1 Intervenção fisioterapêutica no pós- operatório de fratura proximal do fêmur em idosos: revisão de literatura Helen Gleicia Saraiva de oliveira¹ [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia² Pós-graduação em Fisioterapia em Reabilitação na Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual – Faculdade Cambury Resumo As fraturas proximais do fêmur em idosos é a principal causa de morbidade, institucionalização e mortalidade em idosos. Sua incidência mundial deverá aumentar de 1,7 milhões de pessoas em 1990 para cerca de 6,3 milhões em 2050. A mortalidade é estimada em 24% representam um sério problema de saúde pública. Sendo resultado normalmente de traumas intensos, tendo como tratamento decisivo o método cirúrgico, pois serve para reduzir as morbidades. O objetivo do estudo é suscitar a importância da intervenção fisioterapêutica no pós-operatório de fratura proximal do fêmur em idosos. Esta pesquisa é uma revisão bibliográfica que foi criada a partir da análise de material científico disponíveis nas bases de dados Google Acadêmico, Scielo e livro nacionais referentes ao tema. Notou-se na literatura que a técnica de osteossíntese é o processo, mas utilizados pelos médicos seguindo pela artroplastia de quadril, e que o tratamento fisioterapêutico visa preservar a função dos segmentos corporais não acometidos e deformidades, diminuindo o tempo de internação e os gastos hospitalares, bem como minimizar a morbidade, aumentar a força muscular, melhorar a segurança e eficiência da deambulação, fornecendo assim, maior independência ao paciente, essas técnicas irá ajuda na evolução do prognóstico do indivíduo acelerando a consolidação óssea e minimizando a morbimortalidade nesta população. Palavras-chave: Fratura proximal do fêmur; Fisioterapia; Idoso. 1. Introdução Guedes (2003) apud Ferreia (2013) diz que o envelhecimento populacional é um fato mundial, e que representam o segmento da população que mais cresce no mundo, os quais são garantidos por leis e estatuto. O censo de 2010, realizado pelo IBGE, comprova que no período de 1999 a 2009, o peso relativo dos idosos, no conjunto total da população brasileira, passou de 9,1% para 11,3%. Esses números ganham vida quando podemos visualizá-los em termos quantitativos para o ano de 2010, em que o total da população idosa pode ser constatado, sendo 20.590.599 pessoas idosas para o Brasil (IBGE, 2010). O aumento do número de anciãos, em nosso país, resulta das alterações ocorridas no século XX, por sua vez devidas às transições epidemiológicas e demográficas relacionadas ao avanço da urbanização, ao decréscimo da fecundidade e da mortalidade e às transformações no padrão de saúde doença, que se refletiram no aumento da expectativa de vida. ________________________ ¹Pós-graduando em Fisioterapia em Reabilitação na Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual. ²Orientadora: Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestranda em Bioética e Direito em Saúde. 2 A terceira idade pode ser compreendida como processo dinâmico e progressivo, no qual há alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, com redução na capacidade de adaptação homeostática às situações de sobrecarga funcional, alterando progressivamente o organismo e tornando-o mais susceptível às agressões intrínsecas e extrínsecas. Essas mudanças prejudicam o desempenho de agilidades motoras, atrapalhando a adaptação do indivíduo ao meio ambiente, arrebentando modificações de ordem psicológica e social (BRUNI 2008; REIS, 2008). Os sinais do envelhecimento vão aparecendo com a idade, como branqueamento do cabelo; perda de elasticidade, secura da pele, possibilidade de prejuízo da audição, visão diminuída e adaptação ao escuro limitada, possíveis restrições em relação à fala, deterioração do sistema nervoso, degradação da capacidade de aprendizagem e redução da memória de curto prazo; aumento dos limiares da dor e decréscimo da sensibilidade a ela, diminuição da eficiência do sistema cardiovascular, ocorrência de uma menor mobilidade torácica, e redução da capacidade vital (BENTO, 2011). O fêmur é o osso que apresenta maior comprimento e o mais vigoroso do esqueleto humano e possui um envoltório muscular bem vascularizado, que promove acelerada solidificação das fraturas, na maioria dos pacientes. Sendo constituído por duas epífises, a proximal na qual temos a cabeça, um colo e trocanter maior e menor, e outra distal, apresenta também um corpo que se chama diáfise. A extremidade proximal se articula através da cabeça do fêmur com o acetábulo do osso do quadril que forma a articulação coxofemoral, e a extremidade distal articula-se com a tíbia e patela. A forma do fêmur é adequada para dar apoio ao peso corporal e conduzir as forças de reação do solo por mediação do osso longo, colo e cabeça até o acetábulo da pelve. (KISNER, 2009; GUERRA, et al., 2010). As fraturas são resultados do rompimento das integridades ósseas, perturbando o bom funcionamento do sistema musculoesquelético. Baseado nisso, podemos classificá-las como fratura exposta quando ocorre abertura do tecido que recobre o corpo humano e fratura fechada quando não ocorre abertura da epiderme (HANCIAU, 2011). A fratura do terço proximal do fêmur em idosos decorre geralmente de traumas de baixa energia, como quedas, e está relacionada a vários fatores, como: idade avançada, osteoporose, diminuição da força muscular, geometria do quadril, ingestão de cálcio e vitamina-D e predisposição genética (CARVALHO, 2006 apud NETO, 2011). De acordo com Dutton (2010) as fraturas proximais do fêmur ocorrem no colo do fêmur, região intertrocantérica e subtroncantérica que resultam geralmente de quedas, acometendo principalmente os pacientes idosos e possui sinais clínicos como dor na região da virilha, na parte anterior da coxa, edema, sensibilidade aguda e diminuição da mobilidade do quadril. As fraturas do fêmur são distribuídas de acordo com a região do trauma. Ela ocorre no colo intracapsular a transtrocanteriana em uma área entre o trocanter maior e menor, sendo extracapsular. A subtrocanteriana ocorre abaixo do trocanter menor até a junção do terço proximal com o terço médio da diáfise do fêmur. Além destas encontramos ainda a fratura da diáfise do fêmur e supracondiliana, que ocorre na região distal do fêmur e representa apenas 67% das fraturas femorais, sendo que ambas possuem maior incidência em jovens sendo decorrentes de trauma de alta energia (POZZI et al., 2011). A fratura do fêmur proximal em idosos deve ser vista como um importante marcador de cuidado dessa população, pois o diagnóstico é inequívoco e gera internação, porquanto seu tratamento ideal é o cirúrgico, o que a faz constar dos bancos de dados dos Sistemas de Informação. O tratamento preconizado para esses pacientes, atualmente, é de preferência o cirúrgico, com colocação de material de osteossíntese, por gerar estabilidade e um retorno funcional mais precoce, de forma que o idoso não fique acamado por longo período de tempo, agravando seu estado de saúde, podendo levá-lo a um declínio funcional severo e até a morte (HELMY, 2008; VIDAL 2010). 3 O tratamento fisioterápico é indicado na prevenção de complicações das fraturas e na reabilitação do paciente, seja aquele que vai ser submetido ao tratamento conservador, seja ao cirúrgico, tendo como objetivos acelerar o retorno funcional dos indivíduos acometidos e evitar possíveis complicações (LUSTOSA, 2009). A fisioterapia hospitalar objetiva promover orientações quanto aos cuidados pós-operatórios. No pós-trauma, incluindo o pré-operatório e pós-operatório imediato, a fisioterapia visa preservar a função dos segmentos corporais não acometidos e evitar úlceras de decúbito e deformidades, diminuindo o tempo de internação e os gastos hospitalares, bem como minimizando a morbidade (MUNIZ et al., 2007 apud BORGES et al., 2012). Após a fixação da fratura a fisioterapia se torna de extrema importância para estes pacientes, visando à mobilização precoce, o treino de marcha e outros métodos de tratamento para manter ou restaurar possíveis déficits LIU et al., (2010) . Este trabalho foi efetivado com a finalidade suscitar a importância da intervenção fisioterapêutica na reabilitação de pacientes com fratura do colo do fêmur. 2. Idoso O envelhecimento é um processo universal que é compreendido por uma redução das atividades funcionais e possui algumas tendências em relação às enfermidades que levam continuamente a construção de políticas públicas para o idoso tanto no âmbito internacional assim como principalmente no âmbito brasileiro. Essas políticas estão voltadas não somente para a terceira idade como também para os profissionais da saúde visando a sua divulgação e implementação. Desta forma, é verificado um aumento no contingente populacional dos idosos em virtude da baixa de natalidade, aumento da expectativa de vida, desenvolvimento de novas tecnologias que vislumbraram tratamentos que até alguns anos atrás eram impensados uma perspectiva e um prognóstico de vida favorável para algumas enfermidades (CAMACHO, 2010). O envelhecimento é um processo lento, progressivo e inevitável, caracterizado pela diminuição da atividade fisiológica e de adaptação ao meio externo acumulando-se processos patológicos com o passar dos anos (OLIVEIRA, 2007). O envelhecimento é um processo que provoca alterações e desgastes em vários sistemas funcionais, que ocorrem de forma progressiva e irreversível. Em idades mais avançadas, as limitações visuais, auditivas, motoras e intelectuais, bem como o surgimento de doenças crônico-degenerativas, intensificam-se, ocasionando a dependência nas atividades cotidianas (FIEDLER, 2008). Para Maurício et al. (2008), o envelhecimento é descrito como um estágio de degeneração do organismo, que se iniciaria após o período reprodutivo. Essa deterioração, que estaria associada à passagem do tempo, implicaria uma diminuição da capacidade do organismo para sobreviver. Entretanto, o problema começa quando se tenta marcar o início desse processo, ou medir o grau desse envelhecimento e degeneração. A senescência leva a uma série de modificações fisiológicas sobre o corpo dos idosos, dentre elas, a diminuição das aferências dos sistemas visual, vestibular e sômato-sensorial, que associadas às modificações musculoesqueléticas, como diminuição da massa, força e velocidade de contração muscular, podem interferir negativamente no controle postural nos idosos (TEIXEIRA et al., 2007). As quedas trazem consequências que afetam negativamente a saúde e qualidade de vida dos idosos sendo comum nessa população. Dentre as consequências mais comuns estão: as fraturas, o declínio da saúde, prejuízos psicológicos, a imobilidade, a restrição de atividades, o aumento de institucionalizações, o medo de sofrer novas quedas. Há também o risco de morte, além do aumento dos custos com os cuidados de saúde e prejuízos sociais relacionados à família. Na maioria das vezes, a queda é responsável pelas perdas da autonomia e da independência do idoso levando esse a institucionalização (SILVA et al., 2007). De acordo com a literatura, dentre as doenças mais prevalentes entre os idosos encontra-se a fratura do fêmur e a população predominante afetada é a feminina, com acometimento mais tardio que os homens, por apresentar maior longevidade, osteoporose e longo período de 4 climatério. A fratura de fêmur proximal é uma causa comum e relevante de mortalidade e perda funcional, sendo cada vez mais presente na população idosa, uma vez que nossa sociedade vem se tornando uma sociedade geriátrica (MESQUITA, 2009). Deixa o idoso imobilizado por tempo prolongado, aumenta sua debilidade e diminui a funcionalidade (FRÉZ, 2003 apud FERREIRA, 2013). 3. Anatomia O fêmur, ou osso da coxa é o mais longo e pesado osso do corpo, sendo que seu comprimento oscila entre um quarto e um terço do comprimento do corpo. Estende-se desde a articulação do quadril, onde sua cabeça arredondada articula-se com o acetábulo, até a articulação do joelho, onde seus côndilos articula-se com a tíbia e a patela. O fêmur é formado por uma diáfise ou corpo, e duas extremidades, superior e inferior (FERNANDA, 2009 apud LOURENÇO, 2010). Marieb e Hoehn (2009) declaram que a cabeça do fêmur tem a forma de bola e possui uma depressão central chamada fóvea da cabeça do fêmur. A cabeça do fêmur esta conectada a diáfise do fêmur pelo colo femoral. A cabeça exibe uma angulação lateral, articulando-se com a região lateral da pelve. Na junção entre a diáfise e o colo do fêmur encontram-se o trocânter maior lateralmente e o trocânter menor posteriormente, estes são conectados anteriormente pela linha intertrocantérica e posteriormente pela crista intertrocantérica. Na região posterior situase a tuberosidade glútea que se une a linha áspera inferiormente, esta por sua vez, diverge formando as linhas supracondilares medial e lateral. A epífise do fêmur apresenta os côndilos medial e lateral, que se articula com a tíbia, entre eles localiza-se a face patelar, é uma superfície lisa do fêmur que se articula com a patela. Os epicôndilos medial e lateral são locais de fixação muscular. O tubérculo do adutor é uma saliência do epicôndilo medial. Entre os côndilos, posteriormente, encontra-se a fossa intercondilar, que possui forma de U. A fossa poplítea é uma área lisa da diáfise do fêmur que se situa superiormente a fossa intercondilar. O fêmur proximal é uma grande placa de crescimento cartilaginosa. Aproximadamente aos 4 meses de idade ocorre a ossificação da parte medial dando origem ao centro epifisário da cabeça femoral, formando a placa de crescimento do fêmur proximal. A parte lateral formará a placa de crescimento do trocânter maior, ocorrendo a sua ossificação em torno dos quatro anos de idade. Portanto, o fêmur proximal apresenta dois centros de ossificação, o da cabeça femoral e o da apófise trocantérica (POZZI et al., 2011). 4. Fratura proximal do fêmur Conforme Smeltzer et al. (2009) a fratura é uma interrupção na continuidade do osso, sendo definida de acordo com seu tipo e extensão. As fraturas ocorrem quando o osso é submetido a estresse maior do que pode absorver. Quando ocorre a fratura, as estruturas adjacentes também são afetadas, ocasionando edema dos tecidos moles, hemorragia nos músculos e articulações, luxação de articulações, ruptura de tendões, secção de nervos e lesão de vasos sanguíneos. As fraturas são resultados do rompimento das integridades ósseas, perturbando o bom funcionamento do sistema musculoesquelético. Baseado nisso, podemos classifcá-las como fratura exposta quando ocorre abertura do tecido que recobre o corpo humano e fratura fechada quando não ocorre abertura da epiderme. As fraturas do fêmur podem ocorrer na região proximal, distal ou na diáfise. O osso é responsável por suportar a carga durante o movimento, com a fratura ocorre perda da capacidade devido à perda da integridade estrutural (HANCIAU, 2011). Conforme Loures (2013), as fraturas do fêmur proximal, são de fato duas doenças, a fratura do colo do fêmur e a fratura transtrocanteriana, com epidemiologias diferentes, mas causas e consequências semelhantes. Para efeito de saúde pública, elas podem e devem ser estudadas conjuntamente. As primeiras são fraturas intracapsulares, ou seja, ocorrem dentro da cápsula 5 articular do quadril, sendo de pior prognóstico para a fixação e consolidação, por causas anatômicas e vasculares. MIYAMOTO (2008) as fraturas do colo femoral são intracapsulares e tipicamente ocorrem em uma distribuição etária bimodal, sendo a maioria na população idosa, em que a associação de outras comorbidades leva a maior morbidade e mortalidade. São menos frequentes no adulto jovem, mas quando ocorrem, resultam de alta energia. De acordo com Pozzi et al. (2011) as fraturas do colo femoral, apresentam dificuldades no seu manejo e a resultados não satisfatórios em função da sua anatomia, como fragmento proximal pequeno, com forças biomecânicas importantes no local, suprimento sanguíneo deficitário além de usualmente osteoporóticas. Com estas características, o tratamento ideal da fratura do colo femoral é um desafio ao ortopedista. As segundas são as fraturas transtrocanterianas são extracapsulares e ocorrem entre o trocânter maior e o menor, pois oferecem grande área de osso perfeitamente vascularizado, uma vez que se constituem em lesões extracapsulares, o que as tornam fraturas para fixação como tratamento ideal. Raras são indicações de substituições articulares nessa doença. O prognóstico da fratura transtrocanteriana é melhor do ponto de vista ortopédico. Perfazem um quarto das fraturas do quadril e incidem mais comumente no idoso mais velho. Sua incidência está aumentando de forma preocupante, juntamente com os custos socioeconômicos. O diagnóstico correto é realizado com uma radiografa no plano anteroposterior, após tração gentil com rotação interna (LAVELLE, 2008; CANTO 2011). Assunção et al. (2008) referem que a imobilidade gerada pela fratura pode provocar ou agravar inúmeras patologias clínicas e ortopédicas, como a osteoporose, com mortalidade após um ano de fratura podendo chegar a 33% dos casos. Este tipo de fratura representa hoje um problema de saúde pública em nível mundial. Nove entre dez fraturas nessa região ocorrem em sujeitos com mais de 65 anos de idade. A organização Mundial de saúde (OMS) estima que, em 2050, a ocorrência de fratura da extremidade proximal atingirá 6,3 milhões de pessoas. Entre os fatores de risco estão: o tipo de queda, biótipo corporal, acuidade visual, hábitos alimentares, práticas de esportes, condições neurológicas e resistência óssea (GIORDANO, 2007). 5. Tratamento Cirúrgico O tratamento cirúrgico destes traumas tem o propósito de reduzir e estabilizar a fratura, utilizando-se de vários métodos de osteossíntese. No caso específico da fratura do colo femoral com desvio, a substituição protética tem sido o tratamento de escolha. A artroplastia parcial é realizada nos pacientes com fratura do colo do fêmur, ao passo que a artroplastia total do quadril normalmente é indicada para os pacientes com alterações que comprometem a cabeça do fêmur e o acetábulo (ONO et al., 2010). A relação entre a mortalidade e o tempo que transcorre entre o trauma e a cirurgia, que é o tratamento ideal, tem evidências conflitantes na literatura. Enquanto alguns estudos demonstram associação significante entre tempo e mortalidade, outros observam fracas ou nenhuma associação (ARLIANI et al., 2011). Pesquisas apontam que a taxa de mortalidade varia de 20% a 30% no primeiro ano após a intervenção cirúrgica. Nos artigos levantados, os índices variaram de 7,4% a 34,8%, com uma taxa média de mortalidade de 21,8% HEBERT (2003) apud MESQUITA (2009). Nas fraturas do colo do fêmur deverá proceder-se à substituição da cabeça do fêmur, com artroplastias totais ou parciais da anca. Nos doentes com idade avançada devem-se efetuar artroplastias parciais da anca. Já nas fraturas trocantéricas, consideramos dois grupos: estáveis e instáveis. Nas fraturas estáveis deve realizar osteossíntese com parafuso dinâmico de deslizamento e placa; nas instáveis a osteossíntese deve ser feita com encavilhamento endomedular e parafuso dinâmico, e nas fraturas subtrocantéricas podem utilizar-se vários métodos de osteossíntese: encavilhamento endomedular com parafuso dinâmico; encavilhamento endomedular estático, se a fratura se situar já na zona diafisária; osteossíntese 6 com placa, com ou sem parafuso dinâmico. Para avaliação desta pergunta foram realizadas as seguintes perguntas fechadas: fixação da fratura com parafusos, fixação da fratura com placa e parafusos, fixação com haste medular e parafusos, artroplastia total do quadril e artroplastia parcial do quadril (MESQUITA, 2011). 6. Tratamento Fisioterapêutico O tratamento fisioterapêutico direciona-se à custeamento do equilíbrio como forma de regularizar a vida do idoso, separando os fatores de risco comuns na terceira idade. As intervenções dependem do quadro apresentado durante a avaliação físico funcional, sendo de fundamental importância a adesão do paciente, de sua família e/ou dos cuidadores em todo processo (MONTENEGRO, 2007). Considerando-se a importância da reabilitação do indivíduo, o tratamento das fraturas proximais do fêmur necessita de um envolvimento multiprofissional para cuidados clínicos e acompanhamento adequado (LUSTOSA, 2009). Segundo Carneiro et al. (2013), o objetivo da fisioterapia no tratamento pós-operatório de pacientes com fratura do fêmur é aumentar a força muscular, melhorar a segurança e eficiência da deambulação, fornecendo assim, maior independência ao paciente. Mas para um início seguro da fisioterapia é de extrema importância que o profissional conheça o tipo de fratura, assim como o material usado para fixação cirúrgica, pois esses dados irão interferir na conduta do tratamento, que inclui o tempo de deambulação. Além disso, tem como objetivo aumentar a amplitude de movimento, restaurar o padrão da marcha para ao final da fisioterapia, ele retorne as atividades diárias sem qualquer sinal de sequela ou auxílio para se locomover (TAVARES, 2009). Um dos recursos utilizados conforme a literatura pesquisada, a fisioterapia aquática melhora a potência e a força muscular ocorrendo uma melhora do equilíbrio postural, tendo como um fator importante à resistência que a água promove durante a realização dos movimentos. O suporte que a água é capaz de oferecer possibilita independência na manutenção de posturas, fazendo com que os gerontes tenham melhor condição de movimentar-se (BASSO, 2012). As propriedades físicas da água, somadas aos exercícios, podem cumprir com a maioria dos objetivos físicos propostos num programa de reabilitação. O meio aquático é considerado seguro e eficaz na reabilitação do idoso, pois a água atua simultaneamente nas desordens musculoesqueléticas e melhora o equilíbrio (CAROMANO, 2001 apud RESENDE, 2008). O treinamento resistido tem sido aplicado como uma forma efetiva para aprimorar as propriedades contráteis e para reduzir déficits de força e a capacidade de produzir torque rapidamente. Autores citam que o programa cinesioterapêutico baseado em exercícios de força muscular, flexibilidade e equilíbrio podem melhorar a resistência e a potência da funcionalidade de forma geral, e se mostra eficaz na melhora significativa do equilíbrio estático e dinâmico nos idosos, diminuindo o risco de quedas e melhorando a qualidade de vida (FALSARELLA, 2007; PERSCH et al.,2009; BENTO et al., 2011). Outro recurso para o tratamento é a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é definida pela Associação de Terapia Física Americana como aplicação terapêutica não medicamentosa através de estímulos elétricos na superfície da pele, estimulando os nervos periféricos para manejo sintomático de dor aguda e crônica. O TENS reduz a dor, melhorando assim a funcionalidade, com redução considerável de ingestão de analgésicos e com isso aumentado a amplitude de movimento (MONTENEGRO et al., 2010; GORODETSKYI et al., 2008). Exercícios isométricos são indicados para articulações instáveis ou edemaciadas, pois as contrações isométricas produzem baixa pressão articular e são bem toleradas por pacientes idosos. Inicia-se com contrações de intensidade aproximadamente de 30% da força máxima. A contração não deve ser mantida por mais de seis a 10 segundos e as repetições devem ser aumentadas para de oito a 10, conforme tolerado pelo paciente (ROGIND, 1998 apud PEDRINELLI, 2009). 7 Os exercícios de alongamento atuam nas estruturas musculares, ligamentos, tendões e fáscia, com a ação de aumentar a mobilidade, flexibilidade, como também diminuir à tensão e nódulos musculares, preparando o corpo para uma atividade física mais dinâmica, reduzindo assim os efeitos causados pela imobilização prolongada, como também na prevenção de micro traumas pela própria atividade física. O uso do alongamento prolongado e lento minimiza a ativação do fuso muscular e o reflexo da contração do músculo alongado (O’ SULLIVAN, 2010). A propriocepção é a percepção consciente da posição ou movimento articular se torna um dos fundamentos do aprendizado motor durante a fase inicial do treinamento para controle neuromuscular dos movimentos funcionais. Depois de uma lesão de tecidos moles ou de articulação, a propriocepção e cinestesia são afetadas e alteram o controle neuromuscular. O restabelecimento e o uso das informações sensoriais para iniciar e controlar o movimento é uma das prioridades na reabilitação em pacientes com fratura de fêmur (KISNER, 2009). Assunção et al. (2008) estabelecem uma corelação positiva entre o período de reabilitação pósoperatório e a capacidade de marcha; os doentes que fizeram treino de marcha precoce foram os que apresentaram melhor prognóstico ao fim do primeiro mês. Um ponto importante a se considerado nos idosos com fratura é a existência de comorbidades, pois quanto maior o número de doenças coexistentes menores são as chances de recuperação do padrão da marcha no pósoperatório, dificultando o retorno parcial da deambulação no período de reabilitação. O fisioterapeuta, dotado de tais informações, pode instituir um programa de prevenção de quedas, explorando, de acordo com o grau de capacidade funcional, o aumento de força muscular, resistência e equilíbrio, e colaborar com adaptações ambientais na própria instituição, permitindo maior segurança, percepção e independência funcional do idoso, e fornecendo feedback quanto aos efeitos adversos medicamentosos junto à equipe interdisciplinar, além de orientações sobre os riscos de queda e suas consequências (SANTOS, 2005 apud BENTO, 2011). O risco de quedas pode ser minimizado com a prática de exercícios físicos. 7. Metodologia O estudo incide em uma revisão de literatura, sendo utilizados materiais científicos como livros, artigos publicados em revista e monografias pesquisados nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico. Foram selecionados materiais em inglês e português em que os descritores foram Proximal Femoral Fracture (fratura proximal do fêmur), physical therapy (fisioterapia), Elderly (idoso). O período da pesquisa foi durante seis meses (setembro de 2013 à fevereiro de 2014). Os critérios de inclusão foram estudos publicados nos idiomas em inglês e português referentes ao tema. E como critério de exclusão os trabalhos não correspondentes ao tema. Após a seleção dos artigos, foi feita a leitura dos mesmos e os aspectos relevantes de cada estudo foram relatados. 8. Resultados e discussão Estudos descrevem um crescimento mundial da população idosa e aumento da expectativa de vida, a tecnologia aplicada à saúde e o grau de instrução da população tem contribuído para melhoria da qualidade de vida, proporcionando um estilo de vida mais ativo. Assim, esses fatores têm levado essas pessoas a uma maior exposição a agentes agressores, evidenciado pelo aumento de casos de idosos vítimas de algum tipo de trauma (CAMPOS, 2007). Fratura proximal do fêmur são lesões graves que podem resultar de traumas intensos, muitas vezes associados a disfunções de outros órgãos, que podem levar a deformidades e sequelas por complicações imediatas ou tardias. São um problema de alta preocupação para a saúde pública, pois possuem elevada taxa de prevalência, altos índices de internação, reinternação e mortalidade, além de aumentarem com a idade. (PIRES, 2010; CUNHA, 2008; BERRAL, 2008). 8 Nesse sentido, Souza et al. (2007) relatam a predominância de fraturas proximais de fêmur maior que 70% para o gênero feminino com grande incidência acima de 65 anos. Dessa forma, as políticas de saúde preventivas visando diminuir os riscos de quedas na população idosa devem ser implementadas para melhorar a qualidade de vida, bem como reduzir o impacto socioeconômico que esses episódios acarretam, podendo diminuir a morbidade e os gastos públicos elevados (LOPES, 2010). Quanto ao índice de fratura por gênero observa-se diversidade de opiniões, devido alguns estudos mostrarem que a incidência de fratura proximal do fêmur predominou no gênero feminino, Laranjeiras (2008), porém em outro estudo, foi encontrada uma diferença percentual de 68% a mais para o gênero masculino GARCIA ( 2006 ). Entretanto, há relato de que a partir dos 50 anos, a frequência desse tipo de fratura é duas vezes mais elevada no sexo feminino em relação ao masculino. Registrando-se um percentual de 15 a 20% de morte dentro do primeiro ano após a fratura e cerca de 50% dos sobreviventes passando a necessitar de cuidados especiais em longo prazo (GULHAN, 2000 apud MESQUITA, 2009). Um estudo realizado no Hospital Escola Público do Estado do Paraná, investigado 89 (oitenta e nove) pacientes idosos internados, com diagnóstico de fratura proximal de fêmur. Há predominância de fratura transtrocanteriana, com 58,43%, fratura do colo do fêmur 38,20%, fratura subtrocanteriana 2,25% e fratura da cabeça do fêmur 1,15%. A pesquisa apontou óbito de 13 (treze) idosos, taxa de mortalidade 14, 61%. O período de internação variou de 1 a 117 dias, com média de 13 dias de internação (MUNIZ, 2007). O tempo de permanência observado no presente estudo teve média de sete dias, tempo bastante menor que o observado no SUS na cidade do Rio de Janeiro, que ficou em torno de 21 dias (OLIVEIRA, 2007). Entretanto, três outros estudos nacionais encontram médias de tempos de permanência bem menores (9; 9,21; 10 dias), talvez em função de características de cada estudo: a primeira pesquisa foi realizada apenas entre pacientes com fratura proximal do fêmur que passaram por cirurgia, não considerando o tratamento conservador, a segunda foi desenvolvida com pacientes do setor privado e a terceira foi realizada apenas com pacientes de um hospital universitário (VIDAL et al., 2006 apud AGUIAR, 2011). Gillespie et al. ( 2007) realizaram um estudo de revisão a fim de avaliar os efeitos das intervenções designadas para diminuir a incidência de quedas em idosos. Foram analisados 62 estudos clínicos randomizados de intervenção designada para minimizar os fatores de risco para queda em idosos. Os autores concluíram que as intervenções mostraram se efetivas em programas de fortalecimento muscular e treino de equilíbrio, cuidados em casa com perigos potenciais, intervenção domiciliar e programas de facilidades nas residências. Em um estudo relizado por (BUTLER, 2009) a abordagem cirúrgica mais utilizada foi a osteossíntese. Resultados semelhantes foram descritos em estudos GARCIA (2006) nos quais ficou demonstrado que 90% e 59%, respectivamente, foram tratados cirurgicamente. A terapêutica da fratura de quadril ocorre geralmente de forma cirúrgica e o tratamento conservador deve ser instituído apenas em casos de alto risco cirúrgico devido à presença de comorbidades que a contraindique. A imobilidade gerada pela fratura de quadril pode agravar ou desencadear inúmeras patologias, por isto o método de escolha deve visar à mobilização precoce do paciente. Outro procedimento utilizado é a artroplastia de quadril normalmente é indicada para os pacientes com alterações que comprometem a cabeça do fêmur e o acetábulo (ONO et al., 2010).. Dos estudos incluídos nesta revisão, um relata que, em 89 pacientes idosos, a principal causa da fratura foi à queda, sendo que foram realizadas intervenções cirúrgicas em 88,16% dos casos e a taxa de mortalidade foi de 14,61%; além disso, a maior parte dos pacientes (61,80%) fez fisioterapia durante a internação. Portanto, por admitir ser a queda a causa mais frequente das fraturas de fêmur proximal, torna-se necessária a precaução quanto a este tipo de trauma, por meio da elaboração de um programa de prevenção de quedas. A fisioterapia pode atuar tanto 9 nos cuidados para evitar as quedas quanto no pós-trauma, incluindo o pré-operatório e pósoperatório imediato, visando a uma recuperação mais breve (MUNIZ et al., 2001 apud BENTO, 2011). Em um estudo realizado por Muniz et al. (2007) as condutas realizadas durante a internação variaram conforme a necessidade do paciente, com destaque para: mobilizações passivas, exercícios ativo-assistidos e ativos, exercícios resistidos, exercícios metabólicos, técnicas respiratórias de reexpansão e desobstrução, transferências e tomadas de peso, treino de equilíbrio, prescrição de muletas. O estudo de Persch et al. (2009) submeteram 16 idosas (±61,1 anos), ao treinamento de força de 12 semanas, três vezes semanais. A intensidade dos treinamentos era de acordo com o teste de 1 RM, aproximadamente 66% à 105% de 1 RM em todos os exercícios para os membros inferiores. Os autores encontraram ganhos na força muscular dos flexores articulares e aumento do pico da flexão do quadril, joelho e tornozelo. Após o treinamento, o grupo que treinou força muscular melhorou a elevação do pé do solo na caminhada e também a velocidade da caminhada. As mudanças na amplitude e pico da extensão e flexão das articulações resultam da influência do ganho de força em resposta ao treinamento. Martins et al. (2009) realizou uma proposta de tratamento fisioterapêutico que incluiu o alongamento, com objetivo de manter amplitude de movimento das articulações acometidas pela fratura, pois o alongamento atua nas estruturas musculares, ligamentos, tendões e fáscia com o intuito de aumentar a amplitude de movimento de uma articulação ou músculos estimulados, aumentando a flexibilidade e trazendo maior liberdade de movimentos, reduzindo assim os efeitos causados pela imobilização prolongada, permitindo com que os movimentos sejam mais eficientes. Pinheiro et al. (2010), analisou em sua pesquisa que o ultrassom é um recurso capaz de auxiliar o processo de reparação do osso fraturado, seu estudo sugere que o ultrassom aplicado da forma pulsada (1/2 ou 1/5 a 16 Hz) com uma dose de 0,5W/cm² é capaz de aumentar o número de trabéculas ósseas repletas de neovascularização, além de promover um melhor alinhamento das fibras de colágeno. Isso ocorre porque a energia mecânica gerada pelo ultrassom se propaga em ondas de alta frequência para área estimulada o que promove micro deformações na região óssea, esses estímulos são capazes de acelerar ou iniciar o processo osteogênico, sendo capaz de interferir na fisiologia do processo de consolidação da fratura minimizando o tempo de reparo da mesma (GOMES, 2012). Nunes e Mejia (2012), afirmam que o tratamento fisioterapêutico do pós-operatório se mostrou essencial, permitindo aumentar a amplitude de movimento e a força muscular, por meio de um programa de exercícios de alongamento e fortalecimento, além de permitir deambulação precoce com auxilio de muletas e carga parcial do membro operado, restaurando assim o padrão da marcha ao final da fisioterapia e garantindo que o paciente tenha uma recuperação eficaz e retorne de imediato as atividades de vida diária sem qualquer sinal de sequela ou auxilio para se locomover. Conclusão Conclui-se que a fratura proximal do fêmur acomete principalmente os idosos, acima dos 65 anos de idade, que pode ser ocasionada por quedas, osteoporose, problemas neurológicos, hábitos alimentares, além de traumas intensos, e é causa de alta morbimortalidade. O tratamento cirúrgico mais utilizado é a osteossíntese seguida da artroplastia do quadril, que tende a diminuição e consolidação da fratura, restaurando as estruturas locais e alinhando o comprimento ósseo permitindo a reabilitação precoce do paciente. O tratamento fisioterapêutico no pós- operatório tem como objetivo aumentar a força muscular, melhorar o equilíbrio dando segurança na deambulação visando melhor o padrão da marcha e reflexos, proporcionado maior independência ao paciente, além disso, aumentar o condicionamento cardiorrespiratório. 10 O estudo trata-se de práticas fundamentais que auxilia na reabilitação do pós- operatório de fratura proximal do fêmur em idosos, na qual é importante para o alívio do quadro álgico, evolução do equilíbrio, fortalecimento muscular, melhora do condicionamento físico e respiratório, minimizar ou retardar os efeitos da idade. Contudo podemos entendemos que a pesquisa pode cooperar de qualquer maneira para o tratamento fisioterapêutico do pós-cirúrgico da fratura proximal do fêmur em idosos, é importante ressaltar a necessidade da realização de mais estudos que fundamente um tratamento fisioterapêutico adequado e baseado em fundamentos teóricos, visto que existe escassez de pesquisas referentes a esse tema na literatura. Referências ASSUNÇÃO, Jorge Henrique et al. Fatores preditivos para marcha na fratura transtrocanteriana do fêmur. Acta ortop. bras., São Paulo, v. 1, n. 1, p. 35-39, 2008. ARLIANI, G.G. et al. Correlação entre tempo para o tratamento cirúrgico e mortalidade em pacientes idosos com fratura da extremidade proximal do fêmur. Rev. Bras. Ortop., v. 46, n. 2, p. 189-194, 2011. AGUIAR, Fernanda Pinheiro. Sobrevida de idosos internados por fratura proximal de fêmur na saúde suplementar e em outras internações não financiadas pelo sistema único no Estado de São Paulo, 2006 e 2007. 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