Baixar o arquivo - MEDITAÇÃO CRISTÃ (Portugal)

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Comunidade Mundial de Meditação Cristã
Leitura Semanal - 10/10/2010
“A Oração como Encontro – uma Assembleia de Cristãos e Muçulmanos”- Laurence
Freeman OSB, in “The Tablet – Setembro de 2006 ”
Quando Caim estava prestes a assassinar o seu irmão, sentia-se consumido "pela tristeza e pela ira” – a
reacção visceral comum ao sentimento de rejeição. Deus intervém e pergunta-lhe: “ porque é que estás
triste e zangado?” (. . . ) Mas Deus, de seguida, toca num tema que tem sido negligenciado nesta
controvérsia: a dimensão transcendente da religião. Deus exorta Caim a esperar e a dominar o demónio
“acocorado à sua porta”, caso contrário este irá apoderar-se dele. Na espera há oração. É parente da
coragem da não-violência, da qual Ghandi disse que exige o maior tipo de força. A transcendência nasce
desta paciência profunda. A paciência não é só não interromper alguém ou não se irritar quando o
comboio está atrasado ou não bater no computador quando ele empanca. Controlar a impaciência é um
exercício da mais profunda verdade da virtude da paciência. (O seu significado torna-se mais claro
quando o encontramos na palavra “paixão” - como na “paixão de Cristo”.) (1)
Portanto, por estranho que isto nos soe, há paixão na espera. Os conferencistas, monásticos e
académicos, neste evento ( organizado pela Comunidade em 2006), ilustraram este facto, citando vários
escritores místicos das nossas tradições – Católicos e Sunitas, Ortodoxos e Xiitas – cujos vários temas se
harmonizaram na experiência essencial de todo o tipo de oração: o amor. As pessoas mais religiosas
facilmente negligenciam o óbvio e isto é o mais óbvio e o que mais necessitamos recordar. Os que não
amam, nada sabem de Deus. Não se trata de raciocínio metafísico mas da razão do coração. Toda a
nossa experiência humana no-lo ensina, desde o início da vida e, sem isso, a vida torna-se insuportável.
O amor é a transcendência, o re-centrar da consciência através da acção da atenção paciente ao outro. É
o que fazem os pais, é o que fazem os amantes e é o que as pessoas religiosas devem fazer também se
quiserem ser genuínas.
A forma como rezamos é a forma como vivemos. Vivemos no poder da transcendência se rezarmos com
profundidade; não só o “salat” (2) e a liturgia, mas também a contemplação. O objectivo pleno desta
vida, segundo Santo Agostinho, é abrir os olhos do coração através dos quais vemos a Deus. A
transcendência torna-nos mais humanos porque realiza este projecto humano. Os meios são os que a
religião ensina, se não se equivocar no final: espera, paciência, quietude e, particularmente importante
nesta era de comunicação instantânea, o silêncio. [. . .]
Rezámos o “salat” e dissemos orações cristãs. Mas também nos sentámos em silêncio para a meditação
– nós chamamos-lhe “oração do coração” e eles chamam-lhe “dhikr”. Ela reduz muitas palavras a uma
só, numa rica pobreza de espírito. Neste silêncio, tocámos a universalidade que as palavras
normalmente apenas apontam. Ela não é uma fuga à realidade, mas um abraço à realidade divina que
ambas as tradições conhecem como amor. As relações mudam através desta experiência de silêncio na
transcendência, de maneiras que as palavras não conseguem atingir. Vivemos juntos de uma nova
forma depois de termos estado pacientemente no silêncio do amor.
(1)
Estas duas palavras, em Inglês – “patience” e “passion” – soam de forma parecida e, para além
disso, têm a mesma raiz.
(2) Salat - oração muçulmana, realizada cinco vezes ao dia, com o devoto virado para Meca –
constitui o segundo pilar do Islão)
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos.
Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra
“Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia,
serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa.
Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30
minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
”O Conhecimento pelo Coração e o Aroma a Jasmim de Sentir-se Perto de Deus”
in “A Alma de Rumi : uma Nova Colecção de Poemas Extasiados”
Os Sufis chamam-lhe “conhecimento pelo coração”, para
o camuflar daqueles
que o não devem ouvir. Vem do coração. É por aí que Deus
penetra. Nenhum disparate
pode ser feito ou dito quando a tua consciência está no teu amor
e o teu amor está em
Deus.
Tradução de Rui Gomes Souto
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