Funcionalismo e os Estudos de Recepção na TV Digital: O receptor como coprodutor de conteúdo televisivo. blindreview Universidade Metodista de São Paulo RESUMO Este artigo procura fazer uma reflexão histórica e teórica sobre as Teorias da Comunicação com relação as novas possibilidades advindas das mais recentes tecnologias da informação e as oportunidades de colaboração do receptor na produção de conteúdos para televisão digital. As teorias da Comunicação até 1960, sempre colocaram o receptor com ente calado e desprovido de vontade, aceitando o que lhe fosse posto sem resistência alguma. Confrontando essa visão, a partir de 1960, em especial a partir de 1980 na América Latina, os estudos de Recepção provocam uma nova visão sobre o papel do receptor. A televisão Digital chega ao Brasil, com a promessa de oferecer interatividade, e de por fim a longa tradição de silêncio do telespectador, como também oferece oportunidades para repensar e criar novas narrativas televisivas, onde o receptor possa intervir e colaborar com a mensagem a ele enviada. Palavras-chaves: Funcionalismo, Teorias da Comunicação, TV digital, Colaboração ABSTRACT This article presents a historical and theoretical reflection on Communication Theories about the new opportunities arising from the latest information technologies and opportunities for collaboration receptor in the production of content for digital television. Theories of Communication until 1960, always put the receiver with being quiet, and devoid of will, and accept that it be put without any resistance. Confronting this vision, since 1960, especially after 1980 in Latin America, studies Reception provoke a new view on the role of the receiver. Digital Television arrives in Brazil with the promise of offering interactivity, and finally the long tradition of silence for the viewer, but also offers opportunities to rethink and create new narratives television, where the receiver can intervene and collaborate with the message he sent. Key words: Functionalism, Theories of Communication, Digital TV, Collaboration RESUMEN Este artículo presenta una reflexión histórica y teórica sobre Teorías de la Comunicación sobre las nuevas oportunidades derivadas de las últimas tecnologías de información y oportunidades para el receptor de la colaboración en la producción de contenidos para la televisión digital. Teorías de la Comunicación hasta el año 1960, siempre poner el receptor de ser tranquila y carente de voluntad, y aceptar que se someta sin resistencia alguna. Frente a esta visión, desde 1960, especialmente después de 1980 en América Latina, estudios de recepción provocar una nueva visión sobre el papel del receptor. Televisión Digital llega a Brasil con la promesa de interactividad que ofrece y, finalmente, la larga tradición de silencio para el espectador, sino que también ofrece oportunidades para repensar y crear nuevas narrativas de televisión, donde el receptor puede intervenir y colaborar con el mensaje que enviado. Palabras claves: Funcionalismo, Teorías de la comunicación, la televisión digital, Colaboración TEORIAS FUNCIONALISTAS DA COMUNICAÇÃO E A TELEVISÃO. No inicio dos estudos da comunicação, havia uma dedicação principalmente em estudar o papel e o efeito do rádio, uma vez que esse veiculo foi a primeira mídia a alcançar proporções e popularidade suficientes para ser caracterizado como meio de comunicação de massa. Além disso, seu alcance o levou a ser amplamente utilizado pelos estados totalitários que emergiram na Europa no período entre - guerras. Nesse período (entre a 1º e 2º Grandes guerras mundiais) surgiu um conjunto de teorias funcionalistas, que procuravam explicar não somente os efeitos como as causas do impacto das ferramentas de comunicação, principalmente como o rádio, e logo em seguida, a televisão. Se por um lado, algumas teorias procuravam explicar a manipulação feita pelas médias, por outro, explicavam como as médias persuadiam seus “públicos-alvos”. Fazem parte desse conjunto de teorias, a Agulha hipodérmica (ou bala mágica), a teoria da persuasão e a própria teoria funcionalista. A posição sustentada por esse modelo pode ser sintetizado com a afirmação de que “todo membro do público de massa é pessoal e diretamente ‘atacado’ pela mensagem. (WRIGHT,1975, p.79 apud WOLF, 2008, p.16). Wolf complementa que, segundo a teoria hipodérmica: (...) cada indivíduo é um átomo isolado que reage sozinho às ordens e as sugestões dos meios de comunicação de massa monopolizados. (WRIGTH MILLS, 1963, p.203 apud WOLF, 2008, p. 8). Dessa forma, a teoria hipodérmica, sustentava portanto, uma conexão direta entre a exposição às mensagens e o comportamento: se uma pessoa é atingida pela mensagem veiculada, pode ser controlada, manipulada, induzida a agir. (WOLF, 2008, p.11). Esse é o ponto de partida para a teoria que seria vista como a evolução da teoria hipodérmica: o modelo de Lasswell: (...) antes de examinar as linhas, internas à teoria hipodérmica em si, ao longo dos quais ocorre a superação, é necessário precisar uma “filiação” sua que teve grande influência na communication research: o modelo de Lasswell, para muitos aspectos, esse modelo representa contemporaneamente uma sistematização orgânica, uma herança e uma evolução da teoria hipodérmica. (WOLF, 2008, p.11) O modelo de Lasswell, com o intuito de ordenar o objeto de estudo segundo variáveis bem definidas, sem negligenciar nenhum aspecto relevante, tornou-se rapidamente e por muito tempo uma verdadeira teoria da comunicação. No entanto, o modelo de Lasswell torna implícita uma tese, já observada anteriormente na teoria da agulha hipodérmica: A fórmula na verdade confirma uma tese muito forte, que a bullet theory, por sua vez, afirmava explicitamente na descrição de sociedade de massa: ou seja, a tese de que a iniciativa seja exclusivamente do comunicador, e de que os efeitos se dêem exclusivamente sobre o público. (WOLF,2008, p.13) No entanto, estudos a partir da psicologia behaviorista, que privilegiava o comportamento de cada individuo, enfatizavam que o individuo, seria uma unidade pertinente nos processos de comunicação de massa e nos fenômenos sociais em geral. Para Wolf: Tudo isso [confirmou] a concepção atomística do público das comunicações, como se consistisse em indivíduos diferentes e independentes. (BROWER, 1962, p. 551 apud WOLF, 2008, p.16). Dessa forma, a teoria hipodérmica deu lugar a resultados que contradiziam sua elaboração fundamental, como cita Bauer: A audiência se mostrava intratável. As pessoas decidiam sozinhas se queriam ouvir ou não. E, mesmo quando não ouvia, a comunicação podia revelar-se desprovida de efeitos ou apresentar efeitos opostos aos previstos. Gradualmente, os estudiosos deviam deslocar sua atenção para a audiência, para compreender os assuntos e o contexto que a formavam. (BAUER, 1958, p.127). Nesse momento, a superação e a inversão da teoria hipodérmica ocorreram ao longo de três fatores chaves distintas, mas por muitos aspectos interligadas e sobrepostas: a primeira e a segunda, centradas em abordagens empíricas de tipo psicológicoexperimental e de tipo sociológico (fenômenos psicológicos individuais, fatores de mediação entre indivíduos e meio de comunicação); o terceiro fator, representado pela abordagem funcional para a temática global dos meios de comunicação de massa (elaboração de hipóteses sobre as relações entre individuo, sociedade e meios de comunicação de massa), em sintonia com a afirmação em nível sociológico geral do estrutural-funcionalismo (WOLF, 2008, p.16). Esses três fatores ilustram justamente o desenvolvimento da pesquisa que conduziram ao abandono da teoria hipodérmica inicial. Diferente da abordagem hipodérmica, a teoria da persuasão afirma que a mensagem da mídia não é prontamente assimilada pelo individuo, sendo submetida a vários filtros psicológicos individuais. Portanto, os efeitos da mídia não seriam de manipulação, mas sim de persuasão, como afirma Wolf: A persuasão dos destinatários é um objetivo possível, sob a condição de que a forma e a organização da mensagem sejam adequadas aos fatores pessoais que o destinatário ativa na interpretação da própria mensagem: em outras palavras, “as mensagens da mídia contêm características particulares do estimulo, que interagem de maneira diferente com os traços específicos da personalidade dos membros que compõe o público. (WOLF, 2008, p.18). O modelo comunicativo desta teoria é muito semelhante ao modelo behaviorista, porém, acrescido de processos psicológicos que determinam a resposta, processos estes, relativos à audiência e à mensagem. Dessa maneira, as duas coordenadas que orientam essa “teoria” da mídia são determinadas: a primeira, representada pelos estudos sobre o caráter do destinatário, que atuam como intermediários na realização do efeito: a segunda, representada pelas pesquisas sobre a melhor forma de organização das mensagens com fins persuasivos. (WOLF, 2008, p. 19). Assim, o modelo proposto pela teoria da persuasão, apresenta uma estrutura lógica muito semelhante ao modelo mecanicista da teoria hipodérmica: Figura 1 – Modelo Comunicacional da Teoria da Persuasão Sendo assim, a mediação das variáveis não apenas rompe o caráter imediato e a uniformidade dos efeitos, mas de certo modo, também ajusta sua extensão à função desempenhada pelos destinatários. O esquema causa - efeito da teoria hipodérmica sobrevive (WOLF, 2008, p. 19), porém, inserido num quadro de análise que se torna progressivamente mais difícil e extenso. Se a teoria hipodérmica e a teoria da persuasão procuram estudar e explicar os efeitos que a comunicação atua na sociedade, a teoria funcionalista procura estudar as funções exercidas pela mídia na sociedade. Em lugar de pesquisar somente o comportamento do individuo, estuda-se a sua ação social enquanto consumidor de valores e modelos que se adquire comunitariamente. Acontece um distanciamento nos métodos de pesquisa da teoria hipodérmica, teoria dos Efeitos Limitados (Lasswell) e a abordagem EmpíricoExperimental (Teoria da Persuasão), por estudar as situações corriqueiras e cotidianas. Esse deslocamento conceitual coincide com o abandono da idéia de um efeito intencional, de um objetivo subjetivamente perseguido do ato comunicacional, para concentrar, por sua vez, a atenção nas conseqüências objetivamente verificáveis da ação da mídia sobre a sociedade em seu todo ou sobre os seu subsistemas. (WOLF, 2008, p.50). Se por um lado a teoria hipodérmica vincula-se ao objetivismo behaviorista e descreve a ação da comunicação como uma simples relação mecânica de estímulo e resposta, diminuindo a dimensão subjetiva da escolha em favor do caráter manipulável do individuo e, sobretudo, reduzindo a ação humana a uma relação linear de causa, por outro, a teoria sociológica do estrutural-funcionalismo salienta, ao contrário, a ação social (e não o comportamento) na sua aderência aos modelos de valor, interiorizados e institucionalizados. Vale mencionar, que nesse momento histórico (período entre guerras), onde essas teorias se desenvolveram, a comunicação era vista como uma ferramenta estratégica, principalmente pela massificação das mídias, em especial o rádio, e em seguida a televisão. É muito pertinente fazer esse resgate para entender principalmente o papel da televisão, como ferramenta de manipulação da opinião pública e da massa que é impactada pelas mensagens destas. Sobre esse aspecto, a teoria hipodérmica e a teoria da persuasão apontam para este uso da comunicação como estratégia, especialmente a teoria estrutural-funcionalista em particular, e citando Talcott Parsons (apud WOLF, 2008, p.52), “os seres humanos aparecem como ‘drogados culturais’, motivados a agir segundo o estímulo de valores culturais interiorizados, que regulam a sua atividade”. (GIDDENS, 1983, p.172). Vale ressaltar que em uma antecipação dos estudos sobre mídia e realidade, Merton e Lazarsfeld acreditam que a mídia tem a função de definir o que é importante dentro da sociedade, relegando o resto ao esquecimento (MARTINO, 2009, p.28), além de sugerirem que a mídia reforça os padrões de comportamento tidos como certos dentro de uma sociedade na medida em que transforma esses padrões em referência, vista por milhões de pessoas, e, portanto, ganhando status de verdade dentro do mundo social: As atitudes e comportamentos mostrados nas telas de cinema e da televisão, para Merton e Lazarsfeld, ganham força de verdade junto ao público, e tendem a ser vistos como uma nova forma de controle e coerção sobre o individuo. (MARTINO, 2009, p.29) Visão essa que se mantém ainda hoje. O levantamento1 da Secretária de Comunicação da Presidência da República aponta que apenas 18% dos brasileiros crêem na mídia e 1 Disponível em : <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=595IMQ004> Acessado em 01/07/2010 que 72% crêem muito pouco naquilo que é veiculado nos meios de comunicação. Se por um lado, a desconfiança do público é evidenciada, por outro, fica evidente a prática funcionalista na contemporaneidade: uma definição de público-alvo é o primeiro passo para iniciar qualquer projeto comunicacional comercial, uma audiência a ser conquistada no telejornalismo, entre outros exemplos que refletem esse cenário. Mas de fato, essas três dessas correntes teóricas, partilham das mesmas origens espaçostemporais, e pensam a comunicação como “transmissão de informação” a fim de impactar as audiências. O uso desses termos bélicos para referir comunicação, reflete exatamente o contexto de guerras onde essas teorias se consolidaram. Existe certa contigüidade entre esses três modelos, nos levando a fazer duas reflexões básicas sobre eles. Nos dois primeiros (Agulha hipodérmica e Persuasão): quais os efeitos a curtoprazo da ação que comunicação opera. Já na teoria funcionalista, a questão posta até mesmo com um caráter mais sociológico, quais são as funções sociais o aparato de comunicação causa na sociedade. Nos três casos, existe uma lógica de causa-efeito da comunicação, estimula-resposta. Analisar a televisão sob a ótica do telespectador receptor, termos esses alíás, que já indicam à existência de um “alvo” a espera de ser atingido, proporciona uma maneira elucidativa dos processos sócio-culturais desta mídia. A questão inicialmente focaliza os possíveis efeitos que a continua exposição ás imagens causaria nos telespectadores. Em seu artigo “O mundo fantasmático da TV”, Gunther Anders afirmou que a experiência televisiva afastou o homem moderno da realidade de seu mundo: Só vemos o mundo quando dentro de nossas casas. Os acontecimentos vêm a nós, nós não vamos a eles (...). Porque o mundo é trazido para dentro de nossas casas, não precisamos explorá-lo: em resultado disso, não adquirimos experiência. (ANDERS, 1973, p.420 apud MATUCK, 1995, p.95). Como Matuck afirma, Anders vai mais além ainda em sua critica sobre a TV, o que caracteriza não somente a desconfiança inerente a TV desde seu inicio, bem como a aparente relutância a mídia, como principalmente reflete o pensamento funcionalista Visto que falam em nosso lugar, os aparelhos receptores nos defraudam progressivamente da capacidade de falar, das oportunidades de falar, e finalmente até do prazem em expressar-nos. (ANDERS, 1973, p.420 apud MATUCK, 1995, p.96). A visão de Anders, caracterizou um discurso intelectual de rejeição a televisão que predominou até que o mesmo fosse desafiado pelo pensamento de McLuhan, propondo em sua obra “Undestanding Media” (1965), uma verdadeira revolução no pensamento midiático. O próprio pensamento de McLuhan acontece justamente no período em que o funcionalismo começa a perder força. Na mesma época, surge então a teoria da informação da comunicação, que ocorre após o período de guerras, de 1920 até 1960 aproximadamente (LIMA, 2001, p.38). No entanto, desde sua criação, até a contemporaneidade, o telespectador, o receptor sempre teve sua voz silenciada, desde que o rádio perdeu seu papel de bidirecionalidade da comunicação, observadas e criticadas por Brecht, desde a sua implementação em 1927. (MATUCK, 1995, p.15). Bretch foi o primeiro a perceber o potencial dialógico do rádio, de forma que ele fosse um meio de comunicação de massa democrático: Uma proposta para dar ao rádio uma nova função (que até hoje mantém sua pertinência e seu valor revolucionário): a radiodifusão deve ser convertida de um sistema de distribuição em um sistema de comunicação. A radiodifusão poderia ser o mais maravilhoso sistema público de comunicação imaginável, um gigantesco sistema de canais:poderia ser, quer dizer, se não fosse apenas capaz de transmitir, mas também de receber, de fazer o ouvinte não apenas escutar, mas também falar, para conectá-lo ao mundo, e não isolá-lo. (BRECHT,1927, p.25 apud MATUCK, 1995, p. 18). Interessante constatar que a teoria hipodérmica se volta diretamente para o rádio, enquanto a da persuasão, para a televisão. A citação acima sobre o rádio é pertinente, porque a televisão, que seria implementada após o rádio, usaria o mesmo modelo, considerado “normal”: O modelo de tele difusão hierárquico e assimétrico foi implementado em todo o mundo como o modelo “natural” da comunicação eletrônica massiva. Deste modo, a comunicação eletrônica bidirecional e interativa - utilizada nas pioneiras radiocomunicações antes que este midium se tornasse veiculo comercial e investigada por John Logie Baird em seus pioneiros experimentos televisuais realizados na Inglaterra em 1927 - foi totalmente erradicada. O rádio e a televisão assumiram a unidirecionalidade como norma, tornando-se veículos que servem a um sistema econômico de mercado e atuam como instrumentos de propaganda comercial e política.(MATUCK, 1995, p.19). Com as novas tecnologias de comunicação, não que o rádio passará a ser da forma utópica idealizada por Brecht, mas enfim, a televisão digital com recursos de interatividade possa enfim tornar isso realidade. As possibilidades advindas das mais recentes tecnologias, inclusive são vistas como ferramentas de inclusão social e participação do cidadão a partir da televisão. A TEORIA DA RECEPÇÃO E A TELEVISÂO Existe um intervalo de aproximadamente 40 anos após a teoria da informação ter ganhado atenção, quando surgiram as primeiras reflexões da linguagem, que buscava entender a comunicação a partir de um sistema formal e estruturado de significados, e também a partir de processos dinâmicos de relações enunciativas.(LIMA, 2001, p.38). Particularmente nessa teoria, a idéia de recepção, daquele que recebe a mensagem ganha forma. Há sem dúvida uma descoberta sobre o receptor, mesmo quando na Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, onde a crítica sobre a manipulação do receptor é o cerne dos estudos, na teoria da persuasão o receptor já está presente. A origem da estética da Recepção é a literatura. O texto fundador foi a aula inaugural do crítico literário Hans Robert Jauss na Universidade de Konstanz (Alemanha), em 1967, intitulada “A história da literatura como provocação à teoria literária” (MARTINO, 2009, p.177). O questionamento de Jauss é sobre como é possível entender uma obra. Em sua visão, Jauss não procurava verificar os efeitos da comunicação no público, mas indo mais além, a idéia afirmava que é o público que dá sentido à obra. A reflexão de Jauss, é justa, quando analisamos os diferentes possíveis sentidos que podem se dar, na reconstrução de uma obra ao se ler um livro. É mais que uma troca de papéis Emissor-Receptor. Existe aqui uma extrapolação no sentido de que essa linearidade passa a ser um processo interativo, construído no diálogo, possibilitando dessa forma a construção de diversos sentidos da mensagem criada por um produtor: Cada leitura de um livro, feita por uma pessoa diferente, acaba de certa maneira criando um livro diferente. Não existe, portanto “um” sentido, mas tantos sentidos quantos forem os receptores. O produtor cria a obra no momento da criação:o receptor re-cria no momento da leitura. A experiência da arte mão se encerrava na obra, mas na sensibilidade - do grego aisthesis, de onde “estética” - do leitor/espectador. (MARTINO, 2009, p.177) Para Jauss, a recepção é um processo contínuo de atribuição de sentidos, realizados através da interação que se dá através do diálogo. As variáveis que estão presentes em um diálogo tornam impossível afirmar quais são os pontos de fixação de um sentido em um universo de signos em constante transformação. A obra só existe, quando é aprendida e retrabalhada pelo receptor. Jauss trabalha a literatura como um ato de comunicação, o que não é possível sem se levar em conta a existência de um elemento receptor, entendido como um produtor de significados a partir da obra. Um público que parte da obra - poiesis - além de sua atribuição comunicativa - katharsis - e encontra sua plena realização ao se tornar parte da visão de mundo do receptor - a aisthesis. (MARTINO, 2009, p.177) De forma analítica, a visão da Teoria da Comunicação para Jauss firma-se sobre uma teoria do conhecimento compreendida como mediador entre a percepção individual e as estruturas sociais ao seu redor. A recepção é o conhecimento das condições de relação entre o texto e o leitor. Se as teorias anteriormente postas, tratavam o receptor, como ser a ser atingido e facilmente manipulável, passivo a espera e exposto aos efeitos potencialmente negativos da mensagem, aqui, o receptor deixa de ser um alvo, para passar a ser um protagonista na produção de sentidos e significados. Jauss deixa claro que: A recepção da arte não é apenas um consumo passivo, mas sim uma atividade estética (poesis), pendente de aprovação e da recusa, e, por isso, em grande parte, não sujeita ao planejamento mercadológico. (JAUSS, 1993 apud MARTINO, 2009, p.178). Esse também é o tom da reflexão de Umberto Eco, em sua obra aberta: (...) uma obra musical clássica, uma fuga de Bach, a Aida, ou Le Sacre du Printemps, consistiam num conjunto de realidades sonoras que o autor organizava de forma definida e acabada, oferecendo-a ao ouvinte, ou então traduzia em sinais convencionais capazes de guiar o executante de maneira que este pudesse reproduzir substancialmente a forma imaginada pelo compositor; as novas obras musicais, ao contrário, não consistem numa mensagem acabada e definida, numa forma univocadamente organizada confiadas à iniciativa do intérprete, apresentando-se portanto, não como obras concluídas, que pedem para ser revividas e compreendidas numa direção estrutural dada, mas como obras “abertas”, que serão finalizadas pelo intérprete no momento em que as fruir esteticamente.(ECO, 1976, p.39). Apesar de Jauss não ter se aprofundado na análise da mídia, houve uma divisão em dois eixos dos estudos de recepção (MARTINO, 2009, p. 178). O primeiro, na continuação das pesquisas norte-americanas sobre os efeitos da comunicação, e o segundo, que nos interessa especialmente pela posição geográfica que se deu o desenvolvimento latino-americano da Teoria das Mediações. Os produtos da indústria cultural se espalharam por todo o planeta, e até onde, as idéias criadas para explicar o que acontecia na europa e na América do Note explicavam o que acontecia na América Latina? Esse foi o espaço que justificava o giro teórico dos problemas do Hemisfério Norte, para os problemas no Sul. Um dos textos fundadores, é “Dos meios ás mediações”, escrito por Jesus MartinBarbero em 1987. O livro propõe um deslocamento dos estudos da Comunicação: Ao invés de se preocupar com os meios e suas condições específicas de produção ou mensagem, era necessário refletir nas mediações, nos processos culturais, sociais e econômicos que enquadravam tanto a produção quanto a recepção das mensagens da mídia. Sobretudo, havia uma preocupação como receptor:”na leitura como no consumo -não existe apenas reprodução, mas também produção, uma produção que questiona a centralidade atribuída ao texto-rei” explica Martin Barbero em Dos los medios a las mediaciones, seu livro clássico produzido em 1987. (MARTINO, 2009, p.179). Para Martino, as mediações são as estruturas de construção de sentido às quais o receptor está inserido, vinculado: A história pessoal, a cultura de seu grupo, suas relações sociais e imediatas, sua capacidade cognitiva são mediações, mas também interferem no processo sua maneira de assistir televisão, sua relação como os meios e com as mensagens veiculadas. A própria idéia de mediação presume a existência de dois termos finais - a mensagem e o receptor - intermediados por uma série de códigos, signos e práticas responsáveis por estabelecer pontos de flutuação de sentido entre o efeito planejado pelo produtor da mensagem e a reconstrução feita pelo sujeito. (MARTINO, 2009, p.178) Especialmente essa teoria nos interessa, porque as preocupações do receptor aqui, se evidenciam na televisão. A televisão surge em 1950, e os estudos anteriores, não se focavam nessa preocupação da recepção, e sim nos efeitos causados pelos impactos da mensagem. Nesse momento, as atenções se voltam especialmente sobre a constituição de um receptor - telespectador - como um ente ativo e colocado individualmente e coletivamente. Essa é a proposta de Orozco Gomes em “La audiencia frente a la pantalla”: Assumir o telespectador como sujeito - e não só como objeto - frente à TV supõe, em primeiro lugar, entende-lo como um ente em situação, e, portanto, condicionado individual e coletivamente, que “se vai constituindo” como de muitas maneiras e se vai também diferenciando como resultado da sua particular interação com a TV, e, sobretudo, das diferentes mediações que entram em um jogo no processo de recepção. (OROZCO, 2005, p.27). Ou seja, a reflexão se da quando a pergunta se converte em como se realiza a interação entre TV e audiência? O que se coloca em jogo, portanto é o próprio processo de recepção televisiva, e junto com este processo, a própria televisão e a sua audiência. Para Martino: Ver a televisão ou ir ao cinema é uma prática social. Mesmo sozinho diante da tela, o telespectador mira a televisão com um olhar carregado de referências, idéias, experiências, práticas. Conhece o valor simbólico do programa que vê, tem expectativas em relação a mensagem, aplica seu capital cognitivo na compreensão tanto quanto reconhece tacitamente o valor cultural de sua prática. (MARTINO, 2009, p. 180). Esse pensamento rompe uma definição importante no pensamento de mídia de massa: (...) é tudo o que não avalia a si mesmo - nem no bem nem no mal - mediante razões especiais, mas que sente “como todo mundo” e, no entanto, não se aflige por isso, ou melhor, sente-se à vontade ao se reconhecer idêntica aos outros. (ORTEGA y GASSET,1930, p.8 apud WOLF, 2008, p.6) Já na teoria das mediações, o “receptor” não existe como “massa” ou “público”, mas como indivíduos que vivem em sociedade. As mediações são complexas negociações de sentido entre hegemonia de uma indústria da cultura protegida e representando poderosos interesses econômicos e um público mais ou menos preparado para enfrentá-la a contento. A negociação não é necessariamente a recusa ou a compreensão, mas um confronto entre hegemonia e resistência na definição do sentido de uma mensagem. (MARTINO, 2009, p.181). A reflexão sobre as teorias funcionalistas, confrontada pela teoria das mediações, é um plano de fundo importante para sedimentar a analise que se segue nesta reflexão. A NOVA TELEVISÃO: DE RECEPTOR CALADO A RECEPTOR PARTICIPATIVO NA PRODUÇÂO DE CONTEÚDO TELEVISIVO A televisão tem uma importância significativa na vida do cidadão brasileiro, principalmente no que concerne seu alcance em todo o Brasil. Segundo o PNAD2 de 2008, o índice de lares com aparelho televisor é de 95,1% enquanto outros itens, como energia elétrica, alcançam 98,6%, e rede de abastecimento de água, apenas 83,9%. É particularmente interessante apontar que nessa mesma pesquisa, a penetração de microcomputadores, é de apenas 31,2%3. Este aparelho é objeto de estudo de diversos estudiosos da comunicação, e é constantemente analisado por diversas óticas, que vão desde a produção de conteúdos audiovisuais, formatos e técnicas de comunicação, transmissão, até os impactos sócioeconômicos provocados por essa tecnologia. Toda tecnologia inserida na sociedade provoca impactos permanentes tornando-se indissociável do ambiente onde é inserida (SANTOS, 2001,p21), e não foi diferente com a televisão, que provocou uma série de transformações não apenas socioeconômicas, como culturais, sociais e políticas (MATTOS,2009,p17). No entanto, a televisão, assim como toda tecnologia adotada pelo homem, evoluiu para um novo aparelho. Como sempre, essa evolução é imposta primeiramente pela técnica (complexidade horizontal), pela qualidade de imagem e som, pelas conexões e 2 3 Pnad : Perfil dos domicílios brasileiros, e é realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Idem, ibidem. recepções, e o seu uso vai sendo absorvido pelo homem com o tempo, considerando sua grande influência histórica (complexidade vertical) (SANTOS, 2001, p.191.). É interessante notar também, que o display “televisão”, ou seja, o aparelho técnico, também tem sofrido alterações estruturais. Do antigo aparelho de raios catódicos, que se limitava a retransmitir imagens que eram transmitidas no sentido inverso através do disco de Nipkow (MATTOS, 2009,p 164), hoje o aparelho mais se assemelha a um computador, com direito a microprocessadores de última geração e sistema operacional embarcado4, periféricos como teclados wireless e mouse – periféricos citados, que sempre acompanharam o microcomputador pessoal. Com sua primeira exibição em 20075, a Televisão Digital no Brasil é vista Governo como uma ferramenta para a inclusão social, oferecendo acesso a informação e serviços públicos. Isso se deve em grande parte, graças à possibilidade do display oferecer uma grande variedade de serviços eletrônicos através da interatividade. A interatividade se propõe a levar ao até então receptor, a possibilidade de se tornar um ator ativo no processo comunicacional de sentido único, restando a esse apenas aguardar e ser atingido pelas mensagens que eram transmitidas. Historicamente, a televisão tem um papel de destaque, principalmente pela posição que está colocada como meio de comunicação: A própria TV tem uma influência importante na constituição particular do telespectador. Para entender essa influência, temse que partir do fato de que a TV é ao mesmo tempo um meio técnico de produção e transmissão de informação e uma instituição social produtora de significados, definida historicamente como tal e condicionada política econômica e culturalmente. Essa dualidade da TV confere à mesma um caráter especial e a distingue de outras instituições sociais, ao mesmo tempo em que lhe dá certos recursos para aumentar seu poder legitimador em relação ao telespectador. (OROZCO, 2005, p.27, 28) No entanto, como se dá essas relações mediante as novas tecnologias de comunicação? Desde Bretch, em seu manifesto sobre as possibilidades dialógicas do rádio, que foram consideradas como inviáveis graças ao forte interesse comercial na época, o receptor da mensagem, apesar de ser visto como co-produtor de sentidos, ele está limitado a isto. 4 TV Google poderá ser lançado ainda esta semana: Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI4437008-EI12884,00Projeto+Google+TV+pode+ser+lancado+nesta+semana.html >– Acessado em 08/07/2010 5 Tv Digital no Brasil: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Televis%C3%A3o_digital_no_Brasil> Apesar de existir formas de iniciar um diálogo mediado por carta ou mesmo e-mail, a co-produção se limita ao receptor. Se os estudos de recepção colocam o receptor como co-produtor de sentidos e rompe como pensamento de que ele está isolado, por outro lado, o teor dialógico perde em relação a resposta do receptor. Ou seja, o receptor recebe a mensagem que é re-criada por ele, mas o fluxo comunicacional, se encerra nisso. Esse fluxo comunicacional pode servir para propósitos como narrativas ficcionais, como filmes ou histórias onde o autor, cria uma obra não fechada, mas encerrada, com um inicio, meio e fim, determinados por ele. Esta alias, pode ser uma opção deste. Mas em outras narrativas, como por exemplo, telejornalismo, ou mesmo narrativas esportivas? A reflexão aqui, se centra nas novas possibilidades de fluxos comunicacionais, refletidos na critica anteriormente posta por Thompson ao citar essa limitação do receptor nos processos de recepção de mensagem: (...) o fluxo comunicacional é esmagadoramente de sentido único. As mensagens são produzidas por um grupo de indivíduos e transmitidas para outros situados em circunstâncias espaciais e temporais muito diferentes das encontradas no contexto original de produção. Por isso, os receptores das mensagens da mídia não são parceiros de um processo de intercâmbio comunicativo recíproco, mas participantes de um processo estruturado de transmissão simbólica. (THOMPSON, 2009, p.31). É importante entender que os avanços tecnológicos, impactam, influenciam e por fim modificam o homem, e suas sociedades, em um ambiente de constante hibridação tecnológica, em que ambos já não podem ser desassociados (SANTOS, 2001, p.23). Desde a criação da Internet e os avanços tecnológicos do computador, por fim chegam à televisão. Esse aparato técnico que resistiu por anos às influências em sua forma de transmissão-recepção de conteúdos. Claro que existiram as “evoluções” do aparelho, passando de preto e branco, a cores, de qualidade de imagem, som, aos aparatos que eram a ele incluídos como o video-tape, video k-7, DVD player, entre outras, até que finalmente, a televisão passa a estar conectada a grande rede, que não pode ser mais endereçada á somente computadores. Pela primeira vez na história deste aparato comunicacional, o receptor pode através do mesmo canal, trocar de papéis efetivamente com o produtor da mensagem, como inicialmente desejava Bretch, ao projetar as possibilidades dialógicas do rádio. CONCLUSÃO A televisão digital interativa, independentemente do canal de retorno que ela irá utilizar, ela abre um novo cenário para o receptor, atuar como um co-produtor de sentidos e trocar de papel efetivamente com quem enviam a mensagem a partir de uma emissora de televisão, a partir de recursos interativos disponíveis não somente nos aparelhos, como também oferecidos pelos produtores de conteúdo. O desenvolvimento dos meios de comunicação não somente criou novas formas de interação, mas também fez surgir novos tipos de ação que têm características e conseqüências bem distintas. A característica mais geral destes novos tipos de ação é que eles são responsivos e orientados a ações ou pessoas que se situam em contextos espaciais (e talvez temporais) remotos. Em outras palavras, o desenvolvimento dos meios de comunicação fez surgir novos tipos de “ação a distancia” que se tornaram cada vez mais comuns no mundo moderno. (THOMPSON, 2009, p.92). A afirmação de Thompson valida o que acontece quando a Rede globo de Televisão passa a oferecer programas com opções de escolha pela audiência, a partir de uma ligação telefônica. Sob esse aspecto, a Rede Globo de Televisão já oferece há alguns anos, opções de interação com o público, oferecendo programas como “Você Decide”, onde a escolha de um final de uma narrativa entre duas opções pré-produzidas, seja no “Intercine”, oferecendo ao público, a opção de escolha do filme que deseja se assistir, através do todo da maioria. Em ambos os casos, o público usou o telefone para realizar seu voto. No entanto, não acontece um “diálogo”, uma vez que o telespectador se limita a escolher uma ou outra opção, para poder receber o final de uma narrativa, sem oferecer ao produtor da mensagem, a percepção individual dele sobre a mensagem inicial. Em uma narrativa como uma telenovela, o autor e a emissora que veicula essa produção, procuram constantemente ouvir o que o público opina a respeito do rumo que a trama toma, através de pesquisa s de opinião dos telespectadores. Oferecendo um pool de opinião, já é possível através de aplicativos de interatividade, interferir nos rumos da trama, promovendo então apenas um deslocamento do canal utilizado para realizar uma escolha: do telefone para a própria televisão. A programação televisiva é normalmente concebida em forma serializada, ou seja, em formatos de blocos, cuja duração varia entre emissoras e tipos de programas veiculados, em uma apresentação descontínua e fragmentados. No caso especifico de narrativas, a história geralmente é dividida em capítulos ou episódios, cada um deles sendo apresentado em dia ou horário diferentes, em horários diferentes, subdividido por sua vez em blocos menores, a fim de inserir os comerciais entre a exibição da narrativa. No inicio, normalmente é apresentada uma pequena contextualização do que acontecia antes (para refrescar a memória ou informar o espectador que não viu o bloco anterior) e no final, um gancho de tensão, que visa manter o interesse do telespectador até o retorno da série, depois do break ou no dia seguinte. (MACHADO, 2000, p.83). Obviamente, em produções onde existe um padrão de qualidade no programa que esta sendo oferecido, é necessário que atores estejam preparados, cenários estejam disponíveis, equipes de produção como iluminadores, continuistas, entre outros para que a trama de uma narrativa possua o mínimo de coerência. Essa complexidade da produção é um dos fatores que inviabilizam uma interferência direta nas narrativas ficcionais. No entanto, para narrativas esportivas, de telejornais, de programas de auditório, isso seria plenamente possível. Em uma narrativa esportiva, por exemplo, uma transmissão de um jogo de futebol, pode transmitir não apenas um, mas dois canais diferentes6: Dessa forma, não apenas a produção poderia ser mais personalizada, dando mais emoção ao torcedor de um time, com tomadas, cenas e informações exclusivas do seu time favorito - fato que não é possível hoje uma vez que é necessário apresentar uma certa “neutralidade na narração de uma partida de futebol”, mas também oferecer informações exclusivas, disponibilizar conteúdo paralelo como vídeos e entrevistas com os personagens do time em questão, que possam ser acessadas simultaneamente a partida de futebol. Essa mudança possibilitaria que a experiência de assistir futebol, fosse mais personalizada e dirigida. No entanto, apesar da dificuldade e dos entraves para que a participação colaborativa do telespectador em narrativas ficcionais é possível criar narrativas onde com certa criatividade, e com certo deslocamento temporal, o público possa sentir que a produção 6 Hoje, é possível transmitir em até 4 subcanais de um canal digital a partir do mesmo sinal da emissora, sendo possível dessa forma, em um mesmo canal, ser transmitido um subcanal para um time, e outro, para outro, oferecendo dessa forma conteúdos distintos. advinda da sua recepção individual, seja refletida no rumo da trama de forma coletiva, experiência esta, já demonstrada ser possível de se atingir, a partir dos estudos de Crocomo, em sua obra “TV Digital e Produção interativa”. Apesar de ter um foco sobre a participação de uma comunidade na produção de conteúdo de noticias, as mesmas práticas podem ser analisadas e adaptadas as demais narrativas televisivas, ou mesmo na criação de novas narrativas só possíveis graças aos avanços tecnológicos. REFERÊNCIAS BAUER, R. The Communicatior and the audience. Journaul of Conflict resolution, vol.2. 1964 CANNITO, N. A televisão na era digital – interatividade, convergência e novos modelos de negócio. São Paulo, Editora Summus, 2010. CROCOMO, F.A TV Digital e produção interativa. Florianópolis: Editora da UFSC, 2007. ECO, U. Obra Aberta. São Paulo: Editora Perspectiva, 1976. GIDDENS, A. La Normalizzazione dei Giornalisti. Ipotesi sugli esiti della Socializzazione Professionale negli apparati Dell'ínformazione. Sociologia dell' organizzazione, 1. 7-53. 1982 LIMA, V. Breve Roteiro Introdutório ao Campo de estudo da Comunicação Social no Brasil in LIMA, V. Mídia. Teoria e Política. São Paulo: Editora Perseu Abramo, 2001. 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