Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos COMPRENDENDO O SEGUNDO CÉREBRO POR MEIO DE VISITAS A MUSEU DE CIÊNCIAS Marta Eglaé Camargo Asinelli1 Débora de Mello Gonçales Sant’ana2 RESUMO Este estudo visa compreender como os alunos do 2º ano ensino médio da disciplina de Biologia, matriculados no Colégio Estadual Jardim Independência, do município de Sarandi/PR do ano de 2014, entendem a relação entre cérebro e “segundo cérebro” e analisar o discurso dos monitores num espaço de educação não formal como os museus de Ciências. Pretende-se também investigar como é possível perceber a aprendizagem deles dentro deste mesmo espaço comparada às observadas em sala de aula e as possibilidades interdisciplinares que podem ser trabalhadas neste espaço .Espera-se que os resultados possam somar aos já estudados e contribuam para a qualidade do ensino de Ciências, além de despertar o interesse para aprofundamentos no tema. Destaca-se que como metodologia foram realizados pré-testes sobre o tema e após as visitas e discussões em sala de aula, aplicou-se o pós-teste com as mesmas questões, além de discussão do tema proposto. Palavras-chave: Segundo Cérebro. Museus. Analogia. 1.Professora de Rede Pública Estadual do Paraná, graduada em Ciências Biológicas ,mestre em Biologia Comparada. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional 2013. 2-Pedagoga. Farmacêutica. Mestre e Doutora em Biologia Celular UEM. Professora e Pesquisadora da UEM. Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional 2013. 1 Introdução Os princípios teóricos que fundamentam as Diretrizes Curriculares da Educação Básica propõem que se ofereça ao estudante a formação necessária para que ele possa enfrentar e transformar a realidade social, econômica e política de seu tempo. Com isso, entende-se, também, que estes princípios estão implícitos quando se elabora um currículo baseado na dimensão científica, artística e filosófica do conhecimento, o que aponta para uma direção na totalidade do conhecimento e sua relação com o cotidiano. Neste sentido, mesmo considerando que a educação no Brasil tenha evoluído e melhorado nos últimos anos, há que se admitir que o ensino de Ciências ainda se encontre numa posição indesejada. Isso equivale a fazer uma verificação do uso das ferramentas didáticas e dos métodos utilizados para que o (a) educando (a) possa compreender o conteúdo que é apresentado a ele. Focado na pertinência do exposto é que o referido estudo visou analisar e discutir como se dá o aprendizado de um conteúdo de Ciências, quando se experimenta a visita a um espaço de educação não formal. Os espaços não formais, como os museus ainda são vistos por alguns apenas como lugares de passeio, deleite e contemplação (MARANDINO, 2005). Todavia, segundo Gaspar (1993): “Os museus de Ciência tendem a se tornar não só um lugar onde as pessoas tem um encontro com as conquistas passadas da humanidade, mas também com a realidade dos dias atuais, e, sobretudo com as perspectivas futuras” Gaspar (1993). Na visitação em ambiente não formal propõe-se a possibilidade do grupo reconhecer na prática concreta a subjetividade dos conceitos estudados em sala de aula. Além disso, espera-se que eles percebam e reflitam sobre a importância do ambiente museal na aprendizagem, e conheçam os reais conceitos de museus, não apenas aqueles que são, comumente, conhecidos, ambiente estático, morto ou que só lembra passado, mas que pode ser mediado pelo professor e analogicamente utilizado para o aprofundamento de conteúdos escolares. Deve-se pensar que tais espaços além das razões citadas acima, também são lugares onde o educando troca experiências com seus colegas, desperta sua curiosidade e relaciona o conteúdo de sala de aula com o apresentado no espaço museal. De acordo com o Conselho Internacional dos Museus , museu é: “uma instituição cultural com caráter permanente, aberta ao público, sem fins lucrativos, em que se conservam , estudam e, em parte, se expõem os testemunhos materiais da evolução do Universo, dos ambientes físico, biológico e social do mundo passado e atual e das realizações do Homem ao longo de sua existência” ( DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013). De acordo com Caffagni (2010) em muitos museus e centros de ciências o monitor é o profissional capacitado para receber o visitante, apresentar o espaço, discutir sobre conceitos presentes na exposição, sanar dúvidas e principalmente, oferecer um espaço de reflexão onde exista a possibilidade de uma troca efetiva entre a instituição e a sociedade. Além disso, a mediação do monitor tem recebido especial atenção por representar a forma como a instituição dialoga com seu público. Os monitores estão envolvidos em processos que tratam desde a organização das exposições até a recepção e desenvolvimento de atividades educativas com os visitantes, atuando em todos os segmentos dos espaços museais. Com a proposta de apresentação do conteúdo Cérebro e “segundo cérebro” buscou-se reafirmar que no ensino de Biologia, o ato de observar, tocar, sentir, extrapola o olhar descomprometido ou o simples registro do educando. Assim, espera-se que os resultados possam somar aos já estudados e contribuam para a qualidade do ensino de Ciências, promovendo reflexões sobre as metodologias no ato de ensinar, além de despertar o interesse para aprofundamentos no tema. A linguagem acadêmico-científica e sua apropriação sempre foram obstáculos para o educando que a vê como de difícil acesso e assimilação. O uso de analogias no ensino de Ciências/Biologia é uma ferramenta eficaz onde ele recorda-se daquilo que sabe e contextualiza com a linguagem científica. O uso de analogias e metáforas para facilitar o entendimento do conteúdo é grande e tem sido muito utilizadas por educadores que buscam a ressignificação da docência, quanto às metodologias e ensino de qualidade. No campo biológico é comum a apresentação de analogias e metáforas, desenhos esquemáticos e modelos alternativos como ferramentas de transposição didática das informações de determinadas estruturas biológicas, ou nome científico de organismos, ou a funcionalidade de um comportamento. (SANTOS et al,2011). Os autores destacam ainda que o uso de analogias realiza essa ponte de transposição com o objetivo de mediar à compreensão e levar ao conhecimento do modelo processual historicamente proposto da Ciência e definido para a escola. A linguagem é um meio de expressar e comunicar idéias. Quando a linguagem ordinária não é suficiente para construir as idéias que são objetivadas num canal de comunicação por razões diversas, tais como: desconhecimento do vocábulo objeto não existente na estrutura cognitiva, são necessários estratégias diferentes de assimilação. Para isto um dos caminhos para resolver este impasse seria o empréstimo de idéias conhecidas provisoriamente de forma criativa (ou até criá-las) para ilustrar e apresentar uma abstração nos seus níveis de complexidades, e depois diferenciá-las das idéias propostas originalmente, e assim formar um novo signo (SANTOS, 2011). 2 Objetivos Geral : Compreender o aprendizado do conteúdo Cérebro e “segundo cérebro” a partir do confronto real do educando num espaço não formal de educação. Específico: Conhecer como se dá a interação entre saber escolar e o adquirido em espaço não formal de educação. 3 Metodologia O projeto PDE 2013 descrito deste artigo foi realizado no Colégio Estadual Jardim Independência do Município de Sarandi, com estudantes do 2º ano do Ensino Médio, período matutino. Foi aplicado um pré-teste sobre cérebro e segundo cérebro com a turma 2º A no colégio no mês de março de 2014. O pré-teste abordou as questões: 1- Diferencie o “cérebro” do “segundo cérebro”. 2- Você conhece o segundo cérebro? Por que ele recebe este nome? 3- Cite as funções do cérebro humano. 4- Cite as funções do segundo cérebro humano. Após a aplicação do pré-teste os alunos elaboraram questões baseadas no texto “Eu tenho 2 cérebros e você?” (VICENTINO-VIEIRA, 2013) encontrado no blog do MUDI (Museu Dinâmico Interdisciplinar). ?” (http://museudinamicointerdisciplinar.wordpress.com/2012/10/31/eu-tenho-doiscerebros-e-voce/) Os grupos foram de 4 alunos e tiveram três semanas para elaborar questões sobre o texto e respondê-las. Estas questões foram avaliadas quanto ao teor abordado. Os educandos que fizeram parte das atividades anteriores participaram de uma visita no MUDI (Museu Dinâmico Interdisciplinar) na Universidade Estadual de Maringá - UEM com duração de quatro horas no dia 07 de maio de 2014. O objetivo da visita foi conhecer a exposição de Anatomia Humana, principalmente relacionados ao Cérebro e o Espaço Segundo Cérebro. A visita foi filmada para análise e transcrição do discurso dos monitores do MUDI. Posteriormente, ainda em maio de 2014, foi aplicado um pós-teste com as mesmas questões anteriormente utilizadas no pré-teste e a elaboração de um relatório de visita ao museu. 4 RESULTADOS: A turma participante deste estudo foi composta por 33 alunos da 2ª série A do ano de 2014, ensino médio do Colégio Estadual Jardim Independência, de Sarandi, Pr. O pré-teste foi aplicado no dia 12 de março de 2014, a visita ao Museu Dinâmico Interdisciplinar foi em 07 de maio de 2014 e o pós-teste em 08 de maio de 2014. Com relação ao conhecimento prévio sobre este assunto verificou-se que os estudantes têm pouco ou nenhum conhecimento. Analisando as questões respondidas, verificou-se que 60% dos entrevistados desconheciam a existência do segundo cérebro e suas funções. Somente 2% responderam corretamente; 19% responderam parcialmente corretas e 19% das respostas estavam erradas. Alguns citaram que se tratava do estômago, com funções relacionadas aos processos digestivos. Outros citaram ser o coração “porque ele bombeia a circulação sanguínea” (LGR). Uma aluna mencionou que: o segundo cérebro é o único órgão do corpo humano capaz de executar funções independentes do sistema nervoso central e tratase do intestino delgado. (PSM) Outro aluno respondeu que “trata-se do lugar com maior concentração de neurônios depois do cérebro” (JCC). A maioria respondeu que não sabia da existência do segundo cérebro. Quando questionados sobre as funções do cérebro humano, muitos responderam que tem a função de. controlar o corpo humano, enviar mensagens para os neurônios, movimentar braços, pernas etc.”... “também é responsável pelas lembranças e sonhos. (MB) Outros responderam que: “o cérebro é onde guardamos nossas memórias, nos ajudar a raciocinar, produzir imagens e sentir sensações”. (DSF) Tratando-se de alunos do ensino médio, verifica-se que o tema “segundo cérebro” é raramente abordado nos currículos de Ciências e Biologia. Nos livros didáticos, os assuntos relacionados a este tema são desconhecidos dos alunos e inclusive dos professores. Elias e Sant´Ana (2014) após avaliarem os livros de Biologia disponíveis no PNPD, 2012 verificaram que nenhuma das oito obras bibliográficas abordavam o assunto. O desconhecimento verificado entre os alunos sobre o tema segundo cérebro pode também ser percebido entre alguns professores. Durante o desenvolvimento do GTR (Grupo de Trabalho em Rede) em 2014, no papel de tutora da apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica “Compreendendo o segundo cérebro através de visitas a Museus de Ciências” muitos professores também se mostraram surpresos em saber da existência, das funções, localização do Sistema Nervoso Entérico (SNE) e diferenças entre o 1º e 2º cérebro, conforme relatos abaixo: “Professora Marta! Certamente a reação de alguns alunos por não ter demonstrado interesse ou compreensão do conteúdo, não ter atingido suas expectativas pode ser devido à falta de maturidade ou por ser algo novo e eles não assimilaram ainda. Porém, acredito que com a visita ao museu muitos irão mudar de postura. O importante é a gente lançar a semente. Nem todas nascerão ao mesmo tempo, ou darão os frutos esperados, mas o importante é que estamos semeando e acreditando nas mesmas. Quero parabenizá-la pela ousadia e coragem de ter se proposto a trabalhar um tema tão novo ou tão pouco explorado até então e até mesmo agradecê-la por ter contribuído com a ampliação do nosso conhecimento enquanto professores, pois percebi que a maioria de nós desconhecia este assunto” (grifo nosso) (MFM). Durante do GTR, alguns professores reproduziram o projeto em suas escolas em diferentes níveis de ensino. A partir destas experiências de abordagem do tema segundo cérebro em diferentes disciplinas relataram: “A partir dessa proposta como minha disciplina é educação física: começamos a estudar o corpo humano com as turmas de ensino médio. Desta forma, utilizando esta proposta, fizemos uma roda de perguntas e respostas, onde eu colocava a parte do corpo ou órgão e eles respondiam onde se localizavam e as funções que este órgão tinha em nosso corpo. [.....] Ao decorrer do nosso bate papo lhes perguntei: E o segundo cérebro alguém sabe onde fica? Pois é, ninguém soube me dizer, ficaram olhando um para o outro pois ninguém sabia do que tratava então apontaram para a cabeça. Então fui dando dicas até que eles ficaram muito intrigados e descobriram que o segundo cérebro se tratava de nosso intestino. [.....] Minha área de atuação é educação física, como na minha área há a proposta de trabalho com o corpo nada mais certo que conhecermos nosso corpo suas partes e funções a partir desta concepção eu adaptei este conteúdo ao meu, usando o tema para realmente provocar os alunos e incentivá-los a pesquisa mais profunda sobre a proposta pedagógica. Para mim a experiência foi muito legal e prazerosa. (CJCP,)” Outros relatos de experiências: “Inicialmente dei livros relacionados aos órgãos do corpo humano para eles lerem e manusear. Como são crianças ainda pequenas, que acredito não terem conhecimentos tão elaborados acerca do assunto a ser trabalhado, em 1º lugar me ative ao livro que relatava sobre o cérebro. Parti de questionamentos para ver se sabiam o que é o cérebro e como o mesmo funciona [...]. Dando sequência às atividades, questionei se sabiam ou já tinham ouvido falar sobre o segundo cérebro: eles não tinham esse conhecimento e muitos deram opinião do que acreditavam que era. Sendo assim, mostrei gravuras do S.N.E., mostrei mapa, usei o torso e expliquei o que é [...]. Também pedi que escrevessem o que entenderam sobre o segundo cérebro.[...]” (MFM). Outros ainda escreveram sobre a possibilidade do uso didático de espaços não formais como os museus, se a metodologia está adequada e a apresentação ou exposição a toda escola: Sim, com certeza usaria, dentro da minha área de atuação levei muitas vezes alunos para visitações ao museu, no caso Museu de Arte de Londrina. Sim, está bem adequado para Ensino Médio. A visitação é o foco do projeto, porém ao navegarem no site, ficarão mais estimulados e preparado para a ida ao museu. Acho que está bem elaborado, mas gostei da sugestão das colegas Janete ao sugerir um seminário e da Viviane ao propor uma exposição fotográfica do processo ( MDA) Muitos professores concordaram com o uso de novos métodos para tornar o ensino mais agradável e gostaram da metodologia empregada no Projeto: Penso que muitas vezes o desinteresse pela leitura, que constatamos em nossos alunos, seja fruto da falta de incentivo, lá na educação infantil (que pra mim é a base de tudo) e dos próprios pais, que dificilmente ofereceram ou oferecem livros aos seus filhos. Hoje observamos grandes dificuldades, mesmo no ensino médio de: interpretação de texto, de redação. Enfim creio que projetos como da Professora Marta e tantos outros contribuem muito para a melhoria da qualidade de ensino, pois são ferramentas que o professor pode utilizar para levar o conhecimento até a apropriação do aluno, de maneira mais envolvente e agradável. (VD) Algumas professoras adaptaram este projeto com seus alunos especiais e verificou-se um bom resultado e interação: Local de aplicação: Escola Especial Turma: EJA Por se tratar de alunos especiais, adaptei minha fala, meus materiais com o máximo de imagem que consegui em livros, revistas e claro, internet, sobre o assunto .A princípio, fizemos uma roda de conversa sobre o que eles sabiam do segundo cérebro, registramos em uma folha. Depois repassei as informações que adaptei de forma que eles compreendessem .As perguntas sugeridas pelo projeto, sobre o que eles sabem sobre o segundo cérebro, pedi para que eles fizessem em casa com a família. Estarei recolhendo nesta semana as informações da família sobre o assunto e anexando no portfólio que montaremos. Vamos ver o que acontece. Estarei dando continuidade, com outra roda de conversa, e finalizando registrando o que eles descobriram do segundo cérebro .A visita para o Museu talvez eu não o faça ainda. Mas mesmo assim já estou vendo a interação dos alunos e o conhecimento adquirido. (VPdNGO) Após a aplicação do pré-teste os alunos elaboraram questões baseadas no texto “Eu tenho 2 cérebros e você?” (VICENTINO-VIEIRA, 2013) encontrado no blog do MUDI (Museu Dinâmico Interdisciplinar). Quanto ao teor das questões elaboradas, algumas apresentaram erros ortográficos e sem muito embasamento teórico. Outras foram mais detalhadas e abordaram temas específicos tais como estruturas que compõem o 2º cérebro (78% das respostas), produção de hormônios tais como a serotonina e melatonina (67% das respostas), distúrbios relacionados ao mau funcionamento do intestino como a depressão (67% das respostas). Outros ainda relacionaram que tais distúrbios podem “forçar” nosso intestino a alertar-nos sobre alimentos contaminados, influenciando nossos sentimentos e sensações. A educação em ambientes não formais como museus também despertou a curiosidade dos alunos. Eles foram ao MUDI (UEM) para a visita a todos os espaços e principalmente ao Espaço Segundo Cérebro. Esta visita contou com a participação dos monitores e um dos principais objetivos era o uso de analogias durante a apresentação, recurso muito útil na compreensão de assuntos complexos e correlacioná-los ao cotidiano e senso comum dos educandos. Estes, de maneira geral, compreenderam a importância do conhecimento do segundo cérebro, bem como suas funções. Sobre as analogias os participantes do GTR também contribuíram como na citação abaixo: O ensino de ciências permite esta analogia entre os conteúdos e a prática, as atividades propostas podem ser adaptadas para a sala de aula, porém é necessário que o professor tenha clareza deste tipo de metodologia para que não use analogia como comparação, pois o estudo por analogia deve permitir ao aluno reinterpretar contextos e conceitos usando o pensamento criativo e a os conhecimentos oriundos da sua experiência vivencial. (AG). Os alunos fizeram uma visita ao museu e conheceram as diversas salas, especialmente a Anatomia Humana e o Espaço Segundo Cérebro, objetivo deste trabalho. Segue abaixo algumas fotos da visita ao MUDI, dia 7 de maio de 2014 (figuras 1 e 2). FIGURA 1 – Fotografias da visitação de estudantes no Espaço Segundo Cérebro do Museu Dinâmico Interdisciplinar da UEM Fonte: Marta Eglaé C. Asinelli. FIGURA 2 – Fotografias da visitação de estudantes no Espaço Segundo Cérebro do Museu Dinâmico Interdisciplinar da UEM. Destaque da Monitora Franciele durante a explanação do Espaço Segundo Cérebro e de estudante observando ao microscópio (7/05/2014). Fonte: Marta Eglaé Camargo Asinelli . Comportamento dos visitantes durante a filmagem e o uso de analogias Durante a visita ao MUDI pelos alunos verifica-se que os mesmo estavam atentos às explicações da monitora Franciele, responderam as perguntas e também fizeram alguns questionamentos se a quantidade neurônios pode variar de indivíduo para Indivíduo. Quanto ao uso de analogias, durante toda a visita , a monitora fez uso deste recurso didático para melhor compreensão dos visitantes. Segue alguns exemplos de analogias: axônio= cauda; plexo=redes; sistema nervoso entérico = segundo cérebro; colabado = como uma bexiga; estômago=liquidificador; delgado=fino; vilos=dedos; movimentos peristálticos= um contrai e o outro dilata; sistema digestório= trato ou tubo(delgado e grosso); pensar =com o intestino?; serotonina=hormônio da felicidade. QUADRO 1 – Analogias utilizadas pela monitora do Espaço Segundo Cérebro do Museu Dinâmico Interdisciplinar durante a visita de estudante. Como a visita ao MUDI se estendeu também às crianças da classe das altas habilidades, com idades de 10 a 12 anos, foi preciso também usar palavras da esfera infantil tais como “bolinhas azuis” = corpo do neurônio; fiozinhos= axônios. Outros espaços do museu também foram muito comentados e, na sua maioria, pediram mais visitas ao MUDI devido à falta de tempo para conhecer todas as salas. 5 Conclusão Como vimos, a implementação do Projeto na escola resultou na pesquisa sobre assuntos extracurriculares que promovem a curiosidade e a busca de outros assuntos e temas científicos, objeto do Projeto Político Pedagógico da Escola que visa não só formar para inseri-lo no mercado de trabalho, mas também no mundo científico e acadêmico. Concluímos que o tema Segundo Cérebro necessita de maior atenção na abordagem da Educação Básica e que os espaços não formais de ensino são ferramentas importantes para despertar a curiosidade dos estudantes para temas como este. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. BRAGANÇA GIL, FERNANDO. Museus de Ciência: preparação do futuro, memória do passado. 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Disponível em: <http://museudinamicointerdisciplinar.wordpress.com/2012/10/31/eu-tenho-doiscerebros-e-voce/> acessado em 03 de julho de 2013