Trabalho

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
CONTRIBUIÇÃO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA PARA
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE DOENÇA DO DISCO
INTERVERTEBRAL:RELATO DE CASO
Nadyne Lorrayne Farias Cardoso Rocha1, Marília de Albuquerque Bonelli2, Cássia Regina Oliveira Santos3, Camila
Cardoso Diogo4, Fabiano Séllos Costa5, Marleyne José Afonso Accioly Lins Amorim 6.

Introdução
A degeneração dos discos intervertebrais é um processo normal que ocorre com a idade. Em cães condrodistróficos,
essa degeneração é comumente denominada metaplasia condroide. Essa alteração é caracterizada por uma perda de
glicosaminoglicanos, aumento do conteúdo de colágeno e uma diminuição de água, o que ocasiona uma transformação
do núcleo pulposo gelatinoso em cartilagem hialina. A degeneração condróide ou fibróide do disco intervertebral é a
causa mais comum de compressão medular em pequenos animais (Vandevelde & Wolf, 1996; Seim, 2002).
Ao contrário do que ocorre no tipo de degeneração dita metaplasia fibrosa (que ocorre em cães nãocondrodistróficos), na metaplasia condroide, é frequente a mineralização dos discos intervertebrais. (BRISSON, 2010).
Além disso, a herniação de disco pode resultar em lesão medular aguda ou crônica com um vasto espectro de sinais
clínicos (Griffin et al., 2009).
A tomografia computadorizada (CT) proporciona imagem tridimensional das estruturas e um aumento na
resolução de contraste, permitindo diferenciação das estruturas de tecidos moles que não podem ser diferenciadas em
estudos radiográficos rotineiros, além da vantagem de a CT não é um procedimento invasivo (Seim, 2002).
Os sinais clínicos associados à hérnia de disco dependem da severidade e localização da lesão e podem levar a
hiperestesia, ataxia, paresia, postura de schiff- Sherrington, incontinência urinária, incontinência fecal e em alguns
casos choque espinhal. A hiperestesia paraespinhal é o sinal clínico mais freqüentemente reportado, embora a
tetraparesia com ataxia, alterações proprioceptivas, tetraplegia, dor radicular e comprometimento respiratório possam
ocorrer (Levine et al., 2007).
Apesar dos esforços no tratamento, as lesões medulares frequentemente causam sequelas permanentes. Diante da
gravidade das lesões o exame neurológico torna-se elemento fundamental para estabelecer a doença neurológica e
determinar sua localização neuroanatômica (Seim, 2002; Brawner & Hathcock, 2003). Nesse contexto é de
fundamental importância o estudo clínico neurológico através de um sistema de escala confiável e sensível, para se
avaliar o grau da lesão nestes animais, tornando mais preciso o diagnóstico e o planejamento cirúrgico.
Espera-se com esse trabalho, ressaltar a importância a tomografia computadorizada quanto as suas contribuições
no diagnóstico e tratamento da doença do disco intervertebral.
Material e métodos
Foi atendido no Hospital Veterinário da UFRPE um canino, macho, 6 anos, SRD (sem raça definida), 5.8kg. Foi
realizada uma detalhada anamnese do paciente, exame físico e neurológico. Para classificar o animal quanto ao seu
quadro neurológico, utilizaram-se as escalas de Simpson e Olby. Após ter sido determinado um local de suspeita da
localização da lesão baseado no exame neurológico, realizou-se uma tomografia computadorizada das regiões lombar e
lombossacra. O exame de tomografia computadorizada (TC) foi realizado com um aparelho helicoidal GE Hi-Speed
FXI, utilizando-se 120 Kv / auto mA e espessura de corte 2 mm. Após a obtenção de cortes transversais, foram
geradas imagens de reconstrução sagital e coronal. As imagens foram analisadas quanto a presença de alterações.
Observou-se presença de material calcificado dentro do canal vertebral ao nível das vértebras L4-L3 e L5-L6
compatível com material de disco intervertebral extruso. Foram selecionadas regiões de interesse (ROI) no material
extruso e calculados os valores de atenuação radiográfica para cada ROI.
1
Aluna de Graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. R. Dom Manuel de Medeiros, s/n, Recife, PE, CEP
52171-900. E-mail: [email protected]
2
Doutoranda em Ciência Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. R. Dom Manuel de Medeiros, s/n, Recife, PE, CEP 52171-900.
3
Aluna de Especialização, Universidade Federal Rural de Pernambuco. R. Dom Manuel de Medeiros, s/n, Recife, PE, CEP 52171-900.
4
Mestranda em Ciência Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. R. Dom Manuel de Medeiros, s/n, Recife, PE, CEP 52171-900.
5
Professor do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. R. Dom Manuel de Medeiros, s/n, Recife, PE, CEP
52171-900.
6
Professora do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. R. Dom Manuel de Medeiros, s/n,
Recife, PE, CEP 52171-900.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Resultados e Discussão
O animal atendido possuía histórico de que havia parado de andar há 15 dias e que o mesmo sentiu dor na coluna e
parado de andar. No exame físico e neurológico o animal demostrou dor e paraparesia grave; o reflexo cutâneo do
tronco estava presente a partir da terceira vértebra lombar; propriocepção ausente; reflexo patelar ausente e flexor
diminuído; o durante o exame o local da lesão foi compatível com a síndrome lombossacral; com grau 4 segundo
escala de Simpson, 1992 e estágio 2 segundo Olby et al, 2001.
Quanto aos exames complementares o laudo da tomografia (Fig. 1) relatou que foi observada imagem
hiperatenuante localizada lateralmente á direita do canal medular, entre as vértebras lombares L3-L4 com indícios de
compressão medular, compatível com extrusão de disco intervertebral. Material calcificado mensurando
aproximadamente 195 unidades Hounsfield. Densidade medular diminuída na região avaliada, oscilando em torno de
24 unidades Hounsfield. Material projetando-se seis mm cranialmente ao espaço intervertebral e quatro mm
caudalmente. Foi observado também imagem hiperatenuante localizada ventralmente ao canal medular, entre as
vértebras lombares L5-L6 com indícios de compressão medular, compatível com extrusão de disco intervertebral.
Diminuição do espaço intervertebral. Material calcificado mensurando aproximadamente 371 unidades Hounsfield.
Densidade medular diminuída na região avaliada, oscilando em torno de 24 unidades Hounsfield. Material projetandose 2 mm cranialmente ao espaço intervertebral e 2 mm caudalmente. Percebe-se que os achados tomográficos foram
compatíveis com a área de suspeita quanto a localização da lesão durante o exame neurológico.
O hemograma, perfil bioquimico e radiografia simples não apresentavam alterações. O animal foi submetido à
cirurgia sendo as áreas de interesse L3-L4 e L5-L6, de modo que ao realizar a abordagem do lado direito foi de fato
encontrado material discal, do mesmo lado da abertura da hamilaminectomia.
Quanto ao pós-operatório e evolução os exames neurológicos foram realizados seguindo as classificações de
Simpson e Olby. Em 30 dias de pós-operatório o animal obteve um quadro neurológico favorável, apresentou ataxia e
paraparesia discreta, encontrando-se no estágio quatro com 11 pontos na escala de Olby et al, 2001 e grau dois
segundo a escala de Simpson, 1992.
Nota-se que o exame neurológico localizou a região lesionada (lombossacra), enquanto o exame tomográfico
informou exatamente em quais espaços intervertebrais (L3-L4 e L5-L6) havia material de disco extruído, presença de
calcificação, grau de atenuação do material extruído e em qual lado este material se encontrava, o que facilitou a
abordagem cirúrgica. Além disso, o calculo do grau de atenuação radiográfico sugere ao cirurgião, o aspecto do
material a ser encontrado durante a cirurgia, assim como a sua localização precisa quanto ao espaço intervertebral
acometido.
Neste aspecto o exame neurológico e tomográfico foram fundamentais para um diagnóstico preciso, além de
auxiliar no planejamento cirúrgico.
Referências
Brawner, W.R.; Hathcock, J.T. Neuroradiology. In: Textbook of small animal surgery. 3a ed. Slatter, D.; Saunders,
W.B., p.1118-1131, 2003.
Brisson, B. A. Intervertebral Disc Disease in Dogs. Vet Clin Small Anim, v. 40, p. 829–858, 2010.
Griffin, J.F.; Levine, J.M.; Kerwin, S.C.; Cole, R.C.. Canine Thoracolombar Intervertebral Disk Disease: Diagnosis,
Prognosis and Treatment. Compendium Con tinuing Education for Veterinarians.Veterinary Learning System, 2009.
Levine, J.M; Levine, G,J.; Scott, J.I.; Kerwin, S.C.; Hettlich, B.F.; Fosgate, G.T. Evaluation of the success of medical
management for presumptive thoracolombar intervertebral disk herniation in dogs.Veterinary Surgery, v.36, p. 482491, 2007.
Seim, H.S. Cirurgia da espinha cervical. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Roca, 2002.
Cap.34, p.1157-1215.
Vandevelde, M.; Wolf, M. Compressão da medula espinhal. In: Bojrab, M.J. Mecanismos da moléstia na cirurgia de
pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Manole, 1996. Cap.153, p.1326-1331.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
L3
L4
L5
L6
L5
L6
L3
L5
Figura 1. Fig 1A. Imagem tomográfica dorsal da coluna vertebral, sendo observado material calcificado de disco intervertebral
presente dentro do canal vertebral (seta), compatível com extrusão do disco intervertebral entre L3-L4 e L5-L6, nota-se nesses
locais diminuição do espaço intervertebral. Fig 1B. Imagem tomográfica sagital da coluna vertebral sendo possível visualizar
material calcificado de disco intervertebral presente dentro do canal vertebral (seta) entre L5-L6. Fig 1C. Imagem tomográfica
transversal de L5, com material calcificado de disco intervertebral localizado ventralmente ao canal medular. Fig 1D. Presença de
material calcificado de disco intervertebral localizado lateralmente à direita do canal medular entre L3-L4, com indícios de
compressão medular.
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