Universidade do Estado de Santa Catarina CCT – Centro de Ciências Tecnológicas Amplificadores de Múltiplos Estágios Acadêmicos: Chrystian Lenon Remes Fernando Raul Esteche Pedrozo Gilmar Nieckarz Hallan William Veiga Leandro Santos Monteiro Professor: Celso José Faria de Araújo Disciplina: Eletrônica Analógica I 2011/01 Joinville - SC 2 Introdução Trata da criação de circuitos amplificadores mais complexos, e que normalmente resultam em um maior ganho, podendo ser de tensão ou de corrente. Como demonstrado na figura abaixo, em amplificadores de múltiplos estágios, a entrada de um estágio é a saída do próximo. Saída de um, entrada de outro Além disso, para que se mantenha o máximo de tensão nos estágios, o estágio de entrada deve possuir alta impedância. Da mesma forma, o estágio de saída deve possuir baixa impedância de saída, para que a maior parte da tensão fique na carga e não nos transistores. Outro cuidado bastante importante é o de manter todos os transistores na região ativa, sem um transistor comprometer o outro. Conforme podemos ver na figura acima, temos uma tensão de entrada Vi. Dessa tensão, vai primeiramente para o primeiro estágio. Este estágio possui uma alta impedância de entrada, como comentado anteriormente, e normalmente apresenta baixo ganho. Os estágios intermediários, representado na figura acima pelo 2º estágio, possui funcionalidades como por exemplo a mudança de nível, e por último, o estágio de saída possui uma baixa impedância e normalmente fornece um alto ganho. 1. Amplificador em Cascata acoplado capacitivamente O amplificador acoplado capacitivamente é a mais simples é mais largamente utilizado , onde a tensão CA (corrente alternada) na saída do primeiro estágio aplicada ao terminal de entrada do próximo estágio por meio de um capacitor de acoplamento como ilustrado na figura 1. O capacitor de acoplamento possibilita a isolação CC entre estágios e, portanto, mantém as condições de polarização inalterada. A reatância capacitiva do capacitor de acoplamento em freqüências médias deve ser suficientemente baixa a fim de que a transferência do sinal se faça sem perda e sem distorção de fase. 3 Figura 1 Exemplo: Para o a figura acima ache o ganho de tensão. Análise DC: Considerando que os capacitores abrem, temos a figura a seguir: Figura 2 a Figura 2 b Fazendo thevenin na figura 2 a temos: V V = R = R // R 4 Fazendo por malha obtemos as seguintes equações: V = I . R + V + I . R I = mas Então: I = V =R . I ) ; ; I = ) V = V − R I ; ) ; I = V = V − R I Da mesma maneira calculamos as correntes e tensões na figura 2 b. Análise AC: Considerando que o capacitor curtam para pequenas variações de sinais e mudando para o circuito equivalente π e desconsiderando o r tem-se: 5 Seja: R = R // R ; R = R // R //R R Sendo o a saída do primeiro estágio e o uma entrada qualquer sem considerar a resistência do gerador. Então o ganho do primeiro estágio será: ! ! = !" = -%& (R // r ) #$ No segundo estágio temos o como a tensão de entrada e o '() '() como tensão de saída. Então o ganho do segundo estágio será: ! ! = !*+, = -%& (R // R ) " Multiplicando os dois ganhos temos: ! ! ! . ! = !" . !*+, = %& (R // r )%&(R // R ) #$ " O ganho total será: !- =%& %&(R // r ) (R // R ). ." // 0 " // 6 Exemplo: Encontrar o ganho do circuito abaixo (considere VBE =0,7V ; 1=200 ; VT = 26 mV) Análise DC: Polarização É igual para os dois circuitos, já que estão polarizados com os mesmos parâmetros: Temos que: 7 23 6 23 :; /1/ <; 0,7 1@A 1:; 6 0 /2/ 45 7,95 Substituindo /1/ em /2/ encontramos: :; 6 1,99. 104 <; 6 4,7< :D 6 4EFG 6 6,5J Ganho do Segundo Estágio: (AV2) Utilizando o equivalente T para o segundo estágio: Temos que: <KK 6 2,2@. M. NG /1/ NG 6 2#OO PQ /2/ Substituindo /1/ em /2/ encontramos: 2 OO 2 6 ROO 6 336,78 V/V 2 # 8 Ganho do Primeiro Estágio: (AV1) Utilizando o equivalente T para o primeiro estágio: A resistência de entrada do segundo estágio Re2 é a resistência vista pela entrada do circuito do segundo estágio de amplificação: Calculando pela resistência equivalente de Thévenin: 9 UQ 6 45 7,95 MNG NG NG 6 P 6 V,4 Q /1/ /2/ Substituindo /1/ em /2/ encontramos: WG 6 957,09J Cálculo do Ganho do Primeiro Estágio: (AV1) Agora, com a resistência sistência de entrada do segundo estágio calculada, calcularemos o ganho do primeiro estágio: <K 6 M2,2@//WG NG /1/ 10 NG 6 2O PQ /2/ Substituindo /1/ em /2/ encontramos: 2 6 <K 6 102,10</< <K Logo, o Ganho total será dado por: XY 6 XYZ ∗ XY\ 6 ]^]_`, \Y/Y 2. Amplificadores em cascata diretamente acoplados Neste tipo de acoplamento, os dois transistores estão diretamente acoplados, fazendo com que o ganho seja maior do que se houvesse somente um Transistor. Diferentemente do caso em que os transistores estão acoplados por um capacitor, a polarização deve ser analisada com os dois transistores simultaneamente. Exemplo de conexão em cascata diretamente acoplada: 11 Exercício: encontrar o ganho do circuito acima: (considere VBE =0,6V ; A=100 ; VT = 25 mV) Análise DC: Polarização Temos que: V23 75 2 3 6 5 :; /1/ :; <; 0,6 1,4@A 1: ; 60 /2/ Substituindo /1/ em /2/ encontramos: :; 6 9,048 a <; 6 1,88 1 < :D 6 0,9138 E V23 5 FG 6 27,36 J 6 :; A:; /3/ ; <; 0,6 1,7@A 1: ; 6 0 /4/ Substituindo /3/ em /4/ encontramos: :; 6 20,67 a <; 6 4,15 4 < :D 6 2,088 E FG 6 11,98 11 J Análise AC: Substituindo capacitores por curto-circuito curto circuito e os transistores pelo seu circuito equivalente T: 2#$ 6 NG PQ Q Q PQ ,95//5 5 /1/ MNG NG 6 MNG /2/ <'() 6 1,7@//1@NG /3/ Substituindo /1/ em /2/ encontramos: b2#$ PQ 6 NG M 1 PQ ,95//5 5 /4/ Substituindo /4/ em /3/ encontramos: ! 6 < ∝ 1,7@//1@ 6 <'() F M 1 FG 1,7@//1@ G 2@ Xd 6 e_, f Y/Y 13 3. Amplificador Cascode • • • O amplificador cascode é um tipo de amplificador em cascata diretamente acoplado (transistores em série). Para acoplar diretamente esses dois estágios, conecta-se o emissor do segundo estágio no coletor do primeiro, de forma que a mesma corrente flua através de ambos os transistores. Também obtêm-se a polarização de base através de um divisor de tensão composto por três resistores. A idéia básica é combinar a alta impedância de entrada com baixo ganho de tensão no estágio 1 (um). Versão acoplada bipolar do cascode Depois, conexão entre o emissor do segundo estágio para o coletor do primeiro estágio. (Mesmos passos do exemplo anterior). Sejam os passos do amplificador cascata: Sejam as tensões do Coletor de Q1 e no Emissor de Q2 iguais, chegamos em E chegamos na forma mais comum de desenho de um amplificador cascode: 14 Sendo que os capacitores e os resistores fazem parte do circuito para manter a polarização dos transistores (desconsiderando a carga e a tensão do gerador). O circuito do amplificador cascode com capacitores e resistores para polarização: Os circuitos amplificadores cascode MOS e BJT desconsiderando os detalhes de polarização: 15 Transistor cascode Podemos utilizar o modelo T para pequenos sinais para a análise AC, e perceberemos no exemplo que a análise fique muito simples fazendo uso disso: Se analisarmos um datasheet de um cascode, modelo MBC13916T1 da Freescale, verificamos que no encapsulamento já existem os dois transistores polarizados dessa forma, conforme a figura abaixo retirado o datasheet: 16 Exemplo: Calcule o ganho do amplificador cascode da figura abaixo: Análise DC: 17 Algumas considerações através da análise do circuito: :g 6 A. :; (1) :g = A. :; (2) :g = M. :D (3) :g = M. :D (4) :g = :D (5) Fazendo então a análise das correntes nos transistores: :D = :; + :g (6) :D = :; + :g (7) :g = :; + :g (7) Substituindo (5) → (7) Fazendo (7) + (6) :D = :; + :; + :g (8) hi b (8) Substituindo (1), (2), (3) → (8) = hi + hi + :g :g . j − k = :g . j + 1k b (9) 18 b :g . j − k = :g . j + 1k (10) Seja A = 200 para os dois transistores, temos: :g . 1,005 − 0,005 = :g . 0,005 + 1 lmZ = lm\ . Z, nn` (11) (12) Fazendo (1)/(2): hi hi h 6 . h3 (13) 3 lo\ . Z, nn` = loZ (14) E fazendo (3)/(4): hi hi b hp b hp 6 . (15) lq\ . Z, nn` = lqZ (16) Mas temos a consideração de (5), e então: l qZ lq\ 6 lm\ . Z, nn` = Z,nn` (17) E temos que, fazendo (17) → (7) :g . 1,005 = :; + :g (18) :g . 1,005 − 1 = :; (19) lm\ . n, nn` = lo\ (20) Temos então que :; ≪ :g . Fazendo o divisor de tensão no circuito, para determinar a tensão na base dos transistores Q2 e Q1, respectivamente, com o divisor nas resistências W; , W; , W;s : `.et^.ut Zn.]t ^.ut ^.ut Yo\ = e._t`.et^.ut . Ymm = Zu.Zt . Z_ = Zn, _^Y YoZ 6 e._t`.et^.ut . Ymm = Zu.Zt . Z_ = ^, f`Y (21) (22) Aproximando :D v:D , pois como visto em (17), e da mesma forma com (12) e (14): h p :D 6 ,4 ≅ :D (23) :g = :g . 1,005 ≅ :g (24) :; . 1,005 = :; ≅ :; (25) E fazendo a análise de malha do circuito: 19 −<; + 0,7 + WD . :D = 0 lqZ = YoZ n,u xq = ^,f`n,u Z,Zt = ], _e^yX E sabemos que aproximamos em (23), (24) e (25). Análise AC: Para a análise AC teremos o seguinte circuito: E arrumando: E trocando os transistores pelo modelo equivalente: (26) (27) 20 Onde temos que os valores em Q2 terão o 2 após as nomenclaturas, como zG , FG , e os do transistor Q1 serão zG , FG . Procedendo aos cálculos, e aproximando :D = :D, pois como visto em (17): h p :D = ,4 ≅ :D (28) E então: 2 2 FG = FG = h { = h { = 6,47 p p (29) h Calculando o parâmetro %& = 2i , mas sabemos de (24) e de (5) que: { |yZ = |y\ = lmZ Y} = lm\ Y} = lqZ Y} = lq\ Y} = |y = n, Z`^`e (30) Tirando o ganho do circuito, no estágio 1: XYZ 6 Y~Z YZ 6 |y .dZ .\ dZ = −|y . \ = −Z YY (31) Tirando o ganho do circuito, no estágio 2: Y XY\ 6 Y~\ 6 ~Z |y .d\ .xm d\ = |y . xm = \u_, \n_ YY (32) E o ganho total do circuito: X Y Y XY 6 XY\ 6 Y~\ . Y~Z = YZ ~Z Z Y~\ YZ = −\u_, \n_ YY (33) 21 E temos um grande ganho de tensão nesse caso. Como percebemos, o estágio 1 (Q1) não possui ganho nenhum, apenas inverte a tensão. No entanto, o estágio 2 (Q2), chamado de Transistor Cascode, possui um alto ganho de tensão. 4. Amplificador Darlington O amplificador Darlington é um amplificador de múltiplos estágios, onde o estágio de saída de corrente do emissor de um transístor é ligado a base de outro transístor. Desta forma :D será igual a :; , e esta corrente será novamente amplificada pelo outro transístor. Podemos demonstrar isto usando as equações do transístor, pois: :D 6 A 1):; mas :D = :; , então :D = (A + 1):; , por fim, temos: lq\ = (1Z + Z)(1\ + Z)loZ Como em geral A assume valores muito maiores que 1, e temos uma multiplicação destes valores, os termos unitários podem ser desconsiderados, fazendo com que: lq\ 6 1 loZ Onde 1 6 1Z 1\ e com isso, a corrente no coletor será aproximada pela corrente de emissor. Desta forma, o par darlington pode ser encarado como um único transístor de constante A , e com duas quedas sucessivas de tensão de base para emissor, tendo então um novo <;D 6 1.6<, que é o dobro da queda de tensão vista para um único transístor (caso esta seja de 0.8V). A figura a seguir ilustra a equivalência do circuito composto de um par darlington e um circuito composto de apenas um transístor de características equivalentes: Transistor equivalente do par darlington Se estivermos em análise AC, a mesma ideia vista acima é válida, e os dois transístores do par darlington podem ser vistos como um único transístor, fazendo com que os cálculos para ganho, resistência de entrada e saída sejam os mesmos. 22 Modelo equivalente do par darlington para AC Exemplo 1: Dado o circuito abaixo com um par Darlington, calcule as correntes de polarização em DC. Em seguida construa o equivalente em AC, levando em conta que as capacitâncias podem ser consideradas suficientemente altas e considerando uma resistência de entrada, com F 6 5 J. (A 6 A A 6 8000 v A 6 A v <;D 6 <;D 6 0.8 <. Circuito referente ao exemplo 1 Solução: Analise DC Em DC, abrimos os capacitores, e devemos agora achar as correntes :; , :g v :D além das tensões <; , <g v <D . Primeiramente, vamos denifir: :; 6 :; :D 6 :D :g 6 :g :g 23 Refletindo a resistência WD pelo transístor equivalente do par darlington, e equacionando o circuito para :; temos: lo 6 Ymm Yoq xo 1 xq 6 \. `eX, então: lq 6 1 Zlo ≈ 1 lo ≈ lm ≈ \n. ^_yX Ym 6 Z_Y Yq 6 xq lq 6 _Y Yo 6 Yq Yoq 6 f. eY Análise AC Temos agora todos os valores provenientes da analise DC. Faremos agora a análise AC, utilizando o modelo PI: Modelo equivalente para AC Podemos primeiro determinar a corrente N; 6 !# !R ' 6 N; A 1)WD ⇒ ' = Tendo F = 2{ hp P# , mas sendo: − (A + 1)WD F = 1,22J, já podemos tirar o ganho: (A + 1)WD ' = ≈ 1 << (F + (A + 1)WD ) ! Fazendo equivalente de thevenin, podemos determinar W) = # = F + A WD , agora 3 basta um paralelo e temos W = W) //W; = 1,6J. 24 Fazendo equivalente de thevenin para saída agora W') 6 !* z ! mas !* !# 6 1, então # W') = ()z Como !# 3 = F + A WD , temos W') = por fim W'() = Up P# Up ( ) ≈ WD . Desta forma W'() = W') //WD e = 195J. Xd = Z YY x 6 Z, e x~ = Zf` 5. Inversor CMOS Conceito São amplamente aplicados em circuitos digitais. Possui inúmeras vantagens como alta excursão de sinal, alta capacidade de corrente e a principal que é a resposta rápida. Em sua configuração utilizam-se dois transistores, um NMOS e outro PMOS. Ambas as portas são ligadas a uma tensão de entrada. A fonte do NMOS é conectada ao terra e o dreno ligado a saída do outro transistor. É no dreno que obtemos a tensão de saída. Sobrando assim a fonte do PMOS que é ligada a uma tensão Vdd, a qual a saída do transistor assumirá quando a entrada for nula. Operação Nas figuras abaixo atribuímos valores para entrada do inversor para observarmos o seu comportamento: 25 Caso 1- Entrada 0 V Nesse caso observamos que Vgs=0, se isso acontece o transistor NMOS está em corte devido ao fato de Vgs<Vt porque Vt≈0,7V. Logo a corrente no dreno será zero (id=0). Para satisfazermos a equação do transistor PMOS que está em operação de tríodo: N 6 <% |<| ² a tensão Vsd precisa ser nula. Com isso a saída assumirá o valor de Vdd que no caso é de 5V. Caso 2- Entrada 5V Agora observamos uma situação contrária do caso 1. O transistor PMOS é quem está em corte pois Vsg=0V (Vg=5V), também Vsg<Vt. Sabendo isso a corrente no dreno será zero. Agora devemos satisfazer a equação do NMOS que está em tríodo: N 6 <% |<| ². Concluímos que para id ser nula vds também precisa, logo a saída assumira o valor da fonte do transistor NMOS que no caso é de 0 V. 26 Característica Transferência de Tensão Agora vamos analisar o circuito provocando um aumento na tensão de entrada, obtemos o gráfico que segue: Observa-se 5 regiões de operação. A primeira e a última foram citadas nos casos anteriores em que um dos transistores está em corte. Existem mais três regiões ilustradas no gráfico. Também nota-se que Voh e Vol são independentes das dimensões dos transistores, o que torna a tecnologia CMOS bem diferente de outras tecnologias. Analisando a corrente na saída obtemos o gráfico: Pode-se observar que a corrente máxima será em Vdd/2, pois os dois transistores estão em saturação e a corrente será nula para os casos em que os transistores estão em corte.