ASSOCIAÇÃO DE HASTE INTRAMEDULAR E CINESIOTERAPIA NA REABILITAÇÃO PRECOCE DE FRATURA DA DIÁFISE DE FÊMUR. *Diego Alex de Matias * Jaqueline de Fátima Biazus * Acadêmico da 8ª fase do curso de fisioterapia da UNISUL campus Tubarão / SC * Professora responsável pelo estágio supervisionado em ortopedia e traumatologia da UNISUL campus Tubarão / SC. RESUMO Fraturas da diáfise do fêmur são, em geral, resultado de traumas violentos. O fêmur é o maior osso e está envolto por grandes massas musculares, fraturas do fêmur podem ameaçar a vida, pela hemorragia extensa dentro da coxa ou por uma ferida aberta. A hasteintramedular é uma técnica cirúrgica comumente usada nos casos de fraturas diafisárias do fêmur. Essa técnica promove ótimos resultados no que se refere à formação do calo-ósseo e por conseqüência a consolidação da fratura. A cinesioterapia é, etimologicamente a “arte de curar que utiliza todas as técnicas do movimento”. O objetivo geral da pesquisa é analisar os efeitos da cinesioterapia na reabilitação precoce de fraturas da diáfise de fêmur com haste intramedular em pacientes atendidos na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL – campus Tubarão SC. Fizeram parte da amostra 3 pacientes e foram aplicadas 10 sessões de fisioterapia no período vespertino e noturno totalizando 5 sessões semanais. Os parâmetros avaliados foram edema, quadro álgico, força muscular, amplitude de movimento e formação de calo ósseo. Após as reavaliações obteve-se êxito no tratamento, possibilitando aos pacientes o retorno precoce às suas atividades de vida diária. Palavra-chave: cinesioterapia, fratura, fêmur, haste-intramedular. INTRODUÇÃO Fraturas da diáfise do fêmur são, em geral, resultado de traumas violentos. O fêmur é o maior osso e está envolto por grandes massas musculares, o que torna menos provável a exposição óssea (HEBERT, 1998). As fraturas do fêmur podem ameaçar a vida, pela hemorragia extensa dentro da coxa ou por uma ferida aberta, embolia gordurosa, síndrome da angústia respiratória adulta ou resultante da insuficiência de múltiplos órgãos (ROCKWOOD, 1993-1994). O quadril é uma articulação esferoidal (do tipo bola e encaixe). A bola é a cabeça do fêmur, que forma cerca de dois terços de uma esfera. O encaixe é o acetábulo côncavo, que forma um ângulo oblíquo em direção anterior, lateral e inferior. A cartilagem articular cobre ambas as superfícies articuladas (HALL, 2005). O movimento do quadril acontece em todos os 3 planos: sagital (flexão e extensão), frontal (abdução e adução) e transversal (rotação interna e externa). O movimento é maior no plano sagital, onde o alcance da flexão é de 0 a aproximadamente 140º e o alcance da extensão é de 0 a 15º. O alcance da abdução é de 0 a 30º, considerando que o da adução é um pouco menor, de 0 a 25º. A rotação externa varia de 0 a 90º e a rotação interna de 0 a 70º quando a junta do quadril é flexionada (NORDIN, 2003). Diagnosticar uma fratura de diáfise femoral quase nunca é difícil. Deformidade, edema e dor a palpação se apresentam ao exame físico geralmente tornando o diagnóstico óbvio. O principal problema do diagnóstico é detectar lesões adicionais, como fratura da epífise femoral ou tibial, ou lesão ligamentar em torno do joelho. Tais lesões geralmente são detectáveis através de cuidadoso, minucioso e delicado exame físico, juntamente com raios-x de rotina da articulação acima e abaixo da fratura (ROCKWOOD, 1993-1994). A cinesioterapia é, etimologicamente a “arte de curar que utiliza todas as técnicas do movimento”. Ela faz parte de um conjunto de terapias que emprega diversos agentes físicos ( água, eletrecidade, ondas, calor) e que se completam mutuamente conforme a doença a tratar (XHARDEZ, 1996). O terapeuta tem a opção de prescrever diferentes tipos de contrações musculares como parte do programa de exercícios. Esta especificação é importante para alcançar os objetivos e evitar lesões. Pensando nas várias categorias de contração muscular, deve-se considerar o que acontece com o comprimento do músculo quando o trabalho está sendo realizado contra uma resistência externa (SHANKAR, 2002). Com o desenvolvimento da haste femoral universal, o ponto antigo de entrada não era mais apropriado em virtude da rigidez e curvatura da haste, porque ele não permitia fresar ao longo do eixo do osso e causaria torção da haste durante a inserção. Isto tornou necessário localizar o ponto de inserção no prolongamento do canal medular – a fossa piriforme (MÜLLER, 1993). Esse tipo de fixação é altamente eficiente e se baseia no princípio de um tubo inteiro dentro de outro quebrado. Ela dá excelente estabilidade contra encurtamento, quando há contato cortical entre os fragmentos principais. A estabilidade contra rotação pode ser adequada, desde que haja contato ósseo de pelo menos 50% entre dois fragmentos principais (SCHWARTSMANN; LECH; TELÖKEN, 2003). MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa abordada é de nível exploratória podendo ser classificada como quantitativa quanto a abordagem e como estudo multi-caso quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados. A pesquisa abrangeu indivíduos submetidos à cirurgia ortopédica para colocação de haste intramedular após fratura de fêmur, os mesmos foram encaminhados a Clínica Escola de Fisioterapia no 7º dia pós operatório pelo cirurgião ortopedista. A população constou de 3 indivíduos submetidos a colocação de hasteintramedular, sendo todos do gênero masculino. A idade dos pacientes de 18 anos e 25 anos. Todos os pacientes que fizeram parte do estudo tiveram que se submeter a colocação de haste-intramedular devido a acidente motociclístico. Em ambos os casos a fratura ocorreu no fêmur direito. Como critérios de inclusão, foram estabelecidos os seguintes fatores: • Estarem em pós operatório de fratura de fêmur • Uso de haste intramedular • Disponibilidade de dia e horário para o tratamento • Não apresentarem nenhuma outra lesão associada. Todos os pacientes foram tratados na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL. No decorrer do trabalho 1 dos 3 pacientes não compareceu na reavaliação, impossibilitando o pesquisador de fazer a comparação entre os dados colhidos na avaliação. Na avaliação da goniômetria os pacientes estavam em decúbito dorsal (DD) sobre a maca onde ele realizou a flexão do quadril e em decúbito ventral para o joelho e foi mensurada. Para analisar a perimetria, os pacientes em DD, utilizou-se a fita métrica. Para a realização da graduação de força muscular foi utilizada a escala de 0 (sem força) a 5 (força normal) (anexo E). E para verificar a dor utilizou-se a escala análoga visual de 0 (sem dor) a 10 (muita dor). Para coletar os dados foi utilizada uma ficha de avaliação , raio x semanal, goniômetro da marca Carci® de acrílico, fita métrica de uso domiciliar, máquina digital Sony® 5.0 mega pixels, escala análogo visual de percepção de esforço, tabela de graduação de força muscular . Durante o tratamento foram utilizados: dispositivos elásticos Thera Band®, tábua de quadríceps, caneleiras 0,5 Kg, 1Kg, 2Kg, espaldar ISP, almofada de propriocepção, balancim, barras paralelas, bicicleta ergométrica Monark®, esteira elétrica marca Embreex®. RESULTADOS Uma redução significativa na mensuração da dor. Os dados foram coletados por relato do paciente ao qual a escala era apresentada e então apontava a numeração que transmitia a intensidade da dor no momento. Na avaliação do quadro álgico do paciente 1, a pontuação demonstrada por ele foi de 3 pontos reduzido para 0,5 na reavaliação. O paciente 2 relatou dor 4 alterando esse valor para 0,5 após o tratamento. No estudo usou-se a tabela de graduação de força muscular, obtendo-se os resultados de força muscular dos pacientes nos principais movimentos de joelho (flexão e extensão) e quadril (flexão, extensão, abdução e adução). Em ambos os pacientes a força muscular teve aumento significativo. A medida da amplitude de movimento articular é um componente importante na avaliação física, pois identifica as limitações articulares, bem como permite aos profissionais acompanharem de modo quantitativo a eficácia das intervenções terapêuticas durante a reabilitação (BATISTA, et al, 2006). Todos os pacientes tiveram aumento de ADM. A perimetria é usada quando deseja-se avaliar a formação de edema na região do pós-operatório, com ela temos uma noção do quanto o tratamento foi efetivo fazendo-se a perimetria de pré e pós tratamento. Com ela temos dados sobre a eliminação de líquidos. Paciente 5cm 10cm 15cm 20cm 25cm Av. Reav. Av. Reav. Av. Reav. Av. Reav. Av. Reav. 1 40 41 44 44 50 48 56 52 59 56 2 51 49 53 53 59 58 67 64 70 67 Perimetria de membro inferior diereito. O raio-x dos pacientes, tirados no decorrer do tratamento, havendo formação de calo ósseo em ambos os pacientes com diminuição da linha da fratura, no período de intervalo de 2,5 semanas de um raio-x para outro. CONCLUSÃO Após o período de internação por uma fratura de fêmur, o membro lesado sofre inúmeros traumas ocasionados pela lesão que ocasionou a fratura e também pela cirurgia. Devido a esses fatores o membro apresenta uma limitação de movimento, fraqueza muscular e dor localizada. A escolha do médico ortopedista pela osteossíntese adequada para cada caso tem um papel importante do ponto de vista fisioterápico, pois, é essa escolha que determinará o tratamento utilizado bem como suas indicações e contra-indicações. O tratamento cinesioterapêutico precoce busca possibilitar aos pacientes a redução das complicações do pós-operatório estimulando a movimentação do membro lesado o que trará benefícios no que se refere à força muscular, redução de edema, redução do quadro álgico, visando sempre a estimulação da consolidação da fratura para que ele possa deambular o mais rápido possível e com o mínimo de comprometimento. O estudo analisou os efeitos da cinesioterapia na reabilitação precoce de fraturas diafisárias do fêmur com haste-intramedular e concluiu que quanto mais cedo a técnica é aplicada, melhores são os resultados obtidos pelos pacientes e mais cedo eles retornarão para suas AVD’s. REFERÊNCIAS BATISTA, LH et al . Avaliação da amplitude articular do joelho: correlação entre as medidas realizadas com o goniômetro universal e no dinamômetro isocinético. Rev. bras. fisioter., São Carlos, v. 10, n. 2, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141335552006000200009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 20 Out 2006. HALL, Susan J.. Biomecânica básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005, p 221 HEBERT, Sizínio; XAVIER, Renato; PARDINI JUNIOR, Arlindo G.; BARROS FILHO, Tarcísio E. P. de. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998, p 41-41-659 MÜLLER, M. E.. Manual de osteossíntese: técnicas recomendadas pelos Grupos AOASIF. 3. ed. aum. e rev. São Paulo: Manole, 1993. NORDIN, Margareta; FRANKEL, Victor H.. Biomecânica básica do sistema músculoesquelético. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, p 176-178 SHANKAR, Kamala (Ed.) Prescrição de exercícios. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. ROCKWOOD JÚNIOR, Charles A; GREEN, David P.; BUCHOLZ, Robert W.. Fraturas em adultos. 3. ed. São Paulo: Manole, 1993-1994, p 1621-1625 SCHWARTSMANN, Carlos; LECH, Osvandré; TELÖKEN, Marco. Fraturas: princípios e pratica. Porto Alegre: Artmed, 2003. XHARDEZ, Yves. Manual de cinesioterapia: técnicas, patologia, indições, tratamento. São Paulo: Livraria Atheneu, 1996.