NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL CURSO DE ADMINISTRAÇÃO 8º ADM. PROF.: RENATO RIBEIRO DOS SANTOS DISCIPLINA: NORMALIZAÇÃO E AUDITORIAS AMBIENTAIS. UNIDADE I: Análise das variáveis ambientais para efeitos de normalização adequada. 1) Principais variáveis ambientais 1.1 - Componentes abióticos. 1.1.1 - Poluição do ar. A poluição atmosférica ameaça o ambiente numa escala global. Certos tipos de poluição têm conseqüência globais, devido a circulação da atmosfera e dos oceanos, seus efeitos se estendem muito além de sua fontes de poluição, ocasionando mudanças no ambiente como: a destruição da camada de ozônio na atmosfera superior e o aumento do dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa. Diariamente uma pessoa inala entre 10.000 e 20.000 litros de ar, dependendo da idade, sexo e tipo de atividade física. O ar contém milhares de contaminantes e poluentes sob a forma de bactérias, vírus, fungos gases, fibras e partículas. Aqui interessam – basicamente – os poluentes químicos e as partículas irritantes. Efeitos: irritação das vias aéreas pneumonia enfisema pulmonar fibrose pulmonar doença pulmonar crônica debilitante câncer malformações congênitas Os poluentes podem se encontrar restritos em determinadas áreas (doenças ocupacionais) ou podem estar amplamente dispersos na atmosfera. 1 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Restritos: sílica poeira de carvão asbesto Fontes: - sílica: fundição, trabalhos com jatos de areia, mineração de diamante, lapidação de pedras preciosas; - pó de carvão: mineração de carvão - asbesto: mineração, laminação e manufatura do asbesto, instalação e retirada de isolamento térmico, folhas de amianto, freio e embreagem, etc. Amplamente dispersos: Dióxido de enxofre Dióxido de nitrogênio Monóxido de carbono Dióxido de carbono Ozônio Chumbo Partículas diversas Os poluentes de dispersão restrita podem ser mais facilmente controlados, muitas vezes bastando a instalação de equipamentos como filtros nas indústrias ou através da proteção individual dos trabalhadores, com o uso de máscaras de proteção. Os poluentes amplamente dispersos, ao contrário, são de difícil controle e, eventualmente, alcançam – temporariamente – níveis perigosos. A poluição do ar não se apresenta de maneira uniforme todos os dias do ano e sim, em certas ocasiões, por um fenômeno atmosférico chamado INVERSÃO TÉRMICA. Os poluentes que normalmente são arrastados para cima com as correntes de ar quente, passam a ter sua subida bloqueada, ficando presos à superfície do solo. Quanto mais longa a duração do fenômeno (pode se prolongar por vários dias), maiores os riscos e transtornos trazidos à população. Quando ao fenômeno atinge níveis muito críticos, centenas ou mesmo milhares de pessoas podem adoecer e morrer. Ex.: Vale do Mosa , Bélgica (1930) 60 mortes 2 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Posa Rica, México (1950) 22 mortes Londres, Inglaterra (1952) 4.000 mortes em uma semana Londres (1956) 1.000 mortes Cubatão, São Paulo centenas de intoxicações por vários anos São Paulo (capital) centenas ou mesmo milhares de pessoas lotam prontos-socorros e hospitais nos meses de inverno em decorrência de problemas respiratórios Destruição da Camada de Ozônio. A destruição do Ozônio atmosférico expõe o homem a níveis potencialmente perigosos de radiação ultravioleta (UV). Um grande número de substâncias químicas utilizadas pelos seres humanos são capazes de destruir a camada de ozônio, através da formação de radicais livres que convertem o ozônio em oxigênio. Os principais agressores da camada de ozônio são: Clorofluorcarbonos (CFCs), gás freon – usados em aerossóis, refrigerativos; Apesar de banidos dos EUA, a produção mundial dessas substâncias continua a aumentar. Dióxido de Nitrogênio – produzido por vários processos industriais e atividade microbiana e, principalmente, liberado por veículos motorizados Halogêneos – presentes em extintores de incêndio Óxido nitroso – atividades industriais Metano – agropecuária, indústria, mineração, represas de usinas hidrelétricas, aterros sanitários, etc. A destruição da camada de ozônio começou a preocupar o mundo na década atual, quando foi descoberta uma área sobre a Antártica com perdas de até 50% de ozônio. Tal “buraco” na camada de ozônio vem aumentando e, atualmente, é de dimensões continentais. Recentemente, foi descoberta uma depleção similar sobre o Pólo Norte. Sobre o Ozônio atmosférico 3 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL A camada de ozônio fica a cerca de 35.000 metros de altitude, sendo criticamente importante para nossa sobrevivência no planeta, porque evita que a luz UV do sol – particularmente a UVB e a UVC – penetre em nosso ambiente. O ozônio atmosférico ocorre em duas faixas de altitude: O “ozônio mau” é componente do smog urbano na troposfera, próximo à superfície da Terra, onde a sua alta reatividade e poder oxidante podem danificar os tecidos vegetais e animais; causa de muitas doenças e morte nas grandes metrópoles; O “ozônio bom” ocorre na estratosfera, numa altitude de 25 km, onde sua capacidade de absorver a radiação ultravioleta protege os organismos na superfície da terra. Numa escala global, vários poluentes aerossóis, especialmente os clorofluorcarbonos, reduziram as concentrações do ozônio (O3) na atmosfera superior ou estratosfera, proporcionando mais radiação ultravioleta danosa atingindo a superfície da Terra; Conseqüências: Decréscimo no ozônio estratosférico de 50% ou mais com a formação dos buracos de ozônio, observados nas altas altitudes em ambos os hemisférios, devido os átomos de cloro quebrarem as moléculas de ozônio; Aumento da incidência de câncer na pele, causando danos as moléculas de DNA, devido o seu poder de absorver a energia de radiação ultravioleta. O ozônio é tóxico para a vida animal e vegetal, mesmo em pequenas concentrações, devido o seu poder de oxidar quimicamente moléculas orgânicas e obstruir seu funcionamento adequado. O aumento do ozônio troposférico (O3) é produzido pela oxidação do oxigênio molecular (O2) na presença do óxido nitroso ( NO3 - produto da combustão da gasolina) e a luz solar; O dióxido de carbono e o efeito estufa O acúmulo de CO2 e outros gases (CFCs, metano, NO2, etc.) na atmosfera capta a radiação infravermelha e permite a livre penetração da energia calorífica da radiação solar, o que aumenta o calor na superfície da Terra. Estima-se que o nível de CO2 na atmosfera (o principal responsável pelo “efeito estufa”) irá duplicar entre os anos de 2030 e 2080, caso a situação 4 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL atual perdure. A temperatura global já subiu 1ºF (0,55ºC) durante o último século e está previsto um aumento da ordem de 4 a 9ºF para os próximos 50 a 100 anos (2,2 a 5ºC) Os fatores que contribuem para este aumento da temperatura incluem a perda da vegetação e de florestas (estas grandes consumidoras de CO 2), as indústrias, os veículos automotores à combustão, etc. Conseqüências: As temperaturas mais quentes causadas pelo efeito estufa terão efeitos diversos na produtividade; Potencialmente adversas para os ecossistemas naturais e agricultura; Níveis do mar se elevarão devido o derretimento das calotas polares de gelo e expansão das águas oceânicas aquecidas; Inundação de comunidades costeiras pela elevação do nível do mar. EFEITOS DIRETOS: Aumento da mortalidade relacionada ao calor (desidratação, etc.). Elevar o potencial de epidemias por microorganismos (enchentes, transmissão por vetores) Aumento de incidência de carcinomas de pele. Aumento de incidência de melanomas (entre a população branca). Nos EUA, o aumento de casos de melanomas de pele chegam a 100%. A Austrália e Nova Zelândia registram aumentos ainda maiores. OBS.: A Environmental Protection Agency calcula que, para cada 1% de destruição na camada de ozônio, aumenta cerca de 0,3 a 2% na incidência de melanoma entre os brancos dos EUA. Aumento da predisposição para cataratas. Suspeita-se que prejudique a imunidade celular cutânea e a imunidade sistêmica. EFEITOS INDIRETOS: Evaporação da água de superfície transformando grandes massas de terra em desertos 5 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Derretimentos das calotas polares elevando o nível do mar, ameaçando cidades costeiras, contaminando suprimentos de água potável com água salgada, destruindo ecossistemas costeiros. Sem a proteção do ozônio, a radiação UVB penetra vários metros abaixo da superfície do mar; o fitoplâncton que prolifera nesta camada é extremamente sensível à radiação UVB. Considerando que estas formas de vida representam o início da cadeia alimentar para todos os animais aquáticos, dos quais uma fração considerável de pessoas depende para se alimentar e que a escassez de alimentos é uma possibilidade real no próximo século, tal fato se torna ainda mais preocupante. 1.1.2 - Poluição da água e do solo. Dado a prazo exíguo para ministrar a matéria, e, dado a influência do sistema hídrico no sistema pedológico ambiental e vice-versa, cabe uma análise conjunta destas duas variáveis. As toxinas no meio ambiente. As toxinas são venenos que matam animais e plantas, interferindo em suas funções fisiológicas normais. Muitas toxinas ocorrem naturalmente, mas as atividades humanas vêm aumentando seu acúmulo no ambiente. As substâncias tóxicas podem ser divididas em diversas classes: Ácidos, As fontes antrópicas de ácidos são principalmente de dois tipos: Das áreas de mineração de carvão na produção de ácidos sulfúrico nos cursos de água que drenam as áreas de mineração, ocorrendo a drenagem ácida de mina, onde a água se torna tão ácida que esteriliza o ambiente aquático. 1. A chuva ácida proveniente da queima de combustíveis fósseis como o carvão e óleo que liberam além do dióxido de carbono e vapor de água, óxidos nitrosos e dióxido de enxofre na atmosfera que dissolvidos nas gotas de chuva são convertidos em ácidos – ocasionando a precipitação ácida. 2. Conseqüências: Em áreas altamente industrializadas o pH da chuva pode cair para valores entre 3 e 4, o que é de 100 a 1000 vezes a acidez da chuva normal. 6 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL O pH dos rios e lagos pode chegar abaixo de 4, ou seja, ácido bastante para interromper o crescimento de, ou mesmo matar peixes e outros organismos. Pode diminuir o pH do solo, que aumenta a taxa de lixiviamento dos nutrientes do solo e precipita os compostos fosforosos, tornando-os indispensáveis para sua assimilação pelas raízes das plantas. Metais pesados no meio ambiente. O mercúrio, o arsênio, o chumbo, o cobre, o níquel, o zinco e outros metais pesados mesmo em baixas concentrações são tóxicos para a maioria das formas de vida. São introduzidos no ambiente principalmente: como refugo da mineração e da fundição de minerais; como produtos de rejeito de processos manufaturados; Como fungicidas ( arseniato de chumbo); Queima de combustíveis com chumbo; Pela fundição de cobre e níquel liberados na natureza acabam se acumulando nos solos e afetam os musgos, os liquens, fungos, a abundância de minhocas cai e a maioria das espécies de plantas vasculares não toleram concentrações acima de 0,5% As concentrações de metais pesados acima de 1.000 ppm podem se estender a 10 a 20 km dos sítios de fundição de metais e impedir a recolonização pelas plantas e a recuperação da vegetação natural; Pesticidas no meio ambiente. Os pesticidas têm sido utilizados desde tempos remotos. Existem relatos em papiros escritos por volta de 1550 a. C., listando preparações para repelir pulgas das habitações. Com o advento da II Guerra Mundial, foi inaugurada uma nova era na produção dos pesticidas, com a descoberta de pesticidas orgânicos sintéticos. Tais descobertas trouxeram benefícios importantes para a humanidade, representados por uma maior disponibilidade de alimentos e pelo controle de doenças transmitidas por vetores (dengue, febre amarela urbana, Doença de Chagas, etc). Infelizmente, após anos de uso sistemático dessas substâncias, constatou-se que os mesmos também podem provocar efeitos indesejáveis e, inclusive, 7 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL permanecer por períodos prolongados no ecossistema, armazenados em organismos animais e vegetais, bem como no solo e nas águas, principalmente se usados de forma inadequada. Isso sem considerar a resistência crescente desenvolvida por pragas e insetos a estes produtos. Os principais grupos de pesticidas em uso na atualidade são os ORGANOCLORADOS (proibidos em muitos países do mundo; no Brasil, tem uso restrito, limitado ao controle de formigas e em campanhas de saúde pública para combate de alguns vetores de doenças), os ORGANOFOSFORADOS, os CARBAMATOS (que também sofrem restrições em alguns países) e os PIRETRÓIDES. ORGANOCLORADOS: Aldrin, Endrin, BHC, DDT, Endossulfan, Heptacloro, Lindane, Mirex, Toxafeno. Os organoclorados são os principais pesticidas de permanência prolongada nos ecossistemas. São derivados do petróleo, sendo pouco solúveis em água e lipossolúveis. Essas características fazem com que sejam bem absorvidos pela pele, trato digestivo e respiratório das espécies animais, assim como se acumulam também em organismos vegetais. Desse modo, acumula-se na cadeia alimentar, atingindo o homem. Nos seres humanos, é excretado pela urina e eliminado pelo leite materno, atingindo os lactentes. ORGANOFOSFORADOS: Bromophos, Diazinon, Malathion, Triclorfon, Temefos, etc. Possuem menor efeito residual do que os organoclorados, não permanecendo estocados no ecossistema; no entanto apresentam toxicidade aguda maior do que os primeiros. CARBAMATOS: Carbaryl, Aldicarb, Dioxacarb, etc. Situam-se no mesmo patamar de toxicidade e permanência ambiental que os organofosforados. PIRETRINAS E DERIVADOS SINTÉTICOS: as piretrinas são conhecidas por seus efeitos inseticidas de épocas anteriores à de Cristo. Os princípios ativos – ésteres dos ácidos crisantêmicos – foram extraídos das flores de algumas espécies de crisântemos. Atualmente, são sintetizados ésteres semelhantes que recebem a denominação de piretróides: deltametrina, cismetrina, permetrina, etc. Apesar de bastante tóxicos para os insetos e peixes, sua toxicidade para o homem e outros mamíferos é bem menor. 8 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL O mecanismo de ação dos pesticidas pouco varia. À exceção dos organoclorados que agem provocando um esgotamento do sistema enzimático celular, os demais agem diretamente sobre o sistema nervoso. Os organofosforados e os carbamatos são inibidores da colinesterase – enzima que regula a transmissão de impulsos nervosos. Sem a intervenção da enzima, os estímulos nervosos não são interrompidos, havendo um estímulo exagerado que leva à morte por parada respiratória. EFEITOS ADVERSOS A MÉDIO E LONGO PRAZO: Neurotoxicidade (central e periférica); Reações alérgicas; Carcinogênese; Aumento da susceptibilidade a infecções; Mutagênese; Um estudo realizado por uma enfermeira – Mara Calliari – em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, no início da década de 80, em decorrência da quantidade enorme de crianças nascidas com malformações no hospital local, revelou que as mães dessas crianças estiveram expostas a agrotóxicos por quase todo o período da gestação, ou até que o peso da barriga e o malestar da proximidade do parto as impedissem de trabalhar na lavoura. Como o agrotóxico era aplicado através de pulverização por avião, essas mulheres literalmente tomavam banho de pesticida inúmeras vezes durante a gestação. Foram 600 casos de malformações congênitas num período de estudo de sete anos. Do total das mulheres estudadas, 66% tiveram sintomas compatíveis com intoxicação por agrotóxico durante o período de gestação. Eram, em sua maioria mulheres jovens (70% tinham entre 20 e 29 anos de idade e 22,5%, entre 30 e 35 anos), de onde se descartava que o problema pudesse ser devido à gestação em idade avançada. Estudos amostrais em hortifrutigranjeiros também têm revelado contaminação por agrotóxicos, algumas vezes por não se respeitar os prazos mínimos entre a última aplicação do produto e a colheita; outras vezes o tóxico estava presente, mas dentro dos limites de concentração permitidos pela legislação (o que, diga-se de passagem, não é garantia de inocuidade do produto). O mais grave, no entanto, é a ocorrência de contaminação de alimentos por pesticidas de uso proibido para aquele tipo de cultura, como detectado num estudo realizado com hortaliças da CEAGESP entre os anos 9 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL de 1994 e 1998, onde de um total de 1.439 amostras, 14% estava contaminado por resíduos de defensivos não autorizados. Um estudo realizado em 22 propriedades de plantação de tomates em Pernambuco em 1996, revelou que 28% das amostras coletadas estavam contaminadas por endossulfan (um organoclorado que a legislação brasileira só permite seu uso em plantações de cacau, cana de açúcar e café). Vários trabalhadores entrevistados revelaram problemas de saúde, com sintomas de doenças de pele (36,4%), náusea e transtornos do sono (32,5% e abortamentos (70,4%). Os resultados desses estudos mostram que o problema dos pesticidas apresenta interface com a saúde ocupacional, da comunidade e a saúde pública, uma vez que os produtos contaminados são consumidos por populações distantes da fonte produtora e com o meio ambiente, uma vez que afetam (particularmente os organoclorados) outras formas de vida e os componentes do ecossistema. Um problema sério – e que em segunda instância favorece essas ocorrências – é a relativa facilidade com que tais produtos são adquiridos no mercado – apesar da extensa legislação, normatização/normalização e regulamentação – que vai desde a fabricação, transporte, comercialização, manuseio até o descarte das embalagens desses produtos. O que se verifica, na realidade, é tanto o acesso facilitado a tais venenos e um assustador despreparo/desconhecimento por parte de quem manipula esses produtos, como o uso inadequado e criminoso dos mesmos em atividades para as quais seu uso é proibido por lei e a total omissão do Poder Público em orientar, dar assistência técnica, atender à população e fiscalizar a comercialização e o mau uso e, se for o caso, punir os infratores, para inibir a prática corrente de uso indevido de pesticidas. Outros tipos de poluição ambiental tóxica causada por compostos orgânicos: Derramamento de óleo – petróleo cru: em fonte de produção ou exploração submarina, quebra de navios tanques com perda de 3 a 6 milhões de toneladas de óleo anualmente. Conseqüências: Causam a morte de organismos devido o rompimento das membranas biológicas; Com o tempo manchas de óleo se dispersam por evaporação das frações mais leves; 10 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Sistemas sensíveis como recifes de corais podem levar décadas para se recuperarem completamente; 1.2- Componentes bióticos 1.2.1 - Humanos, flora e fauna As Atividades Humanas ameaçam os processos ecológicos locais: Todas as atividades humanas têm conseqüências para o ambiente: Pesca é um exemplo. A meta é coletar um recurso alimentar para consumo humano. Quando aumentamos os retornos de curto prazo de um pesqueiro (pesca excessiva e predatória), os estoques de peixes preferidos são reduzidos ou mesmo colapsam, e nossa atenção se volta para outros menos desejáveis, mas ainda explorados. É possível que esses estoques de peixes tenham sido empurrados abaixo dos níveis dos quais poderiam se recuperar, e que o ecossistema inteiro possa se deslocar de tal forma que não inclui tal peixe como conexão importante na cadeia alimentar. a) Sobre-exploração: A pesca, a caça, a pastagem, a coleta de madeira para combustível, a retirada de madeira e afins são as interações clássicas consumidor-recurso. Na maioria dos sistemas naturais, estas interações atingem estados estacionários, pois à medida que um produto se torna escasso, a eficiência de exploração cai: As populações consumidoras então começam a declinar, ou buscam recursos alternativos, até que os consumidores e seus recursos preferenciais sejam trazidos de volta ao equilíbrio. A eficiência da exploração e a capacidade dos recursos em resistir à exploração são características de consumidores e recursos que evoluíram durante longos períodos de interação. Nos sistemas econômicos, as interações consumidor –recurso podem também entrar em equilíbrio, porque, à medida que um recurso se torna escasso e o preço aumenta, a demanda para aquele recurso cai; as pessoas ou fazem sem, ou encontram alternativas mais baratas. 11 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL A capacidade da população humana em explorar sistemas naturais tem atingido níveis desproporcionais por sua habilidade em usar ferramentas. Desta forma, os recursos renováveis podem se tornar escassos, muito próximos do esgotamento, e se tornarem incapazes de sustentar até mesmo uma exploração reduzida. As habilidades tecnológicas avançaram muito rapidamente para a Natureza manter o passo. Onde a fertilidade da terra foi exaurida, a população humana pode perder a base de recursos que necessita para se auto- sustentar. Quando a população não pode mais se mover para outras áreas, ou trocar para novas fontes de alimentos, a perspectiva do controle populacional pela fome e doenças associadas e conflito social pode se tornar uma realidade. As carências alimentares já estão em algumas partes do mundo. Populações humanas se mantêm pela prática da agricultura itinerante, que se caracteriza pela exploração (corte raso e queima) de pequenas partes da floresta, para liberar nutrientes no solo e cultivadas por 2 ou 3 anos e então abandonadas em favor de uma nova área. Normalmente, uma área específica se recupera suficientemente para repetir esse processo em 50 a 100 anos. Quando a área é manejada, este tipo de agricultura demanda pouco consumo de trabalho, materiais ou energia e tira vantagem dos processos sucessionais naturais das florestas tropicais, porém, sustenta somente populações esparsas. Quando a terra é cultivada mais intensamente pela preparação, fertilização, irrigação e retirada das ervas, a produtividade e a sustentabilidade de longo prazo podem aumentar grandemente, porém, da mesma forma aumenta o consumo de trabalhos, materiais, assim, possivelmente também o custo dos produtos da agricultura, principalmente se for resultado de pequena produção. A terra tem sido desmatada para cultivar alimentos de venda direta para exportação para outras áreas do mundo como: café, banana, açúcar, carne e outros. Entretanto, este tipo de agricultura é sustentável em alguns solos, enquanto que para a maioria significa um declínio na produtividade natural do ambiente e impossibilita usos sustentáveis alternativos da terra. Algumas formas para reduzir estes problemas: 12 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Limitar a exploração de recursos às produtividades máximas sustentáveis; Considerar usos sustentáveis alternativos da terra; Aumentar a intensidade da agricultura em terras capazes de sustentá- la. Aprimorar a distribuição de alimentos entre áreas de produção e as áreas de consumo. A maioria destas soluções tem um preço: Planejamento para o uso sustentado reduz os retornos de curto prazo; Estas perdas devem ser feitas em toda parte para manter a saúde de um país; Aumentar a intensidade da agricultura demanda um uso desproporcionalmente maior de energia, trabalho e fertilizantes químicos; Basear-se em plantações geneticamente modificadas para uma alta produção alimentar freqüentemente torna a agricultura mais vulnerável à eclosão de pragas e doenças. Sustentar populações maiores também tem seus custos: Segmentos da população humana que são forçados pela terra empobrecida a importar alimentos também devem ganhar dinheiro para comprá-los, ou se transformariam numa carga para outros segmentos da população; Enquanto o crescimento da população humana local não estiver associado à capacidade dos recursos locais em sustentá-lo, os desequilíbrios entre os consumidores humanos e os seus recursos continuarão a piorar. b) Introdução de espécies exóticas: De maneira intencional ou não, os humanos têm levado outras espécies para toda parte que viajam, portanto, essas transposições globais de espécies aumentaram com a colonização européia há mais de 500 anos. Nos Estados Unidos foram introduzidas 50.000 espécies exóticas, incluindo: plantas comestíveis, plantas para horticulturas (e muitas vezes as suas pragas), árvores de valor comercial, animais domésticos para trabalho e alimento, aves, mamíferos para esporte de caça, organismos patogênicos e freqüentadores de habitações humanas e transportes, como numerosas baratas, etc. 13 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Em alguns casos essas espécies têm expulsado ou eliminado biotas locais, ou ameaçados por causa da competição, predação, parasitismo e herbivoria de espécies não nativas. Embora as exóticas possam expulsar as plantas e os animais nativos, eles não necessariamente rompem as funções ecossistêmicas, porque podem assumir papéis ecossistêmicos das espécies nativas. Nos sistemas aquáticos, em particular, os consumidores introduzidos nos altos níveis da cadeia alimentar têm alterado seriamente as funções ecossistêmicas e causado mudanças básicas nas estruturas comunitárias. Quando são introduzidos predadores eficientes, podem eliminar os níveis tróficos inteiros de peixes planctívoros menores, e conseqüentemente, a quantidade de zooplâncton aumenta dramaticamente e as algas são eliminadas da água, reduzindo a produtividade total do ambiente. Um único predador, denominado predador –chave por causa de sua posição crítica na função ecossistêmica, pode mudar o caráter de um habitat para um estado qualitativamente diferente. c) A conversão de habitat. Alterar a natureza básica de um habitat muitas vezes perturba os processos naturais de regeneração e controle. Ao se desmatar uma floresta tropical sobre solo empobrecido rompe-se o ciclo de nutrientes vinculados que mantêm a produtividade da floresta, ocasionando: Alteração da estrutura física do solo, expondo-o um a lixiviamento intensificado e à luz do sol; A produtividade da terra diminui abruptamente, e a erosão do solo pode aumentar cerca de 10 vezes ou mais; A camadas superiores ricas em nutrientes do perfil do solo, na taxa atual, são perdidas devido seu o esgotamento, forçando seu abandono ou levando a uma dependência de fertilizantes químicos. Estima-se uma perda de 1% desta camada do solo por erosão a cada ano. Outro ambiente convertido é a floresta de manguezal que proporciona uma proteção natural para as costas. Motivos de sua exploração predatória: São derrubadas para combustíveis Criações de camarão 14 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Assentamentos humanos Áreas costeiras foram deixadas desprotegidas sofrendo inundações. d) Represamento de rios: traz benefícios como: controle da inundação, água para a irrigação, geração de energia; Traz danos como: aumenta o transporte de silte, bloqueia migração de peixes, altera condições da água a jusante e pode mudar o micro-clima local; e) A irrigação. Vários esquemas de irrigação são utilizados para aumentar a produtividade da terra desde os primórdios da agricultura; Ela tem sido empregada em grande escala à terras que de outra forma seriam totalmente inadequadas para a agricultura; Há muitos benefícios com esta prática, como também, traz dentre eles alguns problemas: Efeitos ambientais na construção de represas, poços, canais e obras de contenção necessárias para sustentar a irrigação; Lençóis freáticos rebaixados onde os poços são a fonte; Redução da qualidade da água do subsolo através da introdução de pesticida e fertilizantes ou concentração de elementos tóxicos naturalmente previstos Acumulação de sal em solos irrigados em zonas áridas; f) Fertilização e eutroficação (ou eutrofização) Fertilizantes são substâncias que intensificam ou aumentam a produtividade de um sítio; O seu uso traz conseqüências como: * Partes destes produtos tomam caminhos para o subsolo e de lá para: os rios, lagos e oceanos; * Os nitratos, fosfatos e outros fertilizantes inorgânicos têm o mesmo efeito nos rios e lagos que têm em terras cultivadas: eles aumentam a produção biológica. 15 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL A eutroficação caracteriza-se pela sobre-produção dessa fertilização artificial, que pode causar uma mudança na composição de espécies de um rio ou lago e outras conseqüências como: Esses fertilizantes inorgânicos podem transformar águas oligotróficas e claras em ambientes turvos que são menos atrativos para a recreação. A entrada desses nutrientes perturbam os ciclos sazonais de uso e regeneração dos nutrientes em corpos naturais de água, levando à acumulação de material orgânico, altas taxas de decomposição bacteriana e desoxigenação ou poluição da água – levando a mortandade de peixes. A entrada direta de resíduos orgânicos, como esgoto e o escoamento diário de alimentos, impõem um problema maior para a qualidade de água. Materiais orgânicos suspensos ou dissolvidos na água criam o que é conhecido como demanda biológica de oxigênio, significando que a decomposição desses materiais por bactérias consome o oxigênio presente na água. Algumas formas para reduzir estes problemas: Cortar as fontes externas de nutrientes orgânicos: Desviando absorvê-los. as entradas para corpos de água maiores que possam Tratamento aprimorado do esgoto, que pode restaurar as condições naturais. Os custos destas soluções têm sido mais do que pagos em longo prazo pelos benefícios de uma melhor qualidade da água para pesqueiros, saúde pública e a recreação. A ecologia humana é o último desafio. As soluções para a crise ambiental exigirão novas atitudes que provam a sustentabilidade e a auto-restrição. A população humana está consumindo os recursos mais rápido do que são regenerados pela biosfera; Libera tantos rejeitos que a qualidade do ambiente está se deteriorando numa taxa alarmante; Solução: Exigir pôr um fim ao crescimento populacional; 16 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Desenvolver fontes de energias sustentáveis; Proporcionar a regeneração de nutrientes e outros materiais; Restaurar habitats deteriorados; 1.3 - Componentes Socioambientais 1.3.1 – Variáveis relacionadas a determinantes sociais. O homem, no modelo econômico vigente, tem criado distorções e desigualdades gritantes na distribuição das riquezas e, conseqüentemente, da oportunidade de acesso aos bens produzidos e aos serviços de saúde, educação e outros. Entre os bens desigualmente distribuídos, pode ser citada a infra-estrutura urbana, com suas características de saneamento básico, coleta de lixo, serviços de assistência médica e outros, fundamentais para a manutenção da qualidade da saúde e, conseqüentemente, da qualidade de vida. O indivíduo com saúde deficiente é desprovido de iniciativa e de energia para produzir, quer seja na vida escolar, quer seja na profissional: assim, sua produção é baixa. Com uma produção deficiente, seus rendimentos pessoais (e geralmente também o familiar) são baixos, determinando a este indivíduo e seus familiares uma alimentação deficitária, habitação precária e educação insuficiente, ou mesmo ausente. Seu meio ambiente, na imensa maioria das vezes é mal saneado, insalubre. Todos esses fatores associados culminam com uma saúde deficiente, completando o ciclo. Uma sociedade composta por indivíduos com estas características (impostas, via de regra, pela própria estrutura social), dispende grande parte de seus recursos destinados à saúde com serviços médicos curativos, em detrimento de investimentos na promoção da saúde e na medicina preventiva. Como os investimentos na medicina curativa não se traduzem em melhoria da saúde da população, mas tão somente, na recuperação de indivíduos já doentes (uma vez que não é capaz de impedir que as doenças acometam os indivíduos), esse modelo de serviço médico cai no descrédito da população e é desmoralizado. Com a população cada vez mais e mais doente, ele também não é capaz de atender à demanda crescente, agravando mais ainda o descontentamento por parte da população. 17 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Ambientes Humanos. 1) Ambientes Naturais ou Primitivos. Aqueles que não sofreram qualquer interferência humana. Ambiente Pré-Agrícola: Calcula-se que 90% do tempo do homem na Terra foi ocupado com atividades denominadas de pré-agrícolas, (caça, pesca, coleta de vegetais; frutas, raízes, etc.). Era regido por leis naturais, da seleção natural. Estima-se que o homem aprendeu a controlar o fogo há 700 mil anos atrás. A partir daí, supõem-se, que tenham se iniciado as transformações intencionais no ambiente, através da prática das queimadas. Estas teriam representado as primeiras grandes pressões ambientais exercidas pelo homem. Atualmente, praticamente não se pode mais considerar que ainda existam ecossistemas completamente primitivos, porque mesmo que ainda não tenham sofrido diretamente a ação do homem, sua atuação sobre outros ecossistemas influenciam e modificam indiretamente os primeiros. Ex1.: Podemos citar a própria bromélia como exemplo. Mesmo que o homem não interfira com o pequenino ecossistema existente na bromélia, se ele interferir com a floresta onde se encontra essa bromélia, vai acabar interferindo nela, indiretamente se for cortada a árvore onde a bromélia está agarrada, ela será morta e todas as espécies que a habitavam e dela dependiam para viver também serão mortas. Ex2.: A poluição atmosférica, levando ao aquecimento do planeta, está provocando o aumento do degelo nas calotas polares, como conseqüência temos a subida do nível dos oceanos, o que tem provocado a invasão do mar em inúmeras cidades litorâneas do mundo, a maior parte delas muito distantes das fontes poluidoras. Ex3.: A contaminação e poluição das águas (rios, praias, etc.) permitindo que esses contaminantes e/ou poluentes sejam carreados para os oceanos e que parte deles fique armazenada em organismos marinhos (peixes, algas, crustáceos, etc.), atingindo regiões distantes poluindo ou contaminando essas regiões (ex.: Cólera). Ex4: Mulheres Inuit (Groenlândia e no Ártico canadense) apresentam uma concentração de PCB no seu leite muitas vezes maior do que as mulheres 18 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL que vivem em países industrializados (no entanto, nunca se utilizou PCBs nessas regiões). 2) Ambientes Artificiais, Modificados ou Antrópicos. Seriam aqueles ecossistemas que sofreram, em graus variáveis, a atuação do homem. Características dos ecossistemas antrópicos: 1ª) As suas funções são controladas por fatores sociais, econômicos e políticos, mais do que por fatores naturais; 2ª) Sua estabilidade depende da entrada contínua de recursos de vários tipos, trazidos pelo homem (ex.: energia, fertilizantes, etc.), diferentemente do que ocorre no ecossistema natural, onde os recursos que entram ou saem são trazidos e levados por agentes físicos (vento, água, . . . ) e biológicos (migração de animais); 3ª) As mudanças no equilíbrio do ecossistema natural são determinadas por mecanismos genéticos das populações (mutações) e por alterações climáticas, geralmente demandando longos períodos de tempo. As mudanças no equilíbrio do ecossistema antrópico, ao contrário, são freqüentemente radicais e ocorrem em períodos muito curtos de tempo (enquanto as mudanças no equilíbrio de ecossistemas naturais podem levar milhões de anos para ocorrerem, as mudanças nos ecossistemas antrópicos podem ocorrer em uns poucos anos de atividade humana). Ambiente Rural-Agrícola (Ambiente Produtor ou Exportador) A atividade agropecuária foi e tem sido responsável por intensas e extensas mudanças no ecossistema. Ela iniciou com a domesticação, evoluiu para o sistema de produção e, finalmente, para o de monocultura, onde se utiliza extensas áreas de terra para a produção de um único produto. Na América do Sul, o sistema de produção é muito antigo: a domesticação surgiu há cerca de 14 mil anos atrás e existem evidências de cultivo de milho no México e na Amazônia desde tempos pré-históricos e de 7.000 anos atrás. A agricultura representou o maior e mais duradouro impacto da história da humanidade sobre o planeta. Determinou profundas transformações no ambiente, com quebra do equilíbrio e limitação da biodiversidade. Conseqüentemente, os ciclos de sustentação da vida tornaram-se muito vulneráveis, dependendo de meios inteiramente artificiais para serem mantidos (fertilizantes, pesticidas, irrigação artificial, maquinarias, etc.). 19 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL O nomadismo foi substituído pelo sedentarismo (fixação das comunidades junto a áreas cultivadas). Essas populações foram crescendo (houve uma redução na mortalidade e um aumento da natalidade), incrementando a necessidade de cada vez mais terras para produção de mais alimentos. Foram, então, crescendo de freqüência e extensão os desflorestamentos, as irrigações, as transformações topográficas, etc. Como efeitos secundários (“seqüelas”) vieram o desgaste pelo uso intensivo, o empobrecimento do solo, as erosões decorrentes da falta de cobertura vegetal e, conseqüentemente, a necessidade de intensificação da utilização de meios artificiais para manutenção da produtividade do solo, encarecimento do processo de produção, empobrecimento das populações, doenças e desertificação morte dos ecossistemas. Esse processo de transformação da paisagem não é coisa recente. Estima-se que a cobertura vegetal da região do Mediterrâneo foi destruída há cerca de 2.500 anos. A civilização Maia, ainda na era pré-colombiana parece ter desaparecido pelas excessivas alterações provocada no meio em que vivia. Atualmente, desde a década de 60, a Amazônia vem sofrendo extenso processo de desflorestamento, tanto para extração de madeira de lei e garimpo, como também para finalidades agropecuárias. Ambiente Urbano-Industrial. A cidade representa o ecossistema onde a artificialidade atinge seu grau mais elevado a ponto de, praticamente, desvincular o homem de seu relacionamento com a natureza. Os problemas decorrentes do ambiente antrópico urbano tendem a ser muito mais concentrados se comparados com os do ambiente antrópico rural. A atividade humana é predominantemente industrial e prestadora de serviços. A quase totalidade, senão a totalidade, da energia necessária deve ser provida pelo ambiente rural (produtor); por isso, também recebe o nome de AMBIENTE CONSUMIDOR ou IMPORTADOR. Antes da revolução industrial (Sec. XVII), as cidades representavam a sede do poder social (governantes e religiosos), além de reunir, também, parte da população representada por artesãos e artistas. A partir da revolução industrial é que teve início à concentração urbana. Movimento crescente, cujos níveis máximos estão previstos para o início deste milênio. 20 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL Atualmente, nos países industrializados, aproximadamente 75% da população vive em áreas urbanas. Nos países em desenvolvimento, observase a mesma tendência, ou seja, as áreas urbanas têm apresentado crescimento demográfico rápido e intenso, enquanto o meio rural vem, progressivamente, sofrendo esvaziamento. A energia entra neste ambiente de forma maciça. É representada principalmente pelos combustíveis e pela eletricidade (a energia recebida é destinada ao consumo dos habitantes, não apenas sob a forma de alimentos como também na transformação de materiais, transporte, construções, etc.). Em decorrência, produzem-se resíduos (calor e dejetos - descargas industriais, esgoto, lixo, sucata, etc). A maior parte dos resíduos é lançada fora do ambiente de forma bastante concentrada, em número relativamente reduzido de locais e não muito distante (áreas de periferia), mas uma significativa parte destes resíduos gerados, acaba sendo carreada por elementos da natureza, com chuvas e ventos, podendo atingir regiões muito distantes das fontes geradoras. O uso da energia artificialmente produzida gera calor, que é liberado na atmosfera. Dependendo do número dessas fontes e, conseqüentemente, da intensidade da produção de calor, a temperatura do ar urbano pode se elevar em relação a das áreas circundantes. Acrescido a isso, a retenção de calor pelo asfalto, pelas paredes de edificações e a verdadeira “barreira” à circulação do ar, e conseqüente dispersão do calor representada pelos prédios “colados” uns aos outros, agravam o aquecimento das áreas urbanas. Em resumo, do ponto de vista ecológico, o desenvolvimento do ecossistema urbano-industrial resulta em manipulação intensa e profunda do meio ambiente. Isso implica em modificações da paisagem, das comunidades, com suas conseqüências fisiológicas e dos fatores de ordem cultural, econômica e política, todos influenciando, isolada ou coletivamente, na qualidade de vida e saúde da população humana ali residente. Ambientes de Periferia dos Centros Urbanos. Embora não exista, oficialmente, esta classe de ambiente antrópico, o ambiente de periferia possui tanto características que o diferencia quanto características que o aproxima dos ambientes rural-agrícola e urbanoindustrial: a elevada densidade populacional, própria dos grandes centros freqüentemente é observada nas periferias destes centros; por outro lado, a falta de infra-estrutura urbana de pavimentação, iluminação, saneamento 21 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL básico, saúde e educação, o torna semelhante ao ambiente rural, que geralmente carece destes serviços. A combinação destes dois fatores transformam o ambiente de periferia numa verdadeira bomba-relógio, prestes a explodir sob o mais leve estímulo: grandes epidemias têm início neste ambiente, deflagradas por contaminação da água de beber por esgoto doméstico, episódios dramáticos de violência provocados pelo excesso de tensão social, acidentes com substâncias tóxicas inadequadamente despejadas nestes locais e inadvertidamente manipuladas por crianças e adultos, etc. Este ambiente se forma, em geral, por que as condições de trabalho e remuneração no ambiente rural-agrícola se tornam insustentáveis, levando as populações rurais a migrarem em direção aos grandes centros, em busca de melhores condições de vida. Nos grandes centros, no entanto, já há um excesso do contingente de trabalhadores sem que haja oferta de emprego correspondente; esses trabalhadores rurais, sem qualquer tipo de qualificação para atividades industriais, comerciais ou de prestação de serviço, não conseguem se inserir no mercado de trabalho e, conseqüentemente, ficam à margem da sociedade local, acabando por se fixarem nos arredores da cidade, em habitações improvisadas, em condições insalubres, exercendo pequenas atividades da economia dita “informal” ou, algumas vezes, entrando para a ilegalidade; raras vezes retornam ao local de origem. Ambiente Degradado. Seria representado por aquele ecossistema antrópico sobre o qual a interferência e o conseqüente impacto exercido sobre ele, decorrente das atividades humanas, ultrapassaram sua capacidade de absorção/depuração, ou seja, houve uma saturação do ambiente por fatores poluentes e contaminantes e/ou uma utilização excessiva dos recursos disponíveis, e/ou, ainda, modificações irreversíveis das características naturais daquele ambiente, tornando-o prejudicial ou, até mesmo, inviável à sobrevivência da maior parte dos seres vivos (desertificação). A degradação ambiental, até certo ponto, pode ser reversível (ainda que às custas de um elevado preço, muito trabalho e um longo tempo); a partir de um determinado grau de degradação, o processo torna-se irreversível. Interação Homem-Meio Ambiente: as Agressões Ambientais e os Mecanismos de Defesa do Homem. 22 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL A interação estabelecida entre as variadas espécies existentes num dado ecossistema, implica em uma série de pressões/agressões sobre estas espécies, inclusive sobre o homem. Conforme o ser humano modifica o ambiente com suas atividades produtivas, seu estilo de vida e lança no ambiente os refugos inerentes a ambos, ele cria fatores de pressão sobre as demais espécies vivas e sobre si mesmo. Na busca de solucionar ou contornar os problemas decorrentes destas pressões, ele faz uso de diferentes tipos de mecanismos de defesa, alguns voluntários, outros não: 1o) Mais alterações no ambiente, tentando readequar o ambiente às suas necessidades de sobrevivência. Ex.: construção de edificações com isolamento térmico; com temperatura controlada; tratamento da água de abastecimento; utilização de equipamentos tipo “sterilair”. 2o) Adaptações relacionadas a mudanças de hábitos e costumes. Ex.: colocação de filtros em cigarros; cigarros com “baixos teores”; criação e proliferação de academias de ginástica para contrabalançar a vida sedentária que a própria tecnologia ajudou a instituir; alimentação “diet” ou “light” 3o) Seleção Natural – as mutações ocorrem ao acaso e, aquelas favoráveis à sobrevivência da espécie, se perpetuam, sendo passadas às próximas gerações. A seleção natural tem sido o critério principal pelo qual as espécies evoluem e também pelo qual muitas desaparecem. O homem, cada vez mais, interfere também nesta seara, na medida em que, através de mecanismos como o do melhoramento genético, utilizado com a justificativa de maior produtividade dos rebanhos e plantações, da busca de características fenotípicas desejáveis esteticamente em diferentes raças de animais domésticos, ou de maior rusticidade e resistência a doenças tanto animais quanto vegetais, e, atualmente, através da engenharia genética, em que ele, ao invés de se ater a cruzar raças já existentes, passa a “criar”, tal como um deus, espécies, variedades de espécies, alimentos transgênicos, clones, etc. Com relação à espécie humana, em que pese que, ainda, não se faz uso da engenharia genética para o controle da reprodução humana, ou tal procedimento vai tentar ser utilizado para criarmos novos seres capazes de 23 NORMALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL sobreviver num planeta tão inóspito como o que estamos transformando a Terra, ou as pressões exercidas pelo homem sobre o planeta pode acabar inviabilizando sua permanência na Terra num futuro não muito distante. É possível que, através de algum processo de seleção natural, sobrevivam exemplares humanos capazes de resistir e continuarem povoando um ambiente tão degradado ou, por outro lado, é possível que, também através da seleção natural, surjam exemplares humanos tão evoluídos que sejam capazes de fazer reverter esse processo de destruição ambiental. “A chave para a sobrevivência da população humana é desenvolver interações sustentáveis com a biosfera. Isto exigirá um controle do crescimento populacional humano ou uma crescente dependência de fontes renováveis e a total reciclagem dos resíduos materiais. Manter uma biosfera sustentável requer que conservemos os processos ecológicos responsáveis por sua produtividade” Bibliografia consultada: SAUERBRONN, Maria Lucia. Saúde Ambiental e Qualidade de Vida Gestão Ambiental Urbana. GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos na agricultura sustentável. Editora da UFRGS. 1999. 24