COLÉGIO IMACULADA CONCEIÇÃO Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio Nome: N.º: Disciplina: Filosofia Professor: Brito Turma: EM 31 Data: 06/ 08/2009 Atividade Complementar Penso, logo existo1 As lições cartesianas sobre o conhecimento fizeram escola na filosofia. Gerações inteiras de filósofos, de Kant a Sartre, passaram pelos textos cartesianos. O motivo está no gênio de Descartes, que investigou a fundo grandes classes de problemas que ocupam os filósofos desde o nascimento da filosofia, a saber: o que é substância, o problema da relação entre Mente e Corpo, a noção de Sujeito, o problema do Movimento na física, as Paixões da Alma, os conceitos de Finalidade, Verdade, Identidade, Erro e outros. Na quarta parte do Discurso do Método encontramos o que pode ser considerado o ponto de partida de toda a filosofa moderna e contemporânea: René Descartes (1596-1650). Enquanto eu queria pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa e, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa (...) julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava. (Descartes, 1962, p. 66) Ao examinar as fontes do conhecimento, Descartes se detém num dado difícil de ser contestado: o fato de que penso, enquanto duvido, é sempre um dado verdadeiro. É importante encarar esse juízo de Descartes menos como um raciocínio lógico do que uma constatação a que o filósofo chega. Como explica Lebrun: O cogito não é um raciocínio: é uma constatação de fato. Mas Descartes dá ao cogito o aspecto de um raciocínio, toda vez que deseja destacar o caráter necessário da ligação que o mesmo contém. (DESCARTES, 1962) O “logo” (donc) é a marca da necessidade que se segue da dúvida. Esta, por sua vez, não importa como ato, ou seja, não é a dúvida em si que importa, como se ela fosse um método. Ela é um momento do raciocínio. Podemos entender o argumento de Descartes da seguinte forma: o raciocínio todo engloba a “dúvida” e o “penso”. O resultado geral do raciocínio é: duvido, logo, penso, logo sou. Descartes escreveu também, dentre outros títulos, aquela que é considerada sua obra prima filosófica (podemos dizer que o Discurso do Método é o texto que ficou popular): 1 Penso, logo existo. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/livro_e_diretrizes/livro/filosofia/seed_ filo_e_book.pdf Acesso em: 06 ago. 2009. Meditações Sobre a Primeira Filosofia. Escrito em tom de confissão, é um retrato visceral da gênese e dos fundamentos do conhecimento humano, além de tratar-se da obra em que Descartes apresenta seu melhor trabalho de argumentação e defesa de seus pontos de vista. Nas Meditações Descartes mostra que a verdadeira filosofia deve ser analítica, isto é, deve consistir num exame exaustivo dos elementos essenciais de um conceito com o objetivo de chegar em dados claros e seguros para, progressivamente, constituir o corpo de saberes que está fora de qualquer dúvida. Embora o termo “analítico” tenha muitos significados em filosofia, em geral ele está associado a uma espécie de “profissionalização” do trabalho filosófico que ganhou consistência há mais de 70 anos a partir dos trabalhos dos ingleses George Edward Moore (1873-1958), Bertrand RusselI (1872-1970), Gilbert Ryle (1900-1976) e do austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951), para ficar apenas entre os mais célebres. EXERCÍSIO DE VEITIBUAR DA UFPR – 2008. O texto a seguir é referência para as questões 01, 02 e 03. “Da Filosofia nada direi, senão que, vendo-a cultivada pelos mais excelsos espíritos que viveram desde muitos séculos e que, no entanto, nela não se encontra ainda uma só coisa sobre a qual não se dispute, e por conseguinte, que seja duvidosa, eu não alimentava qualquer presunção de acertar mais do que os outros; e que, considerando quantas opiniões diversas, sustentadas por homens doutos, pode haver sobre uma e mesma matéria, sem que jamais possa existir mais que uma que seja verdadeira, reputava quase como falso tudo quanto era somente verossímil. Depois, quanto às outras ciências, na medida em que tomavam seus princípios da Filosofia, julgava que nada de sólido se podia construir sobre fundamentos tão pouco firmes. E nem a honra, nem o ganho que elas prometem, eram suficientes para me incitar a aprendê-las... E enfim quanto às más doutrinas, pensava já conhecer o bastante o que valiam, para não mais estar exposto a ser enganado, nem pelas promessas de um alquimista, nem pelas predições de um astrólogo, nem pelas imposturas de um mágico, nem pelos artifícios e arrogância de qualquer um dos que professam saber mais do que sabem.” (Descartes, Discurso do Método, primeira parte.) 01- (UFPR - 2008) A julgar por esse texto, qual era o objetivo de Descartes com o estudo da filosofia? ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ 02 - (UFPR - 2008) Explique, com base nesse texto, por que Descartes via as teorias dos filósofos como “somente verossímeis” e “quase como falsas”. ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ 03 - (UFPR - 2008) Como se relacionam, na filosofia cartesiana, o exercício da dúvida e a obtenção da ciência? ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________