Autor: João Paulo Bandeira de Souza – [email protected] Instituição: Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade–UECE Instituição de Fomento: Fundação Cearense de Apoio à Pesquisa - FUNCAP FAVOR E SILÊNCIO NO CONTO UM APÓLOGO O QUE UMA AGULHA E UMA LINHA PODEM NOS ENSINAR SOBRE CULTURA POLÍTICA BRASILEIRA? INTRODUÇÃO O trabalho retoma o conto, Um Apólogo, de Machado de Assis, publicado pela primeira vez em março 1885, na Gazeta de Notícias. Lendo-o a partir da teoria da complexidade e da teoria do imaginário e de pensadores da cultura política brasileira, onde tentamos desenvolver outros caminhos para o ensino de política brasileira. MÉTODOS Tivemos como fundamentos epistemológicos os operadores da complexidade: dialogicidade, recursividade, hologramáticidade, totalidade e a Imaginação Simbólica (DURAND: 1964) Realizamos um estudo de mitocrítica no conto, onde observamos o fluir do “trajeto antropológico”, dos “mitemas”, “enxames”, “ressonâncias”, “homologias” e “semelhanças semânticas”, empreendemos uma “caça aos mitos”. RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisamos as lições dadas, por Machado de Assis, sobre o funcionamento e fundamentos das relações humanas numa cultura política alicerçada no mandonismo, no patrimonialismo, no poder da riqueza material, nas idéias importadas e no poder do capricho pessoal. Onde a análise das relações da tríade: Origem Fidalga, Grossos Cabedais e Relações Pessoais (Chalhoub, 2000), nos fornecem pistas substanciais para que possamos perceber como criamos e recriamos nas mais intimas relações cotidianas, uma sociedade que tem o Favor, como seu mediador quase universal. (SCHWARZ: 2000) Demos ênfase em perceber as relações entre o Mito do Favor, seus arquétipos e imagens com o não-diálogo entre as personagens, Modista e Baronesa, observando os significados simbólicos, políticos, sociais, culturais e humanos desse silêncio. Na melancolia da saleta de costura onde atentamente ouvimos o silêncio das mulheres, em meio a tagarelice das coisas. Silêncio apenas sugerido, pois, o bruxo em genial alerquinada nos leva a uma viagem em vivas cores ao: silencioso e barulhento, violento e glamouroso, conciliatório e contraditório CONCLUSÃO mundo político brasileiro. N’Um Apólogo, temos elementos dos modos como a sociedade brasileira recriava e recria mecanismos que mantinham e mantêm estratégias de dominação, dependências, exclusão e privilégios. Buscamos apreender e compreender, a partir do olhar míope de Machado de Assis, elementos que nos abram possibilidades de invertamos outras formas de olharmos a dinâmica do comportamento político brasileiro para refletirmos sobre as possibilidades, limites e modos de como podemos pensar a aprendizagem da democracia e a aprendizagem dos direitos humanos no Brasil contemporâneo.