Política pública de economia solidária e sua relação com incubadoras sociais1 Gleny Terezinha Guimarães2 Karen Eidelwein3 Fabio Jardel Gaviraghi 4 Anelise Gronitzki Adam5 Eixo Temático: Palavras-chave: Políticas Sociales y desarrollo en el contexto neoliberal y los desafíos para el Trabajo Social Trabalho; Economia Solidária; Incubadoras Sociais Introdução As transformações no mundo do trabalho, principalmente nas últimas duas décadas do século XX e meados do século XXI, através das crises sociais e econômicas, ampliou significativamente o desemprego e, conseqüentemente, as desigualdades, a pobreza e a exclusão social. Dentro desse contexto, os trabalhadores passaram a desenvolver estratégias de enfrentamento e resistência às mutações do capitalismo, dentre as quais destaca-se a Economia Solidária. Os empreendimentos econômicos e solidários, ao mesmo tempo em que podem ser considerados alternativas de geração de trabalho e renda, possuem uma série de desafios para a operacionalização de seus objetivos, na medida em que, cada vez mais vem se constituindo por trabalhadores que se encontram em situação de vulnerabilidade social e excluídos de uma série de espaços de trocas sociais. Junto a isso, enfrentam a burocracia estatal no que tange ao acesso a recursos financeiros que se tornam fundamentais para a operacionalização das ações de geração de renda. Em função das dificuldades referidas, cabe destacar o papel das Incubadoras Sociais Universitárias como organizações que visam contribuir para o desenvolvimento, 1 Ponencia presentada en el XIX Seminario Latinoamericano de Escuelas de Trabajo Social. El Trabajo Social en la coyuntura latinoamericana: desafíos para su formación, articulación y acción profesional. Universidad Católica Santiago de Guayaquil. Guayaquil, Ecuador. 4-8 de octubre 2009. 2 Formada em Serviço Social e Pedagogia; Doutora em Serviço Social e com Pós-doutorado em Serviço Social; Professora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Faculdade de Serviço Social/PUCRS, Coordenadora do GEPsTAS (Grupos de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Assistência Social), Av. Ipiranga 6681 – Prédio 15 sala 346 – Porto Alegre/RS CEP 90619.900. Brasil Fone: 55 (51) 3353-4113. [email protected] 3 Psicóloga, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUCRS, Integrante do GEPsTAS (Grupos de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Assistência Social), Bolsista CAPES, Av. Ipiranga 6681 – Prédio 15 sala 346 – Porto Alegre/RS CEP 90619.900 Brasil Fone: 55 (51) 3353-4113. [email protected]; 4 Assistente Social, Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUCRS, Integrante do GEPsTAS (Grupo de Estudo e Pesquisa em Trabalho e Assistência Social) Bolsista CNPq, Av. Ipiranga 6681 – Prédio 15 sala 346 – Porto Alegre/RS CEP 90619.900 Brasil Fone:55 (51) 3353-4113. [email protected]; 5 Integrante do GEPsTAS (Grupo de Estudo e Pesquisa em Trabalho e Assistência Social); Bolsista de IC financiada por PIBIC/PUCRS, graduanda na FSS/PUCRS, Av. Ipiranga 6681 – Prédio 15 sala 346 – Porto Alegre/RS CEP 90619.900 Brasil Fone:55 (51) 3353-4113. [email protected] 1 fortalecimento e visibilidade dos empreendimentos econômicos solidários, incidindo, desta forma, sobre as refrações da questão social. O trabalho das Incubadoras junto aos empreendimentos, a organização dos trabalhadores em Economia Solidária, o fortalecimento e ampliação de apoiadores e parcerias, dentre outros movimentos sociais, contribuíram para que, no Brasil, a partir do primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Economia Solidária viesse a ser integrada ao Plano Pluri Anual do Governo Federal, através da criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego com o objetivo de instituir uma Política Pública de Economia Solidária. Considerando o exposto, o presente artigo apresenta alguns resultados da pesquisa6 “Transformações no mundo do trabalho, economia solidária e sua relação com as Incubadoras Sociais”, realizada no ano de 2008, junto a cinco Incubadoras Sociais Universitárias existentes no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Os objetivos da pesquisa foram comparar as diferenças conceituais, epistemológicas e metodológicas das Incubadoras, e analisar a repercussão da intervenção das mesmas no trabalho desenvolvido pelos empreendimentos econômicos solidários. O instrumento para a coleta das informações foi um questionário semiestruturado, o qual foi respondido pelos coordenadores das cinco Incubadoras visitadas. Para a análise das informações utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. Inicialmente, apresenta-se o referencial teórico que embasa a pesquisa. Em seguida, discorre-se sobre os dados analisados e por fim são tecidas algumas considerações finais. As transformações no mundo do trabalho, a Economia Solidária e as Incubadoras Sociais De acordo com Pochmann (2004) e Antunes (2005), aproximadamente em 1980, com a interrupção do ciclo da industrialização e o aumento da dívida externa, o Brasil entra numa longa crise de desenvolvimento que tem como conseqüências: desemprego estrutural, exigência de maior qualificação e polivalência do trabalhador, precarização das condições de trabalho, terceirização da mão de obra, flexibilização e desregulamentação do Estado, entre outras, caracterizando o processo de transformação no mundo do trabalho. 6 Esta pesquisa foi financiada com bolsa de iniciação científica da PUCRS e PIBIC/PUCRS. 2 As transformações ocorridas no setor trabalhista têm mobilizado parte da sociedade civil em busca de novas estratégias de enfrentamento ao desemprego e à exclusão social7, tais como: as cooperativas e associações. (...) Para resolver o problema do desemprego é necessário oferecer à massa dos socialmente excluídos uma oportunidade real de se inserir na economia por sua própria iniciativa (...). Uma maneira de criar novo setor de reinserção produtiva é fundar uma cooperativa de produção e de consumo, à qual se associarão a massa do sem-trabalho e dos que sobrevivem precariamente com trabalho incerto (SINGER, 2002, p.122). Dentro deste contexto social, político e econômico situa-se o surgimento da Economia Solidária8 e das Incubadoras Sociais, como propostas concretas de inclusão social de trabalhadores em situação de vulnerabilidade social, no mercado de trabalho. A Economia Solidária propõe a ‘reinserção produtiva’ do trabalhador no mercado de forma cooperativa, e as Incubadoras Sociais funcionam como agentes fortalecedores destas cooperativas. Além de ser uma possibilidade de gerar trabalho e renda para aqueles que estão excluídos do mercado formal9, trata-se, também, de uma alternativa frente ao sistema socioeconômico capitalista uma vez que propõe um modelo de organização produtiva, sob a forma de cooperativismo 10, em que todas as atividades devem ser desenvolvidas em conjunto pelos associados, (...) e a gestão e o planejamento das ações são decididos coletivamente (GAVIZZO, 2006, p.40-41). A prática da economia solidária tem como perspectiva ser não apenas uma possibilidade de gerar trabalho e renda, mas também de proporcionar mudanças no nível de relação social e cultural no espaço de trabalho. Ou seja, que através do exercício da participação, da cooperação e da solidariedade entre seus partícipes, possa provocar mudanças na visão de mundo, valores, paradigmas, atitudes, comportamentos, modos de relação, aspirações, paixões e desejos (BERTULUCCI & SILVA, apud GAVIZZO, 2006, p.68). A Economia Solidária pode ser caracterizada a partir de oito princípios: autogestão, democracia, participação, igualitarismo, cooperação no trabalho, autosustentação, desenvolvimento humano e responsabilidade social (GAIGER apud 7 De acordo com DEMO (2002), por exclusão social entendemos que é, não só a pobreza material, a qual é sempre marcante, mas também a perda do senso de pertença da população mais empobrecida devido à precariedade material, onde tais populações se sentem abandonadas por todos e juntamente a este sentimento de abandono está a incapacidade de reagir. 8 O debate sobre Economia Solidária encontrou eco no Brasil aproximadamente na década de 80, com a união de dois movimentos específicos: o excedente de mão-de-obra (desemprego resultante da industrialização), e o movimento de pensadores sociais críticos da realidade (TAUILE & RODRIGUES, 2005). 9 O mercado formal de trabalho se refere aqueles postos de emprego, nos quais o trabalhador estão vinculados ao um empregador que lhes garanta acesso aos direitos trabalhistas. 10 Trata-se do cooperativismo jurídico e operacional. Isto é, na sua prática segue os pressupostos instituídos pela Política Nacional do Cooperativismo, definida pela Lei Nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. 3 GAVIZZO, 2006, p.42). Deste modo, segundo Pinho (2004, p. 174), a Economia Solidária significa também considerar a economia desde uma perspectiva humana, pois coloca em discussão a questão ética do ‘por quê’, ‘para quê’ e ‘para quem’ o crescimento e desenvolvimento econômicos. (...) aos poucos a Economia Solidária está revelando também seu potencial de modelo econômico e social relativo a uma forma original de organização socioeconômica e cultural. (...) a Economia Solidária destaca a pessoa humana como o sujeito e o fim da atividade econômica, procurando recuperar a dimensão ética e humana das atividades econômicas (...) (PINHO, 2004, p.174). Esta alternativa de geração de trabalho e renda envolve a organização de pessoas em grupos para a produção, a comercialização e o consumo de bens necessários à reprodução da vida em sociedade. Trata-se de um movimento que busca se fortalecer por meio de redes de trocas solidárias e que, ao mesmo tempo, exerce pressão popular em torno da formulação de Políticas Públicas de Geração de Trabalho e Renda para a Economia Solidária (SINGER, 2003). No entanto, salienta-se que a Economia Solidária enfrenta uma série de desafios para se institucionalizar dentro de uma formação social capitalista, sendo alvo de inúmeras críticas quanto a sua real potencialidade de promover inclusão social e de garantir a efetivação de direitos para os trabalhadores que a constituem. Considerando que pode ser compreendida como um modo de organização do trabalho, um movimento social e uma perspectiva de desenvolvimento includente, constituída, em grande parte, pela população sem renda ou que recebe em torno de até 01 salário mínimo, necessita de uma série de recursos e apoios para que possa ocupar espaço dentro das relações de mercado com vistas à geração de renda. Dentro deste contexto, as Incubadoras Sociais surgem como organizações que oferecem apoio específico para os empreendimentos econômicos solidários, desenvolvendo seu trabalho a partir dos princípios que sustentam as práticas da Economia Solidária. A assessoria fornecida volta-se para o acesso ao mercado, a elaboração de projetos, a definição do produto, o acompanhamento e a capacitação dos cooperados, a administração, o planejamento, a contabilidade, entre outras áreas de trabalho. 4 A incubadora social de comunidade tem como finalidade o fortalecimento local de comunidades, municípios e cidades, através da formação de empreendedores e da geração de empreendimentos com uso de tecnologia social (...) criando um ambiente que beneficia toda comunidade em diversos aspectos, principalmente na qualidade de vida, cidadania e visão de mundo (INSTITUTO GÊNESIS, 2005). A importância de atuação das Incubadoras sociais 11 ocorre principalmente no processo de incubação que abarca um conjunto de atividades que envolvem a incubadora e os grupos incubados, de modo que a incubação “é produto do encontro e da interação de dois espaços: o acadêmico e o comunitário”. Conforme Sanchez e Kruppa (apud GAVIZZO, 2006, p. 61), os princípios pelos quais se orienta este processo são: autogestão, viabilidade econômica, valorização do trabalho e valorização da educação. A política pública da economia solidária A Economia Solidária (ES) está presente de forma significativa no Brasil como mostram os dados do Sistema de Informações em Economia Solidária (SIES) da SENAES, obtidos a partir do mapeamento dos empreendimentos com características solidárias existentes em todo o território nacional com o objetivo de criar uma base de informações com vistas à formulação de políticas públicas de ES. O mapeamento foi operacionalizado, em sua grande parte, pelas Incubadoras Sociais Universitárias existentes em diferentes estados do País. Foram visitados 21.578 grupos com características econômicas e solidárias, sendo que destes 2.076 estão localizados no estado do Rio Grande do Sul. Cabe destacar que o surgimento das Incubadoras Sociais é um fenômeno recente, contemporâneo ao surgimento da própria ES enquanto uma estratégia de enfrentamento e resistência às transformações oriundas da relação capital-trabalho. Como exemplo, a partir da pesquisa realizada, pode-se citar o Estado do Rio Grande do Sul onde, nos últimos cinco anos, surgiram 80% das Incubadoras pesquisadas; sendo que apenas 20% delas surgiram no final da década de 90’. Talvez, possa se dizer que tal situação encontra-se relacionada ao fato da Economia Solidária vir sendo instituída enquanto uma 11 De acordo com o levantamento feito pelo PRONINC 11, atualmente no Brasil existem 33 (trinta e três) Incubadoras Sociais distribuídas nas diferentes regiões do país, e 315 empreendimentos incubados. Destas, 26 (vinte e seis) estão vinculadas a universidades da rede pública e 7 (sete) a da rede privada. A região sudeste é a que concentra o maior número de incubadoras e conseqüentemente de empreendimentos incubados. 5 Política Pública do Trabalho com maior incentivo a partir de 2003, recebendo apoio de órgãos Federais, tais como: SENAES, PRONINC12, FINEP 13, entre outros. A análise das informações obtidas por meio das entrevistas possibilitou a construção de algumas categorias temáticas – características das incubadoras sociais; apoios e parcerias; incubadora e universidade; desafios e possibilidades; metodologias de incubação; Serviço Social na incubadora; economia solidária e tecnologia – por meio das quais busca-se pensar, neste artigo, a articulação entre o trabalho das Incubadoras junto aos empreendimentos incubados e a formulação de uma Política Pública de Economia Solidária. As características das Incubadoras dizem respeito a sua organização, funcionamento e metodologia de trabalho junto aos grupos incubados. Fator relevante no que tange ao desenvolvimento de relações econômicas e interpessoais voltadas para o desenvolvimento e alcance da autogestão, um dos pilares de sustentação das práticas econômicas solidárias. A autogestão implica a existência de relações democráticas e participativas, não reduzindo-se à democracia representativa, fazendo com que os diferentes atores construam coletivamente espaços de discussão e decisão em torno das ações que pretendem implementar. Movimento relevante quando se pensa o processo de formulação e instituição de uma Política Pública que para se caracterizar enquanto tal necessita da participação ativa dos diferentes sujeitos, beneficiários da própria política. As Incubadoras Sociais são organizações “não auto-suficientes” e deste modo necessitam estabelecer parcerias com diferentes segmentos sociais para cumprirem com seus objetivos de apoiar e assessorar os empreendimentos incubados diante das diferentes e diversas necessidades que os mesmos manifestam. Dentre as parcerias, cabe referir a relação com a própria Universidade na qual se constituem em Projetos de Extensão de caráter permanente. Em muitas situações, principalmente no caso de Universidades particulares, as Incubadoras necessitam demonstrar os resultados de seu trabalho para então contarem com o apoio das Reitorias. 12 O Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares tem por objetivo: “apoiar e desenvolver as experiências de incubadoras tecnológicas de cooperativas populares – ITCP - realizadas por universidades brasileiras. As ITCP´s buscam articular multidisciplinarmente áreas de conhecimento de universidades brasileiras com grupos populares interessados em gerar trabalho e renda, visando a contribuir na formação de cooperativas populares, ou seja, empresas autogestionárias, onde os trabalhadores têm o controle coletivo de todo o processo de produção, desde a atividade fim até a gestão do empreendimento”. (PRONINC, 2008). 13 FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Promove e financia a inovação e a pesquisa científica e tecnológica cujos resultados possam contribuir para a expansão do conhecimento e/ou geração de impactos positivos no desenvolvimento socioeconômico brasileiro. (Ministério da Ciência e Tecnologia/FINEP, 2008). 6 Um dos grandes apoiadores das Incubadoras são os espaços públicos estatais, que, no Rio grande do Sul, são responsáveis pelo apoio direto de 58% das Incubadoras sociais existentes. Vale destacar que os incentivos do Governo Federal (um dos principais apoiadores) fomentam a crescente expansão da Economia Solidária no Brasil. Contudo, percebe-se que são necessárias ações mais efetivas garantidas por meio de Políticas Públicas, para que haja maior incentivo e fomento aos trabalhadores na direção desta outra perspectiva de desenvolvimento econômico e social. Neste sentido, o acesso ao crédito e a solicitação de financiamentos para projetos junto ao governo, tem gerado um impacto negativo no avanço dos trabalhos, tanto dos empreendimentos econômicos solidários, quanto das próprias Incubadoras junto a eles. Por se tratarem, na grande maioria, de pessoas em situação de vulnerabilidade social, a falta de capital de giro, somado muitas vezes também à falta de espaços para a comercialização da produção, comprometem a sustentabilidade econômica dos empreendimentos. A falta de desenvolvimento, e de utilização de tecnologia inovadora no processo produtivo dos empreendimentos, também se apresenta como um limitador das possibilidades de qualificação dos produtos e ampliação do mercado consumidor. Em geral, a tecnologia disponibilizada restringe-se à Tecnologia Social, a qual se refere à produção de novos conhecimentos que originam novas metodologias de trabalho das Incubadoras para com os grupos incubados. Cabe destacar como uma das principais conseqüências do trabalho dentro da Economia Solidária, que é fomentada pelas Incubadoras, é “a melhora na capacidade de compreender o mundo, de tolerar as diferenças, de saber se posicionar sem impor um ponto de vista” (IS1). A partir de um olhar superficial pode representar um pequeno avanço diante dos desafios cotidianos a serem enfrentados pelos trabalhadores da Economia Solidária. Mas, talvez possa se dizer, que é justamente por fortalecer o grupo como um todo - por meio da compreensão dos determinantes sociais e das possibilidades existentes - que os trabalhadores e trabalhadoras da Economia Solidária encontram condições simbólicas para a (re)produção de suas condições materiais de existência em busca da efetivação de seus direitos garantidos constitucionalmente. Os resultados de intervenção das Incubadoras junto aos empreendimentos14 têm uma grande abrangência em relação ao público atendido. Uma das Incubadoras 14 As iniciativas apoiadas pelas Incubadoras abarcam diversos segmentos: prestação de serviços (10%), coleta e reciclagem de resíduos sólidos (20%), alimentação (20%), artesanato (15%), confecção (10%), hortifrutigranjeiro (5%), apicultura/pesca (10%), produtos de calçados (5%) e redes de trocas (5%). 7 menciona que “tem um alcance de 3500 pessoas (média de quatro pessoas por família)” (IS2). Situação que possibilita pensar que o trabalho realizado não se limita somente aos empreendimentos incubados e aos seus integrantes, mas estende-se à sociedade de uma forma geral. Considerações finais As Incubadoras sociais surgem, praticamente, ao mesmo tempo em que as ações de geração de trabalho e renda, de empreendimentos urbanos e rurais na perspectiva da Economia Solidária, passam a adquirir maior visibilidade diante das transformações na relação capital-trabalho. Nos últimos anos, o governo adicionou à sua agenda política, atividades que visam contribuir com esses empreendimentos, apoiando muitas vezes a implantação e implementação de Incubadoras Sociais. As incubadoras sociais são de suma importância em suas contribuições diretas aos empreendimentos solidários. Porém, a participação, de forma contundente na construção de uma Política Pública de Economia Solidária, a qual já vem sendo delineada nos últimos anos, reflete um apoio indireto das incubadoras aos empreendimentos. Entretanto, deve-se enfocar também que as mesmas possuem desafios específicos que precisam ser superados. A pesquisa nos revelou alguns dos desafios a serem transpostos pelas Incubadoras, tais como: a assimetria dos conhecimentos entre os empreendimentos e a incubadora, a pouca viabilidade econômica, o excesso de expectativa dos empreendimentos frente às possibilidades reais das incubadoras, o trabalho na perspectiva da “tentativa e erro”, devido à falta de teorias científicas a respeito da economia solidária e a reprodução de uma visão linear sobre o tema, maior visibilidade entre outras. Estes desafios podem ser superados, através do fortalecimento de uma política que engloba os empreendimentos e seus apoiadores. Através da criação e ampliação de redes de empreendimentos, como também de Incubadoras Sociais, que possuem o aparato para desenvolver tecnologias sociais. E enfrentando o processo de reestruturação produtiva, principalmente o desemprego e suas conseqüências. 8 Referências Bibliográficas: ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? 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In: Revista Mercado de trabalho, conjuntura e análise, IPEA/MTE, nº 28, ano 10, setembro, 2005. Disponível em: <http://www.unitrabalho.org.br/paginas/noticias/artigos/pdf/tauile_huber_sintpesq.pdf> Acesso em: 10 de dezembro de 2008. 10