CARCINOMA MAMÁRIO EM UM CÃO MACHO BREAST

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CARCINOMA MAMÁRIO EM UM CÃO MACHO
BREAST CARCINOMA IN A MALE DOG
Alana Nogueira Godinho¹, Érica Souza Albuquerque¹, Ana Carla de Castro Freitas Soares¹,
Daniel de Araujo Viana², Annice Aquino Cortez³.
Resumo
O tumor de mama em cães machos apresenta baixa incidência, mas alta malignidade. Este
trabalho tem como objetivo relatar um caso de um cão sem raça definida, de 11 anos, que
apresentava um nódulo na região abdominal próximo ao prepúcio. Os parâmetros clínicos e
hematológicos do animal estavam dentro da faixa de normalidade. Foi realizado exérese do
tumor e no exame histopatológico foi diagnosticado carcinoma em tumor misto da mama.
Embora raro, o carcinoma mamário em cão é uma patologia importante de ser diagnosticada
para a realização de um tratamento correto.
Palavras-chave: Tumor mamário, carcinoma, cão
Abstract
Breast tumor in dogs has a low incidence but high malignancy. We report a case of a mixed
breed dog, aged 11, who had a lump near the foreskin. Clinical and hematological parameters
of the animal were within the normal range. Tumor excision was performed and
histopathology was diagnosed carcinoma in mixed tumor of the breast. As recommended, the
animal was sent to perform chemotherapy. Although rare, breast carcinoma in a dog is an
important condition to be diagnosed to perform a correct treatment.
Key-words: Breast tumor, carcinoma, dog
Os tumores de mama representam 52% de todas as neoplasias em fêmeas da espécie
canina, já tendo sido relatada uma percentagem de 50% (MACEWEN & WITHROW, 1996) a
75% de malignidade destas neoplasias (HEDLUND, 2008). Os tumores mamários raramente
acometem machos; embora a incidência estimada esteja em torno de 0 a 2,7%, a possibilidade
de serem malignos é alta (FOSSUM, 1997).
A maior parte dos tumores mamários malignos são carcinomas, sarcomas (< 5%) e
carcinossarcomas (mistos malignos) (HEDLUND, 2008). Para um diagnóstico definitivo, o
exame histopatológico sempre deverá ser realizado, pois a punção aspirativa poderá não ser
conclusiva (DALECK et al., 1998).
Em cadelas, a média de vida dos animais diagnosticados está entre 10 e 11 anos
(FOSSUM, 1997). Cães machos podem apresentar neoplasias de mama se ocorrer um
hiperestrogenismo decorrente do sertolioma (MEUTEN, 2002). Contudo, em cães machos a
literatura sobre quais tumores ocorrem com maior freqüência é escassa provavelmente devido
à baixa incidência de casos.
Devido à raridade desta patologia em cães machos, objetivamos relatar um caso de um
cão de 11 anos de idade, sem raça definida, que foi atendido no dia 12 de agosto de 2011 na
Unidade Hospitalar Veterinária (UHV) da Faculdade de Veterinária (FAVET) pertencente à
Universidade Estadual do Ceará (UECE).
_______________________
¹ Graduandos de Medicina Veterinária da Faculdade de Veterinária - FAVET/UECE
² M.V. Doutorando em Biotecnologia - RENORBIO
³ Msc. MV. Professor Substituto da Faculdade de Veterinária – FAVET/UECE
Universidade Estadual do Ceará/UECE – Av. Dedé Brasil, 1700 – Itaperi, CEP.:60740-000. Fortaleza – CE,
Brasil. Contato: [email protected]
O animal apresentava um nódulo localizado na região direita da base peniana, próximo
ao prepúcio, abrangendo a segunda mama abdominal direita. O tumor media
aproximadamente 7,0 cm, caracterizando-se por apresentar formato irregular, consistência
firme ao toque, recoberto por pele íntegra, estando aderido somente à região subcutânea e de
superfície externa com aspecto multilobulado. Foi realizado um exame clínico geral do
animal, além de hemograma completo, dosagem de creatinina e da enzima hepática alanina
aminotransferase (ALT) a fim de encaminhá-lo à cirurgia.
O animal apresentava-se hígido, com os parâmetros clínicos de temperatura,
freqüência cardíaca, respiratória e exames complementares dentro da normalidade.
No dia 18 de agosto de 2011, o animal retornou para realização de exérese tumoral,
sendo efetuada uma incisão elíptica ao redor do tumor, abrangendo as mamas abdominal
caudal e inguinal direitas, com uma distância mínima de um centímetro deste, para delimitar
uma margem de segurança e possibilitar a completa exérese da neoplasia. O material coletado
foi conservado em formol a 10% para posterior realização de exame histopatológico.
No exame histopatológico, à macroscopia pôde-se observar que os fragmentos
enviados apresentavam-se brancacentos e brilhosos, o maior medindo 3,0 x 2,0 x 2,0 cm. Ao
corte, a superfície era compacta e acinzentada e acompanhava um linfonodo de arquitetura
aparentemente preservada. À microscopia pôde-se diagnosticar um carcinoma em tumor misto
da mama (carcinoma complexo), além de áreas com metaplasia condróide imatura sem
atipias, mastite crônica ativa porém discreta, além de focos de necrose e hemorragia. Quanto
ao linfonodo observou-se um estado reacional hiperplásico.
Soremno (2003) considera a divisão dos carcinomas em simples e complexos,
dependendo de seus elementos estruturais. O carcinoma complexo é composto de células
epiteliais e mioepiteliais, sendo que as mioepiteliais estariam envolvidas na proteção da
glândula mamária, suprimindo a proliferação e a invasão tumoral. Em contraponto, as células
epiteliais estariam diretamente relacionadas com progressão e disseminação da doença.
Acredita-se que cadelas portadoras de tumores complexos apresentam melhor prognóstico do
que cadelas portadoras de tumores de proliferação exclusivamente epitelial.
Daleck et al. (1998) afirma que neoplasia mamária acomete principalmente fêmeas de
média idade a velhas, fator observado no presente relato, pois o cão apresentava 11 anos.
Infere ainda, que estes animais poderiam apresentar distúrbios endócrinos que serviriam como
fatores predisponentes, e provavelmente desencadeantes, para a instalação dos processos
neoplásicos.
Exames laboratoriais como hemograma completo, perfil bioquímico e urinálise,
embora não sejam específicos para neoplasia mamária, podem trazer informações importantes
para identificar problemas geriátricos e síndromes paraneoplásicas concomitantes (FOSSUM,
1997). Contudo, os exames do paciente em questão estavam dentro da normalidade.
Concluímos que, embora raro, carcinoma mamário em cão macho é uma
patologia importante de ser diagnosticada na medicina veterinária para diferenciar de outras
que acometem o sistema reprodutivo, a fim de instituir um prognóstico e uma terapêutica pós
cirúrgica correta.
Referências bibliográficas
DALECK, C.R.; FRANCESCHINI, P.H.; ALESSI, A.C.; SANTANA, A.E.; MARTINS,
M.I.M. Aspectos clínico e cirúrgico do tumor mamário canino. Ciência Rural, Santa Maria, v.
28, n. 1, p. 95-100, 1998.
FOSSUM T.W. Surgery of the female reproductive. Small animal surgery. Saint Louis,
1997. Mosby, p. 538-552.
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HEDLUND, C.S. Cirurgia dos Sistemas Reprodutivo e Genital. Cirurgia de Pequenos
Animais. 3.ed. Rio de Janeiro, 2008. Mosby, p. 702-774.
MACEWEN, E.G.; WITHROW, S.J. Small animal clinical oncology. 2.ed. Philadelfia, 1996.
W.B. Saunders, p. 4-16.
MEUTEN, D.J. Tumors in domestic animals. 4.ed. Iowa State: Univ. California,
33 2002. 788p.
SOREMNO, K. Canine mammary gland tumors. Veterinary Clinics of North America. Small
Animal Practice, v. 33, p. 573-596, 2003.
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