SUMÁRIO 1. A Conquista e Colonização da América ................................................................... 02 1.1 Sessão Leitura – As Caravelas Portuguesas ................................................... 06 1.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 07 2. O Brasil Colonial ......................................................................................................... 10 2.1 Sessão Leitura – O Julgamento e a Sentença de Tiradentes ......................... 17 2.2 Exercícios de Fixação .................................................................................... 18 3. A Independência do Brasil ......................................................................................... 22 3.1 Sessão Leitura – A Vida Privada de D.João VI ................................................ 28 3.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 28 4. O Primeiro Reinado .................................................................................................... 31 4.1 Sessão Leitura – Do Poder Moderador ........................................................... 34 4.2 Exercícios de Fixação ..................................................................................... 35 5. O Período Regencial ................................................................................................... 36 5.1 Sessão Leitura – A Estadia de Giuseppe Garibaldi no Brasil .......................... 41 5.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 43 6. O Segundo Reinado ................................................................................................... 45 6.1 Sessão Leitura – A Lei Áurea .......................................................................... 53 6.2 Exercícios de Fixação .................................................................................... 54 7. As Emancipações das Colônias da América Espanhola ........................................ 56 7.1 Sessão Leitura – Bartolomé de Las Casas ...................................................... 61 7.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 63 8. A Independência dos Estados Unidos da América ................................................. 67 8.1 Sessão Leitura – Pocahontas ......................................................................... 70 8.2 Exercícios de Fixação...................................................................................... 74 Pintou no ENEM .............................................................................................................. 75 Referências ...................................................................................................................... 82 CAPÍTULO 01 A CONQUISTA E COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA Mercantilismo: Conjunto de medidas ou “práticas econômicas” do período de transição do feudalismo para o capitalismo, caracterizado principalmente pela intervenção do Estado na Economia, mas também: Metalismo; Balança comercial favorável; Incentivo a manufaturas; Incentivo a construção naval; Protecionismo alfandegário; Colonialismo; Pacto colonial. A EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA A crise do século XIV também alcançou a Península Ibérica, diminuindo a população, provocando o êxodo para as cidades e revoltas camponesas. Além disso, os metais preciosos com que se cunhavam moedas tornavam-se cada vez mais escassos. No caso de Portugal a crise foi contornada com o processo de Expansão Marítima, onde as atividades comerciais já representavam um fator importante na economia da região. Essa expansão comercial marítima tinha duplo interesse: A Burguesia Mercantil que teria mais lucros e prestígio social e ao Rei que teria mais terras poderes e riquezas. Portugal foi o primeiro país europeu a lançar-se no processo de expansão marítima, sendo que isso não ocorreu por acaso, Portugal possuía algumas vantagens que o favoreceram no período como uma posição geográfica favorável, uma burguesia mercantil acostumada com o comercio marítimo e a ausência de guerras em seu território. Fatores que contribuíram para o desenvolvimento das escolas de navegação mais avançadas da época como a Escola de Sagres em 1446. O marco inicial da expansão ultramarina portuguesa foi a conquista de Ceuta (1415), situada na costa marroquina, importante comercial e estrategicamente para a expansão árabe, simbolizava o poderio muçulmano. Como desta região saíam expedições piratas árabes, a conquista foi justificada por Portugal como sendo uma reação Cristã aos ataques Muçulmanos. Entretanto, a burguesia lusitana saiu frustrada em seus objetivos. A intenção era interceptar as caravanas de ouro, marfim, pimenta e escravos que faziam paradas em Ceuta. Mas foram tantos os assassinatos, roubos, depredações, que os árabes caravaneiros partiram para outras rotas que os livrassem dos cristãos portugueses. Essa foi a razão pela qual Portugal passou a buscar caminhos para chegar diretamente às fontes de mercadorias orientais. Em 1454, com a conquista de Constantinopla pelos turcos tornou-se ainda mais importante alcançar as Índias por mar. A aventura marinha portuguesa foi chamada de Périplo Africano, já que pretendia alcançar as Índias contornando a costa da África, o que foi realizado no decorrer do século XV. A medida que atingiam novas regiões, criavam-se feitorias (pontos no litoral onde construíam fortes, e ali permaneciam alguns homens que realizavam trocas com os nativos) sem projeto de colonização ou organização de produção agrícola, buscando-se apenas o lucro advindo de negociação de produtos da região conquistada. Na segunda década do séc. XV, as Ilhas Atlânticas dos arquipélagos de Açores, Madeira e Cabo Verde foram ocupadas por Portugal. Em 1434, os portugueses chegaram ao Cabo Bojador. O líder ad expedição, Gil Eanes, constatou então a existência de um oceano de fácil navegação ao sul. Em 1460, já se realizava um lucrativo comércio de escravos, desde Senegal até Serra Leoa. Dois anos mais tarde Pedro Sintra descobria o cobiçado ouro de Guiné. Em 1488 foi transposto o Cabo da Boa esperança. Comandados por Bartolomeu Dias, os portugueses ultrapassaram o turbulento mar da região, e cruzaram o extremo sul africano e chegaram ao Oceano Índico. A partir de então, foi aprendida uma nova rota extremamente ousada e perigosa que apesar de tudo, poderia ser extremamente lucrativa para Portugal. Em 1498, Vasco da Gama completou a epopeia marítima portuguesa aportando em Calicute, nas Índias. Para se ter uma ideia da importância e lucratividade do acontecimento, basta mencionar que os navios de Vasco da Gama trouxeram, em apenas uma viagem, o que os venezianos conseguiam transportar por terra durante um ano. No final do século XV, Portugal detinha a exclusividade da rota atlântica das especiarias e dos artigos de luxo – o mais importante setor do comércio internacional. A ESPANHA E O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA: Convém lembrar, mais uma vez, a conexão que existiu entre a centralização política e a expansão comercial. Assim, a medida que outros reinos se unificavam, laçavam-se também para a expansão marítima Concomitantemente a expansão portuguesa que ia desvendando os segredos dos mares e ampliando o seu comércio junto às regiões da 4 costa africana, a Espanha ainda via-se envolvida em conflitos bélicos pela expulsão dos mouros que ainda ocupavam parte de seu território. Vale lembra também, que a Espanha, por exemplo, conseguiu a sua unificação política com o casamento de dois reis católicos: Fernando de Aragão e Isabel de Castela (1469). A partir daí, eles intensificaram o movimento da Reconquista, expulsando definitivamente os mouros em 1942 e conseguindo assim unificar seu território. Com a expulsão dos mouros e a necessidade de uma rota comercial marítima até as índias, os Reis Fernando e Isabel decidiram patrocinar uma expedição de um navegador que anunciado um audacioso plano de atingir as Índias que havia sido rejeitado por Portugal que já estava envolvido em seus próprios planos: Cristóvão Colombo. No mesmo ano os reis católicos iniciaram a expansão ultramarina espanhola, financiando uma expedição que comandada por Cristóvão Colombo , pretendia chegar as Índias navegando pelo Ocidente. Aconteceu que Colombo acabou “encontrando” um novo continente e mudando de uma vez por todas o cenário europeu a partir dali: a América. A BULA INTERCOETERA E O TRATADO DE TORDESILHAS: Diante da “descoberta” do novo mundo, os Reis de Portugal e Espanha, apressaram-se em assegurar domínios e direitos sobre as novas terras – a Espanha pelo direito da descoberta e Portugal se valendo pelo tratado assinado entre as duas nações em 1480 (Tratado de Alcaçovas-Toledo) em que asseguravam a divisão sobre qualquer terra que viesse a ser descoberta no ultramar. Na eminência de uma guerra entre Portugal e Espanha, buscou-se a intervenção papal (Papa Alexandre VI, espanhol), que estabeleceu uma linha imaginária a 100 léguas Cabo Verde onde a porção territorial a oeste da linha pertenceria à Espanha, e a porção leste pertenceria a Portugal. (Bula Inter Coetera 1493). Caso esta bula fosse efetivamente acatada, a Espanha teria assegurado o pleno domínio sobre as terras americanas, restando a Portugal somente a posse das terras da África. Insatisfeito e inconformado com a divisão, Portugal ameaçou valer-se da força para decidir a questão, e antes que se despontasse um confronto armado, um novo acordo firmado entre os dois países, estabeleceu uma nova linha a 370 léguas de Cabo Verde (Tratado de Tordesilhas 1494). Esse acordo, ao mesmo tempo em que se reafirmou a supremacia desses países no século XV, reconhecendo o pioneirismo Ibérico na expansão, o tratado foi contestado pelas demais nações como França e Inglaterra que não o reconheceram. Contudo esse não reconhecimento só gerou consequências no século seguinte, quando se estabeleceu uma intensa concorrência entre os países europeus pelo domínio dos mercados ultramarinos. A DESCOBERTA DO BRASIL E O SEU SIGNIFICADO PARA PORTUGAL: Vasco da Gama, pela primeira vez, conseguira por via marítima, atingir os centros abastecedores dos ricos produtos Asiáticos: as Índias. Quando de seu regresso (1499), aportou em Lisboa com sua esquadra abarrotada de porcelanas, sedas, condimentos e tapetes, que comercializados garantiriam enormes lucros para Estado e a Burguesia Mercantil. Logo em seguida, foi organizada uma nova armada para estabelecer o domínio português sobre as Índias, e seu comando foi entregue a Pedro Álvares Cabral. Contudo, a descoberta da América pelos espanhóis, o Tratado de Tordesilhas, que reconhecia os direitos portugueses sobre uma parte das terras ocidentais, além do fato de Vasco da Gama, - segundo registra seu Diário de Viagem - “ter percebido sinais seguros de existência de terras a oeste de sua rota”, nos leva a crer que Cabral tenha recebido instruções para verificar a exatidão das informações, e em caso positivo tomar posse das terras. Assim, em meio a vigem às índias, o Brasil foi “descoberto” em 22 de abril de 1500. Após uma semana explorando a nova terra a esquadra seguiu viagem para saber afinal, quais seriam as riquezas que ela encontraria nas profundezas de suas matas. A única parte desta história que Vasco não menciona em seu diário é que em 1498, o então Rei de Portugal D. Manoel I enviou o navegador Duarte Pacheco em uma expedição sigilosa à costa da América para mapear a parte que caberia a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas. Duarte Pacheco chegou aproximadamente pela costa do Maranhão e navegou em direção ao interior do território chegando até a foz do Rio Amazonas retornando para Portugal em seguida. Interessante, não? A “descoberta” aparentemente não apresentou nenhum atrativo, nenhum produto de fácil obtenção que pudesse interessar de imediato aos portugueses, cuja preocupação era o lucro comercial. Somente encontraram um povo estranho, incapaz de entender os recém chegados, que fiéis aos interesses mercantilistas que dominavam a época, ansiavam por notícias sobre a existência ou não de ouro. Assim, a Terra de Santa Cruz, vista pela ótica dos interesses mercantilistas portugueses, 5 ao findar o século XV, apareceu mais como um obstáculo do que propriamente como uma conquista vantajosa para o Reino e para os setores mercantis a ele vinculados. Todas as forças ativas do Reino estavam concentradas em torno do comércio oriental, cujos centros abastecedores haviam sido monopolizados pelo Estado Português. Os Mecanismos do Colonial Mercantilista Sistema A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL E O PACTO COLONIAL Como diversos países europeus procuravam acumular metais, bem como proteger seus produtos em busca de uma balança de comércio favorável, ocorreu que a política mercantilista de um país entrava diretamente em choque com a de outro, igualmente mercantilista. Em outras palavras, os objetivos mercantilistas de um eram anulados pelos esforços do outro e o cenário se tornava conflituante. Percebendo o problema, os condutores do mercantilismo concluíram que a solução seria cada país mercantilista dominar áreas determinadas, dentro das quais pudesse ter vantagens econômicas declaradas nestas áreas, os monopólios. Surgiram, então, com grande força, as idéias colonialistas. Seu objetivo básico era a criação de um mercado e de uma área de produção colonial inteiramente controladas pela metrópole. A partir dessas idéias, foi montado o sistema de exploração colonial, que marcou a conquista e a colonização de toda a América Latina, incluindo o Brasil. Os conceitos basicos desse sistema eram os seguintes: Metrópole: Era a nomeação dada à nação que dominava a colônia e caberia à ela todas as decisões mais importante de suas colônias. Colônia: Unidade territorial dominada pela metrópole cuja função seria a geração de riquezas para a primeira. Estas riquezas poderiam ser advindas diretamente da extração de metais preciosos (o metalismo) ou da exportação de matérias primas para a metrópole a qual a dominava. Por muito tempo se imperou na historiografia os conceitos de colônia de exploração e colônia de povoamento se referindo a dois modelos coloniais distintos onde para o primeiro a única finalidade da colônia seria produzir riquezas pela metrópole até ser esgotada sem que nenhuma parcela destas riquezas fossem investidas no desenvolvimento e na segundo modelo, o de povoamento, o quadro fosse diferente, referindo-se a um tipo de colônia onde seus moradores tinham como objetivo principal o desenvolvimento da colônia e não a exploração da mesma. Estes conceitos,porém, atualmente são considerados ultrapassados tendo em vista que o mais adequado seriam posturas ambíguas em quase todas experiências coloniais de que se tem registro uma vez que dificilmente se consegue explorar as riquezas de um território sem estabelecer uma infraestrutura adequada para tal atividade, e, por outro lado, é igualmente inviável o investimento em uma infraestrutura que seja estritamente para promover o bem estar dos colonos e da sociedade se esta não for repor os gastos para fazê-lo. Então, podemos concluir que em verdade as colônias apresentavam tanto um viés de exploração quanto de povoamento, até mesmo nos casos mais clássicos como o brasileiro, sempre relacionado ao tipo de colônia de exploração, porém, conforme veremos a seguir, a partir de 1530, os portugueses desenvolveram um projeto de administração e desenvolvimento de suas colônias aqui no Brasil que seria invejável a qualquer “colônia de povoamento”. A funcionalidade das colônias estavam orientadas sob um conjunto de normas, tratados, determinações e ordenações régias estabelecidos pela metrópoles que visavam regular como seria feito o comércio entre os colonos interessados na empresa da colonização e a metrópole a qual a colônia pertencia. A este conjunto foi dado o nome de Pacto Colonial e suas leis tinham como orientação a formação de um quadro onde de um lado a Colônia importaria os bens manufaturados ou escravos (no caso do Brasil) de sua Metrópole e que seriam consumidos por uma elite colonial; e do outro lado, a Colônia exportaria para a Metrópole os produtos agrícolas ou os metais preciosos que fossem nela explorados para que no fim, estas riquezas terminassem nos cofres do rei deixando, é claro, parte nas mãos da burguesia mercantilista que adquiria seus lucros no processo. Para que este sistema funcionasse perfeitamente, a metrópole detinha o monopólio sobre suas colônias impossibilitando a elite colonial de comercializar com qualquer outra nação. A maior parte dos lucros neste sistema terminavam nos cofres dos soberanos das nações que neste momento, pela característica patrimonial da sociedade, misturavam as contas de seus reinos com suas finanças pessoas não havendo diferença entre as contas da nação e as contas do monarca. Em suma, todo patrimônio e 6 riqueza da nação era na verdade patrimônio e riqueza pessoal do rei. de relação da Inglaterra com suas colônias que em muitos casos, não fazia-se cumprir o Pacto Colonial. A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA INGLESA Sessão Leitura – As Caravelas Portuguesas Á semelhança da França, a Inglaterra do século XVI foi abalada por lutas constantes entre diferentes facções religiosas surgidas com a Reforma Protestante, as quais tentavam se firmar no panorama político. No plano econômico, o desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, não mais para subsistência, mas com vistas ao mercado externo, provocou o fenômeno de concentração da renda e das propriedades. Os pequenos proprietários ingleses, perdendo suas terras para os latifundiários, passaram a engrossar a massa sem qualquer posse e sem alternativas de atividade lucrativa. Tais fatos geraram um clima de instabilidade social que ameaçava a consolidação da monarquia nacional, recém-estruturada. Dessa forma, a emigração em massa para as terras americanas, durante a época dos Stuart (século XVII), apresentou-se como uma solução, não só para o governo, mas também para cada um desses grupos frente à possibilidade de liberdade e enriquecimento. Na região sul dos Estados Unidos, devido às condições geográficas favoráveis, estabeleceram-se centros produtores de gêneros tropicais para exportação (tabaco, arroz, anil), baseados no regime de grandes propriedades monocultoras escravistas, aplicando as determinações do pacto colonial. Nos núcleos setentrionais, devido à semelhança de clima com a Europa, a metrópole inglesa não encontrou bens que pudessem alcançar valor comercial no mercado externo. Isto proporcionou a essas regiões a oportunidade de um desenvolvimento econômico autônomo, baseado na produção de alimentos em pequenas propriedades, nas indústrias extrativas e manufatureira, sempre com a predominância do trabalho livre e assalariado. Assim, foi-se criando um excedente que propiciou o desenvolvimento do mercado interno, articulando as áreas interioranas, produtoras de alimentos, com os centros urbanos e zonas pesqueiras do litoral. Essa movimentação comercial permitiu o acúmulo de capitais dentro da colônia e o surgimento de uma burguesia local, interessada em expandir suas atividades. Com efeito, os norte-americanos com o passar do tempo conseguiram atuar no comércio externo, através do chamado comércio triangular, estabelecendo contatos entre as áreas antilhanas (produtoras de açúcar e melaço), a África (fornecedora de escravos) e a América (produtora de cereais, madeira, peles, peixe seco e produtos manufaturados, principalmente o rum). Isto só foi possivel, porém, graças a postura de negligência A caravela é um tipo de embarcação criada pelos portugueses, usada por eles e também pelos espanhóis durante a Era dos Descobrimentos, nos séculos XV e XVI. A caravela foi aperfeiçoada durante os séculos XV e XVI. Tinha inicialmente pouco mais de 20 tripulantes. Era uma embarcação rápida, de fácil manobra, capaz de bolinar e que, em caso de necessidade, podia ser movida a remos. Com cerca de 25 m de comprimento, 7 m de boca (largura) e 3 m de calado deslocava cerca de 50 toneladas, tinha 2 ou 3 mastros, convés único e popa sobrelevada. As velas latinas (triangulares) permitiam-lhe bolinar (navegar em zigue-zague contra o vento). Gil Eanes utilizou um barco de vela redonda, mas seria numa caravela (tipo carraca) que Bartolomeu Dias dobraria o Cabo da Boa Esperança em 1488. É de salientar que a caravela é um desenvolvimento dos portugueses. Se bem que a caravela latina se tenha revelado muito eficiente quando utilizada em mares de ventos inconstantes, como o Mediterrâneo, devido às suas velas triangulares, com as viagens às Índias, com ventos mais calmos, tal não era uma vantagem, já que se mostrava mais lenta que na variação de velas redondas. A necessidade de maior tripulação, armamentos, espaço para mercadorias fez com que fosse substituída por navios maiores. 7 (Caravela Vera Cruz, réplica das Caravelas utilizadas pelos portugueses, construída em 2000) Exercícios Marítima sobre a Expansão 1 - (Fuvest-SP) Sobre o Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494, pode-se afirmar que objetivava: a) demarcar os direitos de exploração dos países ibéricos, tendo como elemento propulsor o desenvolvimento da expansão comercial marítima. b) estimular a consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias africanas e da formação do exército nacional. c) impor a reserva de mercado metropolitano, por meio da criação de um sistema de monopólios que atingia todas as riquezas coloniais. d) reconhecer a transferência do eixo do comércio mundial do Mediterrâneo para o Atlântico, depois das expedições de Vasco da Gama às Índias. e) reconhecer a hegemonia anglofrancesa sobre a exploração colonial após a destruição da invencível Armada de Filipe II, da Espanha. 2 - (MACKENZE) A expansão marítima européia dos séculos XV e XVI permitiu: a) A formação de domínios coloniais que dinamizaram o comércio europeu. b) O crescimento do comércio de especiarias pelas rotas do Mediterrâneo. c) A implantação de impérios coloniais na Ásia, para extração de metais preciosos. d) O fortalecimento do feudalismo e da servidão na Europa Ocidental. e) A colonização do tipo mercantilista, sem a interferência do Estado e da Igreja. 3 - (PUC-MG) O Tratado de Tordesilhas representa: a) A tomada de posse do Brasil pelos portugueses. b) O declínio do expansionismo espanhol. c) O fim da rivalidade hispanoportuguesa na América. d) O marco inicial no processo da partilha colonial. e) O início da colonização do Brasil. 4 - (PUC-MG) o fator que contribui para a grande expansão marítima: a) A estabilidade econômica da Idade b) A organização das corporações de Média. ofício. c) O advento das monarquias nacionais. d) O desenvolvimento do comércio continental europeu. e) O enriquecimento da nobreza feudal. 5 - (LJFPE) Portugal e Espanha foram no século XV as nações modernas da Europa, portanto pioneiras nos grandes descobrimentos marítimos. Identifique as realizações portuguesas e as espanholas, no que diz respeito a esses descobrimentos. 1 - Os espanhóis, navegando para o Ocidente, descobriram, em 1492, as terras do Canadá. 2 - Os portugueses chegara ao Cabo das Tormentas, na África, em 1488. 3 - Os portugueses completaram o caminho para as índias, navegando para o Oriente, em 1498. 4-A coroa espanhola foi responsável pela primeira circunavegação da Terra iniciada em 1519, por Fernão de Magalhães. Sebastião El Cano chegou de volta à Espanha em 1522. 5 – Os portugueses chegaram às Antilhas em 1492, confundindo o Continente Americano com as Índias. Estão corretas apenas os itens: a) b) c) d) e) 2, 3 e 4; 1, 2 e 3 3, 4 e 5 1, 3 e 4 2, 4 e 5 6 - (UNIMONTES) A respeito da expansão marítimo-comercial dos séculos XV e XVI é incorreto afirmar que: a)o eixo comercial deslocou-se do Mediterrâneo para o Atlântico. b)O afluxo de metais preciosos para a Europa provocou uma sensível baixa de preços. c) concorreu para a acumulação primitiva de capital, preparando o caminho para a Revolução Industrial. d)a empresa comercial foi dirigida pelo Estado monárquico absolutista. e) favoreceu a criação de grandes companhias para garantir um comércio mais seguro e lucrativo. 8 7 - (GABARITO) Todas as alternativas relacionam corretamente os acontecimentos e fenômenos importantes para a formação do Mundo Moderno, EXCETO: a) Renascimento Comercial e Urbano na Baixa Idade Média / Formação da Burguesia. b) Expansão Marítima Européia/ Constituição dos Impérios Coloniais Americanos. c) Monarquia Absolutista / Participação da Burguesia do poder Político. d) Mercantilismo / Acumulação de Capital pelas Classes Burguesas. e) Renascimento Cultural / Elaboração de uma Concepção Individualista. 8 - (Diamantina) O famoso “Testamento de Adão”, ao qual o soberano francês se referia para reivindicar para o seu país a participação no processo expansionista ultramarino europeu, tem origem: a) na superioridade da marinha francesa, no século dezesseis, sobre a frota naval dos países atlânticos da Europa. b) na concessão feita, pelo Papa Alexandre VI, de terras na África e na Ásia para a exploração da Espanha. c) na assinatura do Tratado de Tordesilhas, entre Portugal e Espanha, que “dividia” o mundo entre os países da Península Ibérica. d) na participação da França, junto aos demais países católicos europeus, na expulsão dos muçulmanos da bacia do Mediterrâneo, na época das Cruzadas. e) na existência de um pretenso documento que dava às nações da Europa o direito de dominar e explorar as áreas subdesenvolvidas da África e da América. 9 - (PUC - MG) A descoberta da América, em 1492, por Colombo, em nome dos reis espanhóis, constitui um importante fator de superação da crise que atinge a Europa Ocidental nos séculos XIV - XV, pois: a) absorve o excedente populacional dos países europeus, através da criação de colônias de povoamento. b) neutraliza os conflitos entre as potencias européias, concentradas no processo de colonização do novo continente. c) amplia as reservas de metais preciosos, possibilitando maior circulação de moedas e acumulação de capitais. d) promove o processo de partilha da África. como fornecedora de mio-de-obra escrava, entre as potencias européias. e) estimula a produção agrícola na Europa pura atender à demanda da população do novo continente. 10 - (CESGRANRIO) Foram inúmeras as conseqüências da expansão ultramarina dos europeus, gerando uma radical transformação no panorama da história da humanidade. Sobressai como UMA importante conseqüência: a) A constituição de impérios coloniais embasados pelo espírito mercantilista. b) a manutenção do eixo econômico do Mar Mediterrâneo com acesso fácil ao Oceano Atlântico. c) a dependência do comércio com o Oriente, fornecedor de produtos de luxo como sândalo, porcelanas e pedras preciosas. d) o pioneirismo de Portugal, explicado pela posição geográfica favorável e) a manutenção dos níveis de afluxo de metais preciosos para a Europa. 11 - O mar foi, durante muito tempo, o lugar do medo. Diz um ditado holandês do início da Idade Moderna: “Mais vale estar na charneca com uma velha carroça do que no mar num navio novo.” Todas as alternativas contem elementos responsáveis pelo medo que o homem do início da Idade Moderna tinha do mar,EXCETO: a) Convicção de monstros marinhos e de cidades submersas, responsáveis pelos constantes naufrágios. b) A firme crença de que o mar fora o caminho pelo qual a Peste Negra chegou à Europa. c) A proibição, pela Igreja, de incursões no Mar Oceano com base nas palavras de Gênesis. d) As advertências contidas nas epopéias e nos relatos de viagens dos perigos do Mar Oceano. e)As invasões dos muçulmanos e berberes na Península Ibérica, possibilitadas pelas viagens marítimas. 12 - O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494: a) Foi elaborado segundo os mais modernos conhecimentos cartográficos baseados na teoria do geógrafo e astrônomo grego Ptolomeu. 9 b) Foi respeitado pelos portugueses até o século XVIII, quando novas negociações resultaram no Tratado de Madri. c) Nasceu de uma atitude inovadora na época: a de resolver problemas políticos entre nações concorrentes pela via diplomática. d) Resultou da ação dos monarcas espanhóis que resistiam à adoção da Bula Intercoetera, contrária aos seus interesses. e) Surgiu da necessidade de definir a possessão do território brasileiro dIsputado por Portugal e Espanha. 13 (UFMG – 2000) Leia o texto. "E aproximava-se o tempo da chegada das notícias de Portugal sobre a vinda das suas caravelas, e esperava-se essa notícia com muito medo e apreensão; e por causa disso não havia transações, nem de um ducado [...] Na feira alemã de Veneza não há muitos negócios. E isto porque os Alemães não querem comprar pelos altos preços correntes, e os mercadores venezianos não querem baixar os preços[...] E na verdade são as trocas tão poucas como se não poderia prever." Diário dum mercador veneziano, 1508. O quadro descrito nesse texto pode ser relacionado à: a) comercialização das drogas do sertão e produtos tropicais da colônia do Brasil. b) distribuição, na Europa, da produção açucareira do Nordeste brasileiro. c) importação pelos portugueses das especiarias das Índias Orientais. d) participação dos portugueses no tráfico de escravos da Guiné e de Moçambique. 14 - (PUC-MG- 1998) Há 500 anos (1498), Vasco da Gama chegava às Índias. Essa conquista é significativa porque: a) eleva Portugal à alta categoria de potência política. b) liquida o comércio marítimo no Mediterrâneo. c) abre uma nova rota para o comércio marítimo. d) inaugura a “era portuguesa” no Oceano Atlântico. e) populariza o uso das especiarias na Europa. GABARITO DAS QUESTÕES DE EXPANSÃO MARÍTIMA: 1 – A / 2 – A / 3 – D / 4 – C / 5 – A / 6 – B / 7 – C / 8 – C / 9 – C / 10 – A / 11 – C / 12 – C / 13 – C / 14 – C 10 CAPÍTULO 02 O BRASIL COLONIAL O PERÍODO PRÉ-COLONIAL: (1500 a 1530) ANTECEDENTES: As três décadas iniciais da História do Brasil, bem como da trajetória do processo colonizador português para as novas terras “descobertas” apresentam características distintas no que se refere ao tratamento dado a uma nova possessão territorial. Não podemos esquecer que o processo de Expansão Marítima foi motivado e orientado pelo modelo econômico Mercantilista, apoiado sobre pilares arguidos graças a alianças políticoeconômicas entre a figura do Rei fortalecido e centralizador, e dos ambiciosos Burgueses comerciantes. O modelo expansionista vai buscar retorno rápido do investimento inicial, e segundo os preceitos mercantilistas isso significava encontrar logo no primeiro momento: metais preciosos (movimento conhecido como metalismo); ou o estabelecimento de praças comerciais de onde fosse possível a obtenção de grandes lucros através do monopólio sobre determinados produtos produzidos naquela região (como no caso posterior do açúcar aqui mesmo no Brasil) ou comprados para a revenda no mercado europeu através de uma balança comercial favorável (como a pimenta do reino comprada na Índia e vendida na Europa). Inicialmente o Brasil não vai apresentar nenhuma dessas características, e associado às prosperidades com que os comerciantes portugueses aumentavam sua lucratividade com o comércio oriental, a terra recém-conquistada ficará relegada a um segundo plano entre o período de 1500 a 1530. O RELATIVO ABANDONO: O Brasil diferente do oriente, não apresentava nenhum atrativo do ponto de vista comercial: sem metais preciosos, sem mercado consumidor, sem produção agrícola passível de exploração – ao menos neste primeiro momento. A Coroa portuguesa enviou várias expedições que buscavam realizar um reconhecimento da costa brasileira. Em 1501 Gaspar Lemos foi responsável pelo batismo de várias regiões (Cabo de São Tomé; São Vicente; Cabo Frio) e nessa expedição viajou também o florentino Américo Vespúcio que chegou a declarar ao governante de Florença que não encontrou nada de aproveitável nesta terra. Na verdade a existência de pau-brasil foi à única atividade pensada como possível de realização de uma atividade econômica. Vai ser na atividade extrativista de madeira realizada sob o regime de utilização do trabalho indígena (escambo), sendo o comércio uma exclusividade da Coroa Lusitana (Monopólio Régio). O termo “relativo abandono” deve-se ao fato de que não houve a implementação de um projeto efetivo de ocupação de terras por parte de Portugal. Contudo a atividade extrativista foi consentida a arrendatários (iniciativa particular de ocupação da terra, sem financiamento da Coroa) que tinham a missão de não só explorar a madeira, como também realizar defesa do território contra ataques indígenas e invasões estrangeiras, estabelecimento de acampamentos litorâneos (feitorias) para armazenagem e comercialização da madeira extraída, além do pagamento do imposto real (Quinto). A DECADÊNCIA DO PERÍODO PRÉ-COLONIAL A mudança do cenário da ocupação nas terras brasileiras vai mudar assim que a prosperidade do comércio oriental entrou em declínio e as invasões estrangeiras em território colonial brasileiro tornaram-se mais frequentes. Estas são basicamente as razões que justificam a colonização efetiva após 1530. Com o crescimento da presença estrangeira junto as costa brasileira, torna-se cada vez mais fundamental um sistema de proteção territorial mais eficaz. Para isso várias expedições são enviadas para combater os corsários e piratas, entretanto, sem atingir grandes resultados e o litoral continua a ser ameaçado necessitando de esforços maiores por parte da Coroa portuguesa. Apesar de conquistado em 1500, Portugal não se preocupou com o Brasil por mais de 30 anos porque os investimentos metropolitanos estavam concentrados no comércio com o oriente. Ocorre que após 1530 os lucros com este comércio começaram a diminuir e o governo resolveu colonizara o Brasil plantando aqui cana de açúcar para ser vendida na Europa, contando com investimentos e financiamentos holandeses para tal empreitada. Para cá se deslocavam aventureiros, militares, administradores e até condenados que aceitassem o exílio ou degredo como pena alternativa. 11 O PERÍODO COLONIAL BRASILEIRO: (1530 a 1822) Plantada inicialmente em São Vicente (fundada em 1532), a cana logo se espalhou pela colônia, cultivada utilizando-se de mão de obra compulsória primeiramente indígena para logo em seguida ser substituída pela mão de obra africana. Dentre as razões que se motivaram para esta substituição, podemos destacar a lucratividade obtida pela Coroa com o comércio dos cativos africanos, ao passo que se fosse incentivada a escravização indígena, os colonos brasileiros não teriam razões para a compra dos escravos africanos uma vez que poderiam realizar incursões contra as tribos mais desprotegidas e assim conseguirem a mão de obra que necessitavam em suas lavouras. Como podemos imaginar, o ideal para os colonos seria a manutenção da mão de obra cativa indígena, como foi feito pela Espanha em suas colônias, porém, para a Coroa a manutenção de tal mão de obra seria extremamente prejudicial uma vez que com a perda das colônias orientais e o declínio da venda de especiarias, a grande fortuna de Portugal passará a vir deste mercado de cativos africano e não essencialmente, embora tenha uma ajuda, do açúcar. Desta forma, e também com o auxílio das proibições da Igreja Católica, ficou-se vetado a manutenção da mão de obra cativa indígena oficializando o negro escravo como a mão de obra a ser utilizada na produção açucareira (muito embora alguns pequenos casos de escravização indígena ainda fossem comuns na época). A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL E O SISTEMA DE CAPTANIAS HEREDITÁRIAS (1534 - 1759) A administração da colônia caia primeiramente sobre a metrópole e era ela que controlava todas as decisões importantes da vida colonial: nomeava funcionários, recebia imposto, controlava o comércio e a exploração, tinha produtos de exclusiva exploração em favor do Rei – Monopólio Régio – cuidava da defesa e da repressão contra aqueles que se opunham ao domínio português, isso, até 1533 durante o período do relativo abandono e este cenário sofrerá uma considerável mudança. Em 1534 iniciou-se o sistema de administração das Capitanias Hereditárias que dividiu o território em 15 circunscrições administrativas onde há uma primeira tentativa de descentralizações das decisões metropolitanas sobre a colônia uma vez que neste sistema de capitânias, foi concedido aos capitães donatários, os responsáveis pela a administração destas capitanias, direitos de autoridade máxima como a fundação de vilas, a cobrança de impostos e até mesmo a aplicação de penas. Evidentemente, se faz necessário lembrar que ainda dentro deste sistema, as decisões mais importantes ainda eram de controle da metrópole sendo elas como por exemplo a nomeação dos capitães, as delimitações territoriais e o monopólio comercial que proibia os colonos de comercializarem diretamente com outras nações ou se recusarem a utilizar a mão de obra escrava negreira provida pela Coroa, por exemplo. O sistema de capitanias irá prevalecer durante quase toda história colonial sendo extinto apenas em 1759 por Marquês de Pombal em uma de suas reformas administrativas de Portugal. Fundação de São Vicente – Oscar Pereira da Silva (1900). O sistema estabelecido então foi o chamado “plantation”, que consistia na manutenção de grandes áreas latifundiárias por parte dos colonos, voltadas para a produção de um único produto de exportação (o açucar) utilizando uma mão de obra ampla e escrava somados também a manutenção de insumos para a subsistência como a pecuária, por exemplo. Em 1549, observando que apenas as capitanias de São Vicente e Pernambuco tinham prosperado consideravelmente, ocorre à criação do Governo Geral em adição ao sistema que buscava assim centralizar o poder político dentro da colônia reduzindo ainda mais a necessidade das decisões mais importantes de serem repassadas à metrópole e assim auxiliar as 12 capitanias a prosperar através da redução desta burocracia. O MOVIMENTO BANDEIRAS DAS ENTRADAS E As entradas e bandeiras eram basicamente movimentos de exploração do território colonial ainda desconhecido e que aconteceram ao longo da história colonial tendo início em 1531. Os Bandeirantes, principais personagens deste movimento eram, na sua maioria, colonos da capitania de São Vicente (Vicentinos ou Paulistas). Empobrecidos pela estagnação econômica da capitania, durante os séculos XVII e XVIII organizaram sucessivas expedições pelo interior do país. Buscavam apresar índios (vendidos como escravos), encontrar metais preciosos e destruir quilombos. A diferença entre uma “entrada” e uma “bandeira” se dá basicamente pela finalidade da expedição. As entradas tem o intuito primário de explorar o território e é financiada pela própria Coroa ao passo que as bandeiras eram na verdade movimentos particulares realizados pelos bandeirantes que visavam o apresamento de indígenas (vale ressaltar que nos primeiros anos coloniais o uso da mão de obra cativa indígena ainda era incentivado, conforme vimos anteriormente) ou a descoberta de minas de metais preciosos tanto quanto a exploração do território. Seja por um meio ou outro, estes movimentos de entradas e bandeiras foram decisivos para o mapeamento do território colonial e para a exploração do mesmo. PRIMEIRO MOMENTO: A PRODUÇÃO AÇUCAREIRA (1540 – 1654) E O INICIO DO TRAFICO NEGREIRO O comércio de especiarias orientais já se encontrava decadente para Portugal em meados do século XVI e a exportação do pau-brasil não se mostrava igualmente lucrativa. Somados a estes fatores de uma necessidade econômica, o Império Português precisava também estabelecer um projeto colonial rentável que pudesse efetivar a colonização sob o território brasileiro para assim afastar o fantasma das invasões estrangeiras. A partir desta necessidade, a resposta mais cabível foi o estabelecimento das Capitanias Hereditárias organizadas sob um sistema de plantation – nascia então o projeto do plantio da cana de açúcar. O açúcar foi o produto escolhido não por acaso: os portugueses sabiam do seu alto valor comercial e muito embora a sua exploração exigisse um alto investimento para a época, além da rentabilidade do produto valer o risco, o estabelecimento de um sistema de plantation seria politicamente e administrativamente mais viável porque assim asseguraria a fundação de grandes fazendas, vilas e portos para sustentar e articular o comércio do produto podendo, assim, efetivamente colonizar o território. As capitanias de São Vicente e Pernambuco foram as únicas duas capitânias que tiveram sucesso em exportar significativas quantidades de açúcar e assim conseguiram um maior desenvolvimento em comparação as demais capitânias. O sucesso do sistema colonial neste primeiro momento só foi possível, porém, por um segundo fator diretamente ligado à produção açucareira: o tráfico negreiro. Portugal carecia de manufaturas e, portanto, a velha ideia do pacto colonial de que a colônia produziria matéria prima e consumiria as manufaturas de sua metrópole em troca proporcionando assim um grande superávit por parte da segunda não poderia ser aplicada uma vez que Portugal não possuía uma produção manufaturada considerável. Porém, ainda que não fosse através das primeiras indústrias ou do comércio de especiarias, Portugal encontrou uma forma de conseguir acumular riquezas através da venda dos negros cativos capturados na áfrica e que eram vendidos aos colonos que quisessem investir na produção açucareira. Desta forma, o “produto” manufaturado que Portugal revendia à colônia na verdade eram os escravos que seriam utilizados na mão de obra para a produção do açúcar que ele mesmo teria o direito de monopólio. Ou seja, o papel das colônias brasileiras era produzir açúcar para vendê-lo a um custo viável para Portugal enquanto deveria comprar de sua metrópole os negros cativos que lhes serviriam para a própria produção do açúcar. Era uma balança comercial extremamente benéfica para Portugal e um tanto quanto lucrativa também para os colonos que fossem bem sucedidos na produção açucareira. A DECADÊNCIA DA AÇUCAREIRA (1580 - 1654). PRODUÇÃO Em 1580 Portugal caiu sob domínio da Espanha, que se transformou na virtual "Dona" do Brasil. Em guerra com a Holanda, os espanhóis proibiram os holandeses, principais compradores e investidores do açúcar no nordeste do Brasil, de continuarem comercializando o açúcar brasileiro. Sem outra alternativa, os holandeses invadiram a Bahia em 1624 e Pernambuco em 1630. Quando foram expulsos em 1654 (Insurreição Pernambucana), os holandeses deram início à produção de açúcar nas Antilhas. A qualidade e a quantidade de açúcar antilhano/holandês jogaram para baixo o preço do açúcar no mercado internacional contribuindo para a decadência do 13 comércio açucareiro. Portugal se encontrava novamente em uma crise econômica que ameaçava se alastrar por décadas. Tal crise só pode ser solucionada quando enfim se dará inicio a exploração metalista colonial que será responsável por resgatar a economia portuguesa. A DESCOBERTA DO OURO E O CICLO DA MINEIRAÇÃO COLONIAL (1693 – 1770 apr.) Em 1693, após tentar percorrer o caminho desbravado por Fernão Dias à procura de esmeraldas, o bandeirante Antônio Rodrigues Arzão enfim encontrará ouro no território colonial próximo de onde hoje se encontra a cidade de Mariana - MG. A notícia foi extremamente impactante para Portugal que sofria com a decadência que então decidiu não poupar esforços na tentativa de extração dos minérios preciosos. De imediato esta região, até então inexplorada, recebeu um extraordinário afluxo de pessoas, vindas da metrópole e de outras regiões da colônia sendo alvo de disputa de interesses tanto de colonos quanto colonizadores evidenciando (o que acarretara na Revolta dos Emboabas) um sintoma de que a extração do ouro no Brasil iria precisar de um sistema colonial ainda mais desenvolvido para sua devida exploração por parte da Coroa. Para administrar a região mineradora a metrópole então criou em 1702, a Intendência das minas, órgão presente em cada uma das capitanias de onde se extraia ouro, visando controlar de perto a exploração aurífera. A Intendência era constituída por um guarda-mor e auxiliares submetidos diretamente à Coroa. Era responsável pela distribuição dos lotes a serem explorados, chamados de data, e pela cobrança de 20% do ouro encontrado pelos mineradores, imposto conhecido como quinto. As datas eram distribuídas segundo a capacidade de explorar do minerador; avaliada em numero de escravos. Visando controlar a questão do contrabando, a Coroa determina que o único porto pelo qual seria permitido o transporte do ouro seria o porto do Rio de Janeiro que demandou também a abertura do caminho novo (1700-1707) que passou a ser a principal rota por onde o ouro extraído no interior de minas gerais deveria percorrer até chegar ao referido porto. Apesar do controle imposto pelas autoridades metropolitanas, o contrabando era intenso e, para coibi-lo, a coroa proibiu a circulação de ouro em pó e em pepitas, criando em 1720, as casas de fundição. Todo o ouro encontrado nas lavras - grandes minas - ou garimpos, onde era feita a faiscação nas areias dos rios, tinha a ser entregue nesses locais, onde era derretido, quitado (ou seja, era lhe extraído quinto pertencente à Coroa) transformado em barras. As casas de fundição não representavam apenas uma forma de evitar a sonegação do quinto por parte de Portugal, mas também, ainda que de maneira não intencional, um obstáculo para o comércio em geral na capitania de Minas Gerais, visto que o ouro em pó neste território era a moeda corrente. A Revolta de Vila Rica terá como fator principal justamente o combate da população contra a instalação das casas de fundição no interior de Minas Gerais. Aprofundamento ainda mais o controle fiscal, sobretudo quando a exploração aurífera começou a dar sinais de esgotamento, o governo português fixou em 100 arrobas de ouro (1.468,9 kg) anuais o mínimo a ser arrecadado em cada município como pagamento do quinto. Para garantir a arrecadação do montante, foi instituída a derrama: a cobrança dos impostos à população seria efetuada pelos soldados portugueses, chamados de dragões, que estavam autorizados a invadir casas e tomar tudo que tivesse valor, a fim de completar as 100 arrobas devidas à metrópole. Essa prática portuguesa deixou rastro de insatisfação da colônia. Todo o arrocho fiscalizador conseguiu temporariamente diminuir o tráfico ilegal, mas nunca suprimiu por completo. De qualquer modo, aliviou por algum tempo as dificuldades financeiras de Portugal. A descoberta de diamantes em 1729, no arraial do Tijuco, hoje Diamantina, em Minas Gerais, levou Portugal a adotar uma fiscalização apropriada à extração diamantífera. Inicialmente, dada à dificuldade em se quintar o diamante, a metrópole determinou a expulsão dos mineiros da região e arrendou a exploração a empresários, chamados contratadores, indivíduos que antecipavam parte dos lucros à coroa e recebiam assumir a exploração do diamante, estabelecendo a real extração. A partir da segunda metade do século XVIII, devido ao esgotamento das jazidas e ao uso de técnicas rudimentares, incapazes de uma prospecção mais profunda no subsolo, iniciou-se a decadência da produção de ouro no Brasil. O período situado entre 1740 e 1770 correspondeu ao apogeu da exploração das minas, e o ano de 1754 registrou a maior produção de ouro. A partir da década de 1770, verificou-se o declínio da atividade, que se tornou cada vez menos atraente. O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO MINEIRO DO ESPAÇO O desenvolvimento econômico promovido pela mineração não se restringiu somente aos exploradores da atividade metalista – ele se estendeu também por fora das zonas de mineração. Diferentemente do plantation, a atividade mineradora demanda todo o tempo do seu atuante no ato da extração e por isso, quem 14 atua na mineração normalmente não se dedica a outra atividade como por exemplo o plantio de insumos para a subsistência. Para responder a esta carência do mercado, pequenos fazendeiros voltados sobretudo para a pecuária começaram a se instalar próximo as zonas de mineração, sobretudo nas margens dos rios, procurando atender a esta demanda interna de alimentos que existia em Minas Gerais e acabavam por prosperar economicamente uma vez que a atividade da mineração, principal consumidora do produto destas fazendas, se mostrava extremamente rentável e capaz de sustentar este tipo de articulação econômica. Firmou-se assim então um padrão mineiro de economia onde próximo a uma zona de mineração, e, portanto uma zona de produção de riqueza, fixava-se uma zona de produção de alimentos capaz de abastecer a zona de mineração e prosperar economicamente através deste comércio. AS REFORMAS POMBALINAS E O INÍCIO DA INSATISFAÇÃO COLONIAL Em Portugal destacou-se a atuação do ministro do rei D. José I, Sebastião José Carvalho e Melo, o marquês de pombal (1750-1777), um déspota esclarecido. Pombal, percebendo a extrema dependência econômica de seu país em relação à Inglaterra, até porque foi embaixador naquele país, procurou-se em reequilibrar a deficitária balança comercial lusa, adotando medidas que, se de um lado foram uma maior eficiência administrativa desenvolvimento econômico no reino, de outro, reforçaram as práticas mercantilistas no que se refere ao Brasil pressionando a colônia. Assumido os ideais iluministas no reino, Pombal expulsou os jesuítas de Portugal e colônias (1759). A expulsão dos jesuítas visava ao fim da autonomia dessa ordem religiosa frente a Coroa, um estado dentro do Estado , como se dizia, subordinando a Igreja ao governo. Como todo o ensino colonial dependia da companhia de Jesus, sua expulsão criou um vazio educacional, levando Pombal a criar o subsídio literário, imposto para custear a educação assumida pelo Estado metropolitanoas aulas régias. Acreditando na importância de se integrar os índios ao domínio luso, para consolidar as fronteiras brasileiras, Pombal determinou ainda a extinção da escravidão indígena em 1757, transformando algumas aldeias em vilas, especialmente na Amazônia, visando incorporar esses territórios à administração portuguesa. Nessa região, porém, a expulsão dos jesuítas trouxe mais dificuldades do que integração ao domínio metropolitano. Com esse mesmo objetivo, ministro de D. José I procurou estimular os casamentos entre colonos e índios. O marquês determinou a supressão da distinção entre "cristãos-velhos” e “cristão-novos" (descendentes de judeus), objetivando favorecer a integração destes últimos no reino, dada a sua sempre importante atuação econômica e social tanto em Portugal quanto no Brasil. Pombal tentou também fomentar a produção manufatureira, especialmente em Portugal , sem grande sucesso, é bom lembrar, e combateu duramente o contrabando colonial. Entre as inúmeras dificuldades que teve de enfrentar durante seu governo, deve-se registrar o grande terremoto de 1755, que destruiu parte da cidade de Lisboa, e o declínio da produção de ouro no Brasil. A Coroa viu-se obrigada a ampliar os gastos para reconstruir a capital do reino, ao mesmo tempo em que diminuía o ingresso de recursos. Para a reconstrução de Lisboa, Pombal recorreu ao aumento de tributos e naturalmente, como naquele período a renda quase interina de Portugal advinha de Minas Gerais, os custeios destas reformas seriam repassados aos colonos. Na colônia, Pombal extinguiu definitivamente as capitanias hereditárias, comprando e confiscando os territórios dos poucos donatários das capitanias da Coroa. Também criou a Companhia Geral do comércio do Estado do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778) e a Companhia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba (1759-1779). Procurava assim controlar o comércio colonial a aumentar as rendas da Coroa. Em termos administrativos, criou cargos e órgãos, visando à racionalização burocrática, e transferiu a capital colonial de salvador para Rio de Janeiro, a fim de fiscalizar com rigor a exportação do ouro. Foi ainda Pombal quem aumentou e zelou pela cobrança dos impostos devidos à metrópole, efetivando a primeira derrama (1762-1763); pouco depois, estabeleceu o controle real sobre a exploração de diamantes. Após a morte do rei D. José I, Pombal deixou o ministério e seus opositores assumiram o governo, anulando muitas de suas realizações. Logo foram extintas as companhias de comércio e publicado o Alvará de 1785, que proibia a instalação e funcionamento de manufatura na colônia. As poucas existentes foram fechadas e a população viu-se novamente obrigada a recorrer às caras manufaturadas importadas. As medidas de Pombal podem ser interpretadas como excelentes medidas para o desenvolvimento de Portugal, porém, se analisarmos com cautela, para a colônia tais medidas se mostraram muitas vezes prejudiciais e somadas ao trágico episódio da derrama ocorrida entre 1762 e 1763, os resultados diretos destas medidas na colônia foram na verdade uma crescente insatisfação por parte dos colonos e o surgimento de novas ideias que terminariam nos 15 primeiros movimentos separatistas como a Inconfidência Mineira (ou, conforme tem sido atualizada pela historiografia, Conjuração Mineira). REVOLTAS NATIVISTAS COLONIAIS ou REVOLTAS As primeiras rebeliões contra o domínio português são denominadas de Revoltas Nativistas ou Revoltas Coloniais. Tais movimentos ainda que contrários a opressão metropolitana, não chegaram em momento algum a cogitar a emancipação da colônia. Os principais exemplos de revoltas são a Revolta de Beckman (Maranhão,1684) a Guerra dos Emboabas (Minas Gerais,1709), a Guerra dos Mascates (Pernambuco,1710) e a Revolta de Vila Rica (Minas Gerais, 1720). Revolta de Beckman: fazendeiros do Maranhão, liderados pelos irmãos Beckman (Manuel e Thomas), revoltaram-se contra os jesuítas (impediram a escravização dos índios) e contra a Companhia Geral do Comércio do Maranhão (monopolizava o comércio da região além de não suprirem a demanda de mão de obra negreira). Em 1684 os revoltosos chegaram a ocupar a cidade de São Luís por quase um ano. Portugal reprimiu com violência, o movimento foi vencido e seus líderes foram enforcados. A grande revindicação da Revolta dos Beckman eram por melhorias no provimento de mão de obra para aumentar a produção açucareira – uma vez que o açúcar estava em decadência de preço, para que os fazendeiros conseguissem manter o padrão de vida que possuíram foi necessário que expandissem suas lavouras, porém, com a ausência de mão de obra isso não foi possível e os próprios acabavam arcando com a crise do sistema açucareiro. Guerra dos Emboabas: É o conflito estabelecido entre os bandeirantes vicentinos que vieram ocupar as regiões auríferas de Minas Gerais logo após a descoberta do ouro por Antônio Rodrigues Arzão e os colonos metropolitanos encarregados de colonizar a região com a concessão da Coroa que visava controlar a extração metalista. Em 1709, mediante intervenção militar portuguesa, os bandeirantes, derrotados, partiram para Goiás e Mato Grosso. Para melhor administrar a região, o governo português dividiu-se em: Capitanias de São Paulo e Minas Gerais e capitania do Rio de Janeiro. Guerra dos Mascates: Conflito envolvendo fazendeiros de Olinda e comerciantes (mascates) de Recife. Olinda era o centro político de Pernambuco, contando dom uma câmara de Vereadores. Economicamente estava em decadência. Em 1709, os comerciantes de Recife, em Ascensão econômica, conseguiram da Coroa sua emancipação política, com condições de organizar sua câmara de vereadores. Os olindenses, sentindo-se prejudicados uma vez que a emancipação de Recife deu a eles o direito de possuírem os próprios impostos arrecadados no comércio ao invés de o repassarem a Olinda, invadiram Recife. Em 1710 o conflito terminou com o intermédio de Portugal sem a necessidade de uma grande manobra militar e a rica Recife passou a ser o centro administrativo de Pernambuco. Revolta de Vila Rica: também conhecida como Revolta de Felipe dos Santos, foi um conflito envolvendo a Coroa portuguesa e mineradores que não aceitavam a instalação das "Casas de Fundição" na região aurífera de Minas Gerais em 1720. O movimento foi duramente reprimido e seu líder, Filipe dos Santos, enforcado e esquartejado. As "Casas de Fundição" foram instaladas e a Capitania de Minas Gerais foi separada da capitania de São Paulo. A luta de Felipe dos Santos e dos mineradores contra as casas de fundição eram intensas pela razão de que uma vez que fossem instaladas casas de fundição no interior da província, a cobrança do quinto seria efetivada com maior rigor até mesmo sobre os pequenos produtores e mercadores que não pretendiam comercializar o ouro fora de Minas Gerais, e, consequentemente, não precisavam pagar o quinto que deveria ser cobrado, até antes deste período, apenas quando o ouro fosse ser fundido em barra para ser exportado. AS REBELIÕES SEPARATISTAS, INCONFIDÊNCIAS ou CONJURAÇÕES Na segunda metade do século XVIII encontraram-se novos movimentos de rebeldia, denominados "Conjurações” ou"Inconfidências", destacando-se aquelas que ocorreram em Minas (1789) e na Bahia (1798). Essa última é também conhecida como "Conjuração dos Alfaiates". Os projetos dos conjurados mineiros e baianos apresentavam semelhantes: independência da capitania, república e diferenças, resultantes, sobretudo da configuração social do movimento (elitistas, em Minas; essencialmente popular na Bahia). Enquanto os mineiros pretendiam criar uma universidade, os baianos pretendiam a abolição da escravidão, a liberdade comercial, a nacionalização do comércio. A questão da escravidão não fora decidida a princípio pelos mineiros, sendo deixada para discussão pós deflagração. 16 Idêntico destino aguardou os movimentos inconfidentes: denúncias, prisões, e a violência expressa na morte de Tiradentes, em Minas, de Lucas Dantas, Luiz Gonzaga das Virgens, Manuel Faustino e João de Deus Nascimento, na Bahia. A repressão do estado Português se mostrava extremamente severa contra qualquer movimento de insubordinação de caráter separatista. Devemos ressaltar aqui que o termo inconfidência remete à uma ideia depreciativa de "traição" e por isso não nos parece correto segundo as novas tendências da historiografia. É recomendado, portanto, a utilização do termo conjuração "revolta”, "levante" uma vez que taxar os revoltosos de "traidores" é reproduzir a ideologia colonialista, adequada, naquele contexto, aos interesses da metrópole lusitana. A QUESTÃO DA ESCRAVIDÃO NA COLÔNIA Conforme vimos anteriormente, a adoção de trabalho livre na colônia implicaria em salários tão elevados que inviabilizariam a empresa colonizadora. A saída encontrada foi á escravidão, que na idade moderna teve caráter essencialmente racial. Durante os primórdios do período colonial os índios nativos foram utilizados como escravos, mas a escravidão que predominou foi a dos negros africanos uma vez que Portugal detinha o seu monopólio comercial e não possuía nenhuma outro “produto” que trouxesse tanta lucratividade. Não podemos descartar, porém, o papel da Igreja Católica que no período protegeu a população indígena contra a escravidão tendo atuações marcantes dos jesuítas em sua defesa e que acabou por não se envolver na questão do tráfico negreiro, ao menos não abertamente, visto que era desta atividade que advinham grandes lucros para os cofres Portugueses que eram declaradamente uma nação de católicos. No Brasil, os negros reagiram a incessantemente à escravidão com suicídios, assassinatos e fugas para o mais conhecido dos quilombos dos Palmares em Alagoas, liderados por Zumbi, principal referência do movimento negro brasileiro contemporâneo. Durante o período colonial brasileiro foi relativamente comum estabelecimento de uma relação informal entre senhores e escravos, intitulada Brecha Camponesa. Esta relação consistia na doação de um pequeno pedaço de terra pouco produtiva do senhor para seu escravo e também um dia de folga para que ele pudesse lavrá-la, possibilitando, assim, um vínculo maior do cativo com o latifúndio ao qual pertencia e, portanto, contribuía para a diminuição das fugas. As mais recentes pesquisas sobre o escravismo brasileiro tem demonstrado que é a relação entre senhores e escravos envolvia a violência mais também um rico espaço de negociação, informal e cotidiano, nesse sentido é importante destacarmos também que a reação dos escravos não se dava apenas por atos de ruptura radical com o sistema; havia diversas formas de resistência através das quais escravos conseguiram melhores condições de vida e mesmo de respeito. A QUESTÃO COLONIAL RELIGIOSA NO BRASIL A Igreja Católica chegou ao Brasil em 1500, com Pedro Álvares Cabral, e daqui não mais saiu. Sua historia é feita de autoridade, dominação, piedade, coragem e hipocrisia. A empresa colonizadora no Brasil foi conduzida pela parceria Estado Português e Igreja católica. Os primeiros missionários que pisaram em solo brasileiro foram os franciscanos (com Cabral), mas a catequese da colônia foi responsabilidade principalmente dos jesuítas que chegaram ao país em 1549. Até serem expulsos, em 1759, pelo marquês de Pombal, os jesuítas foram os maiores responsáveis pela educação e pela evangelização na colônia. Foram indiscutivelmente os maiores obstáculos à escravidão dos indígenas, mas se omitiram com relação dos negros africanos. Com relação à presença protestante no Brasil colônia, podemos destacar dois movimentos: de 1555 a 1560, quando o almirante francês Nicolau de Villegaignon fundou uma colônia huguenote (calvinista) no Rio de Janeiro "França Antártica" e de 1630 a 1654, quando Pernambuco esteve sob domínio dos holandeses huguenotes. Nesse último caso destacada também a plena liberdade religiosa garantida pelos holandeses. A despeito dessas manifestações protestantes, a maior preocupação na Igreja católica no período colonial sempre foi coibir o judaísmo. Muitos judeus ibéricos haviam se convertido à força, ao catolicismo. Eram chamados "cristãos-novos". Perseguidos na Europa migraram para o Brasil. Para garantir que esses "cristãos-novos" não voltassem a praticar o judaísmo, Portugal enviou para a colônia o "Visitador do Santo Ofício". Este tipo de inquisidor esteve no Brasil em diversas oportunidades para combater as heresias (especialmente o judaísmo) e zelar pela fé e moral dos católicos da colônia. Esses momentos eram de terror e insegurança. Detalhes sutis revelavam a "falta" ao "visitador": recusar-se comer carne de porco, não ir a missa aos domingos, vestir roupas limpas aos sábado e comer em mesa baixa como exemplos. Caso o inquisidor se convencesse da "culpa", o indivíduo era condenado a penas que iam de simples penitências (assistir missa de pé, rezar terços de joelhos) à execução na fogueira. 17 Em qualquer hipótese, a condenação de um acusado não se dava em solo brasileiro, qualquer pessoa que tenha sido indiciado pelo Santo Ofício era enviado para Portugal, onde residiam os tribunais e deveriam responder ao julgamento lá, tendo muitas vezes algumas penas como o confisco de bens que impossibilitava o retorno para o conhecido “trópico dos pecados” (maneira como o Brasil chegou a ser conhecido pela Igreja Católica) As religiões africanas foram também proibidas e desqualificadas, reduzidas à mera feitiçaria que era igualmente passível de punição. Em linhas gerais, a Igreja Católica agiu na defesa de seus interesses e crenças. Foi intolerante com as diferenças, mas heroica na luta contra a escravidão indígena muito embora tenha se omitido quanto a escravidão negreira. Quanto ao controle moral da sociedade, é costume de se considerar que ela tenha agido dentro das linhas da “pedagogia do medo”. Sessão Leitura – O Julgamento e a Sentença de Tiradentes Negando a princípio sua participação, Tiradentes foi o único a, posteriormente, assumir toda a responsabilidade pela "inconfidência", inocentando seus companheiros. Presos, todos os inconfidentes aguardaram durante três anos pela finalização do processo. Alguns foram condenados à morte e outros ao degredo; algumas horas depois, por carta de clemência de D. Maria I, todas as sentenças foram alteradas para degredo, à exceção apenas para Tiradentes, que continuou condenado à pena capital, porém não por morte cruel como previam as Ordenações do Reino: Tiradentes foi enforcado. Os réus foram sentenciados pelo crime de "lesa-majestade", definida, pelas ordenações afonsinas e as Ordenações Filipinas, como traição contra o rei. Crime este comparado à hanseníase pelas Ordenações Filipinas: -“Lesa-majestade quer dizer traição cometida contra a pessoa do Rei, ou seu Real Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos Sabedores tanto estranharam, que o comparavam à lepra; porque assim como esta enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais se poder curar, e empece ainda aos descendentes de quem a tem, e aos que ele conversam, pelo que é apartado da comunicação da gente: assim o erro de traição condena o que a comete, e empece e infama os que de sua linha descendem, posto que não tenham culpa.” Por igual crime de lesa-majestade, em 1759, no reinado de D. José I de Portugal, afamília Távora, no processo dos Távora, havia padecido de morte cruel: tiveram os membros quebrados e foram queimados vivos, mesmo sendo os nobres mais importantes de Portugal. A Rainha Dona Maria I sofria pesadelos devido à cruel execução dos Távoras ordenado por seu pai D. José I e terminou por enlouquecer. Em parte por ter sido o único a assumir a responsabilidade, em parte, provavelmente, por ser o inconfidente de posição social mais baixa, haja vista que todos os outros ou eram mais ricos, ou detinham patente militar superior. Por esse mesmo motivo é que se cogita que Tiradentes seria um dos poucos inconfidentes que não era tido como maçom. E assim, numa manhã de sábado, 21 de abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e onde fora armado o patíbulo. O governo geral tratou de transformar aquela numa demonstração de força da coroa portuguesa, fazendo verdadeira encenação. A leitura da sentença estendeu-se por dezoito horas, após a qual houve discursos de aclamação à rainha, e o cortejo munido de verdadeira fanfarra e composta por toda a tropa local. Bóris Fausto aponta essa como uma das possíveis causas para a preservação da memória de Tiradentes, argumentando que todo esse espetáculo acabou por despertar a ira da população que presenciou o evento, quando a intenção era, ao contrário, intimidar a população para que não houvesse novas revoltas. Executado e esquartejado, com seu sangue se lavrou a certidão de que estava cumprida a sentença, tendo sido declarados infames a sua memória e os seus descendentes. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, tendo sido rapidamente cooptada e nunca mais localizada; os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Santana de Cebolas (atual Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul), Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós, atual Conselheiro Lafaiete), lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa em que morava, jogando-se sal ao terreno para que nada lá germinasse. “ JUSTIÇA que a Rainha Nossa Senhora manda fazer a este infame Réu Joaquim José da Silva Xavier pelo horroroso crime de rebelião e alta traição de que se constituiu chefe, e cabeça na Capitania de Minas Gerais, com a mais escandalosa temeridade contra a Real 18 Soberana e Suprema Autoridade da mesma Senhora, que Deus guarde. MANDA que com baraço e pregão seja levado pelas ruas públicas desta Cidade ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre e que separada a cabeça do corpo seja levada a Vila Rica, donde será conservada em poste alto junto ao lugar da sua habitação, até que o tempo a consuma; que seu corpo seja dividido em quartos e pregados em iguais postes pela estrada de Minas nos lugares mais públicos, principalmente no da Varginha e Sebollas; que a casa da sua habitação seja arrasada, e salgada e no meio de suas ruínas levantado um padrão em que se conserve para a posteridade a memória de tão abominável Réu, e delito e que ficando infame para seus filhos, e netos lhe sejam confiscados seus bens para a Coroa e Câmara Real. Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792, Eu, o desembargador Francisco Luiz Álvares da Rocha, Escrivão da Comissão que o escrevi. Sebão. Xer. de Vaslos. Cout.º” (Sentença proferida contra o Alferes Joaquim José da Silva Xavier – Extraído de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiradentes, 12/05/2014). Questões sobre o Sistema Colonial 1 - (FGV – 1998) As relações entre metrópoles e colônias ibéricas foram definidas pelo Pacto Colonial, que consistia em: a) Um acordo entre as partes que, em condições de igualdade, estabeleciam metas para o desenvolvimento desses países; b) Uma imposição das metrópoles às colônias de exclusividade na área comercial; c) Uma imposição das colônias às metrópoles de caráter monopolista; d) Um acordo entre as colônias para servir às metrópoles; e) . Nenhuma das anteriores; 2 - (PUC – MG – 1999) A expansão marítima europeia, nos séculos XV e XVI, levou ao processo da conquista dos povos da América. Relaciona-se a esse processo, EXCETO: a) aceitação pacífica da conquista pelos nativos, causada pelo medo dos conquistadores. b) superioridade bélica dos europeus sobre os povos “descobertos”. c) mortandade dos povos conquistados, originada pelas epidemias e violência. d) desorganização das culturas nativas e imposição de padrões culturais europeus. e) construção ideológica da superioridade racial europeia sobre outros povos. 3 - (PUC – MG – 2000) A compreensão do significado que o processo colonizador da Idade Moderna adquiriu no contexto geral da transição feudal/capitalista encontra-se vinculada: a) à doutrina do destino manifesto. b) aos princípios liberais. c) à acumulação primitiva de capitais. d) à necessidade de exportação de capitais. e) ao avanço do industrialismo. 5 - (UERJ) O mundo conhecido pelos europeus no século XV abrangia apenas os territórios ao redor do Mediterrâneo. Foram as navegações dos séculos XV e XVI que revelaram ao Velho Mundo a existência de outros continentes e povos. Um dos objetivos dos europeus, ao entrarem em comunicação com esses povos era: a) busca de metais preciosos, para satisfazer uma Europa em crise. b) procura de escravos, para atender à lavoura açucareira nos países ibéricos c) ampliação de mercados consumidores, para desafogar o mercado saturado d) expansão da fé cristã, para combater os infiéis convertidos ao protestantismo 6 - (UFF – 1996) “É em parte à descoberta do Novo Mundo que se deverá a tolerância religiosa que se irá implantar no Antigo... As depredações promovidas pelos espanhóis em toda a América esclareceram o mundo sobre os excessos do fanatismo”. Esta ideia do Abade Raynal, contida na “História filosófica e política dos estabelecimentos e do comércio dos europeus nas duas Índias” (17801782), exemplifica um importante aspecto do pensamento ilustrado acerca do colonialismo. Assinale a opção que interpreta corretamente a ideia citada: a) Trata-se de uma verdadeira teoria da colonização moderna, construída sobre a utopia de uma América igualitária e sem conflitos raciais ou religiosos. b) O que mais interessava a Raynal era municiar o Estado francês para exercer com mais eficiência e humanidade a sua tarefa colonizadora, mormente após a derrota na Guerra dos Sete Anos e a perda do Canadá. c) Trata-se de uma crítica aos métodos violentos adotados pelo colonialismo, conjugada, porém, ao reconhecimento de que a conquista e colonização da América trouxe contribuição decisiva para o avanço da civilização na Europa. 19 d) Raynal indicava, implicitamente, o direito dos povos colonizados à independência, exigindo que as metrópoles europeias agissem com tolerância em face dos inevitáveis movimentos emancipatórios. e) Ideias como as do Abade Raynal fizeram da Ilustração a verdadeira base da ideologia anticolonialista emergente no século XVIII, razão pela qual sua obra foi proibida pelas Inquisições de Espanha e Portugal. 7 - (UFF – 1998) A colonização da América, consequência da expansão marítima e comercial européia, foi um dos aspectos do grande processo de formação do mercado mundial. Considerando esta afirmativa como referência, o tipo de mão de obra, a região colonial e a metrópole que podem ser corretamente associados são, respectivamente: a) euro-africanos / Cuba / Espanha b) euro-africanos / Brasil / Espanha c) euro-indígenas / Peru / França d) euro-indígenas / México / Inglaterra e) euro-africano / Haiti / Inglaterra 8 - (UFF – 1998) Sobre o fim da escravidão nas Américas e considerando-se a nova dinâmica do capitalismo é correto afirmar que: a) no Caribe, a emergência e expansão de um campesinato negro foi a mudança social mais marcante do pósemancipação; b) o caso norte-americano foi o único em que o fim da escravidão decorreu de acordos entre os membros da classe proprietária; c) o caso do Haiti foi um dos muitos exemplos de como o fim da escravidão resultou em revoluções sociais; d) no Brasil, o sistema de colonato representou uma tentativa fracassada de solução do problema da mão de obra; e) a abolição da escravidão no Brasil foi acompanhada de indenização pecuniária aos proprietários. 9 - (UFPB – 1997) Sobre a colonização europeia no Novo Mundo, é certo afirmar: a) A colonização portuguesa foi a mais democrática, pois conseguiu um entendimento menos violento entre colonizador e colonizado. b) A existência do trabalho escravo demonstra a violência do sistema colonizador, exceto nas áreas de domínio espanhol. c) As nações europeias conseguiram financiar suas economias e acumular riquezas, com destaque para a Inglaterra. d) A exploração econômica é um componente que marcou apenas as políticas colonizadoras da Espanha e Portugal. e) A montagem da exploração das riquezas minerais das colônias é semelhante nas experiências inglesa e espanhola 10 - (UFRN – 1999) A colonização da América repercutiu na economia européia, na Idade Moderna. Acerca disso, é correto afirmar que o (a) a) enriquecimento decorrente dos metais preciosos americanos fez surgir a Arte Renascentista, que se espalhou pela Europa. b) produção de ouro e prata americanos criou um lastro para as moedas européias, pondo fim à inflação. c) manutenção da balança comercial favorável às metrópoles propiciou a acumulação de capitais na Europa. d) conhecimento de técnicas agrícolas legado pelos Impérios Inca e Asteca possibilitou o desenvolvimento econômico europeu. GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE O SISTEMA COLONIAL: 1 – B / 2 – A / 3 – C / 4 – C / 5 – A / 6 – C / 7 – A / 8 – A / 9 – C / 10 – C Exercícios sobre o Brasil Colônia 1 - (UFSC) A eclosão da chamada guerra dos Emboabas (1708-1709) decorreu de vários fatores, podendo ser relacionada, em parte, com a: a) Nomeação de Manuel Nunes Viana, paulista de grande prestígio, para a capitania das Minas de Ouro. b) Proibição aos Emboabas de exercerem atividades comerciais na região das minas. c) Decisão da Câmara de São Paulo, que desejava que as datas fossem exploradas apenas por elementos dessa vila e seus arredores. d) Separação político-administrativa da capitania de São Paulo e Minas do Ouro. e) Convulsão social promovida pela intensificação da atividade apresadora de índios pelos bandeirantes. 20 2 - (SANTA CASA-SP) A chamada Guerra dos Mascates decorreu, entre outros fatores, do fato de a) Recife não possuir prestígio político, apesar de sua expressão econômico-financeira. b) Pombal promover a derrama, para cobrança de todos os quinhões atrasados. c) Olinda não se conformar com o papel que a aristocracia rural exercia na capitania. d) Portugal intervir na economia das capitanias, isentando os portugueses do pagamento de impostos. e) Pernambuco não apoiar a política de tributação fiscal do governador Fêlix José Machado Mendonça. b) O governador de Pernambuco era Caetano Pinto de Miranda Montenegro. c) Hipólito José da Costa, o famoso redator do Correio Brasiliense, fora escolhido pelos revolucionários como plenipotenciário da “República de Pernambuco” perante o governo inglês. d) O governador da Bahia, o conde dos Arcos, mandou fuzilar José Inácio de Abreu e Lima. e) As operações militares contra os revolucionários foram comandadas pessoalmente pelo conde dos Arcos, que bloqueou o porto do Recife e bateu as tropas de Cogominho de Lacerda. 3 - (UFPE) A Revolta de Filipe dos Santos (1720), em Minas Gerais, resultou entre outros motivos da. 6 - (FESP) A crise do sistema colonial foi marcada no Brasil por contestações diversas que comprovam as aspirações de liberdade do nosso povo. Entre as revoltas podemos destacar as Conjurações Mineira e Baiana que tiveram em comum: a) Intromissão dos jesuítas no ativo comércio dos paulistas na região das Minas. b) Disseminação das idéias, oriundas dos filósofos do iluminismo francês. c) Criação das Casas de Fundição e das Moedas, a fim de controlar a produção aurífera. d) Tentativa de afirmação política dos portugueses sobre a nascente burguesia paulista. e) Tensão criada nas minas, em virtude do monopólio da Companhia de Comércio do Brasil. 1. O fundamento ideológico apoiado nos princípios do Iluminismo e de Revolução Francesa. 2. A proposta de extinção dos privilégios de classe ou cor, abolindo a escravidão. 3. A inquietação e revolta pela eminente cobrança de impostos em atraso. 4. A discriminação social evidenciada na aplicação da justiça. 5. A numerosa participação popular caracterizada pela presença de negros e mulatos. 4 - (UFBA) Um aspecto que diferencia a Conjuração Mineira de 1789 da Conjuração Baiana de 1798 é que a última. a) Representou, pela primeira vez na História do Brasil, um movimento de caráter republicano. b) Preocupou-se mais com os aspectos sociais, a liberdade do povo e do trabalho. c) Apresentou, pela primeira vez, planos políticos e ideológicos. d) Representou o primeiro movimento apoiado por grupos de intelectuais. e) Tinha caráter de protesto contra certas medidas do governo, sem pretender a separação de Portugal. 5 - (UFPE) Assinale qual a frase errada, das abaixo enumeradas, sobre a Revolução de 1817. a) O clero de Pernambuco, em 1817, foi muito influenciado pelas idéias revolucionárias. Assinale a opção correta: a) b) c) d) e) 1e3 2e4 3e5 1e4 2e5 7. (PUC-MG) A Inconfidência Baiana de 1798 tem como causa a: a) b) c) humildes. d) e) portugueses. decadência da produção do ouro. instalação das casas de fundição. insatisfação das populações mais invasão holandesa na Bahia. revolta dos comerciantes 21 8. (FUVEST) A chamada Guerra dos Mascates, ocorridas em Pernambuco em 1710, deveu-se: a) ao surgimento de um sentimento nativista brasileiro, em oposição aos colonizadores portugueses b) ao orgulho ferido dos habitantes da vila de Olinda, menosprezados pelos portugueses. c) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a aristocracia rural de Olinda pelo controle da mão-de-obra escrava. d) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a aristocracia rural de Olinda cujas relações comerciais eram, respectivamente, de credores e devedores. e) a uma disputa interna entre grupos de comerciantes, que eram chamados depreciativamente de mascates. 9 - (FESP) Apesar do poder de coerção da metrópole portuguesa, algumas rebeliões mostravam o descontentamento dos colonos. Em Pernambuco, no século XVIII, a Guerra dos Mascates revelava o desejo dos senhores de engenho olindenses de: a) fazer um pacto com os comerciantes recifenses para lutar contra os impostos cobrados por Portugal. b) impedir a presença das forças estrangeiras nos seus territórios. c) enfrentar suas rivalidades com Recife, causadas sobretudo pelas dívidas que acumularam junto aos comerciantes portugueses, que moravam em Recife. d) organizar uma república democrática baseada em princípios liberais, significado um expressivo avanço político para a época. e) acabar com o monopólio que Recife exercia no comércio do algodão e do açúcar, controlado por comerciantes judeus e portugueses. 10 - (UFES) As transformações econômicas e socioculturais observadas no século XVIII repercutiam na população do Brasil Colonial, onde eclodiam revoltas sociais regionais e manifestações de aspiração emancipacionista. Foram manifestações sociais e políticas observadas nesse período: a) a Insurreição Pernambucana, a aclamação de Amador Bueno e a Revolta de Beckmann. b) As Guerras dos Emboabas e dos Mascates e as Conjurações Mineira, Fluminense e Baiana c) As Guerras dos Emboabas e dos Mascates, a Revolta de Vila Rica, a Inconfidência Mineira, a Revolta dos Alfaiates e a Conjuração dos Suaçunas. d) a Conjuração dos Suaçunas, a Revolta Pernambucana e a Confederação do Equador. e) a Revolta do Maneta, a Guerra dos Palmares, a Inconfidência Mineira e a Revolução Farroupilha. GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE BRASIL COLÔNIA: 1 – B / 2 – A / 3 – C / 4 – B / 5 – C / 6 – D / 7 – C / 8 – D / 9 – C / 10 – B 22 CAPÍTULO 03 alicerce econômico do Império Portugues: o Brasil. A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL O PERÍODO JOANINO (1808 – 1821) Os conflitos existentes no continente europeu, iniciados com a Revolução Francesa trarão consequências de valores inestimáveis para o Brasil. Além da importância da Revolução para as rebeliões no Brasil Colônia, como já notamos anteriormente, o movimento acabou por dar as bases da ascensão de Napoleão Bonaparte ao trono francês. Este momento reflete o fim das inconstâncias sociais do movimento revolucionário e o início da expansão imperialista francesa pela Europa. A busca por novos mercados acabou por fortalecer o estado economicamente e militarmente e o colocou numa situação de concorrência com sua maior rival: a Inglaterra. Na tentativa de conquista do império britânico, Napoleão acabou por fracassar na alternativa naval, e o imperador francês então optou pela via comercial. Neste quadro, em 1806 Napoleão assina com a maioria dos países europeus o “Bloqueio Continental”. Este tratado firmava a proibição dos países a comercializarem com os ingleses, sob pena de invasão de seus territórios pelos exércitos napoleônicos. Diante deste quadro, os lusitanos ganham importância primordial, uma vez que manteve por longos anos acordos comercias com os ingleses, necessitava das manufaturas britânicas e poderia sofrer retaliações dos mesmos. No entanto, caso não obedecesse a instrução francesa, teria o seu território tomado pelos franceses. Após as várias oscilações por parte de D. João VI – dúvidas essas derivadas das diferentes pressões que sofria dentro do aparelho estatal, uma vez que dentro deste havia uma linha que defendia o aceite ao bloqueio e outra que não queria o rompimento com os antigos parceiros – o exercito francês acabou por invadir as terras lusitanas. Desde o momento da decretação do Bloqueio os ingleses vinham pressionando o reino português a transferir sua corte para terras brasileiras, uma vez que estas neste momento compunham a parte mais preciosa do reino português, e com a invasão, não restou outro caminho ao rei, senão a transferência do aparelho estatal para a América do Sul. Com isso, em 29 de Novembro de 1807 desembarcava no Brasil 36 navios, escoltados por navios britânicos. Parte da elite portuguesa acreditava que esta vinda para o Brasil não passava de uma passageira retirada estratégica, um plano de emergência para assegurar a unidade territorial do Império e garantir a proteção da colônia que naquele período era o grande 2 – Reflexos dos Portugueses Reais em Terra Tupiniquim A família real no Brasil, com toda sua corte acabou trouxe alterações nos diferentes campos coloniais. Muitos historiados, mais voltados a vertente economicista garantem que a independência ocorre em 1808 e não em 1822, face que neste momento o rei passa a fazer decretos que visam não mais Portugal e sim o Brasil e suas necessidades. Dentre estas varas mudanças ocorridas no período, temos como destaque as seguintes: Decreto de Abertura dos Portos as Nações Amigas (ainda em 1808), que pregava que as nações que mantivessem relações amistosas com Portugal poderiam vender seus produtos no Brasil, neste momento somente a Inglaterra. Por menos impactante que pareça, este ato de abertura dos portos trouxe fim ao monopólio português sobre o comércio com sua colônia, e, portanto, trouxe fim à ideia do Pacto Colonial entre o Brasil e Portugal. A partir daí, os tempos que viriam seriam de mudanças. Alvará de 1° de Abril de 1808 assinado por D.João VI que permitia agora a instalação de manufaturas em território brasileiro, revogando assim o Alvará de 1785 assinado por sua mãe D.Maria I ( que possuía o “carinhoso” apelido de “D. Maria a Louca ), este, que por sua vez, proibia a instalação destas manufaturas aqui no Brasil. O Alvará de 1785 havia sido assinado em uma tentativa de proteger as primeiras indústrias que começavam a se formar em Portugal e também como uma forma de perpetuar a ideia do Pacto Colonial onde o papel da colônia seria estritamente de fornecer a matéria prima e 23 não a manufatura para que não houvesse concorrência com a metrópole. Uma ressalva importante porém se faz necessária: O fato do Alvará de 1° de Abril ter sido emitido não significa que a partir daqui o Brasil começou a se industrializar, pelo contrário, nenhum efeito imediato será sentido na colônia, apenas há uma diferença jurídica quanto a permissão ou não de manufaturas poderem ser instaladas aqui. Invasão da Guiana Francesa (1808 – 1817): Uma vez que estava em guerra declarada contra a França, D.João VI precisaria mostrar força perante as demais nações europeias, perante seus colonos e perante até mesmo os seus bravos soldados que ficaram em Portugal para defender o território de Napoleão e para que a retirada estratégica da família real para o Brasil não fosse minimizada e transformada em uma tentativa de fuga, o monarca decide então tomar da França a Guiana Francesa que se encontrava desprotegida naquele momento e assim levantar uma aparente impressão de resistência às forças napoleônicas. O território só foi devolvido à França depois do Congresso de Viena em 1815 quando ficou definido que os territórios modificados durante o período napoleônico seriam todos devolvidos às suas respectivas nações soberanas. Tratados de Comércio e Navegação (1810): Este foi um tratado assinado por D.João VI como uma forma de reforçar a aliança estabelecida com o Reino Unido uma vez que a partir dele, a alíquota de impostos dos produtos ingleses que seriam taxados ao entrarem no Brasil foi acertada em meros 15% do valor do produto ao passo que os próprios produtos Portugueses encontravam-se taxados em 16%. Os produtos das demais nações amigas entrariam com uma margem de 24%. Desta forma, após a assinatura deste tratado tornou-se mais vantajoso para os comerciantes brasileiros comprarem seus produtos vindos da Inglaterra do que do próprio Portugal que em teoria ainda seria a metrópole brasileira. Ocupação da Província Cisplatina ou Banda Oriental do Rio da Prata (1811 – 1828): Um segundo movimento militar foi comandado pelo monarca D.João VI poucos anos depois de sua chegada ao Brasil tendo ele sido relacionado à necessidade que a nação se encontrava de conseguir controlar uma das saídas da extensa e lucrativa rota comercial do Rio da Prata para o mar, o que era fruto do desejo de Portugal já de alguns anos antes da própria vinda da família real. A província foi conquistada a principio em 1811, porém, sempre foi um território de grande disputa entre elites locais e o poder central de D. João VI. O território chegou a ser efetivamente anexado em 1823 se incorporando ao Império do Brasil, porém, grupos de caudilhos descontentes com os interesses dos brasileiros e buscando atender aos próprios se mantiveram em constante guerrilha até a independência conquistada em 1828 desanexando de uma vez por todas o território do Brasil. (Urbanização do Rio de Janeiro) Naturalmente, porém, todas estas transformações necessárias ao Rio de Janeiro para transformá-la em capital de um Império tão acostumado com os luxos trazidos por um século de exploração aurífera precisariam de uma grande quantidade de moedas para serem custeadas e como era de se imaginar, foi através do aumento de impostos sobre os colonos que este dinheiro foi arrecadado. Com a transferência da corte, o Brasil passa a ser sede do reino. Assim, nada mais natural do que mudanças administrativas para melhoria e desenvolvimento dos diferentes setores econômicos. Foram criados três ministérios: Guerra e Estrangeiros, Marinha e Fazenda e interior. Promoveu a Junta de Comércio e a Casa de Suplicação, alterou a administração das capitanias que agora passam a ser províncias e criou novas. Com o objetivo de participar da administração estatal, vários brasileiros compraram títulos de nobreza. Assim, acabamos por ter o desenvolvimento de uma elite social dentro do país, composta em sua maioria por proprietários de terra, que agora passam a se articular em busca dos interesses particulares de sua classe. Este momento é de importância significativa, uma vez que no momento do retorno do rei a Portugal é este o grupo que vai engendrar o movimento de independência. A sociedade brasileira assim sofreu profundas transformações, e a cidade que melhor denota tais mudanças é a cidade portuária do Rio de Janeiro, pois a transferência do eixo administrativo acabou por mudar a fisionomia, que agora passou a contar com uma certa vida 24 cultural. Temos um maior acesso aos livros, uma maior circulação ideias, a criação do primeiro jornal em 1808, temos ainda teatros, bibliotecas, academias literárias e científicas, visando atender uma população urbana em rápida expansão, uma vez que a população praticamente dobrou. Essas mudanças não podem ser confundidas com o liberalismo no plano das ideias, pois apesar das mudanças, a marca do absolutismo permaneceu, com a comissão de censura, que proibia a publicação de papéis contra o governo a religião e os bons costumes. As mudanças pelas quais passam a nova capital eram claramente controladas pelo governo e seus interesses. A situação tomaria um novo contorno a partir de 1815 quando Napoleão é enfim derrotado e a Europa se reúne no famoso Congresso de Viena para decidir sobre o futuro do velho continente após esta página da história. Elevação do Brasil ao posto de Reino Unido de Portugal e Algarves (1815): Quando o Congresso de Viena foi planejado para redefinir a situação europeia pós napoleônica, ficou-se acertado que apenas as nações cujo as capitais fossem instaladas em território metropolitano poderiam participar do congresso. Tal formalidade poderia excluir Portugal de participar deste importante congresso e para que pudesse preencher este pré-requisito, D.João VI elevará oficialmente o Brasil à condição de Reino Unido de Portugal e Algarves e com isso, o estado de colônia foi efetivamente extinto, muito embora economicamente ele já tenha sido enfraquecido com a abertura dos portos em 1808. A partir desta decisão, parte da elite portuguesa, sobretudo aquela que havia permanecido em Portugal e resistido a invasão napoleônica passou a ficar descontente com as atitudes de D.João VI uma vez que a medida supostamente provisória de retirada estratégica para o Brasil se tornava cada vez mais permanente. O clamor desta elite era pelo retorno de D.João VI para Portugal para que os investimentos fossem novamente centralizados em território português e não brasileiro, atendendo assim às necessidades desta elite e, naturalmente, retornando a situação ao estado de ordem que estivera antes das invasões de Napoleão. Aclamação de D.João VI (1818): D.João VI apesar de estar no controle do Império Portugues carregava o título de Príncipe Regente e não efetivamente de Rei, uma vez que o trono ainda pertencia a sua mãe, D.Maria I que havia repassado ao seu filho os direitos de regência devido ao seu estado mental enfraquecido. Com a morte de sua mãe em 1816, iniciou-se uma disputa pela aclamação de D.João VI que deveria acontecer em Portugal segundo a tradição. D. João, porém, opta por ser aclamado aqui no Brasil como forma de assegurar sua popularidade na nova capital do Império e em uma tentativa de controlar os ânimos inflamados da Revolução Pernambucana contida no ano anterior. A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817 Neste período o nordeste passa por uma enorme seca, e consequentemente grande queda na taxa de exportação, com os senhores perdendo grande parte de seu lucro, e quase desaparecimento da cultura de subsistência, com aumento da miséria. Para deteriorar ainda mais a situação dos nordestinos, os impostos criados para sustentação da corte no Brasil, acabaram por gerar um grande quadro de descontentamento na população em geral. O ponto flagrante de descontentamento se dava quando ocorria a comparação do luxo da capital da corte com a miséria e dificuldades regionais. Este descontentamento nordestino era mais aguçado em Pernambuco, região que durante vários anos se consagrou como a região mais rica e promissora do Brasil, onde a vida luxuosa dos seus senhores não encontrava precedentes em todo território Nacional. No entanto, este quadro de profunda austeridade não se repetia, e a insatisfação popular acabou por fomentar um campo propício para a difusão de ideiais liberais, através principalmente do Seminário de Olinda e por lojas Maçônicas. As reuniões nas casas de militares passaram a se tornar cada vez mais constantes, e contavam cada vez mais com a adesão de grandes senhores de engenho, comerciantes, padres e estudantes recém chegados da Europa, com todo o ideário revolucionário do continente. Por último, não podemos deixar de citar a presença cada vez mais notória de setores populares da população nordestina. Ampliando o grau de descontentamento, temos ainda a figura do Governador de Pernambuco, um gaúcho, de desregrada, que aumentava a ira dos nativos. 25 O movimento eclode no momento em que o governador avisado do movimento manda prender o líder José Barros Lima. No entanto, o mesmo foge da prisão e este fato somado com a deserção da grande maioria de soldados brasileiros, animam os revolucionários. Os revoltosos ganham em ímpeto, e em Março do mesmo ano, tomam a sede do governo e proclamam um governo republicano em Recife. No mesmo mês, a Paraíba instala sua república. O governo provisório tinha como principais objetivos: proclamação da república, abolição da maioria dos impostos e elaboração de uma constituição, documento este estabeleceria a liberdade religiosa e de imprensa, além da igualdade de todos perante a lei. Somente no quesito a respeito da escravidão os revoltosos abandonavam o ideal liberal, como meio de evitar o choque com os interesses dos senhores de engenho. Queriam a abolição, mas desde que essa não atrapalhasse a economia local e nem prejudicasse os donos de cativos. O governo não durou mais de um mês, já que logo em seguida as tropas portuguesas reprimiram o movimento de forma violenta, esmagando a república recém fundada. Os principais líderes do movimento foram executados. Era o governo lusitano tentando através do derramamento de sangue manter o seu poder em mais um episódio de dura repressão contra os movimentos separatistas, da mesma forma que aconteceu em Minas Gerais em 1789, e na Bahia em 1798. A Conjuração Pernambucana, porém, na verdade foi um dos sintomas de uma realidade que se mostrava por todo mundo pós independência norte americana e Revolução Francesa: a ascensão dos ideais liberais frente à um mundo ainda atado ao Antigo Regime e que estava cada vez mais ganhando força pelas ruas. A REVOLUÇÃO LIBERAL DO PORTO DE 1820 Desde a transferência da Corte para o Brasil, Portugal passava por uma situação no mínimo desconfortável: após a expulsão dos franceses de seu território, os lusos ficaram sob tutela dos ingleses. A posição de D. João, contribuía para a situação, uma vez que mesmo sem a presença francesa, o mesmo permanecia no Brasil. Além disso, as medidas liberais do governo no Brasil acabaram por prejudicar os comerciantes lusitanos, levando sua economia a uma situação delicada. Em 1818 foi fundada na cidade do Porto uma associação liberal inspirada na Revolução Francesa. Esta associação reuniu comerciantes, que saíram prejudicados com as medidas de abertura de comércio do rei no Brasil, padres e também militares. A revolução eclodiu quando em agosto de 1820, quando o general inglês que governava Portugal viajou ao Brasil, os rebeldes formaram uma Junta Provisória, e o movimento finalmente chegou a Lisboa tornando-se um movimento nacional. Os britânicos foram obrigados a se retirar, e convocou-se uma assembleia para elaboração de uma constituição. As notícias acerca do movimento chegaram ao Rio de Janeiro. A exigência do retorno do rei, para que este jurasse a constituição gerava duas alternativas: o retorno do próprio rei, ou a ida do príncipe Pedro, para que este acalmasse os ânimos revoltosos. Neste momento de dúvidas a revolução foi propagada ao Brasil, com a adesão do Pará, depois a Bahia, todos com o objetivo de obedecer a constituição portuguesa. Vale destacar que tal fato reflete os descontentamentos populares para com o governo do Rio de Janeiro e todos os seus impostos, além de que a viajem a Lisboa era menos desgastante do que ao Rio. D. João tentou enviar o Príncipe e membros do governo brasileiro para ajudar na elaboração da constituição, mais a guarnição militar do Rio, fiel as Cortes opôs-se a ideia. Com este quadro, de pressão popular, militar, além do risco de perder o controle no Nordeste, não restava outra saída ao Rei, a não ser retornar a Lisboa e jurar a constituição, nomeando D. Pedro, como príncipe regente do Brasil. Além do retorno do rei, foram eleitos deputados a serem enviados as cortes. Estes foram com a ideia ilusória de tentar manter a liberdade de comércio adquirida com os decretos reais assinados após a vinda da família real e que beneficiavam os colonos brasileiros. No entanto, as cortes aos poucos definiram sua linha de tentativa de recolonização (restauração do Pacto Colonial) do Brasil cogitando-se o seu rebaixamento novamente à condição de colônia. Dois fatos descontentavam os liberais: a autonomia do Brasil e a penetração inglesa. Tentou-se anular os privilégios concedidos aos ingleses, e buscou – se a subordinação dos governos provinciais a Lisboa. Temos assim o início de uma bipolarização política no Brasil: de um lado setores comerciais influentes de Portugal, que visavam o restabelecimento colonial, e de outros os proprietários de terra do Brasil, comerciantes brasileiros, empresas inglesas, beneficiados com a abertura comercial, e não admitiam a recolonização. No Brasil inteiro, a mobilização a respeito do tema se mostrava latente, e diante do desconforto da situação, existiram polarizações 26 políticas que se dividiam em quatro frentes principais: O Partido Português: Os portugueses que moravam no Brasil, formavam um contingente considerável. Entre eles temos comerciantes, militares e funcionários da Coroa, que apoiavam o movimento do Porto. Principalmente os comerciantes, prejudicados em seus ganhos com a liberalização da política joanina. O Partido Brasileiro (ou Liberais Moderados): Composto pela aristocracia rural, comerciantes e burocratas, em outras palavras, formado pela elite colonial. O grupo seria prejudicado de maneira veemente em caso de recolonização, mais também, pelo seu caráter conservador, não via com bons olhos a Independência naquele primeiro momento. O medo era de o movimento ganhar um caráter revolucionário, de participação popular, onde seus privilégios poderiam ser questionados e ameaçados. O objetivo era negociar com as Cortes, para que ambas as partes não fosses prejudicadas e se evitaria a Independência. O líder: José Bonifácio de Andrada. O partido irá nascer dividido entre a elite do nordeste e do sudeste onde os primeiros tinham uma afinidade maior ao próprio Partido Português mas que acabarão se unificando em uma única bandeira receosos justamente pelo terror do liberalismo popular assim que perceberem que o Partido Português não tinha influência suficiente para definir o futuro do Império. Os Liberais Radicais: Era um grupo heterogêneo, composto por pequenos proprietários, membros do clero, intelectuais liberais, pequenos comerciantes, e tinham em comum o fato de defender os princípios liberais. Eram contra as propostas portuguesas e achavam que o melhor caminho seria romper definitivamente os laços portugueses, movendo uma Independência para modificar o quadro socioeconômico do Brasil e tinham até mesmo aspirações revolucionárias populares. Compunham o terror no imaginário do Partido Brasileiro. E, por fim mas não menos importante, os Bragança: D. Pedro tinha uma formação marcadamente absolutista, não estando habituado com contestações ao seu poder, e a Revolução do Porto acabou por questionar o poder dos Bragança. As cortes passaram a exigir o retorno também do príncipe, para que esse jurasse a Constituição, e esta situação o colocou em oposição as Cortes, dado a sua falta de intenção de cumprir com o determinado. O príncipe tinha o temor de perder o poder em Portugal e também no Brasil, naquele momento, economicamente mais importante que Portugal. Mal sabia ele que o absolutismo neste momento estaria definitivamente acabado para a família Bragança. Embora a Independência do Brasil tenha sido um arranjo político, como defende Caio Prado Júnior, ela implica também em uma complexa luta social. As classes buscavam nada mais do que defender os interesses particulares de cada uma. No fim,a grande vitoriosa como veremos, foi à classe dos latifundiários escravistas, ou, o Partido Brasileiro. Para o Partido Brasileiro, o ideal era a criação de uma monarquia dual, que preservasse a autonomia e o liberalismo comercial e mantivesse a ordem. No entanto, a intransigência das Cortes fez o partido inclinar-se para emancipação, sem alterar a ordem social e sés privilégios. Os Liberais Radicais, mais ligados as classes populares, assim potencialmente revolucionários, defendiam mudanças mais profundas e democráticas espelhadas nos moldes revolucionários franceses. No entanto, os Liberais Moderados é que encontravam meios econômicos e políticos para alcançar o seu objetivo, contando principalmente com o apoio da liberalista burguesia britânica. D. Pedro, não pretendia retornar a Europa, e se aproximou dos brasileiros, reforçando sua posição para as “Cortes”. D. Pedro era cortejado pelos Brasileiros e pelos Radicais, que envergavam nele o líder capaz de alterar a ordem. Por outro lado, José Bonifácio, tentava afasta-lo dos radicais afirmando que estes tentariam implantar uma República, onde os Bragança perderiam seu lugar. O caminho para este seria a aliança com os Brasileiros e uma negociação com as “Cortes” para evitar a recolonização. No entanto, com a posição das “Cortes” não restou outro caminho ao partido a não ser o da defesa a emancipação, para que não se prejudicasse os seus negócios. Nesse momento ocorre a junção de circunstâncias, o Partido Brasileiro enxergando um líder para romper os laços com Portugal e este líder encontrando no partido o apoio contra os lusitanos. A Independência, no entanto, iria ter algumas condições: manter a população longe do movimento, manter a unidade territorial e não alterar a estrutura do país, e, acima de todas as outras, após a proclamação da independência, D. Pedro deveria reunir uma Assembleia Constitucional Brasileira para redigirem uma carta constitucional a qual ele deveria jurar e utilizar como base para seu governo. Não importava para onde corresse, D.Pedro se via na obrigação de jurar uma constituição. A partir daí, estaria oficialmente extinto o Absolutismo Português e passaríamos para um regime de Monarquia Constitucional. 27 (D. Pedro I) Em Dezembro de 1821 o decreto vindo de Portugal propunha: abolição da regência e o imediato retorno do príncipe, a obediência a Lisboa e não ao Rio de Janeiro. Em resposta, D. Pedro une os aliados e transforma a sua decisão em um ato político. Reúne a multidão no campo de Santana e declara ao povo sua intenção: foi o “Dia do Fico”, registrado em 9 de Janeiro de 1822. Esta decisão foi resultado de um amplo movimento organizado por José Bonifácio. José Bonifácio, político ligava o príncipe a políticos paulistas e acabou por seus contatos sendo nomeado ministro de governo, pela primeira vez, um cargo de tal importância foi dado a um brasileiro. Continuando pelo caminho da ruptura definitiva com com as Cortes, D. Pedro determina que toda ordem de Lisboa só seria seguida no Brasil se fosse avaliada e assinada por ele. Com este ato a Câmara do Rio de Janeiro lhe confere o título de Defensor Perpétuo do Brasil. A situação se agravará em Agosto do mesmo ano quando D.Pedro decide redigir um manifesto a todas as nações com as quais o Brasil estabelecia relações comerciais explicando sobre a situação em que o reino se encontrava e que a única solução cabível seria o rompimento definitivo com Portugal. Já em Setembro e em virtude de tamanhas medidas, em meio a uma viajem a São Paulo, chega ao Rio de Janeiro mais uma carta das Cortes, ameaçando de destituir D.Pedro de seus títulos caso ele mantivesse este tom de discurso e se recusasse a voltar para Portugal. Em São Paulo, quando recebe a carta, resolve mesmo em território paulista, “...do Ipiranga às margens plácidas...”, proclamar o grito de Independência do Brasil. Era 7 de Setembro de 1822. Como observa-se a independência teve um caráter conservador: isto é: manteve o que já havia antes. Enquanto nos outros países da América do Sul onde os movimentos de independência buscaram estruturar novas formas de governo, no Brasil a preocupação foi manter o espaço conquistado pelas ações joaninas e que estavam ameaçadas. Assim temos a vitória do Partido Brasileiro, pois temos: a manutenção da liberdade de comércio, a autonomia administrativa e evitouse uma que o movimento se transformasse em uma convulsão social, com a alteração da ordem. Resumindo: a Independência foi um arranjo das elites políticas que visavam manter afastado do movimento as camadas populares, para assim preservar a monarquia, os seus privilégios, a escravidão e a exploração da maioria da população. As preocupações iniciais foram: irradiar o movimento inicialmente de caráter regional, para nacional, isso é, que a Independência fosse aceita além do sudeste. Era necessário garantir a integridade territorial sufocando as resistências de algumas regiões, como o Pará e o Maranhão, por exemplo, e era necessário ainda que as principais potências mundiais reconhecessem o país como uma nação, pois só assim seria mantida a tranquilidade do modelo agroexportador. Nossa Independência tem um caráter diferenciado das demais nações europeias, mas tem traços semelhantes também, pois também foi influenciada pela Independência dos Estados Unidos e pela Revolução Francesa, como vimos nas rebeliões do Brasil colonial. A emancipação política do Brasil não trouxe mudanças mais significativas na estrutura social, pois homens pobres livres, escravos e pessoas afastadas do grande centro permaneceram a margem do movimento. 28 Sessão Leitura – A Vida Privada de D.João VI. (Retrato de D.João VI e Carlota Joaquina) Em sua juventude foi uma figura retraída, fortemente influenciado pelo clero, vivendo cercado de padres e frequentando diariamente as missas da Igreja. Entretanto, Oliveira Lima afirmou que antes do que uma expressão de carolice pessoal, isso era um mero reflexo da cultura portuguesa de então, e que o rei... "compreendia que a Igreja, com seu corpo de tradições e sua disciplina moral, só lhe podia ser útil para o bom governo a seu modo, paternal e exclusivo, de populações cujo domínio herdara com o cetro. Por isso foi repetidamente hóspede de frades e mecenas de compositores sacros, sem que nessas manifestações epicuristas ou artísticas se comprometesse seu livre pensar ou se desnaturasse sua tolerância cética.... Aprazia-lhe o refeitório mais do que o capítulo do mosteiro, porque neste se tratava de observância e naquele se cogitava de gastronomia, e para observância lhe bastava a da pragmática. Na Capela Real mais gozava com os sentidos do que rezava com o espírito: os andantes substituíam as meditações". Apreciava muito a música sacra e era um grande leitor de obras sobre arte, mas detestava atividades físicas. Acredita-se que sofria de periódicas crises de depressão. Seu casamento não foi feliz, mas circularam rumores de que uma vez, aos 25 anos, se apaixonara por Eugênia José de Menezes, dama de companhia de sua esposa. Quando ela engravidou as suspeitas recaíram sobre D. João. O caso foi abafado e a moça foi enviada à Espanha para dar à luz. Nasceu uma menina, cujo nome se desconhece. A mãe viveu encerrada em mosteiros e foi sustentada por toda a vida por D. João. Os historiadores Tobias Monteiro e Patrick Wilcken apontam indícios de que D. João teria tido também um relacionamento homossexual, não por convicção, antes por necessidade, pois seu casamento logo se revelou um fracasso, vivendo apartado da esposa e reunindo-se a ela somente em ocasiões protocolares. Seu parceiro teria sido seu camareiro favorito, Francisco de Sousa Lobato, cuja tarefa teria sido masturbar o rei com alguma regularidade. Embora isso possa ser fruto de simples maledicência, um padre, chamado Miguel, teria uma vez surpreendido a cena e por isso deportado para Angola, não sem antes deixar um testemunho por escrito. De qualquer maneira o camareiro acabou recebendo diversas honrarias, acumulando entre outros os cargos de conselheiro do rei, secretário da Casa do Infantado, secretário da Mesa de Consciência e Ordens e governador da fortaleza de Santa Cruz, recebendo também o título de barão e depoisvisconde de Vila Nova da Rainha. No Rio os hábitos pessoais do rei, instalado num ambiente precário e despojado, eram simples. Ao contrário do relativo isolacionismo que observara em Portugal, passou a se mostrar mais dinâmico e interessado pela natureza. Deslocava-se com frequência entre o Paço de São Cristóvão e o Paço da cidade, passava temporadas na Ilha de Paquetá, na Ilha do Governador, na Praia Grande, a antiga Niterói, e na Real Fazenda de Santa Cruz. Tinha aversão a mudanças em sua rotina, o que se estendia ao vestuário, e usava a mesma casaca até que ela se rasgasse, obrigando seus camareiros a costurá-la no próprio corpo do monarca enquanto ele dormia. Sofria de ataques de pânico quando ouvia trovoadas, encerrando-se em seus aposentos com as janelas trancadas, não recebendo ninguém. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_VI_de_P ortugal, extraído em 12/05/2014) Questões sobre o Período Joanino 1 - (ALFENAS – 2000) O Bloqueio Continental, em 1807, a vinda da família real para o Brasil e a abertura dos portos em 1808, constituíram fatos importantes: a) na formação do caráter nacional brasileiro. b) na evolução do desenvolvimento industrial. c) no processo de independência política. d) na constituição do ideário federalista. e) no surgimento das disparidades regionais. 2 - (ESPM – 2000) Acontecimentos políticos europeus sempre tiveram grande influência no processo da constituição do estado brasileiro. Assim, pode-se relacionar a elevação do Brasil à situação de Reino Unido a Portugal e Algarves, ocorrida em 1815: 29 a) às tentativas de aprisionamento de D. João VI, pelas forças militares de Napoleão Bonaparte. b) à Doutrina Monroe, que se caracterizava pelo lema: "a América para os americanos". c) ao Bloqueio Continental decretado nesse momento por Napoleão Bonaparte e que pressionava o Brasil a interromper seu comércio com os ingleses. d) ao Congresso de Viena, que se encontrava reunido naquele momento e se constituía em uma rearticulação de forças políticas conservadoras. e) a política de expansionismo econômico e à tentativa de dominar o mercado brasileiro, desenvolvida pelos ingleses após a Revolução Industrial. 3 - (UNIBH – 1999) “Em 1808, 90 navios, sob bandeiras diversas, entraram no porto do Rio de Janeiro, enquanto, dois anos depois, 422 navios estrangeiros e portugueses fundearam naquele porto. Por volta de 1811, existiam na capital 207 estabelecimentos comerciais portugueses e ingleses, além dos que eram possuídos por nacionais dos países amigos de Portugal”. As modificações descritas no texto estão relacionadas com: a) o período joanino e o Ato Adicional à Constituição imperial. b) a abertura dos portos e a guerra de independência da Cisplatina. c) o domínio napoleônico em Portugal e a implantação do Estado Novo. d) a abertura dos portos e os tratados de comércio e amizade com a Inglaterra. 4 - (FGA – CGA - 1998) A Revolução do Porto de 1820 se caracterizou como um movimento de: a) consolidação da independência do Brasil; b) retorno a ordem absolutista em Portugal; c) repulsa a invasão francesa em Portugal; d) descolonização do império português na África; e) revolução liberal e constitucional. 5 - (FGA – CGA - 1998) "As notícias repercutiam como uma declaração de guerra, provocando tumultos e manifestações de desagrado. Ficava claro que as Cortes intentavam reduzir o país à situação colonial e era evidente que os deputados brasileiros, constituindo-se em minoria (75 em 205, dos quais compareciam efetivamente 50), pouco ou nada podiam fazer em Lisboa, onde as reivindicações brasileiras eram recebidas pelo público com uma zoada de vaias. À medida que as decisões das Cortes portuguesas relativas ao Brasil já não deixavam lugar para dúvidas sobre suas intenções, crescia o partido da Independência." (Emília Viotti da Costa. Introdução ao Estudo da Emancipação Política) O texto acima se refere diretamente: a) Aos movimentos emancipacionistas: às Conjurações e à Insurreição Pernambucana; b) À necessidade das Cortes portuguesas de reconhecer à Independência do Brasil; c) À tensão política provocada pelas propostas de recolonização das Cortes portuguesas; d) À repercussão da Independência do Brasil nas Cortes portuguesas; e) Às consequências imediatas à proclamação da Independência; 6 - (FUVEST – 1999) Durante o período em que a Corte esteve instalada no Rio de Janeiro, a Coroa Portuguesa concentrou sua política externa na região do Prata, daí resultando: a) a constituição da Tríplice Aliança que levaria à Guerra do Paraguai. b) a incorporação da Banda Oriental ao Brasil, com o nome de Província Cisplatina. c) a formação das Províncias Unidas do Rio da Prata, com destaque para a Argentina. d) o fortalecimento das tendências republicanas no Rio Grande do Sul, dando origem à Guerra dos Farrapos. e) a coalizão contra Juan Manuel de Rosas que foi obrigado a abdicar de pretensões sobre o Uruguai. 7 - (PUC – MG – 1998) Refere-se à Revolução Pernambucana de 1817: I. O objetivo dos rebeldes era proclamar uma república inspirada nos ideais franceses de igualdade, liberdade e fraternidade. II. Os líderes do movimento foram condenados à morte por enforcamento. III. Os revoltosos, após matarem os chefes militares governamentais, conquistaram o poder por 75 dias. a) se apenas a afirmação I estiver correta. b) se apenas as afirmações I e II estiverem corretas. c) se apenas as afirmações I e III estiverem corretas. d) se apenas as afirmações II e III estiverem corretas. 30 e) se todas as afirmações estiverem corretas. 8 - (PUC – MG – 1999) A presença da Corte Portuguesa no Brasil (1808 – 1820) gerou grandes transformações na vida econômica, política e sócio-cultural brasileira, tais como, EXCETO: a) abertura do Banco do Brasil e da Casa da Moeda. b) mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro. c) revogação do Alvará de 1785, que proibia manufaturas no país. d) elevação do Brasil a Reino Unido. e) inauguração de institutos científicos como o Jardim Botânico. 9 - (PUC – RS – 1998) Apesar da liberdade para a instalação de indústrias manufatureiras no Brasil, decretada por D. João VI, em 1808, estas pouco se desenvolveram. Isso se deveu, entre outras razões, à : a) impossibilidade de competir com produtos manufaturados provenientes da Inglaterra, que dominavam o mercado consumidor interno. b) canalização de todos os recursos para a lucrativa lavoura cafeeira, não havendo, por parte dos agro-exportadores, interesse em investir na industrialização. c) concorrência dos produtos franceses, que gozavam de privilégios especiais no mercado interno. d) impossibilidade de escoamento da produção da Colônia, devido à falta de mão-deobra disponível nos portos. e) dificuldade de obtenção de matériaprima (algodão) na Europa, aliada à impossibilidade de produzi-la no Brasil. 10 - (PUC – RS – 2000) Leia o texto: “21 de janeiro de 1822 – Fui à terra fazer compras com Glennie. Há muitas casas inglesas, tais como seleiros e armazéns, de secos e molhados; mas, em geral, os ingleses aqui vendem as suas mercadorias em grosso a retalhistas nativos ou franceses. Quanto a alfaiates, penso que há mais ingleses do que franceses, mas poucos de uns e outros. Há padarias de ambas as nações (...). As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras Superfino de Londres saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, (...), mas, acima de tudo, ferragens de Birmingham, podem-se obter um pouco mais caro do que em nossa terra nas lojas do Brasil, além de sedas, crepes e outros artigos da China. Mas qualquer cousa comprada a retalho numa loja inglesa ou francesa é, geralmente falando, muito cara.” ( GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil. São Paulo: Edusp, 1990). O texto acima, de Maria Graham, uma inglesa que esteve no Brasil em 1821, remetenos a um contexto que engloba: a) os efeitos da abertura dos portos e dos tratados de 1810. b) o processo de globalização da economia no Brasil. c) as reformas econômicas do Marquês de Pombal. d) a suspensão do Tratado de Methuen, com a ampliação da influência inglesa no Brasil. e) os efeitos da mineração, que contribuíram para interligar as várias regiões do Brasil ao Exterior. GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE O PERÍODO JOANINO: 1 – C / 2 – D / 3 – D / 4 – E / 5 – C / 6 – B / 7 – E / 8 – B / 9 – A / 10 – A 31 CAPÍTULO 04 O PRIMEIRO REINADO (1822 – 1831) A DISSOLUÇÃO CONSTITUINTE DA ASSEMBLEIA Ainda em Junho de 1822, D.Pedro cumpre a promessa firmada com o Partido Brasileiro e anuncia a criação de uma Assembleia Constituinte que passou a se reunir no ano seguinte, a partir de Maio de 1823. Neste momento, o Imperador afastado do Partido Moderado dos Andrada, passou a se vincular ao Português, defensor do ideal absolutista uma vez que o tom da discussão da assembleia estava caminhando para um liberalismo demasiado limitante aos olhos do Imperador do Brasil. D. Pedro afastou os moderados definitivamente do poder e nomeou para o Ministério nomes de sua confiança. A queda dos antigos ministros assinalou uma profunda mudança na vida política do país, pois possibilitou a ascensão do Partido Português até a Abdicação. A discussão a respeito da constituinte tomou esse tom inflamado a partir da apresentação de um “anteprojeto” apresentado pela elite agrária brasileira. Tal projeto contemplava os princípio de soberania nacional e liberalismo econômico, o anticolonialismo e a xenofobia (repúdio aos estrangeiros), além de possuir também um caráter antiabsolutista, limitando o poder de D. Pedro valorizando a representatividade nacional na Câmara, que seria indissolúvel, e que teria o controle das Forças Armadas. Por último, para excluir os populares, garantiu a possibilidades de participação político por meio de uma renda mínima, renda esta baseada numa mercadoria corrente: a Farinha de Mandioca. Daí o nome de Constituição da Mandioca, que excluíam tanto os lusos quanto os populares, os primeiros porque eram comerciantes sem acesso a terras e consequentemente a plantações e os segundos por não terem renda necessária. Assim, a Aristocracia resguardava para si a representatividade nacional. Com essas características, o antiprojeto foi alvo de criticas. A insistência em cercar o poder de D. Pedro fez com que o mesmo se voltasse contra a proposta. No entanto, o que vai definir a situação é um acontecimento inusitado. (D. Pedro I) O Jornal A Sentinela publicou uma carta ofensiva contra os militares portugueses, assinada por um “brasileiro resoluto” segundo sua própria denominação. Os militares espancaram um acusado da autoria, acusado este que dias depois seria considerado inocente. O incidente causou comoção da Assembleia, que exigia uma explicação do imperador. A ruptura entre o órgão e o imperador era inevitável quando a Assembleia em um ato de rebeldia se declarou em sessão permanente. D. Pedro respondeu mandando o exército invadir o órgão ordenando a prisão dos deputados pertencentes em sua maioria ao Partido Brasileiro. Estava dissolvida a Assembleia e o poder que a Aristocracia detinha até então se enfraquecia em detrimento de uma proposta apoiada pela frente do Partido Português, composto aqui pelos portugueses que residiam no Brasil e que eram favoráveis a uma frente mais voltada às faces autoritárias. A CARTA OUTORGADA DE 1824 A dissolução provocou grandes descontentamentos. Para minimizar foi convocado um Conselho de Estado, composto por dez membros para que estes redigissem um texto constitucional. Depois de 40 dias, no dia 25 de Março de 1824 estava outorgada a Carta. A mesma estava apoiada em grandes partes no antiprojeto, com uma alteração que seria imprescindível: a instituição do poder Moderador, além dos três outros poderes já consagrados. A constituição assim como o antiprojeto afastava as camadas populares da política, ao condicionar política a renda, no entanto, desta vez a dinheiro e não a produto. O Poder Legislativo seria composto por um Senado vitalício e por uma Câmara dos Deputados com mandatos de três anos. O senadores eram escolhidos pelo Imperador, a partir de uma lista tríplice apresentada pelas províncias. Sua função seria, propor, redigir e aprovar leis. O Poder Judiciário seria exercido por 32 um Supremo tribunal, com os magistrados também escolhidos pelo Imperador. O executivo, seria exercido por um Ministério, também escolhido por D. Pedro, onde ele seria o presidente. ( A Carta Outorgada) Já o Poder Moderador pertencia exclusivamente a D. Pedro, e deveria ser a princípio um Poder neutro, cuja função seria garantir a harmonia dos três outros poderes. No entanto, uma vez instituído no Brasil, este passou a ser o centro de poder, tornando-se instrumento da vontade do Imperador. A este poder, cabia aprovar ou não as decisões do legislativo, nomear senadores e dissolver a Câmara. Ao Executivo, restava o poder de escolher os membros do Conselho de Estado, além de nomear e demitir presidentes e funcionários das províncias, que estavam submetidas ao Moderador, impedindo assim tendências autonomistas. A Carta ainda estabeleceu a religião Católica como oficial do Estado. A relação entre Estado e Igreja era regulada pelo regime do Padroado, segundo o qual os clérigos eram pagos pelos Estado. Por isso, ao Imperador competia nomear sacerdotes aos vários cargos eclesiásticos e dar consentimento as bulas papais. Uma ressalva importante que deve ser feita a respeito da carta de 1824: Apesar do caráter autoritário e da existência de um Poder Moderador que permitia a D. Pedro agir quase como um monarca absoluto, não podemos falar jamais que se manteve o absolutismo no Brasil após a proclamação da independência porque para que um governo se configure como absoluto, ele não pode, de maneira alguma, possuir uma constituição que delimite os poderes do soberano e dê um contorno ao seu governo, ainda que este contorno e estas limitações sejam mínimas. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR DE 1824 A concentração de poderes nas mãos do Imperador gerou grandes descontentamentos, principalmente no nordeste, onde a nomeação dos presidentes provinciais entrou em choque com os interesses autonomistas dos proprietários rurais. A Unidade econômica nacional era precária, pois mesmo com a independência o Brasil manteve o seu modelo dependente ao mercado externo, não havendo grandes possibilidades de intercambio entre as províncias. No plano político, a única alteração que sofreram foi com relação a localização das ordens que ali chegavam: ao invés de emergir de Portugal, elas agora emergiam do Rio de Janeiro. No nordeste o descontentamento com o Absolutismo foi notório em diversas partes: em Pernambuco o descontentamento foi contra a nomeação do presidente, na Paraíba, assustados com a dissolução da Constituinte desconfiavam de tudo que vinha do Rio de Janeiro, além de focos de descontentamento em outros estados. Em Pernambuco as reações ao absolutismo do Imperador foram mais notórias dada a característica Revolucionária do Estado desde 1817. As expectativas liberais da experiência de 1817 difundiram-se através da imprensa escrita pernambucana, principalmente nos jornais de Cipriano Barata e Frei Caneca, que podemos dizer são responsáveis por preparar espiritualmente a Confederação do Equador. O primeiro estudou em Coimbra, de onde trouxe os estudos liberais, se associou as diversas revoluções no nordeste, estando ligado aos populares. Após ser preso várias vezes, estabeleceu – se em Recife e com seu jornal influiu na corrente liberal de Pernambuco, tendo em Frei Caneca seu principal discípulo. Em Pernambuco a dissolução da Assembléia encheu de descontentamento os liberais, gerando a queda do governo, até então sintonizado com o Imperador, sendo substituído por uma Junta Governativa, que tinha como chefe Manuel Garcia Pais de Andrade, líder do movimento de 1817. Este governo liberal, hostil as tendência absolutistas do Imperador, não foi apoiada pelo Imperador, pois para outorgar a constituição a mesma teria que ser aprovada pelas Câmaras Municipais, assim era necessário haver governos locais favoráveis ao seu governo. As possibilidades de nomeação de um novo presidente fez com que se apressasse a confirmação do chefe pelos locais como presidente da província. Com toda precaução, D. Pedro nomeou em 1823 um presidente para província do grupo que havia sido retirado do poder pouco antes pelos provinciais. Mesmo diante de pedidos para que o Imperador respeitasse a decisão popular, D. Pedro enviou tropas do Rio de Janeiro para 33 garantir a posse do novo presidente. Mesmo assim a resistência era enorme. Diante deste quadro de desavenças entre locais e Imperador, em julho de 1824, temos a proclamação da Confederação do Equador, por Manuel de Carvalho. Na Confederação, os revoltosos tentaram não cometer os mesmos erros cometidos na Revolução de 1817, como o isolamento. No manifesto lia-se: “Segui ó brasileiros o exemplo dos bravos habitantes da zona tórrida (...) imitais os valentes de seis províncias que vão estabelecer seu governo sobre o melhor dos sistemas – o representativo” (Bandeira da Confederação) A Confederação ainda pretendia a adesão das demais províncias e o apelo foi encampado para Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, que com Pernambuco formaram a Confederação do Equador. Adotou-se a Constituição colombiana, e assim tentou se formar um Estado desvinculado do restante do Império, baseado na representatividade, republicanismo, federalismo, para que os Estados associados tivessem autonomia. A repressão ao movimento foi toda organizada no Rio de Janeiro e diante disso as tropas e armas dos diferentes estados foram todas enviadas a Pernambuco. Enquanto tentavase criar uma resistência uniforme da Bahia ao Ceará, o imperador reprimiu separadamente cada província para assim impedir sua união. A carência de recursos e matérias, fez o imperador contrair empréstimos e contratar mercenários, especialmente da Inglaterra, para finalizar a repressão. Em 2 de Agosto, partiram as tropas, por terra e por mar, para em 17 de Setembro concluírem a conquista de Olinda e Recife, principais centros de resistência. As condenações foram muito severas, e destaca-se a de Frei Caneca, que teve que ser fuzilado, uma vez que sua condenação a forca não pode ser cumprida, pois os carrascos se recusaram a enforcar o líder. Finalizou-se a Confederação, mais não eliminou a insatisfação com as experiências autoritárias no Brasil. Começava desde já o desgaste da imagem de D.Pedro I primeiro tão brevemente ele havia assumido seu trono. O RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL A data de 7 de Setembro de 1822 representou a Independência do Brasil apenas para os brasileiros. O caminho para o reconhecimento foi um tanto quanto mais longo e, acima de tudo, o reconhecimento de Portugal se mostrava imprescindível para o sucesso determinante do movimento. O primeiro país a reconhecer a emancipação foi os EUA em junho de 1824. Duas razões explicam essa atitude: a Doutrina Monroe (1823) que defendia anticolonialismo europeu sobre a América expresso em seu jargão: “América para os americanos”, e principalmente os fortes interesses econômicos emergentes nos EUA, que visava reservar para si a América. Os países hispano-americanos demoraram a reconhecer a Independência, pois com um governo republicando, estes países desconfiavam do viés monárquico adotado no Brasil. A Inglaterra com seus inúmeros negócios dentro do território nacional tinha enorme interesse em reconhecer a Independência, mais só poderia fazer isto depois de Portugal. Por esse motivo a ação inglesa se deu no sentido de ajudar diplomaticamente no reconhecimento da Independência por parte dos lusos. Assim em Agosto de 1825, mediante pagamento de 2 milhões de libras esterlinas, que o Brasil conseguiu através de um empréstimo com os mesmos ingleses, foi reconhecido por Portugal a Independência do Brasil. Do ponto de vista internacional a emancipação do Brasil nada mais significou do que a substituição da dependência econômica antes vinculada para Portugal, que agora seria executada pelos outros países europeus, principalmente a Inglaterra. Com o modelo econômico mantido, o país dependia da exportação para manter suas receitas. No entanto a primeira metade do século XIX foi crítica para nossa economia, com o nosso açúcar sofrendo concorrência de Cuba, Jamaica e do açúcar de beterraba dos produtos europeus. O algodão e o arroz estavam tendo concorrência dos EUA. Assim, o café se consistia na esperança, pois seu mercado estava em crescimento e o Brasil não encontrava concorrente. Havia em paralelo a crise econômica, a crise financeira, onde a debilidade do Estado era mais notória. Dispunha de poucos recursos pela baixa tarifa alfandegária, que mesmo assim era a principal fonte de receitas. Assim, o Brasil era forçado a buscar empréstimos, sob altos juros. O déficit do Estado se tornou crônico, sobretudo quando gastos descontrolados foram assumidos para reprimir os conflitos da Confederação do 34 Equador e outros menores pelo reconhecimento da Independência ainda interno. Os problemas foram ainda piorados com a eclosão do problema da Cisplatina, quando um líder militar Uruguaio desembarcou na região com sua tropa e com o apoio da população declarou a anexação da Cisplatina as Repúblicas das Províncias Unidas do Rio da Prata. Em resposta o Brasil declarou guerra aos argentinos, conflito que durou dois anos, tendo como fim o acordo entre as duas nações, que estabeleceu a independência da Cisplatina, chamada agora de república Oriental do Uruguai. O derramamento inútil de sangue e os sacrifícios para essa guerra ativaram a oposição. Para sanar a crise financeira, D. Pedro emitiu de maneira desenfreada papel moeda, sacrificando as camadas populares, pois a consequência foi o aumento geral dos preços. A crise atingiu o auge com a falência do Banco do Brasil em 1829. atitude culminou com a passagem do chefe militar para os quadros de oposição. Assim, o imperador estava completamente sem apoio, isolado, sem contar nem sequer com as tropas, para reprimir as manifestações. A única alternativa que agora restava era a Abdicação, e foi o que fez, em favor de seu filho: Pedro de Alcântara, então com cinco anos de idade. Em 7 de Abril. D. Pedro deixou o trono, abandonou o país, se reconciliando com os Andradas, importante família do Partido Brasileiro ao deixar José Bonifácio como tutor de D. Pedro II, o futuro Imperador do Brasil assim que atingisse sua maioridade. A ABDICAÇÃO DE D. PEDRO I EM 1831 Em Portugal, D. João VI havia morrido em 1826, e assim o temor da recolonização retornou, mesmo com D. Pedro tendo renunciado o trono em favor de sua filha. No mesmo momento do fim da Guerra Cisplatina, D. Miguel, irmão de D. Pedro, assumiu o trono com um golpe e o apoio de parte da elite portuguesa. A possibilidade de D. Pedro enviar tropas brasileiras para retirar o irmão do trono, trouxe novas inquietações a cerca da possibilidade de união dos dois reinos o que deixou a elite brasileira ainda mais descontente diante do quadro generalizado de crise que a nação se encontrava. A impopularidade do imperador ia crescendo gradativamente, aumentando a oposição. Os jornais foram importantes no aumento das paixões políticas. O assassinato de Libero Badaró, que dirigia um jornal de oposição, precipitou os acontecimentos, uma vez que foi cometido por partidários do Imperador. O maior foco de oposição estava em Minas. Sem as forças militares, pois os soldados estavam passando para oposição, D. Pedro resolveu visitar a província a fim de pacificá-la. No entanto, foi recebido por mineiros que preferiram homenagear a memória de Badaró. No Rio, D. Pedro encontrou um conflito entre partidários seus e liberais, na famosa Noite das Garrafadas. Para conter os radicais o Imperador tentou reformar o Ministério Brasileiro, criado para os brasileiros, mais que até então, não tinha sido ocupado pelos mesmos. Foi organizado um ministério, agora claramente com propósitos absolutistas, com membros que apoiavam o império de forma clara. Ocorre então mais uma manifestação no Rio, exigindo a reintegração do Ministério. No entanto, D. Pedro se manteve irredutível. Essa Sessão Leitura Moderador. – Do Poder TITIULO 5º Do Imperador. CAPITULO I. Do Poder Moderador. Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organisação Politica, e é delegado privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independencia, equilibrio, e harmonia dos mais Poderes Politicos. Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolavel, e Sagrada: Elle não está sujeito a responsabilidade alguma. Art. 100. Os seus Titulos são "Imperador Constitucional, e Defensor Perpetuo do Brazil" e tem o Tratamento de Magestade Imperial. 35 Art. 101. O Imperador exerce o Poder Moderador I. Nomeando os Senadores, na fórma do Art. 43. II. Convocando a Assembléa Geral extraordinariamente nos intervallos das Sessões, quando assim o pede o bem do Imperio. III. Sanccionando os Decretos, e Resoluções da Assembléa Geral, para que tenham força de Lei: Art. 62. IV. Approvando, e suspendendo interinamente as Resoluções dos Conselhos Provinciaes: Arts. 86, e 87. (Vide Lei de 12.10. 1834) V. Prorogando, ou adiando a Assembléa Geral, e dissolvendo a Camara dos Deputados, nos casos, em que o exigir a salvação do Estado; convocando immediatamente outra, que a substitua. VI. Nomeando, e demittindo livremente os Ministros de Estado. VII. Suspendendo os Magistrados nos casos do Art. 154. VIII. Perdoando, e moderando as penas impostas e os Réos condemnados por Sentença. IX. Concedendo Amnistia em caso urgente, e que assim aconselhem a humanidade, e bem do Estado. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/c onstituicao24.htm, extraído em 12/05/2014) Exercícios de Fixação 1. (Cesgranrio) A Constituição imperial brasileira, promulgada em 1824, estabeleceu linhas básicas da estrutura e do funcionamento do sistema político imperial tais como o(a): a) equilíbrio dos poderes com o controle constitucional do Imperador e as ordens sociais privilegiadas. b) ampla participação política de todos os cidadãos, com exceção dos escravos. c) laicização do Estado por influência das idéias liberais. d) predominância do poder do imperador sobre todo o sistema através do Poder Moderador. e) autonomia das Províncias e, principalmente, dos Municípios, reconhecendo-se a formação regionalizada do país. 2. (Cesgranrio) Assinale a opção que apresenta um fato que caracterizou o processo de reconhecimento da Independência do Brasil pelas principais potências mundiais: a) Reconhecimento pioneiro dos Estados Unidos, impedindo a intervenção da força da Santa Aliança no Brasil. b) Reconhecimento imediato da Inglaterra, interessada exclusivamente no promissor mercado brasileiro. c) Desconfiança dos brasileiros, reforçada após o falecimento de D. João VI, de que o reconhecimento reunificaria os dois reinos. d) Reação das potências europeias às ligações privilegiadas com a Áustria, terra natal da Imperatriz. e) Expectativa das potências europeias, que aguardavam o reconhecimento de Portugal, fiéis à política internacional traçada a partir do Congresso de Viena. 3. (Fgv) No Brasil, durante o Primeiro Império, a situação financeira era precária, pelo fato de que: a) o comércio de importação entrou em colapso com a vinda da Família Real (1808); b) os Estados Unidos faziam concorrência aos nossos produtos, especialmente o açúcar; c) os principais produtos de exportação açúcar e algodão - não eram suficientes para o equilíbrio da balança comercial do país; d) o capitalismo inglês se recusava a fornecer empréstimos para a agricultura; e) o sistema bancário era praticamente inexistente, só tendo sido fundado o Banco do Brasil em 1850. 4. (Fuvest) O reconhecimento da independência brasileira por Portugal foi devido principalmente: a) à mediação da França e dos Estados Unidos e à atribuição do título de Imperador Perpétuo do Brasil a D.João VI. b) à mediação da Espanha e à renovação dos acordos comerciais de 1810 com a Inglaterra. c) à mediação de Lord Strangford e ao fechamento das Cortes Portuguesas. d) à mediação da Inglaterra e à transferência para o Brasil de dívida em libras contraída por Portugal no Reino Unido. e) à mediação da Santa Aliança e ao pagamento à Inglaterra de indenização pelas invasões napoleônicas. 36 5. (Fuvest) A organização do Estado brasileiro que se seguiu à Independência resultou no projeto do grupo: e) levar seu principal líder, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, à liderança da Constituinte de 1824. a) liberal-conservador, que defendia a monarquia constitucional, a integridade territorial e o regime centralizado. b) maçônico, que pregava a autonomia provincial, o fortalecimento do executivo e a extinção da escravidão. c) liberal-radical, que defendia a convocação de uma Assembléia Constituinte, a igualdade de direitos políticos e a manutenção da estrutura social. d) cortesão, que defendia os interesses recolonizadores, as tradições monárquicas e o liberalismo econômico. e) liberal-democrático, que defendia a soberania popular, o federalismo e a legitimidade monárquica. 9. (Mackenzie) O episódio conhecido como "A Noite das Garrafadas", briga entre portugueses e brasileiros, relaciona-se com: 7. (Mackenzie) São fatores que levaram os E.U.A. a reconhecerem a independência do Brasil em 1824: a) Doutrina Monroe (América para os americanos) e os fortes interesses econômicos emergentes nos E.U.A. . b) A aliança dos capitais ingleses e americanos interessados em explorar o mercado brasileiro e a crescente expansão do mercado da borracha. c) A indenização de 2 milhões de libras pagos pelo Brasil ao governo americano e a Doutrina Truman. d) A subordinação econômica à Inglaterra e o interesse de aliar-se ao governo constitucional de D. João VI. e) A identificação com a forma de governo adotada no Brasil e interesses coloniais comuns. 8. (Mackenzie) A Confederação do Equador, movimento que eclodiu em Pernambuco em julho de 1824, caracterizou-se por: a) ser um movimento contrário às medidas da Corte Portuguesa, que visava favorecer o monopólio do comércio. b) uma oposição a medidas centralizadoras e absolutistas do Primeiro Reinado, sendo um movimento republicano. c) garantir a integridade do território brasileiro e a centralização administrativa. d) ser um movimento contrário à maçonaria, clero e demais associações absolutistas. a) a promulgação da Constituição da Mandioca pela Assembléia Constituinte. b) a instituição da Tarifa Alves Branco, que aumentava as taxas de alfândega, acirrando as disputas entre portugueses e brasileiros. c) o descontentamento da população do Rio de Janeiro contra as medidas saneadoras de Oswaldo Cruz. d) a manifestação dos brasileiros contra os portugueses ligados à sociedade "Colunas do Trono" que apoiavam Dom Pedro I. e) a vinda da Corte Portuguesa e o confisco de propriedades residenciais para alojála no Brasil. 10. (Uel) Na visão do cartunista, Independência do Brasil, ocorrida em 1822, a a) foi resultado das manifestações populares ocorridas nas ruas das principais cidades do país. b) resultou dos interesses dos intelectuais que participaram das conjurações e revoltas. c) decorreu da visão humanitária dos ingleses em relação à exploração da colônia. d) representou um negócio comercial favorável aos interesses dos ingleses. e) não passou de uma encenação, já que os portugueses continuaram explorando o país. GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE O PRIMEIRO REINADO: 1 – D / 2 – E / 3 – C / 4 – D / 5 – A / 7 – A / 8 – B / 9 – D / 10 – D 37 CAPÍTULO 05 O PERÍODO REGÊNCIAL (1831 – 1840) DO AVANÇO LIBERAL CONSERVADOR AO REGRESSO O período regencial iniciado logo após a abdicação de D.Pedro I está marcado em quatro momentos distintos: Regência Trina Provisória (Abril a Julho de 1831): Definida as pressas conforme seguindo as especificações que estavam assinadas na constituição de 1824. Tinha como lideranças um militar, um liberal e um conservador e foi estabelecida para administrar a transição do Primeiro Reinado para o Período Regencial. Regência Trina Permanente (1831-1834): Composta por Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho e João Bráulio Muniz, no entanto o nome de maior destaque foi padre Feijó, ministro da Justiça, que após 1834, foi eleito, conforme a alteração da Constituição, para Regente Uno. Regência Uma de Padre Feijó (1835-1837): Renunciou antes de cumprir o mandato sob a pressão da eclosão de duas das revoltas mais importantes do período: a Cabanagem no Pará e a Farroupilha no Rio Grande do Sul. Regência Araújo Lima (18371840): Assume sob uma pauta de promessa de dura repreensão contra as rebeliões. Acaba tendo que lidar com outras duas de grande importância, a Sabinada na Bahia e a Balaiada no Maranhão. Sua luta para manter a ordem e a unidade territorial foi finalizada com o golpe da Maioridade. Uma vez finalizado o Primeiro Reinado, sinalizando com a derrota da autocracia, foram tomadas várias medidas liberais, caracterizando esse momento, como “Avanço Liberal”. Pela primeira vez, foi se pensado em um Ato Adicional para a Constituição de 1824 dando a possibilidade a elite brasileira pela primeira vez experimentar um regime governamental mais democrático e mais próximo do republicanismo uma vez que na ausência de D.Pedro I, não havia mais quem ocupasse o Poder Moderador. Neste cenário, as assembleias tornaram-se os espaços para os debates e para a experimentação de uma experiência democrática por parte das elites políticas que se organizavam em três frentes distintas para a discussão do Ato Adicional sendo elas: Liberais Exaltados: Grupo mais liberal existente naquele período, insistiam em uma releitura mais federalista e que ampliassem a autonomia das províncias da nação uma vez que a centralização em torno do Rio de Janeiro transformava o sistema em um aparelho pesado e burocrático para as províncias mais distantes como o Rio Grande do Sul, por exemplo. Lutavam por grandes reformas constitucionais como por exemplo a extinção do poder moderador. Liberais Moderados: Consistiam no grupo liberal mais reformista, porém, que preferia manter uma unidade e uma autoridade central. Compunham sobretudo a visão política da elite brasileira do sudeste e apesar das reformas constitucionais propostas, a extinção do poder moderador não estava, por exemplo, em pauta ou se estivesse, não seria a prioridade. A ordem e a unidade viriam em primeiro lugar. Restauradores ou Caramurus: Compunham o grupo mais conservador daquele período. A pauta principal dos restauradores era manter as coisas como estão para minimizar as alterações neste período de transição e havia ainda aqueles que queriam o retorno de D. Pedro I. Para os Caramurus, a reforma constitucional era algo impensável, a extinção do Poder Moderador algo ainda mais inconcebível. O AVANÇO LIBERAL (1832 – 1837) E O ATO ADICIONAL DE 1834 A queda de D. Pedro não trouxe de imediato a pacificação da sociedade. Em abril, eclodiram mais conflitos entre brasileiros e portugueses. Essas instabilidades, geraram uma certa paralisação comercial, pois os comerciantes lusos se retiraram do Rio de Janeiro e os brasileiros suspenderam seus negócios, gerando desemprego e aumentando ainda mais a instabilidade social. Os moderados, beneficiários com a queda do imperador, haviam perdido o controle e estabeleceram alianças com os exaltados e conservadores para formação de um quadro dirigente: “Sociedade Defensora da Liberdade e da Independência”, quadro este que seria comandado pelo grupo mais forte, o moderado. Como atrativo, ofereceu aos exaltados a reforma constitucional, com a sociedade escolhendo presidentes provinciais e reformando o exército excluindo os radicais dos bons cargos. Em 1831 houve a sublevação de 26º Batalhão do Rio de Janeiro, exigindo diversas medidas, dentre elas a renuncia do Ministro da Justiça: Padre Feijó. No entanto, bastou a recusa no atendimento para as tropas se recolherem ao 38 batalhão novamente. Mesmo sem ter gerado maiores problemas, este movimento deixou claro que o governo regencial não poderia confiar nas tropas regulares. A partir desta constatação foi criada a Guarda Nacional. A Guarda era subordinada ao Ministro da Justiça e acabava com as milícias. A Guarda era uma força paramilitar, onde os oficiais eram eleitos por votação secreta. Assim os moderados se equipavam com uma força eficiente e fiel. Com a Guarda, os moderados controlaram a situação, se dando o luxo de afastarem os radicais do poder. Os agrupamentos políticos mais uma vez começaram a se cristalizar no momento de discussão da reforma constitucional. Esta reforma definiu uma monarquia federativa, senado eleito e temporário e criação de Assembleias Legislativas Provinciais. O projeto foi enviado ao Senado, em reação organizou-se a defesa a Constituição Outorgada por D. Pedro I. Eram os restauradores, agora em franca oposição aos exaltados e aos moderados. Mesmo com um restaurador na tutela, José Bonifácio, os moderados empreenderam reformas dentro do governo, reformas essas que são a base do período chamado de Avanço Liberal. As reformas se caracterizam por: 1 – Aprovada a Lei que garantia os deputados eleitos em 1833 poderes constituintes para reformar a Carta outorgada por D. Pedro. 2 – Aprovado o Código de Processo Criminal dando autonomia judiciária aos municípios, com juízes de Paz eleitos localmente, com o poder de polícia. Nota-se que esses estes eram controlados pelos proprietários locais detentores do poderes de fato. 3 – Os deputados eleitos providenciaram as seguintes Reformas Constitucionais: Assembleias Legislativas Provinciais podendo legislar sobre matérias civis e militares e instruções políticas e econômicas dos municípios. A Regência Trina foi transformada em Una, com eleições diretas. Estas medidas receberam o nome de Ato Adicional aprovados após Assembleia em 1834. O mesmo preservou a vitaliciedade do Senado, como concessão aos restauradores, além da autonomia provincial como ganho aos exaltados e, para a surpresa de todos, a manutenção do Poder Moderador. Por mais que parecesse um completo avanço liberal, o ato adicional, porém, foi a resposta a um projeto um tanto quanto mais ousado por parte dos exaltados, o Projeto Miranda Ribeiro que fracassou em ser aprovado por ser considerado demasiado liberal pela maioria da elite política daquele cenário, neste projeto, estava proposto, por exemplo, o fim da vitaliciedade do senado e o fim do Poder Moderador. Assim o que polarizou a política foi a defesa ou não do Ato Adicional: os que os defendiam foram chamados de progressistas e os contrários regressistas. Os últimos se aproximavam dos antigos restauradores, defendendo o centralismo, enquanto os primeiros defendiam a descentralização. Alguns moderados, com medo da agitação popular começaram a defender a centralização, pois com o fim dos restauradores e a morte do antigo imperador D.Pedro I em 1834 o risco do absolutismo estava suspenso. No entanto, o perigo de uma rebelião popular inquietava a elite. Nas eleições para Regência concorreram Padre Feijó e Antonio Francisco de Paula Holanda, um rico senhor de engenho pernambucano. Os progressistas apoiaram Feijó e os regressistas o seu adversário. Os progressistas saíram vitoriosos na regência, mais um ano após perderam para os regressistas nas eleições legislativas. Feijó assumiu em 1835 e governou até 37, num momento de eclosão de diversas rebeliões espalhadas Brasil afora sendo duas delas de grande importância como a Cabanagem e a Farroupilha. Em 1836 dizia o regente: “Nossas instituições vacilam, o cidadão vive receoso; o governo consome o tempo em vãs recomendações. Seja ele responsabilizado por abusos e omissões, dai-lhe porém, leis adaptadas as necessidades públicas, dai-lhe forças para que possa fazer efetiva a vontade nacional. O vulcão da anarquia ameaça devorar o Império. Aplicai a tempo o remédio.” A Câmara dos Deputados, colocou-se em oposição a Feijó, dando origem a um agrupamento regressista, que foi ignorada pelo regente. Este ato foi um erro, pois o mesmo não percebeu que esse agrupamento representava os verdadeiros interesses da elite dirigente. O regente foi se isolando politicamente e diante da oposição e da falta de pulso para coibir as rebeliões, Feijó se demitiu em 1837, sendo a Regência assumida interinamente por Araújo Lima. O REGRESSO CONSERVADOR REGÊNCIA DE ARAÚJO LIMA E A O novo gabinete de Araújo Lima era composto pela maioria, ou seja, de regressistas que se opuseram ao Ato Adicional de 1834 considerando-o demasiado liberal, daí o nome de regresso conservador para este período da história. Para esta elite o liberalismo resumia-se a luta contra o despotismo de D. Pedro I. Uma vez vencido este obstáculo era necessário parar o “carro revolucionário” evitando a todo custo a democracia, que então era identificada como anarquia. Nas eleições de 1836, as graves agitações nos variados pontos do Brasil, 39 contribuíram para eleição de uma maioria regressista para Câmara dos Deputados. Essa tendência, antidemocrática começava a se firmar no país. A harmonia entre o Legislativo e Executivo, ambos regressistas, favoreceu a coesão da aristocracia, que pôde então, enfrentar com firmeza as várias rebeliões que incendiavam o país, e assim preparar terreno para a chegada ao poder de D. Pedro II. Situação que foi muito bem aproveitada pelos progressistas que se viam gradativamente cada vez mais derrotados dentro do cenário político brasileiro uma vez que os regressistas,seus opositores, estavam tendo êxito onde eles haviam fracassado: manter a unidade territorial e a ordem. AS PRINCIPAIS REBELIÕES REGENCIAIS prometendo entregar o poder a nova indicação do governo. Temendo pelas constantes agitações da região o governo enviou um forte aparato militar. O novo governo se resumiu a conquistar a capital, enquanto os cabanos se retiraram para o interior, onde se reagruparam, e conseguiram mais uma vez conquistar a capital e proclamar a República. Meses após a retomada a Coroa enviou mais uma vez uma forte esquadra, chefiada pelo brigadeiro José Francisco de Souza, que seria nomeado presidente da mesma. No momento da chegada a capital, os cabanos já sem mais forças se retiraram para o interior sofrendo violenta repressão. Como legado a cabanagem deixou o marco de ser o primeiro movimento popular a ter chegado efetivamente ao poder tendo dificuldades apenas em mantê-lo por parte de suas lideranças. A Cabanagem (1835 – 1840): O Pará sempre fora dominado por uma camada de ricos comerciantes portugueses, aliados de altos funcionários civis e militares. Este grupo resistiu o quanto pode a declaração de Independência, só sendo sanado o problema um ano após o Grito do Ipiranga, com o envio de tropas cariocas. No entanto, a proclamação alterou muito pouco a vida da população mais pobre. Sentindo-se traído o povo se rebelou e passou a exigir a participação de seus líderes no governo provisório. Após alguns poucos anos de paz, as agitações retornaram a cena no momento da abdicação, pois as autoridades locais nomeadas pela regência, foram contestadas pela população, este fato somado a falta de pulso por parte da regência provocou um clima de continua instabilidade. Para contornar as agitações a regência enviou um novo governante, e o mesmo se inclinou em estabelecer uma política repressora, que com o tempo se mostrou ineficaz, e estimulou o aparecimento de novas rebeliões, como a Cabanagem. Contra o novo presidente da província, estava sendo organizado um levante armado. O movimento que se irradiou de Belém para a zona rural eclodiu em 1835, onde os cabanos dominaram facilmente a capital e executaram o presidente da Província. Foi eleito como novo presidente um dos líderes do movimento, Malcher, que quando assumiu o poder, se declarou fiel ao Imperador e tratou de reprimir o movimento que o colocara no poder – uma espécie de contramovimento. Enquanto o novo presidente se incompatibilizava com os Cabanos, crescia a popularidade de um novo líder: Pedro Vinagre. Quando Malcher tentou proceder um golpe contra Pedro, foi preso, executado e o novo líder passou a responder pelo poder. Surpreendentemente o mesmo seguiu a linha do seu antecessor declarando fidelidade ao Imperador, e Revolução Farroupilha (1835 – 1845) : O nome desta rebelião se deve a roupa peculiar dos revoltosos, que buscaram a separação do restante do território nacional, liderados pelos criadores de gado da divisa com o Uruguai. No século XVIII a base econômica da região se solidificou com a indústria do charque (carne seca). Assim, se antes a principal atividade se restringia a pele do gado, a partir de agora a carne também passou a ser economicamente vital, sendo exportada para portos brasileiros, destinada principalmente para alimentação de escravos. Assim, quer estancieiros, que charqueadores, a economia do Rio Grande do Sul ficou voltada ao mercado externo. Contudo as charqueadas argentinas e uruguaias se desenvolviam contando com o apoio governamental o que não acontecia aqui no Brasil, fazendo pesada concorrência aos produtos gaúchos no mercado externo. Após a Independência do Brasil, os gaúchos se tornaram importantes na criação de alimentos para os escravos, além de serem vitais militarmente na fronteira, pois garantiam a posse da região. No entanto, os mesmos estavam decepcionados com o poder central, na nomeação de presidentes provinciais e também devido a pesada carga de impostos cobrados. Assim, ao passo que os argentinos cobravam baixas tarifas para importação do sal (matéria básica para os charqueadores) o governo brasileiro fazia com seus impostos subir o preço do produto, fazendo com que o charque platino fosse mais competitivo do que o gaúcho. A peculiaridade econômica do Rio Grande a deixou propensa a defesa do federalismo e da república, base das lutas da América Espanhola, com a qual os estancieiros conviviam estritamente. Em 1834, nas eleições da Assembleia Legislativa Provincial, a maioria dos deputados eleitos eram os produtores da região, 40 os Farrapos. Com o poder político nas mãos, estavam dispostos a derrubar os altos tributos, mesmo que para isso necessitasse desagradar a coroa. A oposição entre Assembleia e Executivo, conduziu ao confronto militar em 1835. Os rebeldes liderados por Bento Gonçalves dominaram Porto Alegre e no ano seguinte proclamaram a República RioGrandense ou de Piratini. No ano de 1837 uniu-se aos rebeldes o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, um dos principais líderes da unificação italiana. O mesmo ajudou na anexação de Santa Catarina ao movimento, com a criação da república Catarinense. Neste momento a Farroupilha atingia seu ápice, para após perder impulso por dois motivos: sua estreita base social, pois a maioria da população não aderiu a ela, e pela característica agroexportadora da região que não permitia economicamente um desligamento do resto do Brasil. (Cavalaria dos Farrapos) Em 1840 com a maioridade de D. Pedro II, foi oferecida anistia aos revoltos, mais os farrapos continuaram na luta. Somente em 1842 com a designação de Caxias (futuro duque) os farrapos foram dominados. Caxias cortou as vias de comunicação com o Uruguai, e negociou com os revolucionários para abrandar o animo revolucionário. Em março de 1845 através de um acordo entre governo e liderança farroupilha chegava ao fim o movimento, com várias concessões: anistia geral aos revoltosos, incorporação dos soldados ao exército imperial em igual posto, e devolução de terras que haviam sido confiscadas pelo governo. A Sabinada (1837 – 1838): A oportunidade perdida de democratizar a prática política, de um lado, e a insistência em manter inalterado o instituto da escravidão, de outro, praticamente fizeram aflorar todo o anacronismo do Estado brasileiro, provocando várias reações. Os sabinos da Bahia, mesmo manifestando fidelidade monárquica, proclamaram uma república provisória. Marcavam seu desejo de separação do govemo central respeitando o rei- menino, como demonstra seu programa, publicado em 1837: "A Bahia fica desde já separada, e independente da Corte do Rio de Janeiro, e do Govemo Central, a quem desde já desconhece, e protesta não obedecer nem a outra qualquer Autoridade ou ordens dali emanadas, enquanto durar a menoridade do sr. dom Pedro II." Apesar da aparente participação popular na Sabinada, prevalecia entre os revoltosos a classe média. Há pontos em comum entre os sabinos e os farrapos. Identificavam-se principalmente com o anticentralismo imperial: os sabinos, mais retoricamente ideológicos, e os farrapos, mais pragmáticos. É sintomático que um dos motivos imediatos da eclosão do movimento baiano seja a fuga de Bento Gonçalves da cadeia, facilitada por seus companheiros de idéias em Salvador. É que o líder baiano, o médico Francisco Sabino, que deu o nome à insurreição, cumprira pena no Rio Grande do Sul por assassinar um político conservador em 1834. No Rio Grande, Sabino conviveu com as idéias farroupilhas e ficou amigo de Bento Gonçalves. Só em 1836 é que Sabino voltara à Bahia. Se as idéias se assemelham, a prática é outra. Os baianos são letrados e propagam seu ideário pelos jornais. Tentam convencer o povo da justiça de sua causa. A Sabináda obtém a vitória em 7 de novembro de 1837, com a adesão de parte das tropas do govemo. As autoridades imperiais fogem de Salvador e é proclamada a república. Os sabinos não conseguem, porém, convencer o interior da Bahia, especialmente o Recôncavo, a aderir ao movimento, cujo os grandes senhores ajudam o govemo imperial a sufocar a insurreição. O Império contra-ataca e vence, em 15 de março de 1838. O comandante no entando excede-se na repressão, incendiando Salvador e jogando nas casas em fogo os defensores da república baiana. Se gente do povo é queimada, só três dos líderes são condenados à morte. Mas ninguém é executado: o próprio Sabino tem a pena comutada para degredo intemo e morre pacificamente em Mato Grosso. Talvez a "vingança" se explique pela perda de controle dos líderes sobre os setores mais "franceses" da insurreição. No decorrer da luta surgiram correntes agredindo a aristocracia, divulgando na imprensa suas perigosas idéias. Porém essa confusão ideológica não significa ascensão do povo. É uma reação contra o apoio que a aristocracia baiana dá ao lmpério, fornecendo gente para sufocar a rebelião. Nem por isso deixou de assustar as classes dominantes. 41 A Baladiada (1838 – 1841): A Balaiada foi uma rebelião da massa maranhense desprotegida, composta por escravos, camponeses e vaqueiros, que não tinham a menor possibilidade de melhorar sua condição de vida miserável. Esses grupos sociais, que formavam a grande maioria da população pobre da província, encontravam, naquele momento, sérias dificuldades de sobrevivência devido à grave crise econômica e aos latifúndios improdutivos. A crise econômica havia sido causada pela queda da produção do algodão base da economia da província - que sofria a concorrência norte-americana. A massa de negros e sertanejos, cansada de ser usada pela classe dominante, terminou se envolvendo numa luta contra a escravidão, a fome, a marginalização e os abusos das autoridades e militares. Os líderes do movimento foram o vaqueiro Raimundo Gomes, o fabricante de Balaios (daí o nome) Manuel Francisco dos Anjos e o negro Cosme, chefe de um quilombo e que organizou quase três mil negros. Os rebeldes chegaram a conquistar Caxias, a segunda cidade mais importante do Maranhão. Porém, a desorganização, a falta de união e divergências dos líderes e o desordenamento dos grupos, onde cada chefe agia isoladamente, facilitaram a vitória das forças militares, enviadas pelo governo. Por ter vencido os rebeldes em Caxias, Luís Alves de Lima e Silva recebeu o seu primeiro título de nobreza: Barão de Caxias. Mais tarde, ele recebeu outros títulos, inclusive o de Duque de Caxias. Sessão Leitura – A Estadia de Giuseppe Garibaldi no Brasil Giuseppe residiu algum tempo no Rio de Janeiro, onde foi membro da Congrega della Giovine Itália, fundada por Giuseppe Stefano Grondona. Foi também no Rio de Janeiro conheceu Luigi Rossetti, com quem se juntou à Revolução Farroupilha. Também conheceu Bento Gonçalves ainda em sua prisão, no Rio de Janeiro, e obteve dele uma carta de corso para aprisionar embarcações imperiais. Em 1° de setembro de 1838, Garibaldi foi nomeado capitão17 tenente, comandante da marinha farroupilha . Rossetti e Garibaldi transformaram seu pequeno barco comercial Mazzini em corsário a serviço da República Rio-Grandense. No caminho para o sul, atacaram um navio austríaco, com uma carga de café, e trocaram de navio com seus ocupantes, rebatizando a nova embarcação de Farroupilha. Enquanto Rossetti desembarcou no porto de Maldonado, Garibaldi foi capturado pela polícia marítima uruguaia, acabando preso na Argentina. Depois de algum tempo preso, tendo inclusive sido torturado, conseguiu fugir e chegar ao Rio Grande do Sul. Junto aos republicanos foi encarregado de criar um estaleiro, o que foi feito junto a uma fábrica de armas e munições em Camaquã, na estância de Ana Gonçalves, irmã de Bento Gonçalves. Lá Garibaldi coordenou a construção e o armamento de dois lanchões de guerra. Para participar da empreitada marinheiros vieram de Montevidéu e outros foram recrutados pelas redondezas. Terminada a construção dos barcos, foram lançados à água os lanchões Seival e Farroupilha. Porém, acossados pela armada de John Grenfell, não tiveram muito sucesso: capturaram alguns barcos de comércio desprevenidos, em lagoas ou rios longe da armada imperial. Surgiu, então, o plano de levar os barcos pela lagoa dos Patos até o rio Capivari e, dali, por terra, sobre rodados especialmente construídos para isso, até a barra do Tramandaí, onde os barcos tomariam o mar. Os farrapos, despistaram a armada imperial e conseguiram enveredar pelo estreito do rio Capivari e passaram os barcos a terra em 5 de julho de 1839. Puxando sobre rodados, os dois lanchões artilhados, com cem juntas de bois, atravessaram ásperos caminhos, pelos campos úmidos - em alguns trechos completamente submersos, pois era inverno, com tempo feio, chuvas e ventos, que tornavam o chão um grande lodaçal. Cada barco tinha dois eixos e quatro grandes rodas, revestidas de couro cru . Piquetes corriam os campos entulhando atoleiros, enquanto outros cuidavam da boiada. Levaram seis dias até a lagoa Tomás José, vencendo 90 km e chegando a 11 de julho. No dia 13, seguiram da lagoa Tomás José à barra do rio Tramandaí, no oceano Atlântico, e, no dia 15, lançaram-se ao mar com uma tripulação mista de 70 homens. O Seival, de 12 toneladas, era comandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como "João Grandão", e o Farroupilha, de 18 toneladas, comandado por Garibaldi ambos armados com quatro canhões de doze polegadas, de molde "escuna” . Por fim, a 14 de julho de 1839, os lanchões rumaram a Laguna para atacar a província vizinha. Na costa de Santa Catarina, próximo ao rio Araranguá, uma tempestade pôs a pique o Farroupilha, salvando-se milagrosamente uns poucos farrapos, entre eles o próprio Garibaldi. Com a chegada da marinha farroupilha a Santa Catarina, unindo-se às tropas do exército, sob o comando geral de David Canabarro, foi possível preparar o ataque a Laguna por terra e pela água. A marinha farroupilha entrou através da lagoa de Garopaba do Sul, passando pelo rio Tubarão, e atacou Laguna por trás, surpreendendo os imperiais que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa. Garibaldi tomou um brigue e dois lanchões, enquanto somente o brigue- 42 escuna Cometa conseguiu escapar para o mar. O império então impôs um bloqueio naval que buscava estrangular a república economicamente. Garibaldi ainda conseguiu furar o bloqueio com três barcos, capturou dois navios de comércio, trocou tiros com o brigueescuna Andorinha e tomou o porto de Imbituba. Alguns dias mais tarde retornou a Laguna, em 5 de novembro. Pouco tempo depois, o império reagiu com força total, comandado pelo general Francisco José de Sousa Soares de Andrea, comandante de armas de Santa Catarina, com mais de três mil homens atacando por terra. Enquanto isto, por mar, o almirante imperial Frederico Mariath, com uma frota de 13 navios, melhor equipados e experientes, iniciou a batalha naval de Laguna. Garibaldi fundeou convenientemente seus cinco navios, que se bateram contra os imperiais valentemente, mas sem chances de vitória. Nos navios farroupilhas nenhum comandante ou oficial escapou com vida. O próprio Garibaldi, vendo a derrota iminente, queimou seu navio, a escuna Libertadora, e se juntou à tropa de Canabarro, que preparou a retirada de Laguna. Era o fim da marinha farroupilha. Em Laguna, Garibaldi ainda conheceu Ana Maria de Jesus Ribeiro, conhecida depois como Anita Garibaldi, com quem se casaria e que se tornaria sua companheira de lutas naAmérica do Sul e depois na Itália. pequenos combates com piquetes farroupilhas em novembro, através dos Campos dos Curitibanos e Campos Novos, as tropas imperiais chegaram a Lages, onde retomaram a vila. Os farroupilhas ainda retomaram Lages brevemente, mas as tropas legalistas foram reforçadas por uma divisão vinda de Cruz Alta, sob o comando do coronel Antônio de Melo Albuquerque, o "Melo Manso". Garibaldi e Teixeira Nunes, pressentindo um ataque, dividiram suas tropas, uma partindo para o norte, onde, perto do rio Marombas encontrou uma tropa legalista superior em 12 de janeiro de 1840. Os republicanos foram dizimados e, dos 500 iniciais, menos de 50 conseguiram retornar a Lages e depois voltar ao Rio Grande do Sul. Garibaldi ainda participou com Bento Gonçalves, Domingos Crescêncio de Carvalho e 1.200 homens da campanha pela conquista de São José do Norte, onde, depois de uma longa marcha a cavalo, se travou uma duríssima batalha de quase nove horas, tendo os farrapos tomado a cidade por pouco tempo - a reação vinda de Rio Grande logo expulsou os farrapos embriagados. A pedido, o presidente Bento Gonçalves dispensou Garibaldi de suas funções e ele então mudou-se para Montevidéu, no Uruguai, com Anita e seu filho Menotti, nascido em Mostardas, no litoral sul do estado do Rio Grande do Sul. Recebeu um rebanho de 900 cabeças de gado, das quais, depois de 600 quilômetros de marcha, 300 chegaram a Montevidéu, em junho de 1841. “Eu vi corpos de tropas mais numerosas, batalhas mais disputadas, mas nunca vi, (http://pt.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Garibaldi, extraído 12/05/2014) em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavaleiros mais brilhantes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das nações. Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente, que sustentou, por mais de nove anos contra um poderoso império, a mais encarniçada e gloriosa luta!” - Garibaldi Depois das queda de Laguna, as tropas farroupilha tomaram o caminho de Lages para retornar ao Rio Grande do Sul. Enquanto isso, o governo imperial havia decidido enviar um contingente de tropas ao sul pelo interior, com a missão de retomar Lages e depois auxiliar contra o cerco de Porto Alegre pelos farrapos. Travando (Giuseppe Garibaldi em 1866) 43 Exercícios Regencial sobre o Período 01). (MACKENZIE) Do ponto de vista político, podemos considerar o Período Regencial como: a) uma época conturbada politicamente, embora sem lutas separatistas que comprometessem a unidade do país; b) um período em que as reivindicações populares, como direito de voto, abolição da escravidão e descentralização política, foram amplamente atendidas; c) uma transição para o regime republicano que se instalou no país a partir de 1840; d) uma fase extremamente agitada com crises e revoltas em várias províncias, geradas pelas contradições daselites, classe média e camadas populares; e) uma etapa marcada pela estabilidade política, já que a oposição ao Imperador Pedro I aproximou os vários segmentos sociais, facilitando as alianças na Regência. 02). Durante o Período Regencial: a) A monarquia imperial foi extinta, instaurando-se em seu lugar uma república Federalista. b) Os regentes governaram de forma absoluta, fazendo uso indiscriminado do Poder Moderador. c) As facções federalistas criaram a Guarda Nacional, um eficiente instrumento militar de oposição ao Exército regular da Regência. d) Nenhum regente fez uso do Poder Moderador, o que, de certa maneira, permitiu a prática do Parlamentarismo. e) As camadas populares defenderam a proclamação de República e a extinção da escravidão. 03. (UFGO) O Período Regencial apresentou as seguintes características, menos: a) Durante as Regências surgiram nossos primeiros partidos políticos: o Liberal e o Conservador. b) O Partido Liberal representava as novas aspirações populares, revolucionárias e republicanas. c) Foi um período de crise econômica e social que resultou em revoluções como a Cabanagem e a Balaiada. d) Houve a promulgação do Ato Adicional à Constituição, pelo qual o regente passaria a ser eleito diretamente pelos cidadãos com direito de voto. e) Formaram-se as lideranças políticas que teriam atuação marcante no II Reinado. 04. (UNITAU) Sobre o Período Regencial (1831 - 1840), é incorreto afirmar que: a) foi um período de intensa agitação social, com a Cabanagem no Rio Grande do Sul e a guerra dos Farrapos no Rio de Janeiro; b) passou por três etapas: regência trina provisória, regência trina e regência una; c) foi criada a Guarda Nacional, formada por tropas controladas pelos grandes fazendeiros; d) através do Ato Adicional as províncias ganharam mais autonomia; e) cai a participação do açúcar entre os produtos exportados pelo Brasil e cresce a participação do café. 05. (UFS) " ... desligado o povo riograndense da comunhão brasileira, reassume todos os direitos da primitiva liberdade; usa destes direitos imprescritíveis constituindo-se República Independente; toma na extensa escala dos Estados Soberanos o lugar que lhe compete ..." Na evolução histórica brasileira, podese associar as idéias do texto à: a) Sabinada b) Balaiada c) Farroupilha d) Guerra dos Emboabas e) Confederação do Equador 06. "Em 1835, o temor da "haitianização" que já era comum entre muitos políticos do Primeiro Reinado, cresceu ainda mais depois da veiculação da estarrecedora notícia: milhares de escravos se amotinaram a ameaçavam tomar a capital da província." O texto acima trata da: a) Balaiada ocorrida no Maranhão; b) Revolta dos Quebra-Quilos, verificada em Alagoas; c) Abrilada, detonada no Rio de Janeiro; d) Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia; e) Revolta do "Maneta", destravada em Pernambuco. 44 07). (MACKENZIE) Marque a alternativa que completa corretamente o texto seguinte: "As causas da ___________ eram anunciadas por Bento Gonçalves no manifesto de 29 de agosto de 1838, denunciando as altas tarifas sobre os produtos regionais: ouro, sebo, charque e graxa, política esta responsável pela separação da província de São Pedro do Rio Grande do Sul da Comunidade Brasileira." a) Cabanagem b) Balaiada c) Farroupilha d) Sabinada e) Confederação do Equador 08. (UCSAL) Durante as primeiras décadas do Império, a Bahia passou grande agitação política e social. Ocorreram várias revoltas contra a permanência de portugueses que haviam lutado contra os baianos na Guerra da Independência. Entre as revoltas a que o texto se refere pode-se destacar, a: a) Farroupilha b) Praieira c) Balaiada d) Cabanagem e) Sabinada 09. (FUVEST) A Sabinada que agitou a Bahia entre novembro de 1837 e março de 1838: a) tinha objetivos separatistas, no que diferia frontalmente das outras rebeliões do período; b) foi uma rebelião contra o poder instituído no Rio de Janeiro que contou com a participação popular; c) assemelhou-se à Guerra dos Farrapos, tanto pela posição anti-escravista quanto pela violência e duração da luta; d) aproximou-se, em suas proposições políticas, das demais rebeliões do período pela defesa do regime monárquico; e) pode ser vista como uma continuidade da Rebelião dos Alfaiates, pois os dois movimentos tinham os mesmos objetivos. 10. (UMC) O Golpe da Maioridade, datado de julho de 1840 e que elevou D. Pedro II a imperador do Brasil, foi justificado como sendo: a) uma estratégia para manter a unidade nacional, abalada pelas sucessivas rebeliões provinciais; b) o único caminho para que o país alcançasse novo patamar de desenvolvimento econômico e social; c) a melhor saída para impedir que o Partido Liberal dominasse a política nacional; d) a forma mais viável para o governo aceitar a proclamação da República e a abolição da escravidão; e) uma estratégia para impedir a instalação de um governo ditatorial e simpatizante do socialismo utópico. GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE O PERÍODO REGÊNCIAL: 1 – D 2 – D 3–B 4–A 5–C 6–D 7–C 8–E 9 – B 10 – A 45 CAPÍTULO 06 O SEGUNDO REINADO (1840 – 1889) O GOLPE DA MAIORIDADE (1840) As disputas entre progressistas e regressistas resultaram no surgimento de dois partidos: O regressista e o conservador, que se alteraram no poder ao longo do segundo reinado. Enquanto o partido liberal se organizou pelo Ato Adicional o Conservador buscou a limitação do liberalismo do Ato Adicional, com uma lei interpretativa. A Regencia começou Liberal, mais terminou Conservadora, graças a ascenção da economia cafeeira, já que o produto se tornou no principal produto na pauta de exportações, e como os líderes conservadores eram cafeeiros a liderança se explica. Com a abdicação de D. Pedro, o Brasil se viu em instabilidade, graças ao caráter transitório em que se apresentavam as regências, um substituto do poder legítimo. Para conter o perigo de fragmentação territorial a antecipação da maioridade de D. Pedro começou a ser cogitada. Levada a Câmara, a proposta foi aprovada, e em 1840, com 15 anos incompletos, D. Pedro jurou a Constituição e foi aclamado D. Pedro II. A proposta foi maquinada por liberais, que alijados do poder, viam apenas esta alternativa para seu retorno na cena política, uma vez que comporam o primeiro ministério do Segundo Reinado. AS MEDIDAS ANTI-LIBERAIS “PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS” E Apesar das disputas, os partidos Conservador e Liberal eram bem próximos: ambos eram compostos pelos grandes proprietários escravistas, e defendiam os mesmos interesses: eram unidos contra a participação popular nas decisões políticas, sendo a favor de uma política Anti-Liberal no sentido mais especifico da palavra se remetendo a uma ideia amplamente democrática, e também Anti-Popular. Essa maior unidade foi favorecida pelo fortalecimento economico da aristocracia rural, provocado pelo café, no Vale do Paraíba, gerando o fortalecimento de três estados: São Paulo, Rio e Minas, que fortalecidas impunham ao restante da nação, seus inetresses básicos: centrealismo e marginalizaçao dos setores mais radicais e democráticos da população. Para assegurar a ordem pública foi reformado o código Civil e Criminal, conferindo aos poderes locais uma maior soma de poderes, não obedecendo mais ao antigo caráter liberal, pois toda a autorodade policial e judicial ficava sobordinada ao Ministério da Justiça. Se no primeiro reinado foi constante os atritos entre o poder moderador e o Congresso, foi criado em 1847 a Presidencia do Conselho dos Ministros, onde o imperador nomeava o presidente do Conselho e este nomeava os demais ministros. Nascia assim o Parlamentarismo Brasileiro, bem diferente ao praticado na Europa, uma vez que no Velho Continente, o Parlamento era quem escolhia seu primeiro ministro. No Brasil o Parlamento nada podia contra os ministros, que diviam sua prestação de contas ao Imperador. Este é o que chamamos de “parlamentarismo as avesas”. A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA REVOLUÇÃO PRAIEIRA (1848 – 1850) (D. Pedro II) As disputas políticas no entanto, ficaram cada vez mais acirradas, e para controlar o país, o partido no poder tratava de eleger nas províncias, presidentes de seu agrado. Nas eleiçõs, chefes políticos tratavam de colocar nas ruas bandos armados, o governo coagia eleitores, fraudava os resultados. Essa forma de fazer política, ficou conhecida como “eleições do cacete” e deu como de se esperar a vitória aos Liberais. O OU Assim como as revoluções de 1848 na Europa representaram o encerramento de um ciclo revolucionário iniciado com a Revolução Francesa, a Praieira correspondeu à última das agitações políticas e sociais iniciadas com a emancipação e mais uma vez, Pernambuco estava no centro dos cenários revolucionários. Pernambuco era, no século XIX, a mais importante província do nordeste, graças ainda ao açúcar, e seus políticos gozavam de influência no Rio de Janeiro. Entretanto, a concentração fundiária em Pernambuco era tal, que um terço dos engenhos era propriedade de uma única família: a dos Cavalcanti. Desse modo, a totalidade dos pernambucanos dependia direta ou indiretamente de um punhado de famílias que conduzia a sociedade tendo em vista 46 exclusivamente os seus interesses. Pernambuco concentrava ainda um numeroso grupo de comerciantes, de maioria portuguesa, que monopolizavam as trocas mercantis. A concentração da propriedade fundiária e a monopolização do comércio pelos portugueses foram os fatores de permanente insatisfação das camadas populares em Pernambuco. Em Pernambuco existiam dois partidos: o Liberal e Conservador, assim como no centro do Império. Os Cavalcanti dominavam o Liberal e os Rego Barros, o Conservador. Apesar dos partidos, essas duas famílias costumavam fazer acordos políticos com facilidade uma vez que neste período, vale lembrar, ainda que dividida, as elites brasileiras sempre possuíram uma orientação elitista em comum, afinal, se tratavam todos de grandes latifundiários com plantéis enormes de escravos e deveriam zelar pela manutenção deste status quo. Porém, em 1842, membros do Partido Liberal se rebelaram e fundaram o Partido Nacional de Pernambuco - que seria conhecido como Partido da Praia. Esses inconformados pertenciam a famílias que haviam feito fortuna em época recente, na primeira metade do século XIX, e tinham como eleitores senhores de engenho, lavradores e comerciantes. Eles deixaram claro o motivo de sua atitude: acusavam o presidente da província Rego Barros de distribuir os melhores cargos administrativos somente entre os membros do Partido Conservador e a cúpula do Partido Liberal. Em 1844 os praieiros conseguiram importantes vitórias com a eleição de deputados para a Assembleia Legislativa local, que colaborou com a expulsão das poderosas famílias do poder no momento da eleição de um ministério liberal. Uma vez instalados no governo, os praieiros adotaram os mesmos métodos dos antigos governantes. Demitiram em massa os funcionários da administração e da polícia que haviam sido nomeados pelos conservadores, substituindo-os pelos seus correligionários. O resultado imediato foi um grande caos administrativo devido ao surgimento deste terceiro polo político que não estava afiliado nem à alta cúpula do Partido Liberal, nem ao Partido Conservador. Para fazer face aos gastos com funcionários públicos, policiamento e obras públicas aumentaram os impostos, encarecendo assim os alimentos, e consequentemente gerando uma grande tensão social. O governo usando do sentimento antilusitano da população, acabou por culpar os comerciantes portugueses pela alta, provocando a perseguição dos mesmos. Nada disso amenizou o fracasso da administração. Por fim, a descoberta de inúmeras irregularidades em 1848 desmoralizou a administração. O novo presidente, de inclinação moderada, assim que eleito, começou a afastar os praieiros da administração – da mesma maneira que os praieiros fizeram ao subirem ao poder – criando, da mesma forma que anteriormente uma situação explosiva agravada pelo fator de instabilidade nos governos. A DEFLAGRAÇÃO DA REBELIÃO PRAIEIRA Sem aliados de peso na Corte, os praieiros se enfraqueceram ainda mais com o fim do domínio liberal no poder central do Rio de Janeiro e a ascensão dos conservadores sob a liderança de Pedro de Araújo Lima. Tendo entre os seus principais líderes os membros da aristocracia rural pernambucana, o Partido da Praia não era propriamente radical. Mas, diante de seus poderosos inimigos políticos, os praieiros aliaram-se aos líderes mais radicais, que ajudaram a formular as principais exigências: 1 ° - Voto livre e universal do povo brasileiro; 2° Plena liberdade de comunicar os pensamentos pela imprensa; 3° - Trabalho como garantia de vida para o cidadão; 4° - Comércio para os cidadãos brasileiros; 5° - Inteira e efetiva independência dos poderes constituídos; 6° Extinção do poder moderador e do direito de agraciar; 7° - Elemento federal na nova organização; 8° - Completa reforma do poder judicial de modo a assegurar as garantias individuais dos cidadãos. Destaca-se nas propostas a ideologia da Revolução Francesa tomando uma postura extremamente democrática e popular – diferente do que a elite mantinha até então. No entanto, sua rebelião tinha um caráter menos radical do o exposto no manifesto, uma vez que a principal luta era por uma participação na política de maneira irrestrita, sem a monopolização da aristocracia rural. O levante armado se iniciou com as demissões dos praieiros. Estes se recusaram a deixar os cargos e resistiram armados, mas sem comando unificado. Suas bases eram os engenhos, com recrutamento de combatentes entre dependentes dos senhores. Até o final do ano de 1848, a rebelião praieira não passava de conflitos isolados, sobretudo no interior, com ataques a vilas para intimidar os opositores ou então aos engenhos inimigos para recolher alimentos, munições e animais de carga. Mesmo assim, a rebelião praieira havia atingido dimensões suficientemente graves em dezembro de 1848 para que o próprio Estado imperial de interviesse. Com essa intervenção imperial, os praieiros foram obrigados a concentrar as suas forças para resistir. Porém, as suas dificuldades foram aumentando com o corte dos suprimentos de armas e munições, graças à 47 ação de vigilância da polícia, que impediu que tais suprimentos chegassem às mãos dos rebeldes. Contando com aproximadamente 1500 combatentes divididos em duas colunas, os praieiros decidiram atacar o Recife. No confronto com as tropas governistas, os praieiros perderam. Enquanto isso, alguns praieiros fugiram para o exterior e, dos lideres aprisionados, dez foram condenados à prisão perpétua, mas anistiados em 1851. O Apogeu Econômico do Império do Brasil – A Ascensão do Café ECONOMIA E MODERNIZAÇÃO PROTECIONISMO DA TARIFA BRANCO (1844) – O ALVES O tratado de 1810, a redução dos impostos arrecadados, e as concessões feitas ao americanos por ocosião do reconhecimento da Independência, diminuiram em muito a capacidadede arrecadação do governo brasileiro. A falta de uma produção nacional que suprisse as necessidades, fez do país uma economia dependente de fornecimento externo de produtos básicos, como alimentos e algodão e que teriam que ser adquiridos com as divisas de exportação. Economicamente, continuavamos coloniais. Essa distorção começou a ser corrigida em 1844, com a substituição do livre cambismo por medidas protencionistas, através da Tarifa Alves Branco, como ficou conhecida o decreto do ministro Manuel Alves Branco. Através deste decreto, as entradas de produtos no Brasil passaram a sofrer um aumento de impostos, para que assim a produção nacional pudesse fazer concorrência aos produtos do exterior. As pressões internacionais foram fortes, especialmente dos britânicos, que detinham enormes privilégios nos comércios com o Brasil. Embora a tarifa não estimulasse decisivamente o desenvolvimento de um mercado interno, foi um passo importante para isso uma vez que permitiria que as futuras indústrias brasileiras pudessem competir com as indústrias internacionais através do preço ainda que não possuíssem o mesmo padrão de qualidade. A EXPANSÃO DO CAFÉ (1830 – 1880 apr.) Todo o período de “tranquilidade”, a superação das crises regenciais e a estabilidade política devem ser em grande parte atribuídos a economia cafeeira. A estrutura produtiva no Brasil como vem, em pouco foi alterado com a emancipação. Continuamos exportadores de base escravista e monocultores. Só que a grande prosperidade que o país alcançou se deveu a produção de um produto com larga aceitação na Europa: o Café (de origem árabe, consumido inicialmente em Veneza e difundido rapidamente para o resto da Europa). Desenvolvida em São Paulo, Rio e Minas, o café forneceu uma sólida base econômica para o domínio dos grandes proprietários e favoreceu a definitiva consolidação do Estado Nacional. Inicialmente o café teve sua produção em torno da capital do País, o Rio de Janeiro, pois encontrou ali uma estrutura já montada (animais para o transporte, proximidade ao porto escoa dor), e aproveitou a disponibilidade da mão de obra escrava, que havia sido deixada na ociosidade após o declínio da mineração. Além disso, o café não necessitava de grandes investimentos iniciais, como a montagem de engenho, conforme o Açúcar. O café dependia de dois fatores básicos: a terra e a disponibilização de mão de obra. Outra diferença em relação ao açúcar é em relação à separação entre a produção e a comercialização, pois no produto adocicado, as decisões dependiam do setor comercial, os senhores de engenho se tornaram sócios minoritários, enquanto que no café, como foi produzido num país recentemente emancipado, deu um maior espaço de atuação dos produtores, no escoamento, no transporte, pois os mesmos tinham boa capacidade comercial. (Fazenda Produtora de Café no Vale Paraíba) Como de 1830 a 1880 o café era comercializado quase que exclusivamente pelo Brasil, o Vale do Paraíba conheceu um período de enorme prosperidade econômica, e estabilizou indiretamente da economia imperial. O café serviu ainda para manter a estrutura colonial da plantation escravista ao qual o Brasil já estava mais que adaptado a utilizar. A cafeicultura se caracterizou por sua plantação predatória e extensiva, assim dada à falta de terras em abundância, o solo se esgotou no Vale, pelo próprio desgaste natural do mesmo com a agricultura, pois os plantadores cariocas, não se utilizavam de técnicas para manter o sol, como por exemplo a rotatividade, se preocupando 48 apenas em usar a terra até esgotá-la, e feito isso, partir para uma nova terra virgem. Assim, com o esgotamento do solo no Vale, a produção cafeeira para fugir da decadência se direcionou ao Oeste Paulista, inicialmente em Campinas. Por encontrar um solo não tão acidentado como o do Vale, o plantio ocupava longas extensões de terras no oeste: terras essas conhecidas como roxa, de origem vulcânica, mais fértil. A regularidade do relevo favorecia ainda uma melhor qualidade do café. O transporte do Oeste, também era melhor, pois se aproveitava das redes viárias já disponíveis até o porto de Santos. Quando as plantações se distanciaram dos portos, e o transporte feito por animais não mais sanava as dificuldades, os próprios proprietários, em associações com empresas privadas, começaram a estimular a construção de ferrovias. Os superávits eram constantes com o café, e recolocou economia nacional no exterior. A tarifa Alves Branco, responsável por corrigir as alíquotas dos impostos dos produtos importados aumentou as receitas estatais e no fim todo esse cenário de maior entrada de dinheiro, do apogeu econômico do café e da alfândega, possibilitaram as primeiras modificações e tentativas de modernização da sociedade e economia. Neste momento, de empreendedorismo, destaca-se a figura do Barão de Mauá, que veio a investir-nos mais variados setores, como transporte, produção de navios, no ramo bancário e de comunicação. No entanto seus empreendimentos não foram adiante com a grave crise bancária de 1864, e em 1873 o Barão falia definitivamente vítima de seu próprio expansionismo que investiu na indústria e infraestrutura do Brasil acreditando que teria apoio do governo brasileiro em seus investimentos. Ele não imaginou, porém, que ainda com os primeiros sinais de abolição, que o governo fosse favorecer a elite latifundiária em detrimento desta tentativa de modernização e acabou pagando, e literalmente caro, por isto. A Política Externa e a Guerra da Paraguai (1865-1870) A posição geográfica do Paraguai o deixava completamene dependente da Argentina ou do Uruguai, pois situado no interior do prata, seus comerciantes ficavam a mercê do porto e dos comerciantes de Buenos Aires. Estava claro, que para o Paraguai o direito de navegar com segurança e a garantia de manter aberta a comunicação com o exterior eram interesses vitais. Diante deste quadro de completa dependência, os governos paraguaios desenvolveram uma política voltada para dentro para que assim dependesse o mínimo possível do exterior. O primeiro ditador Paraguaio, Francia, percebeu que desenvolver uma política voltada para exportação daria muitos poderes aos grandes proprietários rurais e a burguesia mercantil, além de trazer consequantemente a dependencia para com Buenos Aires, e as concessões para os Argentinos custariam a soberania do país. Para estimular o mercado interno houve o incentivo as pequenas e médias propriedades dirigidas ao consumo local, além do confisco das grandes propriedades e monopolização do comércio com o exterior. Assim, os traços que fizeram as peculiaridades do Paraguai foram: pequenas propriedades, estatização e ditadura. O segundo ditador, Carlos Antonio López, se preocupou em desenvolver a indústria. As receitas obtidas com as exportações de couro e erva mate foram gastas com o equipamento técnico do país, e a contratação de técnicos no exterior, e o envio de estudantes para o velho continente, promovendo ao Paraguai uma condição de extinção do analfabetismo, eliminação da miséria e total auto-suficiência. O Confronto Brasil e Argentina eram os países mais fortes do continente, com interesses evidentes no estatuário do prata. O Uruguai, era um ponto de constante atrito entre as duas nações. Os uruguaios estavam dentro de uma guerra civil, com a bipolarização política entre blancos e colorados e naturalmente, cada partido era apoiado por uma de suas nações vizinhas. Para o Paraguai a manutenção da soberania e da independencia do Uruguai seria a única forma de manter o acesso aos mares visto que a elite blanca, apoiada por Solano López, presidente do Paraguai na época, detinha o favoritismo nas eleições. O motivo imediato da guerra foi a intervenção brasileira a fovor dos colorados depois que eles perderam uma das eleições presidenciais para os blancos, desfazendo o equilibrio das forças no Prata e alarmando o Paraguai. Em represália, Solono Lopéz, apreendeu um navio brasileiro no Rio Paraguai, navio este que trazia o presidente da provincia do Mato Grosso. As relações com o Brasil foram rompidas e no mesmo mês (Novembro) o Mato Grosso foi invadido, para depois o Paraguai avançar sobre o Uruguai para tentar atingir o Rio Grande do Sul. Com esta tática já definida anteriormente, com um preparo militar adequado, o Paraguai mostrava que não estava mais a margem de Argentina e Brasil, agora o mesmo era uma força a ser olhada com cuidado, pois sua força militar era considerável. Diante do perigo de uma terceira potencia no continente, brasileiros e argentinos resolveram deixar em segundo plano seus problemas e com 49 o apoio inglês, estabeleceram uma aliança. Esse apoio inglês se devia sobretudo ao comércio bélico lucrativo para os britânicos. Por muito tempo uma versão de que o apoio da Inglaterra ao Brasil e a Argentina se justificavam por uma questão de ameaça representada pelo Paraguai e sua crescente indústria que ameaçava competir com a inglesa na nova ordem econômica mundial. Esta tese já foi refrutada com base nos dados de arrecadação de impostos e de exportação do Paraguai, que se comparados ao Brasil e a Argentina demonstrariam uma grande inferioridade por parte dos paraguaios, o que o impossibilitaria a competir com a Inglaterra pela demanda mundial de manufaturas, além, é claro, de nos deixar o questionamento de que se o Paraguai representasse alguma ameaça para a Inglaterra, porque o Brasil e a Argentina, com indústrias mais desenvolvidas não representariam igualmente? Assim, com as “graças” da Inglaterra em Maio de 1865 formou-se a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. Nos primeiros momentos da guerra, o exército brasileiro encontrava-se mal administrado e mal formado, sem senso de patriotismo, disciplina e com um contigente militar pequeno diante do inimigo eínfimeo diante do censo populacional do Brasil. Diante deste quadro, houve a necessidade de uma modernização no exército, a implementação de uma série de campanhas de recrutamentos de voluntarios, soldados da Guarda Nacional e até mesmo de escravos que reverteram o quadro e transformaram o exército brasileiro em uma potência considerável para a época. Na guerra naval do Riachuelo o Brasil impôs uma pesada derrota ao Paraguai e mostrou o seu melhor preparo naval. No ano de 1866 os aliados partiram na conquista por terra, no entanto, neste momento Argentina e Uruguai deixam a guerra ao passo que o Brasil iria se encarregando do confronto. Com Duque de Caxias no comando do exército, em 1868 o Brasil derrotou a resistencia paraguaia em Humaitá. Em 1869, o genro do Imperador D. Pedro II, casado com a Princesa Isabel, Conde D’eu, assume o comando das tropas brasileiras na missão de derrotar completamente o Paraguai que ainda apresentava resistencias devido à recusa de Solano Lopez em aceitar a derrota, e trazer seu presidente capturado. Em 1870, depois de desesperados epsódios de resistência militar, e debaixo de recrutamentos forçados sobre crianças, idosos, e semi-inválidos para se proteger, Solano López acaba ferido e morto em batalha trazendo fim preliminar à guerra. CONSEQUÊNCIAS PARAGUAI DA GUERRA DO Logicamente, o principal afetado pela guerra foi o Paraguai, que teve seu território devastado, a população dizimada, especiamente a masculina e alterou profundamente sua história desde então. (Chacina no Paraguai) Para o Brasil, as consequências foram desastrosas. A escravidão, base de nossa economia, começou a ser contestada a partir da participação dos negros no exército. Com a guerra, o exército ultrapassou em importancia a Guarda Nacional e ciente disso não aceitou mais civis em seu comando e começaram a optar por seguir carreiras politicas distintas das predominantes no brasil e mais modernas, tornando-se progressistas, abolicionistas e repúblicanos. O tripé completamente oposto ao recorrente cenário político brasileiro, o tripé espelhado nos ideais democráticos da Revolução Francesa. A Crise do Segundo Reinado (1770 1889) Como vimos, na chefia do Gabinete dos Ministros o poder ficou dividido entre Moderados e Conservadores, que conseguiam a conciliação na questão mais importante: os escravos. Através de um acordo as facções políticas iniciaram a era da conciliação. A era se caracterizou por alternâncias políticas entre os grupos que adotavam a mesma política, quer no governo, quer na oposição. No entantanto acontecimentos como a guerra do Paraguai, a abolição do tráfico negreiro com a Lei Eusébio de Queirós em 1850 e o café, comprometeram o entendimento gerando as divergências, que iriam desembocar futuramente no Partido Republicano. Com a radicalização das posições o Imperador interferiu a favor dos conservadores. O Gabinete do Governo, liberal naquele momento a 50 partir de 1873, entrou em atrito com Caxias (representante do Partido Conservador) durante a guerra devido alguns problemas na campanha e para resolver a situação, o Imperador nomeou para o mesmo Gabinete somente conservadores afim de reduzir os conflitos, porém, a decisão não foi muito bem aceita pelo Partido Liberal que a partir daí, começou a dar mais ênfase ao ideal repúblicano custando a D.Pedro II um consideravel desgaste a sua imagem pela opinião pública. A ABOLIÇÃO “MAL PLANEJADA” REPUBLICANISMO DE ÚLTIMA HORA E O A questão central dos problemas do império se centravam na questão escravista. As pressões inglesas pelo fim da escravidão cresciam nas mesmas proporções que a opinião pública contra o regime de trabalho. Para amenizar os problemas, os senhores de terra, dependentes do modelo e cientes de que sua posição se tornava cada vez mais insustentável, se calaram no parlamento, e eram seguidos pelo governo, temeroso com os rumos que o fim do trabalho escravo poderia gerar. Desde antes do Primeiro Reinado, a Inglaterra passou a exigir do governo brasileiro a extinção do tráfico. Em 1815 um tratado assinado em Viena estabeleceu a proibição do tráfico acima da linha do equador. Em 1817, os governos luso-brasileiro e britânico passaram a atuar unidos na repressão ao tráfico ilícito. Em 1822 a Inglaterra exigiu o fim do tráfico como uma das exigências para o reconhecimento da emancipação do Brasil. Assim um acordo e 1826 delimitou o prazo de três anos para a extinção. Em 1831, com um atraso de dois anos foi fixada uma lei nesse sentido. Mesmo com essas pressões, o tráfico continuou impune no Brasil, pois toda a economia era assentada sob o trabalho escravo, e a abolição poderia comprometer nossas bases produtivas. Além disso, desde a abdicação de D. Pedro I, as classes senhoriais se apoderaram do poder político, e nenhum dos acordos assinados foi cumprido, alongando a vida do tráfico que sustentava a expansão do café e da economia brasileira. No entanto, a passividade do governo brasileiro, fez a Inglaterra assumir uma atitude extrema. Em 1845 o Parlamento britânico aprovou a Bill Aberdeen, conferindo a marinha o direito de aprisionar qualquer navio negreiro, em qualquer pate do globo. Ao mesmo tempo, o ideal abolicionista começa a ser espalhado em alguns setores mais letrados da sociedades, e os mesmos começam a defender a extinção do trabalho escravo. Em 1850, o governo brasileiro se curva as pressões internos e externas, e o ministro Eusébio de Queirós, promulga o fim do tráfico negreiro no Brasil com a lei de 1850, ou Lei Eusébio de Queirós. Uma das principais consequencias da extinção do tráfico, foi a liberação de capital, que não sendo mais utilizado na compra de cativos, começou a ser investido em outros setores economicos. As atividades financeiras e comercias (apoiadas pelo trabalho livre) tenderam a aumentar. A maior destas consequencias, sem dúvida, foi a percepção para o latifundiário que eventualmente a escravidão iria acabar, afinal, a grande porta de entrada de cativos, o tráfico externo, havia sido fechada e agora a única forma legal de obtenção de escravos era através da reprodução natural dos cativos, que era ínfimea em detrimento da demanda pela mão de obra. Uma mudança de mão de obra precisava ser pensada desde já. Em 1870 a questão do trabalhador negro se tornou pública, os debates no parlamento ganharam em intensidade com o fim da Guerra do Paraguai. O regime de trabalho estava concentrado no sul e sudeste do país. A Guerra de Secessão nos Estados Unidos da América, levando à abolição da escravidão por lá, mostrou que o regime não tinha futuro promissor. Com a Revolução Industrial, apenas o Brasil e Cuba eram escravistas em meados do século XIX. Neste âmbito em 1871 foi aprovada a Lei do Ventre Livre, que adaptada aos interesses escravistas propunha que os filhos de escravos nascidos a partir desta data eram considerados livres. No entanto, essa solução que para o Parlamento era considerada definitiva, apenas adiava o problema para o futuro, e isso não passou despercebido pela opinião pública. Na luta contra a escravidão, publicações sobre começaram a circular, até a fundação da Confederação Abolicionista em 1883 que veio a unificar o movimento. Além do papel dos abolicionistas serem considerados importantes, o papel dos escravos não pode ser menosprezado no movimento abolicionista, face a quantidade de rebeliões, fugas, movimentos estes que nos mostram que os escravos não foram passivos neste contexto, dado que a possibilidade de uma rebelião escrava atemorizou os escravistas, enfraquecendo sua resistência ao movimento. Membros governamentais e o exército, quando não apoiavam fugas, se omitiam em relação a sua repressão. 51 Em 1885 foi aprovada a Lei Saraiva – Cotegipe, ou Lei dos Sexagenários, promulgada graças ao fator da camada escravista estar naquele momento muito pressionada e se vendo obrigada a fazer novas concessões. Essa lei estabelecia a liberdade aos escravos com mais de 60 anos. Com essas características, a lei teve alcance reduzido, pois raramente um escravo chegava a essa idade, e quando chegava não era mais produtivo e assim acabava por ser “jogado” para fora da unidade produtiva sem condições de trabalhar, para viver na miséria, com o bônus de o antigo senhor não ter mais que arcar com os custos de um escravo inválido, improdutivo. (O escravo retratado como objeto) Como ápice deste momento de concessões forçadas, em 1888 na ausência de D. Pedro II, Princesa Isabel, pressionada pela opinião pública e pela insistência inglesa, assumiu a regência e promulgou a Lei Áurea, extinguindo o trabalho escravo de uma maneira súbita, pois a questão ainda estava em discussão. Não se tratava de o caso que a elite latifundiária nao imaginasse na possibilidade da abolição imediata, na verdade, o que esta elite fazia no momento era negociar com o governo uma forma de financiamento por parte dos cofres públicos para a transição da mão de obra para o trabalho livre como forma de indenização pelos escravos libertos, afinal, o escravo era um bem que em algum momento, teve de ser comprado e possuía valor de mercado. E este valor era alto em virtude das dificuldades de se obter um naquele período. Contrariados por esta decisão, muitos dos proprietários de escravos, antigos Liberais ou Conservadores, irão aderir ao Movimento Repúblicano já fortalecido pelos militares e por parte da elite civil, compondo enfim uma força considerável que no ano seguinte, em 1889, consegurá articular a transição para a República. Estes foram chamados de “republicanos de última hora”. A TRANSIÇÃO PARA O TRABALHO LIVRE A estabilidade do setor que dava estabilidade ao Império estava comprometido com o fim do trabalho escravo: a zona cafeeira, que veio a intensificar o tráfio de escravos, num momento de que como vimos era desfavorável a essa prática. Assim o fim do escravismo passou a ser considerado por alguns cafeicultores mesmo antes de seu fim. Neste momento o Oeste Paulista estava expandindo a sua produção, e graças a esse momento histórico, os fazendeiros puderam lançar mão da imigração européia, transformando a cafeicultura numa economia capitalista, e que se adequou a substituição de regime de trabalho de uma melhor maneira do que a já sólida cafeicultura escravista do Vale do Paraíba. O primeiro modelo proposto aos imigrantes foram as colônias de parceria, onde os imigrantes se comprometiam a cultivar uma certa quantidade de cafeeiros, colher e beneficiar o produto e repartir o dinheiro da venda com o fazendeiro. No entanto, essa proposta fracassou, pois as frustrações do colonos eram enormes, uma vez que já chegavam ao Brasil endividados com as despesas de viajem, e tinham que arcar também com as despesas com a alimentação, que nunca eram passíveis de serem saldadas. Este fato levou a alguns países europeus proibir a imigração para o Brasil. A outra solução tentada foi o comércio intra-provincial de escravos que estavam nas economias decadentes do norte ou das minas. Isso troxe duas consequências básicas: agravamento da situação econômica do norte e não resolução das necessidades do sul. Sob a pressão abolicionista e ameaça da desorganização de seus centros de produção, os fazendeiros paulistas lançaram mão da imigração, e graças a prosperidade do Oeste Paulista conseguiram arcar com os custos de sua implementação. Para resolver a ineficiência do sistema de parcerias, o imigração ganhou novo impulso, quando o governo da província de São Paulo assumiu os encargos, de viajem principalmente, desonerando os fazendeiros. Em 1850 foi aprovada a Lei de Terras, que veio a regulamentar a forma do acesso as terras, isso é, as terras só poderiam se conseguidas mediante as compras. Assim os senhores dificultavam o acesso a terra às pessoas com pouco recursos, garantindo assim as suas necessidades de mão de obra assalariada barata. Os imigrantes que chegavam no Brasil foram trabalhar sob o regime de colonato, onde cada família era remunerada proporcionalmente aos pés de café entregues a ela. Além disso, recebiam uma gratificação por café colhido. No entanto, a grande vantagem aos colonos foi a possibilidade de plantar entre os cafezais produtos para sua subsistência, e poderiam inclusive vender o excedente dessa produção. Resumindo, o colonato caracterizava-se por um pagamento fixo no trato do cafezal, um 52 pagamento que variava de acordo com a colheita e a produção direta de alimentos. Os fatores da existencia de disponibilidade de grandes quantidades de terras, a custos baixos para os fazendeiros, o pouco investimento na aquisição de mão de obra, já que os trabalhadores plantavam o que consumiam, fazia com que os cafezais se espalhassem no oeste. A medida que as fazendas íam aumentando, a valorização das terras próximas subiam, e se tornavam cada vez menos acessível as pessoas de baixa renda. A entrada de imigrantes acabou por ajudar na constituição do mercado de trabalho, elemento essencial para o capitalismo. O MOVIMENTO REPUBLICANO A partir de 1850 o Brasil passou por transformações em suas características sócioeconômicas, com incremnto nas indústrias, nos transportes, nas técnicas de plantação e na urbanização. Dois fatores são importantes para a proclamação da república: em primeiro lugar, o governo imperial não acompanhou a modernização pelas quais o país passava, não se adaptando por tanto as suas mudanças. Além disso, o fim da escravidão dividiu a elite dominante dos grandes proprietários. Por último, vale destacar que a República teve a pArticipação direta dos fazendeiros do café.. O ponto de partida para a o Movimento Republicano situou-se no lançamento do Manifesto Republicano em 1870. O conservadorismo do manifesto pode ser notado: “Como homens livres e essencialmente subordinados aos interesses de nossa pátria, não é nossa intenção convulsionar a sociedade em que vivemos” Os republicanos se aproximavam dos liberais na questão da necessidade de reformas para se evitar revolução. O Manifesto foi aceito em Minas e São Paulo, verdadeiros núcleos republicanos, não tendo a mesma aceitação em outras províncias. O ideal republicano foi prejudicado pela sua falta de identidade própria face os estreitos laços com os liberais, que apesar dos pontos em comum, eram monarquistas. Somente em 1878, passaram a agir de forma idependentes e ganharam identidade. Outro ideal importante foi o federalismo. Os presidentes provincias sempre estavam direcionados as determinações do poder central, pouco se importando com os problemas internos das províncias. O grande problema era que a administração central estava emperrada não acompanhando a modernização pela qual passava o país e acabava por atravancar economicamente províncias promissoras com a de São Paulo. Isso se devia ao fato de que os ocupantes dos altos cargos do governo eram decidos por tradição, afastando das tomadas de decisões os setores mais dinâmicos, como os cafeicultores paulistas. Assim, o império por estes passou a ser visto como inadequado. Com isso o federalismo emergiu e se associou ao republicanismo. Os republicanos eram contrários a revolução violenta, sendo seguigores do positivismo, e chegaram a fundar com base nessa ideologia a ordem “Igreja Positivista do Brasil” em 1881, que teve uma influência desciva na política após a proclamação. O positvismo brasileiro era antirevolucionário, elitista e ditatorial, acreditando que a evolução histórica do país o faria chegar na república, daí o seu caráter passivo. A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA No Brasil a religião oficial era a católica, garantida com a instituição do padroado, onde o imperador nomeava seus clérigos para os cargos mais importantes da Igreja, e as bulas papais só seriam aceitas com o aceite do imperador. O Papa em mais uma de suas bulas condenou as maçonarias e inetriditou padres e fiéis de pertecerem aos seus quadros. Dado o grande número de religiosos ligados a maçonaria no Brasil, essa bula não foi aceita. Em 1872 os bispos de Olida e Belém decidiram aplicar as determinações do papa e suspendeu irmandades que não cumpriram as determinações papais. O imperador resolveu anular as suspensões, mais como os bispos se mantiveram irredutíveis, foram julgados e condenados pela ordem imperial. A prisão, mesmo com o posterior perdão foi considerada uma afronta a Igreja, e esta afastouse do Império. Este fato é o que na história designamos de Questão Religiosa. O Exército ganhou forma, conciência e importância com a Guerra do Paraguai e começou a mostrar descontentamento com o tratamento dado pelo poder imperial. Sua queixas acabaram se tornando públicas, com a difusão do ideal republicano e positivista em seus quadros. No entanto, os militares estavam proibidos de se manifestarem pela imprensa sobre questões internas. A Questão Militar teve início em 1884, quando o Ceará se tornou o primeiro estado a abolir a escravidão, e o jangadeiro cearence Francisco Nascimento (Dragão do Mar), considerado herói por liderar os jangadeiros locais a não transportar negros africanos, foi convidado a ir a Corte para receber homenagens de abolicionistas, sendo recebido na Escola de Tiros em Campos, pelo coronel Sena Madureira. Quando a imprensa noticiou tal recepção, o 53 Ministro da Guerra tratou de interpelar Madureira, mais este alegando ser subordinado ao Conde D’Eu não lhe deveria explicações. Este foi o primeiro de muitos descontentamentos e tensões dentro de Exército com comporam a Questão Militar, protagonizada pelo coronel Ernesto Augusto de Cunha Matos. Este em visita as tropas do Piauí denunciou irregularidades praticadas pelo capitão Pedro Lima, do partido Conservador. Um deputado do mesmo partido saiu em defesa do correligionário e fez ataques a Cunha Matos. Isto provocou profundas discussões na Câmara, onde o Ministro da Guerra compareceu ao Senado para discutir o assunto. Sena Madureira, publicou um artigo defedendo Cunha Matos e foi punido pelo Ministro da Guerra. Estes fatores serviram para difundir o ideal republicano e acabou por afastar os militares do Imperador, dando origem ao golde de 15/11/1889. Como resposta a situação crítica, o Império promoveu reformas para amenizar as distenções. Na apresentação na Câmara, esta dominada pelos conservadores, o projeto foi rejeitado. Como resposta o governo dissolveu a Câmara e convocou uma nova para 20/11/1989. A dissolução gerou inquietações e os Partidos Republicanos de Minas e Rio solicitaram a intervenção militar. O Exército se mostrou sensível ao apelo. Em 11 de Novembro, líderes republicanos se reuniram com Deodoro da Fonseca, para que este liderasse o movimento de depor a Monarquia. Deodoro aceitou e em 15 de Novembro de 1889 era deposta a Monarquia e proclamada a República. O projeto de lei que extinguia a escravidão no Brasil foi apresentado à Câmara Geral, atual Câmara do Deputados, pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva, no dia 8 de maio de 1888. Foi votado e aprovado nos dias 9 e 10 de maio de 1888, na Câmara Geral. A Lei Áurea foi apresentada formalmente ao Senado Imperial pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva no dia 11 de maio. Foi debatida nas sessões dos dias 11, 12 e 13 de maio. Foi votada e aprovada, em primeira votação no dia 12 de maio. Foi votada e aprovada em definitivo, um pouco antes das treze horas, no dia 13 de maio de 1888, e, no mesmo dia, levado à sanção da Princesa Regente. Foi assinada no Paço Imperial por Dona Isabel e pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva às três horas da tarde do dia 13 de maio de 1888. O processo de abolição da escravatura no Brasil foi gradual e começou com a Lei Eusébio de Queirós de 1850, seguida pela Lei do Ventre Livre de 1871, a Lei dos Sexagenários de 1885 e finalizada pela Lei Áurea em 1888. O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura. O último país do mundo a abolir a escravidão foi a Mauritânia, somente em 9 de novembro de 1981, pelo decreto n.º 81.234. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%A1urea, extraído 12/05/2014) Sessão Leitura – A Lei Áurea A Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888, foi a lei que extinguiu a escravidão no Brasil. Foi precedida pela lei n.º 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871, que libertou todas as crianças nascidas de pais escravos, e pela lei n.º 3.270 (Lei Saraiva-Cotegipe), de 28 de setembro de 1885, que regulava "a extinção gradual do elemento servil". Num domingo, a 13 de maio de 1888, dia comemorativo do nascimento de D. João VI, foi assinada por sua bisneta a Dona Isabel,princesa imperial do Brasil, e pelo ministro da Agricultura da época, conselheiro Rodrigo Augusto da Silva a lei que aboliu a escravatura no Brasil. O Conselheiro Rodrigo Augusto da Silva fazia parte do Gabinete de Ministros presidido por João Alfredo Correia de Oliveira, do Partido Conservador e chamado de "Gabinete de 10 de março". Dona Isabel sancionou a Lei Áurea, na sua terceira e última regência, estando o Imperador D. Pedro II do Brasil em viagem ao exterior. (Lei Imperial n° 3.353 – Lei Áurea) 54 “LEI Nº 3.353, DE 13 DE MAIO DE 1888. Declara extinta a escravidão no Brasil. A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte: Art. 1°: É declarada extincta desde a data desta lei a escravidão no Brazil. Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário. Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nella se contém. O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comercio e Obras Publicas e interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º da Independência e do Império. Princeza Imperial Regente. RODRIGO AUGUSTO DA SILVA Este texto não substitui o publicado na CLBR, de 1888” Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembléia Geral, que houve por bem sanccionar, declarando extincta a escravidão no Brazil, como nella se declara. Questões Reinado sobre o Segundo 11. (FATEC) No século XIX, a Inglaterra pressionou diversos países para acabar com o protecionismo comercial e com a existência do trabalho compulsório. Esta situação culminou, em 1845, com o "Bill Aberdeen". Neste contexto o Brasil sancionou, em 1850, a "Lei Eusébio de Queirós" tratando: a) da extinção do sistema de parceria na lavoura cafeeira; b) da manutenção dos arrendamentos de terras; c) da extinção do tráfico indígena entre o norte e o sul do país; d) da manutenção do sistema de colonato na lavoura canavieira; e) da extinção do tráfico negreiro. 12. A vida político-partidária do Segundo Reinado estava marcada pela disputa entre o Partido Conservador e o Partido Liberal. Os dois partidos se caracterizavam por, exceto: a) defender a monarquia e a preservação do "status quo"; b) representar os interesses da mesma elite agrária; c) possuir profundas diferenças ideológicas e de natureza social; d) ter origem social semelhante; e) alternarem-se no poder, com predomínio dos conservadores. 13. (UCSAL) A Tarifa "Alves Branco", de 1844, como ficou conhecido o decreto do Ministro da Fazenda, foi uma medida de caráter: a) reformista b) monopolista c) protecionista d) mercantilista e) cooperativista Para Vossa Alteza Imperial ver. Chancellaria-mór do Império.- Antonio Ferreira Vianna. 14. (UCSAL) A introdução da mão-deobra do imigrante na economia brasileira contribuiu para a: Transitou em 13 de Maio de 1888.- José Júlio de Albuquerque. a) desestruturação do sistema de parceria na empresa manufatureira; b) implantação do trabalho assalariado na agricultura alimentícia; c) expansão do regime de co-gestão nas indústrias alimentícias; d) criação de uma legislação trabalhista voltada para a proteção do trabalho; (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LIM/LIM 3353.htm, extraído em 12/05/2014) 55 e) reordenação da estrutura da propriedade rural nas áreas de produção açucareira. 15. (UBC) A Lei de Terras de 1850 garantia que no Brasil: a) os escravos, após sua libertação, conseguissem um lote de terras para o cultivo de subsistência; b) os brancos pobres ficassem ligados como meeiros aos grandes proprietários de terras; c) todas as terras fossem consideradas devolutas e, portanto, colocadas à disposição do Estado; d) a posse de terra fosse conseguida mediante compra, excluindo as camadas populares e os imigrantes europeus da possibilidade de adquiri-la. e) n.d.a. 16. (UNIFENAS) A Questão Christie refere-se a: a) Aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai. b) Atritos entre a Inglaterra e diversos países da América Latina. c) Aliança da Inglaterra com a Argentina contra o Brasil. d) Atritos entre a Inglaterra, Argentina e Uruguai. e) Atritos diplomáticos entre Inglaterra e Brasil. 17. (UBC) Na Guerra do Paraguai (1865 1870), o Brasil teve como aliados: a) Bolívia e Peru b) Uruguai e Argentina c) Chile e Uruguai d) Bolívia e Argentina e) Inglaterra, Bolívia e Argentina 18. (FGV) "Será o suplício da Constituição, uma falta de consciência e de escrúpulos, um verdadeiro roubo, a naturalização do comunismo, a bancarrota do Estado, o suicídio da Nação." No texto acima, o deputado brasileiro Gaspar de Silveira Martins está criticando: a) a proposta de Getúlio Vargas de reduzir a remessa de lucros; b) o projeto da Lei dos Sexagenários, do gabinete imperial da Dantas; c) o projeto de legalizar o casamento dos homossexuais, de Marta Suplicy; d) a proposta de dobrar o salário mínimo, de Roberto de Campos; e) o projeto de Luís Carlos Prestes de uma "República Sindicalista". 19. (FAZU) As estradas de ferro brasileiras, no Segundo Reinado, concentravamse, sobretudo, nas regiões de produção: a) do fumo b) do milho c) do cacau d) do café e) do feijão 20. (FESP) Assinale a alternativa que não contém uma característica referente ao período do Segundo Reinado (1845 - 1889): a) fim do tráfico negreiro; b) elaboração da primeira Constituição brasileira; c) domínio do café no quadro das exportações brasileiras; d) início da propaganda republicana; e) participação do Brasil na Guerra do Paraguai. GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE SEGUNDO REINADO: 11 – E 12- C 13 – C 14 – B 15 – D 16 – E 17 –B 18 – B 19 – D 20 – B 56 CAPÍTULO 07 AS EMANCIPAÇÕES DAS COLÔNIAS DA AMÉRICA ESPANHOLA incas do Peru são exemplos de sociedades agrárias com culturas elaboradas e extremamente ricas. Na época dos descobrimentos, alguns desses povos atravessavam uma crise política, principalmente devido a revoltas de tribos subjugadas, o que diminuiu seu poder de organização e defesa diante dos invasores espanhóis. A CIVILIZAÇÃO MAIA A Revolução Francesa trouxe mais do que apenas as ideais para a América Espanhola, na verdade, quando em sua última consequência Napoleão assume o controle da França e inicia suas campanhas de invasão, ela traz também a chance de uma grande mudança no cenário das colônias espanholas advindo do vácuo de poder central criado quando Bonaparte invade a Espanha e exila o rei Carlos IV. Vale lembrar, porém, que antes das emancipações das colônias espanholas, se deu, primeiramente e de maneira lógica, o processo de colonização destes territórios que, naturalmente, já estavam ocupados por populações indígenas. Veremos primeiramente as sociedades précolombianas e estudaremos o processo em que seus grandes impérios passaram a ser incorporados ao território colonial espanhol para por fim entendermos como se desenvolveram suas respectivas emancipações. A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA ESPANHOLA Quando Colombo chegou à América, em 1492, não poderia supor que o continente fosse habitado de longa data. Na verdade vários povos e civilizações, em estágios diversos de desenvolvimento material, ocupavam essa vasta extensão de terras. Os maias do sul do México, Honduras e Guatemala, os astecas do planalto mexicano e os O povo maia habitou a região das florestas tropicais das atuais Guatemala, Honduras e Península de Yucatán (região sul do atual México). Viveram nestas regiões entre os séculos IV a.C e IX a.C. Entre os séculos IX e X , os toltecas invadiram essas regiões e dominaram a civilização maia. Nunca chegaram a formar um império unificado, fato que favoreceu a invasão e domínio de outros povos. As cidades formavam o núcleo político e religioso da civilização e eram governadas por um estado teocrático.O império maia era considerado um representante dos deuses na Terra. A zona urbana era habitada apenas pelos nobres (família real), sacerdotes (responsáveis pelos cultos e conhecimentos), chefes militares e administradores do império (cobradores de impostos). Os camponeses, que formavam a base da sociedade, artesão e trabalhadores urbanos faziam parte das camadas menos privilegiadas e tinham que pagar altos impostos. (Detalhes da arte maia) A base da economia maia era a agricultura, principalmente de milho, feijão e tubérculos. Suas técnicas de irrigação eram muito avançadas. Praticavam o comércio de mercadorias com povos vizinhos e no interior do império. Ergueram pirâmides, templos e palácios, demonstrando um grande avanço na arquitetura. O artesanato também se destacou: fiação de tecidos, uso de tintas em tecidos e roupas. A religião deste povo era politeísta, pois acreditavam em vários deuses ligados à natureza. 57 Elaboraram um eficiente e complexo calendário que estabelecia com exatidão os 365 dias do ano e que ficou extremamente conhecido pela “profecia” apocalíptica de 2012. Assim como os egípcios, usaram uma escrita baseada em símbolos e desenhos (hieróglifos). Registravam acontecimentos, datas, contagem de impostos e colheitas, guerras e outros dados importantes. Desenvolveram muito a matemática, com destaque para a invenção das casas decimais e o valor zero. A CIVILIZAÇÃO ASTECA Povo guerreiro, os astecas habitaram a região do atual México entre os séculos XIV e XVI. Fundaram no século XIV a importante cidade de Tenochtitlán (atual Cidade do México), numa região de pântanos, próxima do lago Texcoco. A sociedade era hierarquizada e comandada por um imperador, chefe do exército. A nobreza era também formada por sacerdotes e chefes militares. Os camponeses, artesãos e trabalhadores urbanos compunham grande parte da população. Esta camada mais baixa da sociedade era obrigada a exercer um trabalho compulsório para o imperador, quando este os convocava para trabalhos em obras públicas (canais de irrigação, estradas, templos, pirâmides). Durante o governo do imperador Montezuma II (início do século XVI), o império asteca chegou a ser formado por aproximadamente 500 cidades, que pagavam altos impostos para o imperador. O império começou a ser destruído em 1519 com as invasões espanholas. Os espanhóis dominaram os astecas e tomaram grande parte dos objetos de ouro desta civilização. Não satisfeitos, ainda escravizaram os astecas, forçando-os a trabalharem nas minas de ouro e prata da região. (Retrato desenhado por espanhóis atribuído a Montezuma II) Os astecas desenvolveram muito as técnicas agrícolas, construindo obras de drenagem e as chinampas (ilhas de cultivo), onde plantavam e colhiam milho, pimenta, tomate e cacau. As sementes de cacau, por exemplo, eram usadas como moedas por este povo. O artesanato a era riquíssimo, destacando-se a confecção de tecidos, objetos de ouro e prata e artigos com pinturas. A religião era politeísta, pois cultuavam diversos deuses da natureza (deus Sol, Lua, Trovão, Chuva) e uma deusa representada por uma Serpente Emplumada. A escrita era representada por desenhos e símbolos. O calendário maia foi utilizado com modificações pelos astecas. Desenvolveram diversos conceitos matemáticos e de astronomia. Na arquitetura, construíram enormes pirâmides utilizadas para cultos religiosos e sacrifícios humanos. Estes, eram realizados em datas específicas em homenagem aos deuses. Acreditavam, que com os sacrifícios, poderiam deixar os deuses mais calmos e felizes. 58 A CIVILIZAÇÃO INCA Os incas viveram na região da Cordilheira dos Andes (América do Sul) nos atuais Peru, Bolívia, Chile e Equador. Fundaram no século XIII a capital do império: a cidade sagrada de Cuzco. Foram dominados pelos espanhóis em 1532. quipo. Este era um instrumento feito de cordões coloridos, onde cada cor representava a contagem de algo. Com o quipo, registravam e somavam as colheitas, habitantes e impostos. Mesmo com todo desenvolvimento cultural, este povo não desenvolveu nenhum sistema de escrita. O IMPACTO DA COLONIZAÇÃO ESPANHOLA (Machu Picchu – cidade inca construída nos Andes) O imperador, conhecido por Sapa Inca era considerado um deus na Terra. A sociedade era hierarquizada e formada por: nobres ( governantes, chefes militares, juízes e sacerdotes), camada média ( funcionários públicos e trabalhadores especializados) e classe mais baixa ( artesãos e os camponeses). Esta última camada pagava altos tributos ao rei em mercadorias ou com trabalhos em obras públicas. Na arquitetura, desenvolveram várias construções com enormes blocos de pedras encaixadas, como templos, casas e palácios. A cidade de Macchu Picchu, descoberta somente em 1911 e revelou toda a eficiente estrutura urbana desta sociedade. A agricultura era extremamente desenvolvida, pois plantavam nos chamados terraços (degraus formados nas costas das montanhas). Plantavam e colhiam feijão, milho (alimento sagrado) e batata. Construíram canais de irrigação, desviando o curso dos rios para as aldeias. A arte destacou-se pela qualidade dos objetos de ouro, prata, tecidos e jóias. Domesticaram a lhama (animal da família do camelo) e utilizaram como meio de transporte, além de retirar a lã , carne e leite deste animal. Além da lhama, alpacas e vicunhas também eram criadas. A religião tinha como principal deus o Sol (deus Inti). Porém, cultuavam também animais considerados sagrados como o condor e o jaguar. Acreditavam num criador antepassado chamado Viracocha (criador de tudo). Criaram um interessante e eficiente sistema de contagem : o Os exploradores espanhóis, denominados juridicamente adelantados, recebiam direitos vitalícios de construir fortalezas, fundar cidades, evangelizar os índios e deter os poderes jurídico e militar. Isso, sob a condição de garantir para a Coroa o quinto de todo o ouro e prata produzidos e a propriedade do subsolo. Dessa forma, a Espanha procurava assegurar, sem gastos materiais, a ocupação de seus territórios na América, o fortalecimento de sua monarquia e o aumento das riquezas do Estado. A partir de meados do século XVI, com a descoberta de minas de ouro no México e de prata no Peru, organizaram-se os núcleos mineradores, que requeriam uma grande quantidade de mão-de-obra. Aproveitando-se da elevada densidade populacional da Confederação Asteca e do Império Inca, os exploradores passaram a recrutar trabalhadores indígenas, já acostumados a pagar tributos a seus chefes, sob a forma de prestação de serviços. Para adequar o trabalho ameríndio, foram criadas duas instituições: a encomienda e a mita. Encomienda : Sistema de trabalho compulsório, não remunerado, em que os índios eram confiados a um espanhol, o encomendero, que se comprometia a cristianizálos e receber deles impostos. Na teoria, este era um sistema em que o espanhol se responsabilizaria por catequisar os índios de sua jurisdição e assim salvar suas almas pagãs do inferno ardente, porém, na prática, esse sistema permitia aos espanhóis escravizarem os nativos, principalmente para a exploração das minas visto que muitos deles não conseguiam pagar os impostos monetariamente. Mita: Sistema que impunha o trabalho obrigatório, durante um determinado tempo, a índios escolhidos por sorteio, em suas comunidades. Estes recebiam um salário muito baixo e acabavam comprometidos por dívidas. Além disso, poderiam ser deslocados para longe de seu lugar de origem, segundo os interesses dos conquistadores. Em teoria, cada índio poderia retornar para sua aldeia após ter cumprido seu tempo de mita, porém, na prática a mita se demonstrou como uma verdadeira “máquina de moer índios” como já foi apontada por alguns 59 historiadores visto que grande parte dos mitados não conseguiam cumprir o seu tempo de serviço mínimo. A escravização indígena, pela encomienda e pela mita, garantiu aos espanhóis o necessário suprimento de mão-de-obra para a mineração, porém trouxe para as populações nativas desastrosas conseqüências. De um lado, a desagregação de suas comunidades, pelo abandono das culturas de subsistência, causou fome generalizada. Do outro, o não-cumprimento das determinações legais que regulamentavam o trabalho das minas provocou uma mortalidade em massa, quer pelo excesso de horas de trabalho, quer pelas condições insalubres a que esses indígenas estavam expostos. O aniquilamento da população, ao lado do extermínio das culturas agrícolas, que provocou uma escassez de gêneros alimentícios, fez com que os proprietários das minas e os comerciantes investissem seus lucros em áreas complementares de produção, para o atendimento do mercado interno. Foram organizadas as haciendas (fazendas), áreas produtoras de cereais, e as estâncias, áreas criadoras de gado. Esse setor complementar resolveu o problema de abastecimento para as elites coloniais. A massa trabalhadora, por seus ganhos irrisórios, ainda não conseguia satisfazer as suas necessidades básicas, sendo obrigada a recorrer a adiantamentos de salários. Todavia, impossibilitados de saldar seus compromissos, os trabalhadores acabavam escravizados por dívidas. A DESTRUIÇÃO DAS COMUNIDADES INDÍGENAS DURANTE O IMPÉRIO ESPANHOL (...) Os índios das Américas somavam entre 70 e 90 milhões de pessoas, quando os conquistadores estrangeiros apareceram no horizonte; um século e meio depois tinham-se reduzido, no total, a apenas 3,5 milhões. (...) Os índios eram arrancados das comunidades agrícolas e empurrados, junto com suas mulheres e seus filhos, rumo às minas. De cada dez que iam aos altos páramos gelados, sete nunca regressavam. As temperaturas glaciais do campo aberto alternavam-se com os calores Infernais do fundo da montanha. Os índios entravam nas profundidades, e “ordinariamente eram retirados mortos ou com cabeças e pernas quebradas, e nos engenhos todo o dia se machucavam”. Os mitayos retiravam o minério com a ponta de uma barra e o carregavam nas costas, por escadas, à luz de uma vela. Fora do socavão, moviam enormes eixos de madeira nos engenhos ou fundiam a prata no fogo, depois de moê-la e lavála. A mita era uma máquina de triturar índios. O emprego do mercúrio para a extração da prata por amálgama envenenava tanto ou mais do que os gases tóxicos do ventre da terra. Fazia cair o cabelo, os dentes e provocava tremores incontroláveis. (...) Por causa da fumaça dos fornos não havia pastos nem plantações num raio de seis léguas ao redor de Potosi, e as emanações não eram menos implacáveis com os corpos dos homens. (Adaptado de: Eduardo Galeano, As Veias Abertos da Américo Latino, p~ 50-52.) A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL ESPANHOLA A fim de garantir o monopólio do comércio, a Espanha criou dois órgãos administrativos: • Casa de Contratação, sediada em Sevilha, para organizar o comércio, funcionar como Corte de Justiça e fiscalizar o recolhimento do quinto; • Conselho das Índias, que funcionava como Supremo Tribunal de Justiça, nomeava os funcionários das colônias e regulamentava a administração da América, através dos vicereinados e capitanias gerais. Os vice-reis, escolhidos entre membros da alta nobreza metropolitana, eram representantes diretos do monarca absoluto. Cabia-lhes controlar as minas, exercer o governo, presidir o tribunal judiciário das audiências e zelar pela cristianização dos índios. Os capitães-gerais, subordinados aos vice-reis, encarregavam-se de controlar os territórios estratégicos, mas ainda não submetidos pela metrópole. Para controlar a entrada de metais preciosos e afastar os ataques dos piratas, foram instituídos o regime de porto único e os comboios anuais de carregamentos. Porém, estas medidas provocaram efeito contrário, estimulando o contrabando, devido à escassez e à demora na chegada de mercadorias. “O único porto por onde era permitido sair em direção à América e dela retornar era o de Sevilha, substituído em 1680 por Cádiz. Na América, existiam três terminais: Vera Cruz (México), Porto Belo (Panamá) e Cartagena (Colômbia). Os comboios de flotas e galeones, que partiam de Sevilha e chegavam a esse porto, serviam para proteger a prata que era transportada. Tanto zelo e tantas restrições ao comércio colonial explicam-se pela preocupação do Estado espanhol de garantir a cobrança de impostos alfandegários.” (Adaptado de: Luis Koshiba e Denise Manzi Frayse Pereira, História da América, p.1213.) 60 O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO COLONIAS ESPANHOLAS DAS A elite colonial hispano-americana (denominada “crioullos”) era composta por americanos (brancos) que controlavam as principais atividades econômicas como a pecuária, mineração e agricultura, os elementos primordiais da manutenção da colônia. No entanto, tal importância econômica não era seguida por participação nas decisões políticas nem mesmo em relação a administração colonial, que ficava a cargo dos “chapettones” (funcionários diretamente ligados a Espanha), que tinham como dever observar e fazer valer o Pacto Colonial. Com o capital adquirido pelos crioullos, através de seu trabalho e também através do contrabando, além da abertura dos portos espanhóis essa classe conseguiu acumular ainda mais riquezas e adquirir uma importância jamais antes conquistada por esta classe em suas colônias. No momento em que chega a América as notícias de invasão napoleônica em território espanhol, os crioullos em um primeiro momento se firmaram ao lado dos espanhóis enquanto parte desta reivindicava também pela melhor representação de sua importância econômica expressa através da concessão dos cargos que anteriormente seriam vinculados apenas aos chapettones e também a elevação das colônias à condição de Reino Unido, o que traria a eles o direito de liberdade comercial, visto que ainda estavam presos ao Pacto Colonial. No entanto, com o fracionamento da Espanha em juntas representativas com interesses diversos a elite crioulla ficou dividida em duas facções: os que lucravam com o monopólio comercial desejando manter a ordem do Pacto Colonial, e os que lucravam com o contrabando e desejavam a liberalização dos portos às nações neutras e amigas, pois assim teriam facilitações no comércio e acabariam com os riscos de punição. A divisão da elite levou a classe a criarem exércitos próprios inaugurando na América um período de guerras civis que se somavam aos movimentos populares, uma vez que o povo via na emancipação uma forma de superar sua condição de massa explorada. Temendo os rumos destes movimentos, as elites canalizaram as diferentes classes e seus interesses, contra um inimigo comum: os opressores espanhóis. A principio esta nova elite de apelo popular que lutava contra a Espanha neste novo projeto de emancipação, os chamados caudilhos, sofreram uma série de derrotas, porém, a Espanha jazia enfraquecida naquele período ainda se recuperando dos danos causados pela ocupação francesa e não seria capaz de combater um movimento mais amplo e continuo por muito tempo. Foi neste cenário que as lideranças de dois caudilhos, Simón Bolivar e José San Mártin fizeram grande diferença na luta pelas emancipações ao longo de todo o continente. A Emancipação da Venezuela: A emancipação da Venezuela inicia-se em 1811, em um cenário onde a Espanha ainda estava ocupada pelas forças napoleônica, porém, emancipação é brevemente contida pela pequena resistência espanhola que existia no continente. Em 1813 Simón Bolívar chefia os guerrilheiros e toma Caracas para ser derrotado no ano seguinte tendo de se refugiar na Jamaica para reagrupar suas forças. Em 1817 Bolívar retornará com uma milícia formada e de maneira definitiva ira retomar o controle da Venezuela proclamando a emancipação do território da Espanha. (Simon Bolívar) A Emancipação da Argentina: A emancipação argentina se inicia em 1810 com uma rebelião contra o Vice-Rei do Reino da Prata que acaba por destituí-lo. Depois de uma série de guerrilhas lideradas por José San Martín, um argentino que chegou a lutar com os espanhóis contra os franceses, já em 1816, é proclamada a independência da Argentina no Congresso de Tucumán. Com o apoio das grandes massas populares e o favorecimento da Grã-Bretanha interessada na independência por motivos econômicos, Os líderes San Martin e Simon Bolívar puderam então reorganizar os exércitos, conseguindo sucessivas vitórias pela libertação das demais colônias da América Latina. Em 1818 conseguem a Independência do Chile após derrotar os espanhóis. Em 1819 Bolívar consegue a Independência da GrãColômbia (Colômbia e Venezuela) e é conclamado presidente. Em 1821 o México se torna independente, juntamente com Peru, onde San Martin lidera os naturais contra os espanhóis. Em 1822 é a vez do Equador e em 1825 é sacramentado o domínio espanhol com a 61 independência da região onde hoje temos a Bolívia. Em 1826, Bolívar convocou os representantes dos países recém independentes para participarem da Conferência do Panamá, cujo objetivo era a criação de uma confederação pan-americana. O sonho boliviano de unidade política chocou-se, entretanto, com os interesses das oligarquias locais e com a oposição da Inglaterra e dos Estados Unidos, a quem não interessavam países unidos e fortes. Após o fracasso da Conferência do Panamá, a América Latina fragmentou-se politicamente em quase duas dezenas de pequenos Estados soberanos, governados pelas aristocracias crioullas. Outros fatores que interferiram nessa grande divisão política foram o isolamento geográfico das diversas regiões, a compartimentação populacional, a divisão administrativa colonial e a ausência de integração econômica do continente. O pan-americanismo foi vencido pela política do "divida e domine". Assim, entre as principais consequências do processo de emancipação da América espanhola merecem destaque: a conquista da independência política, a consequente divisão política e a persistência da dependência econômica dos novos Estados. O processo de independência propiciou sobretudo a emancipação política, ou seja, uma separação da metrópole através da quebra do pacto colonial. A independência política não foi acompanhada de uma revolução social ou econômica: as velhas estruturas herdadas do passado colonial sobreviveram à guerra de independência e foram conservadas intactas pelos novos Estados soberanos. Desta forma, a divisão política e a manutenção das estruturas coloniais contribuíram para perpetuar a secular dependência econômica latino-americana, agora não mais em relação à Espanha, mas em relação ao capitalismo industrial inglês ou no caso Mexicano, ao norteamericano que ainda cuidar de tomar-lhe metade de seu território. Sessão Leitura – Bartolomé de Las Casas Bartolomé de Las Casas provavelmente hoje não é um nome tão conhecido entre o público leigo quanto Hernán Cortez ou Franciso Pizarro, porém, entre os historiadores é sempre um nome a ser lembrado como o portador de uma sensibilidade diante de toda aquela empresa espanhola propriamente dita como “cristã”. Padre Bartolomé de las Casas (Sevilha, 1474 — Madrid, 17 de julho de 1566) foi um frade dominicano, cronista, teólogo, bispo de Chiapas (México) e grande defensor dos índios, considerado o primeiro sacerdote ordenado na América. Conhecido em português como Frei Bartolomeu de las Casas, era filho de um comerciante modesto de Tarifa, participou da segunda viagem de Cristóvão Colombo. Havia feito estudos de latim e de humanidades em Samandala viajando depois a Roma, onde terminou os estudos e se ordenou sacerdote em 1507. Isabel de Castela, a rainha a quem o papa dera licença para se intitular "A Católica", considerava a evangelização dos índios importante justificativa para a expansão colonial e como tal, insistia para que sacerdotes e frades estivessem entre os primeiros a se fixarem na América. Em 1510, Bartolomeu de Las Casas retornou à ilha Espanhola, agora como missionário.Em 21 de Dezembro de 1511 escutou o célebre Sermão do Advento por Frei António de Montesinos, no qual este defendia a dignidade dos indígenas. O profundo impacto daquela pregação levaram-no a converter-se a tal causa. Conseguiu um repartimiento ou encomieda de índios, dedicando-se assim ao trabalho pastoral. Os dominicanos contrários à encomienda, dados os abusos cometidos contra os índios, não mudaram sua opinião. Frei Bartolomé defendia a instituição em um primeiro momento assim como todos o faziam. Transferiu-se para Cuba com Pánfilo de Narváez, e ali foi capelão militar e recebeu pela segunda vez um repartimiento onde se ocupava em mandar seus índios às minas, tirar ouro, e fazer sementeiras, aproveitando deles como podia. Paulatinamente, porém, foi tomando consciência do problema e tomou partido contrário, dizendo-se chamado para pregar contra o sistema de encomienda como injusto. A partir daí, considerava então que os únicos donos do Novo Mundo eram os índios e que os espanhóis só deviam lá ir para o trabalho de conversão. Renunciou a todas as suas encomiendas e iniciou uma campanha de defesa dos índios, mostrando tudo de injusto do sistema. A campanha foi dirigida ao próprio rei de Aragão, Fernando II, e depois ao Cardeal Cisneros, que viria a nomeá-lo "protetor dos índios" em 1516. Com a morte do cardeal, recomeçou seu trabalho e tentou convencer o rei de Espanha Carlos I (imperador Carlos V), neto dos Reis Católicos. Como denunciava publicamente os abusos dos funcionários, obteve a inimizade de muitos, especialmente membros do Conselho das Índias, presidido pelo bispo Juan Rodríguez de Fonseca. Advogava por uma colonização pacífica das terras americanas, por meio de lavradores e missionários. Com tal objetivo partiu de novo para a América, onde em 1520 Carlos I lhe deu o 62 território hoje venezuelano de Cumaná para por em prática suas teorias. Infelizmente, Las Casas obteve pouco êxito e, durante uma de suas ausências, os índios aproveitaram para matar grande número de colonos. O desastre fez com que entrasse para a ordem dominicana. Manteve porém suas inflamadas teorias contra a escravidão dos índios – embora, curiosamente, estivesse a favor da escravidão dos africanos! – e alegava que todas as guerras contra os índios eram injustas. Por isso se enfrentou a diversos teólogos, especialmente frei Francisco de Vitória. Pediu a seus superiores para ir advogar suas teorias diante do Conselho das Indias, mas o fracasso em Cumaná o desacreditava. Em 1535 partiu para o Peru, mas o navio em que viajava naufragou no litoral da Nicarágua. Lá, ele enfrentou o governador Rodrigo de Contreras denunciando o envio de escravos índios ao Peru. Em 1536 se transferiu à Guatemala, para continuar a pregação e pôr em marcha um projeto de conquista pacífica que batizou de "Vera Paz". Entre 1537-1538 conseguiu cristianizar a zona de modo pacífico, substituindo a encomienda por um tributo pago pelos índios. Regressou em 1540 à Espanha, convencido de que era na corte que deveria vencer a batalha em favor dos índios Em 1542 o Conselho das Índias o ouviu, e suas opiniões causaram profunda impressão em Carlos V. Atribui-se a sua influência o fato de que em 20 de novembro de 1542 tenham sido publicadas as "Leis Novas" em que se restringiam as encomendas e a escravidão dos índios, embora não tenham sido do agrado pleno de Las Casas. Escreveu então sua obra mais importante: «Brevísima relación de la destrucción de las Indias». Como acusa os descobridores da América de crimes, abusos, violências, a obra foi chamada de escandalosa e exagerada, e não conseguiu evitar a continuação das conquistas, como desejava. Seria publicada ilegalmente em 1552, e conseguiu grande sucesso no século XVII, convertendo-se numa das fontes de nascimento da «lenda negra» do Império espanhol. Em 1543 recusou o bispado de Cuzco mas aceitou o de Chiapas, no México, encarregado de pôr em prática suas teorias. Foi consagrado em Sevilha em 1544. Não foi bem recebido em Chiapas, porque os colonos o consideravam responsável pela publicação das «Leis Novas». Escreveu ainda um «Confesionario» em que mandava que antes de iniciar a confissão, o penitente devia libertar seus escravos. Tais medidas provocaram distúrbios, e em 1546 teve que partir para a cidade do México, sem mudar sua política. Sua doutrina seria repelida por uma junta de prelados. Embarcou em Veracruz para a Espanha e se recolheu ao convento de S. Gregório, em Valladolid. Nessa cidade tiveram lugar importantes discussões de 1550 a 1551 entre ele e Juan Ginés de Sepúlveda (o amputado) sobre a legitimidade da conquista, saindo vitorioso o segundo. Foi nomeado Bispo de Chiapas aos 70 anos de idade, em 1544. Mas, ficou apenas três anos em Chiapas, sempre perseguido pelos espanhóis. Em 1547, partiu da América para não mais voltar. Regressou à Espanha, continuando ali a defesa dos índios, onde corrigiu e publicou seus escritos, todos se contrapondo à política colonial. Porém, suas ideias foram contestadas, na América e também na Espanha. Tanto que, em 1552, suas obras foram censuradas e proibidas para a leitura. Havia renunciado a seu bispado, antes de morrer aos 92 anos de idade no Convento Dominicano de Atocha, no dia 17 de julho de 1566, em Madrid, Espanha. Em defesa dos índios do novo continente, viajara numerosas vezes à Espanha, apelando aos oficiais do governo e aos que quisessem ouvir. Desde que ingressou na vida religiosa dominicana, se dedicara à causa indígena, defendendo-lhes a vida, a liberdade e a dignidade. E para que tivessem direitos políticos, de povos livres e capazes de realizar uma nova sociedade, mais próxima do Evangelho. Sua prioridade foi sempre a evangelização. Com tal propósito viajara pela América Central em trabalho pioneiro, registrando o que se passava em seus diários. Foi perseguido pelos colonizadores de São Domingos, Peru, Nicarágua, Guatemala e do México. Muito querido do povo mexicano, seu nome hoje é lembrado como um dos maiores humanistas e missionários da História do Cristianismo. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolom%C3%A9_de _las_Casas, extraído em 12/05/2014) (Bartolomé de Las Casas) 63 Questões Espanhola Sobre a América 1 - (CES – 2000) A cultura dos Astecas, uma das mais importantes do mundo précolombiano, floresceu na região que hoje corresponde à: a) b) c) d) e) Região dos Andes; Região do México; Colômbia, Peru e Bolívia; América Central; América do Sul. 2 - (CES – 2000) - O Peru, que veio a se constituir um grande vice-reino e um dos centros civilizatórios mais importantes da América Espanhola, foi conquistado por: a) b) c) d) e) Fernão Cortez; Diogo Almagro; Francisco Pizarro; Fernão Dias Pais; Balboa. 3 - (CES – 2000) - A Mineração foi a atividade econômica mais importante na América espanhola, durante o período colonial. Muitos fatores levaram à decadência destes complexos mineradores na região andina e no planalto mexicano. Assinale a modalidade de mão de obra que predominou nas minas de prata, nos séculos XVI e XVII: a) Indígena, submetida ao trabalho compulsório; b) Negra, submetida ao trabalho servil; c) Homens livres no regime de trabalho assalariado; d) Indígena, adaptado ao trabalho livre; e) Brancos e Negros em regime cooperativo. 4 - (FGV – CGA – 1998) Na colonização espanhola na América Andina, houve uma instituição incaica que foi aproveitada pelos espanhóis, tornando-se um elemento decisivo para o domínio destes. Essa instituição era: A) B) C) D) E) o Plantation o Quipu Mita Chicha Hacienda 5 - (FGV – CGA – 1998) "Como sairão das Universidades os que hão de governar, se não há Universidade na América onde se ensine os fundamentos da arte do governo, que é a análise dos elementos peculiares dos povos da América Os jovens saem ao mundo olhando-o através de lentes ianques ou francesas, aspirando dirigir um povo que não conhecem (...) Resolver o problema depois de conhecer seus elementos é mais fácil do que resolver o problema sem os conhecer. (...) Conhecer o país é governá-lo conforme o conhecimento, é o único modo de livrá-lo de tiranias (...) Nossa Grécia é preferível à Grécia que não é nossa (...) não há pátria na qual possa ter o homem mais orgulho do que em nossas dolorosas repúblicas americanas." (José Martí. Nossa América) A partir do extrato acima é correto afirmar: a) A proposta de Martí consiste em valorizar os elementos norte-americanos, franceses e gregos em detrimento dos demais para compreender a sociedade na qual vivemos e poder transformá-la; b) Uma visão das Universidades na América como instituições não formadoras de conhecimento sobre a própria realidade em que estão inseridas, resultando na preparação de jovens sem competência para governar seus países; c) Uma crítica às Universidades ianques e francesas que não formam os jovens para a compreensão das sociedades latinoamericanas; d) José Martí participou ativamente da segunda guerra de independência de Cuba e esse extrato tem relação direta com essa guerra; e) Uma crítica ao desconhecimento de todos acerca dos problemas latino-americanos e portanto, simultaneamente, uma justificativa das tiranias nesse continente. 6 - (FGV – CGA – 1998) 33 A conquista de Cuzco, centro do Império Inca, deu-se por: a) b) c) d) e) Hernán Cortez, em 1519; Francisco Pizarro, em 1533; Juan Ponce De Leon, em 1508; Vasco Nunes de Balboa, em 1509; Diego de Velásques, em 1511. 07 - (FUVEST – 1996) - Sobre as universidades na América colonial, é possível afirmar que: a) as Coroas portuguesa e espanhola, preocupadas desde o início do período colonial com a questão da educação, criaram universidades já no século XVI. 64 b) no Brasil não foram criadas universidades no período colonial e na América Espanhola elas tiveram apenas existência efêmera, não havendo real interesse em sua manutenção. c) as Coroas portuguesa e espanhola, envolvidas com a implantação de um sistema de exploração, não cuidaram da criação de universidades em suas colônias. d) assim como Salamanca serviu de modelo para a organização das universidades da América Espanhola, Coimbra foi modelo no Brasil e em Goa, na Índia. e) enquanto no Brasil não foram criadas universidades no período colonial, na América Espanhola, já no século XVI, foram fundadas a universidade de São Marcos de Lima e a do México. 8 - (FUVEST – 1998) - As relações comerciais entre a Espanha e suas colônias, até a primeira metade do século XVIII, se caracterizaram por: a) um sistema de portos únicos, responsáveis por todas as transações comerciais legais. b) um pacto colonial igual àquele que se desenvolvia entre o Brasil e sua metrópole. c) um sistema de liberdade de comércio, sem qualquer controle metropolitano. d) um sistema de comércio livretriangular, envolvendo a Espanha, a América e a África. e) um sistema que concedia privilégios aos comerciantes da região do Prata. 10 - (PUC-RJ) “Qualquer coisa pode ser feita com esse povo, eles são muito dóceis e, procedendo com zelo, podem facilmente ser ensinados a doutrina cristã. Eles possuem os instintos inatos de humildade e obediência e os impulsos cristãos de pobreza, nudez e desprezo pelas coisas deste mundo, caminhando descalços e sem chapéu com cabelos longos como apóstolos...” (Bispo Vasco de Quiroga. México, princípio do Século XVI.) Tendo como referência o texto acima, considere as afirmativas que descrevem a visão do colonizador sobre os povos indígenas da América. I. A passividade dos povos indígenas e sua predisposição à cristianização. II. A inferioridade racial e cultural dos povos indígenas. III. A existência do hábito do trabalho como parte integrante do cotidiano dos povos indígenas. IV. A existência da noção de propriedade privada e produção de excedente visando o mercado. Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas: a) somente I e IV; b) somente II e III; c) somente I e II; d) somente III e IV; e) todas as afirmativas estão corretas. 11 - (PUC – MG – 1998) Na colonização da América espanhola, foram adotados como sistemas de organização e exploração da mão de obra indígena a “encomienda” e a “mita”, sobre as quais é correto afirmar, EXCETO: a) A “mita” era uma forma de escravidão dissimulada muito empregada na mineração. b) Os encomenderos podiam cobrar tributos em dinheiro ou em trabalho dos índios. c) Na “encomienda” e na “mita”, o trabalho indígena era muito mal remunerado. d) Na “mita”, as tribos indígenas eram obrigadas a fornecer certo número de trabalhadores para as minas. e) Na “encomienda”, os encomendeiros recebiam da Coroa direitos sobre várias áreas. GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE AMÉRICA ESPANHOLA: 1 – B / 2 – C / 3 – A / 4 – C / 5 – B / 6 – B / 7 – E / 8 – A / 9 – A / 10 – C / 11 – C Questões Sobre a Emancipação das Colonias Espanholas na América 1.(UFG) A Inglaterra apoiou os movimentos da independência das colônias lusoespanholas devido ao: a) Receio da expansão comercial das colônias. b) Influência das idéias geradas pela Revolução Francesa. c) influência das novas idéias políticas do século XVIII sobre a Espanha e Portugal. d) Necessidade de aumentar a produção industrial das colônias. e) Necessidade de assegurar novos mercados para seus produtos. 2.(UFU) No início do século XIX, a independência da América Espanhola ocorreu 65 num contexto político internacional marcado por fatos. Dentre os fatos que favoreceram a independência da América Espanhola, podemos mencionar. a) A Revolução Industrial Espanhola. b) A derrota dos americanos na guerra de independência dos Estados Unidos. c) O Despotismo Esclarecido. d) O triunfo do absolutismo de direito divino na Espanha. e) As guerras napoleônicas. 3.(FUVEST) No processo de emancipação política da América espanhola destaca-se a participação: a) Da população nativa que através do Exército que lutou contra os cabildos criollos. b) Dos indígenas que através dos cabildos organizaram o Estado Nacional. c) Dos chapetones que para garantir seus interesses controlaram o Exército. d) Dos caudilhos que defendiam princípios liberais e descentralizadores. e) Dos Criollos que através dos cabildos defendiam os interesses locais. 4.(PUC-SP) O movimento de emancipação política da maioria dos países de colonização espanhola da América não significou a quebra das estruturas sociais e econômicas. Daí se verificou que: a) A dominação dos proprietários rurais foi garantida por novas incorporações territoriais. b) As diferenças entre as várias classes da população foram superadas pelo desejo de união nacional. c) O fortalecimento do poder político pessoal deu origem ao caudilhismo. d) Os intelectuais apoiaram-se nas idéias libertárias para defender propostas de igualdade social. e) A atuação da Igreja foi importante para garantir as reivindicações populares. 5.(OBJETIVO-SP) Sobre a independência da América Latina, assinale a alternativa incorreta: a) O rompimento do equilíbrio político europeu acelerou o processo de descolonização da América Luso-espanhola. b) Ao nível interno, a Crise do Sistema Colonial explica-se pelo próprio crescimento econômico das colônias, pois esse desenvolvimento levava ao choque entre os interesses dos colonos e de suas metrópoles. c) A independência do Brasil foi estabelecida pelos próprios reis portugueses, que aqui estiveram desde a época de Pombal até ao governo de Dom Pedro I. d) Enquanto a independência da América Espanhola caracterizou-se pela fragmentação territorial e guerras sangrentas, a independência do Brasil marcou-se por seu caráter pacífico e pela manutenção da unidade territorial brasileira. e) O Uruguai não se emancipou diretamente de sua metrópole europeia,, tendo-se libertado do Brasil em 1828. 6.(OSEC-SP) Os movimentos de independência do Brasil e das colônias espanholas na América podem ser explicados em função: a) Do desenvolvimento do capitalismo industrial e das restrições impostas pelo Pacto Colonial. b) Do desenvolvimento industrial metropolitano, que exigia mercados abertos e diversificação da produção. c) Da difusão das ideias liberais. d) As alternativas a e c estão corretas. e) As alternativas b e c estão corretas 7.(OBJETIVO-SP) Não podemos considerar como fator de crise do Antigo Sistema Colonial. a) A Revolução Industrial. b) O Iluminismo. c) A independência dos Estados Unidos da América. d) A Revolução Francesa. e) A Primeira Guerra Mundial. 8 - (CES – 2000) O apoio da Inglaterra aos movimentos de emancipação, ocorridos nas colônias luso-espanholas, deveu-se principalmente: a) À simpatia inglesa pelos ideais defendidos pelos líderes dos movimentos de autonomia; b) À necessidade de aumentar a produção industrial das colônias; c) Aos grandes investimentos ingleses nas colônias hispano-americanas; d) À necessidade urgente de assegurar novos mercados para seus produtos e compensar a perda dos mercados europeus;@ e) O receio da expansão dos ideais da Revolução Francesa nas antigas colônias. 66 9 - (EFOA – 1999) Em maio de 1997 as forças armadas do Peru invadiram a residência do embaixador do Japão em Lima, pondo fim a mais de 100 dias de ocupação da embaixada por terroristas do Movimento Revolucionário Tupac Amaru. Este nome é uma homenagem a Tupac Amaru, um dos precursores da luta pela independência da América Espanhola. Qual das opções abaixo NÃO apresenta um fator importante no desencadeamento do processo de independência hispano-americano? a) Apoio dado aos revoltosos pela Inglaterra e pelos Estados Unidos. b) Ampla divulgação dos ideais de libertação socialista, exemplificados pela Revolução Russa. c) Proclamação da Doutrina Monroe contra as pretensões colonialistas da Santa Aliança. d) Revolta dos escravos em 1793 contra a elite branca, promovendo a libertação do Haiti. e) Ascensão de José Bonaparte ao trono da Espanha. 10 - (UNIBH – 1999) Sobre a independência política das ex-colônias espanholas no Novo Mundo é correto afirmar, EXCETO: a) O movimento de libertação liderado por Tupac Amaru, em 1781, à frente de um grande contingente de índios, deu início aos combates contra as tropas enviadas pela Coroa Espanhola, mas acabou fracassando. b) Os Cabildos, assim que foram instalados, desempenharam um papel muito importante para a emancipação política, com a criação de Juntas Governativas controladas pelos “criollos”, que expulsaram as autoridades metropolitanas. c) A Inglaterra, grande interessada na independência das colônias espanholas, não teve condições de ajudar os colonos desde o início, porque estava envolvida nas Guerras Napoleônicas e no conflito contra os Estados Unidos. d) No processo de independência, sob a liderança de Simon Bolívar, surgiu o panamericanismo, que pregava a solidariedade continental e a unidade política das ex-colônias apesar das rivalidades entre os “criollos”. GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE A EMANCIPAÇÃO DAS COLONIAS ESPANHOLAS NA AMÉRICA: 1-E, 2-E, 3-E, 4– C, 5-C, 6-D, 7-E, 8– D, 9-B, 10-B 67 CAPÍTULO 08 A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (1776) As colônias Inglesas da América do Norte, foram ocupadas no início do século XVIII por perseguidos religiosos ingleses. A Inglaterra, mais preocupada com seus problemas internos, passou a não exercer forte fiscalização sob a colônia recém povoada, favorecendo assim o desenvolvimento de um mercado interno e uma forma “autônoma” de administração. Com o posterior desenvolvimento local, as colônias do norte passaram a promover o intercâmbio, tanto com países produtores de matéria prima, como produtores de alimentos. Além disso passou a se relacionar de forma direta com Espanha e Portugal (comércio triangular) rompendo assim o comércio direto com a Inglaterra. Este tipo de administração ficaria conhecido como “negligência salutar”. Um grupo de comerciantes e uma aristocracia mercantil, passou a dominar a economia por sua intervenção e distribuição de recursos. O comércio colonial passou assim a concorrer com o mercado metropolitano. Visando assegurar os dispositivos dos Atos de Navegação, os ingleses tentaram inserir os norte americanos sob esse regime. No entanto, os colonos continuaram a obter seus lucros, principalmente através da prática do contrabando. Este grupo, acumulador de riquezas, foi o mesmo que anos depois passa a liderar o movimento de Independência. Devido à grande valorização das terras litorâneas e também ao fato da ocupação de terra ser gratuita, na história das XIII colônias sempre houve um grande impulso pelo alargamento das fronteiras à oeste do território. As terras passam a significar com o passar do tempo, riqueza e status social. No sul, com a Implantação das colônias voltadas para o plantation, houve uma considerável redução do número de pequenos proprietários gerando uma concentração de terras e riquezas nas mãos de uma elite colonial. No centro e no norte, a burguesia colonial, enriquecida com o comércio triangular, tentou sua expansão com o domínio da propriedade fundiária. Este deslocamento para o Oeste acabou por encontrar a retaliação de colonos franceses, contribuindo para o embate e a maior deterioração das relações entre os dois países. O acirramento das tensões entre os mesmos culminariam com a chamada Guerra dos Sete Anos. ( A expansão para o Oeste) A GUERRA DOS SETE ANOS (1756-1763) O início do embate ocorreu na América, dada a disputa pela posse do Vale de Ohio, se estendendo depois, a luta pela posse do continente americano. A vitória inglesa trouxe a posse de territórios estratégicos franceses, como áreas de portos. A paz selada em 1763, teve as seguintes disposições: A França cedia o Canadá e parte das Antilhas, e também desistia de ambições maiores na Índia; a França cedia também o oeste do Mississipi à Espanha pela colaboração da mesma na guerra; a Espanha entregava a Flórida aos Ingleses em troca do território recebido. Mesmo com a vitória, os Ingleses entraram em crise com o esgotamento de seus tesouros comprometidos com os gastos militares. Em uma tentativa de reequilibrar suas receitas, os ingleses lançaram mão de pesados impostos sobre os americanos, que haviam aumentado sua receitas através de seu comércio com a França. Os ingleses então passam a tomar medidas mais rígidas para aumentar os laços com a s colônias e obter delas maiores benefícios. Laços estes que antes da guerra não faziam questão aos olhos dos ingleses parte pelo desinteresse e parte pelo desconhecimento da real lucratividade da colônia. AS LEIS INTOLERÁVEIS As mudanças advindas com o término da Guerra dos Sete Anos se basearam em três pontos: Ocupação dos territórios adquiridos com a Guerra dos Sete Anos; Aumento da taxação sobre as colônias e por fim uma melhor fiscalização político-econômica através da repressão do contrabando. Para aumentar suas receitas, os ingleses proibiram a entrada dos colonos nos territórios a Oeste, para assim adquirir o monopólio das vendas das áreas recém – incorporadas. A coroa passou a cobrar sucessivos impostos, objetivando proibir a instalação e a continuidade de indústrias coloniais, além de impedir a concorrência comercial do contrabando. 68 Para assegurar o cumprimento de suas metas, houve a instalação de milícias e órgãos burocráticos fiscalizadores, desagradando assim os colonos do Norte e do Centro, acostumados com a fraca fiscalização do período de negligência. A resposta colonial veio através de boicotes, como na Festa do Chá de Boston (Ataque de Comerciantes do Norte contra o carregamento de Chá dos navios ingleses. Disfarçados de índios, os colonos laçaram ao mar toneladas dos produtos). Isso não impediu no entanto que as a população do norte e do centro fosse atingida. A elite com o aumento de impostos e das restrições, e a camada média de pequenos proprietários, impossibilitada de adquirir novas terras. O cenário estava deixando os colonos demasiadamente incomodados. A GUERRA PELA INDEPENDÊNCIA ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA DOS (Declaração de Independência) Diante da rigidez metropolitana, as colônias se organizaram no Primeiro Congresso da Continental da Filadélfia em 74. Neste foi redigido a Declaração dos Direitos, que visava restabelecer as liberdades de antes, sob pena de rompimento definitivo com a Metrópole. Com o Ato de Quebec, que proibiu o acesso as terras do Oeste, pela primeira vez se uniram os colonos dos três núcleos uma vez que até mesmo os habitantes do sul, que com sua lavoura extensiva necessitavam de incorporar novas áreas acabaram por ser prejudicados. A Inglaterra se recusa a aceitar as propostas do Congresso mantendo sua linha rígida de repressão. A partir daí, inicia-se a série de embates que culmina com a Declaração de Independência dos Estados Unidos. Logo em seguida, foi organizado o Segundo Congresso da Continental da Filadélfia, onde George Washington foi nomeado chefe do exército, e encarregou a comissão chefiada por Thomas Jefferson a redigir a Declaração de Independência. Em quatro de julho de 1776 foi promulga a Declaração de Independência. “Nós temos por Testemunho as seguintes versões: Todos os homens são iguais, foram aquinhoados pelo criador com alguns direitos inalienáveis e entre esses direitos se encontram o da vida, da liberdade e da busca pela felicidade. Os governos são estabelecidos pelos homens para garantir esses direitos, e seu justo poder emana do consentimento dos governados. Todas as vezes que uma forma de governo torna-se destrutiva desses objetivos, o povo tem o direito de mudá-lo ou de abolir, e estabelecer um novo governo, fundando-o sobre os princípios e sobre a forma que lhe pareça a mais própria para garantir-lhe a segurança e a felicidade”. (Extraído da própria declaração de Direitos) “A prudência ensina que os governos estabelecidos depois de um longo tempo não devem ser mudados por motivos superficiais... Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, tendendo invariavelmente ao mesmo fim, marcam o objetivo de submetê-lo ao despotismo absoluto, é direito e dever do povo, rejeitar tal governo e por meio de um novo governo salvaguardar sua segurança futura. Tal é a situação da colônia hoje em dia, e a daí a necessidade de se usar a força para mudar seu sistema de governo”. (Citado em Francisco M.P. Teixeira, História da América, p.31) Os ingleses, naturalmente, não aceitaram a separação e os conflitos se intensificaram. Em 1777 os americanos conseguiram uma importante vitória na Batalha de Saratoga. A partir se então, passaram a contar com a ajuda externa da França e Espanha, que visavam enfraquecer os ingleses. Em 1781 os americanos, apoiados pelos franceses venceram a Batalha de Yorktown onde os ingleses não tiveram outra alternativa senão reconhecerem a supremacia americana. Em 1783, a Inglaterra reconheceria no tratado de Versalhes a Independência dos Estados Unidos da América. A Constituição dos Estados Unidos da América de 1787, inspirada nos princípios iluministas de Montesquieu, representou o exemplo de concretização das ideias liberais de direita a vida, a liberdade e a felicidade. A nova constituição restringia em muito os direitos dos trabalhadores, não levando em consideração escravos e índios, face interesses da burguesia do norte com os latifundiários do sul. No entanto, representa um avanço, servindo de modelo para os movimentos de emancipação na América Latina. 69 A Marcha para o Oeste e a Guerra de Secessão Unidos conduzir este desenvolvimento as demais nações e povos como se os Estados Unidos fossem embuídos de uma missão civilizadora. Após a conquista de sua Independência os Estados Unidos caminhavam para um novo desafio: como integrar áreas ocupadas com modelos de povoação diferentes, com atividades econômicas diferentes e consequentemente ideais diferentes. Assim as áreas ao Norte defendiam um governo central forte e a adoção de tarifas protencionistas que incentivassem a industrialização. A região Sul, agro-exportadora e escravista, defendia uma política de livre cambismo, para garantir o escoamento de seus produtos em troca de produtos indistrializados da Europa. Diante desta dificuldade de definir os rumos, a Constituição foi elaborada de forma genérica, facultando a cada Estado a definição de suas próprias leis. A MARCHA PARA O OESTE (1823 - 1848) A expansão para o interior dos Estados Unidos foi executada por colonos desbravadores. Um série de fatores motivados pela escassez de terras na faixa atlântica, pela possibilidade de ascensão social e acima de tudo pela combinação do sistema industrial do norte carente de matérias primas para suas manufaturarias, e do sistema agro-exportador do sul que igualmente carecia de terras para expandir sua produção. A combinação destes fatores contribuiu para que o norte e o sul dos Estados Unidos se mantivessem efetivamente unidos e trabalhando em conjunto em um projeto que era lucrativo para ambos os eixos do recém emancipado país, ou melhor dizendo, assim foi nos primeiros momentos de expansão. Um dos grandes idealizadores deste projeto foi o presidente James Monroe que em 1823 lança a chamada “Doutrina Monroe” que tinha como máxima o borão “América para os americanos” como uma forma de justificar o expansionismo em direção à oeste e desqualificar qualquer tipo de intervencionismo por parte dos europeus sobre os assuntos da américa. Foi justamente motivado por esta doutrina que os Estados Unidos tão brevemente reconheceram a Independência do Brasil em 1824 sendo a primeira nação à fazê-lo. Outra grande doutrina que foi recorrente do pensamento norte americano no impulso pela Marcha para o Oeste foi a chamada doutrina do “Destino Manifesto” que tinha como ideal a concepção que os Estados Unidos era a nação abençoada por Deus e que era por esta razão que todos seus projetos eram bem sucedidos e por isso que ela se desenvolvia tão rapidamente e em virtude de todo esse sucesso, seria também um papel, uma responsabilidade dos Esados No início do século XIX os americanos conseguiram territórios importantes, mediante compras e acordos, e sua ocupação esteve disciplinada pelo governo federal. Com a Marcha para o Oeste, as divergências entre Norte e Sul aumentaram acerca de questões como o regime de propriedade e o tipo de mão de obra a ser empregada nos novos territórios. O Norte defendia a proposta de pequenas propriedades com mão de obra assalariada, já o sul defendia o regime de grandes propriedades com mão de obra escrava. Além do interesse econômico, havia também o político, pois temiase a inclusão de novos representantes no Legislativo, rompendo assim o equilíbrio entre abolicionistas e escravistas. Para manter a estabilidade foi firmado o Compromisso de Missouri que regulamentava os territórios que utilizariam a mão de obra livre e os que usariam a mão de obra escrava. No entanto, a Califórnia solicitou a sua inclusão no regime de trabalho livre, e tal atitude desencadeou uma crise, uma vez que desobedecia o compromisso de Missouri. Utah e Novo México pleiteavam sua inclusão como Estados Neutros, e a campanha abolicionista crescia em notoriedade. Em 1854 o Compromisso perdeu o sentido, pois o Congresso facultou a cada Estado o direito de se decidir sobre a escravidão. A tensão cresceu e culminou com a Guerra de Secessão. A GUERRA DE SECESSÃO (1861-1865) Nas eleições de 1860 o candidato apoiado pelo Norte, Abrahan Lincoln foi vitorioso e tudo indicava que suas decisões fossem favorecer aos nortistas, como por exemplo a respeito da abolição da escravidão, apesar de 70 Lincoln em um primeiro momento ter se manifestado a favor de sua manutenção temporária (muito embora ele tenha tomado outra postura posteriormente) e os agora 11 Estados do Sul resolveram se separar da União formando uma Confederação dos Estados do Sul. Mesmo diante da inferioridade de homens e armas a Confederação atacou o Norte em 1861. Além de contar com o apoio do Oeste, o Norte contou com o apoio da Marinha Inglesa para bloquear qualquer tipo de apoio aos Estados Sulistas. O Sul conseguiu algumas vitórias, no entanto após a Batalha de Gettysburg em 1863, o Norte tomou a ofensiva e destruiu os exércitos da Confederação. A tomada da capital Sulista em 1865 selou a vitória com a rendição completa do Sul. A Abolição da Escravidão, pano de fundo de todo este conflito, foi aprovada e passou a entrar em vigor em Dezembro de 1865, porém não foi acompanhada por nenhum programa que possibilitasse a integração do negro liberto na sociedade americana (o que não diferiu muito do que aconteceria aqui no Brasil duas décadas mais tarde). Em seus aproximados quatro a cinco anos de guerra, a Guerra de Secessão é ainda hoje considerada uma das guerras mais sangrentas realizada pelos norte-americanos levando à morte aproximadamente 600.000 pessoas muito embora alguns dados ainda estipulam números maiores. O impacto aos estados do Sul foi enorme e suas economias tiveram de passar por programas de reconstrução caros e financiados pelos próprios estados do norte. Até hoje, os norte americanos tem uma comoção enorme com todos os assuntos relacionados à Guerra de Secessão que é sempre lembrado como uma das maiores manchas negras na história dos Estados Unidos da América. Sessão Leitura – Pocahontas Pocahontas (1595 – 23 de março de 1617) foi uma índia powhatan que se casou com o inglês John Rolfe, tornando-se uma celebridade no fim de sua vida. Era filha de Wahunsunacock (conhecido também como Powhatan), que governava uma área que abrangia quase todas as tribos do litoral do estado da Virgínia (região chamada pelos índios de Tenakomakah). Seus verdadeiros nomes eram Matoaka e Amonute; "Pocahontas" era um apelido de infância. A vida de Pocahontas deu margem a muitas lendas. Tudo que se sabe sobre ela foi transmitido oralmente de uma geração para outra, de modo que sua real história permanece controversa. Sua história se transformou num mito romântico nos séculos seguintes à sua morte, mito este que foi transformado num desenho animado da The Walt Disney Company (Pocahontas) e em um filme, The new world (O novo mundo). (Ilustraçãode Pocahontas) Em 1995, Roy Disney decidiu lançar um novo filme de animação sobre a história de uma mulher da tribo Powhatan . Os descendentes da tribo, através do chefe Roy Cavalo Louco, demonstraram indignação diante das declarações de Roy Disney, que afirmou que o filme era responsável, bem apurado e respeitável. “Nós, da Nação Powhatan, discordamos das afirmações de Disney. O filme apresenta uma visão distorcida que vai muito além da história original. Nossas ofertas para ajudar a Disney em aspectos culturais e históricos foram rejeitadas. Tentamos fazer com que a Disney corrigisse os erros ideológicos e históricos do filme, mas fomos ignorados.” ‘Pocahontas é um apelido que significa "a metida"’ ou "criança mimada". O seu nome real era Matoaka. A história conta que ela salvou o inglês John Smith, que seria executado pelo seu pai em 1607. Nessa época, Pocahontas teria apenas entre dez e onze anos de idade. Smith era um homem de meia idade, de cabelos castanhos, de barba e cabelos longos. Ele era um dos líderes colonos e, em 1607, fora raptado por caçadores Powhatans. Ele possivelmente seria morto, mas Pocahontas interveio, conseguindo convencer o pai que a morte de John Smith atrairia o ódio dos colonos. Graças a esse evento (e a mais duas oportunidades em que Pocahontas salvou a vida dos colonos), os Powhatans fizeram as pazes 71 com os colonos. Ao contrário do que dizem os romances sobre sua vida, Pocahontas e Smith nunca se apaixonaram. Smith serviu como um tutor da língua e dos costumes ingleses para Pocahontas. En 1609, um acidente com pólvora obrigou John Smith a se tratar na Inglaterra, mas os colonos disseram a Pocahontas que Smith teria morrido. A verdadeira história de Pocahontas tem um triste final. Em 1612, com apenas dezessete anos, ela foi aprisionada pelos ingleses enquanto estava em uma visita social e foi mantida na prisão de Jamestown por mais de um ano. Durante o período de captura, o inglês John Rolfe demonstrou um especial interesse na jovem prisioneira. Como condição para Pocahontas ser libertada, ela teve de se casar com Rolfe, que era um dos mais importantes comerciantes ingleses no setor de tabaco. Pocahontas passou um ano prisioneira, mas tratada como um membro da corte. Alexander Whitaker, ministro inglês, ensinou o cristianismo e aprimorou o inglês de Pocahontas e, quando este providenciou seu batismo cristão, Pocahontas escolheu o nome de Rebecca. Logo após isso, ela teve seu primeiro filho, a qual deu o nome de Thomas Rolfe. Os decendentes de Pocahontas e John Rolfe ficaram conhecidos como Red Rolfes. Em 1616, Rolfe, Pocahontas e Thomas viajaram para Inglaterra. Junto a eles, onze membros da tribo Powhatan, incluindo o sacerdote Tomocomo. Na Inglaterra, Pocahontas descobriu que Smith estava vivo, mas não pôde encontrá-lo, pois estava viajando. Mas Smith mandou uma carta à rainha Ana, informando que fosse tratada com nobreza. Pocahontas e os membros da tribo se tornaram imensamente populares entre os nobres e, em um evento, Pocahontas e Tomocomo se encontraram com o rei James, que simpatizou com ambos. Em 1617, Pocahontas e John Smith se reencontraram. Smith escreveu em seus livros que, durante o reencontro, Pocahontas não disse uma palavra a ele, mas, quando tiveram a oportunidade de conversarem sozinhos por horas, ela declarou estar decepcionada com ele, por não ter ajudado a manter a paz entre sua tribo e os colonos. Meses depois, Rolfe e Pocahontas decidiram retornar à Virgínia, mas uma doença de Pocahontas (provavelmente a varíola, pneumonia ou tuberculose) obrigou o navio em que estavam a voltar para Gravesend, em Kent, na Inglaterra, onde Pocahontas veio a falecer. Após sua morte, diversos romances sobre sua história foram escritos, sendo que todos retratavam um romance entre Smith e Pocahontas. A maioria, ainda, tratava John Rolfe como um vilão, que teria separado os dois e casado com Pocahontas à força. Apesar de sua fama, as figuras encontradas sobre Pocahontas sempre foram de caráter fantasioso, sendo a mais real figura de Pocahontas a pintura de Simon Van de Passe, que foi feita em 1616. Hoje em dia, muitas pessoas tentam associar sua árvore genealógica a Pocahontas, incluindo o ex-presidente George W. Bush, mas, na verdade, ele seria descendente apenas de John Rolfe, a partir de um filho de um casamento posterior à morte de Pocahontas. Entre as pessoas confirmadas como descendente de Pocahontas, destaca-se Nancy Reagan, viúva do ex-presidente estadunidense Ronald Reagan. O chefe Powhatan morreu na primavera seguinte. Os descendentes da tribo de Pocahontas foram dizimados e suas terras foram tomadas por colonizadores. “É triste que essa história, da qual euroamericanos deveriam se envergonhar, se tornou meio de entretenimento, perpetuando um mito irresponsável e falso sobre a nação Powhatan.” - Chefe Roy Cavalo Louco. Ele queria que fosse um épico de grande escala que seria adaptável ao tipo de musical estilo Broadway que a Disney havia recentemente abraçado. “Era um fim de semana de Ação de Graças e eu estava tentando descobrir o que faria a seguir,” conta Gabriel. “Eu sabia que queria que fosse uma história de amor e estava pensando que um western podia ser um pouco diferente. Eu pensei sobre Pecos Bill e alguns outros títulos, mas parecia que todos já haviam sido feitos antes. E então o nome Pocahontas me veio à mente e eu fiquei bastante ansioso em relação a ele. Todos conheciam o conto de ela salvando a vida de John Smith e parecia um modo natural de contar a história sobre dois mundos conflitantes separados tentando entender dois ao outro.” Peter Schneider (o então presidente da Walt Disney Feature Animation) e seu time de desenvolvimento consideravam uma versão animada da história de “Romeu e Julieta” por cerca de oito anos e o rascunho de Mike Gabriel da história de Pocahontas tinha muito dos mesmos elementos. Schneider diz que “nós estávamos particularmente interessados em explorar o tema de que se não aprendermos a viver uns com os outros, nos destruiremos". Com seu projeto tendo recebido a aprovação dos executivos (o projeto aprovado mais rapidamente na história do estúdio), Gabriel começou a escrever um rascunho da história e trabalhou com Joe Grant em experimentações visuais preliminares e notas de história. Em 1992, após acabar seu trabalho supervisionando a animação do Gênio de Aladdin, Eric Goldberg se uniu a Mike Gabriel como codiretor de Pocahontas. Mike e eu separamos nossas funções conta Goldberg. Eu fiquei principalmente a cargo da animação e doclean-up enquanto ele lidava com leiaute, cenários e modelos de cor. 72 O grande sucesso de A bela e a fera (1991) teve grande influência na produção de Pocahontas. O filme ganhou as graças não apenas do público infantil, mas também de uma grande parte do público adulto, culminando em uma indicação ao Oscar de melhor filme, a primeira do tipo para um filme de animação. Com o intuito de produzir um filme animado mais adulto que, finalmente, ganhasse a disputada estatueta, Jeffrey Katzenberg, então responsável pelo departamento de animação, resolveu fazer com que Pocahontas se encaixasse às suas ambições. O filme foi estruturado como uma história séria e madura e grande parte dos momentos cômicos foram excluídos. Nos estágios iniciais de produção, os animais falavam assim como na maioria dos filmes Disney. Quando foi decidido que Pocahontas seria um filme mais sério, os animais perderam suas vozes e foram feitos mudos. Como consequência dessa mudança na produção, um personagem cômico acabou sendo excluído do filme: com a voz do falecido comediante John Candy, Pena Vermelha (Readfeather) era um peru que seria o companheiro de Pocahontas. Algumas cenas testes de animação chegaram a ser feitas e até mesmo seu design foi finalizado. O personagem acabou sendo deixado de lado e substituído por Meeko, o guaxinim, animal que permitiria um humor menos exagerado e cujas expressões seriam mais bem captadas em pantomima. Um dos maiores desafios enfrentados pelos produtores do filme foi a falta de informação sobre a veracidade de diversos eventos que cercam a história de Pocahontas. Até o maior acontecimento do filme, o de Pocahontas salvando a vida de John Smith, causa alguma controvérsia entre os historiadores que debatem se o fato realmente aconteceu ou não. Segundo o produtor James Pentecost, “Se os próprios historiadores não conseguem concordar, nós sentimos que tínhamos certa licença do que é conhecido do folclore para criar a história.” Já o filme estadunidense de 2005, The new world, foi realizado por Terrence Malick e contava com os atores Collin Farrel, Christopher Plummer, Christian Bale e Q’orianka Kilcher. No filme, em 1607, três embarcações inglesas, financiadas pela London Virgínia Company, partiam ao longo do oceano Atlântico rumo a novos territórios, na esperança de encontrarem lendários tesouros e ouro. Ao desembarcarem no rio James, na Virgínia, estabeleciam a colônia de Jamestown. A maioria dos 103 colonos do grupo original eram aristocratas mal preparados para as condições do Novo Mundo, pelo que as condições de vida na colônia se degradavam ao ritmo que em se desvanecia a esperança de encontrar ouro. O capitão John Smith era encarregado de liderar uma expedição ao longo do rio Chickahominy com o objetivo de encontrar comida. Durante a expedição, os nativos da tribo Powhatan, a tribo dominante da região, abordavam o grupo do capitão Smith. Todos, à exceção de Smith, eram mortos. Este era, então, levado para a aldeia dos nativos americanos, onde conhecia a filha do chefe da tribo Powhatan, Pocahontas, com quem aprendia a cultura e costumes da tribo. Passados alguns meses, reunia comida suficiente para ajudar os colonos a sobreviverem ao inverno e regressava às colônias de Jamestown. Na primavera seguinte, Powhatan descobria que os colonos tencionavam ficar e decidia preparar-se para a guerra. Sem o conhecimento do pai, Pocahontas avisava Smith da eminência de um ataque e, quando os nativos eram surpreendidos, Powhatan descobria que a filha os havia traído, decidindo, então, bani-la da tribo e da família para sempre. Pocahontas era forçada a viver com uma tribo vizinha, acabando por ser vendida aos ingleses, como apólice de seguro contra ataques da tribo do pai. Ao viver com os colonos, adaptava-se lentamente ao seu modo de vida. Durante este período, Smith era chamado de volta à Inglaterra para liderar outras expedições. Voltaria a ver Pocahontas, apenas mais uma vez, anos mais tarde, quando esta chegava à Inglaterra. Malick tentou basear a maior parte de sua visão nos relatos históricos, pesquisando os escritos de exploradores e colonos da Virgínia para criar os monólogos de Smith e de outros personagens. Mas este é, acima de tudo, um filme da imaginação. Como acontecem com todos os trabalhos de Malick, as imagens, os sons fantasmagóricos e o humor bucólico ultrapassam a narrativa. Malick nos leva a um “Éden” primordial. Os nativos estranhamente pintados e os intrusos brancos e armados se enxergam de maneira suspeita. Seus mundos, objetivos e crenças não poderiam ser mais diferentes. Os nativos têm pouco senso de possessão ou ambição, mas têm uma ordem social forte. Já os colonos, a maioria despreparada para lidar com o selvagem, buscam riqueza, olham uns aos outros com inveja e podem se revoltar a qualquer momento. Um confronto violento é inevitável. Na primeira vez que vimos John Smith (Colin Farrell), ele está algemado em um dos três navios ingleses que chegam ao Rio James em 1607. Ele está sendo punido por insubordinação, mas é um soldado valioso demais para ser enforcado. Então o capitão Newport (Christopher Plummer) o liberta assim que desembarcam no 73 Novo Mundo. Ele chega até mesmo a dar uma missão vital para Smith antes de voltar para a Inglaterra. Smith lidera uma expedição rio acima para entrar em contato com um chefe indígena na esperança de estabelecer comércio. Ao invés disso, seus homens são mortos e ele é feito prisioneiro. Sua vida é poupada pelo chefe (August Schellenberg) quando a filha favorita deste, Pocahontas (O'Orianka Kilcher), implora por perdão. O chefe deixa o aventureiro por conta de sua filha adolescente, para que ambos aprendam a língua um do outro e ele possa ficar por dentro das intenções dos recém-chegados. É claro que o casal se apaixona. Aqui o filme entra em um estado onírico, quase sem diálogos. Enquanto um forte laço é formado entre os dois estranhos, eles absorvem a riqueza da paisagem e o som do vento e dos pássaros da floresta. O que poderia se tornar incrivelmente piegas nas mãos de um cineasta menos experiente funciona aqui, graças à absoluta fidelidade de Malick às emoções encobertas. Embora o nome Pocahontas não seja mencionado -- os colonos preferem chamá-la de Rebecca --, o filme baseia-se no mito idealizado dessa mulher, que encarna aqui tanto a ingenuidade da floresta quanto da mãe-terra. Farrell não parece muito confortável no papel, raramente mudando de expressão. Malick e o cinegrafista Emmanuel Lubezki tiram de Kilcher mais poses do que um fotógrafo de moda. Kilcher, então com quinze anos, é uma jovem arrebatadora e a câmera se apaixona por ela. Fonte: http://beyondthelaughingsky.blogspot.com/ 2011/02/verdadeira-historia-de-pocahontas.html Pocahontas teria tido um romance com o capitão da marinha inglesa John Smith. No entanto, não existem relatos que confirmem a veracidade deste fato. Durante sua estada em Henricus, Pocahontas encontrou-se com John Rolfe, que caiu de amores por ela. Rolfe, cuja esposa e filha tinham falecido, tinha cultivado com sucesso uma nova espécie de tabaco em Virgínia e tinha gasto muito de seu tempo lá para a colheita. Ele era um homem muito religioso que se angustiava com as potenciais repercussões de casar com uma "selvagem". Em uma longa carta dirigida ao governador, pediu permissão para casar-se com ela, relatando seu amor por ela e sua crença de que ela poderia ter sua alma salva. Ele alegou que não estava somente movido "pelo desejo carnal, mas pelo bem desta plantação, pela honra de nosso país, pela Glória de Deus, pela minha própria salvação... ela se chama Pocahontas, a quem dirijo meus melhores pensamentos, e eu tenho estado por tanto tempo tão confuso, e encantado por esse intricado labirinto...". Os sentimentos de Pocahontas sobre Rolfe e a união são desconhecidos. Casaram-se em 5 de abril de 1614. Viveram juntos nos anos seguintes na plantação de Rolfe, Varina Farms, que estava localizada ao lado do James River, na nova comunidade de Henricus. Tiveram um filho, Thomas Rolfe, nascido em 30 de janeiro de 1615. Sua união não obteve sucesso no sentido de trazer o cativos de volta, mas estabeleceu um clima de paz entre os colonos de Jamestown e a tribo de Powhatan por muitos anos; em 1615, James Habor escreveu que desde o casamento "nós tivemos um amigável comércio não só com os Powhatans como também com todas aqueles que estavam em nossa volta". Os responsáveis pela colônia de Virgínia encontravam dificuldade em atrair novos colonos para Jamestown. Com o objetivo de encontrar investidores para assumir os riscos, usaram Pocahontas como uma estratégia de marketing, tentando convencer os europeus de que os nativos poderiam ser "domesticados"; buscavam, desse modo, salvar a colônia. Em 1616, os Rolfes viajaram para a Inglaterra, chegando no porto de Plymouth e dirigindo-se para Londres em Junho de 1616. Foram acompanhados por um grupo de onze nativos. Pocahontas entreteve várias reuniões da sociedade. Ao chegar, O rei não queria recebê-la formalmente. Por isso, Smith, que estava em Londres, ao saber disso, escreveu uma carta ao rei contando como Pocahontas os havia salvo em Jamestown da fome, do frio e da morte. O rei, por causa disso, aceitou recebê-la. Pocahontas e Rolfe viveram no subúrbio de Brentford por algum tempo. Em março de 1617, tomaram um navio e retornaram à Virgínia. No entanto, o navio havia somente chegado à Gravesend, no rio Tâmisa, quando Pocahontas ficou doente. A natureza da doença é desconhecida,mas pneumonia, varíola ou tubercu -lose são os diagnósticos mais prováveis. Ao desembarcar, ela morreu. Seu funeral ocorreu em 23 de Março de 1617, na paróquia de São Jorge, em Gravesend. Em sua memória, foi erguida, em Gravesend, uma estátua de bronze em tamanho real. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Pocahontas, em 12/05/2014) (Retrato de Pocahontas do Século XVIII) extraído 74 Exercícios de Fixação 1.(PUCCAMP-93) Primeira colônia americana a se tornar independente, em 4 de julho de 1776, os Estados Unidos assumiram no século XIX. a) Uma posição estimulante aos movimentos revolucionários, contestando as estruturas tradicionais do poder vigente em grande parte na Europa. b) Uma intransigente defesa da intervenção do Estado nas atividades econômicas, visando controlar os abusos da burguesia. c) A identificação do Estado com a religião puritana, que seria obrigatória a todos os cidadãos. d) Dentro do continente americano, uma política imperialista, impondo seus interesses econômicos às demais nações. e) Uma política de expansão colonial em direção à África e Oceania. 2.(UNB-97) A Revolução Americana(1775-1783), a primeira Revolução Francesa(1789-1799) e a Revolução Industrial na Inglaterra(1760-1830) definiram num espaço de menos de 30 anos, os contornos de um novo processo social, econômico, político e cultural. Essas 3 revoluções, mais os movimentos de independência nas colônias europeias na América Latina, abrem uma nova época no Ocidente: a Historia Contemporânea. A História Contemporânea se inicia marcada por um novo conceito de civilização. Formaram-se então, em oposição aos valores e às características do período anterior (HISTORIA MODERNA), novos conceitos que merecem destaque e que passaram a fazer parte do universo mental do homem contemporâneo, como: civilização industrial, democracia representativa e cidadania; soberania nacional e independência; liberalismo e socialismo. Com o auxilio do texto, julgue os itens a primeira metade do século XIX, pode ser explicado pela autuação da Inglaterra em defesa do pacto colonial. Soma: ( ) 3.(FACULDADE RUI BARBOSA-BA) Numa perspectiva bem ampla, o processo de independência dos EUA relacionou-se, por um lado, o avanço do capitalismo na Inglaterra, à expansao dos princípios liberais as rivalidades anglo-francesa, acentuada no final do século XVIII, e, por outro lado, à própria especificidade do desenvolvimento das treze colônias. Neste sentido, podemos afirmar que a aceleração que o processo de ruptura das antigas colônias e metrópole inglesa deveuse: IÀs tentativas de expansão na América do Norte, ocupando território das treze colônias. IIAo próprio desenvolvimento de liberalismo econômico na Inglaterra, divulgando princípios e praticas contrários ao monopólio comercial. IIIÀs tentativa Inglesas de aprofundar os laços de dominação através do reforço do pacto colonial. IVÀ reação dos colonos americanos às medidas fiscais e administrativas que feriam a sua relativa autonomia. VAo desdobramento natural de um processo calcado na relativa autonomia das chamadas colônias de povoamento., a) b) c) d) e) Assinale as alternativas corretas. I e IV II e III IeV III e IV II e V 4. (PUC-MG) A independência das treze colônias Inglesas da América do Norte tem em comum com a independência dos paises latino-americanos de colonização ibérica, exceto: seguir. (1) A Revolução Industrial unifica capital e trabalho, produtor e meios de produção alem de consolidar a dinâmica sociedade esta mental. (2) O liberalismo combate, no campo econômico, as estruturas do mercantilismo e do colonialismo e, no político, as formas absolutistas do Estado. (4) O socialismo que ganha corpo no decorrer do século XIX, corresponde a uma visão do mundo que se opõe a burguesia. (8) O fracasso dos movimentos de independência na América Latina, ao longo da a) A luta dos colonos contra os exércitos metropolitanos envolvendo outros paises. b) A contestação às medidas restritivas, impostas ao comercio pelas respectivas metrópoles. c) A predominância da forma de governo republicana e do sistema de governo presidencialista. d) As implicações decorrentes da expansão napoleônica na Europa, refletindo no continente americano. 75 e) O liberalismo político e econômico que forneceu a base ideológica para a superação dos entraves mercantilistas. 5. (CESGRANRIO-RJ - Alterada) No século XVIII, nas tensões entre Inglaterra e França, ocupou um lugar privilegiado a questão dos domínios colônias, o que se pode verificar pela guerra dos Sete Anos (17561763), durante a qual: a) Se consolida o poder Britânico sobre a América do Norte com a vitoria em Quebec, sobre os franceses e pela ampliação da fronteira oeste com a conquista do México. b) Os dois Estados lutam pelo domínio da América do Norte, onde os franceses são derrotados, e perdem apenas parte do Canada, especialmente Quebec, que entretanto mantém a cultura e a língua francesa. c) Os dois disputa suas possessões na América e na Índia, luta que acaba com o Tratado de Paris(1763), que concedia a Inglaterra a posse da Índia, Canada, Senegal, parte da Louisiana e das Antilhas. d) A Inglaterra incorpora a Escócia e vira a Grã-bretanha, consolidando também seu domínio sobre a Irlanda, enquanto a França entra num processo agudo de crise econômica que acentua a decadência da sociedade do Antigo Regime. e) A França adquire a região das Antilhas dos espanhóis e amplia seu domínio sobre a Ásia, assumindo o controle da região do sudeste asiático. GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE INDEPENDÊNCIA DAS TREZE COLÔNIAS: 1 – A / 2 – “7” / 3 – D / 4 – D / 5 – C Pintou no ENEM – Exercícios de História que estiveram presentes em edições do Exame. 1) Negro, filho de escrava e fidalgo português, o baiano Luiz Gama fez da lei e das letras suas armas na luta pela liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai para cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade conseguiu provas de que havia. Nascido livre. Autodidata, advogado sem diploma, fez do direito o seu ofício e transformou-se, em pouco tempo, em proeminente advogado da causa abolicionista. AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de Hist. ia. Ano 1, n.o 3. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado). A conquista da liberdade pelos afrobrasileiros na segunda metade do séc. XIX foi resultado de importantes lutas sociais condicionadas historicamente. A biografia de Luiz Gama exemplifica: a) impossibilidade de ascensão social do negro forro em uma sociedade escravocrata, mesmo sendo alfabetizado. b) extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nesse contexto e a utilização do Direito como canal de luta pela liberdade. c) rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que inviabilizava os mecanismos de ascensão social. d) possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das elites dominantes, a um mestiço filho de pai português. e) troca de favores entre um representante negro e a elite agrária escravista que outorgara o direito advocatício ao mesmo. 2) Substitui-se então uma história crítica, profunda, por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai. CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado). O imperialismo inglês, "destruindo o Paraguai, mantém o status quo na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado economicamente livre". Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos E não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercussão. (DORATIOTO). F. Maldita guerra: nova hist. ia da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado). Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas estão refletindo sobre: a) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa Guerra. b) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa Guerra. c) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de batalha. d) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre os motivos dessa Guerra. e) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e argentino durante o conflito. 76 3) Em 2008 foram comemorados os 200 anos da mudança da família real portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a sede do reino. Uma sequência de eventos importantes ocorreu no período 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a família real portuguesa permaneceram no Brasil. Entre esses eventos, destacam-se os seguintes: • Bahia – 1808: Parada do navio que trazia a família real portuguesa para o Brasil, sob a proteção da marinha britânica, fugindo de um possível ataque de Napoleão. • Rio de Janeiro – 1808: desembarque da família real portuguesa na cidade onde residiriam durante sua permanência no Brasil. • Salvador – 1810: D. João VI assina a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as nações amigas ato antecipadamente negociado com a Inglaterra em troca da escolta dada à esquadra portuguesa. • Rio de Janeiro – 1816: D. João VI tornase rei do Brasil e de Portugal, devido à morte de sua mãe, D. Maria I. • Pernambuco – 1817: As tropas de D. João VI sufocam a revolução republicana. GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta, 2007 (adaptado) Uma das consequências desses eventos foi: a) a decadência do império britânico, em razão do contrabando de produtos ingleses através dos portos brasileiros, b) o fim do comércio de escravos no Brasil, porque a Inglaterra decretara, em 1806, a proibição do tráfico de escravos em seus domínios. c) a conquista da região do rio da Prata em represália à aliança entre a Espanha e a França de Napoleão. d) a abertura de estradas, que permitiu o rompimento do isolamento que vigorava entre as províncias do país, o que dificultava a comunicação antes de 1808. e) o grande desenvolvimento econômico de Portugal após a vinda de D. João VI para o Brasil, uma vez que cessaram as despesas de manutenção do rei e de sua família. 4) Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja a este respeito no Estado do Brasil. Alvará de liberdade para as indústrias (1.o de Abril de 1808). In Bonavides, P.; Amaral, R. Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado). O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará, não se concretizou. Que características desse período explicam esse fato? a) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas portuguesas. b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas redes de comércio. c) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada da família real portuguesa. d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no comércio interna - nacional. e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados para as indústrias portuguesas. 5) Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado por inúmeras crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores condições de vida e pelo direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam também o protesto contra a centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos "barões do café", para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro. O contexto do Período Regencial foi marcado: a) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia. b) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder central. c) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam melhores condições de vida. d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão social dos "barões do café". e) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que exigiam o reforço de velhas realidades sociais. 6) Na democracia estadunidense, os cidadãos são incluídos na sociedade pelo 77 exercício pleno dos direitos políticos e também pela ideia geral de direito de propriedade. Compete ao governo garantir que esse direito não seja violado. Como consequência, mesmo aqueles que possuem uma pequena propriedade sentem-se cidadãos de pleno direito. Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir socialmente os cidadãos é: a) submeter o indivíduo à proteção do governo. b) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses. c) estimular a formação de propriedades comunais. d) vincular democracia e possibilidades econômicas individuais. e) defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham propriedades. 7) Na década de 30 do século XIX, Tocqueville escreveu as seguintes linhas a respeito da moralidade nos EUA: “A opinião pública norte-americana é particularmente dura com a falta de moral, pois esta desvia a atenção frente à busca do bem-estar e prejudica a harmonia doméstica, que é tão essencial ao sucesso dos negócios. Nesse sentido, pode-se dizer que ser casto é uma questão de honra”. TOCQUEVILLE, A. Democracy in America. Chicago: Encyclopædia Britannica, Inc., Great Books 44, 1990 (adaptado). Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norte americanos do seu tempo: a) buscavam o êxito, descurando as virtudes cívicas. b) tinham na vida moral uma garantia de enriquecimento rápido. c) valorizavam um conceito de honra dissociado do comportamento ético. d) relacionavam a conduta moral dos indivíduos com o progresso econômico. e) acreditavam que o comportamento casto perturbava a harmonia doméstica. 8) No tempo da independência do Brasil, circulavam nas classes populares do Recife trovas que faziam alusão à revolta escrava do Haiti: Marinheiros e caiados Todos devem se acabar, Porque só pardos e pretos o país hão de habitar. AMARAL, F. P. do. Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos. Recife: Cultura Acadêmica, 1907. O período da independência do Brasil registra conflitos raciais, como se depreende: a) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, que circulavam entre a população escrava e entre os mestiços pobres, alimentando seu desejo por mudanças. b) da rejeição aos portugueses, brancos, que significava a rejeição à opressão da Metrópole, como ocorreu na Noite das Garrafadas. c) do apoio que escravos e negros forros deram à monarquia, com a perspectiva de receber sua proteção contra as injustiças do sistema escravista. d) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos demonstravam contra os marinheiros, porque estes representavam a elite branca opressora. e) da expulsão de vários líderes negros independentistas, que defendiam a implantação de uma república negra, a exemplo do Haiti. 9) A identidade negra não surge da tomada de consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras e brancas e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e de seus povos. K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação: reflexões e experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p. 37. Com relação ao assunto tratado no texto acima, é correto afirmar que: a) colonização da África pelos europeus foi simultânea ao descobrimento desse continente. b) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a desenvolverem esse continente. c) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão no Brasil. d) a exploração da África decorreu do movimento de expansão europeia do início da Idade Moderna. e) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre esse continente e a Europa. 10) Após a Independência, integramo-nos como exportadores de produtos primários à divisão internacional do trabalho, estruturada ao redor da Grã-Bretanha. O Brasil especializou-se na produção, com braço escravo importado da 78 África, de plantas tropicais para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento de nossa economia por pelo menos uns oitenta anos. Éramos um país essencialmente agrícola e tecnicamente atrasado por depender de produtores cativos. Não se poderia confiar a trabalhadores forçados outros instrumentos de produção que os mais toscos e baratos. O atraso econômico forçou o Brasil a se voltar parafora. Era do exterior que vinham os bens de consumo que fundamentavam um padrão de vida “civilizado”, marca que distinguia as classes cultas e “naturalmente” dominantes do povaréu primitivo e miserável. (...) E de fora vinham também os capitais que permitiam iniciar a construção de uma infraestrutura de serviços urbanos, de energia, transportes e comunicações. Paul Singer. Evolução da economia e vinculação internacional. In: I. Sachs; J. Willheim; P. S. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80. Levando-se em consideração as afirmações acima, relativas à estrutura econômica do Brasil por ocasião da independência política (1822), é correto afirmar que o país: a) se industrializou rapidamente devido ao desenvolvimento alcançado no período colonial. b) extinguiu a produção colonial baseada na escravidão e fundamentou a produção no trabalho livre. c) se tornou dependente da economia europeia por realizar tardiamente sua industrialização em relação a outros países. d) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi introduzido no país sem trazer ganhos para a infraestrutura de serviços urbanos. e) teve sua industrialização estimulada pela Grã-Bretanha, que investiu capitais em vários setores produtivos. 11 – Adaptada) Considere a seguinte linha do tempo a respeito das leis aprovadas em torno da questão escravista: * Lei Eusébio de Queirós (1850) (fim do tráfico negreiro) * Lei do Ventre Livre (1771) (liberdade para os filhos de escravos nascidos a partir dessa data) * Lei dos Sexagenários (1885) (liberdade para os escravos maiores de 60 anos) * Lei Áurea (1888) (abolição da escravatura) Considerando a linha do tempo acima e o processo de abolição da escravatura no Brasil, assinale a opção correta: a) O processo abolicionista foi rápido porque recebeu a adesão de todas as correntes políticas do país. b) O primeiro passo para a abolição da escravatura foi à proibição do uso dos serviços das crianças nascidas em cativeiro. c) Antes que a compra de escravos no exterior fosse proibida, decidiu-se pela libertação dos cativos mais velhos. d) Assinada pela princesa Isabel, a Lei Áurea concluiu o processo abolicionista, tornando ilegal a escravidão no Brasil. e) Ao abolir o tráfico negreiro, a Lei Eusébio de Queirós bloqueou a formulação de novas leis antiescravidão no Brasil. 12 - Adaptada) Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da proa chegavam à fedentina quente de um porto, num silêncio de mato e de febre amarela. Santos. — É aqui! Buenos Aires é aqui! — Tinham trocado o rótulo das bagagens, desciam em fila. Faziam suas necessidades nos trens dos animais onde iam. Jogavam-nos num pavilhão comum em São Paulo. — Buenos Aires é aqui! — Amontoados com trouxas, sanfonas e baús, num carro de bois, que pretos guiavam através do mato por estradas esburacadas, chegavam uma tarde nas senzalas donde acabava de sair o braço escravo. Formavam militarmente nas madrugadas do terreiro homens e mulheres, ante feitores de espingarda ao ombro. Oswald de Andrade. Marco Zero II – Chão. Rio de Janeiro: Globo, 1991. Levando-se em consideração o texto de Oswald de Andrade relativos à imigração europeia para o Brasil, é correto afirmar que: a) visão da imigração presente no texto retrata como os imigrantes tinham pleno conhecimento das terras as quais ocupariam no Brasil. b) o texto exemplifica o fenômeno da imigração de argentinos para o Brasil. c) Oswald de Andrade faz um retrato sobre as dificuldades encontradas pelos imigrantes ao chegarem no Brasil. d) Oswald de Andrade retrata de maneira otimista o pioneirismo dos imigrantes na vinda para o Brasil. e) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida do imigrante era melhor que a dos ex escravos. 13) Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram inicialmente a constituir os Estados Unidos da América (EUA) declaravam sua independência e justificavam a ruptura do Pacto Colonial. Em palavras profundamente 79 subversivas para a época, afirmavam a igualdade dos homens e apregoavam como seus direitos inalienáveis: o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Afirmavam que o poder dos governantes, aos quais cabia a defesa daqueles direitos, derivava dos governados. Esses conceitos revolucionários que ecoavam o Iluminismo foram retomados com maior vigor e amplitude treze anos mais tarde, em 1789, na França. Emília Viotti da Costa. Apresentação da coleção. In: Wladimir Pomar. Revolução Chinesa. São Paulo: UNESP, 2003 (com adaptações). Considerando o texto acima, acerca da independência dos EUA e da Revolução Francesa, assinale a opção correta. a) A independência dos EUA e a Revolução Francesa integravam o mesmo contexto histórico, mas se baseavam em princípios e ideais opostos. b) O processo revolucionário francês identificou-se com o movimento de independência norte-americana no apoio ao absolutismo esclarecido. c) Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas sustentavam a luta pelo reconhecimento dos direitos considerados essenciais à dignidade humana. d) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte influência no desencadeamento da independência norteamericana. e) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o caminho para as independências das colônias ibéricas situadas na América. 14) O abolicionista Joaquim Nabuco fez um resumo dos fatores que levaram à abolição da escravatura com as seguintes palavras: “Cinco ações ou concursos diferentes cooperaram para o resultado final: 1.º) o espírito daqueles que criavam a opinião pela ideia, pela palavra, pelo sentimento, e que a faziam valer por meio do Parlamento, dos meetings [reuniões públicas], da imprensa, do ensino superior, do púlpito, dos tribunais; 2.º) a ação coercitiva dos que se propunham a destruir materialmente o formidável aparelho da escravidão, arrebatando os escravos ao poder dos senhores; 3.º) a ação complementar dos próprios proprietários, que, à medida que o movimento se precipitava, iam libertando em massa as suas ‘fábricas’; 4.º) a ação política dos estadistas, representando as concessões do governo; 5.º) a ação da família imperial.” Joaquim Nabuco. Minha formação. São Paulo: Martin Claret, 2005, p. 144 (com adaptações). Nesse texto, Joaquim Nabuco afirma que a abolição da escravatura foi o resultado de uma luta: a) de ideias, associada a ações contra a organização escravista, com o auxílio de proprietários que libertavam seus escravos, de estadistas e da ação da família imperial. b) de classes, associada a ações contra a organização escravista, que foi seguida pela ajuda de proprietários que substituíam os escravos por assalariados, o que provocou a adesão de estadistas e, posteriormente, ações republicanas. c) partidária, associada a ações contra a organização escravista, com o auxílio de proprietários que mudavam seu foco de investimento e da ação da família imperial. d) política, associada a ações contra a organização escravista, sabotada por proprietários que buscavam manter o escravismo, por estadistas e pela ação republicana contra a realeza. e) religiosa, associada a ações contra a organização escravista, que fora apoiada por proprietários que haviam substituído os seus escravos por imigrantes, o que resultou na adesão de estadistas republicanos na luta contra a realeza. 15) Ninguém desconhece a necessidade que todos os fazendeiros têm de aumentar o número de seus trabalhadores. E como até há pouco supriam-se os fazendeiros dos braços necessários? As fazendas eram alimentadas pela aquisição de escravos, sem o menor auxilio pecuniário do governo. Ora, se os fazendeiros se supriam de braços à sua custa, e se é possível obtê-los ainda, posto que de outra qualidade, por que motivo não hão de procurar alcançá-los pela mesma maneira, isto é, à sua custa? Resposta de Manuel Felizardo de Souza e Mello, diretor geral das terras Públicas, ao Senador Vergueiro. In: ALENCASTRO, l.f. (Org.) História da vida privada no Brasil São Paulo: Cia das letras, 1998 (adaptado) O fragmento do discurso dirigido ao parlamentar do Império refere-se às mudanças então em curso no campo brasileiro, que confrontam o Estado e a elite agrária em torno do objetivo de : A) fomentar ações públicas para ocupação das terras do interior. 80 B) adotar o regime assalariado para proteção da mão de obra estrangeira. C) definir uma política de subsídio governamental para fomento da imigração. D) regulamentar o tráfico interprovincial de cativos para sobrevivência das fazendas. E) financiar a fixação de famílias camponesas para estímulo da agricultura de subsistência. 16) Observe as duas imagens: tampouco, por uma guerra civil, como o foi nos estados Unidos. Ela poderia desaparecer , talvez, depois de uma revolução o, como aconteceu na França, sendo essa revolução obra exclusiva da população livre. É no Parlamento e não em fazendas ou quilombos do interior, nem nas ruas e praças das cidades, que se há de ganhar, ou perder, a causa da liberdade. NABUCO, J.O abolicionismo (1883) Rio de Janeiro: Nova Fronteira: São Paulo: Publifolha, 2000 (adaptado) No texto , Joaquim Nabuco defende um projeto político sobre como deveria ocorrer o fim da escravidão no Brasil, no qual: A) copiava o modelo haitiano de emancipação negra. B) Incentivava a conquista de alforrias por meio de ações judiciais. C) optava pela via legalista de libertação. D) Priorizava a negociação em torno das indenizações aos senhores. E) Antecipava a libertação paternalista dos cativos. As imagens, que retratam D. Pedro I e D. Pedro II, procuram transmitir determinadas representações políticas a cerca dos dois monarcas e de seus contextos de atuação. A ideia que cada imagem invoca é, respectivamente: A) Habilidade militar – riqueza pessoal B) Liderança popular – estabilidade política C) Instabilidade econômica – herança europeia D) Isolamento político – centralização do poder E) Nacionalismo exacerbado – inovação administrativa 17) A escravidão não há de ser suprimida no Brasil por uma guerra servil, muito menos por insurreições ou atentados locais. Não deve sê-lo, 18) De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porem a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salva esta gente. Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001. A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo: A) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos. B) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa. 81 C) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente. D) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia. E) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho. 19) O canto triste dos conquistados: Os últimos dias de Tenochtitlán Nos caminhos jazem dardos quebrados; Os cabelos estão espalhados. Destelhadas estão as casas, Vermelhas estão as águas, os rios, como se alguém as tivesse tingido, Nos escudos esteve nosso resguardo, Mas os escudos não detêm a desolação... PINSKY, J. et al. História da América através de textos. São Paulo: contexto, 2007 (fragmento). O texto é um registro asteca, cujo sentido está relacionado ao(à) A) Tragédia causada pela destruição da cultura desse povo. B) Tentativa frustrada de resistência a um poder considerado superior. C) Extermínio das populações indígenas pelo Exército espanhol. D) Dissolução da memória sobre os feitos de seus antepassados. E) Profetização das consequências da colonização da América. GABARITO DAS QUESTÕES DO ENEM (1 – B), (2 – D), (3 – D), (4 – B), (5 – E), (6 – D), (7 – D), (8 – A), (9 – D), (10 – C), (11 – D), (12 – C), (13 – C), (14 – A), (15 – C), (16 – C), (17 – C), (18 – A), (19 – A). 82 Referências <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao24.htm>. Acesso em 12 mai 2014. ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O aprendizado da colonização. IN: O tratado dos viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Cia das Letras, 2000. Pag. 101 a 139. Giuseppe Garibaldi. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Garibal di. Acesso em 12 mai 2014. DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo, Companhia das Letras, 2002. GRUZINSKI, Serge. Da descoberta à conquista. São Paulo: Cia das Letras, 2002. MATTOS, Ilmar Rohloff de. O tempo saquarema: a formação do estado imperial. São Paulo, Hucitec, 1990. MILITÃO, David. 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