Doença Pulmonar Ocupacional

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Doença Pulmonar Ocupacional
Anos a inalar fibras de amianto, pó de carvão, sílica e as poeiras de têxteis como o algodão, o
linho, o cânhamo ou o sisal — e até bolores de excrementos de pássaros ou banhos
quentes — podem prejudicar os pulmões, provocando uma doença pulmonar ocupacional.
Esta pode resultar em insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca direita e hipertensão
pulmonar (pressão elevada nos pulmões). Pulmão negro, uma doença que afecta os mineiros de
carvão, é um dos problemas mais conhecidos, mas a forma mais comum de doença pulmonar
ocupacional é a asma ocupacional.
CAUSAS
Respirar várias toxinas ao longo do tempo resulta em inflamação ou edema dos alvéolos (bolsas
de ar) e do interstício pulmonar, a sua estrutura de apoio nos pulmões. A repetição da inflamação
acaba por resultar em cicatrizes, o que torna os pulmões menos flexíveis e faz com que os
alvéolos deixem de ser eficientes na transferência do oxigénio para o sangue.
Asma ocupacional. Este tipo de asma, a doença pulmonar ocupacional mais comum, resulta da
exposição a substâncias irritantes no local de trabalho. Também pode exacerbar casos de asma
existentes.
Cancro do pulmão ocupacional. O cancro mais frequente resultante da exposição ocupacional
é o cancro do pulmão e cerca de 10 por cento dos cancros do pulmão, da traqueia e dos
brônquios são causados por toxinas no local de trabalho. Em todo o mundo, 20 a 30 por cento dos
homens e 5 a 20 por cento das mulheres em idade útil estiveram expostos a agentes
carcinogénicos no trabalho.
Asbestose. Os trabalhadores da construção e da indústria expostos a asbesto (amianto),
antigamente usado para isolamento, podem vir a ter asbestose. Esta pode piorar
progressivamente e pode ser fatal.
Mesotelioma. A exposição ao amianto também pode provocar este cancro raro e incurável da
pleura. O risco é particularmente maior em pessoas que estão expostas e também fumam.
Bissinose. Também chamada pulmão castanho ou dos trabalhadores do algodão, a bissinose
resulta da inalação de poeiras do processamento de cânhamo, linho e algodão. Milhares de
trabalhadores têxteis foram afectados por esta doença que envolve obstrução das vias
respiratórias de pequeno calibre. É comum em países em vias de desenvolvimento, mas menos
nas nações industrializadas.
Pneumoconiose dos carvoeiros. Mais conhecido por doença do pulmão negro, este problema é
provocado pela inalação de pó de carvão, que acaba por ficar retido nos pulmões, fibrosando os
tecidos envolventes. Afecta quase 3 por cento de todos os mineiros de carvão e 0,2 por cento têm
a forma mais grave da doença.
Silicose. Este problema é provocado pela inalação de sílica, um cristal comum e que existe
naturalmente. Os trabalhadores em minas, fundições, operações de dinamitação e pedra, barro e
fabrico de vidro podem estar expostos. A silicose aumenta o risco de desenvolver tuberculose
activa.
Pneumonite de hipersensibilidade. Os esporos dos fungos de feno com bolor, excrementos de
pássaros ou outras poeiras orgânicas provocam este problema, que é o resultado da inflamação
dos alvéolos dos pulmões que eventualmente leva ao desenvolvimento de tecido fibroso com
cicatrizes.
Doença pulmonar dos trabalhadores das fábricas de pipocas. A exposição ao diacetilo, um
ingrediente libertado pelo aromatizante artificial de manteiga usado nas pipocas preparadas em
microondas, tem causado tosse crónica e dispneia, bem como bronquite e asma.
Doença pulmonar do World Trade Center. Os trabalhadores expostos a uma variedade de
materiais durante e depois do colapso do World Trade Center adquiriram uma tosse persistente e
outros problemas respiratórios. O pó de cimento pode ter sido em parte responsável por danos
nas vias respiratórias.
PREVENÇÃO
Usar uma máscara, um filtro respiratório ou outra protecção pode ajudar a reduzir a quantidade
de toxinas inaladas. Radiografias anuais ao tórax dos trabalhadores em risco podem permitir
identificar a doença nas suas fases iniciais. Pode ser necessário mudar de actividade.
Dado que fumar ou aumenta o risco para muitos tipos de doença pulmonar ocupacional ou pode
piorar os sintomas, é importante não fumar.
DIAGNÓSTICO
Dispneia, tanto em repouso como com exercício, e uma tosse crónica são os principais sintomas
de todos os tipos de doença pulmonar ocupacional.
Nalguns casos, podem ocorrer dores no tórax, uma sensação de aperto torácico ou respiração
sibilante. À medida que a doença pulmonar ocupacional se torna mais grave, todos os tipos de
actividade se tornam difíceis, se não impossíveis, de realizar.
O médico regista a história clínica para avaliar as exposições a toxinas no local de trabalho ou em
resultado de passatempos ou outras actividades. Por exemplo, os indivíduos podem ter estado
expostos a fibras de amianto provenientes das roupas que os seus cônjuges traziam vestidas para
casa quando vinham do trabalho.
Auscultar os pulmões com o estetoscópio pode revelar ruídos anormais de respiração. Outros
testes que podem ser necessários incluem radiografias ao tórax, TC torácica, teste da função
pulmonar, medições dos níveis de oxigénio no sangue, broncoscopia e, raramente, biopsia
cirúrgica dos pulmões.
TRATAMENTOS
Não há cura para a doença pulmonar ocupacional, mas os sintomas podem ser tratados. Todavia,
em primeiro lugar, a exposição à substância agressora tem de ser imediatamente suspensa para
impedir a doença de evoluir.
Oxigénio. Um suplemento de oxigénio pode aliviar os sintomas.
Cinesiterapia respiratória. Técnicas como a drenagem postural (em que uma postura específica
do corpo ajuda a drenar expectoração dos pulmões), percussão torácica (palmadas) e vibrações
podem remover a expectoração dos pulmões.
Medicação. Pode ser necessário prescrever corticosteróides para casos graves de doença
pulmonar, mas o facto é que estes medicamentos têm o potencial para provocar efeitos
secundários a curto e a longo prazo que são não só desconfortáveis como graves. Quando
necessário, são administrados antibióticos para infecções respiratórias. Estes fármacos, tomados
por via oral ou com um inalador, podem melhorar a circulação do ar.
Transplante de pulmão. Nalguns casos avançados e graves, a única opção poderá ser um
transplante de pulmão.
Cessação tabágica. Como fumar piora todas as doenças pulmonares, é fundamental deixar de
fumar.
Exercício. A actividade fisica e os exercícios respiratórios podem ser úteis. Existem muitos
programas de educação de pacientes para doentes com doença pulmonar crónica.
Grupos de apoio. Pode ser útil aderir a um grupo de apoio para partilhar experiências com os
outros e para aprender mais acerca dos tratamentos e das alterações do estilo de vida.
Factores de risco:
Tabagismo
Duração da exposição ocupacional
Profissões de risco:
Mineiros de carvão
Trabalhadores têxteis
Limpadores com jacto de areia
Trabalhadores da construção
Trabalhadores em fundições
Trabalhadores de pedreiras
Fabricantes de vidro
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