x 297 mm), com margens superior e direita de 2 cm e inferior e
esquerda de 3 cm.
- A fonte deve ser Arial tamanho 12 e espaço entre linhas de 1,5 cm em todo o trabalho.
- A numeração das páginas deve figurar no canto superior direito, iniciando pela página de
título.
- Todas as referências devem ser citadas no texto em formato numérico.
- Os títulos das seções devem estar escritos em letra maiúscula, enquanto os subtítulos
devem conter apenas as letras iniciais maiúsculas.
- Unidades e abreviações: Utilize o Système International (SI) de unidades métricas para
as unidades e abreviações de unidades. No texto as abreviações devem ser utilizadas
apenas após terem sido citadas por extenso.
Apresentação: Deve abranger os seguintes tópicos:
-Título (em inglês e português) curto e informativo sem conter abreviações, escrito em
letras maiúsculas e negritadas.
41
-Nome(s) completo(s) do(s) autor(es). Todos os nomes devem ser seguidos de números
sobrescritos identificando as instituições.
- Instituição(ões) de cada autor (Departamento, Faculdade, Universidade), precedida dos
números indicativos sobrescritos.
- Nome, endereço completo para correspondência, incluindo o código postal, o número do
telefone, o número do fax e o e-mail do autor para o qual a correspondência deve ser
enviada. Esses dados devem ser precedidos do termo: Endereço para correspondência.
- Subtítulo a ser utilizado como cabeçalho de página, não deve exceder 40 caracteres.
Deve ser precedido do termo: Subtítulo.
- Resumo (em inglês e português): deve apresentar claramente os objetivos, a
metodologia, os resultados e as conclusões. Sua extensão deve ser de 100 a 250
palavras, ser escrito em parágrafo único (NBR 6028).
- Palavras-chave (em inglês e português): indicar de três a cinco palavras que expressem
o conteúdo do artigo de forma objetiva. Devem ser precedidas do termo: Palavras-chave.
- Texto: deve obedecer aos critérios de cada categoria, de acordo com as instruções
disponíveis em foco e escopo./
- Agradecimentos: devem ser breves e relacionados a assistência técnica, opiniões, bem
como ao apoio financeiro para a pesquisa e bolsas de estudo.
Tabelas e Quadros: devem ser inseridos o mais próximo possível do texto em que foram
mencionados. O título deve figurar acima da tabela e/ou quadro e ser precedido da
palavra Tabela e de seu número de ordem no texto (em algarismos arábicos). As tabelas
devem ser compreensíveis e auto-explicativas. As abreviações devem ser definidas nas
legendas.
Ilustrações e fotos: devem ser inseridas o mais próximo possível do texto em que foram
mencionados. O título deve estar localizado abaixo das figuras, precedido da palavra
Figura e de seu número de ordem no texto (em algarismos arábicos). Defina todas as
abreviações e símbolos usados na figura, mesmo se eles estiverem definidos no texto. As
ilustrações e fotos devem ser coladas no texto com resolução de boa qualidade, e
também enviadas em arquivos separados, em formato .jpg. As fotomicrografias devem
incluir dados sobre a coloração e a ampliação no fim da legenda para cada parte da
42
figura. Uma barra de ampliação deve ser adicionada a cada fotomicrografia. Caso não
apareça nenhum marcador com escala na figura, a ampliação original deve ser informada
na legenda.
Referências: As referências bibliográficas devem ser digitadas em ordem numérica após
a seção de agradecimentos. Numere as referências na ordem em que elas são citadas no
texto pela primeira vez, usando algarismos arábicos entre parênteses. Duas ou mais
referências devem ser separadas por vírgula sem espaço (1,5,7), três ou mais referências
consecutivas devem ser separadas por um hífen (4-9) e duas ou mais referências
consecutivas devem ser separadas por ponto e vírgula sem espaço (4-9;13-16). As
referências devem ser elaboradas de acordo com a NBR 6023.
Exemplos:
-Artigo de Periódico:
ABESSA, D.M.S.; SOUSA, E.C.P.M.; TOMMASI, L.R. Utilização de testes de toxicidade
na avaliação da qualidade de sedimentos marinhos. Revista de Geologia, Fortaleza, v.
19, n. 2, p. 253-261, jul./dez. 2006.
-Livro:
TAVARES, M. C. G. C. Imagem corporal: conceito e desenvolvimento. São Paulo:
Manole, 2003.
-Capítulo de livro com autoria própria:
MOREIRA, A. A profissionalização da enfermagem. In:
OGUISSO, T. (Org.). Trajetória histórica e legal da enfermagem. São Paulo: Manole,
2005. p. 98-119.
-Trabalho apresentado em evento:
SIMÕES, G. S.; SILVA, J.; TOLEDO, A. S. Micobactérias não tuberculosas isoladas de
pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE MICROBIOLOGIA, 17., Santos. Anais... Santos: EDITORA, 1993. p.41.
43
-Teses e Dissertações:
SILVA, M.A.B. Sistema de Classificação Fuzzy para áreas contaminadas. 2005. 221f.
Tese (Doutorado em Engenharia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2005.
-Documento em meio eletrônico:
SLATER, P. J. B.; JOANES, A. E. Timing of songs and distance call learning in zebra
finches. Disponível em: <http://journals.ohaiolink.edu/etext/>. Acesso em: 22 jul. 2004.
-Artigo ou livro ainda não publicado:
Ao citar um artigo ou livro aceito para publicação mas ainda não publicado, inclua
todos os dados necessários e ao final da referência escreva entre parênteses, o termo: no
prelo.
-Comunicações informais (Informação verbal):
Mencionar em nota os dados disponíveis, e indicar entre parênteses, a expressão:
informação verbal.
Condições para submissão
Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a
conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões
que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.
1. Termo de Responsabilidade para Submissão de Artigo: O autor compromete-se de
que o artigo enviado para avaliação é inédito, e não será submetido à outra revista
durante o processo de análise e em caso de deferimento para a publicação. Os
direitos autorais do artigo, caso publicado, ficam automaticamente cedidos à
SaBios - Revista de Saúde e Biologia que está autorizada a publicá-lo em meio
impresso, digital, ou outro existente, sem retribuição financeira para os autores.
44
2. Formato do arquivo: O autor deve certificar-se de que o artigo será enviado no
formato
de
arquivo
do
programa
Microsoft
Office
Word.
3. Os trabalhos serão publicados na ordem de aceitação e não de seu recebimento
pela revista. O artigo será avaliado pelo corpo editorial da revista e submetido para
avaliação à dois membros do corpo editorial de localidades diferentes. Após o
recebimento do artigo pela revista, o autor poderá acompanhar o trâmite do mesmo
pelo
endereço
eletrônico
da
revista.
4. Todos os endereços "URL" no texto (ex.: http://pkp.ubc.ca) devem estar ativos.
5. Os Artigos submetidos por alunos (graduação, especialização, mestrado e
doutorado) devem obrigatoriamente possuir a co-autoria de um professor
orientador,
responsável
pela
coordenação
da
pesquisa
realizada.
6. Todos os autores devem estar cientes e de acordo com a submissão do artigo para
SaBios-Revista de Saúde e Biologia.
Declaração de Direito Autoral
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são cedidos pelo autor à
SaBios-Revista de Saúde e Biologia, que está autorizada a publicá-lo em meio impresso,
digital, ou outro existente, sem retribuição financeira para os autores. Em virtude da
aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com
atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.
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