PDF Português - Revista Adolescência e Saúde

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COMUNICAÇÃO BREVE
Mario Eliseo
Maiztegui Antunez¹
Célia Regina de Jesus
Caetano Mathias²
Saúde oral e doenças sexualmente
transmissíveis
Oral health and sexually transmitted diseases
> RESUMO
O profissional de saúde deve estar atento às manifestações orais das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e AIDS, visando o diagnóstico precoce, o tratamento necessário e as orientações preventivas a serem implementadas, em adolescentes.
> PALAVRAS-CHAVE
DST/AIDS, prevenção & controle, comportamento sexual, adolescente.
> ABSTRACT
Healthcare practitioners must be alert for oral indications of Sexually Transmitted Diseases (STDs) and AIDS, in order to
ensure early diagnoses, the necessary treatment and preventive guidance for adolescents.
> KEY WORDS
STD/AIDS, prevention & control, sexual behavior, adolescent.
O início de sinais e sintomas (manifestações
primárias) das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e AIDS pode ocorrer na cavidade
oral, assim como as manifestações secundárias.
As DST mais importantes que podem ter manifestação oral são: sífilis, gonorreia, herpes genital, candidíase, condiloma acuminado, e AIDS.
Quando houver suspeita de lesões orais, ligadas
às DST/AIDS, o diagnóstico é confirmado através
de exames clínicos e laboratoriais. Portanto, é
fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos a isto, visando o diagnóstico precoce,
o tratamento necessário e as orientações preventivas a serem implementadas em adolescentes.
O sexo oral corresponde ao contato direto da
boca, dos lábios e da língua com os órgãos genitais. A felação (sexo oral, feito no homem pela
mulher; vem do latim fellare que significa sugar)
e a cunilíngua (feita na mulher pelo homem; vem
de uma palavra alternativa para vulva em latim,
cunnus, e da palavra latina para lamber, lingere) são
consideradas preliminares importantes na prática
sexual, porém devem ser acompanhadas de medidas para evitar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. Há, ainda, o anilingus, que
se relaciona à prática do sexo oral no ânus1, 2.
É importante destacar que nenhuma das relações sexuais sem proteção é isenta de risco. Em
relação à cavidade oral, o poder de infectividade
depende da integridade das mucosas (ausência
de feridas abertas na boca, úlceras, machucados, garganta inflamada e doenças nas gengivas, cáries com exposição pulpar, ou seja, cáries
profundas). Podem ocorrer microlesões, imper-
¹Cirurgião-dentista do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (NESA/UERJ). Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.
²Doutoranda em Saúde Coletiva - Instituto de Medicina Social/UERJ. Cirurgiã-dentista do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (NESA/UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Mario Eliseo Maiztegui Antunez ([email protected]) – Avenida 28 de Setembro, 109, fundos, Vila Isabel – Rio de Janeiro,
RJ, Brasil. CEP: 20551-030.
Recebido em 02/02/2013 – Aprovado em 14/03/2013
Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 10, supl. 1, p. 78-79, abril 2013
Adolescência & Saúde
ceptíveis, na boca (como, por exemplo, trauma
de escovação), que também elevam o risco de
contaminação. Quem pratica sexo oral sem preservativo entra em contato direto com o sêmen
e com as secreções vaginais, que, originalmente,
parecem não fazer mal à saúde. A recomendação
é que, independente da forma praticada, o sexo
deve ser feito sempre com proteção (camisinha)
ou com proteção para mucosas3, 4.
Há quatro formas de transmissão de doenças por meio do sexo oral: transmissão por contato, transmissão sanguínea, transmissão por
secreções e transmissão vertical5, 6.
Patologias e vias de transmissão3:
 Por contato3
As doenças mais frequentes são HPV e Herpes.
No caso de infecção pelo HPV, há o aumento
do risco, posterior de ocorrência de câncer de
boca e orofaringe6.
 Pelo sangue5
Através do sangue, podem ser transmitidos o
HIV, a hepatite B, a hepatite C e a sífilis.
 Pela secreção5
Através das secreções, pode ser transmitida a
gonorreia.
 Pela transmissão vertical3
O vírus do HPV adquirido da mãe pode se estabelecer na cavidade oral do filho(a), podendo,
assim, ser transmitido, posteriormente, ao(à)
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SAÚDE ORAL E DOENÇAS
SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
parceiro(a). O vírus HIV também pode ser adquirido da mãe, e sem ser soronegativado no
bebê, pode ser transmitido ao (à) parceiro (a).
PREVENÇÃO/DICAS3, 4, 7
>
Antunez e Mathias
Aconselha-se:
1. Evitar sexo oral se tiver alguma lesão ou inflamação na boca (inclusive gengivite). Ou ainda, se houver algum sangramento na boca,
afta ou se acabou de escovar os dentes e houve sangramento.
2. Evitar o uso de fio dental e realização de escovação antes da prática do sexo oral, porque
estes podem machucar a gengiva, elevando o
risco de infectividade. Nesta situação, é recomendado o uso de enxaguatórios bucais.
3. Usar preservativo e proteção para mucosas
(camisinha cortada - formando um retângulo
- ou filme de PVC, usado na cozinha).
4. Deve-se evitar a ejaculação na boca.
5. Deve-se evitar o sexo oral durante o período
menstrual.
A prática do sexo oral – uma variação da
prática sexual – se constitui em tabu em nossa
sociedade, tendo em vista que esta prática sexual
não está relacionada à capacidade de reprodução
da espécie. Portanto, frequentemente, é pouco
abordada pelos profissionais de saúde.
> REFERÊNCIAS
1. RevBras Sex Hum [Internet]. 1991 [citado 2013 Mar 14];2(1). Disponível em: http://www.sbrash.org.br/
portal/images/stories/pdf/rsbh-v2n1.
2. Opinião de estudantes universitárias sobre sexo oral em relações heterossexuais.RevBras Sex Hum [Internet]. 1991
[citado 2013 Mar 14];2(1):52-68.Disponível em: http://www.sbrash.org.br/portal/images/stories/pdf/rsbh-v2n1.
3. Portal sobre AIDS, doenças sexualmente transmissíveis e hepatites virais. Departamento de DST, AIDS e
Hepatites Virais [Internet]. [citado 2013 Mar 14]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/.
4. Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais. Dúvidas frequentes [Internet]. [citado 2013 Mar14]. Disponível
em: http://www.aids.gov.br/pagina/duvidas-frequentes#prevencao.
5. Terra sexo oral. Cuidados [Internet]. [citado 2013 Mar 14]. Disponível em:http://www.terra.com.br/sexo/
infograficos/sexooral/cuidados.htm.
6. Tinoco JÁ, Silva AF, Oliveira CAB, Rapoport A, Fava AS, Souza RP. Correlação da infecção viral pelo
papilomavírus humano com as lesões papilomatosas e o carcinoma epidermóide na boca e orofaringe.
RevAssocMedBras2004;50(3): 252-6.
7. Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais. Cuidados com sexo oral evitam contrair doenças [Internet].
2003 Set 30 [citado 2013 Mar 14]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/noticia/cuidados-com-sexo-oralevitam-contrair-doencas.
Adolescência & Saúde
Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 10, supl. 1, p. 78-79, abril 2013
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