Uma experiência com o cultivo hidropônico do tomateiro

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BARBOSA, R.M.; LIMA, M.C.B.; SILVA, E.C.Uma experiência com o cultivo hidropônico do tomateiro do grupo
cereja em Maceió, AL. . Horticultura Brasileira, v 20, n.2, julho,2002. Suplemento 2.
Uma experiência com o cultivo hidropônico do tomateiro do grupo cereja
em Maceió, AL.
Regimélia M. Barbosa1; Maria Cecilia B. de Lima1; Ernani C. da Silva2
1
UFAL-Universidade Federal de Alagoas, Praça Afrânio Jorge, s/n, Prado, 57010-020 - Maceió -AL-
2
Universidade José do Rosário Vellano, Caixa Postal 23, 70130-000 Alfenas - MG
RESUMO
O sistema hidropônico representa uma alternativa que permite o cultivo de diferentes
espécies vegetais nas mais variadas
condicões climáticas. Informações sobre o cultivo
hidropônico do tomateiro cereja são escassas para as condições do estado de Alagoas. O
trabalho foi conduzido no Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Alagoas
com o objetivo de avaliar o comportamento desta espécie como base para o
estabelecimento de parâmetros para o cultivo hidropônico no estado. Foram avaliados
parâmetros abióticos das estruturas e parâmetros morfológicos da planta. O cultivo
hidropönico do tomateiro do grupo cereja é viável para as condições de Maceio, sugerindose todavia, modificações nos esquipamentos de cultivo assim como modificações na
condução da cultura.
Palavras -chave: Licopersicon esculentun, ambiente protegido, cultivo sem solo.
ABSTRACT
An experience with the hydroponics cherry tomato cultivation in Maceio, AL.
Hydroponics: an experience with cherry tomato cultivation The hydroponics system is
an alternative that permits the cultivation of many different vegetable species in several
climatic conditions. Information about the hydroponics cherry tomato cultivation is scarce to
the conditions of Alagoas State. The trial was carried out at Centro de Ciências Biológicas,
Universidade Federal de Alagoas with the objective to evaluate cherry tomato to the
establishment of parameters to the hydroponics growing in Alagoas State. It was evaluated
non-biotic structures and morphologic parameters of the plant. The cherry tomato
hydroponics culture is feasible to Maceió city conditions but, there is a suggestion to
structural modifications in the cultivation equipment and, also, it is important to make a
modification of the crop management.
Keywords: Licopersicon esculentun, protected environment, soilless cultivation.
Para o tomateiro (Lycopersicom esculentum Mill) são considerados cinco grupos:
Santa Cruz, Industrial, Salada, Saladinha, e Cereja. Os frutos do tomateiro do grupo cereja
são pequenos e as plantas são de crescimento indeterminado com número de frutos/ penca
variando de 15 a 50; frutos redondos ou compridos pesando entre 10 e 30 g (Diez Niclos,
1995). O cultivo hidropônico dessa planta é possível com adaptações locais que visem o
melhor rendimento da cultura. A técnica NFT (Nutrient Film Techinique), consiste na
circulação de solução nutritiva através de canais, irrigando e fertilizando, simultaneamente
as plantas postadas nos canais. Bernardes, 1996 concluiu que canais de cultivo em PVC
de 150 mm foram insuficientes para comportar o sistema radicular de tomateiros do grupo
cereja prejudicando a renovação da solução nutritiva. No cultivo do tomateiro os maiores
adensamentos resultam em aumento da produtividade (Van de Voorem et al.1986).
Entretanto, provocam a redução do tamanho do fruto o que para o tomateiro do grupo cereja
não assume importância já que o fruto pequeno é característica do grupo (Gusmão et al.
2000). O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento do tomateiro cereja em sistema
hidropônico, conduzido em estado selvagem isento de tratos culturais; avaliar as variações
químicas e físicas da solução nutritiva usada na condução do experimento; analisar a
viabilidade de produção de tomate cereja em sistema hidropônico nas condições de Maceio,
AL .
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no período de maio a setembro de 2001, em área anexa
ao Laboratório de Botânica do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de
Alagoas. Utilizou-se uma estrutura de proteção do tipo londrina com 121 m2 de área. A
bancada de cultivo constou de três tubos de PVC de 100 mm espaçados de 18 cm e
dotados de perfurações de 6 cm de diâmetro espaçadas de 20 cm (Martinez et al., 1997)
Cada canal de cultivo recebeu 11 perfurações totalizando na bancada, 33 perfurações. A
cultivar de tomate cereja utilizada foi do tipo selvagem, frutos pequenos, redondos e de
coloração vermelha intensa, cedida pelo professor Ernani Clarete da Silva da Universidade
de Alfenas, MG. O sistema hidropônico utilizado foi do tipo NFT, com a circulação da
solução nutritiva a intervalas de 15 minutos. Os tratamentos constaram de 33 plantas de
tomateiro dispostas em três canais de cultivo no total de 11 plantas em cada canal. A
solução nutritiva bem como o tipo de condução foi a mesma para todas as plantas. As
sementes foram semeadas em placas de isopor de 104 células utilizando-se como substrato
a vermiculita. As placas de isopor foram colocadas em berçário onde as mudas foram
subirrigadas
com água
pura. Após o sétimo dia do semeio a água foi substituída por
solução nutritiva diluída com base na solução nutritiva definitiva (Martinez et al., 1997). No
período de 29 dias os quais as mudas permaneceram no berçario, o arejamento da solução
nutritiva se deu através de bomba de aquário ininterruptamente. Em seguida, as mudas
foram transportadas para as bancadas de cultivo onde permaneceram até o final do
experimento. Na bancada de cultivo as plantas foram fixadas por rolos de espuma e
tutoradas por um sistema especial que mantinha as plantas eretas de maneira a receber luz
e arejamento adequados. Continuamente era realizado o ajustamento do nível da solução
nutritiva no reservatório em decorrência da evapotranspiração, o qual era completado,
sempre que necessário com água ou solução estocada com base em valores de
condutividade elétrica da solução nutritiva.
As características avaliadas foram: comprimento do sistema radicular no transplante;
altura da planta no transplante, número de dias para a primeira inflorescência, altura da
primeira inflorescência, início da produção de frutos, Início do processo de amadurecimento
e peso médio dos frutos em três estádios fenológico das plantas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A incidência solar foi de seis horas diárias, com temperatura variando entre 28ºC durante o dia
e 24ºC à noite. Aos 29 dias da semeadura a média do comprimento do sistema radicular e da parte
aérea
foram respectivamente, 29,95 e 26,02 cm. A primeira inflorescência surgiu aos 51 dias,
produzindo os primeiros frutos a partir do 65º dia do semeio. O processo de amadurecimento teve
início aos 75 dias. O peso em grama dos frutos variou de acordo com estádio fenológico das plantas
sendo registrado 2,66 g (75 - 85 dias), 2,91 g (86 - 96 dias) e 5,0 g (111 dias) na colheita.
Provavelmente, a variação no peso seja devido a maior capacidade de absorção de nutrientes em
função do crescimento da planta. Entretanto, o peso médio dos frutos ficou muito abaixo do mínimo
característico do tomateiro cereja, 10 g (Diez Niclos, 1995). É possível que a condução das plantas
sem desbrotas tenha sido responsável por este resultado. Os parâmetros abióticos avaliados foram
valores de pH, condutividade elétrica e temperatura, cujas médias foram respectivamente 5,99; 2,35
miliSiemens/cm e 26ºC. Estes valores se mantiveram durante todo o ciclo, dentro dos padrões
necessários para o desenvolvimento de plantas com fruto. Observou-se, devido a ausência de tratos
culturais, uma produção intensa de massa verde provocando sombreamento em plantas adjacentes,
com prejuízos para as mesmas. O sistema radicular ao 111 dias do semeio, aumentou excessivamente,
prejudicando a circulação da solução nutritiva, interrompendo também o cultivo. A evapotranspiração,
em decorrência do volume de massa verde, foi intensa e consequentemente a reposição constante da
solução nutritiva aumentou muito os custos. É possível produzir tomates do grupo cereja com
qualidade nas condições climáticas de Maceió, A.L. A estrutura de proteção do tipo londrina é
bastante funcional. Há necessidade de testar desbrotas, com vistas a determinar o número ideal de
hastes/planta assim como determinar o diâmetro ideal dos perfis hidropônicos.
LITERATURA CITADA
BERNARDES, L.J.L.. A hidroponia do tomate cereja. Hidroponia & Cia (Primeiro boletim
informativo sobre o cultivo sem solo no Brasil) Piracicaba, v., n.6, p.5, 1996.
DIEZ NICLOS, J. Tipos varietables. In: Nuez, F. (Coord.) El cultivo del tomate. Madrid: Mundi
Prensa. 1995. p.93-129.
GUSMÃO, S.A..L. de; PÁDUA, J.G. de; GUSMÃO, T.A. de; BRAZ, L.T. Efeito da densidade
de plantio e forma de tutoramento na produção de tomateiro tipo “cereja” em Jaboticabal SP. Horticultura Brasileira, v.18, 2000(suplemento 2000).
MARTINEZ, H.E.P.; FILHO, J.B.S. Introdução ao cultivo hidropônico de plantas. Viçosa, MG,
1997. p.13-23.
VAN der VOOREN, J.G.; WELLES, W.H.; HAYMAN, G. Glasshouse crop production. In:
ATHERTHON, J.G.; RUDICH, J. (Ed). The tomato crop. London: Chapman and Hall.
1986. 581-563.
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