Empreendedorismo: herança genética ou meio social em que está inserido? Francisca de Paula Almeida Nascimento1; Denison Luiz Rodrigues Leite1; Zaidiana Lemos Zaidan 1* 1 Faculdade de Integração do Sertão – FIS Resumo Hoje o Brasil vive um novo cenário com relação ao empreendedorismo e a cada dia aumentam as discussões, em torno de seu perfil, suas origens. Até pouco tempo acreditava-se que as pessoas herdavam dos familiares as habilidades, talentos e características de empreendedores. Outra vertente abordava que o empreendedor é um ser social, assim sendo é fruto da relação constante entre talentos e característica individuais e o meio em que vive. Mesmo que as pessoas herdem características da família na sua formação de personalidade, outras são adquiridas em ambientes sociais extra-familiares, ou seja, na escola, com amigos, no trabalho, na igreja. A sociedade oferece inteligência interpessoal no desenvolvimento cognitivo empreendedor de qualquer individuo. Este artigo tem como objetivo ampliar a discussão envolvendo herança familiar e o meio social e o que ambos acarretam na formação das características de empreendedor, de ser empreendedor. Na resolução do problema de pesquisa utilizou-se de pesquisa bibliográfica exploratória e entrevista. A realização deste trabalho proporcionou conhecer um pouco mais sobre a relação permanente entre genética e o meio social na construção de empreendedores de sucesso. Constatou-se que está longe de concluir esta discussão. Palavras-chave: Empreendedorismo. Herança Genética. Meio Social. * Autoria para correspondência: Zaidiana Lemos Zaidan. Rua João Luiz de Melo, 2110, Tancredo Neves, Serra Talhada-PE, CEP 56.909-205. [email protected] RESAC – Revista Sociedade, Administração e Contemporaneidade Ano 1, Vol. 1, p.33-39, set. 2011 ISSN: 2237-0528 1 Introdução Na atual estrutura empresarial da economia brasileira, o empreendedorismo é um dos motores fundamentais para alavancar essa economia. (DEGEN, 2009). Este possibilita que as pessoas, na busca de novos patamares, intervenham, inovem e criem produtos e serviços para o mercado, sendo de vital importância para o desenvolvimento da sociedade. Dolabela (2008) corrobora tal afirmativa quando diz que o desenvolvimento de uma região tende estar diretamente relacionado com o grau de empreendedorismo desta comunidade. Isto ocorre, pois, de acordo com o mesmo autor, o empreendedorismo é considerado como fenômeno incentivador da competitividade organizacional, apresentando-se como uma ferramenta eficiente no desenvolvimento do mercado. Dessa forma, cada vez mais tem sido incentivado no mundo dos negócios e acrescentado nas grades curriculares dos cursos de graduação até mesmo no ensino médio. A partir de tais afirmativas, têm-se duas hipóteses: empreendedor é fruto de herança genética (herdada de pais para filhos) ou está relacionado ao meio social em que o indivíduo está inserido, no qual desenvolve seus talentos e características de sua personalidade transformando-os em empreendedores? Para facilitar a compreensão e o entendimento das duas hipóteses, o artigo traz alguns pontos importantes para esses questionamentos como a origem, as definições e perfil de empreendedores. Assim, este artigo tem como propósito, ampliar a discussão concebida sobre a possibilidade de se aprender a ser empreender, explanar se existe uma resposta concreta quanto às duas hipóteses já explanadas. 2 Origem do Empreendedorismo O termo empreendedor é derivado da palavra francesa entrepeneur, que foi usada pela primeira vez em 1725, pelo economista irlandês Richard Cantillon para designar o “individuo que assumia riscos” e em 1800 corroborado por Jean Baptiste Say (RODRIGUES, 2008) Schumpeter (1978 apud Rodrigues, 2008, p. 05) associa o empreendedorismo à inovação ao afirmar que: a essência do empreendedorismo está na percepção e aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios; tem sempre que a ver com a criação de uma nova forma de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam deslocados do seu emprego tradicional e sujeito a novas combinações. A palavra empreendedor tem quase três séculos de existência. O século XVI foi movido pela efervescência das feiras internacionais da época que ficou conhecida com período das Grandes Navegações. Holandeses, ingleses, portugueses e espanhóis são os grandes representantes desse movimento, expandindo suas missões empreendedoras pelos demais continentes do mundo. (ALFREDO, 2009). 3 Análise Histórica do Surgimento do Empreendedorismo Um primeiro exemplo de definição de empreendedorismo pode ser creditado a Marco Pólo, que tentou estabelecer uma rota comercial para o Oriente. Enquanto o capitalista era alguém que assumia riscos de forma passiva, o aventureiro empreendedor assumia papel ativo, correndo todos os riscos físicos e emocionais. (BERNARDI, 2008) Dornelas (2001, p. 27) ressalta que na Idade Media o termo empreendedor foi utilizado para definir aquele que gerenciava os projetos, utilizando os recursos disponíveis, geralmente proveniente do governo do país. Mediante a afirmação de Dornelas pode-se constatar que o empreendedor tem um papel importante na sociedade, abrangendo características como a criatividade, organização, planejamento, liderança, visão de futuro, coragem para seguir em frente. A partir do século XVII surgem os primeiros indícios de relação entre assumir riscos e empreendedorismo, em que o empreendedor estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. (MURARA, 2011) Richard Cantillon, considerado por muitos um importante escritor e economista do século XVII, é um dos criadores do termo empreendedorismo, sendo um dos primeiros a diferenciar o empreendedor (MURARA, 2011) Foi no século XVIII que o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados, provavelmente devido ao inicio da industrialização que ocorria no mundo (MURARA, 2011) 2 RESAC – Revista Sociedade, Administração e Contemporaneidade Ano 1, Vol. 1, p.33-39, set. 2011 ISSN: 2237-0528 E finalmente no final do século XIX e inicio do século XX, os empreendedores foram freqüentemente confundidos com os gerentes ou administradores (o que acontece até os dias atuais), sendo analisados meramente de um ponto de vista econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalismo. 3.1 Empreendedorismo no Brasil Foi a partir do século XVII que os portugueses, perceberam o grande potencial de exploração do território brasileiro. Dentre os homens que realizaram os mais diversos empreendimentos, destaca-se Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, descendentes dos primeiros empreendedores portugueses, o mesmo foi responsável pela fabricação de caldeiras de maquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes, prensas, armas e tubos para encanamentos de água. (ALFREDO, 2009). No decorrer do século XX outros empreendedores também deixaram suas marcas na historia do Brasil, assim como: Luiz de Queiróis – precursor do agronegócio brasileiro e grande incentivador da pesquisa cientifica no setor; Attilio Francisco Xavier Fontana – seu legado maior foi à criação do Grupo Sadia (atual Brasil Food, resultado da fusão entre Sadia e Perdigão); Valentim dos Santos Diniz – fundador da rede de supermercados Pão de Açúcar, revolucionou o varejo com novas formas de atendimentos ao cliente, alterações nos sistemas de embalagem refrigeração, técnicas de venda, publicidade e administração, influenciando padrões de consumo e comportamento; Guilherme Guinte – proprietário da companhia Docas de Santos, da companhia Siderúrgica Nacional e responsável pela abertura do primeiro poço petróleo no Brasil; Wolff Klabin e Horacio Lafer – criadores da primeira grande industria de celulose brasileira, a Klabin; José Ermírio de Moraes – responsável pela transformação da sociedade anônima Votorantim em um grande conglomerado, o Grupo Votorantim (ALFREDO, 2009) O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar forma na década de 90, quando entidades com SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e SOFTEX (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram criadas, antes disso, praticamente não se falava em empreendedorismo. (ALFREDO, 2009) No Brasil, historicamente o índice de empreendedorismo de oportunidade tem estado abaixo do índice de empreendedorismo de necessidade, mas nos últimos anos tem-se percebido uma melhora a até reversão desta tendência. 4 Revolução do Empreendedorismo Em curtos períodos de tempo o mundo tem passado por varias transformações, principalmente no século XX, quando foi criada a maior das invenções que revolucionou o estilo de vida das pessoas: a tecnologia. (SCHIMIDT, DOMINGUES, HOELTGEBAUM, 2005.) Essas invenções são frutos de inovação, de algo inédito ou de uma nova visão de como utilizar coisas já existentes, mas que antes nunca ousou olhar de outra maneira. É o empreendedor que identifica uma nova forma de fazer algo que já existe no mercado, são pessoas diferenciadas, que fazem e não se satisfazem em ser mais um na multidão, querem ser reconhecido e admirado, referenciado e imitado, pois tem o objetivo de deixar um legado. A ênfase do empreendedorismo surge muito mais com a conseqüência das mudanças tecnológicas e sua rapidez e não é apenas um modismo. A competição na economia também força o novo empresário a adotar diferentes paradigmas. (BESSONE, 2000, p.43) Para o mesmo autor, o momento atual pode ser chamado era do empreendedorismo, pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras culturais, comerciais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade. O contexto atual está favorável para o aparecimento de um número cada vez maior de empreendedores. (DORNELAS, 2005 apud PEREIRA, SOUSA, 2011). No Brasil, a TEA (Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial) de 2010 foi de 17,5%, a maior desde que iniciou a pesquisa GEM no país, a pesquisa demonstra a tendência de crescimento da atividade empreendedora, considerando a população adulta brasileira de 120 milhões de pessoas. 3 RESAC – Revista Sociedade, Administração e Contemporaneidade Ano 1, Vol. 1, p.33-39, set. 2011 ISSN: 2237-0528 Isto representa que 21,1 milhões de brasileiros estavam à frente de atividades empreendedoras no ano. (GEM, 2010. p. 36) 5 Definições do Empreendedorismo Muito se tem discutido sobre o que vem ser o empreendedorismo. O desenvolvimento do tema vem acompanhando a evolução do papel empreendedor. Dessa forma, faz se necessário mencionar algumas definições sobre o que seria empreendedorismo. Para Drucker (1987. p. 39) os empreendedores são pessoas que inovam e a inovação é o instrumento especifico dos empreendedores, através do qual eles exploram a mudança como oportunidade para um negócio ou serviço diferente. O trabalho especifico do empreendedorismo numa empresa de negócios é fazer os negócios de hoje capazes de fazer o futuro, transformando-se em um negócio diferente. (DRUCKER, 1987) Schumpeter (1949 apud DORNELAS, 2001, p. 37) afirma que o empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos, matérias e tecnologia.Sempre enfatizei que o empreendedor é o homem que realiza coisas novas e não, necessariamente, aquele que inventa. Corroborando com essa idéia Dolabela (2006) afirma que é o empreendedor, em qualquer área, aquele que sonha com o objetivo de transformar sonho em realidade. Esta afirmativa articula que empreendedor busca sempre alcançar suas metas mesmo que os outros achem impossível, a mesma faz parte de umas das características de empreendedores de sucesso. 6 Perfil do Empreendedor Alguns pesquisadores dizem que o empreendedorismo é um fenômeno cultural, ou seja, é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas. Sendo assim, existem famílias mais empreendedoras do que outros assim como cidades, regiões, países. De acordo Filion (1991), a verdade é que se aprende a ser empreendedor pela convivência com outros empreendedores, em um clima em que ser dono do próprio nariz, ter um negócio é considerado algo muito positivo. Pesquisas indicam que as famílias de empreendedores têm maior chance de gerar novos empreendedores e que os empreendedores de sucesso quase sempre têm um modelo, alguém a quem admiram e imitam. Dolabela (2006, p. 31) considera os três níveis de relações: Primário: familiares e conhecimento; ligações em torno de mais de uma atividade; Secundário: ligações em torno de determinada atividade; redes de ligações; Terciário: Cursos, livros, viagens, feiras e congressos; pode se dizer que o nível primário é a principal fonte de formação de empreendedores, mas os níveis secundário e terciário são importantes na geração de empreendedores. Segundo os pesquisadores Timmons (1994, HORNADAY,1982 citado por DOLABELA, 2006, p 33) existem algumas características empreendedoras: o O empreendedor tem um “modelo”, uma pessoa que o influencia. o Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização. o Trabalha sozinho. o Tem perseverança e tenacidade. o O fracasso é considerado um resultado como outro qualquer. o O empreendedor aprende com os resultados negativos, com os próprios erros. o Sabe fixar metas e alcançá-las. Luta contra padrões impostos. Diferencia-se. Tem a capacidade de ocupar um intervalo não ocupado por outros no mercado, descobrir nichos. o Tem forte intuição. Como no esporte, o que importa não é o que se sabe, mas o que se faz. o Tem sempre alto comprometimento. Crê no que faz. o Cria situações para obter feedback sobre o seu comportamento e sabe utilizar tais informações para o seu aprimoramento. o Líder. Cria um sistema próprio de relações co empregados. É comparado a um “líder de banda”, que da liberdade a todos o músicos, deles extraindo o que têm de melhor, mas consegue transformar o conjunto em algo harmônico, seguindo uma partitura, um tema um objetivo. o É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo. o Aceita o dinheiro como uma das medidas do seu desempenho. o Tece “redes de relações” (contatos, amizades) moderadas, mas utilizadas intensamente como suporte para alcançar os seus objetivos. A rede de relações internas (com sócios, colaboradores) é mais importante que a externa. 4 RESAC – Revista Sociedade, Administração e Contemporaneidade Ano 1, Vol. 1, p.33-39, set. 2011 ISSN: 2237-0528 o O empreendedor de sucesso conhece muito bem o ramo em que atua. o Cria um método próprio de aprendizagem. Aprende a partir do que faz. Emoção e afeto são determinantes para explicar o seu interesse. Aprende indefinidamente. Estas características retratam bem o empreendedor de hoje que busca sempre inovar, tornando-se aprendiz do que faz. 7 DNA de Empreendedores As pesquisas realizadas até hoje sobre o tema produziram duas correntes adversas, que contrapõem a natureza e o ambiente social. De um lado estão os defensores da tese de que todos nascem iguais e que a personalidade é formada pelo aprendizado e pelas experiências pessoais. E do outro lado acredita-se que os traços da personalidade são definidos pela herança genética, assim com a cor dos olhos. De fato, através de pesquisas mais atuais essa discussão se encerra. Pois a idéia de que só o ambiente ou só o DNA forma a personalidade foi substituída por outra mais flexível. Todo comportamento tem um componente genético, mas sua manifestação depende de fatores ambientais. Observa-se que ninguém nasce empreendedor nato é desenvolvendo algumas habilidades e características da personalidade e até dos próprios talentos, que a pessoa se mostra empreendedor. Logo, alguns desses fatores vão se modificando, sendo melhorados ou não, quando do contato com a família, a escola, o trabalho etc. Então, ser empreendedor não é resultado exclusivo da genética, mas também de um tripé que forma a base para sê-lo: trabalho, talento e reserva econômica. O empreendedor necessita ser aquela pessoa que gosta do trabalho, se satisfaz com ele e está sempre envolvido em ações construtivas, que o levam a alcançar resultados extremamente positivos. Percebe-se que existem empreendedores nas mais diversas áreas do conhecimento: Administração, Economia, Medicina, Artes etc.. Entretanto, sem talento, o empreendedor não vai muito longe e não consegue realizar suas ações com o sucesso esperado. Talento é um dom natural adquirido, é sua inteligência dita excepcional que revela a pessoa como indivíduo grandioso, criador e agregador de valores. (ANDRADE, 2010, p.01) Os comportamentalistas dominaram o campo do empreendedorismo, com grande quantidade de pesquisas e publicações que procuravam definir as características dos empreendedores, mas os resultados obtidos são diferenciados e muitas vezes contraditórios. Até hoje não foi possível estabelecer cientificamente um perfil psicológico do empreendedor, devido às inúmeras variáveis que afluir na sua formação. Assim, o perfil do empreendedor certamente será diferente em função do tempo que está no mercado. O capital é outro elemento necessário pra que o empreendedor possa desenvolver plenamente suas idéias e consequentemente seus empreendimentos. Para ser empreendedor deve-se nascer com iniciativa e coragem para ousar. O medo faz com que não consigamos a realização do sonho tão comentado pelo autor Fernando Dolabela, uma das autoridades sobre o assunto. Não obstante, o empreendedor que não corre riscos calculados, que não possui liderança, ou que não é otimista ou motivado para agir dificilmente obterá sucesso em seus empreendimentos ou em qualquer coisa que faça. (ANDRADE, 2010, p. 01). O empreendedor deve possuir características intrínsecas em sua personalidade como iniciativa e coragem para ousar, liderança, ser otimista e motivado para agir, sabendo correr riscos calculados para obter o tão desejado sonho, ou melhor, objetivo que é o sucesso em seus empreendimentos, bem com de qualquer coisa que deseje. 8 Metodologia Para a construção deste artigo utilizouse a pesquisa bibliográfica a partir de consulta de livro e artigos. De acordo com Gil (2002, p.17) considera a pesquisa como “procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. A pesquisa é desenvolvida mediante exploração dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras 5 RESAC – Revista Sociedade, Administração e Contemporaneidade Ano 1, Vol. 1, p.33-39, set. 2011 ISSN: 2237-0528 fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. Esse tipo de pesquisa visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores (GIL, 2002). Aplicou-se entrevista, composta por três perguntas diretas. Gil (2002) compreende a entrevista como uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação o que diz sobre entrevista. A entrevista foi realizada com a professora mestre em genética Mabel Nogueira no dia 14/09/2011, a mesma foi escolhida por ter um grande conhecimento na área de genética podendo facilitar e esclarecer alguns pontos do artigo enriquecendo cada vez mais a problemática. A entrevista fundamentou-se acerca de três perguntas que se segue: 1) O empreendedor pode ser fruto de herança genética? 2) Se nenhum ser humano nasce empreendedor, então até que ponto a genética pode influenciar? 3) O individuo nasce empreendedor? 9 Discussão e Análise dos Dados A finalidade principal deste estudo foi responder a pergunta de pesquisa, que procurou investigar se o empreendedorismo e herança genética ou o meio social em que o individuo está inserido, com isso foi realizado entrevista com a professora mestre em genética Mabel Nogueira, para esclarecer alguns pontos já comentados por outros autores no decorrer deste artigo. Uma das perguntas feitas foi se empreendedorismo pode ser fruto de herança genética? A entrevista diz “a genética atual explica para situações do cotidiano, inclusive no que diz respeito às questões de comportamento e competências desenvolvidas pelo ser humano”. E completa “não existe um gene do empreendedorismo’. É “muito raro, aliás, que um gene sozinho possa ser responsabilizado por uma doença, um comportamento ou um dom”. Finaliza a entrevista ressaltando que “o individuo pode trazer influencia genética e como são diferentes umas das outras no que os pesquisadores chamam de nível de atividade, podem expressar ou não determinados genes.” Percebe-se que os empreendedores nascem com algumas características de empreendedor, porém as mesmas têm o seu desenvolvimento durante a vida e o meio social em que o individuo está inserido, estes contribuirão bastante para que o talento desperte, dessa forma, genética e meio social caminham juntos para forma empreendedores. 10 Considerações Finais Este artigo apresentou uma discussão sobre empreendedorismo herança genética ou meio social em que o individuo está inserido? Reforçou a discussão com a entrevista realizada com a Professora Mestre em genética, Mabel Nogueira. Foi possível verificar que genética e meio social são parceiros na formação dos empreendedores, pois com foi tido pela professora mestre em genética, Mabel, os genes provavelmente teriam capacidade de sofrer influencia também com o meio ambiente, ou seja, essas pessoas com habilidades consideradas nata, poderiam estar predispostas ao desenvolvimento das competências do empreendedorismo mais rapidamente. Por tanto, está longe de findar essa discussão, pois definir empreendedores como herança genética ou conseqüência do meio social em que o individuo está inserido é pelo menos precipitado. Na realidade pelo que foi abordado neste artigo o conjunto das duas é que pode formar um empreendedor. Acredita-se que o artigo tenha conseguindo ampliar a discussão com relação ao empreendedor quanto a sua formação, contribuindo na busca de aprofundar cada vez mais o questionamento se empreendedores é herança genética ou está relacionado ao meio social em que o individuo está inserido. 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