a ludicidade e a modelagem no ensino de genética e

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A LUDICIDADE E A MODELAGEM NO ENSINO DE GENÉTICA E
PROBABILIDADE NO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO
Géssica Rodrigues da Silva – UFTM1
Letícia Martins Pimentel – UFTM2
Lorena Silva Oliveira – UFTM3
Agência Financiadora: CAPES
Resumo
Nesse estudo trabalhou-se com os princípios básicos da probabilidade ligados diretamente à
Genética, parte da Biologia que estuda a passagem das características biológicas e físicas de
geração para geração. O objetivo deste trabalho foi utilizar material lúdico e as Tecnologias
de Informação e Comunicação - TIC no processo de modelagem para a construção do
conhecimento sobre Probabilidade e Genética (Primeira Lei de Mendel) capaz de melhorar o
mecanismo de ensino e aprendizagem dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio. No intuito
do desenvolvimento da pesquisa, pretendeu-se trabalhar com uma turma do terceiro ano do
Ensino Médio em uma escola estadual da cidade de Uberaba em Minas Gerais. Após a
entrega dos vídeos, estes foram analisados como forma de avaliar se o objetivo principal do
trabalho foi alcançado, ou seja, se através da ludicidade, do uso das TIC e da modelagem, os
alunos conseguiram construir o conhecimento sobre probabilidade e genética associada à
Primeira Lei de Mendel. Percebeu-se que o envolvimento dos estudantes durante o processo
aconteceu de forma variada, ou seja, alguns se dedicaram mais e poucos deixaram de
aproveitar a oportunidade de aprendizagem. Contudo, a análise do processo foi feita de
maneira contextualizada e assim, a metodologia utilizada confirmou-se como uma forma de
abordagem positiva no ensino de Genética e Probabilidade. O presente trabalho pretendeu,
através do lúdico, da modelagem e do uso das TIC, estabelecer a relação existente entre a
genética e a probabilidade, buscando solidificar os conhecimentos dessas duas disciplinas,
pois se complementam.
Palavras-chave: Ludicidade; Modelagem; Probabilidade; Genética; Ensino Médio.
1
Graduanda em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Membro do
grupo de pesquisa cadastrado no CNPq - Grupo de estudos em Educação Estatística e Matemática – GEEM.
Bolsista do PIBID Matemática UFTM. E-mail: [email protected].
2
Graduanda em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Membro do
grupo de pesquisa cadastrado no CNPq - Grupo de estudos em Educação Estatística e Matemática – GEEM.
Bolsista do PIBID Matemática UFTM. E-mail: [email protected].
3
Graduanda em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Membro do
grupo de pesquisa cadastrado no CNPq - Grupo de estudos em Educação Estatística e Matemática – GEEM.
Bolsista do PIBID Matemática UFTM. E-mail: [email protected].
Introdução
A probabilidade é uma ciência que está presente no cotidiano de todas as pessoas. São
diversas as situações que envolvem inúmeros resultados possíveis e favoráveis. Nesse estudo
pretende-se trabalhar com os princípios básicos da probabilidade ligados diretamente à
genética, parte da biologia que estuda a passagem das características biológicas e físicas de
geração para geração.
A escolha do tema justifica-se pelo fato de que existe certa dificuldade dos alunos
sobre o processo de ensino-aprendizagem da probabilidade e da genética. Estes alunos não
conseguem compreender a relação entre elas, talvez pelo fato da maioria dos livros didáticos
do ensino médio tratar os conceitos de probabilidade através dos jogos de azar (baralho,
moedas e dados).
Quanto à Genética sabe-se que há estreita relação com a probabilidade, sendo
necessárias três décadas para a compreensão das leis de Mendel, quando se partiram do
princípio de que a formação dos gametas se originava das leis da probabilidade.
Assim, acredita-se que a aprendizagem da genética proporcionará aos alunos que
aprendem matemática uma melhor compreensão de que a probabilidade vai além de jogos de
azar e também oferecer a eles a oportunidade de rever conceitos matemáticos.
Segundo estudos realizados por Lopes (2005) sobre os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) a probabilidade é muito útil na sociedade atual, devido a necessidade que há
nos indivíduos de compreenderem as informações veiculadas, fazer previsões que influenciam
suas vidas pessoais e em comunidade. Seguindo, tem-se a grande dificuldade em ensinar
probabilidade para o Ensino Médio associado ao fato do aluno trazer “traumas” do tempo de
estudo, pois não entendia a falta de utilidade de certos conteúdos. Escolheu-se este tema por
concordar-se que traz vantagens para os alunos e para a sociedade.
Segundo Inocêncio (2001), com os avanços atuais evidenciados na genética, o sistema
educacional brasileiro tem necessidade de adequar-se à realidade, aproximando a escola dos
novos conceitos.
Os resultados dos trabalhos realizados em ensino de genética têm mostrado a
necessidade de investigar com maior profundidade o ensino da biologia em geral e da
genética em particular (BUGALLO RODRÍGUEZ, 1995). Ainda cita que no começo dos anos
oitenta surgiram trabalhos de grande interesse para a didática da genética, trabalhos
relacionados aos conteúdos de biologia mais difíceis de aprender, conteúdos mais importantes
e difíceis para os professores de Ensino Médio tendo destaque três campos da genética:
mitose e meiose, genética mendeliana e teoria cromossômica.
Problemas decorrentes do desenvolvimento da genética não podem deixar de compor
o atual currículo de Biologia, visto que podem ser formadas lacunas graves na formação dos
alunos, pois são organizadores conceituais com vínculos estreitos com as relações ciência e
tecnologia e as perspectivas pessoais e sociais da ciência (KRASILCHIK, 2001).
Segundo Smith e Sims Jr. (1992), trabalhando o desenvolvimento cognitivo, resolução
de problemas e ensino de genética, constataram que os esquemas de combinações,
operacional-formal, proporções, e probabilidade não são estritamente requeridos para a
solução da maioria dos problemas genéticos clássicos típicos e que alguns, mas não todos os
conceitos genéticos têm poucos atributos e exemplos perceptíveis, tornando-se, portanto, mais
difíceis de concretizar o entendimento operacional dos estudantes.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ensino Médio no que se refere ao
conteúdo de Genética cita o seguinte:
[...] São necessárias noções de probabilidade, análise combinatória e
bioquímica para dar significado às leis da hereditariedade, o que
demanda o estabelecimento de relações de conceitos aprendidos em
outras disciplinas. De posse desses conhecimentos, é possível ao aluno
relacioná-los às tecnologias de clonagem, engenharia genética e outras
ligadas à manipulação do DNA, proceder a análise desses fazeres
humanos identificando aspectos éticos, morais, políticos e econômicos
envolvidos na produção científica e tecnológica, bem como na sua
utilização; o aluno se transporta de um cenário meramente científico
para um contexto em que estão envolvidos vários aspectos da vida
humana. É um momento bastante propício ao trabalho com a
superação de posturas que, por omitir a real complexidade das
questões, induz a julgamentos simplistas e, não raro, preconceituosos
(BRASIL, 1999, p. 42).
Assim, o objetivo deste trabalho é utilizar material lúdico e as TIC para a construção
do conhecimento sobre Probabilidade e Genética (Primeira Lei de Mendel) capaz de melhorar
o mecanismo de ensino e aprendizagem dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio.
Assim, o presente trabalho ainda pretendeu levantar a necessidade de determinar a
relação da Genética com a Probabilidade, buscando solidificar os conhecimentos nessas duas
áreas do conhecimento, além de mostrar aos alunos que os conteúdos se complementam, tais
como a Biologia e a Matemática.
1. A Primeira Lei de Mendel
Atualmente, no Brasil, apesar das inovações científicas e tecnológicas fazerem parte
dos currículos escolares das escolas públicas, grande parte dos alunos não contextualiza o
ensino de Biologia, com destaque aos conteúdos de Genética, que se tem na escola com a sua
realidade. Assim, Oca (2005) relata que os conteúdos de Genética na Educação Básica
pública, muitas vezes, são considerados difíceis e desinteressantes, não permitindo ao aluno
fazer a correlação de que tópicos como ciclo celular, constituição e funcionamento da
molécula de DNA, entre outros, abordados em sala de aula são a base para a criação de
tecnologias que darão origem, por exemplo, aos transgênicos.
Santos (2008) diz que as primeiras pesquisas na área da hereditariedade e da genética
datam de 1856, realizadas pelo monge Gregor Mendel, um professor de ciências com grande
interesse em Botânica, iniciou seus experimentos com as ervilhas que ele mesmo havia
plantado. O trabalho de Mendel durou cerca de 8 anos. Durante esse tempo, ele polinizou as
plantas com cuidado, separou as sementes, para plantá-las separadamente, e analisou as
gerações sucessivas. Os precursores da ciência que hoje conhecemos pelo nome de Genética
possuíam recursos científicos e tecnológicos muito simples.
Em suas experiências, Mendel utilizou 34 variedades da ervilha Pisum sativum. A
planta foi escolhida por recomendação de outros biólogos, por possuir flores grandes e
características facilmente identificáveis, como, por exemplo, cor e textura das ervilhas, cor
das vagens, cor das flores e altura das plantas. Além disso, a Pisum sativum é uma planta que
faz autofecundação. E sua prole é sempre idêntica à planta original - a não ser que sofra
fertilização artificial ou cruzada.
Em um de seus experimentos, Mendel cruzou duas plantas de linhagem pura, uma com
sementes amarelas e outra com sementes verdes. O monge verificou, então, que todos os
descendentes eram idênticos a um dos genitores. No caso, o traço fenotípico de um dos
genitores não se expressava: todos os descendentes da primeira geração possuíam sementes
amarelas. Mendel chamou de dominante a característica que aparecia na geração F1 e de
recessiva a característica que não se expressava.
Mas Mendel cruzou os indivíduos da geração F1 entre si e obteve plantas, na geração
F2, com a característica dominante (sementes amarelas) e com a característica recessiva
(sementes verdes), na proporção de 3:1. Ou seja, 75% das plantas da geração F2 tinham
sementes amarelas e 25% tinham sementes verdes. Com esses resultados, Mendel concluiu
que a característica recessiva não desaparecia na primeira geração, mas apenas ficava
escondida.
De acordo com Mendel, as características hereditárias são condicionadas por pares de
fatores hereditários. Hoje em dia, tais fatores são conhecidos como genes. As plantas puras
são portadoras de apenas um tipo de fator (VV ou vv). As plantas híbridas são portadoras de
um fator dominante e de um recessivo (Vv).
A primeira lei ou princípio formulado por Mendel, com base em seus experimentos,
diz que os genes são distribuídos independentemente, sem mistura. Os dois alelos de cada
gene presente em um indivíduo separam-se na formação dos gametas. Os alelos são formas
distintas do gene. Por exemplo: o alelo que condiciona a presença de sementes verdes e o
alelo que condiciona a presença de sementes amarelas.
Estes alelos, na formação dos gametas, são separados e, desta forma, por exemplo, pai
e mãe transmitem apenas um para seu descendente. É importante destacar, que nessa lei
apenas uma característica fenotípica é estudada, ou seja, para cada gameta masculino ou
feminino encaminha-se apenas um fator.
Toda característica do indivíduo apresenta, no mínimo, duas variedades, cada uma é
determinada por um gene. Por exemplo: a textura do cabelo pode ser lisa ou crespa, etc. Os
genes que determinam variedades diferentes do mesmo caráter são denominados alelos. Cada
gene ocupa um local específico (lócus genético) no cromossomo.
Os genes alelos expressam o genótipo de um indivíduo, ou seja, sua constituição
genética para uma determinada característica. O genótipo, influenciado pelas interferências do
meio ambiente, se expressa no fenótipo, que representa o somatório de todas as características
observáveis em um indivíduo. Quando um determinado caráter é condicionado por alelos
iguais, o indivíduo denomina-se homozigoto. Se os alelos forem diferentes, denomina-se
heterozigoto. O alelo dominante é representado por uma letra maiúscula, por exemplo, “A”; o
recessivo é representado por letra minúscula, por exemplo, “a”.
Segundo Borges, Lima (2007) e Durbano et al. (2008), boa parcela dos alunos
brasileiros sai do ensino médio entendendo, por exemplo, que as leis de Mendel são apenas
“letras” que se combinam em um cruzamento, não conseguindo fazer a associação de que
essas “letras” como AA ou Aa, que são apenas símbolos, são sequências nucleotídicas, que
representam os genes, e estão localizadas nos cromossomos, se segregando durante a meiose
para a formação dos gametas. Mais do que isso as leis de Mendel são a base para a
compreensão das características hereditárias passadas de geração a geração como o
aparecimento em uma geração da prole de uma determinada doença, ou então para produzir
uma prole de animais de interesse econômico.
Isto pode ser verificado em um trabalho realizado por Fabrício et al. (2006), com 136
alunos, do 3˚ ano do Ensino Médio, de escolas públicas estaduais da região metropolitana da
cidade de Recife, Pernambuco, onde avaliou-se os conhecimento deste público sobre as leis
de Mendel. A partir dos resultados estes autores verificaram que a maioria dos alunos
entrevistados não soube definir gene, não soube associar o gene as leis e a grande maioria
associou as leis apenas com as letras que simbólica e didaticamente representam os genes
durante a segregação na meiose.
2. O uso do Lúdico e das Tecnologias de Informação e Comunicação- TIC no ensino de
Probabilidade e Genética
A cada dia se torna mais evidente o avanço tecnológico na sociedade. Vive-se em uma
era onde se prioriza a rapidez da transmissão de informações e da troca de experiências. Os
jovens de hoje estão em constante contato com as novas tecnologias, sobretudo as
relacionadas ao campo da informática.
Pombo e Martinho, (2009, p.1), falam sobre a principal ferramenta que se deve
considerar ao abordarmos as Tecnologias da Informação e da Comunicação - TIC. Das várias
ferramentas, métodos e técnicas que coexistem nas escolas no domínio das TIC, o computador
destaca-se, pois é o elemento em relação ao qual existe uma maior interação.
As TIC podem apoiar a aprendizagem de conteúdos e o desenvolvimento de
capacidades específicas, tanto através de software educacional como de ferramentas de uso
corrente (PONTE, 2002, p. 2).
Na escola é de fundamental importância o trabalho em grupo, a troca de experiências,
e pode-se ter esse acesso de uma maneira mais ampla e dinâmica por meio das TIC. Elas
“constituem ainda um meio de comunicação a distância e uma ferramenta para o trabalho
colaborativo (permitindo o envio de mensagens, documentos, vídeos e software entre
quaisquer dois pontos do globo)” (PONTE, 2002, p. 2).
Sobre a importância das tecnologias para o aprendizado dos conteúdos de genética,
Cardoso e Oliveira, (2010, p.14), noz diz que após procurar entender as dificuldades no
ensino-aprendizagem de genética, mencionei que as Tecnologias da Comunicação Digital,
segundo diversas pesquisas, auxiliam o processo de ensino-aprendizagem.
Cardoso e Oliveira (2010) apresentam-se as principais dificuldades encontradas pelos
alunos na aprendizagem dos conteúdos de Genética:
Além da abstração do conteúdo já mencionada, foram também
indicadas: a baixa aprendizagem dos alunos – por falta de
conhecimento básico, principalmente na área da matemática, o que
dificulta no aprendizado das leis de Mendel, das probabilidades
genéticas, de genética das populações - e a formação recebida pelos
professores. (CARDOSO e OLIVEIRA, 2010, p.7).
Um das experiências contadas por um dos professores entrevistados, ao falar sobre
como lida com as dificuldades dos alunos em relação ao aprendizado de genética é a deque
tenta minimizar as dificuldades deles levando muitos recursos, como data show, uso também
vídeo, em muitas matérias de revista pra estimular discussões, realiza-se trabalhos em grupo
(CARDOSO e OLIVEIRA, 2010, p.7).
Segundo Negrine (2000), a capacidade lúdica relaciona-se diretamente com a préhistória de vida do indivíduo. Afirma ser um estado de espírito e um saber que vai se
instalando progressivamente na conduta do ser devido ao seu cotidiano.
Caillois (1986) afirma que o caráter gratuito presente na atividade lúdica é a
característica capaz de deixá-la desacreditada diante da sociedade moderna. Porém, é
justamente devido a essa que o sujeito sente-se entregue à atividade despreocupadamente.
Freinet (1998) refere-se às práticas lúdicas da seguinte maneira:
(...) um estado de bem-estar que é a exacerbação de nossa necessidade
de viver, de subir e de perdurar ao longo do tempo. Atinge a zona
superior do nosso ser e só pode ser comparada à impressão que temos
por uns instantes de participar de uma ordem superior cuja potência
sobre-humana nos ilumina (FREINET, 1998, p. 304).
3. Procedimentos Metodológicos
O objetivo principal desse trabalho é utilizar o material lúdico e as TIC na construção
do conhecimento sobre os conteúdos de Genética, mais especificamente a primeira lei de
Mendel, e Probabilidade, que possa contribuir para a aprendizagem dos alunos do terceiro ano
do Ensino Médio.
No intuito do desenvolvimento da pesquisa, pretendeu-se trabalhar com uma turma do
terceiro ano do Ensino Médio em uma escola estadual da cidade de Uberaba em Minas
Gerais.
Inicialmente, foi produzido um vídeo que tinha caráter explicativo, mas que
conseguisse despertar inquietações e o interesse dos alunos sobre o conteúdo incluso na mídia
utilizada. O material lúdico abordou os conceitos de probabilidade e genética associada à
primeira lei de Mendel, porém em um primeiro momento trouxe algumas situações em forma
de perguntas procurando levar os estudantes a terem indagações que os remeteria
posteriormente ao conceito de genética.
Na sequência, a produção contou com uma parte explicativa sobre a história de
Mendel e seus estudos utilizando ervilhas. Após esse momento, alguns conceitos básicos
sobre genética foram abordados para finalizar-se com exemplos instigantes que associavam a
probabilidade à Primeira Lei de Mendel. Nos exemplos procurou-se trazer as características
genéticas dos seres humanos, tais como a cor dos olhos, textura do cabelo e a estatura, dentre
outros. Na produção e edição do vídeo foi utilizado o software Windows Live Movie Maker.
Os alunos do terceiro ano do Ensino Médio da escola participante dessa pesquisa
assistiram ao conteúdo exposto na mídia e, por conseguinte, foi proposto a eles que
produzissem um vídeo que contemplasse a probabilidade associada à Primeira Lei de Mendel.
Dessa forma, a turma foi dividia em quatro grupos compostos por onze membros. Cada grupo
deveria criar o seu próprio vídeo.
Os jovens participantes desse processo tiveram um mês para concluírem a produção e
foram orientados a procurarem os autores desse trabalho de pesquisa e também os próprios
professores para terem qualquer tipo de dúvida respondida.
Após a entrega dos vídeos, estes foram analisados como forma de avaliar se o objetivo
principal do trabalho foi alcançado, ou seja, se através da ludicidade, do uso das TIC e da
modelagem, os alunos conseguiram construir o conhecimento sobre probabilidade e genética
associada à Primeira Lei de Mendel.
4. Resultados - Análise dos vídeos
O vídeo introdutório foi feito e os alunos tiveram aproximadamente um mês para
desenvolverem, em grupos, um vídeo de seis a dez minutos sobre a Primeira Lei de Mendel.
Esperava-se que os alunos associassem a ideia de probabilidade à genética. Não se falou sobre
isso no vídeo apresentado a eles. A intenção seria que fizessem esses avanços por meio de
pesquisas e das orientações com os seus professores juntamente com o acompanhamento dos
autores da presente pesquisa durante o processo.
O primeiro grupo não produziu um vídeo, saindo um pouco da proposta inicial. Porém,
construíram uma apresentação em slides utilizando o software Microsoft Office PowerPoint.
Guardadas as devidas proporções, poderiam ter feito um vídeo que ficaria da mesma forma da
apresentação feita em slides. Dessa forma, é possível analisar a construção quanto ao
conteúdo e verificar se os objetivos foram atingidos ou não.
Iniciaram a apresentação fazendo perguntas e utilizando exemplos onde procuraram
instigar a curiosidade dos espectadores, chegando logo após, a resposta relacionada à primeira
Lei de Mendel. Explicaram a primeira lei, sempre usando a parte teórica associada a figuras
que ilustrassem aquilo que foi dito.
Na sequência, seguiram explicando conceitos de probabilidade como experimentos
aleatórios, eventos e espaço amostral. Utilizaram exemplos como a probabilidade de se jogar
uma moeda e sair cara ou coroa. Nesse aspecto, fizeram uma boa explanação.
Por conseguinte, retomaram alguns conceitos de genética como alelos homozigotos e
heterozigotos. Aplicaram a probabilidade associada à genética utilizando um exemplo de
características fenotípicas dos seres humanos como ter covinha no queixo. Nesse momento,
cometeram um erro ao afirmarem que a característica ter covinha no queixo é recessiva
quando, na verdade, é uma característica dominante. Mesmo assim, fizeram uma boa
explicação, retirando esse pequeno equívoco.
Os alunos praticamente não procuraram os autores desse trabalho e tampouco os seus
professores foram procurados, assim, aconteceram esses pequenos erros que poderiam ter sido
evitados. De qualquer forma, acredita-se que esse grupo atingiu a proposta de construção do
conhecimento sobre probabilidade e genética associada a primeira lei de Mendel, pois
abordaram todos os temas exemplificando de forma clara e objetiva.
O segundo grupo começou seu vídeo com uma narração feita por um dos membros,
abordando os experimentos de Mendel com as ervilhas. O que está sendo narrado aparece no
vídeo. Depois dessa parte surgiu o título “Probabilidade aplicada à primeira Lei de Mendel”, o
que chamou a atenção por ser um dos itens que se esperava ser observado por eles.
A parte seguinte foi um trecho de um vídeo retirado do site www.youtube.com.br, que
se trata de um exercício de probabilidade condicional abordando ervilhas. A pessoa que fala
no vídeo resolve o exercício abordando a probabilidade de acontecer cada evento pedido e
ensinando como se calcula as probabilidades usando os conceitos de genética. Quando
termina essa parte do vídeo ainda se ouvia a pessoa explicando o exercício. Ainda faltava
resolver a outra parte quando o vídeo termina e aparece o nome dos integrantes do grupo. O
vídeo durou cerca de seis minutos.
Os alunos não procuraram fazer eles mesmos o vídeo, pois já pegaram algo pronto,
que estava sim, de acordo com o que foi proposto, mas que mesmo assim não tiveram o
cuidado de acabar de resolver o que o exercício do vídeo estava propondo.
O terceiro grupo iniciou seu vídeo com uma frase escrita da seguinte forma: “Começa
agora um vídeo onde vocês nunca mais vai esquecer Primeira Lei de Mendel”. O vídeo inicial
era um documentário falando das experiências de Mendel com as ervilhas, algo muito
parecido com o conteúdo da mídia que assistiram quando lhes foi feita a proposta desse
trabalho. Porém, no vídeo deles, em nenhum momento foi citada a palavra probabilidade ou
efetuaram o seu cálculo.
Ao término dessa parte do vídeo começa outra contemplando a Segunda Lei de
Mendel, algo que não foi abordado com eles no vídeo inicial. Só citaram o enunciado da
Segunda Lei. A parte que segue, é uma apresentação feita utilizando o software PowerPoint
que o grupo tinha feito e adicionou ao vídeo. Ressaltando que essa não foi a orientação
passada quando feita a proposta desse trabalho. Tentou-se ler o que estava escrito na
apresentação, mas mal dava tempo e já se passava para outro slide. Em alguns dos slides
tinham exercícios envolvendo cálculo de probabilidade relacionada à Primeira Lei de Mendel.
Mostraram algumas imagens e relacionaram com os exercícios.
Abordaram o albinismo, algo que não foi utilizado no vídeo produzido pelos autores
da presente pesquisa, o que foi considerado ser um fator positivo. Contudo, como os grupos
anteriores não fizeram sua própria produção, ou seja, pegaram algo pronto na internet.
Erraram também na parte que já foi citada anteriormente ao não dar o tempo suficiente para se
conseguir ler o que estava no vídeo, principalmente na parte dos exercícios. O tempo foi
inferior ao proposto, gastaram apenas quatro minutos e dez segundos.
O quarto grupo produziu um vídeo teatral de um telejornal chamado TV Genética,
simulando uma entrevista com Mendel, mostrando um pouco da sua história de vida e
posteriormente respondendo algumas questões formuladas e interpretadas pelos alunos na
tentativa de explicar a Primeira Lei.
Na produção foram utilizados alguns recursos tecnológicos na pesquisa, filmagem e
edição do vídeo. Percebeu-se um desenvolvimento original trabalhoso e interessante do grupo,
onde as perguntas respondidas, de certa forma, explicam a lei de segregação dos fatores.
Pode-se concluir que o grupo pesquisou e estudou para conseguirem realizar a construção do
vídeo.
O propósito da atividade era que os alunos percebessem a aplicação da probabilidade
no conteúdo de genética, mas durante a reprodução da película não foi apresentado algo sobre
probabilidade. Os integrantes desse grupo entenderam que o fenômeno se dá em uma
“proporção”, mas não foi explicada essa ideia, talvez por falta da procura de orientação, por
terem preferido produzir o trabalho por conta própria.
Pode-se concluir que os alunos conseguem produzir trabalhos interessantes e abordar
conteúdos que ainda não conhecem, mas ficou evidente a importância da orientação do
professor. No caso, seria imprescindível discutir o trabalho com o grupo explicando o
conceito de probabilidade e propor uma correção do vídeo mantendo a ideia do teatro. Dessa
forma, finalizariam uma atividade de pesquisa da maneira correta, utilizando os recursos
tecnológicos e pedagógicos a favor do aprendizado.
Os três grupos que produziram e editaram seus vídeos utilizaram o software Windows
Live Movie Maker.
Considerações finais
A utilização do material lúdico, das TIC e da modelagem, mostrou ser uma forma
positiva de trabalhar esses conteúdos na construção do conhecimento científico dos
estudantes. Porém, acredita-se que esses recursos podem ser ainda mais úteis se houver
efetiva participação dos alunos durante todo o processo. Em alguns momentos, isso não
aconteceu.
A partir da análise dos quatro trabalhos apresentados, evidenciou-se que todos
precisaram pesquisar para conseguir concluir seus projetos. É importante ressaltar que esses
jovens nunca tiveram contato com esses conteúdos anteriormente. Partindo dessa premissa, o
objetivo principal desta pesquisa foi atingido, pois os alunos conseguiram construir o
conhecimento sobre os conteúdos abordados, mesmo que em níveis individuais diferentes.
Percebeu-se que o envolvimento dos estudantes durante o processo aconteceu de
forma variada, ou seja, alguns se dedicaram mais e poucos deixaram de aproveitar a
oportunidade de aprendizagem. Contudo, a análise do processo foi feita de maneira
contextualizada e assim, a metodologia utilizada confirmou-se como uma forma de
abordagem positiva no ensino de genética e probabilidade.
O presente trabalho pretendeu, através do lúdico, da modelagem e do uso das TIC,
estabelecer a relação existente entre a genética e a probabilidade, buscando solidificar os
conhecimentos dessas duas disciplinas, pois se complementam. Através dessa pesquisa
espera-se contribuir para a melhoria da aprendizagem desses conteúdos propiciando uma
educação qualitativa à sociedade.
De acordo com o exposto no presente trabalho, fica evidente e indiscutível, a
importância do ensino da Genética, visto que se trata de uma área de conhecimento que evolui
com uma velocidade espantosa e tem um papel importantíssimo na formação do senso crítico
e da capacidade de tomada de decisões importantes, estando diretamente relacionado à
formação do cidadão e sua alfabetização científica.
Corroborando com Cantiello e Trivelato (2002), a aprendizagem de genética no
Ensino Médio está longe de ser satisfatória.
Concomitantemente, o Ensino de Probabilidade é de suma importância, pois esta é
uma ciência presente no cotidiano das pessoas e relaciona-se diretamente com a Genética. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) estabelecem que a principal finalidade para o
estudo de probabilidade é:
que o aluno compreenda que grande parte dos acontecimentos do
cotidiano são de natureza aleatória e é possível identificar prováveis
resultados desses acontecimentos. As noções de acaso e incerteza, que
se manifestam intuitivamente, podem ser exploradas na escola, em
situações nas quais o aluno realiza experimentos e observa eventos
(BRASIL, 1997, p. 56).
O uso do material lúdico, das TIC e da modelagem, traz a esse ensino a possibilidade
de inserir o aluno na construção do conhecimento de forma atraente, perpassando por sua
vivência no cotidiano.
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