ANTÍGENO E ANTICORPO SANDRA BERTELLI RIBEIRO DE CASTRO LABORATÓRIO DE IMUNOLOGIA Aviso: Início das aulas práticas Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora - MG Laboratório de Imunologia, Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia, Instituto de Ciências Biológicas, ANTÍGENOS • Antígeno pode ser definido como qualquer substância que pode ser especificamente ligada a uma molécula de anticorpo. • Qualquer substância que possa desencadear uma resposta imune é considerada imunogênica sendo chamada de imunógeno. • Embora todo o imunógeno seja um antígeno, nem todo o antígeno é imunogeno. Por isso precisa ser associado a um imunógeno para desencadear uma resposta imune. • Hapteno: São moléculas que podem reagir com o anticorpo, mas não são capazes de, por si mesmas, induzir uma resposta imune adaptativa. Os haptenos devem ser quimicamente unidos a portadores protéicos para poderem evocar resposta em anticorpos e em células T. ANTÍGENOS • Quando os antígenos são macromoléculas estas possuem regiões específicas de ligação ao antígeno denominadas de determinantes antigênicos ou epítopos. • A maioria dos linfócitos T reconhecem antígenos peptídicos que estão ligados e são apresentados pelas moléculas do complexo de Histocompatibilidade maior (MHC). • Os linfócitos B usam os anticorpos ligados à membrana para reconhecer uma ampla variedade de antígenos, incluindo proteínas, polissacarídeos, lipídios. ANTICORPOS • ANTICORPOS: globulinaimunoglobulina. • Produzidas por linfócitos B. • Podem ser secretados ou permanecerem ligados à membrana. ANTICORPOS Quando permanecem ligados à membrana funcionam como receptores das células B. . Imunoglobulinas: globulinas do plasma que conferem imunidade. ANTICORPOS LOCALIZAÇÃO: • No plasma. • Interior dos compartimentos citoplasmáticos. • Ligados à membrana na superfície de linfócitos B. • No líquido intersticial dos tecidos. • Os anticorpos estão presentes na superfície de certas células que apesar de não secretarem anticorpos possuem receptores para eles. Exemplo: fagócitos, células Natural Killer, mastócitos. • Estão também presentes em secreções como o muco e leite. ANTICORPOS Cadeia pesada Cadeia leve Uma molécula de anticorpo é composta de quatro cadeias polipeptídicas, incluindo duas cadeias pesadas (H) idênticas e duas cadeias leves (L) idênticas, onde cada cadeia contém uma região variável e uma região constante. FIGURE 3-2 Cadeia leve (CL, VL) Cadeia pesada (VH, CH1, CH2, CH3) ou (VH, CH1, CH2, CH3, CH4) ANTICORPOS • As cadeias polipeptídicas pesadas e leves são composta de domínios globulares dobrados (100-110 aminoácidos). • Contém uma ligação dissulfeto intracadeia. Região variável (VL) • Cadeia leve Região constante (CL) Região variável (VH) • Cadeia pesada Região constante (CH1, CH2, CH3 – IgG, IgD, IgA) ou (CH1, CH2, CH3, CH4- IgM e IgE). ANTICORPOS • A região N-terminal é denominada região variável tanto na cadeia leve como na cadeia pesada (VL e VH). • Os demais domínios globulares são denominados constantes CH ou CL. • A região VH está ao lado da região VL. • Dobradiça permite a movimentação dos braços da imunoglobulina. Fab fragment of antigen-binding Fc fragmento cristalizável DIGESTÃO PROTEOLÍTICA DAS IMUNOGLOBULINAS DIGESTÃO PROTEOLÍTICA DAS IMUNOGLOBULINAS CLASSIFICAÇÃO DOS ANTICORPOS Os anticorpos são classificados com relação suas características: tamanho, carga, solubilidade e também suas características funcionais. Classe de anticorpos: IgM, IgD, IgG (IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4), IgE e IgA (IgA1, IgA2). As cadeias pesadas são designadas pela letra do alfabeto grego: IgA- cadeia pesada α1 ou α2. IgD- cadeia pesada δ IgG- cadeia pesada γ1, γ2, γ3 ou γ4. IgM- cadeia pesada µ. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTICORPOS As cadeias leves dos anticorpos podem ser classificados como: Kappa (κ) ou lambda (λ) (divididas em domínios constantes de variáveis)- duas kappas ou duas lambdas. FUNÇÕES ISÓTIPO-ESPECÍFICAS DOS ANTICORPOS Muitas das funções das moléculas de anticorpo são mediadas por sua porções Fc e são, portanto, específicas para cada tipo de isótipos ou subtipos. FUNÇÕES ISÓTIPO-ESPECÍFICAS DOS ANTICORPOS Ativação do complemento: cascata de proteína que desencadeia a formação de um complexo de ataque a membrana, promovendo a lise celular - IgG e IgM. Opsonização: Os fagócitos possuem receptores para as porções Fc da IgG potencializando a fagocitose. Neutralização: Se liga a agentes nocivos, como toxinas, vírus, as bactérias neutralizando o processo tóxico ou infeccioso. CITOTOXICIDADE MEDIADA POR CÉLULAS E DEPENDENTE DE ANTICORPO ADCC- antibody dependent cell-mediated cytotoxicity • Células NK reconhecem porção Fc de anticorpo revestindo célula alvo. Com o reconhecimento as Nk lançam enzimas que irão destuir a célula-alvo. CITOTOXICIDADE MEDIADA POR CÉLULAS E DEPENDENTE DE ANTICORPO ADCC- antibody dependent cell-mediated cytotoxicity • Parasitas (helmintos) são sensíveis a grânulos presentes no Citoplasma de eosinófilos. Parasita revestido com IgE – eosinófilos reconhecem a porção Fc do anticorpo e promovem a destruição da célula alvo. Hipersensibilidade Imediata Desencadeada por IgE • Aumento de IgE (indivíduo sensibilizado por alérgenos) • Ligação de anticorpos IgE nos receptores Fc presentes nos mastócitos e basófilos. • Ligação do antígeno específico a duas moléculas de IgE nos mastócitos e basófilos. • Ativação celular • Liberação de mediadores inflamatórios. Hipersensibilidade Imediata Desencadeada por IgE IMUNIDADE DE MUCOSAS MEDIADA POR IgA • A síntese de IgA é muito intensa. • Ocorre principalmente nos tecidos linfóides associados a mucosa. • O transporte para a luz da mucosa é bastante eficiente. • Sua concentração plasmática é baixa. • A IgA na mucosa neutraliza agentes nocivos. • A IgA possui um componente secretor (glicopeptídeo com alto conteúdo de carboidrato). • As células epiteliais ligam a IgA ao componente secretor e transportam este complexo através da barreira epitelial. • • • • • • • Células plasmáticas secretoras de IgA Molécula de IgA é dimérica. Associada por uma cadeia J. IgA se liga ao receptor poli-Ig. Transcitose. Poli-Ig é clivado e libera a IgA ligada ao componente secretor. IMUNIDADE NEONATAL • Os mamíferos no período neonatal não apresentam capacidade de montar uma resposta imune efetiva contra microorganismos. • Anticorpos maternos podem fornecer uma ação protetora. • A IgG materna é transportada através da placenta e entra na circulação fetal. • IgA materna neutraliza microrganismo protegendo-a contra microrganismo patogênicos que tentam colonizar o intestino da criança. • A IgG materna também está presente no leite materno. MATURAÇÃO DOS LINFÓCITOS B Troca de classe de cadeia pesada (isotípica). CLASSIFICAÇÃO DOS ANTICORPOS IgA • Imunidade de mucosa • Imunidade passiva neonatal IgD • Receptor de antígeno em células B virgens. IgE • Ativação de mastócitos (hipersensibilidade imediata) CLASSIFICAÇÃO DOS ANTICORPOS IgG • Opsonização, ativação do complemento, citotixicidade mediada por célula dependente de anticorpo, imunidade neonatal. IgM • Receptor de antígenos em células B virgens, ativação do complemento. ANTICORPOS Esta enorme variedade de especificidades torna o sistema capaz de reagir com um número ilimitado de antígeno. COMO PODEM OS DIFERENTES ANTICORPOS SEREM CODIFICADOS PELOS GENES PRESENTES EM CADA CÉLULA HUMANA? A origem da diversidade dos anticorpo se baseia na estrutura dos genes das Imunoglobulinas e na capacidade considerável das células B de gerar e modificar esses genes pelo rearranjo de seu próprio DNA cromossômico. Linfócitos B tem genes capazes de se rearranjarem no genoma de uma célula B em diferenciação, e também são capazes de se rearranjarem de forma aleatória. Diversidade das moléculas A recombinação somática de segmentos gênicos codificam as regiões variáveis dos receptores de células B e T. A células-tronco hematopoiéticas da medula óssea e os progenitores linfóides iniciais contêm na sua configuração genes de Ig e TCR. O loci gênico da cadeia pesada e da cadeia leve, contêm múltiplos genes para as regiões variáveis da imunoglobulina, assim como do TCR e alguns genes das regiões constantes. Genes das regiões variáveis (V) e genes das regiões constantes (C). Entre os genes V e C existe ainda os genes J (segmentos gênicos de junção) e D (diversidade). Cadeia H (cromossomo 14): VDJC Cadeia κ (cromossomo 2): VJC Cadeia pesada: Região variável: VDJ Região constante: C Cadeia leve: Região variável: VJ Região constante: C - Segmento gênicos das regiões variáveis 300 pb 5’. - Codifica a região líder 20 a 30 aas. - Os peptídios de sinalização orientam o polipeptídeo emergente durante sua síntese nos ribossomos para a luz do retículo endoplasmático. - Entre V e C temos os segmentos de junção (J) – 30 a 50 pb. - Nas cadeia pesadas (H) da imunoglobulinas temos ainda a região D (segmentos de diversidade). Rearranjo da cadeia pesada: - Rearranjo da cadeia pesada leva à união de um segmento D e um J, com deleção do DNA interposto. Após o rearranjo DJ um entre os diversos genes V irá se unir ao complexo DJ. - VDJ rearranjado. - Deleção dos demais segmentos D que não fazem parte do rearranjo. - A região VDJ permanece separada da região C por um intron. - RNA mensageiro (transcrito primário processado) aproximando o complexo VDJ a região C mais próxima no caso Cµ ou Cδ. Rearranjo da cadeia leve: - Reunião de um gene V e J dentre os genes disponíveis. - VJ é colocado ao lado de Cκ. - Dando origem a VJ (variável) e κ (constante). Rearranjo da cadeia leve: - No caso da cadeia λ há 40 tipos de cadeia V e os 4 genes J acompanhado das cadeias Cλ (4 genes). O rearranjo dos genes das cadeias leves ocorre primeiramente no locus κ, se o rearranjo κ for produtivo, bloqueia-se o rearranjo da cadeia leve λ. FIGURE 4-16 FIGURE 4-23 SWITCH IMUNOLÓGICO - Permite a produção de anticorpos de diferentes classes e subclasses. - Regiões de trocas localizadas nas regiões dos introns antecedendo cada sequência gênica. - Não existe região de switch entre µ e δ, razão pela qual o linfócito B recém amadurecido é capaz de expressar essas duas imunoglobulinas. - A mudança de classe das cadeias pesadas não é um processo aleatório, mas regulado pelas citocinas derivadas dos linfócitos T auxiliares. FIGURE 4-21