Efeito da rotação e da sucessão de culturas sobre - PPGAgro

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
EFEITO DA ROTAÇÃO E DA SUCESSÃO DE CULTURAS
SOBRE A EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS, A INCIDÊNCIA
DE PODRIDÕES RADICULARES E RENDIMENTO DE
GRÃOS DE SOJA
NARA LUCIA MARTINS DE MORAES
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós Graduação em Agronomia da
Faculdade de Agronomia e Medicina
Veterinária da Universidade de Passo
Fundo, para obtenção do título de
Mestre em Agronomia – área de
concentração em Fitopatologia
Passo Fundo, Abril de 2004
ii
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
EFEITO DA ROTAÇÃO E DA SUCESSÃO DE CULTURAS
SOBRE A EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS, A INCIDÊNCIA
DE PODRIDÕES RADICULARES E RENDIMENTO DE
GRÃOS DE SOJA
NARA LUCIA MARTINS DE MORAES
ORIENTADOR: PROF. Ph. D. ERLEI MELO REIS
CO-ORIENTADOR: Ph. D. GILBERTO OMAR. TOMM
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós Graduação em Agronomia
Faculdade de Agronomia e Medicina
Veterinária da Universidade de Passo
Fundo, para obtenção do título de
Mestre em Agronomia – área de
concentração em Fitopatologia
Passo Fundo, Abril de 2004.
iii
iv
AGRADECIMENTOS
A Universidade de Passo Fundo, por oportunizar a realização do curso;
A CAPES pela bolsa de estudo concedida no segundo ano do curso;
A Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária pelo suporte de
laboratórios, da área experimental e de equipamentos;
Ao professor Orientador Ph.D. Erlei Melo Reis pela orientação, pelo
incentivo, apoio e amizade;
Ao Ph.D. Gilberto O. Tomm, pela amizade e apoio;
Aos professores e funcionários da FAMV/UPF, pelo auxílio e dedicação,
especial a Cinara Cardoso e o Paulo Tirone;
Aos colegas do Mestrado, Rodrigo Kurylo, Francisco X. T. Neto, Rochele
Oliveira, Adriana Arns, Kurt Arns, Maurício Kobiraki, Julio Rovedder,
Andréa Tunelero, Adriano e aos Acadêmicos da Faculdade de
Agronomia, Oldemar Scheer, Tiago Zanata, Ricardo e Fabio pelo
companheirismo e colaboração na execução dos experimentos;
Aos amigos (a), Gisela Borges de Matos, Marivane Segalin, Gerson
Osvaldo de Sousa, Andréia Sartori, Graciela Mognol, Marcos Dallagnese,
Dirceu Gassen, Ricardo Casa e Marta C. Blum, pelo apoio, pelas palavras
de carinho, compreensão e amizade;
A Bayer CropScience, pelo apoio;
Aos participantes da banca examinadora;
A minha mãe, Zelinda, Tia Zilda, Vó Néri, Inajara, Honeide, aos
sobrinhos, aos tios e primos, que, mesmo distante, sempre me
estimularam para a realização do curso; e
A Deus pela força, saúde e coragem.
v
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS.............................................................
vii
RESUMO..................................................................................
1
SUMARY.................................................................................
3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................
5
2 REVISÃO DE LITERATURA ...........................................
8
2.1 Importância econômica da cultura da soja.......................
8
2.2 Danos causados por doenças relacionados a emergência
de plântulas de soja...........................................................
2.3 Danos e perdas causados pelas doenças radiculares em
soja....................................................................................
2.4 Sobrevivência dos fungos causadores de podridões
radiculares em soja............................................................
2.4.1 Rhizoctonia solani..........................................................
10
10
11
13
2.4.2 Phytophthora megasperma var. sojae...........................
14
2.4.3 Fusarium solani.............................................................
15
2.4.4 Macrophomina phaseoli................................................
16
2.5 Estratégias de controle das podridões radiculares.............
17
CAPÍTULO I – Efeito da rotação e da sucessão de culturas
na emergência de plântulas, na intensidade
de podridões radiculares e no rendimento de
grãos da soja
Resumo ................................................................................
21
Summary .............................................................................
23
1 Introdução ........................................................................
25
2 Material e métodos ...........................................................
28
vi
3 Resultados e discussão .....................................................
34
4 Conclusões........................................................................
46
CAPÍTULO II Patogenicidade de Phomopsis sp. em haste
e raízes de soja
Resumo................................................................................
47
Summary.............................................................................
49
1 Introdução.........................................................................
51
2 Material e Métodos...........................................................
53
3 Resultados e discussão......................................................
55
4 Conclusões........................................................................
58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................
59
vii
LISTA DE TABELAS
Página
CAPÍTULO I
1 Restos culturais remanescentes no solo (g m-2), número de
acérvulos de Colletotrichum graminicola e peritécio de
Gibberella zeae (n0m-2)............................ ........................ 35
2 Efeito de culturas de inverno, do pousio, da monocultura e
da rotação de culturas, na emergência de plantas (nº/m2)
38
de soja-safra 2002/2003....................................................
3 Efeito de culturas de inverno, do pousio, da monocultura e
da rotação de culturas, na emergência de plantas (nº/m2)
39
de soja-safra-2003/2004..................................................
4 Incidência de podridões radiculares de soja em diferentes
41
sistemas de cultivo.............................................................
5
Rendimento de soja em diferentes sistemas de
cultivo............................................................................... 42
6 Incidência de fungos isolados, em meio de Iprodiona, do
sistema radicular de plantas de soja com podridão
radicular............................................................................. 44
7 Incidência de fungos isolados, em meio de Farinha de
milho, do sistema radicular de plantas de soja com
podridão radicular............................................................... 44
8 Incidência de fungos isolados, em meio de ágar água, do
sistema radicular de plantas de soja com podridão
radicular.............................................................................. 44
9 Incidência de fungos isolados, em meio de ¼ de BDA, do
sistema radicular de plantas de soja com podridão
radicular.............................................................................. 45
CAPITULO II
1 Avaliação do número de plantas com sintomas e sem
sintomas de podridão radicular......................................... 56
viii
2 Avaliação de fungos presentes nas plantas inoculadas por
Phomopsis sp..................................................................... 56
EFEITO DA ROTAÇÃO E DA SUCESSÃO DE CULTURAS NA
EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS, NA INTENSIDADE DE
PODRIDÕES RADICULARES E NO RENDIMENTO DE GRÃOS
DA SOJA
NARA LUCIA MARTINS DE MORAES1, ERLEI MELO REIS1 &
GILBERTO OMAR TOMM2
RESUMO: Em experimento conduzido na safra 2002/03 e 2003/04
avaliou-se os efeitos de culturas de inverno, da rotação e da monocultura
de soja sobre a percentagem de emergência de plantas, intensidade de
podridões radiculares e rendimento de grãos da cultura da soja. Quanto a
incidência de podridões radiculares em monocultura foi registrada valor
de até 94%, soja em sucessão a aveia. Para rotação de um ano, a maior
incidência foi de 95%, em sucessão de trigo e pousio. A menor incidência
foi encontrada em rotação de dois anos com 87%. O rendimento de grãos
maior foi obtido na soja cultivada em rotação de um ano (1868 kg/ha). Os
fungos isolados do sistema radicular de plantas mortas foram
Macrophomina phaseoli, Phomopsis sp, Fusarium solani, Fusarium. spp
______________________
Enga. Agra., Mestranda do Programa de Pós Graduação em Agronomia da
Universidade de Passo Fundo (UPF), área de Concentração em Fitopatologia.
2
Orientador, Eng. Agr.,Ph.D., professor de Fitopatologia da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da UPF.
1
3
Co-orientador, Eng. Agr., Ph.D., pesquisador da Embrapa Trigo, Passo
Fundo (RS).
2
e Colletotrichum sp. Isolamentos feitos produziram colônias de um fungo
semelhante ao gênero Phomopsis comumente isolado de sementes, hastes
e vagens de soja. A prova de patogenicidade foi feita em plantas de soja,
no estádio V3, em casa-de-vegetação através de dois métodos de
inoculação: método do palito e incisão feitos a 1,5 cm, na haste, acima do
nível do solo. No re-isolamento a partir dos tecidos mortos, recuperou-se
colônia semelhante à obtida do isolamento das plantas vindas do campo.
As colônias mostraram-se de cor branco creme, com a formação de
picnídios e exsudação apenas de conídios alfa. O solo da área
experimental pode ser considerado supressivo aos problemas de
germinação, emergência e morte de plântulas de soja. Quanto a seu efeito
em reduzir as podridões radiculares, não detectou-se efeito significativo.
Palavras Chave: Incidência, Monocultura, Fungos, Solo
3
EFFECT OF CROP ROTATION AND SUCCESSION ON
SEEDLING EMERGENCE, ROOT ROT INTENSITY AND ON
SOYBEAN YIELD
NARA LUCIA MARTINS DE MORAES1, ERLEI MELO REIS1 &
GILBERTO OMAR TOMM2
SUMMARY: In experiments carried out in the 2002-2003 and 20032004 growing seasons the effects of winter crops and soybean rotation
and monoculture on seedling emergence, root rots and, soybean grain
yield were assessed. Under soybean monoculture the root rot incidence
was 90%. Grain yield was higher when soybean was cultivated with one
season of rotation with corn. Macrophomina phaseoli, Phomopsis sp,
Fusarium solani, Fusarium. spp and Colletotrichum sp. were the main
pathogenic fungi isolated from infected roots. Isolations made recovered
colonies of a fungus similar to the genus Phomopsis oftenly isolated from
soybean decayed seeds, stems and, pods. Pathogenicity test was
______________________
1 Enga. Agra., Mestranda do Programa de Pós Graduação em Agronomia da
Universidade de Passo Fundo (UPF), área de Concentração em Fitopatologia.
2 Orientador, Eng. Agr.,Ph.D., professor de Fitopatologia da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da UPF.
3 Co-orientador, Eng. Agr., Ph.D., pesquisador da Embrapa Trigo, Passo
Fundo (RS).
4
performed using two methods of inoculation: tooth pick method and stem
longitudinal cut done at 1.5 cm, far from soil surface. Inoculated plants
showed symptoms similar to those in the field, including pycnidia in line
close to the inoculation point. Colonies similar of those from the previous
isolations were recovered from the inoculated plants. Colonies were
white-cream, with pycnidia and cirrhy containing only alfa conidia. The
soil from the experimental area may be considered supressive to soybean
problems related to seed germination, seedling emergence and seedling
blight. Nevertheless soil did not show sgnificant effect of supressivness to
root rots.
Key word: Incidence, monoculture, fungi, soil
5
1 INTRODUÇÃO
A soja é uma das culturas de maior importância econômica ao
agronegócio do Brasil. O seu potencial de rendimento pode ser afetado
pela fertilidade do solo, disponibilidade hídrica, população de plantas,
época de semeadura, potencial produtivo do cultivar e pelo ataque de
agentes nocivos como plantas daninhas, pragas e doenças.
Em função das condições climáticas e das práticas culturais
utilizadas pelos produtores rurais, os danos causados pelas doenças de
plantas podem ser elevados. Entre as doenças da soja, merecem destaque
as envolvidas com a emergência de plantas, doenças foliares, de hastes e
as podridões radiculares.
As podridões radiculares representam um conjunto de doenças
de controle difícil.
Problemas
de
emergência
de
plântulas
podem
estar
relacionados a uma série de fatores que agem isolados ou conjuntamente
e resultam em baixa população de plântulas na linha de semeadura e/ou
atrasos de emergência (Neumaier et al., 2000b).
Na cultura da soja, os principais fungos envolvidos com as
podridões radiculares no Brasil. São Fusarium solani (Mart.) Sacc. f.sp.
glycines Roy, Macrophomina phaseolina (Mauhbl.) Ashby, Rhizoctonia
solan. Kuhn e Phytophthora megasperma var. sojae Hildebrand, (Sinclair
& Backmann, 1989; Almeida et al.,1999; Gáspari, 2000). Não se
encontrou, na literatura consultada, nenhuma referência sobre Phomopsis
sp, como fungo parasita envolvido com podridões radiculares dessa
leguminosa.
6
Apesar dos danos causados por este grupo de patógenos não
ter sido claramente quantificado na cultura da soja, relatos apontam o seu
potencial de danos. Estas doenças merecem destaque a rizoctoniose e a
podridão vermelha da raiz da soja, como sendo a doença de maior ameaça
a sustentabilidade da leguminosa pelas dificuldades de controle.
Tentativas têm sido feitas visando ao controle deste complexo
de doenças principalmente pelo desenvolvimento de cultivares resistentes,
porém com pouco sucesso. Por outro lado, no Brasil poucos trabalhos
foram publicados referentes ao seu controle por práticas culturais como a
rotação de culturas. Porém, em algumas situações a rotação de culturas da
soja com o milho não tem apresentado resultados satisfatórios, para o
controle de fungos habitantes do solo (Yorinori, 2000).
Apesar destas doenças serem freqüentes na maioria das
lavouras, em algumas situações as doença aqui enfocadas não ocorrem ou
estão presente em baixa intensidade de modo a não causarem danos. Esse
fato é facilmente observado, porém, sem receber a atenção dos
pesquisadores que geralmente preocupam-se apenas com as situações em
que a doença ocorre. Provavelmente a solução poderá ser encontrada na
lavoura aparentemente sadia. Uma explicação provável para a não
ocorrência da doença nessa última situação é a natural da supressividade
do solo.
Um dos primeiros trabalhos de pesquisa que deveriam ser
realizados é conhecer-se o montante de danos que as doenças radiculares
causam as culturas agrícolas. O trabalho de Denti (2000) mostra,
claramente a importância das podridões da base do colmo na cultura do
milho. Porém, em soja não se encontra trabalhos que quantificasse com
7
precisão e através de metodologia científica, danos causados por doenças
radiculares.
Também, são poucas as informações sobre os efeitos de
práticas culturais, como rotação de culturas e sucessão, no sistema
semeadura direta para a cultura da soja e tratamento de sementes sobre as
espécies de fungos que causam as podridões de raízes.
Estudos que esclareçam os mecanismos de sobrevivência dos
fitopatógenos envolvidos com as PR devem merecer atenção especial dos
pesquisadores, pois através desse conhecimento, possivelmente, poderá se
manejar as doenças alvo deste estudo por meio de práticas culturais.
Pesquisadores, a assistência técnica e produtores, estão preocupados com
a ocorrência e danos causados pelas podridões de raízes da soja, e
principalmente, pela inexistência de cultivares resistentes e com a pouca
eficiência das demais práticas recomendadas para o seu controle.
A supressividade natural do solo presente em algumas
lavouras pode ser o mecanismo responsável pela manutenção das
podridões radiculares da soja em intensidade que não cause danos
econômicos. Em lavouras com solos supressivos, a germinação e
emergência de plântulas de soja ocorrem em percentual maior do que nas
com solo conducente.
A supressividade do solo pode ser desenvolvida pelo cultivo
de diferentes substratos (espécies vegetais de inverno e de verão) em um
programa de rotação de culturas, em plantio direto; ao ser introduzido
esse manejo em lavouras com o problema, podem promover a redução
dos danos causados pelas podridões radiculares independente do tamanho
da propriedade.
8
Por isso, este trabalho enfatiza o manejo integrado de doenças
usando fundamentos agro-ecológicos para o controle de doenças que
causam danos elevados e que são de difícil controle.
O objetivo do presente trabalho é desenvolver a supressividade
do solo, pela rotação e sucessão de culturas, de modo a reduzir os danos
na emergência de plântulas e incidência de podridões radiculares da soja.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Importância econômica da cultura da soja
A soja (Glycine max (L.) Merril) é uma leguminosa cultivada
pelos chineses há cerca de 5.000 anos e apresenta importância como
oleaginosa no mercado mundial. A expansão da cultura no Brasil
aconteceu a partir dos anos 70, em razão do interesse crescente da
indústria de óleo e da demanda do mercado internacional (Zuckun, 1975).
O Brasil produz em torno de 50,3 milhões de toneladas, numa
área cultivada de aproximadamente 18,0 milhões de hectares, destacandose como o segundo maior produtor mundial (CONAB, 2004). A área
cultivada no estado do Rio Grande do Sul foi na safra 2002/03 cerca de
3,5 milhões de ha com uma produção de grãos de 8,9 milhões de
toneladas. O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro que apresenta a
menor produtividade de soja (CONAB, 2004), provavelmente devido a
ocorrência de déficit hídrico na maioria das safras.
9
Dentre os diferentes fatores envolvidos com a baixa
produtividade de soja no RS, o déficit hídrico durante o desenvolvimento
da cultura (Cunha et al., 1999) e problemas fitossanitários como pragas,
plantas daninhas e doenças.
A produção de grãos de soja pode ser comprometida por várias
doenças que infectam plantas em diferentes estágios de desenvolvimento.
A incidência e a severidade de doenças em soja dependem do grau
compatibilidade entre plantas e agentes causadores de doenças, sob
influência do ambiente. Os patógenos podem ter como fonte de inóculo o
solo, os restos culturais contaminados e as sementes (Costamilan, 2000).
Segundo Zadoks (1985), dano é qualquer redução na
quantidade e/ou qualidade do rendimento. A redução em retorno
financeiro por unidade de área, causada por organismo prejudiciais, é
chamada de perda.
As doenças são considerados fatores de grande importância,
causando perdas anuais estimadas em 1,6 bilhões de dólares no Brasil
(Yorinori, 1999). Esse autor relata que o conjunto de doenças que ataca a
soja no Brasil é responsável pela redução em média de 15 a 20% do
rendimento potencial.
No Rio Grande do Sul, os danos mais freqüentes, causados por
doenças, estão relacionados com a germinação de sementes, emergência e
estabelecimento de plântulas, podridões radiculares em plantas adultas e
doenças foliares (Casa & Reis, 2002).
10
2.2 Danos causados por doenças relacionados a emergência de
plântulas de soja
A semente de soja durante a germinação pode ser atacada por
fungos habitantes do solo ou por aqueles veiculados pela semente. Como
resultado, podem causar apodrecimento de semente, tombamento e/ou
morte de plântula, determinando emergência desuniforme e baixa
população de plantas. Em algumas situações pode ocorrer uma redução na
velocidade de emergência. Quando as plântulas infectadas conseguem
emergir do solo freqüentemente apresentam sintomas de lesões na
radícula, hipocótilo e cotilédones. Dependendo das condições climáticas e
da disponibilidade de nutrientes, as plantas poderão se desenvolver, no
entanto, o potencial de rendimento é afetado (Casa & Reis, 2002).
Algumas podridões radiculares, do colo e da haste da soja,
cujos sintomas manifestam-se em plantas adultas, podem ter origem pela
infecção ocasionada no estágio de plântula (Casa & Reis, 2002).
2.3 Danos e perdas causados pelas doenças radiculares em soja
Na década de 1960, a rizoctoniose, ou morte em reboleira da
soja, causada por R. solani, era considerada a principal doença da cultura
(Costamilan, 2000). Comumente ocorria em lavouras recentemente
estabelecidas em campo nativo matando as plantas em áreas mais ou
menos circulares em grandes proporções nas lavouras. Com o passar dos
anos de cultivo observou-se um declínio da ocorrência e da intensidade da
11
doença. Esse declínio observado pode ser atribuído ao desenvolvimento
natural da supressividade do solo (Reis, 1991). O plantio direto pode ter
contribuído para redução no rendimento de grãos na cultura da soja,
causada por rizoctonioze pode chegar a 9.000 toneladas de grãos
(Wrather et al., 1997).
Outra doença radicular e de difícil controle é a podridão
vermelha, causada por Fusarium solani f. sp. glycines. A área de soja
atacada por essa podridão foi estimada em 2,0 milhões de ha na safra
99/00 correspondendo a perdas de US$ 53 milhões no Brasil. Nenhuma
prática cultural tem sido eficiente no controle desta doença e o
desenvolvimento de cultivares resistentes também tem sido difícil
(Yorinori, 2000).
A podridão cinzenta, causada pelo fungo Macrophomina
phaseolina, pode causar perdas entre 20 e 50%, principalmente no caso
de cultivares suscetíveis. No Brasil, no entanto, sob condições tropicais,
muito pouco é conhecido sobre o progresso da doença (Wrather et
al.,1998 e Balardin, 2002).
2.4 Sobrevivência dos fungos causadores de podridões radiculares em
soja
A grande maioria dos fungos envolvidos com o apodrecimento
da semente, morte de plântulas e podridão radicular estão presentes no
solo. Em geral, esses fungos podem sobreviver indefinidamente no solo
por apresentarem habilidade de competição saprofítica, ou seja, são
capazes de trocar de substrato saprofítico no solo, e/ou por formarem
12
estrutruras de dormência como oósporos, clamisdosporos e esclerócios,
permanecendo viáveis por um longo período de tempo, normalmente
superior ao tempo da entre-safra. Outros fungos apresentam baixa
habilidade de competição saprofítica, pois não trocam de substrato no
solo sendo dependentes nutricionalmente da presença dos restos culturais
do hospedeiro (Casa & Reis, 2002).
Os fungos de solo que atacam a soja com maior
predominância na Região Sul do Brasil pertencem aos gêneros Fusarium,
Macrophomina, Pythium, Rhizoctonia e Sclerotinia. Com exceção de
algumas “formae specialis” de Fusarium todos apresentam habilidade de
competição saprofítica, porém todos formam estruturas de dormência o
que dificulta o controle pela rotação de culturas. Outros fungos, como
Phytophthora e Sclerotium são encontrados com menor freqüência (Casa
& Reis, 2002).
Os principais fungos que causam podridões radiculares em
soja são: Rhizoctonia solani, agente causal da morte em reboleira ou
rizoctoniose (RI), Macrophomina phaseoli, causa a podridão cinzenta da
raiz ou carvão (PC), Phytophthora megasperma f. sp. sojae, causa a
podridão negra da base da haste (PN) e Fusarium solani f. sp. glycines
que causa a podridão vermelha (PV), também denominada de morte
súbita da soja (Hartman et al., 1999 e Yorinori, 1993).
13
2.4.1) Rizoctonia solani Kuhn – Morte em reboleira
Pertence a classe dos Deuteromycetes, produz micélio
septado. Ordem Agonomycetales, fungos que não produzem esporos em
meio de cultura. Família Agonomycetaceae, reproduzindo-se através de
esclerócios ou fragmentos de micélio. Gênero Rhizoctonia, apresentam
micélio multinucleado, castanho claro a escuro (Menezes & Oliveira,
1993).
O fungo R. solani pode causar tombamento de plântula,
podridão radicular e da haste e queima das folhas ou mela. No sul do
Brasil, o sintoma de mela não é comum. O tombamento inicia com lesão
castanho-avermelhada, presente na raiz logo abaixo do nível do solo.
Ocorre o estrangulamento do tecido afetado, resultando em murcha ou
tombamento da planta. As condições desfavoráveis para o crescimento
vigoroso da plântula são condições conducivas para o desenvolvimento
do patógeno. Chuvas seguidas de frio e subseqüentemente clima quente
favorecem o patógeno. A temperatura na faixa de 25 a 29 o C é ideal para
o desenvolvimento da doença (Hartman et al., 1999).
Este fungo apresenta uma enorme gama de hospedeiros, como
o feijão, e apresenta habilidade de competição saprofítica (Costamilan,
2000).
O controle pode ser através da rotação de culturas com
gramíneas presente na área (Lange, 1998).
14
2.4.2 Pytophthora megasperma f.sp. sojae Kaufmann & Gerdeman –
Podridão por fitófora
Pertencem a classe Oomycetes, são constituídos de espécies
aquáticas, crescem no solo. Ordem Peronosporales, o micélio é bem
desenvolvido e constituído de hifas cenocíticas que se ramificam
livremente. Família Pythiaceae, as espécies podem ser encontradas como
saprófitas, na água e no solo ou como parasitas de plantas superiores.
Gênero Phytophthora, são parasitas destrutivos e podem sobreviver no
solo, em restos de cultura ou na forma de esporo de repouso (Menezes &
Oliveira, 1993).
O sintoma de podridão de fitófora pode ser encontrado em soja
em qualquer estádio de desenvolvimento. Plantas jovens são muito
suscetíveis e morrem rapidamente. O apodrecimento da semente e o
tombamento podem ocorrer em pré-emergência. Em pós-emergência a
podridão de raiz e da base da haste causa murcha e morte de plântulas. O
sintoma na haste inicia como lesões do tipo tecido encharcado, tornandose negras, com as folhas amareladas e murchas, levando a morte da
plântula. O fungo Phytophothora megasperma f.sp. sojae é muito comum
em solos com textura fina (argilosos), compactados e úmidos. A morte de
plântulas é maior quando a temperatura do solo está na faixa de 27 a 33 o
C (Hartman et al., 1999).
Desenvolve
estruturas
de
resistência
(oósporo),
que
permanecem viáveis no solo por muitos anos (Costamilan, 2000).
O controle pode ser através de cultivares resistentes e melhoria
das condições de drenagem do solo (Hartman et al., 1999).
15
2.4.3 Fusarium solani. f.sp. glycines (Mart.) Sacc. – Podridão
vermelha
Pertence a classe dos Deuteromycetes, fungos que possuem
micélio septado, não apresentam no ciclo de vida a fase sexuada. A ordem
Moniliales, nesta ordem estão os fungos que produzem conídios em
conidióforos livres. Família das Tuberculariaceae, a característica
principal é a presença de esporodóquios. O gênero Fusarium, produz
macroconídios
multiseptados,
arqueados,
em
esporodóquios
e
microconídios em cadeia ou agrupados em falsas cabeças (Menezes &
Oliveira, 1993).
Os sintomas primários da doença, no sistema radicular, são
mais visíveis em plantas com sintomas foliares severos. Externamente,
observa-se inicialmente, o aparecimento de uma mancha avermelhada na
raiz principal, localizada um a dois centímetros abaixo da linha do solo,
que se expande, passando a circular toda a raiz, ao mesmo tempo, que
passa de uma coloração vermelho-arroxeada para um vermelho-castanho
a quase negro (Yorinori, 1993).
O fungo F. solani é habitante do solo, que ocorre em regiões
tropicais e temperaturas, como saprófita ou parasita (Booth, 1971). Está
presente no solo e em restos culturais (Lange, 1998). Apresenta alta
habilidade de competição saprofítica (Costamilan, 2000).
16
Usar cultivares de ciclo precoce, semeaduras mais tardes,
melhoramento na drenagem do solo e descompactação do solo são
manejos usados para o controle deste fungo (Costamilan, 2000).
2.4.4 Macrophomina phaseoli (Tass) Goid – Podridão negra
Pertencem a classe dos Deuteromycetes, fungos que possuem
micélio septado, não apresentam no ciclo de vida a fase sexuada. A ordem
Sphaeropsidales, que abrange os fungos imperfeitos cujos conidiosporos
são formados em picnídios. Família Sphaeropsidaceae, conidiosporos
hialinos
e
unicelulares.
Ao
gênero
Macrophomina,
produz
microesclerócios. Identificação feita com base nas características dos
conídios (Menezes & Oliveira, 1993).
Em tecidos infectados, o fungo produz microesclerócios em
grande quantidade, os qual é a principal fonte de inóculo deste patógeno.
Os sintomas variam de acordo com a idade da planta, durante a infecção,
quando ocorre durante a emergência causa lesões de coloração marrom
escuro, na região do colo. A infecção tende a ser mais severa se houver
baixa umidade do solo e alta temperatura (Almeida et al., 2001).
O fungo infecta as raízes, hastes, folhas e frutos de diversas
espécies vegetais (Almeida et al., 2001).
Uma alternativa de controle seria interferir na biologia e na
sobrevivência do patógeno, através do manejo do solo, promovendo
ambiente inadequado para o desenvolvimento do patógeno (Kending et
al., 2000).
17
2.5 Estratégias de controle das podridões radiculares
As podridões radiculares, em geral, são consideradas as
doenças de controle mais difícil e considerando-se os danos que causam,
tem recebido pouca atenção por parte dos pesquisadores. Podem por isso,
serem consideradas doenças abandonadas pelos investigadores.
Entre as estratégias propostas para seu controle destacam-se a
rotação de culturas e o desenvolvimento de cultivares resistentes,
principalmente para a PN (Podridão negra) e para a PV (Podridão
vermelha). São poucos os trabalhos conduzidos no Brasil relativos ao
controle dessas doenças pela rotação de culturas. Um dos esforços nesse
sentido foi conduzido por Homechim (1983) em Campos Novos, SC.
Geralmente, quando surge uma nova doença a maioria dos
trabalhos concentra-se no desenvolvimento de cultivares resistentes sem
considerar, às vezes, a especificidade do patógeno e a variabilidade
genética do hospedeiro. Embora McNew (1960) tenha discutido este tema
há muito tempo, ele menciona que para as podridões radiculares, ou
fungos infectantes de raízes, deve-se dar preferência na busca de táticas
de controle às práticas culturais.
Garret (1970) classifica os fungos infectantes de raízes em
dois grupos: sem habilidade de competição saprofítica, ou seja, aqueles
que infectam o hospedeiro vivo e após a senescência seguem na fase
parasitária a exploração de seus tecidos, porém, quando houver a exaustão
nutricional ou mineralização perdem juntamente a viabilidade, tornando se substrato para os mais adaptados a vida saprofítica no solo. O exemplo
clássico desse caso é o fungo que causa do mal-do-pé do trigo
18
(Gaeumannomyces graminis var. tritici (Sacc.) Arx. & Oliv.). Como se
pode deduzir esse fungo é facilmente controlável pela rotação de culturas
com espécies alternativas não suscetíveis, como por exemplo, as aveias
ou qualquer outra espécie folha larga (Reis, 1991). Em soja não ocorrem
fungos infectantes de raízes com essa característica. O outro grupo
denominado de fungos com habilidade de competição saprofítica (HCS).
São os mais adaptados à vida saprofítica no solo enfrentando com sucesso
a competição pelo substrato nesse ambiente de pouca disponibilidade
nutricional. Servem de exemplos os fungos dos gêneros: Fusarium,
Macrophomina, Pythium, Phythophtora, Phialophora e Rhizoctonia. As
principais características marcantes desse grupo são a troca de substrato
morto no solo quando os tecidos do hospedeiro se exaurirem e/ou
produzirem estruturas de repouso ou de dormência que lhes permite
sobreviver, livres no solo, por longo período de tempo. Por essa razão não
são controlados pela supressão do alimento através da rotação de culturas
com espécies não hospedeiras (Shipton et al., 1981).
Um controle alternativo para as podridões radiculares como a
causada por Macrophomina poderia ser o uso de rotação de culturas.
Porém, este fungo ataca um grande número de plantas hospedeiras, e tem
a habilidade para sobreviver e se multiplicar em resíduos de plantas
(Pearson et al., 1984; Almeida et.al., 2001).
As doenças casadas por fungos infectantes de raízes com HCS
não são eficientemente controladas pela resistência genética e o controle
com fungicida não é viável em grandes lavouras (Reis et al., 2004).
19
A maneira mais viável, porém á longo prazo, para reduzir os
danos seria o controle biológico pelo desenvolvimento da supressividade
do solo através da rotação de culturas (Reis et al, 2004).
A rotação de culturas controla doenças de plantas através de
dois princípios: (a) Eliminação do substrato, não se cultivando o
hospedeiro por certo período de tempo, pois cedo ou tarde os patógenos
perecerão por inanição por não terem acesso a nova fonte nutricional da
qual são específicos; (b) Exposição à competição microbiana no solo
criando-se condições favoráveis ao desenvolvimento de um grupo
desejado de microrganismos antagonistas do fungo alvo do controle.
Chama-se
a
esse
fenômeno
de
supressividade
do
solo
cujo
desenvolvimento ou manejo é um processo lento (Cook & Baker, 1983).
Solo supressivo é aquele que apresenta inospitabilidade a
alguns fitopatógenos; (a) o patógeno não se estabelece ou não persiste por
muito tempo no solo; (b) ou se estabelece e não causa dano e finalmente
(c) se estabelece, causa dano e depois de vários anos de monocultura
declina (Menzies, 1959; Cook & Baker; 1983). Esses autores ponderam
que a atividade microbiana de alguns solos pode prevenir o
estabelecimento de fitopatógenos ou inibir suas atividades fitopatogênicas
e que quando os antagonistas desejáveis estão presentes no solo, mas num
nível de controle não satisfatório, é desejável intensificar suas atividades
através da alteração da qualidade e na quantidade do substrato fornecido à
microbiota do solo.
Em face do exposto pergunta-se como explorar esses
princípios? Para responder esta questão deve se levar em conta os
seguintes postulados propostos por Cook & Baker (1983):
20
a) A atividade microbiana de alguns solos pode prevenir o
estabelecimento de fitopatógenos ou inibir suas atividades patogênicas;
b) Quando os antagonistas desejáveis estão presentes no solo,
mas com nível de controle não satisfatório, é desejável intensificar suas
atividades pelo manejo da qualidade, da quantidade e da frequência de
fornecimento do substrato;
c) Quanto maior ou mais responsiva for a biomassa
microbiana a qualquer fonte nova de nutrientes, mais intensa será a
competição a ser enfrentada pelos fungos infectantes de raízes;
d) Quanto maior for a atividade microbiana, mais difícil será
para qualquer indivíduo da população microbiana obter nitrogênio,
carbono e energia necessária para o seu crescimento.
Portanto, o manejo da fonte nutricional ou do substrato como
qualidade deste, tem potencial para selecionar grupo específico de
microorganismos habitantes do solo e a resposta à qualidade é devida aos
requerimentos nutricionais diferenciados dos indivíduos que compõem a
microflora normal dos solos (Reis et al., 2004).
21
CAPÍTULO I
EFEITO DA ROTAÇÃO E DA SUCESSÃO DE CULTURAS NA
EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS, NA INTENSIDADE DE
PODRIDÕES RADICULARES E NO RENDIMENTO DE GRÃOS
DA SOJA
NARA LUCIA MARTINS DE MORAES1, ERLEI MELO REIS1 &
GILBERTO OMAR TOMM2
RESUMO: Em experimento conduzido no campo na safra 2002/03 e
2003/04 avaliou-se os efeitos de culturas de inverno, da rotação e da
monocultura de soja sobre a percentagem de emergência de plantas,
intensidade de podridões radiculares e rendimento de grãos da cultura da
soja. Quanto a incidência de podridões radiculares em monocultura foi
registrada valor de até 94%, soja em sucessão a aveia. Para rotação de um
ano, a maior incidência foi de 95%, em sucessão de trigo e pousio. A
menor incidência foi encontrada em rotação de dois anos com 87%.
______________________________
1
Enga. Agra., Mestranda do Programa de Pós Graduação em Agronomia da
Universidade de Passo Fundo (UPF), área de Concentração em Fitopatologia.
2
Orientador, Eng. Agr.,Ph.D., professor de Fitopatologia da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da UPF.
3
Co-orientador, Eng. Agr., Ph.D., pesquisador da Embrapa Trigo, Passo
Fundo (RS).
22
O rendimento de grãos maior foi obtido na soja cultivada em rotação de
um ano (1868 kg/ha). Os fungos isolados do sistema radicular de plantas
mortas foram Macrophomina phaseoli, Phomopsis sp, Fusarium solani,
Fusarium. spp e Colletotrichum sp. O solo da área experimental pode ser
considerado supressivo aos problemas de germinação, emergência e
morte de plântulas de soja. Quanto a seu efeito em reduzir as podridões
radiculares, não detectou-se efeito significativo.
Palavras Chave: Incidência, Fungo, monocultura
23
CAPÍTULO I
EFFECT OF CROP ROTATION AND SUCCESSION ON
SEEDLING EMERGENCE, ROOT ROT INTENSITY AND ON
SOYBEAN YIELD
NARA LUCIA MARTINS DE MORAES1, ERLEI MELO REIS1 &
GILBERTO OMAR TOMM2
SUMMARY: In experiments carried out in the field in the 2002-2003
and 2003-2004 growing seasons the effects of winter crops and soybean
rotation and monoculture on seedling emergence, root rots and, soybean
grain yield were assessed. Under soybean monoculture the root rot
incidence was 90%. Grain yield was higher when soybean was cultivated
__________________________
1
Enga. Agra., Mestranda do Programa de Pós Graduação em Agronomia da
Universidade de Passo Fundo (UPF), área de Concentração em Fitopatologia.
2
Orientador, Eng. Agr.,Ph.D., professor de Fitopatologia da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da UPF.
3
Co-orientador, Eng. Agr., Ph.D., pesquisador da Embrapa Trigo, Passo
Fundo (RS).
24
with one season of rotation with corn. Macrophomina phaseoli,
Phomopsis sp, Fusarium solani, Fusarium. spp and Colletotrichum sp.
were the main pathogenic fungi isolated from infected roots. The soil
from the experimental area may be considered supressive to soybean
problems related to seed germination, seedling emergence and seedling
blight. Nevertheless soil did not show sgnificant effect of supressivness to
root rots.
Key word: Incidence, fungi,monoculture
25
1 INTRODUÇÃO
A cultura da soja tem contribuído decisivamente para a
sustentabilidade econômica da agricultura no Brasil. Sua área de cultivo
está aumentando a cada ano. Um exemplo disso foi a safra 2002/2003 que
atingiu aproximadamente 18 milhões de hectares cultivadas com uma
produção de 50,3 milhões de toneladas (CONAB, 2004).
Tem sido freqüentemente observado no Sul do Brasil, que as
lavouras de soja, conduzidas sob plantio direto, têm apresentado um
decréscimo na população de plantas, devido principalmente à redução no
número de plantas emersas e ao aumento no número de plântulas mortas.
Também se observam plantas com estatura reduzida, normalmente em
reboleiras, mesmo quando as sementes são tratadas com fungicidas.
Em geral, estes problemas se agravam quando, após a
semeadura, ocorre período de excedente hídrico associado com altas
temperaturas (> 25 o C). A situação agrava-se, se as sementes apresentam
baixo vigor e se o solo possui textura argilosa. A ocorrência de períodos
prolongados com deficiência hídrica logo após a semeadura é outra causa
de estresse (Casa & Reis, 2002).
Nas fases de germinação da semente, emergência e
estabelecimento da plântula de soja, comumente são detectadas
anormalidades no desenvolvimento normal de plântulas. Tais anomalias
nem sempre são causadas por microrganismos patogênicos. Essas
alterações são denominadas de doenças não infecciosas, abióticas ou de
causa não parasitária. Apesar da sua ocorrência freqüente, em
praticamente todas as lavouras de soja estabelecida sob plantio direto ou
26
semeadura convencional, existe grande dificuldade, por parte da
assistência técnica, em reconhecer corretamente a causa do problema.
Normalmente a ocorrência de doenças abióticas está
relacionada à semeadura feita em condições adversas. Alguns exemplos
são a semeadura em solo encharcado ou com deficiência hídrica,
semeaduras profundas em solos argilosos, uso de semeadora inadequada
que determinam formação do “empilhamento” da parede lateral do sulco
de semeadura ou semeadoras que fazem a deposição de sementes em
contato com fertilizantes. Após a emergência das plântulas, algumas
injúrias se relacionam com a ocorrência de condições climáticas, como
por exemplo, temperatura do solo elevadas causando cancro de calor no
hipocótilo. O excesso de chuvas, seguido de dias secos e ensolarados,
causa selamento ou encrostamento superficial do solo. Injúrias
ocasionadas por pragas e por herbicidas também são comuns nesta fase,
assim como as deficiências e toxicidades causadas por determinados
nutrientes (Casa & Reis, 2002).
Os danos e as perdas causadas pelas doenças dependem de
sua freqüência de ocorrência e da sua intensidade, as quais são
governadas principalmente pelas condições climáticas predominantes na
região de cultivo e pelas práticas adotadas pelos produtores. Em geral, os
fungos são os principais patógenos causadores de doenças na soja.
Em ordem cronológica, posteriormente se observam nas
lavouras as podridões radiculares.
Embora não se tenha dados que quantifiquem os problemas de
germinação, emergência e estabelecimento das plantas de soja, em todas
as safras, inúmeras são as lavouras com estes problemas.
27
Segundo Gassen (Informação pessoal, 2004), estão ocorrendo
problemas sérios de germinação, cuja causa provável, pode estar
associada ao manejo inadequado de cultivo. Problemas relacionados com
estresses que ocorrem na planta, devido a alta temperatura do solo até 620
C, profundidade de semeadura e selamento do solo, feito pelos discos da
semeadora, também podem estar envolvidos.
Provavelmente os principais fungos que estão presentes e
causando dano na planta, são aqueles habitantes do solo.
Em 1960, McNew, sugeriu que o desenvolvimento de
cultivares resistentes, não seria o melhor método para o controle de
podridões radiculares. As podridões radiculares ou os fungos infectantes
de raízes, deve-se dar preferência na busca de táticas de controle nas
práticas culturais.
As doenças causadas por fungos que infectam de raízes com
habilidade de competição saprofítica, são controlados pela resistência
genética de plantas e o controle com fungicidas não é viável em grandes
lavouras (Reis et al., 2002)
A maneira mais viável, porém á longo prazo, para reduzir
danos é o controle biológico, pelo desenvolvimento da supressividade do
solo, através da rotação de culturas (Reis et al., 2002).
O objetivo do presente trabalho foi desenvolver a
supressividade do solo, pela rotação e sucessão de culturas, de modo a
reduzir a incidência e os danos causados por podridões radiculares da
soja.
28
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Local
O experimento foi instalado no campo experimental da
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da
Universidade de Passo Fundo (UPF), no sistema plantio direto na safra
2002/2003. O experimento foi planejado para ser conduzido por um
período superior a 10 anos, pois as alterações qualitativas e quantitativas
desejadas
na
população
microbiana
do
solo,
selecionando
e
incrementando a população de antagonistas, são fenômenos lentos e
cumulativos.
2.2 Implantação das culturas de inverno na safra 2002
As culturas no inverno de 2002, foram implantadas no sistema
plantio direto, em faixas de 8,3 m de largura por 80 m de comprimento.
No inverno, foram cultivadas a aveia (Avena sativa L.), azevém (Lolium
multiflorum Lam.), ervilha forrageira (Psum sativum), nabo forrageiro
(Raphanus sativus L. var. oleifera Metzg) e o trigo (Triticum aestivum
L.). As três gramíneas obedecem a rotação de culturas entre si e as duas
espécies de folhas largas são intercaladas entre elas. Durante o cultivo de
inverno, é intercalado gramíneas com folhas largas. Mantém-se uma
parcela de pousio no inverno. Pousio consiste na interrupção do cultivo
do solo por um ou mais anos.
29
2.3 Quantificação dos restos culturais das culturas de inverno
Após a colheita de grãos, das culturas de inverno, foi
determinada a quantidade de resíduo cultural remanescente sobre o solo
usando-se para delimitar a área amostrada uma moldura de madeira,
medindo 50 cm x 50 cm. Com uma tesoura cortou-se o resíduo cultural
rente ao nível do solo, eliminado a palha das plantas invasoras. Este
resíduo foi acondicionado em embalagem de papel e sendo secas. Após a
secagem as amostras em laboratório foram pesadas e quantificada a palha
remanescente no solo.
2.4 Quantificação de fungos patogênicos através dos corpos de
frutificação
Os restos culturais das gramíneas cultivadas no inverno foram
cortados, com uma tesoura, em segmentos de aproximadamente dois
centímetros de comprimento. Uma amostra de duas gramas do material
coletado foi previamente desinfestada com hipoclorito de sódio, a 0,5 %,
durante três minutos, seguida de lavagem com água esterilizada. Após o
material foi colocado em caixa gerbox sobre papel filtro e espuma de
nailon úmida, utilizando pinça esterilizada. O material assim preparado
foi incubado em câmara de crescimento, com fotoperíodo de 12 h,
propiciado por lâmpadas fluorescentes, luz do dia de 40 W, distantes das
caixas 40 cm e temperatura de 25o C. Após a incubação por 10 dias, foi
feita a identificação e contagem dos corpos de frutificação, sob lupa
binocular (Zeiss com aumento de 50 X, Stemi 2000 C) .
30
Os dados são apresentados como número de corpos de
frutificação/grama de resíduo e por m2 de solo.
2.5 Implantação da soja na safra 2002/03
No verão 2002/03, foi cultivado a soja, cultivar Monsoy 7101.
A semeadura foi feita em 27 de novembro de 2002, com semeadoura de
plantio direto com disco duplo. A densidade foi de 18-20 sementes/metro
linear, com espaçamento de 43 cm entre linhas, em parcelas de 25 m x 80
m. Nos sistemas de monocultura, rotação com um ano de milho e de dois
anos com milho.
Uma amostra da semente foi submetida ao teste de sanidade,
em laboratório. Para isso foram plaqueadas 400 sementes em gerbox
contendo meio de cultura BDA (batata – dextrose – ágar) de acordo com
Fernandes (1993). Previamente, as sementes foram desinfestadas com
hipoclorito de sódio a 0,5 % durante três minutos. Em câmara de
isolamento de fluxo laminar, utilizando 25 sementes em caixas plásticas
do tipo gerbox (11,5 x 11,5 x 3,4 cm de altura). As sementes foram
incubadas em câmara de crescimento sob temperatura de 25 oC, com
fotoperíodo de 12 horas, proporcionado por lâmpadas fluorescentes, luz
do dia 40 W, distantes das caixas em 40 cm. Decorridos 7 dias de
incubação, procedeu-se a identificação e quantificação de fungos
infectantes das raízes com auxílio de lupa binocular (Zeiss com aumento
de 50 X, Stemi 2000 C).
Os resultados são apresentados como incidência de fungos em
sementes.
31
2.6 Avaliação da emergência de plântulas
A emergência de plântulas de soja foi quantificado contando
em quatro linhas de cinco metros em cada parcela. As avaliações foram
feitas com intervalo de cinco dias, até a estabilização da emergência.
Os resultados são apresentados em número de plantas/m2.
2.7 Avaliação da incidência de podridões radiculares.
A quantificação da incidência das podridões radiculares da
soja foi feita quando as plantas encontravam-se no início da queda das
folhas, no estádio fenológico de R7-R8 (Neumaier et. al, 2000a). Todas
as plantas de quatro linhas com cinco metros lineares. Foram arrancadas e
com um canivete raspado o sistema radicular, removendo solo e o córtex.
Foi considerada infectada a planta que apresentava descoloração dos
tecidos internos das raízes e colo.
A incidência foi determinada através do número de plantas
com sintomas de doença, multiplicadas por 100, dividido pelo número
total de plantas.
Os resultados são apresentados como incidência de plantas
com podridão radicular.
2.8 Rendimento de grãos de soja
32
O rendimento de grãos foi determinado nas mesmas plantas
removidas das parcelas nas quais foi feita a avaliação da incidência das
podridões radiculares.
As plantas sadias foram trilhadas separadamente das plantas
doentes.
Os resultados são apresentados como rendimento de grãos em
kg/ha.
2.9 Isolamento de fungos de raízes
No campo, tomaram-se 50 plantas, ao acaso, com sintomas de
podridão nos órgãos radiculares, na área de monocultura, na de rotação de
um ano e na de rotação de dois anos. Nas raízes infectadas foram
determinados os patógenos envolvidos na sintomatologia do sistema
radicular dessas plantas pelo isolamento dos tecidos descoloridos. Para
isso foram plaqueados cinco pedaços dos tecidos internos da raiz
principal de cada planta, que sofreram previamente assepsia superficial,
com hipoclorito de sódio a 0,5%.
Os isolamentos seram feitos em quatro substratos: 1/4 BatataDextrose-Ágar (1/4 BDA), 12 g de ágar, 50 g de batata, 5 g de glicose em
1000 ml de água destilada, 0,20 g de estreptomicina; Ágar-Água (AA)
(Fernandes, 1993), 12 g de ágar e 1000 ml de água destilada, 0,20 g de
estreptomicina; Farinha de Milho (Fernandes,1993), 17 g de farinha de
milho ágar em 1000 ml de água destilada, 0,20 g de estreptomicina e
Meio de Iprodiona (Segalin & Reis, 2004, no prelo), 12 g de ágar, 50 g de
33
batata, 5 g de glicose, 50 g de iprodiona, 0,20 g de estreptomicina em
1.000 ml de água destilada. Os meios foram vertidos em placas de Petry.
O material foi incubado em câmara de crescimento com
temperatura de 25o C e fotoperíodo de 12 h, propiciado por lâmpadas
fluorescentes, luz do dia 40 W, distantes das placas em 40 cm.
Decorridos
oito
dias
de incubação
foi
realizada a
identificação das colônias dos fungos desenvolvidos. A identificação dos
patógenos envolvidos foi feita com o uso de lupa binocular (Zeiss com
aumento de 50 X, Stemi 2000 C) e de microscópio ótico.
Os resultados são apresentados como incidência dos fungos,
por sistema de cultivo.
2.10 Delineamento experimental e análise estatística
Para que se pudesse obter todas as combinações possíveis das
culturas de inverno com o cultivo da soja e do milho no verão, o
experimento foi conduzido em faixas e com parcelas subdivididas com
quatro repetições. Nas parcelas principais foram dispostos os manejos de
culturas e nas sub-parcelas, as culturas de inverno. No verão cultivou-se
perpendicularmente a soja e o milho sobre as áreas cultivadas com as
culturas de inverno e mais o pousio. No verão a soja foi cultivada em
monocultura e em rotação com milho por um e dois verões.
Os dados foram submetidos ao teste da ANOVA e as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 0,05 de significância.
34
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Quantificação dos restos culturais das culturas de inverno.
A presença e a quantidade de restos culturais remanescentes
sobre o solo após a colheita pode ter efeito sobre a emergência das
culturas semeadas sobre eles bem como servirem de fonte de inóculo de
muitos fitopatógenos necrotróficos.
Em relação aos restos culturais remanescentes no solo das
culturas de inverno, observou-se que aveia (150,56 g m-2) foi a espécie
que deixou a maior quantidade de palha no solo, seguido por trigo
(134,93 g m-2), azevém (130,93 g m-2) e nabo (117,74 g m-2). A ervilha
(68,84 g m-2) apresentou menor a quantidade de palha (Tabela 1).
Neste trabalho quantificou-se os perítécios de Gibberella zeae
(Anamorfo Fusarium graminearum) um importante patógeno das culturas
de trigo e de milho, nos restos culturais das três gramíneas cultivadas
(Tabela 1). Fato importante é que esse fungo tem sido recuperado
inclusive de restos culturais de soja por Baird et al. (1997). Trabalhos
recentes tem proposto que este fungo possa ser patogênico para a cultura
da soja (Yuyama & Henning, 1999).
Embora os fungos Colletotrichum graminicola (Ces.) G. W.
Wils e Gibberella zeae (Schwein.) Petch (Mignucci, 1993) não sejam
citados como patógenos da soja, sua presença nos restos culturais, pode
estar relacionado com a ocorrência de doenças na cultura do milho.
Relatos recentes tem mostrado a infectividade de F.
graminearum à soja Por exemplo, peritécios de G. zeae têm sido
35
encontrados em restos culturais de soja, principalmente no interior de
vagens, após a debulha e que permanecem sobre o solo no plantio direto
(Martinelli et al., 2002). Portanto, devido ao sistema plantio direto, e
quando a soja for cultivada sobre tais restos culturais poderá sofrer ataque
desse patógeno.
Tabela 1: Restos culturais remanescentes no solo (g m-2), número de
acérvulos de Colletotrichum graminicola e peritécios de
Gibberella zeae (n0m-2). Safra 2002/2003. Passo Fundo – RS
Palha
Peritécios
Acérvulos
Culturas
---- g m-2-----------------------nº m-2-------------------Aveia
150,56
12.937
1.553,0
Azevém
130,93
12.936
59,5
Ervilha
68,84
00.000
00,0
Nabo
117,74
00.000
00,0
Pousio
00,00
00.000
00,0
Trigo
134,37
10.830
468,0
Os restos culturais das gramíneas de inverno, servem como
abundante fonte de inóculo para G. zeae. Como esse fungo é citado como
atacando soja, o cultivo da leguminosa, em plantio direto sobre a palha
das gramíneas poderá contribuir para aumentar sua ocorrência e
intensidade em soja (Martinelli et al., 2002).
3.2 Teste de sanidade da semente de soja
Na amostra analisada encontrou-se 9% de Alternaria sp., 2%
de Phomopsis sp., 26% de Cercospora kikuchii e 5% de Fusarium sp..
36
Observou-se que na semente utilizada no presente trabalho foi
a baixa incidência de Phomopsis sp. , apenas 2%. Poderia causar
deterioração da semente e morte ou tombamento de plântulas de soja,
comprometendo assim o estande inicial.
Em relação aos fungos recuperados, a incidência de C.
kikuchii foi a mais elevada. O fungo C. kikuchii não é citado como
patógeno do sistema radicular da soja, porém de seus órgãos aéreos e
sementes (Hartman et al, 1999).
3.3 Avaliação da emergência de plantas
A emergência de plântulas, na monocultura, não diferiu
estatisticamente com semeadura sobre as culturas de inverno. A melhor
emergência foi sobre nabo forrageiro (59,0 plantas m-2) e a aveia (63,7
plantas m-2), embora não diferiram estatisticamente do pousio (56,7
plantas m-2). A emergência mais baixa ocorreu quando a soja foi semeada
nos retos culturais da ervilha (37,7 plantas m-2) (Tabela 2).
Observou-se diferença estatística na emergência para o
sistema de rotação de um ano, apenas quando a soja foi semeada sobre os
restos culturais da ervilha (41,7 plantas m-2) apresentou a menor
população de plantas de soja (Tabela 2).
No sistema de rotação de dois anos, não ocorreu diferença
significativa em relação à emergência de plântulas sobre os restos
culturais das espécies cultivadas no inverno.
37
Quanto às médias gerais de monocultura (51,7 plantas m-2),
de rotação de um ano (54,4 plantas m-2) e de rotação de dois anos (59,6
plantas m-2), a maior emergência ocorreu na rotação de dois anos,
diferindo estatisticamente dos demais manejos (Tabela 2).
As médias de plântulas emersas na monocultura (51,7 plantas
m-2), na rotação de um ano (54,4 plantas m-2) e na rotação de dois anos
(59,6 plantas/m2), estão acima do recomendado pela pesquisa que é de 30
plantas m-2 (Reunião... 2003).
A explicação para o fato de que a soja sobre a ervilha, ocorreu
a menor emergência (46,6) de plântulas de soja, pode estar relacionado
com a menor quantidade de palha (68,84 g). Também pode ser por um
efeito alelopático, patógenos específico da cultura e pragas. Por outro
lado, as culturas de inverno com maior quantidade de palha
proporcionaram as melhores emergências de plântulas de soja (Tabelas 1
e 2). Embora não quantificado é provavelmente um dos fatores o maior
teor de água no solo como abordado por Costamilan (2004).
Fungos associados aos restos culturais do trigo podem estar
envolvidos com a redução da emergência no sistema de monocultura
(Tabela 2)
De um modo geral ocorreu uma melhor emergência de
plântulas de soja quando semeado sobre restos culturais da aveia (150,56
g m-2) e de nabo forrageiro (117,74 g m-2) em 2002/03. A maior
quantidade de palha tende a favorecer a manutenção da umidade do solo e
esta por sua vez favorece a emergência (Neumaier, 2000b).
38
Tabela 2: Efeito de culturas de inverno, do pousio, da monocultura e da
rotação de culturas, na emergência de plantas (nºm-2) de sojasafra 2002/2003
Manejo de Culturas
Média
Culturas
Soja 1
Soja 2
Monocultura
--------------------------------nºm-2--------------------------------Aveia
63,7 a
63,0 a
58,0 n.s.
61,5 n.s
Azevém
48,5 bc
58,7 a
59,5
55,5
Ervilha
37,7 d
41,7 b
60,0
46,6
Nabo
59,0 a
54,2 a
64,2
59,1
Pousio
56,7 ab
55,0 a
61,5
57,7
Trigo
44,7 cd
54,0 a
54,,0
50,9
Média
51,7 B
54,4 B
59,6 A
CV (%): 9,01
Médias não seguidas de mesma letra minúscula na colunas e mesma letra maiúsculas na
linhas, diferem entre si pelo teste de Tukey (p< 0,05).
1
2
Soja 1: Rotação de soja com um ano de milho;
Soja 2: Rotação de soja com dois anos de milho.
No ensaio estabelecido na safra 2003/2004, confirmou-se que
sobre o resto cultural, de ervilha (42,16g/m2) ocorreu a menor
emergência. A maior emergência ocorreu sobre aveia (60,37) e no pousio
(60,45) seguido pelo nabo (56,83) (Tabela 3).
Este fato pode estar relacionado que no pousio não se tem
restos culturais, e também pelo posicionamento destes na superfície do
solo, retarda a decomposição destes, pela maior dificuldade da ação de
microorganismos decompositores. Assim a persistência do patógeno na
palha é maior (Zambolin, et al., 2000).
Nesta safra não houve diferença quanto a emergência de
plântulas de soja nos sistemas de monocultura, de rotação de um ano e de
dois de anos.
39
Em relação a ervilha, embora com a baixa quantidade de
palha, ocorreu a menor emergência (Tabelas 2 e 3). Provavelmente o
efeito negativo não deva estar relacionado com o efeito alelopático da
ervilha sobre a soja (Pitelli, 1985). Por outro lado, não se investigou se
pode ser algum patógeno no resto cultural da ervilha que interferiu na
emergência da soja.
Tabela 3: Efeito de culturas de inverno, do pousio, da monocultura e da
rotação de culturas, na emergência de plantas (nºm-2) de sojasafra 2003/2004
Manejo de Culturas
Culturas
Média
Monocultura
Soja 1
Soja 2
-----------------------------(nºm-2)---------------------------Aveia
59,37
61,12
60,62
60,37 a
Azevém
54,25
57,00
54,25
55,16 b
Ervilha
41,12
43,37
42,00
42,16 c
Nabo
56,12
58,25
56,12
56,83 ab
Pousio
61,37
61,25
58,75
60,45 a
Trigo
56,0
57,87
55,25
56,37 b
Média
54,7 A
56,47 A
54,49 A
CV (%): 7,96
Médias não seguidas de mesma letra minúscula na colunas e mesma letra maiúsculas na
linhas, diferem entre si pelo teste de Tukey (p< 0,05).
1
2
Soja 1: Rotação de soja com um ano de milho;
Soja 2: Rotação de soja com dois anos de milho.
3.4 Avaliação da incidência de podridões radiculares.
A menor incidência de podridão radicular (PR) na
monocultura, ocorreu quando a soja foi estabelecida sobre o resto cultural
40
do trigo (79%). Quando cultivada sobre os demais restos culturais, não
houve diferença estatística (Tabela 4).
Na soja cultivada em rotação de um ano (soja 1), a menor
incidência de PR ocorreu quando a soja foi semeada sobre os restos
culturais do azevém (71%). A maior incidência ocorreu no pousio (95%),
trigo (95%), nabo (94%), ervilha (89%) e aveia (83%) (Tabela 4).
A maior incidência detectada foi no pousio, pode ser atribuído
à menor atividade microbiana presente no solo onde não foi ofertado
substrato no inverno (Reis et al., 2004).
Em relação a rotação de dois anos, a menor incidência de PR
ocorreu na aveia (81%), trigo (85%), seguido de ervilha (86%), nabo
(87%) . A maior incidência ocorreu no pousio (93%), sendo que não
diferiu do nabo e do azevém (91%) (Tabela 4).
Pode-se deduzir pelos dados obtidos que ainda não houve
efeito das culturas de inverno em promover a supressividade do solo e por
conseqüente reduzir significativamente as podridões radiculares da soja.
O efeito supressivo deve ser notado pela redução significativa da
incidência de podridões radiculares da soja no tratamento de monocultura.
Porém, em relação a média geral de incidência houve efeito
estatisticamente significativo em reduzir a incidência em relação a
monocultura (90%), rotação de um ano (88%) e rotação de dois anos
(87%) (Tabela 4).
Fato importante constatado no presente trabalho foi a elevada
incidência das podridões radiculares que oscilaram de 81 a 94%. Mesmo
com rotação de um e dois anos, a incidência de PR, pode ser considerada
muito alta e que estas doenças devem ter ocorrência generalizadas na
41
região sul do Brasil. Esse fato pode contribuir para explicar, em parte, o
baixo rendimento de soja em algumas situações o que, portanto justifica o
trabalho dessa natureza.
Espera-se que com o passar dos anos de cultivo o efeito
supressor aumente surja, aumente de intensidade e reduza a incidência de
podridões radiculares.
Tabela 4: Incidência (%) de podridões radiculares da soja em diferentes
sistemas de cultivo. Passo Fundo – RS – 2002/03
Manejo de Culturas
Culturas
Média
Monocultura
Soja 1
Soja 2
---------------------------------%----------------------------------Aveia
94 a
83 b
81 c
86
Azevém
93 a
71 c
91 ab
85
Ervilha
91 a
89 ab
86 bc
88
Nabo
90 a
94 a
87 abc
90
Pousio
93 a
95 a
93 a
94
Trigo
79 b
95 a
85 bc
87
Média
90 A
88 AB
87 B
CV: (%) 3, 7619
Médias não seguidas de mesma letra minúscula na colunas e mesma letra maiúsculas na
linhas, diferem entre si pelo teste de Tukey (p< 0,05).
1
2
Soja 1: Rotação de soja com um ano de milho;
Soja 2: Rotação de soja com dois anos de milho.
Na área experimental ainda não se observou a ocorrência de
plantas com sintomas de “folha carijó”, característica da podridão
vermelha (PV) ou da podridão parda da haste nem da morte em reboleira
(RI). Os sintomas observados caracterizaram-se pela desfolha precoce de
plantas individuais, não em reboleira, dando a impressão de
42
amadurecimento precoce. Não se detectou no experimento a presença de
plantas mortas podendo-se deduzir que as PR ocorrentes determinaram
doença crônica e não aguda.
3.5 Rendimento de grãos de soja.
O rendimento de grãos mais elevado ocorreu quando a
leguminosa foi cultivada sobre os restos culturais da aveia(1.737kg ha-1),
nabo(1.759kg ha-1 ), trigo(1.716kg ha-1)e ervilha(1.643kg ha-1) Tabela 5.
O menor rendimento ocorreu no pousio (1.565 kg ha-1 ), o que
provavelmente reflete nos baixos níveis de fertilidade, pois as parcelas
deste tratamento não receberão adubação no inverno.
Tabela 5: Rendimento (kg ha-1) de soja em diferentes sistemas de cultivo.
Passo Fundo – RS – 2002/03.
Manejo de Culturas
Culturas
Média
Monocultura
Soja 1
Soja 2
---------------------------------kg há-1--------------------------Aveia
1401
2004
1806
1737 ab
Azevém
1216
1783
1789
1596 bc
Ervilha
1331
1824
1772
1643 abc
Nabo
1364
1848
1841
1759 a
Pousio
1270
1693
1733
1565 c
Trigo
1384
1832
1932
1716 abc
Média
1328 B
1868 A
1812 A
CV (%): 12,59
Médias não seguidas de mesma letra minúscula na colunas e mesma letra maiúsculas na
linhas, diferem entre si pelo teste de Tukey (p< 0,05).
1
2
Soja 1: Rotação de soja com um ano de milho;
Soja 2: Rotação de soja com dois anos de milho.
43
É importante ressaltar que na média geral o rendimento da soja
em monocultura (1.328 kg ha-1) foi estatisticamente inferior ao da soja em
rotação de um ano (1.868 kg ha-1) e de rotação de dois anos(1.812 kg ha-1
)(Tabela 5).
Os rendimentos da soja no experimento nesta safra, podem ser
considerados baixos, considerando a média do Rio Grande do Sul, que foi
de aproximadamente 2.542 kg ha-1 (CONAB, 2004). Este fato pode,
provavelmente se explicar pela incidência elevada de PR.
3.6 Isolamento de fungos das raízes da soja
Os principais fungos envolvidos com as podridões radiculares,
na presente safra 2002/03 na área experimental, foram Macrophomina
phaseoli,
Phomopsis
sp,
Fusarium
solani,
Fusarium
spp.
e
Colletotrichum sp., isolados em quatro diferentes meios de culturas
(Tabela 6, 7, 8 e 9).
O meio de cultura suplementado com iprodiona possibilitou o
isolamento da maior percentagem de Fusarium solani, Colletotrichum e
Fusarium spp. Para os gêneros Macrophomina e Phomopsis sp. a maior
recuperação ocorreu no substrato de ¼ BDA.
44
Tabela 6: Incidência (%) de fungos isolados em meio de iprodiona, do
sistema radicular de plantas de soja com podridão radicular.
Passo Fundo-RS-2002/03
Iprodiona
Culturas
Monocultura
Soja 1
Soja 2
F. solani
Macrophomina.
Phomopsis
Fusarium. sp.
Colletotrichum.
00
11
50
15
00
2,5
0,0
10,0
25,0
25,0
5
15
55
00
00
Tabela 7: Incidência (%) de fungos isolados em meio de Farinha de
milho, do sistema radicular de plantas de soja com podridão
radicular. Passo Fundo-RS-2002/03
Farinha de milho
Culturas
Soja 1
Soja 2
Monocultura
F. solani
Macrophomina
Phomopsis
Fusarium. sp.
Colletotrichum.
00,0
10,0
02,5
00,0
00,0
00,0
32,5
05,0
02,5
00,0
00,0
10,0
00,0
00,0
00,0
Tabela 8: Incidência (%) de fungos isolados em meio de Agar água, do
sistema radicular de plantas de soja com podridão radicular.
Passo Fundo-RS-2002/03
Agar
Culturas
Monocultura
Soja 1
Soja 2
F. solani
Macrophomina
Phomopsis sp.
Fusarium. sp.
Colletotrichum sp.
00,0
20,0
07,5
00,0
00,0
00,0
27,5
05,0
00,0
00,0
00,0
25,0
22,5
00,0
00,0
45
Tabela 9: Incidência (%) de fungos isolados em meio de ¼ de BDA, do
sistema radicular de plantas de soja com podridão radicular.
Passo Fundo-RS-2002/03.
¼ BDA
Culturas
Monocultura
Soja 1
Soja 2
F. solani
Macrophoomina.
Phomopsis sp.
Fusarium. sp.
Colletotrichum sp.
00,0
32,5
87,0
05,0
00,0
00,0
10,0
50,0
02,5
00,0
00,0
17,5
47,5
02,5
00,0
Como se pode observar, não foi isolado Rizoctonia solani o
que pode-se deduzir que a ocorrência desse fungo é localizada a algumas
situações distintas de lavouras e que por isso, ainda não foi constatado na
área experimental.
O fato mais relevante desse trabalho foi a constatação da
incidência elevada de Phomopsis sp. associado a PR da soja. Fungos
deste gênero tem sido citados como atacando os órgãos aéreos da planta.
Por exemplo, pode causar o cancro da haste, seca da haste e deterioração
de semente (Costamilan, 2000). No entanto não se encontrou na literatura
consultada nenhuma referência, relacionando-o com RP da soja. Os dados
dos isolamentos apontam para a possibilidade de Phomopsis sp. estar
relacionado com o debilitamento de plantas no final do ciclo e com RP
da soja.
46
4 CONCLUSÕES
a) O solo da área experimental pode ser considerado
supressivo para os problemas de morte de plântulas de soja.
b) As incidências das podridões radiculares ocorrentes em soja
podem ser consideradas elevadas;
c) Não foi detectado o efeito supressivo do solo para as
podridões radiculares da soja.
47
CAPÍTULO II
PATOGENICIDADE DE PHOMOPSIS SP. EM HASTES E
RAIZES DE SOJA.
NARA LUCIA MARTINS DE MORAES1, ERLEI MELO REIS1 &
GILBERTO OMAR TOMM2
RESUMO: Plantas de soja cultivadas no campo apresentavam sintomas
de amarelecimento e de desfolha precoce, com descoloração parda escura
a negras de 5 – 10 cm, logo acima do nível do solo com diâmetro da
haste, na região descolorida, era menor do que o diâmetro acima e abaixo
desta
área.
A
raiz
principal
destas
plantas,
quando
cortadas
longitudinalmente, apresentava-se morta de coloração branca entremeada
por linhas negras nítidas sem forma característica. Isolamentos feitos
produziram colônias de um fungo semelhante ao gênero Phomopsis
________________________
1
Enga. Agra., Mestranda do Programa de Pós Graduação em Agronomia da
Universidade de Passo Fundo (UPF), área de Concentração em Fitopatologia.
2
Orientador, Eng. Agr.,Ph.D., professor de Fitopatologia da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da UPF.
3
Co-orientador, Eng. Agr., Ph.D., pesquisador da Embrapa Trigo, Passo
Fundo (RS).
48
comumente isolado de sementes, hastes e vagens de soja. A prova de
patogenicidade foi feita em plantas de soja, no estádio V3, em casa-devegetação através de dois métodos de inoculação: método do palito e
incisão feitos a 1,5 cm, na haste, acima do nível do solo. No estádio
R7/R8 procedeu-se à remoção e ao exame do sistema radicular das
plantas inoculadas. Observou-se a presença de sintomas semelhantes
àqueles observados nas plantas no campo, inclusive com a formação de
picnídios dispostos linearmente sobre as hastes a partir do ponto de
inoculação. No re-isolamento a partir dos tecidos mortos, recuperou-se
colônia semelhante à obtida do isolamento das plantas vindas do campo.
As colônias mostraram-se de cor branco creme, com a formação de
picnídios e exsudação apenas de conídios alfa.
Palavras chaves: Isolamentos, desfolha precoce, conídios
49
CAPÍTULO II
PATHOGENICITY OF P. H ON STENS AND ROTS OF SOYBEAN
NARA LUCIA MARTINS DE MORAES1, ERLEI MELO REIS1 &
GILBERTO OMAR TOMM2
SUMMARY: Soybean plants in the field showed symptoms of yellowing
and early falling of leaves compared to healthy ones. Such plants showed
a five to ten centimeter brown-black zone of the stem near to the soil
level. Necrotic area diameter was less than of the healthy tissues above or
below the infected zone. Tap root of infected plants, when splitted,
showed death tissue and clear cut black lines without any definite pathern.
Isolations made recovered colonies of a fungus similar to the genus
Phomopsis oftenly isolated from soybean decayed seeds, stems and, pods.
Pathogenicity test was performed using two methods of inoculation: tooth
_______________________
1
Enga. Agra., Mestranda do Programa de Pós Graduação em Agronomia da
Universidade de Passo Fundo (UPF), área de Concentração em Fitopatologia.
2
Orientador, Eng. Agr.,Ph.D., professor de Fitopatologia da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da UPF.
3
Co-orientador, Eng. Agr., Ph.D., pesquisador da Embrapa Trigo, Passo
Fundo (RS).
50
pick method and stem longitudinal cut done at 1.5 cm, far from soil
surface. Inoculated plants were kept in greenhouse bench. At growing
stage R7/R8 plants were removed from the soil, washed with tap water
and roots examined. Inoculated plants showed symptoms similar to those
in the field, including pycnidia in line close to the inoculation point.
Colonies similar of those from the previous isolations were recovered
from the inoculated plants. Colonies were white-cream, with pycnidia and
cirrhy containing only alfa conidia.
Key Word: Isolation, early falling, conidia.
51
1
INTRODUÇÃO
Inúmeras doenças ocorrem em soja no Brasil (Yorinori, 2000).
Pelas alterações nas práticas culturais e sistemas de cultivo, tem-se
observado o agravamento e o surgimento de novas doenças.
Em trabalho de pesquisa conduzido na Universidade de Passo
Fundo, objetivando o controle de podridões radiculares de soja, pelo
desenvolvimento da supressividade foi observado freqüência alta de
plantas debilitadas, com folhas amareladas, desfolhadas e precocemente
mortas, ostentando sintomas distintos dos descritos na literatura. Nas
plantas debilitadas observou-se uma descoloração parda escura, quase
negra da haste, de extensão de 5 – 10 cm, logo acima do nível do solo. O
diâmetro da haste, na região descolorida era menor do que o diâmetro
acima e abaixo desta área. A raiz principal destas plantas, quando
cortadas longitudinalmente apresentava-se morta, branca entremeada por
linhas negras nítidas sem forma característica.
Isolamentos desses tecidos no meio de cultura de ¼ BDA
(Batata- Dextrose-Ágar), 12 g de ágar, 50 g de batata, 5 g de glicose em
1000 ml de água destilada, 0,20 g de estreptomicina), detectou-se uma
incidência de 61,5 % de um fungo semelhante ao gênero Phomopsis,
geralmente isolado de hastes, folhas e grãos de soja.
Pertence a classe dos Deuteromycetes, fungos que possuem
micélio septado, não apresentam no ciclo de vida a fase sexuada. A ordem
Sphaeropsidales, abrangem os fungos imperfeitos cujos conidiosporos são
formados em picnídios. A família Sphaeropsidaceae, conidiosporos
52
hialinos e unicelulares. O gênero Phomopsis, apresenta picnídios com
dois tipos de conídios, beta e alfa (Menezes & Oliveira, 1993).
Na cultura da soja ocorre um complexo de sintomas causados
por Phomopsis sp. como:
Cancro da haste (Phomopsis phaseoli (Cke. & Ell.) Sacc. f. sp.
meridionalis Morgan-Jones (Morgan-Jones, 1989)). O fungo é altamente
dependente de chuva para disseminar esporos a partir de restos de cultura
para plântulas em desenvolvimento, principalmente nos primeiros 40 a 50
dias após a emergência. Sintoma secundários, apresentam folhas carijó na
forma de reboleiras nas lavouras de soja. Normalmente, a infecção
origina-se na inserção de um ramo lateral e de pecíolos. A lesão resultante
só é observada em um dos lados da haste (Costamilan, 2000).
Seca da haste e da vagem (Phomopsis sojae Lehman (Sinclair,
1982)). A infecção é latente durante a maior aparte da vida de plantas de
soja, os sintomas tornam-se visíveis apenas no fim do ciclo. Ocorre o
surgimento de pequenos pontos negros, chamados picnídios, dispostos em
forma linear principalmente no colo e em nós da haste principal, durante a
maturação da planta (Costamilan, 2000).
Cancro da haste dos Estados Unidos - Phomopsis phaseoli
f.sp. caulivora
Athow & Cald. (Athow & Caldwell, 1954). É mais
agressivo, não produz a frutificação da fase Phomopsis phaseoli.
Em relação à podridão radicular da soja, envolvendo fungos
desse gênero, também não se encontrou nenhum relato na literatura
consultada. O gênero Phomopsis constitui um complexo de doenças
causado em soja. Neste complexo se encontra, o cancro da haste
(Phomopsis phaseoli Sacc. F. sp. meridionalis Morgan-Jones) (Morgan-
53
Jones, 1989). Phomopsis phaseoli Sacc. var. caulivora (K. L. Athow & R.
M. Caldwell) e Phomopsis phaseoli Sacc. var. sojae (S. G. Lehman)
Wehmeyer (Hartman et al, 1999).
Destes são citados no Brasil, o agente do cancro da haste e o
da seca da haste e da vagem Não se encontrou na literatura consultada
nenhuma referência sobre ocorrência no Brasil, de Phomopsis phaseoli f.
sp. caulivora.
Não se encontrou na literatura, referência a infecção de raiz de
soja por Phomopsis sp. Portanto o objetivo deste trabalho foi demonstrar
a patogenicidade de Phomopsis sp., isolados de plantas de soja no campo
com sintomas de podridão radicular.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O teste de patogenicidade foi realizado em casa-de- vegetação,
utilizando-se plântulas de soja, cultivar BRS 154, no estádio fonológico
V3 (Neumaier et al., 2000a).
A soja foi cultivada, em vasos plásticos, medindo cerca de 20
cm de diâmetro e 25 cm de altura, com cinco repetições contendo como
substrato solo não autoclavado. Em cada vaso, foram semeadas cinco
sementes. Foram utilizados dois métodos de inoculação: por palito e
ferimento.
O fungo foi isolado de plantas trazidas do campo apresentando
sintomas de podridão radicular. Os sintomas no lenho radicular se
caracterizaram por apresentar sem descoloração acentuada, com círculos
54
desuniformes, ou linhas negras com bordos bem definidos. Os
isolamentos foram feitos em placas de Petry e as colônias puras
transferidas e mantidas em tubo de ensaio, contendo o meio ¼ BDA
((Batata- Dextrose-Ágar), 12 gr de agar, 50gr de batata, 5gr de glicose em
1000 ml de água destilada, 0,20 gr de estreptomicina). Para aumento do
inóculo transferiu-se o fungo de tubos para placas de Petry, contendo o
mesmo substrato, sendo mantidos em câmara de incubação à temperatura
entre 27º a 28º C e fotoperiódo de 12 horas, propiciado por lâmpadas
fluorescentes, luz do dia 40 W, distantes das caixas em 40 cm.
Palitos-de-dente, cortados em um quarto do seu tamanho,
foram introduzidos em meio de cultura (1/4 BDA), em placa de Petry,
inoculados com Phomopsis sp (Yorinori, 1996). O material foi incubado
em câmara de crescimento com fotoperíodo e 12 h, propiciado por
lâmpadas fluorescentes e temperatura de 25o C. Decorridos oito dias de
incubação foi realizada a inoculação em plantas de soja, no estádio V3. A
inoculação foi feita introduzindo–se o palito na haste, a cerca de 1,5 cm
da superfície do solo tendo– se o cuidado para não atravessar a haste.
A inoculação por ferimento foi feita com o auxílio de um
bisturi, previamente desinfestado, através de um corte no caule. O inoculo
foi introduzido no ferimento, com auxílio de uma agulha histológica
flambada, após o local foi protegido com vaselina (Menezes & SilvaHanlin, 1997). O ferimento foi feito a 1,5 cm da superfície do solo.
A avaliação das plantas inoculadas foi feita quando
encontravam-se no início da queda das folhas, estádios fenológicos R7R8 (Neumaier et al., 2000a). As plantas foram removidas do substrato, o
sistema radicular lavado e em água corrente e com um canivete raspou-se
55
o córtex radicular. Foi considerada infectada a planta que apresentava os
tecidos mortos e com a a presença das linhas negras entremeando os
tecidos internos da raiz.
Para complementar o teste de patogenicidade fez-se o reisolamento do fungo em mesmo substrato dos isolamentos originais, a
partir dos tecidos radiculares mortos. Utilizou-se cinco pedacinhos de
cada raiz colocados em placa de Petry. O material foi incubado em
câmara de crescimento com temperatura de 25o C e fotoperíodo de 12 h,
propiciado por lâmpadas fluorescentes, luz do dia 40 W, distantes das
placas em 40 cm.
Para complementar a identificação do fungo do gênero
Phomopsis sp., observou-se as características morfológicas das estruturas
vegetativas e reprodutivas do fungo, em lupa binocular e em preparações
microscópicas, obtidas a partir de isolados obtidos. Também foram
mensurados a largura e o comprimento de 100 conídios em microscópio
ótico, com objetiva de aumento de 100x (Zeizz).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Quantificação da incidência
Do total de 25 plantas inoculadas em cada tratamento,
observou-se na média dos dois tratamentos, que 13 plantas apresentaram
os sintomas semelhantes aos observados nas plantas doentes do campo
(Tabela 1).
56
Tabela 1:Incidência de plantas de soja sintomáticas e
assintomáticas resultantes da inoculação. Passo
Fundo – 2004.
Métodos de Inoculação
Plantas
Ferimento
Palito
Testemunha
-----------------------( %)-------------------------C/sintomas 36
60
000
S/sintomas
64
40
100
3.2 Isolamento dos fungos presentes nas raízes
Nas plantas de soja inoculadas, procederam-se isolamentos
onde recuperou-se fungos dos gêneros Phomopsis e Fusarium (Tabela 2).
A presença de Fusarium sp, provavelmente pode ser atribuída ao
fato de que o substrato utilizado não foi esterilizado.
Tabela 2: Fungos re-isolados das plantas inoculadas
Fungos
Phomopsis sp
Fusarium sp
Métodos de Inoculação
Ferimento
Palito
Testemunha
-------------------------%-----------------------------21
10
000
16
11
000
3.3 Morfologia das colônias e mensuração de conídios
Morfologicamente as colônias do isolamento original das
plantas do campo e das reisoladas, apresentaram cor branca-cremosa, com
micélio floculento, formação de picnídios e exsudaçao em forma de cirro
cremoso. Essas características são morfologicamente semelhantes à
57
descrita para Phomopsis sojae freqüentemente encontrados em hastes,
vagens e sementes de soja deterioradas (Hartman et al., 1999).
Na mensuração de 100 conídios alfa obteve-se 2,5 – 3,75 x
6,25 – 8,75 µm, para a largura e comprimento respectivamente, estando
dentro dos limites das mensurações descritas por Hartman et al. (1999),
1,5 – 3,5 x 5-9 µm.
58
4 CONCLUSÕES
a) As plantas inoculadas apresentaram sintomas semelhantes
aos das plantas naturalmente infectadas no campo.
b) As colônias do fungo isolado foram semelhantes as do
fungo re-isolado.
c) No meio de cultura não foi encontrado conídios beta,
portanto, ressalta-se a necessidade de mais pesquisas no
assunto.
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