ANÁLISE MICROSCÓPICA E FÍSICA PARA CONTROLE DE QUALIDADE DE MATÉRIA PRIMA VEGETAL PULVERIZADA. 1 1 André Bittencourt Martins , Luis Vitor S. do Sacramento ,- 1Departamento de Princípios Ativos Naturais e Toxicologia – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Campus Araraquara. RESUMO: A pesquisa envolvendo plantas medicinais via de regra pode originar medicamentos a baixo custo e, conseqüentemente, mais acessíveis à população. Contudo, é preciso estar atento para a qualidade do produto formulado, produzido na maioria das vezes em farmácias de manipulação. Para isso, caracterizações químicas de princípios ativos vegetais são ferramentas imprescindíveis no controle de qualidade das drogas, no entanto, não podem ser conduzidas em todos os estabelecimentos ligados à área de produção de fitoterápicos, pois necessitam de laboratórios equipados e bem preparados para a manipulação química de alta periculosidade. Neste sentido, destaca-se a necessidade de investigação da autenticidade de drogas vegetais que as farmácias de manipulação possuem. O estudo anatômico e físico aparece como prática inicial, que muitas vezes pode solucionar problemas primários do assunto, pois não exige equipamentos sofisticados nem reagentes muito perigosos. O foco principal deste trabalho foi, de maneira simples e confiável investigar marcadores anatômicos, e padronizar metodologia para análise física de drogas vegetais, criando a possibilidade de identificar as espécies vegetais mais usadas na fitoterapia e desta maneira contribuir para um controle de qualidade eficiente e de baixo custo. Quando compramos matéria prima vegetal normalmente ela encontra-se pulverizada, desta maneira como poderíamos saber se uma outra planta de densidade próxima e sem princípios ativos fossem misturadas ao nosso pedido? Testes químicos de concentração de princípio ativo, testes caros, com reagentes perigosos e geralmente inconclusivos, para facilitar posso citar um exemplo de nosso trabalho na figura 1, após caracterização fisico-química e anatômica a carqueja pode ser diferenciada de uma mistura de plantas, além do fato de podermos determinar a qualidade da carqueja, já que uma mistura de caule de carqueja altera a densidade (não mais medida da maneira antiga, com bureta, e sim de uma maneira muito mais precisa, analítica.) e diminui o aparecimento de estômatos consideravelmente. Concluímos que a padronização de métodos de estudo granulométricos para a caracterização da matéria prima vegetal pulverizada, assim como para a partícula média, foi considerada satisfatória. O tamanho da partícula média, bem como a densidade de uma faixa específica, puderam ser determinados, indicando ser ferramenta eficiente para se determinar adulterantes (contrapesos e/ou a adição de outras plantas no processo de moagem na obtenção dos pós). As análises microscópicas utilizadas para a busca de marcadores anatômicos na droga pulverizada, se mostraram mais efetivas quando se considera a porção do pó que contém a partícula média estimada, tornando a técnica microscópica satisfatória e reprodutiva. Com esse processo deixaremos de comprar em nossas farmácias de manipulação “gato por lebre” e as portas para um mais rigoroso controle de qualidade para nossos pós fitoterápicos estão abertas. Estômatos anomocíticos Pêlos tectores segmentados. Tricomas estrelados. Figura 1: Marcadores eleitos para caracterizar a espécie Baccharis trimera Carqueja ----------------------- d1(g/ml) ------------------------0,320 ± 20% ---------------------- Tamis (mm) --------------------0,210mm ----------------------- d2(g/ml) ------------------------0,337±0,07 Desvio Padrão 0,005 Limite de confiança 0,00644 Quadro 1: Valores de densidades d1 (pó não dinamizado) e d2 (pó tamisado). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALBERTON, J. R., RIBEIRO, A., SACRAMENTO, L. V. S., FRANCO, S. L., LIMA, M. A. P. Caracterização farmacognóstica de jambolão (Syzygium cumini (L.) Skeels). Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 11, n. 1, 2001, p. 37-50. 2. DETERMINAÇÃO DA GRANULOMETRIA DOS PÓS. Farmacopéia Brasileira, 4 ed, parte I, Atheneu, 1988, V.2.11. 3. ESCHRICH, W. Pulver-Atlas der drogen: des Deutschen Arzneibuches. Stuttgart: Gustav Fischer Verlag, 1988, 331 p. 4. JOHANSEN, D. A. Plant microtechnique. New York: McGraw Hill Book Company, 1940. 523 p. 5. MARTINS, A.B.; SACRAMENTO, L.V.S. Caracterização de carqueja (Baccharis trimera): Estudos morfo-anatômicos da planta e físico da droga triturada, VI Workshop de Plantas medicinais, Unesp Botucatu,1.21, p. 30. 6. LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002, 512 p. 7. MARTINS, E. R., CASTRO, D. M. de, CASTELLANI, D. C., DIAS, J. E. Plantas medicinais. Viçosa: Imprensa Universitária, 1995. 220 p. 8. MATOS, F. J. A. Plantas medicinais: guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no Nordeste do Brasil. 2 ed. Fortaleza: IU, UFC, 2000. p. 251-252. 9. MÉTODOS DE ANÁLISE DE DROGAS VEGETAIS. Farmacopéia Brasileira, 4ºed, parte I, Atheneu, 1988, V.4.2. 10. QUALITY CONTROL METHODS FOR MEDICINAL PLANT MATERIALS. World Health Organization Geneva, 1998. 11. REGULAMENTO TÉCNICO SOBRE REGISTRO DE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS. Resolução - RDC n.º 17, de 24 de fevereiro de 2000,1.5-1.6. 12. SILVA, I. Noções sobre o organismo humano e utilização de plantas medicinais. Cascavel: Assoeste, 1995. p. 152-153. 13. SIMÕES, C.M.O. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Florianópolis: editora da UFSC, Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2000, p. 821. 14. STAHL, E.; DUMONT, H. J.; KRAUS, Lj.; ROZUMEK, K.-E.; SCHORN, P.-J. Analyse chromatographique et microscopique des drogues: manuel pratique pour les Pharmacopées Européennes. Paris: Enterprise Moderne d’Edition, 1975, 251 p. Trabalho premiado como os melhores do congresso de iniciação científica na área de biológicas da Universidade Estadual Paulista em Ilha Solteira 2004 Congresso de IC em Ilha teve 2.399 alunos e 11 premiados Congresso de Iniciação Científica, Evento com 2.399 alunos inscritos em 2004, realizado em Ilha Solteira, teve 11 premiados Sob o tema geral "A iniciação científica e o mercado de trabalho", o XVI Congresso de Iniciação Científica, promovido em dezembro pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Propp), recebeu 2.399 inscrições, sendo 604 na área de Exatas, 877 em Humanidades e 918 em Biológicas. O evento foi dividido nas áreas de Humanidades (dias 5 e 6), Ciências Biológicas (7 e 8) e Ciências Exatas (9 e 10). Ocorreram oito oficinas voltadas para a produção e divulgação da atividade científica. O Congresso foi patrocinado pela Vunesp, Fundunesp, CNPq e Banespa, que financiou a premiação de R$ 500 para os nove melhores trabalhos (três de cada área) e R$ 1 mil para os três melhores professores (um por área). Premiados na Iniciação Científica 2004 Ciências Biológicas Docente: Marlene Cristina Alves, da Faculdade de Engenharia/ Ilha Solteira Trabalhos: • "Análise microscópica e física para controle de qualidade primária de matéria-prima vegetal pulverizada", de André Bittencourt Martins, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas/Araraquara. Orientador: prof. Luis Vitor S. do Sacramento. • "Efeito da interação do agente oncolítico cisplatina ao lipossoma dipalmitoil fosfatidil colina sobre aspectos morfológicos de testículos de ratos adultos", de Ana Paula Alves Favareto, da Faculdade de Ciências e Letras/Assis. Orientadora: profa. Isabel Cristina Cherici Camargo. • "Estudo da prevalência de isolados do Lettuce mosaic virus (LMV) pertencentes ao subgrupo Most nos campos de alface do Estado de São Paulo utilizando técnicas moleculares de detecção", de Ana Carolina Firmino, da Faculdade de Ciências Agronômicas/Botucatu. Orientador: prof. Marcelo Agenor Pavan