Fatores que Dificultam o Controle da Hipertensão Arterial a

Propaganda
1
I – INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é considerada uma doença crônicodegenerativa e representa sério problema de saúde pública, considerando a sua ampla
incidência em indivíduos adultos. Deve ser acompanhada ao longo de seu curso com
medidas de controle que visem à qualidade de vida do portador e a prevenção de
complicações.
Segundo o (Ministério da Saúde,2001) a Hipertensão Arterial é uma doença
crônica, não transmissível, de natureza multifatorial assintomática, na grande maioria dos
casos, que compromete fundamentalmente o equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores e
vasoconstritores, levando a um aumento da tensão sanguínea nos vasos, capaz de
comprometer a irrigação tecidual e provocar danos aos órgãos por eles irrigados.
A hipertensão arterial sistêmica é uma das doenças que cada vez mais acometem
maior número de pessoas e que pode levar às complicações cardiovasculares resultando em
óbito. Apesar do fácil diagnóstico e dos avanços expressivos na produção de novos
medicamentos na indústria farmacêutica. Embora um problema de saúde pública percebe-se
que ainda há um número muito grande de indivíduos hipertensos não tratados ou tratados
inadequadamente (SARQUIS et al.,1998).
Segundo (Castro,1999) há vários fatores que vem contribuindo para agravar a
situação de pacientes que não realizam o seguimento das recomendações terapêuticas. Que
embora estejam devidamente diagnosticados, apenas 50% dos pacientes utilizam medicação
de forma regular. E que por se tratar de uma doença “silenciosa”, ou seja, em muitos casos
assintomática faz com que o paciente não reconheça ser um risco potencial para as doenças
cardiovasculares e que necessita mudanças no estilo de vida associado ao uso correto da
medicação.
No Brasil segundo o (Ministério da Saúde,2001) a Hipertensão Arterial
Sistêmica é uma das doenças crônicas com maior prevalência. Cerca de 11 a 20 % da
população é afetada com mais de 20 anos e isso representa um dos principais fatores de
risco para as doenças cardiovasculares e principal causa de mobimortalidade na população
brasileira. Cerca de 85% dos pacientes com acidente vascular encefálico(AVE) e 40% das
vítimas de infarto agudo do miocárdio apresentam a patologia associada.
2
Em termos epidemiológicos a Hipertensão Arterial traz conseqüências negativas
quanto ao aumento no quadro de morbidade e mortalidade nas doenças cardiovasculares.
Os profissionais de saúde devem fortalecer a educação e saúde, incentivar o auto-cuidado
dos pacientes para os mesmos obterem uma melhor qualidade de vida. Com atenção para o
estilo de vida individual e para contextos culturais em que vivem. Buscando com isso evitar
a não aderência ao tratamento tendo como conseqüências o abandono ou irregularidades
durante o seu seguimento.
Dentre os fatores que interferem na adesão ao tratamento estão a idade do
paciente, sexo, nível social e econômico. Hábitos de vida e culturais entre outros. Em igual
importância encontra-se o acesso aos serviços de saúde e especialidades médicas, o
ambiente em que convivem com familiares ou seus cuidadores e as possibilidades para a
prática de exercícios no ambiente em que vivem.
Segundo (Car,1998) a prevalência aumenta com a idade, é maior entre negros e
acomete mais pessoas de segmentos sociais mais pobres. Ainda ressalta que a pressão
arterial normal é aquela capaz de garantir perfusão tecidual de todos os órgãos em
diferentes situações, tais com estresse, exercícios ou mudanças de posição.
Nos últimos anos as mudanças no sistema de saúde com relação à assistência
ofertada aos hipertensos, pelo Programa Saúde da Família, embora tenha trazido melhorias
na saúde dos mesmos. Com a oferta de melhor estruturação dos serviços, distribuição de
medicamentos básicos e acompanhamento de profissionais médicos e de Enfermagem entre
outros. Mas ainda assim há vários fatores que dificultam a adesão ao tratamento
apresentando grande número de pacientes que não aderem ao tratamento da hipertensão
arterial.
A partir da educação do paciente para o auto-cuidado, espera-se a redução de
seqüelas, o fortalecimento dos recursos do paciente em saúde, bem como, maior adesão do
mesmo ao tratamento. Além do alcance nas metas dos níveis tensionais adequados.
Os programas sociais e de saúde do governo para Hipertensão devem
contemplar as classes sociais de menor poder aquisitivo e de baixa escolaridade. Embora o
acesso aos serviços de saúde seja mais fácil ao público de maior renda. Sabe-se que há
maior adesão entre os mais educados e de melhor escolaridade pois aceitam as medidas de
promoção e proteção à saúde mais facilmente. Para aderir às orientações desse porte é
3
necessário um bom nível de escolaridade e renda, um adequado conhecimento da doença e
rigorosa autodisciplina do paciente (LESSA,1998).
Estudos sobre não aderência, de pacientes hipertensos, ao tratamento
demonstram que o fator mais relevante é o aspecto pessoal, que envolve relacionamentos
com as pessoas responsáveis pelo atendimento. Assim o relacionamento enfermeirapaciente, psicólogo-paciente, farmacêutico-paciente, ou a inclusão de uma terceira pessoa
no relacionamento médico-paciente, melhora os níveis de aderência (ARAÚJO, 1998).
Durante a consulta ocorrem situações peculiares e o fato do paciente assumir a
responsabilidade de que já havia deixado de tomar os medicamentos significa que o
paciente está confiando no profissional, que estabeleceu um vínculo de confiança e
segurança com o paciente e este se sente seguro em relatar suas dificuldades em relação à
não aderência ao tratamento medicamentoso. O paciente pode referir que se esqueceu de
tomar o medicamento, faltou remédio na farmácia, não dispõe de recursos para a aquisição
dos medicamentos que não são fornecidos pelo posto, não teve apoio da família, não foi
bem instruído pelo profissional de saúde sobre o modo de preparo e tomada das medicações
nos horários estabelecidos e que não entendeu as instruções recebidas. Situações estas que
dificultam o controle dos níveis tensionais do paciente hipertenso e que pode leva-los a
riscos de complicações.
Ainda situações como a distância do local de atendimento, o tempo de espera, o
horário aprazado ou não, o breve e rápido tempo de consulta, o custo da terapêutica, os
efeitos colaterais, a complexidade do esquema posológico, o número de comprimidos e de
tomadas são fatores importantes que determinam à aderência e maior participação do
paciente no tratamento. Além dos princípios educacionais e crenças de saúde individuais e
coletivos. O conhecimento dos riscos de complicações pelo uso inadequado de antihipertensivos contribuem também para maior aderência.
Diante desta problemática e considerando um problema de saúde pública e que
vem sendo alvo de estudos em nosso meio, a participação da equipe de saúde pública é
fundamental em sua atuação junto a esta clientela, sente-se a necessidade de conhecer esta
situação. O Objeto do presente estudo é identificar os fatores que dificultam o controle da
pressão arterial em pacientes no município de Caridade.
4
Assim, essa pesquisa busca verificar como o paciente de Caridade realiza o
seguimento ambulatorial, identificando o auto-cuidado em relação ao tratamento
medicamentoso e dietético e estudar as influências que interferem na prática assistencial,
baseada nos resultados encontrados.
2- REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Hipertensão Arterial: Conceito, fatores predisponentes, complicações e tratamento.
A Hipertensão Arterial conforme III Consenso Brasileiro de Hipertensão
Arterial (CONSENSO, 1998) é uma síndrome caracterizada pela presença de níveis
tensionais elevados, associados a alterações metabólicas e hormonais e a fenômenos
tróficos ( hipertrofia cardíaca e vascular).
Dentre os fatores de risco predisponentes ao seu surgimento da hipertensão
arterial encontram-se a idade, sexo, obesidade, hereditariedade e raça. Além do estresse, da
ingesta de sal e calórica em excesso e de hábitos como alcoolismo e tabagismo.
Com o conseqüente processo de envelhecimento a idade é um fator de risco para
a hipertensão arterial. Há estudos que comprovam a relação entre o aumento dos níveis
pressóricos e o aumento da idade. O fato está relacionado às alterações na musculatura lisa
e no tecido conjuntivo dos vasos com o acúmulo dos anos (CARVALHO, 1996).
Quanto ao sexo a hipertensão é mais presente nos indivíduos do sexo masculino.
À medida que a faixa etária avança, a doença se manifesta em maior escala e com maior
gravidade nas mulheres, principalmente após a menopausa. Os índices de morbimortalidade
cardiovasculares são menores em mulheres que em homens (MARTINS, 1996).
Quanto à obesidade a hipertensão arterial é mais comum em pessoas obesas.
Segundo (Telles,1999) o peso está diretamente relacionado com o nível de pressão arterial,
uma vez que nos casos de obesidade há prevalência elevada desses índices. A redução de
peso, por conseguinte, incide na diminuição dos níveis de tensão arterial. Sendo mais
comum o aumento do risco de desenvolver doença cardíaca isquêmica.
5
Comidas rápidas com refeições bastante calóricas, sedentarismo, poucas
atividades físicas e hábitos de passar bastante tempo em frente a tv contribuem para o
aumento de peso. Nos dias de hoje é necessário um trabalho educativo nas escolas na
prevenção da obesidade e do sedentarismo e quanto aos pacientes hipertensos obesos
incentivar hábitos alimentares saudáveis com maior atividade física e criação de programas
para redução de peso semelhante ao desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros em alguns
municípios do Estado do Ceará.
O sobrepeso e a obesidade constituem, atualmente, o desvio nutricional que
mais aumenta no mundo, assumindo proporções de uma pandemia. Está associado aos
novos estilos de vida: hábitos alimentares e sedentarismo dos tempos modernos.
Conforme Rouquayrol(1999) a obesidade atinge entre 10 e 20 % da população
adulta americana e que, entre mulheres negras dos Estados Unidos, na população feminina
do leste Europeu e dos países mediterrâneos, pode alcançar 40%.
A obesidade, definida como índice de massa corporal igual ou superior a 30,
está estreitamente relacionada com as doenças crônicas não–transmissíveis, como diabetes,
a hipertensão arterial e as intercorrências cardiocirculatórias de maior gravidade, nos países
ricos. Estas situações, inclusive, já assumem uma participação ponderável e ascendente nos
países subdesenvolvidos (ROUQUAYROL,1999) apud (BRAY,1991).
Ainda conforme Telles (1999) no que se refere a hereditariedade o fator
genético oferece uma importante contribuição na hipertensão arterial. Segundo estudos
algumas pessoas apresentam uma predisposição desde o nascimento embora ainda não se
saiba qual o mecanismo genético responsável pela evidência.
Conforme
o
III
Consenso
Brasileiro
de
Hipertensão
Arterial
(CONSENSO,1998), a Hipertensão Arterial é mais presente na raça negra e segundo o
Ministério da Saúde do Brasil (2001) é neste grupo onde se encontra a sua maior gravidade.
Um dos aspectos mais influentes na elevação dos níveis pressóricos é o
consumo excessivo de sal o que torna um fator preocupante pelo crescente uso de enlatados
e defumados, sanduíches em fast- foods como alimentação rápida no dia a dia das pessoas.
Vale ressaltar que as gorduras saturadas presentes nos alimentos consumidos atualmente
contribuem para elevar os níveis pressóricos além de favorecer o surgimento de doenças
cardiovasculares e outras complicações.
6
Para (Cooper,1996) a moderação do consumo de sódio, diminui o nível
pressórico pela redução do volume de líquidos do corpo e do cálcio presente nas células.
Segundo o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (CONSENSO,
1998), acrescenta que o benefício da menor ingestão de sal reduz a mortalidade, por
acidente vascular encefálico e regride a hipertrofia ventricular esquerda, podendo, ainda,
reduzir a excreção de cálcio pela urina, contribuindo para prevenir a osteoporose, em
idosos.
Brunner e Suddarth (2006) relatam que o consumo de álcool tem um fator de
risco importante na Hipertensão Arterial, pois reduz os efeitos dos medicamentos antihipertensivos. Os efeitos do álcool comprometem órgãos nobres, ao exemplo do coração,
cérebro, fígado e pâncreas.
Dados do Ministério da saúde do Brasil (2001) confirmam que, mesmo quando
a hipertensão é de difícil controle, há uma boa resposta ao tratamento, após a eliminação
do uso excessivo de álcool e que o consumo de álcool, mesmo em pequenas quantidades,
pode elevar a pressão arterial e em grande quantidade, pode ser responsável por um
significativo número de casos de hipertensão. As bebidas alcooólicas são drogas lícitas na
nossa sociedade e embora haja campanhas educativas por parte do governo há bastante
material publicitário divulgando e estimulando o consumo do álcool na sociedade seja
durante comemorações ou festinhas o que pode levar à hábitos nocivos e prejudiciais.
O tabagismo também é um fator que influência na elevação dos níveis
pressóricos. Conforme o III Consenso Brasileiro de Hipertensão arterial (CONSENSO,
1998) o tabagismo altera a freqüência cardíaca e contribue para a arteriosclerose, doenças
cardiovasculares e morte súbita além do acidente vascular cerebral. O risco de doenças
cardiovasculares nos hipertensos fumantes é três vezes maior que nos hipertensos não
fumantes. O cigarro também influencia no efeito adverso da redução dos lipídios séricos,
provocando resistência ao efeito das drogas anti-hipertensivas.
O uso de contraceptivos orais é provavelmente a causa mais comum de
hipertensão secundária nas mulheres, dentre as quais cerca de 5% desenvolvem hipertensão
dentro de cinco anos de uso. Isto é mais do que duas vezes a incidência entre mulheres que
não usam esses medicamentos (MARTINS, 1996).
7
No mundo moderno, com o planejamento familiar, em que há casais que
pretender ter apenas dois filhos a pílula se torna indispensável para o uso feminino.
Quanto ao estresse entendido como uma reação do organismo aos constantes
níveis de tensões geradas no dia a dia contribue para a elevação dos níveis de pressão
arterial (BRANDÃO, 1996). Situação financeira precária, pouco dinheiro e falta de lazer
pode levar ao estresse.
O tratamento da hipertensão arterial se constitui de duas vertentes: a terapia
medicamentosa e a não medicamentosa. A Abordagem terapêutica do hipertenso inclui
além da terapia farmacológica, a mudança no estilo de vida com hábitos alimentares e de
vida saudáveis e prática adequada de exercícios físicos regulares. A prática de exercícios
físicos diminui o estresse e reduz o peso além de ter ação coadjuvante no tratamento das
dislipidemias.
Assim como as ações terapêuticas se fazem necessárias as ações preventivas no
controle da hipertensão arterial. Acompanhamento médico e de Enfermagem adequado,
dieta, exercícios físicos e medicação se necessário.
As intervenções preventivas podem ser dirigidas a indivíduos ou grupos nas
comunidades. As estratégias clínicas e comunitárias, quando bem planejadas e
implementadas, podem trazer benefícios à sociedade como um todo.
2.2 Acompanhamento ambulatorial de Enfermagem e a importância da atividade educativa
nos programas de hipertensão
O desconhecimento é parte das dificuldades no controle da doença. Muitos
portadores não estão conscientes da necessidade do seu tratamento, das complicações
decorrentes da doença e das suas medidas preventivas. Existem as medidas que devem ser
tomadas para a prevenção de riscos, já conhecidas na literatura, mas que não são
conhecidas pela maioria dos entrevistados. As ações dos cuidados com a doença dependem
em parte desse conhecimento.
Conforme (Resende,1998) apud (Santos e Clos,1992) o profissional enfermeiro
é um elemento central e diretivo no acompanhamento e orientações individuais aos
portadores de hipertensão arterial. A consulta de Enfermagem utilizada é um instrumento
8
em que consegue-se alcançar mais facilmente o atendimento das necessidades de saúde
dessa clientela e, também, uma maior adesão destes ao tratamento. Tomasi (1996) relata
que a modalidade grupal é uma estratégia importante para os portadores de hipertensão
arterial que necessitam de mudanças em seu estilo de vida. Propicia, ainda, o ensino e a
aprendizagem para o enfrentamento de situações de vida, através de trocas de experiências,
com uma apropriação consciente e indissociável da vida das pessoas. Afirma que este
aprendizado deve partir da necessidade de cada um, dando-se lentamente, de modo a
minimizar os agravos à saúde e nunca imposto paternalista, coercitiva e verticalmente pelos
profissionais de saúde. Observa-se, nesses estudos, uma preocupação dos profissionais de
saúde com a melhoria da assistência aos doentes, voltada para ações educativas e para um
melhor acompanhamento no decorrer de suas doenças, objetivando conseguir, assim, um
controle mais eficiente da patologia por parte de seus portadores.
Neste estudo, os fatores que dificultam o controle da doença por seus portadores
estão focalizados na percepção do paciente quanto à hipertensão arterial, as dificuldades
relatadas pelos portadores e os principais envolvidos no controle da hipertensão arterial.
9
3 – OBJETIVOS
Objetivo Geral:
- Identificar os fatores que dificultam o controle da Hipertensão Arterial por
seus portadores visando à inovação da prática assistencial baseada nos resultados
esperados.
Objetivos Específicos:
- Identificar o auto cuidado em relação ao tratamento medicamentoso e
dietético.
- Caracterizar os hipertensos entrevistados segundo as variáveis: sexo, idade e
perfil sócio-econômico.
- Verificar como o paciente realiza o seguimento ambulatorial no município de
Caridade.
10
4 – METODOLOGIA
4.1 – Tipo de Estudo
Considerando a relevância da temática abordada, foi construído um estudo que
possibilite verificar como o paciente hipertenso realiza o acompanhamento ambulatorial,
identificando os fatores que dificultam o seu controle pressórico e ainda o autocuidado em
relação ao tratamento medicamentoso e dietético dos mesmos.
Trata-se de um estudo de natureza exploratório-descritiva, pois, de acordo com
(Trivinos,1995), estes estudos permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno
de determinado problema e descrever “com exatidão” os fatos e fenômenos de determinada
realidade. Empregamos uma abordagem quantitativa e qualitativa, porquanto essas se
completam, segundo (MINAYO,1996).
Para Minayo a pesquisa qualitativa se preocupa com um nível de realidade que
não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das
relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização
de variáveis.
4.2 – Local de Estudo
O estudo foi realizado em Unidade Básica de Saúde no Município de Caridade,
localizada no sertão central do Estado do Ceará a 100 Km de Fortaleza. Cidade de pequeno
porte voltada basicamente para a agricultura e turismo religioso. A população registrada no
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pelo censo de 2000 é de 16800 Hab.
( RIBEIRO,2006).
A pesquisa foi desenvolvida no período de outubro de 2006 em uma unidade de
saúde no Município de Caridade próximo a Canindé com acesso pela BR-020, a 16 km de
Canindé, sede da 5ª Célula Regional de Saúde.
Município com 4.060 famílias, com cobertura de 100% pelas 06 equipes do
Programa Saúde da Família, 05 Equipes de Saúde Bucal, um hospital que dispõe de 32
11
leitos e uma sala de parto. Não possui centro cirúrgico tendo o município de Canindé como
referência (RIBEIRO, 2006).
As equipes Saúde da Família são: ESF - Serrote; ESF - São Domingos; ESF Campos Belos I; ESF - Campos Belos II; ESF - Sede I e ESF- Sede II. São compostas por
06 médicos, 06 enfermeiros, 04 dentistas, 13 auxiliares de Enfermagem e 32 agentes
comunitários de saúde.
A unidade básica de saúde credenciada ao Sistema Único de Saúde (SUS)
possui atendimento médico e consulta de Enfermagem aos portadores de Hipertensão
Arterial semanalmente e são agendados conforme demanda espontânea no posto de saúde
ou durante visitas domiciliares realizadas pela equipe costumeiramente.
Na Secretaria Municipal de Saúde existem 06 unidades básicas de saúde
cadastradas no Programa Saúde da Família. Como parte da equipe multiprofissional que
presta assistência existem 6 enfermeiras assistenciais e 4 médicos e 1 nutricionista. Não há
cardiologista no Município e em casos de atendimento especializados esses portadores são
referenciados para municípios pólo pela central de regulação do estado.
4.3- População e amostra
A população deste estudo foi constituída por portadores de Hipertensão arterial,
residentes no município, escolhidos aleatoriamente e que são acompanhados pela unidade
de saúde, PSF Sede I, de caridade. Cerca de 25 indivíduos que residem na localidade.
Portanto, a amostra estudada foi de portadores de Hipertensão arterial que foram
acompanhados em decorrência dessa doença, no ano de 2006.
4.4- Procedimento e técnicas de coleta de dados
O primeiro contato com os hipertensos ocorreu através da consulta de
enfermagem na unidade de saúde, os quais aceitaram participar do estudo. Foi aplicado um
questionário e uma entrevista semi-estruturada, a cada hipertenso, individualmente,
assegurando a privacidade e o anonimato dos participantes.
12
O questionário compreendia questões relacionadas ao: perfil sócio-econômico, e
a entrevista semi-estruturada relacionavam os fatores responsáveis pela não adesão ao
tratamento.
Para a coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista por tópicos, elaborado
com base na literatura pertinente. As questões do roteiro de entrevista contemplaram
aspectos relacionados à caracterização da clientela, ao conhecimento que a população
estudada tinha sobre a patologia, a terapêutica, os fatores de risco e o controle da doença e,
ainda, relacionados à interação que a clientela tem com os serviços de saúde que utiliza,
bem como a inserção dessa população no meio em que vive.
Todos os indivíduos foram orientados quanto ao objetivo do estudo, à forma de
participação e à garantia do anonimato. As entrevistas ocorreram no mês de outubro de
2006 e teve duração média de duas horas cada.
4.5- Análise e interpretação dos dados
Os dados obtidos foram organizados e analisados de forma quali-quantitativa.
Os dados relacionados ao perfil sócio-econômico foram organizados e demonstrados em
gráficos. Em primeiro lugar foi realizado a ordenação dos dados coletados, releitura do
material obtido e organização dos relatos. As informações colhidas sobre os fatores que
dificultam a adesão ao tratamento foram apresentados e interpretados por meio dos
discursos dos entrevistados.
Para analisar as falas dos entrevistados foram divididas em categorias.
Agrupando-as em elementos e idéias que expressam um mesmo contexto conforme o
conceito de (Bardin,1977). No primeiro momento realizou-se uma ordenação dos dados
coletados em categorias específicas. A partir de então organizou-se os dados em
consonância com os referenciais teóricos da pesquisa.
Foi utilizado um termo de consentimento no qual explicou-se a importância e o
objetivo do estudo, deixando clara a opção de se recusar a participação da pesquisa, sem
nenhum prejuízo à sua assistência.
13
5- APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS
5.1 - Caracterização pessoal, social e econômica dos hipertensos entrevistados.
Dos 25 hipertensos que participaram do estudo, 16 eram do sexo feminino ( 64
%) e 09 do sexo masculino( 36 %). A idade variou de 44 a 86 sendo 56 % concentrados na
faixa entre 60 a 70 anos. Quanto ao estado civil, a maioria era de casados ( 72 %), havendo
também grande número de viúvos ( 24 %). O número de filhos variou de zero a cinco, com
predominância de indivíduos com dois e três filhos. O número de pessoas que moravam
com os entrevistados variou de zero a três, predominando duas pessoas por residência. Três
dos entrevistados moravam sozinhos. O grau de escolaridade variou de analfabetos até o
nível superior, predominando aqueles que tinham até a primeira série do ensino
fundamental. Com relação à ocupação, a maioria era de aposentados ( 56 %) e ainda uma
grande parte dos entrevistados exercia atividades domésticas em seu lar. Dentre os
entrevistados encontrava-se 01 agente comunitária de saúde.
Dentre os pacientes entrevistados: 17 são sedentários, 08 são obesos, 07 são
obesos e sedentários, 01 é alcoolista, 05 são diabéticos, 01 é tabagista e sedentário. Sendo
(68 %) dos pacientes não realizam atividades físicas.
Quanto ao uso de medicações anti- hipertensivas todos os hipertensos
entrevistados relataram estar usando remédios conforme prescrição médica. Fazem uso de
monoterapia com Hidroclorotiazida 25mg, Captopril 25mg ou Propanolol 40 mg, enquanto
que cerca de 60% dos pacientes fazem uso de medicamentos associados sendo diuréticos
com poupadores de potássio. Estas características estão descritas nas grades 1 a 3 que
seguem abaixo:
14
Quadro I- Variáveis socioeconômicas dos pacientes de UB Caridade-Ce, 2006.
Variáveis
Idade
No de pac. %
40-60
11
44
61-65
02
08
66-86
Sexo
12
48
Masculino
09
36
Feminino
Cor
16
64
Branca
06
24
Não-branca
Estado Civil
19
76
Viúvo
06
24
Solteiro
01
04
Casado
Escolaridade
18
72
Analfabeto
05
20
Ensino fundamental
16
64
Ensino médio
03
12
Ensino superior
Ocupação
01
04
Aposentado
14
56
Agricultor
03
12
Agente de saúde
01
04
Autônomo
01
04
Outros
06
Renda familiar(sal.min.)
24
1-2
18
72
3-5
06
24
6-8
01
04
Quadro 2 –Atividade física e lazer dos pacientes hipertensos de UB Caridade- Ce, 2006.
Variáveis
Exercícios físicos
No de pac. %
15
Sim
08
32
Não
Tipo de exercícios físicos
17
68
Caminhada
06
75
Bicicleta
01
12,5
Hidroginástica
01
Tempo de exercícios físicos(min.)
12,5
<30
02
25
30-45
03
37,5
>45
Lazer
03
37,5
Sim
23
92
Não
Tipos de lazer
02
08
TV
07
30
Bebidas
01
04
Igreja
05
22
Dançar
02
09
Outros
08
35
Quadro 3- Exames clínicos dos pacientes de UB Caridade- Ce, 2006.
Variáveis
No de pac.
%
Normal(<130x89)
14
56
Hipertensão(140>180x
11
44
Pressão arterial( mmHg)
16
90>110)
IMC(Kg/m2)
Desnutrição(<18,5)
Zero
Zero
Eutrófico(18,5-24,9)
10
40
Sobrepeso(25,0-29,9)
07
28
Obesidade I(30,0-39,9)
08
32
O índice de massa corporal, conforme (Sampaio ,2000) é calculado com o peso sobre a
altura ao quadrado e conforme o quadro 3 a presença de obesidade foi registrada em 32%.
5.2 - A percepção dos entrevistados quanto a sua doença
1- Hipertensão Arterial associada a sintomas
Segundo (Resende,1996) as atitudes tomadas pelo indivíduo portador de
Hipertensão arterial para o controle da doença no aspecto pessoal são dependentes de sua
percepção sobre si, quanto ao meio em que vive e suas influências culturais.
O Hipertenso vivencia experiências únicas quanto a sua doença e com o passar
do tempo adquire formas próprias de conviver com ela, tais como: alterações dos hábitos
cotidianos e do seu estilo de vida entre outras.
Tais alterações, quando não bem aceitas, em que há resistência a mudanças
proporcionam o aparecimento de fatores que dificultam o controle adequado da hipertensão
arterial. Dentre as dificuldades frequentemente encontradas estão a desobediência à dieta,
impotência no controle da ingestão alcoólica, esquecimento em tomar a medicação levando
o uso irregular do mesmo.
Muitas das atitudes dos hipertensos baseiam-se em sua maneira de compreender
a doença, ou seja, o enfrentamento da patologia baseado em suas crenças e valores. O que é
demonstrado pelo comportamento que têm diante das medidas de controle da hipertensão
17
arterial sugeridas durante o seguimento terapêutico estabelecido para o indivíduo
hipertenso.
Para um hipertenso que não sente nenhuma alteração em seu corpo, nenhuma
sintomatologia, torna-se difícil seguir um regime terapêutico que, de certa forma, lhe traz
incômodos. Desde o efeito colateral dos medicamentos até o fato de ter que tomar remédios
todos os dias.
De acordo com (Resende,1998) apud (Giorgio,1989) o fato dos portadores de
hipertensão arterial serem tipicamente assintomáticos, possuem maior probabilidade de se
sentirem pior após o uso da terapêutica, o que representa um dos maiores problemas para o
seu seguimento. Ainda relata em seu estudo que quase 20% da clientela em tratamento não
apresentam sintomatologia. A patologia é camuflada pelo bem estar físico, o que pode ser
um dos fatores que levam seus portadores a desinteressarem-se pelo tratamento. A ausência
de sintomas os leva, também, ao desinteresse na procura pelo serviço de saúde para
acompanhamento ambulatorial.
Há usuários que apenas procuram o serviço ambulatorial quando apresentam
algum sinal ou sintoma que os despertam para algum distúrbio em seu organismo, o que
ocasiona nesses serviços a predominância da demanda espontânea (MACIEL,1997).
Diante das falas dos entrevistados foi percebido:
“Importante (ir ao posto) é, mas eu não venho. Às vezes eu peço as minhas
amigas que trabalham na saúde para pegar o remédio para mim.”
“A primeira vez que estou vendo a senhora (Enfermeira do posto) é hoje. Eu
quase não venho aqui. Eu sou meio teimoso. Quando me sinto mal aí vou pro hospital.
Quando a pressão ta alta demais.”
De acordo com os relatos dos entrevistados percebemos que para muitos
hipertensos o importante é não faltar remédios. E devemos conscientizar os próprios
profissionais da saúde da importância do acompanhamento ambulatorial.
Segundo (Vecchietti,1996) o modelo biomédico valoriza a sintomatologia da
doença. Com tratamento médico voltado para a anormalidade biológica, ou seja, tratamento
dos sintomas das doenças. Observa-se na cultura popular que os indivíduos só procuram o
18
serviço de saúde quando sentem algum incômodo e esperam deste um remédio para o seu
alívio. Mas quanto a hipertensão arterial é perigosa, pois trata-se de uma doença muitas
vezes silenciosa. Conforme Almeida (1998) a hipertensão leve a moderada pode estar
presente sem qualquer sintoma associado. Ainda relata que altas taxas de abandono está
associada a ausência de sintomatologia.
Poucas queixas são relatadas usualmente por pacientes seja uma cefaléia na
região da nuca ao levantar no período da manhã, tontura, dispnéia, cansaço aos pequenos
esforços, visão turva e eventualmente sangramento nasal ( LOPES,2003) apud (BUSATO,
2002).
2- A hipertensão arterial como doença fatal
A hipertensão arterial sistêmica é um dos mais importantes fatores de risco para
as doenças cardiovasculares e que pode levar ao infarto agudo do miocárdio, acidente
vascular cerebral e morte súbita entre outras patologias e que constitue a primeira causa de
morte no Brasil ( 27,4%) segundo dados do Ministério da Saúde do Brasil(2001). Sendo o
infarto agudo do miocárdio a patologia com maior prevalência.
Lopes(2003) apud Mori (2002) aponta que o conhecimento da real severidade
da doença e da susceptibilidade ao desenvolvimento de complicações pode contribuir para
uma maior adesão do paciente ao tratamento.
Observamos o temor de alguns entrevistados conforme seus relatos:
“ A doença que pode infartar se não se cuidar.”
“ Tem risco de infarto. È perigosa, pode ter uma parada cardíaca.”
Embora muitos tenham um conhecimento superficial quanto a doença muitos
usuários não dão seguimento ao tratamento.
5.3-
OS
VALORES
E
CRENÇAS
CULTURAIS
DOS
ENTREVISTADOS QUANTO A HIPERTENSÃO ARTERIAL
HIPERTENSOS
19
1- A importância do auxílio de deus para a cura da hipertensão.
A partir das falas da maioria dos entrevistados a fé em ser supremo, em uma
força divina pode levá-los a cura da hipertensão arterial. Acreditam que a ajuda de Deus
pode libertá-los da doença.
Segundo Lopes(2003) apud Sousa (2003) as crenças religiosas fazem parte das
convicções humanas. E que a visão que o ser humano tem da vida é bastante influenciada
nos atributos de Deus para com a humanidade quanto aos aspectos de vida e culturais.
“ Eu tenho fé em Deus e nos doto que existe cura e confiado mais em Deus.”
“ Com os poderes de Deus e os remédios dos homens tem cura”
Diante das falas dos entrevistados a ajuda divina tem um papel fundamental no
processo saúde-doença, mas não foi relatado como motivo para o abandono do tratamento
medicamentoso, ou aquisição de hábitos de vida saudável ou dificuldades no controle da
pressão arterial.
2- Alimentos reimosos como prejudiciais no controle da hipertensão arterial
Neste estudo percebemos algumas crenças em tabus alimentares como pudemos
constatar nas falas abaixo. Os hipertensos acreditam que não podem consumir alguns
alimentos por considerarem “reimosos”. O que pode ser um risco, pois essas crenças podem
levá-los a exclusão de nutrientes à alimentação.
Segundo Lopes(2003) apud Trigo et al( 1989) “comida reimosa” é aquela que
agrava certas condições mórbidas ou condiciona outras. Culturalmente podem portar uma
carga simbólica negativa, carregando significados associados com doenças. Esses tabus são
difíceis de serem eliminados, pois estão relacionados à história das pessoas.
A princípio a alimentação deve ter alimentos com produtos de origem animal,
vegetais e frutas e durante a consulta ao hipertenso deve-se desmistificar alguns mitos que
possam interferir no seguimento ambulatorial.
20
“ tenho medo de comer comida reimosa”
“ Não é para comer carneiro, carne de porco. Comer com pouco sal. Não comer
comida reimosa.”
3- Uso de ervas medicinais e remédios fitoterápicos como coadjuvantes no tratamento
Neste estudo o uso de ervas e remédios fitoterápicos foi bastante citado pelos
entrevistados como coadjuvante no tratamento da hipertensão arterial. O uso de remédios
caseiros tem sua importância no controle da pressão arterial. Mas vale ressaltar que não foi
considerado motivo que dificultasse a adesão dos hipertensos no seguimento do tratamento.
“ As vezes tomo chá de erva cidreira. Comprimido de alho eu tomo pra ajudar a
controlar a pressão.”
“ Gosto de fazer chá de erva doce e tomo quase todo dia.”
Conforme Lopes(2003) apud Silva( 1989) o uso da medicina popular não se dá
apenas pela falta de recurso econômico do paciente em comprar o medicamento. O que
acontece é que esse tipo de prática goza de grande prestígio junto a populações de baixa
renda, na medida em que é compatível com a visão de mundo dessas pessoas. Esse
conhecimento popular deve ser respeitado e que devemos nos integrar para que possamos
eliminar através da investigação os riscos potenciais em sua prática.
5.4- FATORES QUE DIFICULTAM O CONTROLE DA HIPERTENSÃO
ARTERIAL
1- RELACIONADAS AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
21
1.1- Esquecimento
Alguns dos entrevistados deixam de tomar a medicação regularmente por
motivos de esquecimento muitas vezes devido ao processo natural do envelhecimento que
tem como característica lapsos de memória ou à sua própria condição de envolvimento com
a terapêutica. Segundo a fala dos entrevistados percebeu-se que alguns fazem uso irregular
da medicação por esquecimento, sendo porém, supervisionados por seus cuidadores par
evitar tal falha:
“ Às vezes eu esqueço de tomar. No dia que eu esqueço a pessoa que cuida da
casa lembra.”
“ Às vezes eu paro de tomar quando eu saio de casa e se eu tiver na rua eu não
tomo mais. Pois não levo os remédios comigo.”
Ao esquecer de tomar os medicamentos correm o risco de terem sua pressão
arterial elevada. O esquecimento de tomar a medicação é uma importante dificuldade no
controle da hipertensão arterial, MACIEL(2000) apud PIERIM(1992).
Conforme Resende(1998) apud Ryan (1992) o seguimento do controle de uma
doença crônica, há a necessidade de adaptação, pelo seu portador, a mudanças na rotina de
vida, o que torna necessário um ajustamento de sua condição de doente com as limitações e
obrigações das condutas impostas, devendo os seus portadores superar emocionalmente
essas mudanças.
Criar o hábito da tomada da medicação diariamente se necessário colocar em
locais visíveis e fáceis de lembrar. Solicitar auxílio de cuidadores para apoio.
1.2 Os Anti-hipertensivos e os riscos da auto-medicação
Os medicamentos usados para regular grande variedade de funções fisiológicas
tornaram-se a chave de toda a terapêutica médica Resende(1998) apud Capra( 1982). A
22
terapêutica medicamentosa tem evoluído muito, encontrando-se, hoje, diversas drogas de
uso anti-hipertensivo. Possuem, porém, efeitos indesejáveis que acarretam situações que
levam ao seu uso irregular e até mesmo ao seu abandono. Os efeitos colaterais dos
medicamentos representam um fator que dificulta o controle da doença. Como é percebido
conforme relato durante a entrevista. Sabe-se que pela variedade de anti-hipertensivos no
mercado fica a critério médico mediante avaliação clínica a mudança da terapêutica.
“ O Captopril me dá uma tosse que é demais.”
Essa dificuldade foi relatada, também, em estudo desenvolvido por
Maciel(2000) apud Pierim(1992), em que os portadores de hipertensão arterial alegaram
uso irregular dos medicamentos por seus efeitos indesejáveis e segundo o mesmo causam
influência negativa na adesão ao tratamento da hipertensão arterial à longo prazo.
Outra questão que envolve a interferência do próprio doente no tratamento é o
fato de tomar a medicação ou deixar de tomar conforme a sua própria avaliação. Alguns
alteram as dosagens dos medicamentos prescritos conforme o que sentem ou deixam de
sentir. A auto-medicação, neste caso é quanto à tomada incorreta da medicação seja pela
mudança de dosagens e até suspensão de medicamentos conforme a sintomatologia.
“ Tenho o aparelho em casa e mando verificar. Se a pressão tiver 11 por 8 eu
não tomo o Captopril da noite.”
“ Tenho que tomar dois Captopril todo dia mas quando a pressão tá boa eu só
tomo um.”
“ Quando a veia do meu braço tiver latejando alto e for de madrugada eu coloco
o remédio de baixo da língua”
O problema da auto-medicação também foi citado por Maciel (1997), em estudo
no qual identificou que os portadores de hipertensão arterial tinham um autocontrole em
relação aos medicamentos e uma pseudoautonomia em relação à doença. Relata que estes
23
tinham a preocupação em aferir a pressão arterial e que, de posse desses valores, decidiam
ou não fazer uso de anti-hipertensivos.
Muitos hipertensos não compreendem que se a pressão arterial está boa é por
estarem tomando a medicação. Os remédios não devem ser tomados somente com a
finalidade de reduzir os níveis pressóricos, mas, sim, de mantê-los dentro da normalidade,
para que não haja elevação inadvertida da pressão arterial, correndo o risco de causar danos
ao organismo.
2- RELACIONADAS AO TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO
2.1- Estilo de vida: estresse, alcoolismo e tabagismo
Estilo de vida inclui hábitos e comportamentos autodeterminados, adquiridos
social ou culturalmente, de modo individual ou em grupos: tabagismo, alcoolismo e outros
padrões de consumo (preferências dietéticas, sódio, potássio, quantidade de alimentoscalorias), medicações, “drogas” etc., inatividade física, não utilização dos serviços de saúde
ou de equipamentos de proteção no setor ocupacional; decisão pessoal de aderir ou não aos
tratamentos e medidas preventivas, opção pelo lazer sedentário etc. Pressuposto: o
indivíduo
tem
controle
sobre
seus
hábitos
e
atitudes
prejudiciais
à
saúde.
(ROUQUAYROL, 1999).
O controle emocional do indivíduo é importante no equilíbrio das suas funções
vitais. Segundo Resende(1998) apud Millenson (1967) certos comportamentos emocionais
frequentemente provocam mudanças corporais patológicas agudas, como por exemplo, uma
emoção forte e prolongada que pode ser correlacionada à hipertensão arterial. Cita ainda,
que os reflexos emocionais aversivos para um indivíduo, na sociedade civilizada, exigem
que se tenha algum controle sobre eles.
Há alguns hipertensos que demonstram impotência no controle da ingestão
alcoólica destacadas na entrevista e alterações no controle emocional quanto ao estresse.
“ Quase todo dia bebo cachaça com refrigerante coca-cola.”
24
“ Cerveja, rum nos dias de comemoração e festinhas.”
Da mesma forma, vários entrevistados relataram dificuldades no domínio das
emoções vivenciadas no cotidiano e no ambiente familiar. Destacam-se algumas delas:
“ Tenho um filho adolescente que trabalha e gasta o que ganha com cachaça e
farra. Passa o fim de semana bebo. Aí eu tenho raiva.”
“ Sou avó e mãe ao mesmo tempo. Minha filha teve que ir morar em Fortaleza
para trabalhar. Fico nervosa pois as crianças( três) são danadas demais. Mexem em tudo!
“ Tudo faz ela subir preocupação, raiva. Dá uma aceleração no coração.”
“ Meu marido me preocupa muito. Quando sai pra beber ele volta pra casa
morto de bêbado.”
Tomasi (1996) identificou também, que num grupo de pessoas com hipertensão
arterial, que a falta de domínio das emoções foi considerada uma situação que contribui
para a elevação da pressão arterial. Relatou que muitos do grupo estudado sentiam-se
nervosos e tristes e que esses sentimentos se relacionavam diretamente com o descontrole
da pressão arterial.
A falta de controle emocional diante das situações de conflitos e ansiedade leva
os indivíduos ao estresse. É possível manter a pressão arterial dentro do nível normal desde
que esteja diante de uma vida sem turbulência, com estado emocional estável. O estresse é
um fator de risco da doença que, através dos processos mentais, afeta os sistemas do corpo.
O hipertenso ao envolver-se emocionalmente em situações constrangedoras geram o
estresse que pode refletir na elevação da pressão arterial.
Segundo King (1981) o estresse é uma resposta de energia de um indivíduo a
pessoas, a objetivos e a acontecimentos chamados causantes de estresse, podendo este ser
negativo ou positivo, construtivo ou destrutivo.
25
Ressalta-se que as situações que causam o estresse, e o desconhecimento
referente aos cuidados com a doença, são os pontos chaves encontrados como
desencadeadores de situações que levam à falta de controle da doença.
Várias
situações
identificadas
levam
ao
estresse,
considerado
fator
desencadeante da elevação da pressão arterial. A deficiente situação financeira do
hipertenso se apresenta como causa de estresse, seja por preocupação em proporcionar
condições materiais para o bem-estar físico pessoal e de seus familiares ou em proporcionar
o tratamento da doença em si, com alimentos e usufruir de diversas formas de lazer e outras
opções para exercícios físicos.
A falta de adaptação dos indivíduos portadores de hipertensão arterial a um
novo hábito de vida dificulta a incorporação das medidas de controle da doença. Para o
convívio com a doença ao longo da vida e para a manutenção da boa condição de saúde, é
imprescindível que o seu portador tenha o conhecimento das medidas de controle e dos
benefícios que essas medidas acarretam. A aceitação da doença e a adaptação do indivíduo
às novas condições de tratamento de saúde requerem novos comportamentos e alteração no
estilo de vida.
O uso do cigarro, assim como o álcool, não teve freqüência elevada entre os
entrevistados, mas a dificuldade em eliminar esses fatores de risco de suas vidas é causada,
em sua maior parte pelo vício da nicotina e do álcool embora os entrevistados reconheçam
os efeitos maléficos sobre a pressão arterial.
“ Fumo três carteiras de cigarro por dia desde os 13 anos.”
A educação para a saúde tem sido uma preocupação constante de profissionais
da área, que a considera o ponto comum de partida para as ações de cuidado necessárias ao
controle da doença. Tomasi (1996) relata que a educação para a saúde é mais efetiva
quando em grupo, em que os seres humanos, em diálogo, compartilham seus saberes e suas
experiências para o enfrentamento da doença.
A compreensão do portador de hipertensão arterial quanto ao controle da doença
é adquirido pela sua própria convivência com a doença e pela convivência com os
profissionais de saúde. É necessário educação em saúde relacionados ao tabagismo para
26
hábitos saudáveis e encaminhamentos especializados em que haja necessidade de uso de
medicação para o abandono do cigarro.
2.2- A Obesidade e as mudanças de hábitos alimentares
A obesidade é tida como um fator de risco da hipertensão arterial. e a mudança
de hábitos alimentares torna- se essencial no controle dos níveis tensionais. Dos problemas
encontrados nas falas dos entrevistados observa-se o desinteresse por este fator de risco
para as doenças cardiovasculares entre alguns dos entrevistados.
“Eu como mais no almoço. Eu como seis bananas pratas todo dia.”
“ A pessoa gorda demais tem que diminuir para ter mais saúde”
“ Mas eu não ligo de emagrecer fazer uma dieta”.
Alguns portadores de hipertensão arterial entrevistados relataram como
problemas no controle da doença, sua própria dificuldade em participar do tratamento não
medicamentoso e seguir regras para redução do peso. A alimentação está muito ligada aos
hábitos culturais e cotidiano. A indicação do uso da dieta com algumas restrições leva à
algumas atitudes desfavoráveis com sensações de impotência no controle do peso.
A obesidade, definida como índice de massa corporal igual ou superior a 30,
está estreitamente relacionada com as doenças crônicas não–transmissíveis, como diabetes,
a hipertensão arterial e as intercorrências cardiocirculatórias de maior gravidade, nos países
ricos. Estas situações, inclusive, já assumem uma participação ponderável e ascendente nos
países subdesenvolvidos (Rouquayrol(1999) apud Bray(1991).
“ Antes eu poderia comer de tudo. Mas agora tem que ter cuidado com o
colesterol e sal.”
27
“ Verduras e legumes. Com pouco sal. Mas gosto de massas. Não comer
gorduras demais. Mas às vezes eu extrapolo e como.”
“ De vez em quando como carne moída comprada na mercearia. Eu sei que é
meio salgada e gordurosa. Mas quando tem pouco dinheiro tem que ser isso mesmo pro
almoço de todo mundo.”
Alguns dos que seguem a dieta se dão a permissão de não segui-la,
eventualmente. E em muitos lares a família ao fazer a comida às vezes não segue as
recomendações dadas e não fazem a comida com pouco sal o que leva os hipertensos a não
seguirem a dieta recomendada.
Em dias de festas, finais de semana há hipertensos que fogem da dieta e
extrapolam e comem a vontade. São atitudes conscientes que os entrevistados tomam,
mesmo sabendo que não deveriam tomá-las, mas o fazem justificados pela saciação de seus
desejos.
Cereser (1996) relata estes dados, quando fala que os clientes, mesmo sabendo
quais alimentos podem exacerbar o quadro hipertensivo, têm dificuldade para mudar
hábitos alimentares. Diz ser mais difícil resistir à ingestão destes alimentos quando
familiares não participam da mudança. A autora relata, ainda, que a restrição alimentar é
uma fonte de sofrimento para os pacientes, sentem-se tolhidos em sua liberdade, porém,
sentem-se culpados quando não praticam. Os indivíduos, para mudar hábitos de vida,
devem tomar consciência da necessidade da mudança do seu comportamento e fazer uma
escolha deliberada para mudá-lo. O que requer tempo, energia e concentração. Assim
devem adotar novos comportamentos, sendo que essa alteração deve ser adaptada ao estilo
de vida individual.
2.3 - Participação da família no controle da hipertensão arterial
28
A família é, portanto, a base de suporte no controle da doença e é a instituição
mais presente em cada indivíduo no apoio às suas necessidades básicas. Na população em
estudo, algumas relações são de dependência seja por cuidadores com vínculo familiar ou
não. Muitos recebem o apoio de cuidadores no controle de sua doença. Mas um dos fatores
que dificulta o controle da doença é o fato de a dieta ser preparada por pessoas da família
que não compartilham do uso de pouco sal.
“ Tem dia que o feijão tá meio salgado.”
Cereser (1996), em um estudo sobre a mulher hipertensa no convívio familiar,
relata que a família de um doente crônico acha-se com dificuldades e limitações no
desempenho de funções para o controle da doença, uma vez que há mudanças no hábito de
vida familiar. Relata que a família pode ou não pode mudar esses hábitos, em função da
necessidade do hipertenso.
Cabe aos profissionais de saúde detectar se há conflitos familiares quanto aos
hábitos familiares. Desenvolver estratégias de envolvimento da família. No convívio com o
hipertenso e contar com a participação dos agentes comunitários de saúde e incentivar as
mudanças durante as visitas domiciliares na área.
2.4 - Exercícios físicos
Outras dificuldades encontradas são quanto às limitações físicas que os
impedem de exercer atividades físicas, benéficas no controle da sua doença. Dentre os
entrevistados encontram–se idosos que apresentam na maioria das vezes artrose entre
outras limitações das funções motoras.
A realização de atividades físicas como a caminhada poderia melhorar sua
condição de portador de hipertensão arterial (BRASIL, 2001). Porém, alguns não a fazem
pela interferência de outros problemas. Como se observa nas falas:
“ Eu tenho artrose e quando faço caminhada a perna doe”
29
“ Parei de caminhar mas vou voltar. Já me disseram que tem que ter tênis. Mas
não tenho dinheiro para comprar. Só tenho chinelo.”
“ Caminho 25 minutos todos os dias e com tênis. Quando eu to sem o tênis eu
me sinto pior.”
Há também aqueles hipertensos que têm limitações decorrentes da idade.
Conforme Silva (1997) que afirma a saúde dos idosos está afetada por enfermidades
crônicas e pelo próprio processo do envelhecimento. A hipertensão gera limitações,
especialmente quando não bem acompanhada e quando há presença de fatores de risco
proveniente de cansaços aos pequenos esforços, taquicardias, mal-estar entre outros.
Vale ressaltar que o hipertenso deve ter acesso a outras formas e opções de
exercícios físicos tais como hidroginástica e ginástica localizada. No município em estudo
há hidroginástica com educador físico e uma academia de ginástica. Mas por questões
financeiras limita-se o acesso apenas a quem pode pagar.
“ Eu já fiz muito exercício na minha vida. Hoje tá difícil. A planta tá quase
caindo. Com 86 anos o caba tem que ser muito macho pra fazer caminhada.”
As atividades físicas são recomendadas pelas normas técnicas para o Programa
Nacional de Educação e Controle da Hipertensão Arterial (PNECHA) (Brasil, 1988) para
aumentar a contratilidade cardíaca, o que leva à redução do débito cardíaco e,
consequentemente, à redução da pressão arterial. Porém, essa atividade deve ser feita
regularmente, respeitando o limite físico de cada indivíduo com um aumento gradativo da
sua intensidade, para que haja o efeito benéfico do fortalecimento das fibras dos músculos
cardíacos (CONSENSO, 1998).
Uma atividade física recomendada é a caminhada, por ser um exercício aeróbio
de fácil execução, constituindo-se em um fator protetor da doença. Porém, este hábito não é
mantido pela maioria dos entrevistados.
Os hipertensos entrevistados sabem que os
exercícios são importantes, mas nem isso estimula a prática. Há também casos em que
muitos não saem de casa para caminhar porque tem medo de ser assaltado, medo da
violência urbana ou temor de deixar a casa sozinha.
30
“ Todo dia eu digo que vou começar a caminhada. Mas eu sou acomodada.”
“ Desleixo mesmo, descuido. Preguiça. Não tem jeito de sair de casa pra
caminhar.”
“ Luto na agricultura. Quando chego da roça já tô cansado.”
2.6 - Lazer
Observamos que a maioria dos hipertensos tem lazer, sendo que alguns apontam
mais de uma atividade. Foi citada com maior frequência a televisão. Ter várias formas de
lazer contribue para amenizar o estresse.
Estudos confirmam ser o lazer importante para a redução do estresse psicológico
e é recomendado para diminuir a sobrecarga de influências neuroumorais do sistema
nervoso central sobre a circulação (SAMPAIO, 2000).
“ O meu lazer é sentar na calçada e bater papo com os vizinhos.”
“ Só em casa e saí pros médicos. Aqui não tem diversão para os
idosos( referente a Timbaúba, distrito de Caridade).”
“ Ficar em casa com a família. Se for sair tem que gastar e não tenho dinheiro
pra gastar.”
“ Minha diversão é assistir tv e rezar e olhar o foguinho na novela.”
O isolamento dá tristeza, solidão e depressão e que pode elevar a pressão arterial
sendo necessário o convívio saudável com familiares e com a comunidade no ambiente em
que vivem.
31
2.7 - Situação sócio- econômica
A relação de ajuda inerente à constituição familiar, brota espontaneamente nos
seus membros, que têm o compromisso ético, moral e social de manterem essa relação entre
si, CERESER (1996).
Nos dias de hoje em que a grande maioria da população encontra-se em
situações financeiras críticas e o desemprego entre os adolescentes e adultos jovens é
assustador. Surge o aposentado na família, que tem o seu benefício, muitas vezes como
única forma de sustento de toda a família. Ocorrendo, portanto a troca de papéis. Na família
a entrevistada exerce papel que a leva a preocupações com seus componentes. Destaca-se
na fala:
“ Aqui não tem oportunidades de trabalho e meus filhos e netos dependem do
meu aposento.”
Papel, segundo King (1981), é a posição de um indivíduo em um grupo numa
organização social. Nos papéis de provedor e de educador, os indivíduos vivenciam, em
geral, situações de estresse devido à responsabilidade com compromissos do cotidiano.
Neste estudo, foi observada uma instabilidade psíquica dos entrevistados,
devido à insegurança econômica. A queixa de dificuldade financeira foi relatada em muitas
situações referentes ao controle da doença sobressaindo à escassez de recursos financeiros
que poderiam proporcionar-lhes maior conforto físico e psíquico. Essa dificuldade
financeira foi tida como obstáculo ou como situação geradora de estresse, no controle da
doença.
Verificamos neste estudo que há obstáculos para a aquisição de alimentos
(frutas, verduras, entre outros) e de lazer. E quanto aos medicamentos, a grande maioria dos
anti-hipertensivos, são dispensados pela farmácia pública. Vale ressaltar que o pouco
dinheiro os impedem de adquirir tênis apropriado para a caminhada e realização de
exercícios físicos, especialmente os hipertensos que tem artrose.
Alguns estudos corroboram estes resultados, no que diz respeito à tomada
irregular de medicação devido a dificuldade na sua aquisição, Resende(1998) apud
32
Pierim(1988). Essa dificuldade na aquisição dos medicamentos acarreta, como
conseqüência, falhas e irregularidades na sua utilização. Esse uso irregular da medicação
torna-se relevante quando somados àquelas dificuldades referentes ao esquecimento da
tomada dos medicamentos, já mencionadas anteriormente.
“ Se tiver o remédio eu tomo. Quando não tem o Propanolol pra dar aí eu
compro.”
“ Tendo eu tomo. Mas quando termino se não for ao posto fico 4 dias sem
tomar.”
“ Só que mando comprar o Metildopa pois o governo não dá a 4 meses. Tem
que vir a medicação Metildopa. Por que foi que faltou?”
Os agentes causantes de estresse que interferem negativamente na vida dos
portadores, estão ligados às barreiras financeiras para se conseguir objetivos de vida e para
proporcionar bem-estar a si próprio e à família. O objetivo de seguir uma dieta saudável
para a saúde, segundo alguns, requer condições financeiras suficientes para a aquisição de
alimentos que não levem à obesidade no uso de frutas e verduras. Na vida cotidiana o
compromisso da sustentação da família com poucos recursos financeiros leva os indivíduos
a situações estressantes.
Recortadas as falas dos entrevistados que trabalham em condições inadequadas
a seu estado de saúde. Há os que precisam trabalhar para o sustento da família e não se
sentem com muita liberdade na escolha do tipo de serviço por falta de opções, como
observa-se nas falas:
“ Trabalho na agricultura e chego enfadado”
“ Trabalho lavando roupa. Lavo roupa demais. A pressão fica alta.”
33
Há casos que o hipertenso não podendo escolher o tipo de trabalho mais
adequado às condições de sua doença, ficam sujeitos a executarem os que lhes são
atribuídos e que podem ser prejudiciais, pois geram cansaço na sua execução.
Não há benefícios em realizar exercícios físicos em doses excessivas e nem
todas as formas de exercícios são recomendadas para os portadores de hipertensão arterial,
como carregar grandes pesos (BRASIL, 2002).
Outra dificuldade relacionada ao trabalho é o receio de algum dos entrevistados
relatarem a necessidade de se ausentarem de seus trabalhos para irem ao posto de saúde
para serem atendidos. O compromisso com o sustento financeiro da família é priorizado em
detrimento da própria saúde do hipertenso. Como se observa na fala do entrevistado:
“ Sou comerciante. Tenho restaurante e pela manhã é mais importante está na
cozinha.”
Buscando uma melhor organização do serviço sabe-se que o Programa Saúde da
Família possue calendário específico e conforme os dias da semana encontram-se
reservados o atendimento ao hipertenso e diabético, saúde da mulher, pré-natal, saúde da
criança, visita domiciliar, entre outros programas contemplados pelo ministério da saúde.
Cade (1997) encontrou como causas alegadas pelos portadores de hipertensão
arterial para não comparecerem ao serviço ambulatorial, o tempo despedido para a consulta
que interfere em seus compromissos de trabalho.
5.5 OPINIÕES E SUGESTÕES DOS USUÁRIOS QUANTO AO SERVIÇO DE
SAÚDE OFERTADO NO MUNICÍPIO
Neste estudo, os entrevistados mencionaram que procuram o serviço de saúde
para a consulta Médica e de Enfermagem. E também costumam procurar o posto de saúde
para verificar a pressão arterial. Foram registradas algumas relações com os profissionais
de enfermagem não satisfatórias. Alguns manifestaram-se insatisfeitos com os auxiliares de
Enfermagem.
34
“ As atendentes as vezes excluem as pessoas que chegam pra ver a pressão.”
“ Hoje fui mal atendido pois fui o último a ser atendido. Tenho 86 anos e não
posso passar o dia esperando.”
Uma boa interação entre profissionais de saúde e os clientes, quando em
atendimento ambulatorial, estimula a procura do serviço pelos portadores de hipertensão
arterial, que relatam ter, através do diálogo, a oportunidade de verbalizarem, não só os
problemas físicos, mas, também os ligados á ansiedade e as frustrações vividas. O
interrelacionamento entre profissionais de saúde e os portadores de hipertensão arterial que
possuem uma comunicação eficiente reflete positivamente na aprendizagem do controle da
doença e constitui um período de oportunidades da prática do ensino-aprendizagem
(CADE, 1997).
Um bom acolhimento na sala de espera de um serviço ambulatorial estimula a
captação de novos hipertensos. É importante a detecção de novos casos assim como
estimula a adesão dos hipertensos já existentes diminuindo, portanto, as taxas de abandono.
1- Ausência de equipe multidisciplinar
A prestação de serviços de saúde à população, como meta do compromisso
social, mencionado por Resende (1998) apud Vietta(1985), deve concentrar meios que
favoreçam e propiciem o crescimento e desenvolvimento sadio do homem e que assegurem
tratamento efetivo e meios de reabilitação. A saúde é garantida na Constituição Federal do
Brasil como “ um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”
( BRASIL,1988, art.196).
Verificamos neste estudo que para promoção e manutenção da saúde os
entrevistados sugeriram cardiologista e nutricionista na equipe multiprofissional, além do
terapeuta ocupacional.
35
Diante das falas dos entrevistados verificou-se insatisfações com a organização
do serviço quanto ao atendimento por médico especialista como havia a alguns anos atrás e
sugeriram que houvesse a presença de um cardiologista na equipe e que a nutricionista do
município se fizesse presente na unidade de saúde para realizar a orientação nutricional e
palestra
no dia do atendimento reservado para os hipertensos. Ainda sugeriram a
participação de uma terapeuta ocupacional que trabalhasse com atividades laborais com os
usuários.
Muitas das questões de descontrole da pressão arterial não são resolvidas apenas
com a consulta médica, o que torna necessário o atendimento biopsicossocial por
multiprofissionais. As medidas de ajuda que são voltadas para o atendimento das
necessidades biopsicossociais do indivíduo têm maior probabilidade de serem efetivas. É
citado ainda que os usuários esperam serviços eficazes nos sistemas de cuidado da saúde.
A adesão ao seguimento ambulatorial é um grande desafio no tratamento da
hipertensão arterial, devido à sua longa duração, o que faz necessário otimizar essa adesão
para se obter sucesso( RESENDE(1998) apud LANDERS et al(1993).
2- Dificuldade de acesso ao atendimento ambulatorial
Um fator de dificuldade encontrado neste estudo relatado durante entrevista foi
relacionado à distância ao atendimento. Especificamente aos usuários moradores do distrito
da sede do Município. Conforme a fala do Hipertenso entrevistado:
“ Caminho uma légua para chegar aqui. È difícil ir pra sede pois gasta com moto
e ônibus( Distrito de Caridade: Timbaúba).”
O seguimento ambulatorial é preconizado pelo PNECHA (Brasil, 1988) como
essencial para o controle da doença e tem a finalidade de verificar a evolução da pressão
arterial, seus fatores agravantes e os fatores de risco cardiovascular, de detectar e de
acompanhar possíveis efeitos indesejáveis do tratamento, além de verificar e promover o
cumprimento das recomendações terapêuticas. Para tal é necessário o acompanhamento,
com o ajuste terapêutico e consultas mensais ou trimestrais essencialmente com o
36
profissional Médico e Enfermeiro. Conforme necessidade e avaliação individual do
hipertenso
A dificuldade de acesso gera ansiedade no portador de hipertensão arterial
levando-o ao estresse e consequentemente ao desestímulo para o seguimento ambulatorial.
Afastando-o do serviço de saúde. Acarretando um aumento nos níveis tensionais. Há
muitos casos de hipertensos que por não possuírem acompanhamento adequado, ocorrem
elevação da pressão arterial e levando os portadores a buscarem atendimento hospitalar em
emergências.
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS
37
Identificou-se, neste estudo, que os fatores que dificultam o controle da
hipertensão arterial pelos seus portadores, estão relacionados, principalmente a: portadores
sofrem influências de seus conhecimentos, suas características individuais e sua cultura.
Esses fatores são inerentes ao próprio portador, referindo-se à sua maneira de ser e de agir.
Quanto às relações com seus cuidadores sofrem influências e quanto ao acompanhamento
por profissionais de saúde.
Os fatores que dificultam o controle da hipertensão arterial foram, em grande
parte, relacionados a situações que causam estresse, a falta de adaptação do cliente à
doença, insatisfação quanto ao serviço de saúde e o desconhecimento do controle da
doença.
È importante ressaltar que, para minimizar os fatores que dificultam os
portadores de hipertensão arterial a controlarem sua doença, é necessário que haja um
trabalho que envolva o próprio doente, a sua família ou seu cuidador, bem como a atenção
dos profissionais de saúde. E a participação dos agentes comunitários de saúde na busca
ativa, por meio de visitas domiciliares, de hipertensos faltosos e resistentes a adesão ao
tratamento Esse trabalho teria por base uma abordagem que procurasse minimizar os
fatores que dificultam o controle da hipertensão arterial, tanto os inerentes à pessoa do
portador e às suas relações com semelhantes.
Recomendações importantes para que o portador de hipertensão Arterial alcance
o controle satisfatório de sua pressão arterial:
- Os portadores devem conhecer sua doença e a forma de controlá-la, bem como
seus fatores de risco.
- Os portadores devem ter garantias de atendimento com suporte nutricional
para o seguimento do tratamento, com equipe multiprofissional que os atenda em todas as
suas necessidades básicas de saúde, não apenas nas manifestações dos sinais e sintomas que
apresentam.
- Os portadores devem ter apoio de familiares e de seus cuidadores no controle
da doença.
- A educação para a saúde é básica para que o portador de hipertensão arterial
possa realizar um controle eficiente da sua doença. Essa educação deve ser feita de modo
38
participativo e interativo, com envolvimento do doente, de seus familiares ou de seus
cuidadores e de multiprofissionais.
- Meios de educação para a saúde, individuais e coletivos com formação de
grupos.
- A educação para a saúde deve partir de conhecimentos adquiridos pelo doente
e de suas próprias percepções, porém, com o sentido de corrigir os desvios e incentivar a
implantação de estratégias individuais para superar as dificuldades pessoais a mudança de
hábitos prejudiciais ao controle da doença.
- A Atenção às necessidades socioeconômicas do portador de hipertensão
arterial devem ser levadas em consideração quando de seu atendimento pelos profissionais
de saúde.
Enfim quando na prática da assistência ao portador de hipertensão arterial se
conhecem os fatores que interferem negativamente e impedem o controle da sua doença
percebido pela sua vivência pessoal e social relatado pelo próprio doente, surgem aspectos
importantes que poderão trazer benefícios e assim atingir mais facilmente as metas no
controle da hipertensão arterial.
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
39
ALMEIDA, C. B., ARAÚJO, G. A., SILVA, M. S. H. Plantas Medicinais no controle da
hipertensão arterial em comunidades periféricas do município de João Pessoa- PB. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM, 50, Salvador, 1998. Resumos, PNC
913, p.236.
ARAÚJO, T. L., ARCURI, E. A. M. , MARTINS, E. Instrumentação na medida da
pressão arterial: aspectos históricos, conceituais e fontes de erro. Ver. Esc.
Enfermagem USP, v.32, n.1, p.31- 41, abr.1998
ARAÚJO,C.A.R. Aderência ao cliente hipertenso ao tratamento:estudo em uma
instituição de saúde de referência estadual. Fortaleza, 1999. 102p. Dissertação( Mestrado
em Enfermagem).
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Neto e Augusto Pinheiro. Rio
de Janeiro: Edições 70, 1977. 226p.
BRASIL. Constituição- 5 out. 1988. Constituição: República Federativa do Brasil.
Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. 292p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de atenção Básica. Área Técnica de Diabetes
e Hipertensão Arterial.Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus- protocolo.
Brasília, 2001. Cadernos de Atenção Básica.
BRASIL. Normas técnicas para o programa nacional de educação e controle de
hipertensão arterial- PNECHA. Brasília: Centro de documentação do Ministério da
Saúde. 1988.90p.
BRUNNER,L. S., SUDDARTH, D. S. Tratado de Enfermagem médico- cirúrgica.6.ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990. v.1, unid. 2, cap.6: avaliação da saúde do cliente/
paciente. Exame físico e avaliação nuticional,p.56-66.
BRANDÃO, A. P. et al. Avaliação da pressão arterial em crianças e adolescentes:
estudo do Rio de Janeiro. Hiperativo, v.3, p.86-92, abr./jun.1996.
CADE, N. V. O cotidiano e a adesão ao tratamento da hipertensão arterial. Cogitare
Enfermagem, v. 2,n.2, p.10-15, jul./dez.1997.
CAPRA, F. O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. Trad.
Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 1998. 431p.
CARVALHO, G. I., SANTOS, L. Sistema Único de Saúde: comentários à lei orgânica
da Saúde (lei 8080/90 e lei8142/90). 2 ed. São Paulo: Hucitec, 1996. p.39- 74.
CAR, M.R. A mortalidade cárdio-cerebrovascular e os problemas da prática no
controle da Hipertensão Arterial. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo,
v. 32,n.2,p.140-3, ago.1998.
40
CASTRO,V.D.;CAR,M.R..Dificuldades e facilidades dos doentes no seguimento do
tratamento da hipertensão arterial.Rev.Esc.Enf., USP,v.33,n.3,p.292-304,set.1999.
CERESER, H.L. A vivência familiar da mulher com hipertensão arterial. Florianópolis:
Escola de Enfermagem da UFSC, 1996. 155p
CONSENSO Brasileiro de Hipertensão Arterial,3., Campos do Jordão,1998.
COOPER,K.H. Controlando a hipertensão. Qual é o seu perfil de risco para a
hipertensão? Rio de Janeiro, Nórdica,1996,p.61-97.
GIORGIO, D. M. A. Estudos sobre variáveis que influenciam a aderência ao
tratamento em Hipertensão arterial. São Paulo: Faculdade de Medicina da USP, 1989.
(tese de doutorado em Medicina).
KING, I. M. A Theory for nursing: systems, concepts, process. New York: John &
Wiley Sons, 1981. 181p.
LESSA, M.C.N., COSTA, M.D.Diferenças na medida da pressão arterial em primeiras
consultas pré e pós implantação do PNECHA. Rev. Ass. Med., São Paulo,
v.39,n.3,p.141-5. 1993.
LOPES,Y. A. B. Falhas na adesão ao tratamento da hipertensão arterial no município
de Brejo de Areia- MA. São Luís: Universidade Federal do Maranhão. Curso de
especialização em Saúde da Família. 2003.
MACIEL, I. C. Fatores intervenientes na consulta de Enfermagem a portadores de
hipertensão arterial: contribuições para as intervenções de Enfermagem. Fortaleza:
Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, 2000. (Dissertação de Mestrado em
Enfermagem).
MACIEL, E. A. B. Adesão ao tratamento da hipertensão arterial. Ribeirão Preto: Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, 1997. (Dissertação, Mestrado em Enfermagem).
MARTINS, L. M., França, A. P. D., Kimura, M. Qualidade de vida de pessoas com
doença crônica. Rev. Latinoam. Enfermagem, v. 4, n.3, p.5-18,dez.1998.
MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 4. ed. São
Paulo: Hucitec, 1996
RESENDE, M. M. C. Caracterização das internações hospitalares por hipertensão
arterial. In Semana Médica e Semana de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas
Dr. José Antônio Garcia Coutinho, 26- 4, 1996, Pouso Alegre. Resumos de trabalhos
apresentados. Pouso Alegre: 1996. p. 46
41
RESENDE, M. M. D. C.. Fatores que dificultam o controle da Hipertensão arterial à
luz da estrutura conceitual de King. Belo Horizonte: Escola de Enfermagem da UFMG,
1998. 117p.: tab.( Dissertação, Mestrado em Enfermagem).
SARQUIS, L.M.M et al. A adesão ao tratamento da Hipertensão arterial: análise da
produção científica.Revista da Escola de Enfermagem. São Paulo:USP,v.32,n4,p335353,dez.1998.
TRIVINOS, A.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em
educação. São Paulo: Atlas,1995.
TELLES, F. P. C.P., Mendes, M. M. R. Insuficiência Cardíaca em idosos: estudo de
caso. Nursing,v.2,n.16, p. 21- 25, set.1999.
TOMASI, N. G. S. Convivência em grupo: uma modalidade para aprender e ensinar a
enfrentar a situação crônica de saúde. Florianópolis: Escola de Enfermagem da UFSC,
1996. 110p.(Dissertação, Mestrado em Enfermagem).
VALE, A. R. L. do. Avaliação das causas da Gravidez na Adolescência no Município
de Caridade. Sobral – (CE): Curso de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do
Acaraú, 2006. 69p.: ( Monografia Especialização em Enfermagem Obstétrica)
VECCHIETTI, E. C. Um processo participativo de Enfermagem comunitária
fundamentado em KING: experiência em um centro de ensino universitário.
Florianópolis: Escola de Enfermagem da UFSC, 1996, 241p. (Dissertação, Mestrado em
Ciências da Enfermagem).
ROQUAYROL, M. Z. Almeida,N. D.F. Epidemiologia & Saúde/ - 5 ed. Rio de Janeiro:
MEDSI, 1999.pág.288. e pág 305.
SAMPAIO, F. P. R. Pagliuca, L.M.F. O Transplantado renal em acompanhamento
ambulatorial:
autocuidado
Fortaleza:FCPC,2000.pág.82.
ANEXO I
Roteiro de entrevista
higiênico-dietético
e
medicamentoso/-
1
ed.
42
1- Identificação:
Nome:___________________________ sexo_________ escolaridade
Data do nascimento:__/___/___ idade___ cor___ estado civil______
Com quem mora?
Ocupação?
P.A.=__________ Peso:______ Altura=_________
2- Conhecimento sobre a doença:
a)
b)
c)
d)
Sabe que tem P.A. alta?
Você acha que a P.A. alta tem cura?
O que você sabe sobre a hipertensão arterial?
Faz tratamento?Qual o tratamento? Medicamentoso(
) Não medicamentoso( )
3- Dificuldades relacionadas ao controle da doença
a) Com relação a dieta você conhece quais os alimentos que o hipertenso deve fazer
uso com maior freqüência?
b) Quanto aos medicamentos você faz uso diário da sua medicação?Quais?
c) Você toma medicação por conta própria?
d) Pratica exercício físico? Sim( ) não( )Qual ? Com que freqüência? Se não pratica,
por que?
e) Faz uso de bebidas alcoólicas? Sim( ) Não( ) Com que freqüência?
f) E quanto ao fumo? Sim( ) Não( ) Com que freqüência?
g) Você acha que o controle do peso é importante para o controle da P.A.?
h) Você acha importante ir ao posto de saúde para consultas? Sim( ) não( )
i) Encontra dificuldades para ser atendido?( ) acesso ao posto; ( ) Horário de
atendimento;(
) Distância; (
) falta de profissionais (
) outros
j) Você tem alguma forma de lazer? Com que freqüência?
k) Na sua opinião o que pode ser melhorado no atendimento aos pacientes com pressão
alta?
ANEXO II
TERMO DE CONSENTIMENTO
43
Eu_____________________________________________concordo em participar
da pesquisa “Fatores que dificultam o controle da Hipertensão Arterial a pacientes no
Município de Caridade”, com o objetivo de conhecer os motivos que dificultam o controle
da Hipertensão arterial dos pacientes cadastrados no Programa Saúde da Família.
Estou ciente de que terei:
- A garantia de receber esclarecimentos a qualquer dúvida relacionada a pesquisa;
- A liberdade de retirar meu consentimento e deixar de participar do estudo;
- A segurança de que não serei identificado(a) e que será mantido o caráter confidencial das
informações;
- As informações sobre os resultados do estudo.
Caridade,__ de_________de 2006
____________________________
Assinatura
Download