controle biológico de pragas em cultivos comerciais como

Propaganda
REVISTA VERDE DE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)
___________________________________________________________________________
CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS EM CULTIVOS COMERCIAIS
COMO ALTERNATIVA AO USO DE AGROTÓXICOS
Alan Martins de Oliveira
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN / Faculdade de Ciências
Econômicas. E-mail: [email protected]
Patrício Borges Maracajá
Universidade Federal Rural do Semi-árido/UFERSA.
E-mail: patrí[email protected]
Edimar Teixeira Diniz Filho
Eng. Agr. M. Sc. SEAPAC Praça Coração de Jesus, s/n
Centro – Mossoró/RN. E-mail: [email protected]
Paulo César Ferreira Linhares
Aluno de Mestrado em Agronomia-Fitotecnia , Departamento de Ciências Vegetais –
UFERSA, Caixa Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN. 1. E-mail:
[email protected].
RESUMO - Objetivando mencionar as possibilidades do uso de controle biológico em
cultivos comerciais por meio de predação, parasitoidismo e entomopatogenia, este artigo
tomou por base dados obtidos por meio de análise em literatura pertinente. Conforme as
referências literárias utilizadas como fonte deste trabalho, é possível afirmar, a respeito do
controle biológico de pragas, que os entomatógenos são os indivíduos mais utilizados em
programas de controle biológico, em função da eficiência. Todavia, o predatismo e
parasitoidismo podem ser incluídos em tais programas, com relativo sucesso, desde que
utilizados em conjunto com técnicas agroecológicas de manejo.
Palavras-chave: Controle biológico, predação, parasitoidismo e entomopatogenia
ABSTRACT - Aiming at to mention the possibilities of the use of biological control in
commercial cultivations through predators, parasites and causal agents of diseases in insects,
this article took for base given obtained through analysis in pertinent literature. As the literary
references used as source of this work, it is possible to affirm, regarding the biological control
of curses, that the causal agents of diseases in insects are the individuals more used in
programs of biological control, in function of the efficiency. Though, the predators and
parasites can be included in such programs, with relative success, since used together with
ecological techniques of handling.
Key Words: Control biological, predator, sponges and causal agent of disease
Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p.01-09 de julho/dezembro de 2006
http://revista.gvaa.com.br
REVISTA VERDE DE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)
___________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
O uso indiscriminado de agrotóxicos
tem sido o padrão de controle de pragas
em
diversas
culturas
plantadas
comercialmente no Brasil e em diversas
partes do mundo.
Com isso, os mais variados
desequilíbrios ecológicos têm sido
verificados em tais plantios, que vão
desde a superpopulação de pragas,
“seleção” de biótipos resistentes,
poluição de solos e aqüíferos até
prejuízos à saúde humana e animal
(GALLO et al., 1988; MONTEIRO et
al.,
2002;
FREITAS,
2003;
TRINDADE, 2005; OLIVEIRA, 2005).
Gallo et al. (1988) acrescenta que
por causa da agricultura, o ser humano
tem proporcionado alimento abundante
para os insetos e com isto, tem ocorrido
o crescimento vultoso de suas
populações.
Por outro lado, referindo-se à
cultura do melão no Brasil, o COEX –
Comitê Executivo de Fitossanidade do
Rio Grande do Norte – menciona que os
fruticultores que destinam sua produção
para exportação, têm recebido forte
pressão
dos
importadores,
especialmente da Europa, no que diz
respeito à segurança fitossanitária –
entendida como uma necessidade
essencial o fato da fruta apresentar a
menor quantidade possível de resíduos
agroquímicos, infestação por pragas e
contaminação microbiológica (COEX,
2005).
Com efeito, uma possibilidade para
esta redução é a substituição, mesmo
que gradativa, dos inseticidas químicos
pelo controle biológico de pragas, que
pode ser entendido como o controle de
insetos nocivos às culturas comerciais
por meio do uso de inimigos naturais.
Trata-se de uma estratégia muito usada
tanto em sistemas agroecológicos, como
na agricultura convencional que se vale do
Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Maracajá (2005) relata que o controle
biológico pode ser de três tipos: clássico
(introdução de organismos para controle de
uma praga numa dada região), natural
(favorecer as populações de inimigos naturais,
por exemplo, não usando produtos químicos
que os afetem) e aplicado (multiplicação em
laboratório dos inimigos naturais e aplicação
em campo).
Na realidade brasileira, Parra & Zucchi
(2004) mencionam que as tecnologias de
controle biológico ainda são pouco estudadas,
sendo limitado o número de pesquisadores
que trabalham com esta linha de pesquisa.
Ressalta-se ainda, que o controle
biológico pode ser usado concomitantemente
com o uso de produtos químicos, desde que o
pesticida seja seletivo para a praga alvo.
Conforme preconizam Gonring et al.
(2003), a seletividade de inseticidas pode ser
classificada em ecológica e fisiológica. A
seletividade ecológica é obtida pela adoção de
técnicas de aplicação que minimizem a
exposição do inimigo natural ao inseticida. Já
a seletividade fisiológica é obtida pelo
emprego de inseticidas seletivos, ou seja, de
compostos que são mais tóxicos às pragas do
que aos inimigos naturais, devido às variações
na sensibilidade destes organismos ao
pesticida.
Dado este contexto e considerando que
existem três tipos de inimigos naturais:
predadores, parasitóides e entomopatógenos,
que podem ser utilizados em plantios
comerciais visando restabelecer os níveis de
populações de insetos em equilíbrio, este
trabalho tem como objetivo mencionar as
possibilidades do uso de controle biológico
em cultivos comerciais, por meio de predação,
parasitismo e entomopatogenia. Para tanto,
baseou-se em dados obtidos por meio de
análise em literatura pertinente.
Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p.01-09 de julho/dezembro de 2006
http://revista.gvaa.com.br
REVISTA VERDE DE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)
___________________________________________________________________________
2. Histórico do método de controle
biológico de pragas
Gallo et al. (1988), citando fatos
históricos a respeito do controle
biológico de pragas, mencionam que o
conhecimento da existência de inimigos
naturais de insetos remonta ao século III
com os chineses usando formigas
predadoras contra insetos de citros.
No começo do século XVIII,
pássaros predadores e joaninhas foram
usados como agentes de controle natural
na Europa, onde chegaram a ser feitas
transferências de insetos predadores
para combater surtos de pragas.
Paralelamente, os naturalistas europeus
evidenciaram
a
importância
de
himenópteros da família Ichneumonidae
que parasitavam lagartas.
Os autores acrescentam que em
1870 foi feita a primeira tentativa oficial
de controlar insetos por meio de
patógenos. A primeira transferência
internacional de um predador (ácaro) foi
realizada em 1873, dos Estados Unidos
para a França, com a finalidade de
controlar Philloxera.
Todavia, o primeiro grande sucesso
de transferência de insetos se deu na
Califórnia, da joaninha Rodolia
cardinalis trazida da Austrália em 1888
para controlar o pulgão branco dos
citros, Icerya purchasi. A partir de
então, o controle biológico expandiu-se
e, atualmente se registram casos de
controles bem sucedidos em diversas
partes do mundo.
Ricardo & Campanili (2005)
mencionam que nas décadas de 1920 e
1930, começam a surgir opositores ao
padrão químico de produção, moto
mecânico e genético da agricultura, o
que impulsionou o surgimento de
algumas vertentes alternativas que
valorizavam o potencial biológico dos
processos produtivos.
Na Europa, de acordo com os autores em
epígrafe, surgiram as vertentes biodinâmica,
orgânica e biológica e, no Japão, a agricultura
natural. Não obstante, no final da década de
1960, tornaram-se mais evidentes os danos
ambientais provocados pela agricultura
convencional, especialmente porque este
período coincide com a chamada revolução
verde, que entre outros padrões tecnológicos,
enfatizava o uso de agrotóxicos com maior
poder biocida e a produção de monoculturas
em larga escala (ALMEIDA, 2001).
Nas últimas três décadas, no entanto, com
o aprimoramento e difusão dos métodos
alternativos, o controle biológico passou a ser
uma ferramenta usual neste tipo de manejo
(CCA, 2005). Prova disto, a Associação de
Agricultura Orgânica, em suas “Normas de
Produção Orgânica” para concessão de
certificação orgânica, no item “produtos e
técnicas permitidas”, menciona textualmente
o uso de controle biológico como um
procedimento adequado ao método de
produção orgânica: “Controle biológico:
aumento ou diversificação da população de
inimigos naturais, que inclui a sua
multiplicação e soltura nos campos” (AAO,
2004, p.09).
Por sua vez, o MIP, procedimento que
também tem sido implantado nos últimos
anos, propõe a associação do controle
biológico com o controle químico, tendo a
preocupação de reduzir o uso deste último o
quanto for possível.
No que se refere às pesquisas científicas a
respeito do controle biológico, já existem
muitos trabalhos publicados em diversas
partes do mundo. Não obstante, o maior
problema apontado por Parra & Zucchi
(2004), é que muitas vezes os trabalhos se
restringem às pesquisas laboratoriais, cuja
aplicabilidade dos resultados para as
condições de campo são limitadas, como por
exemplo: a quantidade de insetos atacados
pelo inimigo natural e o número de insetos
que devem ser liberados para que o controle
biológico seja eficaz, bem como, insuficientes
análises econômicas de viabilidade.
Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p.01-09 de julho/dezembro de 2006
http://revista.gvaa.com.br
REVISTA VERDE DE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)
___________________________________________________________________________
Corroborando
com
esta
prerrogativa, Mendes et al. (2005)
acrescentam ainda que o estudo dos
aspectos técnicos e econômicos da
criação
do
inimigo
natural
é
fundamental para o seu emprego efetivo
como agente de controle biológico no
campo. Todavia, as pesquisas ainda são
limitadas nestas vertentes.
3 Classificação dos inimigos naturais
Existem três tipos de inimigos
naturais de pragas que podem ser
utilizados em sistemas orgânicos de
produção ou em sistemas cujo o MIP
está implantado, são eles: predador,
parasita e entomopatógeno.
a. Predador
Predador é um organismo de vida
livre que durante todo o ciclo de vida
devora suas presas. Na entomologia, é
usualmente maior que a presa e requer a
morte de mais de um indivíduo para
completar o seu desenvolvimento
(GALLO et al., 1988). Alguns
indivíduos fora da Classe insecta podem
estar incluídos na categoria dos
predadores, como por exemplo, algumas
espécies de pássaros. Todavia, a
possibilidade do uso destes indivíduos
em programas de controle biológico é
praticamente inviável e, por isso, não
são considerados neste artigo.
Gallo et al. (1988)
acrescentam que existe registro de 32
famílias
de
insetos
contendo
predadores, dentre as quais, as
consideradas
principais
são:
Pentatomidae (percevejos), Reduviidae
(percevejos
zelus),
carabidae
(coleópteros),
coccinellidae
(coleópteros – joaninha), Chrysopidae
(neurópteros – bicho lixeiro), Syrphidae
(dípteros) e Formicidae (formigas).
A respeito dos coccinelídeos, um dos
grupos mais importantes de predadores,
Oliveira et al. (2004), estudando a predação
de três espécies de joaninhas no ciclo
biológico do pulgão gigante dos pinus
(Cinara atlântica), verificaram que ninfas da
praga são adequadas como alimento para as
três espécies de coccinelídeos, assegurando
seu desenvolvimento e reprodução. Logo, tais
coleópteros podem contribuir para a redução
da população de Cinara no campo.
Todavia, Cividanes & Yamamoto (2002)
acrescentam que determinadas técnicas de
cultivo contribuem para o favorecimento de
predadores. Eles estudaram a influência da
consorciação das culturas de soja e milho e do
plantio direto na dinâmica populacional das
pragas e dos seus inimigos naturais nas
condições de Jaboticabal-SP. Concluíram que
na soja, adultos de Anticarsia gemmatalis e
do predador Cycloneda sanguinea foram mais
abundantes em plantio direto. Nas condições
de consorciação, verificou-se baixo número
de Diabrotica gracilenta na soja, enquanto
que os predadores C. sanguinea, Doru sp.,
Geocoris sp. e Toxomerus sp. ocorreram em
alta densidade.
A respeito da análise de viabilidade de
multiplicação e uso de predadores em campo,
Mendes et al. (2005) estimaram o custo de
produção por indivíduo do predador Orius
insidiosus, considerando uma produção de
33.000 percevejos.mês-1, na ordem de US$
0,069, levando-se em consideração custos
fixos e variáveis. Este parâmetro é decisivo na
criação massal do referido predador, visando
sua utilização como agente de controle
biológico de tripes.
b. Parasita (parasitóide)
Os parasitas de insetos possuem tamanho
inferior ao seu hospedeiro e exigem apenas
um indivíduo para completar o seu
desenvolvimento. Em função de seu tamanho
reduzido são chamados de parasitóides (Gallo
et al., 1988).
Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p.01-09 de julho/dezembro de 2006
http://revista.gvaa.com.br
REVISTA VERDE DE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)
___________________________________________________________________________
O parasitismo pode ocorrer nas
diversas fases de desenvolvimento da
praga: ovo, larva (ninfa), pupa e adulto.
O inseto penetra na estrutura física do
hospedeiro, normalmente matando-o
após determinado tempo.
As
principais
famílias
de
parasitóides
são,
na
ordem
hymenoptera: Braconidae, Cynipidae,
Icneumonidae,
Pteromalidae,
Eulophidae e Tachinadae; e, na ordem
Díptera: Tachinadae.
Alguns exemplos de aplicação
prática no Brasil são apresentados por
Maracajá (2005): Parasitóide Cotesia
flavipes, foi introduzido no país para
controlar a broca da cana; O Trissolcos
basalis, nativo do Brasil, é utilizado
como controle do percevejo da soja; e, o
Trichogramma
pretiosum,
foi
introduzido para controle da broca do
tomate.
A
respeito
do
gênero
Trichogramma, Parra & Zucchi (2004),
fazem um levantamento dos programas
de utilização destes parasitóides em
vinte anos de existência do Núcleo de
Pesquisa da ESALQ, em Piracibaca-SP.
Além do uso no tomate, o
Trichogramma também já é utilizado
em
campo,
na
cana-de-açúcar,
parasitando ovo de broca da cana
(BOTELHO et al., 1995); no milho,
parasitando ovo de Helicoverpa (SÁ et
al., 1993), e de Spodoptera frugiperda
(BESERRA & PARRA, 2005); em
feijão e soja, parasitando ovo de A.
gemmatalis e na laranja, parasitando
ovo de E. aurantiana.
Parra & Zucchi (2004), referem-se
ainda ao fato de que a maior carência no
estudo
de
Trichogramma
está
relacionado à seletividade de produtos
químicos e à análise de eficiência e
custo, se são compatíveis com a
rentabilidade da cultura e comparável a
métodos de controle tradicionais.
c. Entomopatôgeno
Os entomopatógenos responsáveis pelas
doenças de insetos, são: vírus, fungos,
bactérias e nematóides (Gallo et al., 1988).
Na prática, estes indivíduos são os mais
usados nos métodos de controle biológico.
Um aspecto importe no uso dos referidos
inimigos naturais, é o método de
multiplicação em laboratório, que requer
técnicos especializados, bem como a
necessidade de se purificar o material, pois
nesta etapa de multiplicação se usa com
freqüência a própria praga como hospedeira.
Entretanto,
vários
estudos
são
direcionados para a utilização de hospedeiros
alternativos, como o trabalho produzido por
Maracajá et al. (1999), que após ter
identificado a infectividade do VPNA (Vírus
da Poliedrose Nuclear) de Agrotis segetum,
realizaram ensaios com larvas em vários
estágios de dois hospedeiros alternativos:
Agrotis ipsilon e Peridroma saucia, porém, a
baixa produtividade do baculovirus em ambos
os casos, inviabiliza economicamente o uso
destes hospedeiros.
Em outra linha de pesquisa, Neves &
Hirose (2005), estudando o fungo Beauveria
bassiana, entomopatógeno da broca-do-café,
Hypothenemus hampei, avaliaram a virulência
de 61 isolados do fungo. Como resultados, o
isolado CG425 apresentou maior mortalidade
total e maior taxa de esporulação e o isolado
CB102, apresentou maior produção de
conídios sobre os cadáveres. Esses isolados
apresentam potencial para serem utilizados
em programas de controle biológico da brocado-café com B. bassiana.
Contudo, já existem vários exemplos da
utilização destes inimigos naturais, que após
identificados são multiplicados em laboratório
e aplicados em campo. Na Tabela 01, estão
apresentados alguns exemplos de sucesso
destes agentes biológicos, com as respectivas
pragas-alvo e os métodos de aplicação.
Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p.01-09 de julho/dezembro de 2006
http://revista.gvaa.com.br
REVISTA VERDE DE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)
___________________________________________________________________________
TABELA 01 – Exemplos de microorganismos usados no controle biológico de pragas
Agente Biológico
Fungo Metarhizium
anisopliae
Fungo Metarhizium
anisopliae
Fungo Beauveria
bassiana
Fungo Insectonrum
sporothrix
Vírus Baculovírus
anticarsia
Vírus Baculovírus
spodoptera
Vírus Granulose
Nematóide Deladendus
siridicola
Bactéria Bacillus
thuringiensis
O que ele ataca
Cigarrinha da folha da
cana-de-açúcar
Broca dos citrus
Como se aplica
O fungo é pulverizado e, em contato com o corpo do
inseto, causa doença.
O fungo é polvilhado nos buracos da planta
contaminando a praga.
Besouro "moleque-daO fungo é aplicado em forma de pasta em pedaços
bananeira"
de bananeira que são colocados ao redor das árvores
servindo de isca.
Percevejo "mosca-deO fungo é pulverizado e, em contato com o corpo do
renda"
inseto, causa doença.
Lagarta da soja
Pulverizado sobre a planta o vírus adoece a lagarta
que se alimenta das folhas.
Lagarta do cartucho do Pulverizado sobre a planta, o vírus adoece a lagarta
milho
que se alimenta da espiga em formação.
Mandorová da mandioca Pulverizado sobre a mandioca o víris é nocivo à
praga.
Vespa-da-madeira
Em forma de gelatina, o produto é injetado no tronco
da árvore esterelizando a vespa.
Lagartas desfolhadoras Pulverizado sobre a planta o Dipel é nocivo às
lagartas
Fonte: Almeida (2001)
manejo
manejo agroecológico de pragas, o roteiro a
seguir é apontado por Burg & Mayer (1999):
Segundo
os
princípios
da
Agroecologia, a superação do problema
do ataque de pragas só será alcançada
por meio de uma abordagem mais
integrada dos sistemas de produção
(RICARDO & CAMPANILI, 2005).
Isso significa intervir sobre as causas
do surgimento de tais pragas e aplicar o
princípio da prevenção, buscando a
relação do problema com a estrutura e
fertilidade do solo, e com o
desequilíbrio nutricional e metabólico
das plantas.
O controle biológico, assim como
qualquer estratégia dentro de um
sistema agroecológico de produção,
jamais poderá ser a única solução, mas
deve ser apenas o veículo para que
conhecimento
e
experiência
acumulados se manifestem na busca de
soluções específicas para cada área
produtiva.
Para se aplicar adequadamente o
1° Reconhecimento das pragas-chave da
cultura: Identificar qual o organismo que
causa maior dano à cultura, é fundamental
para a adoção de práticas que incentivem a
reprodução de seus principais inimigos
naturais ou que criem condições ambientais
desfavoráveis à multiplicação do organismo
indesejável.
4 Estratégias para
agroecológico de pragas
o
2° Reconhecimento dos inimigos naturais
da cultura: Conhecer as principais espécies
de inimigos naturais e favorecê-las através de
diversas práticas, como manejo do mato
nativo, adubação orgânica, preservação de
fragmentos florestais e consórcios, entre
outras.
3° Amostragem da população dos
organismos
prejudiciais: Monitorar
a
presença das pragas através da contagem de
ovos, larvas e organismos adultos.
4° Escolher e utilizar as táticas de controle:
Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p.01-09 de julho/dezembro de 2006
http://revista.gvaa.com.br
REVISTA VERDE DE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)
___________________________________________________________________________
Determinadas pragas persistem no
ambiente e podem ultrapassar os limites
do equilíbrio. Nestes casos, a adoção
apenas de medidas preventivas não é
suficiente. Assim, quando existem
ameaças destes insetos promoverem um
dano econômico às culturas, se faz
necessário a adoção de práticas
"curativas",
que
atuam
como
"remédios" para as plantas, como por
exemplo o uso das caldas bordalesa ou
sulfocálcica.
5 Considerações finais
O controle biológico de pragas é um
procedimento útil na tentativa de
minimizar os efeitos do uso
desordenado de agrotóxicos na
6. REFERÊNCIAS
BIBILIOGRÁFICAS
ALMEIDA,
S.G.
de.
Crise
Socioambiental
e
Conversão
Ecológica da Agricultura Brasileira.
Rio de Janeiro: AS-PTA, 2001. 180p.
ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTURA
ORGÂNICA – AAO. Normas de
produção orgânica. São Paulo: AAO.
2004, 21p.
BESERRA, E.B.; PARRA, J.R.P.
Impact of the number of Spodoptera
frugiperda egg layers on parasitism by
Trichogramma atopovirilia. Sci. Agric.
(Piracicaba, Braz.), v.62, n.2, p.190193, Mar./Apr. 2005.
BOTELHO, P.S.M.; PARRA, J.R.P. ;
MAGRINI, A.; HADDAD, M.L.;
RESENDE, L.C.L. Efeito do número de
liberações de Trichogramma galloi
(Zucchi, 1988) no parasitismo de ovos
agricultura, tanto em produções orgânicas,
como em programas de Manejo Integrado de
Pragas.
As três categorias de inimigos naturais de
pragas, podem ser usadas em programas que
possuam esta finalidade. Todavia, as
pesquisas analisadas nesta revisão de
literatura na são conclusivas quanto aos
procedimentos técnicos, comparação de
eficiência com os métodos químicos e análise
de viabilidade econômica.
Em se tratando de uma proposta de
manejo agroecológica, o roteiro a ser seguido
exige os seguintes passos: reconhecimento
das pragas-chave da cultura; reconhecimento
dos inimigos naturais da cultura; amostragem
da população dos organismos prejudiciais; e,
finalmente, escolha e utilização das táticas de
controle.
de Diatraea saccharalis (Fabr., 1794). Sci.
Agric., Piracicaba, 52(1): 65-69, Jan./Abr.,
1995.
BURG, I.C.; MAYER, P.H. (orgs). Manual
de Alternativas Ecológicas para Prevenção
e Controle de Pragas e Doenças. Paraná:
Assessora, 1999. 7a edição.
CCA - Centro de Ciências Agrárias –
Universidade Federal de São Carlos História
da
agricultura
orgânica.
<http://www.cca.ufscar.br/vidaverde/historico
_agro_vv.htm> Araras/SP: UFSCAR. acesso
em 08.11.2005
CIVIDANES, F.J.; YAMAMOTO, F.T.
Pragas e inimigos naturais na soja e no milho
cultivados em sistemas diversificados.
Scientia Agricola, v.59, n.4, p.683-687,
out/dez. 2002.
COEX – Comitê Executivo de Fitossanidade
do Rio Grande do Norte. Somando esforços
para o desenvolvimento da fruticultura
norteriograndense. Mossoró: 2005. 9p.
(Informativo).
Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p.01-09 de julho/dezembro de 2006
http://revista.gvaa.com.br
REVISTA VERDE DE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)
___________________________________________________________________________
FREITAS, J.A.D. Normas técnicas e
documentos de acompanhamento da
produção integrada de melão.
Fortaleza:
Embrapa
Agroindústria
Tropical, 2003. 89p.
GALLO,
D.;
NAKANO,
O.;
SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO,
RP.L.; BATISTA, G.C. de; BERTI
FILHO, E.; PARRA, J.R.P; ZUCCHI,
R.A.; ALVES, S.B. Manual de
entomologia agrícola. São Paulo: Ed.
Agronômica Ceres, 1988, 531p.
GONRING, A.H.R.; PICANÇO, M.C.;
LEITE, G.L.D.; SUINAGA, F.A.;
ZANUNCIO, J.C. Seletividade de
inseticidas a Podisus rostralis (Stal)
(Heteroptera: Pentatomidae) predador
de lagartas desfolhadoras de eucalipto.
Rev. Árvore, Viçosa-MG, v.27, n.2,
p.263-268, 2003.
MARACAJÁ. P. B. Controle biológico
de pragas. Nota de aula ministrada na
UFERSA, Mossoró, maio de 2005. 3p.
MARACAJÁ. P. B.; OSUNA, E.V.;
ÁLVAREZ, C.S. Vírus da Poliedrose
Nuclear de Agrotis segetum (Denis &
Schiffermüller, 1775) (VPNAs) e sua
produção em hospedeiros primário e
alternativos Agrotis ipsilon (Hufnagel,
1766) e Peridroma saucia (Hubner,
1808) . Rev. Caatinga, Mossoró, v.12,
n.1/2, p.49-54, dez 1999.
MENDES, S.M.; BUENO, V.H.P.;
CARVALHO, L.M.; REIS, R.P. Custo
da produção de Orius insidiosus como
agente de controle biológico. Pesq.
agropec. bras., Brasília, v.40, n.5,
p.441-446, maio 2005.
MONTEIRO, L.B.; SOUZA, L.B.A. de,
WERNER,
A.L.
EFEITO
DO
MANEJO DE PLANTAS DANINHAS
SOBRE Neoseiulus californicus (ACARI:
PHYTOSEIIDAE)
EM
POMAR
DE
MACIEIRA. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal
- SP, v. 24, n. 3, p. 680-682, Dezembro 2002.
NEVES, Pedro M.O.J. e HIROSE, Edson.
Seleção de isolados de Beauveria bassiana
para o controle biológico da broca-do-café,
Hypothenemus hampei (Ferrari) (Coleoptera:
Scolytidae). Neotrop. Entomol., jan./fev.
2005, vol.34, no.1, p.77-82.
OLIVEIRA, A. M. de. Controle integrado
da mosca branca em plantio comercial de
melão, através do controle químico e
biológico no município de Baraúna/RN.
Mossoró: UFERSA, 2005. 14p. (Anteprojeto
de Tese).
OLIVEIRA, N.C. de; WILCKEN, C. F.;
MATOS, C.A.O. de. Ciclo biológico e
predação de três espécies de coccinelídeos
(Coleoptera, Coccinellidae) sobre o pulgãogigante-do-pinus Cínara atlantica (Wilson)
(Hemiptera, Aphididae). Revista Brasileira
de Entomologia. 48(4): 529-533, dezembro
2004.
PARRA,
J.R.P.;
ZUCCHI,
R.A.
Trichogramma in Brazil: Feasibility of Use
after Twenty Years of Research. Depto.
Entomologia, Fitopatologia e Zoologia
Agrícola,
ESALQ/USP.
Neotropical
Entomology. 33(3):271-281 (2004).
RICARDO, B. & CAMPANILI, M. (Orgs.).
Almanaque Brasil Socioambiental. São
Paulo: ISA - Instituto Socioambiental, 2005.
SÁ, L.A.N. de; PARRA, J.R.P.; SILVEIRA
NETO, S. Capacidade de dispersão de
Trichogramma pretiosum Riley, 1879 para
controle de Helicoverpa zea(BODDIE, 1850)
em milho. Sci. Agric., Piracicaba, 50(2): 226231, jun./set., 1993.
TRINDADE, M. S. de A. Efeito de
derivados de nim e sua associação com
Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p.01-09 de julho/dezembro de 2006
http://revista.gvaa.com.br
REVISTA VERDE DE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
GRUPO VERDE DE AGRICULTURA ALTERNATIVA (GVAA)
___________________________________________________________________________
defensivos comerciais no controle de
mosca branca, em meloeiro em
Baraúna-RN. 2005. 46 p. Dissertação
(Mestrado em Agronomia) – Escola
Superior de Agricultura de Mossoró,
Mossoró, 2005.
Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p.01-09 de julho/dezembro de 2006
http://revista.gvaa.com.br
Download