1 Mensagem do Presidente SBLV SBLV A SBLV sente-se mais uma vez engrandecida, depois do extraordinário sucesso do 1º Dia Mundial da Voz e da Semana Nacional da Voz, ocorrida de 12 a 16 de abril. Com eventos acontecendo em todo o mundo, o 1º World Voice Day, foi especialmente comemorado nos Estados Unidos, na Europa e América Latina, com palestras, espetáculos musicais e entrevistas na mídia. O Bulletin de março da Academia Americana de ORL , com capa especial sobre o World Voice Day, apresenta entrevistas dos mais renomados laringologistas americanos sobre a importância da data e dos cuidados com a voz. Em nosso país, a campanha foi intensa, estendendo-se de 12 a 16 de abril, com a participação maciça dos otorrinolaringologistas e de fonoaudiólogas que colaboraram com a verdadeira Semana Nacional da Voz. Além de palestras, entrevistas, “shows” com cantores e grande divulgação pela mídia, foram realizados exames laringoscópicos, verdadeiro mutirão, em grande número de pacientes que acorreram em massa aos serviços cadastrados. Estamos aguardando os dados a serem enviados pelos colegas para a estatística final da campanha. O apoio dado pela DCS, empresa de eventos, na pessoa incansável de Luciana Franco, foi fundamental na organização, divulgação e sucesso da campanha. Enfim, o Dia Mundial da Voz tornou-se uma realidade... Prossegue a organização do III Triológico, a realizar-se no Rio de Janeiro, de 8 a 11 de outubro próximo, com a participação de importantes convidados, nacionais e internacionais. A Laringologia deverá abrir o Congresso nos dias 8 e 9 e, aos colegas interessados em dar cursos de instrução, pedimos que enviem seus resumos com a descrição do curso (introdução, objetivo, método, casuística e conclusão). Neste ano, já realizamos dois cursos itinerantes, em Cuiabá e Salvador, com grande número de participantes. Teremos ainda mais três, em Natal, Belém e Curitiba. A Laringologia participou ativamente do VII Congresso Norte-Nordeste de Otorrinolaringologia, realizado em Teresina-PI, de 1° a 3 de maio, presidido brilhantemente por Flávio Carvalho Santos, com afluência total dos colegas. O Consenso sobre RGE/RFL está programado para Novembro, e estamos organizando os grupos de trabalho juntamente com a Sociedade de Gastroenterologia e Nutrição de São Paulo e o Grupo de Estudos de Doenças do Esôfago. Realizamos no último dia 30 de maio, uma reunião geral de nossa diretoria, onde tratamos de assuntos importantíssimos, dentre os quais a mudança nos estatutos da SBLV, assunto que exige profunda análise de todos nós. As relações ORL x Fonoaudiologia, em termos diretivos, têm sido cada vez mais conflitantes e exigem definições da SBLV para que possamos ter relações multidisciplinares sadias, em benefício de nossos pacientes. Agradecemos a colaboração de todos e, lembre-se, a SBLV precisa de você. José Antonio Pinto 2 Sociedade Brasileira de Laringologia e Voz Presidente: Dr. José Antonio Pinto 1o Vice Presidente: Dr. Gabriel Kuhl 2ª Vice Presidente: Fga. Ligia de Mota Ferreira 1ª Secretária Fga. Elizabete Carrara 2ª Secretária Prof. de Canto Helly Anne Caram Tesouraria Dr. Domingos Tsuji e Fga. Ana Cláudia Rocha Guilherme Conselho Fiscal Dr. Jefferson D’Avilla, Dr. Ewaldo D. de Macedo Filho, Fga. Maria da Glória de Melo Canto, Dr. Frederico Jucá, Dr. João Batista Ferreira e Fga. Christiana Monteiro. Conselho de Ex-Presidentes Dr. Paulo Pontes, Dra. Mara Behlau, Dr. Marcos Sarvat, Dr. Nédio Steffen e Dr. Agrício N. Crespo. Diretoria de Publicações Dr. Luiz Cantoni, Fga. Márcia Menezes, Prof. de Canto Maria Alvim, Dr. Luiz Antonio Prata de Figueiredo, Fga. Ana Paula Brandão Barros. Diretoria de Cursos e Eventos Dra. Cláudia Eckley, Dra. Daisy Manrique, Fga. Ligia Marcos, Cantor José Antonio Soares e Dr. Denílson S. Fomin, Fga. Sabrina A. Araújo. Conselho de Relações Interprofissionais Dr. Paulo Perazzo, Dr. Silvio Caldas Neto, Prof. de Canto Felipe Abreu, Dr Alfredo Tabith Jr. e Fga. Ruth Bompet de Araújo. Conselho de Relações Internacionais Dra. Fga. Silvia Pinho, Fga. Viviane Barrichelo, Dr. Rogério Dedivitz, Dr. Rui Imamura. Vox Brasilis Ano 9 • Nº 6 • Junho de 2003 Realização Sintonia Comunicação Jornalista Responsável Edson Parente - MTB 28.628 Projeto Gráfico Alisson Alonso Nunes Diretoria de Publicações [email protected] Vox Brasilis é o boletim informativo da Sociedade Brasileira de Laringologia e Voz. Fale conosco Av. Indianópolis, 740 • Moema • 04062-001 • São Paulo • SP Telefax: (11) 5052-2370 / 5052-9515 E-mail: [email protected] 3 Conselho de Relações Internacionais Com o objetivo de promover um intercâmbio com serviços de Laringologia e Voz de outros países, o Conselho de Relações Internacionais da SBLV entrou em contato com alguns chefes dos mais importantes centros da Otorrinolaringologia mundial. A partir desta edição, vamos trazer os relatos de algumas experiências realizadas nesses serviços, além de entrevistas com seus respectivos coordenadores. Kurume University School of Medicine Por TTadashi adashi Nakashima Na área de Otorrinolaringologia, os cuidados com a voz têm despertado interesse no tratamento de pacientes que passam por cirurgia endolaríngea, por desordem benigna ou maligna. Muitos pacientes que apresentam rouquidão devido à doença benigna ou maligna em cabeça e pescoço, visitam o hospital. Usualmente, pacientes com lesão laríngea benigna, como pólipo ou lesão cística em prega vocal, são tratados através de microcirurgia endolaríngea. A função vocal antes e pós-cirurgia é determinada pela medição de diversos parâmetros, tais como tempo máximo de fonação (TMF), o quociente de perturbação do Piltch (PPQ), quociente de perturbação de amplitude (APQ). A microcirurgia endolaríngea é também realizada para tratamento de nódulos de pregas vocais, pólipos e Edema de Reinke. A reabilitação vocal pós-operatória é muito importante em casos de lesões benignas. Já no caso de granuloma laríngeo, a primeira opção é a fonoterapia. Exceto no caso de um granuloma muito grande, a cirurgia deve ser evitada devido à alta recorrência da lesão. Na maioria dos casos, a reabilitação com fonoterapia pode reduzir o tamanho da lesão sem nenhum procedimento cirúrgico. A avaliação da função vocal é também importante para avaliar o efeito da cirurgia num carcinoma glótico inicial. Considerando a escolha pelo tratamento de tais carcinomas, há controvérsias se a abordagem ideal é a radioterapia ou tratamento com laser de CO2. Há um dilema, contudo, a respeito de como preservar a boa função vocal, com bons resul- Kurume - Japão tados de tratamento. Nós revisamos o índice de sobrevivência e função vocal de pacientes com carcinoma glótico inicial nãotratados, acompanhados em nossos serviços, nas duas últimas décadas. A taxa de sobrevida à doença, específica de 5 anos, se mostrou alta, particularmente entre os casos de T1a e, também, cosntatamos que a terapia de preservação laríngea foi possível em quase todos os casos T1. Apesar da qualidade vocal não ser satisfatória, carcinomas glóticos T2 puderam ser controlados através de hemilaringectomia ou com a combinação de laser e radioterapia. Ao se considerar a escolha de tratamento para casos de carcinomas iniciais, entre laser apenas, e combinação laser e radioterapia, para casos de carcinomas iniciais, a qualidade da voz no pós-operatório deve ser sempre poderada. Para se adquirir um índice de alto controle local, através do uso do laser apenas, o tumor deve ser excisado numa camada mais profunda, e não, vaporizado. Como resultado, a função vocal mostra-se pobre. Para que se obtenha boa qualidade vocal, recomendamos que o paciente seja encaminhado a uma combinação de vaporização a laser e radioterapia. Preservandose a estrutura básica da prega vocal, a qualidade da voz é mantida, quase que satisfatória. Tadashi Nakashima, MD Professor and Chairman, Department of Otolaryngology – Head & Neck Surgery, Kurume University School of Medicine, Kurume 830-0011, Japan Hospital de Clínicas “José de San Martin” Dr abiana Wilder Dr.. Ricardo Serrano e Lic. FFabiana O Serviço de ORL do Hospital das Clínicas “José de San Martin” de Buenos Aires, Argentina, é vinculado ao Departamento de Cirurgia. Nele trabalham aproximadamente 40 médicos otorrinolaringologistas (entre médicos do staff e residentes) e cerca de 36 fonoaudiólogas (também entre staff e residentes). O Serviço médico está dividido por setores que trabalham conjuntamente (Laringologia e Voz, Otologia e Otoneurocirurgia, Rinossinusologia e ORL Infantil) e o mesmo fazem as Fonoaudiólogas nos setores de Voz, Linguagem, Audiologia Infantil e Adultos e Transtornos da Fala e Deglutição. O trabalho entre ORLs e Fonoaudiólogas geralmente é realizado em conjunto. No nosso caso, em particular, estamos dedicados à Laringologia e nossa intercomunicação com os Foniatras é constante e permanente, tanto é que o lugar de atendimento é compartilhado e tanto uns como os outros participam do exame do paciente (Fibroscopia, Estroboscopia, Avaliação Acústica da Voz, etc). 4 Acesse o site www.sblv.com.br Buenos Aires - Argentina Uma vez por semana acontece a reunião geral do serviço onde, na primeira hora, se apresentam revisões bibliográficas, conferências em que convidados apresentam trabalhos realizados no mesmo serviço, terminando com a apresentação de casos cirúgicos já realizados ou daqueles que estão programados para os dias seguintes. Ali também é conjunta a participação de ORLs e fonoaudiólogas, aceitando-se as opiniões de uns e outros. Consideramos que, na atualidade, todo trabalho, ainda mais o médico, deve ser interdisciplinar, sobretudo em nossa especialidade, onde a patologia é tão ampla, complexa e digna de se investigar. Dr. Ricardo Serrano, Otorrinolaringologista, Médico do Staff, Setor Laringologia e Voz. Lic. Fabiana Wilder, Fonoaudióloga do Staff, Setor Laringologia e Voz. Conselho de Relações Internacionais (Continuação) Columbia University Por Jonathan E. Aviv e Thomas Murry Ao serem questionados quanto ao atual panorama da área dos Distúrbios da Voz em seu país, nossos colaboradores do Centro de Voz e Deglutição, da Universidade de Colúmbia, NY, responderam: Nos Estados Unidos da América, os avanços na área de voz tomaram três diferentes caminhos: ensino, tecnologia e colaboração. Os avanços educacionais incluem especializado treinamento em cirurgia de pregas vocais, através de estágios em laringologia, e durante período da residência. Além disso, há mais cursos especializados na área de voz para otorrinolaringologistas. Esse treinamento tem gerado melhores técnicas cirúrgicas de laringe e pregas vocais. Um grupo especializado em voz e apoiado pela American Speech Language and Hearing Association, foi criado para disseminar informações aos fonoaudiólogos interessados em voz. Um grande número de workshops e cursos especiais, é aberto a fonoaudiólogos para o aprendizado dos principais métodos de diagnóstico e tratamento das desordens vocais. Estudos clínicos sobre métodos de tratamento e pesquisa básica em aerodinâmica e acústica da voz têm proporcionado melhores resultados aos pacientes que são tratados através de fonoterapia. A tecnologia tem tido papel importante no avanço da área de Voz nos Estados Unidos. Nos últimos 25 anos, a disponibilidade da videoestroboscopia, desenvolvimento de câmeras e fontes de luz, tem possibilitado um exame mais detalhado da laringe e pregas vocais no próprio consultório médico. A instrumentação clínica de aerodinâmica e acústica, para medir a severidade do problema e monitorar as melhoras, também contribui para com os avanços. Recentes progressos tecnológicos incluem a videoestroboscopia flexível, com câmera digital que contém um chip - instrumento que o Voice and Swallow Center vem testando desde fevereiro de 2003. Outro recente progresso é o uso do endoscópio com invólucro descartável, para reduzir a possibilidade de contaminação entre indivíduos e reduzir acidentes associados a cidex e outros fluidos de esterilização. Columbia - EUA A colaboração entre especialistas com interesse em Voz tem ajudado a definir problemas de cantores, bem como de todos os profissionais que usam sua voz como instrumento de trabalho. Laringologistas, fonoaudiólogos, cantores, professores de canto, gastroenterologistas, psicólogos, pneumologistas e especialistas em alergias – apenas listando alguns – se reúnem em encontros internacionais para aprender uns com os outros. Essa abordagem interdisciplinar tem resultado na compreensão da arte e ciência da voz. Muitos desafios ainda persistem nos EUA. O ensino daqueles que usam sua voz profissionalmente é o maior deles. Isso inclui a contínua consciência dos perigos do tabagismo, do uso ilícito de drogas, de medicamentos não-autorizados e de evitar o uso da voz cantada quando doente. A falta de consciência destas questões importantes, e seus efeitos na voz, podem conduzir a prejuízos vocais e limitar a função normal da voz. As companhias de seguro devem ser também orientadas. É necessário melhor entendimento do que clínicos podem fazer para tratar as desordens vocais, de maneira que os pacientes possam retornar ao trabalho, evitar a incapacidade e retornar ao seu uso vocal normal. O Centro de Voz e Deglutição (The Voice and Swallowing Center) é dedicado à atividade clínica, ao ensino e à pesquisa em todas as áreas relacionadas à voz. O modelo da atividade clínica envolve profundo diagnóstico, uso de equipamentos e informações atualizadas, tratamentos apropriados, seguimentos dos pacientes, e apoio de uma dedicada rede de consultores nas áreas aliadas à produção vocal. Jonathan E. Aviv, M.D. FACS – Medical Director – The Voice and Swallowing Center, Columbia University. Thomas Murry, PhD – Clinical Director – The Voice and Swallowing Center, Columbia University. 5 V Campanha Nacional da Voz - 1° Dia Mundial da Voz V CAMPANHA NACIONAL DA VOZ / 1º DIA MUNDIAL DA VOZ A Sociedade Brasileira de Laringologia e Voz celebrou, pela 5ª vez consecutiva, sua Campanha Nacional da Voz. Desta vez, a 3ª. Semana Nacional da Voz foi comemorada de 12 a 16 de abril, nos cincos continentes, com a o homologação do 1º Dia Mundial da Voz. É realmente motivo de júbilo para todos nós, brasileiros, o reconhecimento mundial dos mais importantes órgãos da Otorrinolaringologia, como a Federação Internacional das Sociedades de Otorrinolaringologia (IFOS), a Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, a Sociedade Européia de Laringologia, e tantas outras, a esta data que entrou, definitivamente, no calendário mundial otorrinolaringológico, como o World Voice Day. Brasileiros são recebidos pelo Ministro da Saúde de Portugal, Dr. Luís Filipe Pereira durante a Semana da Voz... A iniciativa brasileira, nascida em 1999, focando os cuidados e distúrbios vocais, tem levado à população os princípios básicos de educação e higiene vocal, com a participação maciça da classe otorrinolaringológica e fonoaudiológica. A campanha chamou a atenção da comunidade médica mundial, trazendo a adesão de inúmeras sociedades, e homologando, definitivamente, o Dia Mundial da Voz. A edição de março do Bulletin da Academia Americana de ORL-HNS, com sua bela capa “Speak out !”, traz entre- ... que teve em Lisboa um de seus grandes centros de divulgação. Academia Americana reconhece a iniciativa brasileira A Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço reconheceu oficialmente o 1° Dia Mundial da Voz, comemorado em 16 de abril, como uma iniciativa brasileira. O boletim de março da AAOHNS apresenta um número especial sobre os mais comuns distúrbios da voz, entrevistando renomados laringologistas americanos, como Charles Ford, Michael Benninger, Glendon Gardner e Robert Sataloff, que enfatizaram a importância da data e o papel do otorrinolaringologista no diagnóstico e no tratamento dos distúrbios vocais. Coordenado nos EUA por Clark Rosen, da Universidade de Pittsburgh, o 16 de abril foi celebrado em todo o país com eventos, palestras e divulgação nos principais veículos de comunicação norte-americanos, com uma campanha educativa a cerca dos cuidados e da importância da prevenção da saúde vocal. Já no próximo Meeting da Academia Americana, haverá uma reunião para o planejamento e a organização do World Voice Day de 2004. 6 V Campanha Nacional da Voz - 1° Dia Mundial da Voz (Continuação) vistas dos mais renomados laringologistas americanos so- Panamá e outros países. bre a importância da data e dos cuidados com a voz. A Estamos recebendo agora o material destes países e, Academia já está se organizando para o World Voice Day brevemente, divulgaremos informes mais detalhados. 2004 e todos são unânimes em considerar o nosso logo, No Brasil, a Semana Nacional da Voz aconteceu de forcomo definitivo. ma muito intensa, com a participação de mais de 6 mil A própria Associação Médica Brasileira, manifestou seu profissionais, entre otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos, apoio ao Dia Mundial da Voz, divulgando a data e os cuida- empenhados em avaliar e orientar a população brasileira dos com a voz a mais de 250 mil médicos americanos. em relação à sua saúde vocal. Além de palestras, entrevistas, Na Europa, o 1 º World espetáculos com cantores e Profa Dra. Silvia Pinho e Prof de Canto Juvenal grande divulgação pela mídia, Voice Day foi bastante comede Moura participam de entrevista em uma morado, principalmente em foram realizados exames laemissora de rádio em Portugal... Portugal, na Espanha, na Bélringoscópicos e análise vocal gica, na Suíça e na Itália, com em grande número de pacieventos musicais, confeentes, que acorreram em rências e workshops. massa aos serviços cadasDa mesma forma, na Amétrados. Calculamos, ainda sem rica Latina, tivemos eventos na os dados finais, que cerca de Argentina, Chile, Venezuela, 30 mil pessoas passaram pe- Dr. José Antonio Pinto concede entrevista para a TV Cultura. Ampla cobertura da mídia no Brasil e no mundo. ... e são recebidos em um popular programa da TV portuguesa durante a divulgação da campanha Repercussão na Mídia O 1° Dia Mundial da Voz ganhou espaço em importantes jornais do Brasil. Graças o apoio do Grupo Pão de Açucar, o anúncio oficial da campanha este presente nas páginas de Folha de S. Paulo, Diário de S. Paulo, O Globo e Extra, do Rio de Janeiro, Estado de Minas e Diário da Tarde, em Minas Gerais, e na Gazeta de Povo, de Curitiba - PR Diário de São Paulo 7 V Campanha Nacional da Voz - 1° Dia Mundial da Voz los mais de 280 serviços cadastrados, entre clínicas especializadas, consultórios, hospitais e serviços públicos. Em alguns, como no Departamento de ORL do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, mais de mil pessoas foram atendidas, sendo que a grande maioria nunca tinha feito uma laringoscopia, mesmo apresentando sintomas persistentes de problemas vocais. Casos de câncer de laringe foram diagnosticados. Verdadeiros mutirões se multiplicaram por todo o nosso país, destacando-se os acontecidos em São Paulo, Fortaleza, Goiânia, Uberaba e outras cidades. Estamos aguardando os formulários provenientes dos vários serviços, para termos números definitivos da Com seu auditório lotado, o Centro de Convenções Pompéia recebeu o show de encerramento do 1° Dia Mundial da Voz. Voz..... (Continuação) campanha e avaliarmos seus resultados. O grande mérito da campanha é, sem dúvida, o alerta à população sobre os perigos que afetam a voz e as maneiras de preveni-los. A desinformação das pessoas é absoluta, e o Dia da Voz traz mensagens importantes, que despertam o interesse para os cuidados com a voz. A participação da mídia foi fundamental na divulgação da campanha e, mais uma vez, a empresa de eventos DCS, na pessoa incansável de Luciana Franco, prestou inestimável colaboração na organização e na procura de recursos. A falta de apoio financeiro foi fator retardatário no ...que teve a participação de renomados profissionais da voz como a carismática Giovana, o cantor Rubens Medina... ...o locutor Fiore Gigliotti. Repercussão na Mídi O Povo - Fortaleza 8 Zero Hora - Porto Alegre V Campanha Nacional da Voz - 1° Dia Mundial da Voz desenvolvimento da campanha, pois grandes empresas consultadas mostraram-se inicialmente interessadas e posteriormente não confirmaram seu suporte. Exceção feita ao Grupo Pão de Açúcar, que forneceu 500 mil folders informativos sobre a campanha, com as imagens do Rei Pelé e sua esposa, a cantora Assíria do Nascimento e que foram distribuídos por todo o Brasil. Ao Grupo Pão de Açúcar, devemos também a divulgação, através de importantes veículos como a Folha de S. Paulo, O Globo e jornais de Minas e do Paraná. (Continuação) O Rei Pelé e a Assíria cederam gratuitamente suas imagens à campanha, o que realçou ainda mais sua importância, e a quem a SBLV presta as mais sinceras homenagens. A cada ano, o Dia/Semana Nacional da Voz se solidifica como uma campanha digna e que proporciona reais benefícios à saúde da coletividade e, hoje, como um fato além-fronteiras, representa uma conquista que muito orgulha a Otorrinolaringologia brasileira. A SBLV agradece a toda à classe otorrinolaringológica pela inestimável colaboração. José Antonio Pinto Presidente da SBLV .. Cerca de 30 mil pessoas passaram por exames de laringoscopia durante a Semana da Voz ...e a dupla Rinaldo e Liriel, que empolgaram o público com suas apresentações. ia (Continuação) Coluna Saúde Jornal de Santa Catarina Jornal do Comércio 9 Case Fonocirurgia em cantores: a relação de trabalho entre ORL, Fonoaudiólogo e Professor de Canto Por Dr. André Duprat (otorrinolaringologista), Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva (fonoaudióloga), Beth Amin (professora de canto) e Roberta C. Ferreira Ayres (cantora) O cantor tem uma consciência vocal que, muitas vezes, outros pacientes, com indicação de fonocirurgia, não apresentam. No cantor, a voz tem uma representação ampla nos aspectos profissionais e no lazer, com um papel marcante na vida do indivíduo. Portanto, a fonocirurgia gera, neste grupo, uma expectativa grande em relação aos resultados. Para este profissional, a fonocirurgia mostra uma vulnerabilidade vocal frente às pessoas que o cercam. O cantor, freqüentemente, não assume a necessidade de um procedimento cirúrgico frente à mídia, aos demais componentes da banda e ao empresário, mesmo que o resultado do procedimento seja excelente. A fonocirugia mostra, neste meio, uma maior vulnerabilidade vocal. No entanto, é fácil transformar o procedimento como o fator causal de uma limitação vocal, mesmo que esta já existisse antes da cirurgia. O cirurgião necessita de compreender bem a relação entre a queixa do paciente e a alteração laríngea encontrada, determinando os reais benefícios de um procedimento cirúrgico. O cirurgião deve estar consciente da interferência vocal que representará o procedimento, deixando clara, ao paciente, a sua meta e quais serão os ganhos com a cirurgia. É importante que o cirurgião e o paciente definam os prós e contras da intervenção cirúrgica, na carreira e no instrumento do cantor. A decisão para uma conduta cirúrgica implica em uma responsabilidade mútua para o cirurgião e seu paciente. Muitas vezes, o que diferencia e caracteriza a voz de um determinado cantor é causado pela sua afecção vocal. Isto é evidente em pacientes que apresentam edema de Reinke, determinando uma voz agravada e aveludada, podendo assim representar um diferencial na sua qualidade vocal. Neste caso, uma intervenção cirúrgica poderá modificar este padrão vocal de maneira acentuada, descaracterizando, em demasia, o seu instrumento de trabalho. O que poderá acarretar uma mudança de caminho em uma carreira profissional, envolvendo, por exemplo, os arranjos das músicas que no caso de uma alteração de tessitura vocal os tons e intervalos devem ser re-arranjados. Um grande desafio ao otorrinolaringologista é tratar estes pacientes, que encontram na sua alteração estrutural 10 o seu diferencial. No entanto, com a evolução da lesão, a voz torna-se inconstante, com difícil manutenção da sua qualidade, após uma apresentação. Antes de uma conduta cirúrgica, é importante conhecer bem o estilo, sabendo até que ponto a lesão é gerada pelo próprio uso profissional. Isto pode tornar a cirurgia apenas um procedimento com eficácia temporária. A intervenção deve ser feita pensandose nestes aspectos, buscando modificações mínimas na qualidade vocal de base do paciente, ou deixando claro ao paciente quais serão estas modificações. Para um melhor esclarecimento destes pontos, uma troca entre o otorrinolaringologista, o fonoaudiólogo e o professor de canto é fundamental. No momento da indicação cirúrgica, é importante uma avaliação multidisciplinar. Diversas lesões estruturais podem não ter indicação cirúrgica em um paciente que não utilize a sua voz profissionalmente. Já pessoas com uma demanda maior da voz apresentam uma maior repercussão da alteração laríngea na sua qualidade vocal. Portanto, os cantores estão mais sujeitos a microcirurgia de laringe. Cistos intracordais, na grande maioria dos pacientes, podem chegar a um equilíbrio com o tratamento fonoaudiológico. Já o cantor, que tem uma necessidade vocal específica, pode necessitar de um procedimento cirúrgico. Os princípios da fonocirurgia devem ser seguidos, como em toda a cirurgia: menor grau possível de manipulação do ligamento vocal; preservação da mucosa da borda livre, quando necessário exéresei da lesão com preservação de retalho para recobrir a área cruenta. No intra-operatório é fundamental a pesquisa de lesões associadas na prega vocal, que poderiam não estar evidentes na avaliação ambulatorial. No pós-operatório, o cantor tem uma insegurança muito grande. Ele tem uma preocupação maior do que a população geral, pois teme que o procedimento cause um dano sobre a prega vocal manipulada. Os pacientes são orientados a realizar um repouso vocal relativo, por uma semana, não podendo cochichar, falar alto ou por períodos prolongados. Neste período, devem evitar lugares com competição sonora, o que representa um maior esforço vocal e atividade física com uma maior constrição laríngea. Cantores, que têm uma atividade vocal paralela ao canto, devem ser afastados do trabalho por, pelo menos, uma semana. Após o procedimento, o paciente é mantido com bloqueador de bomba de próton. Nos casos de uma maior manipulação das pregas vocais, o corticóide sistêmico pode ser utilizado. Após uma semana, há uma reepitelização das pregas vocais, estando o pa- Case (Continuação) ciente apto a iniciar as atividades fonoterápicas. Oriento o paciente a não assumir nenhum compromisso vocal durante um mês após a cirurgia. É comum a sensação de perda de volume após a cirurgia, muitas vezes por cantar de maneira defensiva, o que dificulta a agudização e o brilho. Quando volta a cantar, o profissional perde a naturalidade, deixando a consciência vocal muito presente no canto, o que prejudica o resultado vocal final. Nesta readaptação ao canto, o fonoaudiólogo e o professor de canto terão um papel fundamental. Após um procedimento cirúrgico, é muito comum no cantor uma melhora expressiva da sua higiene vocal, passando a ter um maior respeito com o seu instrumento. Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva (fonoaudióloga) Do ponto de vista fonoaudiológico posso afirmar que, praticamente, a maioria dos cantores tem pânico de uma cirurgia no seu mais precioso instrumento de trabalho: as pregas vocais. Acredito que todo o profissional da voz tema as conseqüências de uma fonocirurgia, mas o cantor, mais do que qualquer outro, imagina que este procedimento poderá acabar ou modificar o caminho de sua carreira. Como já foi dito anteriormente, é fundamental que o médico otorrinolaringologista consiga esclarecer todos os prós e contras da cirurgia e realmente deixe claro para o fonoaudiólogo e o professor de canto o motivo e a necessidade real desta indicação. Só assim podemos, fonoaudiólogo e professor de canto, fazer um planejamento de trabalho no pós-cirúrgico que respeite a fase de recuperação e restabelecimento adequado das funções. Sendo assim, a questão da fonocirurgia deve ser conversada e discutida de forma clara e objetiva com o cantor e com todos os profissionais que o assistem, deixando claro o papel de cada profissional neste processo. Esta conduta de conversa e consenso de posturas entre os profissionais deve ser mantida no pré e pós-cirúrgico, visando uma melhor e mais rápida reabilitação do paciente. Observo, com freqüência, muita insegurança nos cantores que estão sendo trabalhados por três profissionais (otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e professor de canto), sendo que estes não possuem conhecimento das formas de trabalho, de atuação e de limites de cada especialidade. É muito importante que o cantor perceba que, mesmo que ocorra uma discordância entre um ponto ou outro entre os profissionais, as diferentes posturas estejam claras, assim como o respeito por cada atividade profissional. Apenas desta forma o cantor pode ser encaminhado para uma fonocirurgia mais confiante e seguro. É muito importante sabermos em que momento da carreira o cantor está e como a cirurgia poderá intervir neste andamento. Por exemplo, o cantor acaba de gravar um CD com a voz alterada e resolve operar antes de iniciar a turnê. Isso geralmente gera problemas porque, após a cirurgia, como provavelmente ocorrerá uma melhora da voz, os arranjos precisarão ser modificados, trazendo muitos problemas para os colegas de trabalho, a banda. Outro exemplo acontece quando a mudança da voz é praticamente imperceptível para um ouvido leigo, mas para o cantor a voz é outra, completamente diferente. Ele fica “sem pé”, surgem questões do tipo: “...mas, e aquele grave rasgado, cadê ???”; “eu canto três músicas no ensaio e já sinto minha garganta”; “...os músicos da minha banda dizem que minha voz está muito nasal”. Algumas destas questões têm fundamento, mas a grande maioria vem por excesso de ansiedade do cantor em estar com a voz “já conhecida”. Estas questões serão respondidas com o tempo e com a aceitação, por parte do cantor, de que ele precisa se adaptar devagar e conseguir observar com atenção o que ele ganhou com a fonocirurgia. Logicamente, depois da cirurgia a sensibilidade e a atenção para a laringe aumentam muito, mas nem sempre isso é proporcional aos fatos reais. Tenho observado nos cantores, e acredito que em outros disfônicos profissionais da voz também, que o précirúrgico é igualmente importante ao pós-cirúrgico. É importante esclarecer ao cantor que ele não deve usar a sua voz em excesso na semana que antecede a data da cirurgia: fazer cinco shows, participar de gravações, dormir pouco e se alimentar de forma irregular. Muitas vezes, como ele sabe que irá ficar praticamente um mês sem usar a voz da maneira que ele está habituado, ele quer descontar e “gastar” a voz em tudo o que puder. Queremos que o paciente vá para cirurgia descansado, bem alimentado e sem edemas e/ou hiperemias nas pregas vocais. No pós-cirúrgico, no primeiro, mês procuro orientar o cantor, segundo as recomendações médicas, a evitar falar e cantar em loudness elevado e não ficar “testando” a voz em região aguda. Procuro trabalhar com técnicas de vibração de língua e de lábios, primeiramente só em região grave para evitar aderência, depois, lentamente, começamos a trabalhar melodia, tentando aos poucos alongar a tessitura vocal. Trabalho muitos exercícios articulatórios e de língua sem sonorização na tentativa de deixar a musculatura alongada para receber e possibilitar a ressonância do “novo timbre” que virá. Trabalho bastante a respiração, pois nesta fase do pós-cirúrgico, muitas vezes, o edema nas pregas vocais aumenta a amplitude de vibração da mucosa, gastando mais ar, necessitando, portanto, de uma pressão sub-glótica forte e equilibrada, para evitarmos uso de supra-glote ou de musculatura extrínseca da laringe. Geralmente não encontramos dificuldade em realizar trabalhos no pós-cirúrgico, quando já tivemos contato com o paciente no pré-cirúrgico. E é isso que normalmente acontece com o paciente cantor. 11 Case (Continuação) Cuidados e Condutas no Pré e Pós Opertório de Cantores com Alterações Vocais Beth Amin Fonoaudióloga Especialista em Voz, Professora de Canto, Cantora e Musicista formada pela Berklee College of Music. Orientadora Vocal do CORALUSP. A cirurgia de PPVV em cantores é, em muitas circunstâncias, inevitável, principalmente, em se tratando de lesões com grande potencial de malignidade. Também é indicada nos casos em que o cantor não consegue estabilizar-se vocalmente, de forma a prosseguir com suas atividades artísticas, mesmo após a tentativa de métodos não invasivos para o tratamento da lesão. Dentre os métodos de tratamento não invasivos, estão a fonoterapia e a aula de canto. É importante que haja uma perfeita integração entre ambas. O cantor com lesão de prega vocal geralmente apresenta compensações musculares, ressonantais e respiratórias, na tentativa de obter uma melhor qualidade sonora. Além disso, pode estar utilizando uma técnica de canto inadequada, o que, em parte, pode ter sido a causa da atual situação vocal. Tanto a fonoterapia como a aula de canto, neste momento, devem estar voltadas, entre outras coisas, para a eliminação de comportamentos compensatórios de qualquer espécie. Além disso, cabe ao professor de canto verificar a inadequação da técnica, e a substituição desta por uma mais adequada. Se após a utilização de todos os recursos no tratamento/aula de canto, não se observar melhora da voz, deve-se, em conjunto com o ORL, considerar a cirurgia como a melhor opção. Neste momento, fonoaudiólogo e professor de canto têm um papel fundamental, de coadjuvantes do paciente, auxiliando e dando-lhe suporte e segurança nesta difícil decisão. Deve-se, também, considerar que o vínculo que o cantor tem com o ORL, por melhor que seja, é sempre menor, se comparado àquele que tem com os profissionais mencionados acima. É importante que fonoaudiólogo e professor de canto conheçam o trabalho e a familiaridade do ORL com este tipo de cirurgia, para que possam transferir segurança ao paciente. Devemos lembrar que, mesmo cirurgias realizadas com perfeição, por razões alheias à vontade ou capa- 12 cidade do cirurgião, podem não ter bons resultado. O cantor deve estar ciente disto, ao decidir pela intervenção cirúrgica e reconhecer sua responsabilidade na recuperação. O comportamento do paciente no pós-cirúrgico imediato é de extrema importância para um bom resultado, e as orientacões médicas devem ser seguidas à risca. Os cirurgiões têm diferentes condutas médicas em relação ao período de descanso vocal, e da volta às atividades de fala e canto. Fonoaudiólogo e professor devem estar familiarizados com as orientacões, para que possam dar suporte e auxiliar o paciente no cumprimento das mesmas. Também é importante que paciente, fonoaudiólogo e professor de canto saibam que, no início da recuperacão, em alguns casos, a voz pode se apresentar pior do que era, melhorando com o tempo e com trabalho. O professor deve, inicialmente, focar seu trabalho na busca de uma voz fácil e sem tensão, introduzindo a melhor técnica, sem exigir qualidade de emissão. Lembrar que o processo é mais importante do que o produto e que, muitas vezes, a melhora da qualidade vocal, principalmente se existirem sequelas, pode levar tempo. Um dos primeiros e principais objetivos da aula, é eliminar comportamentos compensatórios, além de estimular constantemente a musicalidade do cantor, inalterada pela cirurgia. Cantar bem não é só emitir uma voz bonita. Outros aspectos do canto devem ser estimulados para auxiliarem na recuperacão da auto-estima do cantor. Algumas manifestações vocais comuns no canto, decorrentes da presença de cicatriz de PPVV são: • diminuição do espectro harmônico; • problemas no onset vocal (vozes femininas podem apresentar quebras no início da fonação, principalmente na voz mista, em região média); • dificuldades nas passagens; • voz de cabeça com bastante soprosidade, podendo ser áspera; • diminuição da extensão e tessitura vocais. Muitos cantores com cicatriz de PPVV, colocam a culpa de todas as suas dificuldades vocais atuais na cirurgia. Por isso, é de fundamental importância que o professor tenha clareza das dificuldades deste cantor antes da cirurgia, para que possa eliminar qualquer dúvida a este respeito. Se a cirurgia foi exaustivamente discutida e indicada depois de tudo o que poderia ser feito, certamente é porque esta foi a conduta correta, mesmo que o resultado não tenha sido satisfatório. A grande importância do professor de canto reside no fato de que, este, pela natureza do seu trabalho, sempre acredita que uma voz pode evoluir, e acaba sendo o melhor companheiro do cantor neste período crítico de sua carreira. Case (Continuação) Roberta C. Ferreira Ayres – Cantora (25 anos) Comecei a estudar canto aos 14 anos e não parei mais de cantar. Inicialmente, o que era mais um hobby, veio a se tornar a minha profissão. Sempre tive o interesse de estudar e aprofundar meus conhecimentos para ampliar meus horizontes musicais. Tudo que se relaciona ao canto e à música, direta e indiretamente, sempre me interessou. Comecei meus estudos através do canto lírico, que estudei durante 3 anos. Após esse período, resolvi que meu caminho deveria ser o do canto popular. Foi assim que tive aulas com alguns professores, durante um período total de 7 anos. Durante todo esse tempo, acho que o período mais produtivo, em termos gerais, não só de técnica, mas também de teoria musical, fisiologia, etc, foi quando fiz parte da escola Voice. A escola tinha uma preocupação muito grande em trazer aos alunos todos os aspectos envolvidos na profissão do cantor. Participávamos sempre de workshops promovidos pela escola, debatendo diversos assuntos, desde musicais propriamente ditos, como também o mercado musical, a saúde, aspectos jurídicos, entre muitos outros. Foi num desses eventos que tive meu primeiro contato com o Dr. André Duprat. Ele foi convidado pela escola para dar um workshop que abrangia a fisiologia da voz e as patologias das cordas vocais. Como grande curiosa que sou, sua aula me instigou a fazer, pela primeira vez, uma laringoscopia para saber como andavam minhas cordas vocais. Nunca havia pensado na hipótese de fazer esse exame mas, depois do contato que tive com o tema, achei que podia ser interessante e importante, já que trabalhava profissionalmente com a voz. Lembro-me que, nessa época, ficava rouca algumas vezes após um período de maior esforço vocal, ou quando saía para lugares mais barulhentos, onde tinha de usar maior volume de voz para me comunicar. Além disso, sentia grande dificuldade para produzir notas mais agudas enquanto cantava. Isso me incomodava, mas acho que não havia tomado consciência de que poderia haver algum problema. Marquei então minha consulta. Qual não foi minha surpresa quando descobri que havia um cisto em minhas pregas vocais? Foi observado também que meu padrão vocal de fala era péssimo, com ataque vocal brusco, volume muito alto, fenda posterior na prega vocal. Resumindo, eu estava falando de uma maneira completamente errada, o que estava prejudicando meu canto, além de ter um cisto na prega vocal que atrapalhava ainda mais minha produção vocal. Segundo o Dr. André, meu caso não era grave, mas exigia tratamento fonoaudiológico para que não viesse a piorar. Ele me indicou a Dra. Marta Andrada e Silva, fonoaudióloga. Com o relatório da minha laringoscopia, descrevendo tudo que estava acontecendo, comecei meu tratamento com a Dra. Marta, sendo sempre assistida pelo Dr. André. Os dois sempre procuravam ficar a par, um do trabalho do outro, o que me deixou sempre muito segura dos profissionais que estavam cuidando do meu instrumento de trabalho, minha voz. Apesar de todo esse acompanhamento, minha melhora não tinha sido tão grande. Numa de minhas consultas com o Dr. André Duprat, após uma traqueíte, meu cisto estava bem maior, e passava a incomodar mais dificultando meu canto. Foi então que ele me sugeriu a cirurgia para retirada do tal cisto. Como meu cisto era bem externo à prega vocal, ele me garantiu que não havia riscos de seqüelas. Fiquei bem preocupada, mas como confiava muito no Dr. André resolvi acatar sua sugestão. Afinal, o resultado de uma cirurgia bem sucedida seria uma grande melhora na minha produção vocal. Se eu continuasse com o cisto, minha voz viveria alternando dias bons e ruins, e eu não poderia depender disso pra continuar cantando. Fiz alguns exames da minha prega vocal, além de ter passado por uma sessão de fono para avaliar minha voz antes da cirurgia. Finalmente foi realizada a cirurgia, em fevereiro de 2002. Fiquei 7 dias sem falar um “A”, usando apenas bilhetes para me comunicar. Segui à risca todas as indicações, para ter uma ótima recuperação. Após uma semana, fiz minha primeira consulta pós-cirúrgica e a reação do Dr. André me deixou tranqüila. Minha cirurgia tinha sido um sucesso e ele ficou muito contente com minha cicatrização, que tinha sido perfeita. Segundo ele, nem dava pra se notar que eu havia passado por uma cirurgia. Também fiz algumas sessões de fonoaudióloga para fazer minhas cordas vocais voltarem à atividade. Tudo sempre como um trabalho de equipe onde os dois, tanto o Dr. André quanto a Dra. Marta, estavam a par de tudo e trocando informações. O resultado pôde ser notado em um mês. No começo, estava com medo de cantar. Não queria fazer esforço nenhum. Tinha medo de que qualquer coisa pudesse me machucar, mas isso eram coisas da minha cabeça. Estava tão “encanada” que achava que meu timbre tinha mudado um pouco. Passada essa fase, voltei a cantar com maior facilidade, menor esforço. Minha voz estava mais limpa e alcançando notas que antes não atingia. Nada absurdo, como oitavas a mais, mas eu sentia uma boa melhora. Voltei ao meu ritmo normal e devo confessar que a cirurgia foi feita no momento exato. Depois disso, muitos compromissos começaram a surgir e creio que, se ainda estivesse com o cisto, talvez não conseguisse cumprir muitos deles. Hoje trabalho cantando na noite, fazendo eventos e gravações. Canto em uma média de quatro vezes por semana à noite, além dos ensaios e o meu trabalho de música própria. 13 Cursos Cursos no Brasil Cursos Itinerantes da SB SBLLV Data Local 18 e 19 de Junho 22 - 23 de Agosto 05 - 06 de Setembro Natal (RN) Belém (PA) Curitiba (PR) Data Tema 12, 13 e 14 de Junho 1º e 2 de Agosto 05 - 06 de Setembro 05 - 07 de Setembro 12 - 13 de Setembro I Curso Teórico-Prático de Laringe (Santa Casa – São Paulo) V Curso Teórico-Prático de Laringologia e Voz (USP – Ribeirão Preto) Curso Intensivo Teórico-Prático em Laringologia (Aracajú – SE) Simpósio de Atualização em Câncer de Laringe (UNICAMP/Campinas) Curso Teórico-Prático de Endoscopia e Microcirurgia de Laringe (Núcleo ORL-SP) Curso Teórico-Prático de Tireoplastia com Dissecção de Peças (HC – FMUSP) III Congresso Triológico de Otorrinolaringologia (Rio Centro – RJ) Curso Teórico-Prático de Endoscopia e Microcirurgia de Laringe (Núcleo ORL – SP) 25 - 26 de Setembro 08 – 11 de Outubro 07 - 08 de Novembro III Congresso Triológico de Otorrinolaringologia Última chamada para inscrição de trabalhos Programação Científica: • Fono Micro Cirurgia, • Terapia Genética em Laringologia, • Cirurgia do Arcabouço Laríngeo, • Distúrbios do Movimento afetando a Voz, • Câncer Glótico Inicial, • Distonia Laríngea, • Recentes Avanços em Terapia Vocal • Tratamento das Cicatrizes Laríngeas. Entre os palestrantes estrangeiros estão confirmados Charles Ford, Diane Bless e P aul W UA. Paul W.. Flint, todos dos E EUA. 14 O III Congresso Triológico de ORL está se aproximando, e esta é a última oportunidade para quem pretende apresentar seu trabalho nos dias reservados para Laringologia. Os interessados devem enviar um resumo detalhado e definir se preferem fazer suas exposições como curso de instrução, tema livre ou em forma de pôster. O sumário deve conter título, autor, instituição e um resumo, com 150 palavras, dividido em: • Introdução • Objetivos • Material e Métodos • Resultados • Conclusão O prazo final para entrega dos temas é 15 de julho. Programe-se!!! PÁGINA RESERVADA PARA ANÚNCIO Contra Capa 16