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REIS DE PORTUGAL MONARQUIA PORTUGUESA
Primeira Dinastia
D. Teresa de Aragão
Filha ilegítima de D. Afonso VI de Leão, Castela e Galiza, desconhece-se a sua data de nascimento, sabendo-se apenas que morreu em 1130.
Tornou-se esposa de D. Henrique de Borgonha, sendo-lhes entregue o Condado Portucalense (1095). Após a morte de D. Henrique em 1112, e na
menoridade de seu filho D. Afonso Henriques, D.Teresa ficou à frente dos destinos do Condado. Influenciada pela família Peres de Trava, tentou
prosseguir com a política de independência face a Leão e com o alargamento do território. Em desacordo com sua mãe, o infante armou-se a si
próprio cavaleiro e, em 1128, derrotou as forças de D. Teresa na Batalha de S. Mamede, após o que ela se refugiou na Galiza.
AUTOR: Afonso
Publicado em: http://www.escolovar.org
Conde D. Henrique
O conde D. Henrique (? - 1112) era filho (4.º) de Henrique de Borgonha, bisneto de Roberto I de França,
sobrinho-neto do abade S. Hugo de Cluny. A sua vida e carreira política são condicionadas por três factores
dominantes: o feudalismo, o espírito de cruzada e a reforma gregoriana. Enquanto senhor feudal, pretende uma
maior autonomia e valoriza a sucessão masculina; como cruzado, sente-se atraído pelas zonas de maior perigo e
daqui se compreende a sua vinda para a península; como gregoriano, contribui para a definitiva introdução da
liturgia romana e da escrita carolíngia em Portugal.
Casou pelos trinta anos com D. Teresa de Aragão, filha de D. Afonso VI e de Ximena Nunes. Antes do seu
casamento ter-se-á distinguido, na fronteira sul da Península, no combate aos mouros (almorávidas). Em 18 de
Dezembro de 1095 era já senhor de Coimbra, no ano seguinte, em 24 de Abril, era também senhor de Braga.
Procurou, no início do seu governo, organizar o território firmando nele a sua autoridade, através da atribuição
de forais (Guimarães e Constantim de Panoias). A 9 de Dezembro de 1097, em Compostela, intitula-se "comes
Portucalensis". Em termos jurídicos, a situação de D. Henrique seria a seguinte: de 1095 a 1097 D. Henrique e
sua mulher teriam a tenência (governo) dos territórios do Porto, Coimbra e Santarém; a partir de 1097,
participava já da soberania sobre o território que recebera de herança. No entanto, só após a morte de Afonso
VI é que D. Henrique ousa agir como potência independente.
Durante o período do seu governo, D. Henrique tomou parte activa nas actividades do Império; assim, em 1100, travou batalha com os almorávidas
em Malagón. No ano seguinte e até 1103 foi a Roma juntamente com S. Geraldo de Braga defender junto do Papa os direitos desta cidade. Em
Setembro de 1104 estabelece com D. Raimundo um Pacto Sucessório em que reconhece este último como único herdeiro de Afonso VI e se
prometem mutuamente amizade e assistência. Como contrapartida deste acordo, Raimundo promete a D. Henrique Toledo, com parte do seu tesouro,
ou a Galiza. Neste pacto não há qualquer referência a Portugal, não se podendo por ele pressupor a preparação da independência. Em 13 de Setembro
de 1107 morre Raimundo e no ano seguinte o infante D. Sancho que lhe deveria suceder. Após estes acontecimentos, D. Henrique vai junto da corte
de D. Afonso VI, em Toledo, contudo, zanga-se com o sogro e este expulsa-o da sua corte. Depois disto, D. Henrique regressa a Portugal onde
submete os mouros de Sintra e se desloca a Coimbra. Nesta cidade doa à diocese o Mosteiro de Lorvão usando o mesmo formulário de chancelaria
que 15 anos antes fora usado pelo herdeiro do trono em acto semelhante. A partir desta altura começa a actuar como potência independente.
D. Henrique tomou partido contrário a D. Urraca como herdeira de Afonso VI; em 1110, na batalha de Campo de la Espina, vence as tropas de D.
Urraca; em Novembro do mesmo ano dá-se a conferência de Monzón entre D. Henrique e D. Urraca; em Novembro do mesmo ano D. Henrique
cerca D. Afonso I em Peñafiel. Este cerco foi desfeito pela intervenção de D. Teresa que convence o marido a retirar o apoio a D. Urraca enquanto
esta não definir claramente os termos da aliança. Em Fevereiro ou Março de 1111 D. Henrique cerca D. Urraca, que entretanto fizera as pazes com o
rei de Aragão. Na Primavera deste ano vivem-se dificuldades em Portugal agravadas pela ameaça almorávida sobre o Tejo. No Inverno deste último
ano D. Henrique domina territórios que dependem ou de D. Urraca ou de Afonso I, tais como Zamora, Astorga e Oca. Em 1112 fez-se a paz com D.
Urraca que, por sua vez, também a fizera com o filho. D. Henrique faleceu, em Astorga, nos últimos dias de Abril de 1112, tendo determinado que
fosse sepultado na Sé Catedral de Braga.
D. AFONSO HENRIQUES
Cognominado "o Conquistador", foi o primeiro rei de Portugal,
governando de 1128 a 1185. Filho de D. Henrique de Borgonha e de D.
Teresa de Aragão, nasceu provavelmente em Guimarães (embora
Coimbra seja também um local apontado para o seu nascimento) em
finais de 1108 (ou primeiros meses de 1109) e faleceu em 1185. Casou
em 1146 com D. Mafalda, filha de Amadeu II, conde de Moriana e
Sabóia.
Após a morte de D. Henrique, D. Teresa ficou à frente dos destinos do
Condado Portucalense, sendo influenciada politicamente pela família
Peres de Trava. O jovem infante tomou então uma posição política
oposta à de sua mãe, sob a direcção do arcebispo de Braga D. Paio. Terse-á armado cavaleiro no dia de Pentecostes de 1122, por suas próprias
mãos, na catedral de Zamora. Em Setembro de 1127 D. Afonso VII
invadiu Portugal e cercou o Castelo de Guimarães, onde se encontrava o
infante. Depois de D. Afonso Henriques ter reafirmado a sua lealdade
perante Afonso VII, rei de Leão, este desistiu de conquistar a cidade e
levantou o cerco. Feitas as pazes com Afonso VII, a posição de D.
Afonso Henriques e dos nobres que o acompanham volta-se contra D.
Teresa e a família Trava. O conflito só viria a ser sanado com a batalha de S. Mamede, que teve lugar a 24 de
Junho de 1128 nos arredores de Guimarães, tendo saído vitoriosas as hostes de D. Afonso Henriques. A partir
desta data passou o infante a governar o condado.
Depois de ter resolvido as escaramuças na fronteira com a Galiza e assinado tréguas de dois anos com Afonso VII, voltou-se para a fronteira
meridional, tendo fundado em finais de 1135 o castelo de Leiria, que viria a ser de importância fundamental para a reconquista. Novamente as
atenções de D. Afonso Henriques se voltaram para a fronteira setentrional, só que em simultâneo os muçulmanos tomaram Leiria. Tendo firmado
novamente a paz com Afonso VII, D. Afonso Henriques acorre ao sul, onde defrontou os muçulmanos na Batalha de Ourique. Esta famosa batalha
viria a ser origem de lendas e exageros, não se sabendo ainda hoje com exactidão o local onde se terá travado. Uma certeza há, no entanto: a partir
daqui começou D. Afonso Henriques a intitular-se rei.
D. Afonso Henriques iniciou então uma nova fase na sua política de aproximação à Santa Sé, da qual se declarou vassalo em 1143. O papa, contudo,
limitou-se a tratá-lo por Dux. Por sua vez, D. Afonso VII reagiu mal a esta posição de D. Afonso Henriques e não lhe reconheceu o título de rei.
A reconquista prosseguiu, no entanto, e D. Afonso Henriques não perdeu a primeira oportunidade que se lhe deparou para conquistar Santarém e
Lisboa. A primeira foi tomada de assalto em Março de 1147, o cerco da segunda foi, todavia, demorado e difícil, tendo sido importante a ajuda
proporcionada pela expedição de cruzados que se encontrava de passagem pelo nosso litoral. A cidade só veio a render-se em 24 de Outubro desse
mesmo ano. Após estas conquistas, a actividade militar abrandou, pois era altura de procurar povoar e organizar o território e de incrementar a
política de autonomia da Igreja portuguesa junto da Santa Sé. O principal obreiro desta política foi D. João Peculiar, arcebispo de Braga.
Com a morte de Afonso VII, os seus dois filhos entenderam-se para submeter D. Afonso Henriques. Porém, a morte de Sancho pouco tempo depois
veio alterar o panorama peninsular. Parece que terá então Fernando II reconhecido D. Afonso Henriques como rei de Portugal a troco do seu
reconhecimento como rei de toda a Espanha. Pensa-se, contudo, que a fronteira meridional continuava a ser o Tejo. Compreende-se assim a
inquietação que causava ao rei de Leão a acção de Geraldo no Alentejo, tanto mais que as conquistas inflectiam cada vez mais para leste. Tendo ido
D. Afonso Henriques em auxílio de Geraldo em Badajoz, aproveitou Fernando II um acidente em que o nosso rei partiu uma perna para o aprisionar.
A liberdade só foi restituída a troco dos territórios tudenses, não sendo, no entanto, contestadas as conquistas a oeste de Badajoz. Os muçulmanos
passaram então a tomar a iniciativa, tendo cercado em Santarém o próprio rei de Portugal após terem reconquistado todo o Alentejo. D. Afonso
Henriques foi auxiliado pelo rei de Leão, que, como rei das Espanhas, não podia deixar de se considerar obrigado a intervir, vindo a ser assinadas
tréguas com os muçulmanos.
A maioridade de Afonso VIII de Castela, em 1179, tornou a posição de D. Fernando II insustentável como rei das Espanhas. Desta forma,
pressionado por diversos campos, veio a ceder, reconhecendo assim definitivamente a autonomia política de Portugal. Tanto mais que, pela Bula
"Manifestis Probatum" de 23 de Maio desse mesmo ano, o papa Alexandre III conferiu a D. Afonso Henriques o direito de conquista de terras aos
muçulmanos sobre as quais outros príncipes cristãos não tivessem direitos anteriores, e foi nesta bula que, pela primeira vez, D. Afonso Henriques foi
designado como rei.
Após o incidente de Badajoz, a carreira militar de D. Afonso Henriques praticamente terminou. Dedicou a partir daí quase toda a sua vida à
administração dos territórios com a co-regência do seu filho D. Sancho. Procurou fixar a população, promoveu o municipalismo e concedeu forais.
Contou com a ajuda da ordem religiosa dos Cistercienses para o desenvolvimento da economia, predominantemente agrária. Não podemos também
deixar de referir o papel que as ordens religiosas militares, dos Templários, dos Hospitalários e de Sant'Iago, tiveram na reconquista. D. Afonso
Henriques retribuiu esses serviços com avultadas concessões.
D. Afonso Henriques faleceu a 6 de Dezembro de 1185 após um governo de mais de 57 anos. Foi sepultado na Igreja de Santa Cruz de Coimbra,
onde ainda hoje permanecem os seus restos mortais.
O Conquistador
1.º Monarca
Reinado: 1143 - 1185
1108 - Nascimento de D. Afonso Henriques em Guimarães.
Após a morte do pai, o Conde D. Henrique de Borgonha, D. Teresa de Aragão, sua mãe, assume o governo do Condado Portucalense.
1122 - D. Afonso Henriques, ainda infante, arma-se a si próprio cavaleiro na Catedral de Zamora.
1127 - D. Afonso VII de Castela cerca o Castelo de Guimarães onde se encontra o infante.
1128 - Batalha de S. Mamede entre partidários de D. Afonso Henriques e de sua mãe D. Teresa.
D. Afonso Henriques sai vitorioso, assumindo o governo do Condado Portucalense.
1137 - Batalha de Cerneja, cujo principal objectivo é a libertação do jugo do reino de Leão.
D. Afonso Henriques sai vencedor mas é obrigado a restituir as terras conquistadas a norte, no Tratado de Paz de Tui, em troca de Tomar e Leiria,
invadidas a sul pelos Mouros.
1139 - Batalha de Ourique contra os Mouros.
Depois da vitória, D. Afonso Henriques começa a intitular-se rei.
1142 - D. Afonso Henriques presta vassalagem à Santa Sé.
1143 - Conferência de Zamora onde D. Afonso VII, rei de Leão, reconhece a independência do Condado Portucalense.
Este passa a chamar-se Reino de Portugal e é concedido o título de rei a D. Afonso Henriques.
1146 - Casamento do rei com D. Mafalda de Sabóia.
1147 - Conquista de Santarém, Lisboa, Sintra, Almada e Palmela.
- Outras conquistas aos Mouros, entre as quais se destacam Alcácer do Sal (1158), Beja (1162), Évora (1165), Moura, Serpa e Juromenha (1166).
1179 - O Papa Alexandre III reconhece D. Afonso Henriques como rei e Portugal como reino, pela Bula "Manifestis Probatum".
1185 - Morte de D. Afonso Henriques.
D. Mafalda
Filha do conde de Moriana e Sabóia, Amadeu II, D. Mafalda (ou Matilde) foi a primeira rainha de Portugal, por casamento com D. Afonso
Henriques, celebrado em 1146. Crê-se que terá morrido em 1158 ou 1159.
D. Sancho I
Segundo rei de Portugal (1185-1211), filho de D. Afonso Henriques e de D. Mafalda, foi cognominado "o
Povoador". Nasceu em 11 de Novembro de 1154, em Coimbra, e morreu em 26 de Março de 1211 na mesma
cidade. Casou em 1174 com D. Dulce de Aragão, filha de Raimundo Béranger IV. Subiu ao trono em
Dezembro de 1185 por morte de D. Afonso Henriques.
Foi iniciado na vida militar aos 12 anos, tendo chefiado uma expedição a Cidade Rodrigo contra Fernando II
que se saldou por um fracasso. Foi armado cavaleiro em 15 de Agosto de 1170, na cidade de Coimbra, logo
após o acidente de D. Afonso Henriques em Badajoz. Participou desde então no exercício do poder político,
talvez devido à incapacidade física do rei.
O povoamento das terras abandonadas foi uma das suas principais preocupações. Para alcançar este objectivo
desenvolveu as instituições municipais e concedeu diversos forais, principalmente na Beira e em Trás-osMontes: Gouveia (1186), Covilhã (1186), Viseu (1187), Bragança (1187), etc. Entre os anos de 1192 e 1195
receberam também forais Penacova, Marmelar, Pontével, Povos e S. Vicente da Beira. Os concelhos
fronteiriços receberam privilégios particulares, tais como isenção de trabalhar na construção de castelos e
muros, isenção do pagamento dos impostos de portagem e de colheita. A criação dos concelhos, para além do
contributo que deu para o melhoramento económico e social, trouxe também vantagens de ordem militar e
financeira, pois promoveu o aumento do número de combatentes que não recebiam soldo. Fixaram-se também
em Portugal neste período numerosos colonos estrangeiros. As ordens religiosas, nomeadamente as militares,
receberam de D. Sancho inúmeras concessões de terras e castelos.
O monarca aproveitou a passagem pelo porto de Lisboa dos cruzados da terceira cruzada, na primavera de
1189, para atacar o Algarve. Tomou o castelo de Alvor e atacou Silves (que era na época uma das mais
populosas e cultas cidades do ocidente peninsular). Foi acordado que a cidade seria para os portugueses e o saque para os cruzados. Após uma rápida
conquista dos subúrbios, portugueses e cruzados depararam-se com uma encarniçada resistência que durou 43 dias. D. Sancho I passou então a
intitular-se rei de Portugal e dos Algarves. Durou pouco tempo esta conquista, já que em 1190 Iacub Almançor cercou a cidade de Silves com um
exército e com outro atacou Torres Novas, que apenas conseguiu resistir durante 10 dias. Torres Novas foi, pouco depois, restituída pelos
muçulmanos, mas estes, entusiasmados com a reconquista de Silves, reconquistaram também Alcácer, Palmela e Almada.
D. Sancho envolveu-se também nos conflitos entre Leão e Castela, entrando em guerra com Leão em 1196 e 1199. Durante o seu reinado,
deterioraram-se as boas relações com a Santa Sé, primeiro por tentar furtar-se ao pagamento do censo anual de dois marcos-ouro, depois por ter
entrado em litígio com o bispo do Porto aquando do casamento do herdeiro do trono com D. Urraca, filha de Afonso VIII. O papa Inocêncio III
incumbiu o bispo de Samora de anunciar a pena de excomunhão a D. Sancho e àqueles que tinham retido o bispo. O monarca português entrou
também em conflito com o bispo de Coimbra, tendo sido por isso admoestado pelo papa. Ao sentir aproximar-se a sua morte, reconciliou-se com os
prelados e aceitou as exigências do papa.
Segundo o estudioso Jaime Batalha Reis, iniciou-se no reinado de D. Sancho I a amoedação do ouro, que para outros autores terá surgido
anteriormente. O trabalho administrativo continuou a fazer-se na Câmara Régia que funcionava no Paço, tal como no reinado anterior, estando todo o
trabalho a cargo de um só homem, o chanceler. Neste reinado sabe-se que alguns portugueses frequentaram universidades estrangeiras e que um
grupo de juristas conhecia o Direito que se ministrava na escola de Bolonha. Também o rei foi poeta e em 1192 concedeu ao mosteiro de Santa Cruz
400 morabitinos para que se mantivessem em França os monges que lá quisessem estudar.
O Povoador
2.º Monarca
Reinado: 1185 - 1211
1154 - Nascimento de D. Sancho em Coimbra.
1174 - Casamento de D. Sancho com D. Dulce de Aragão.
1185 - Coroação sob o título de D. Sancho I.
1189 - Prosseguimento das lutas contra os Mouros.
Conquista de Silves, Alvor, Albufeira, Lagos, Portimão, Monchique e Messines, entre outras terras a sul.
1191 - Retoma de Silves e de outras praças algarvias, assim como de Alcácer do Sal, Palmela e Almada.
1196 - Envolvimento no conflito entre Leão e Castela.
D. Sancho I entra em guerra com Leão.
1200 - Estabelecimento da paz entre Portugal e o reino de Leão.
1211 - Morte de D. Sancho I.
D. Afonso II
Terceiro rei de Portugal (1211-1223), filho de D. Sancho I e da rainha D. Dulce, nasceu em Coimbra em
1185 e faleceu em 1223. Casou com D. Urraca, infanta de Castela, e subiu ao trono em finais de Março de
1211. Recebeu o cognome de "o Gordo".
Não tinha vocação militar, por isso abandonou a política de expansão territorial, preocupação dominante até
então, para procurar dotar o país de uma concepção moderna da função do Estado, do rei e da unidade
nacional. Com tais objectivos, logo que subiu ao trono, em 1211, convocou Cortes para Coimbra. Destas saiu
a primeira colectânea de leis gerais do país, que mostram desde logo a acção centralizadora do rei na oposição
aos abusos das classes privilegiadas. Foram tomadas também uma série de medidas gerais que se destinaram a
garantir o direito de propriedade, regular a justiça civil, defender os interesses materiais da coroa e evitar
certos abusos dos privilegiados. As confirmações, raras até este período, e que se generalizaram entre 1216 e
1221 como medida de administração pública, mostram, também, o desejo de firmar a soberania da coroa. Uma outra medida tomada para reprimir os
abusos das classes privilegiadas foram as inquirições.
Esta nova política levou também a conflitos com o clero e com as infantas suas irmãs. D. Sancho I tinha deixado, por testamento, às infantas D.
Teresa, D. Sancha e D. Mafalda numerosas mercês em terras e dinheiro sobre as quais D. Afonso II pretendia o pagamento de direitos régios. As
infantas apelaram para o papa, que, após alguns avanços e recuos, veio a confirmar a posição de D. Afonso II.
Apesar de, como já dissemos, não ter tido preocupações militares, enviou tropas portuguesas que, ao lado de
castelhanas, aragonesas e francesas, combateram bravamente na célebre batalha de Navas de Tolosa na defesa
da Península contra os muçulmanos. Alcácer do Sal foi a principal conquista do seu reinado.
O Gordo
3.º Monarca
Reinado: 1211 - 1223
1185 - Nascimento de D. Afonso em Coimbra.
1208 - Casamento de D. Afonso com D. Urraca de Castela.
1211 - Coroação sob o título de D. Afonso II.
- Realização das cortes de Coimbra, onde são aprovadas as primeiras leis gerais que se conhecem no reino. Estas são as mais antigas cortes de que há
notícia exacta.
1212 - Batalha de Navas de Tolosa onde D. Afonso II presta auxílio ao seu sogro, Afonso VIII, rei de Castela, na defesa da Península contra os
Muçulmanos.
1217 - Reconquista de Alcácer do Sal.
1220 - Ordenação das primeiras Inquirições Gerais.
1223 - Morte de D. Afonso II.
D. Sancho II
Cognominado "o Rei Capelo", foi o quarto rei de Portugal (1223-1245). Nasceu em Coimbra em 1209 e faleceu em Toledo em 4 de Janeiro de
1248. Filho de D. Afonso II e de D. Urraca, subiu ao trono em Março de 1223. Era indicado como herdeiro no testamento de D. Afonso II, muito
embora a ordem de sucessão fosse já então um facto. Casou, cerca de 1240, com D. Mécia Lopes, neta de Afonso IX de Leão e viúva de Álvaro Peres
de Castro. Deste casamento não houve descendência.
Tendo D. Sancho herdado o trono aos 13 anos, o governo do reino esteve primeiramente a cargo de ricos-homens que apressaram o pequeno rei a
regularizar as relações com a Igreja. Foi elaborada uma concórdia com a igreja e, finalmente, resolvido o problema com as infantas, irmãs de D.
Afonso II. Depois de resolvidas estas questões procurou D. Sancho II dedicar-se à administração do País, concedendo forais a diversas povoações.
Iniciou, também, uma nova fase de expansão territorial, que durou todo o seu reinado e terminou apenas com D. Afonso III.
Aproveitando-se das lutas que Afonso IX de Leão mantinha com os Mouros, o monarca iniciou uma campanha no Alentejo em 1226. Entre este ano e
1239 conquistou todo o Alentejo, tendo, para tal, muito contribuído a acção da Ordem de Sant'Iago. Esta Ordem militar recebeu como pagamento dos
serviços prestados diversas povoações, tais como Aljustrel, Sesimbra, Aljafar de Pena, Mértola, Aiamonte e Tavira.
Apesar desta excelente actuação militar, o rei, no que concerne à administração, revelou-se fraco e indeciso, de tal modo que aquela se tornou
desleixada e descuidada. Os nobres abusavam pela sua prepotência de vencedores, os bispos aproveitavam os distúrbios causados por aqueles para se
imiscuírem na vida pública e política. A luta entre homens da Igreja e ricos-homens tornou-se quase
permanente. Também as ordens monásticas reclamaram dos abusos por parte dos nobres. O bispo do Porto,
Martinho Rodrigues, queixou-se ao papa de que o rei usurpava o direito de jurisdição sobre a cidade, que
dependia da Sé. O papa admoestou o rei, que pareceu submeter-se. Também o bispo de Lisboa se revoltou
contra o rei, acusando-o de ofender as liberdades religiosas. Mais uma vez o papa recorreu a admoestações.
Contudo, quando em 1238 outras queixas, do novo bispo do Porto, se levantaram contra o rei, o bispo de
Salamanca lançou um interdito que o papa confirmou. Todas estas queixas mostram a desordem que grassava
no reino devido às constantes brigas entre nobres e clero, brigas que o rei se mostrava incapaz de sanar.
Todas estas queixas por parte do clero foram ainda agravadas por intrigas alimentadas pelo príncipe D.
Afonso, que desde 1238 vivia em Bolonha. No concílio de Lião, prelados e nobres portugueses descreviam a
desordem do reino em termos tais que deles se pode inferir a deposição do rei. A resposta por parte do papa foi uma bula onde dizia dever incumbirse da restauração do reino alguém activo e prudente, e que esse alguém só poderia ser D. Afonso. Numa assembleia de prelados e nobres portugueses,
reunida em Paris, D. Afonso jurou que guardaria e faria guardar todos os privilégios, foros e costumes dos municípios, cavaleiros, peões, religiosos e
clérigos seculares do reino. Em finais de 1245 ou nos princípios do ano seguinte, o conde de Bolonha desembarcou em Lisboa. Da luta entre
partidários do rei e de D. Afonso saiu vitoriosa a facção de D. Afonso. D. Sancho II retirou-se para Toledo, onde viria a falecer pouco tempo depois.
O Capelo
4.º Monarca
Reinado: 1223 - 1245
1209 - Nascimento de D. Sancho em Coimbra.
1223 - Coroação sob o título de D. Sancho II.
1226 - Início de uma campanha em todo o Alentejo e parte do Algarve, tomando aos Mouros terras como Elvas, Moura, Serpa, Mértola e Tavira,
entre outras.
A expansão territorial empreendida por D. Sancho II dura quase todo o seu reinado.
1240 - Casamento do rei com D. Mécia Lopes.
1245 - Afastamento de D. Sancho II provocado pelo Papa Inocêncio IV, que designa D. Afonso III como seu substituto.
1248 - Morte de D. Sancho II.
D. Afonso III
Quinto rei de Portugal (1245-1279), "o Bolonhês" nasceu provavelmente em Coimbra, a 5 de Maio de 1210. Segundo filho de D. Afonso II e de D.
Urraca, partiu em 1227 para França, onde frequentou a corte de Luís IX, tendo disso muito beneficiado. Casou em 1238 com D. Matilde, condessa de
Bolonha, viúva de Filipe-o-Crespo.
Chegou a Lisboa em finais de 1245 ou princípios de 1246. Com os títulos de visitador, curador e defensor do reino, foi aclamado rei após ter vencido
pela força das armas o seu irmão D. Sancho II.
O facto de maior destaque do seu reinado foi a conquista definitiva do Algarve. Em Março de 1249 foi conquistada a cidade de Faro. Os freires de
Sant'Iago e Calatrava tiveram aí um papel determinante, tendo-lhes sido confiada a empresa de concluírem a conquista. A conquista do Algarve
levou, contudo, a graves discórdias com Castela. As pazes foram inicialmente alcançadas com o casamento de D. Afonso III com D. Beatriz, filha
ilegítima de Afonso X (após o papa ter anulado o casamento com D. Matilde por esta ser estéril), mas o problema só foi definitivamente resolvido
pelo Tratado de Badajoz, de 16 de Fevereiro de 1267. Por este tratado ficou definido que seria o Guadiana, desde a confluência do Caia até à foz, a
fronteira luso-castelhana.
D. Afonso III foi também um bom administrador, fundou povoações, restaurou, repovoou e mandou cultivar inúmeros lugares arruinados, e concedeu
numerosos forais. Reuniu Cortes em Leiria, em 1254, as primeiras em que participaram representantes dos concelhos. As Cortes de Coimbra de 1261
foram também importantes, pois nelas foi reconhecido ao rei o direito de cunhar moeda fraca. Procedeu a inquirições em 1258, revelando as
respectivas actas os inúmeros abusos praticados pelas classes privilegiadas. Legislou para reprimir estes abusos. Estas leis provocaram a imediata
reacção do clero, que apelou para Roma. Só a proximidade da morte levou o rei a recuar, tendo jurado submissão a Santa Sé em Janeiro de 1279.
Faleceu em 16 de Fevereiro do mesmo ano, tendo sido sepultado em Alcobaça.
O Bolonhês
5.º Monarca
Reinado: 1245 - 1279
1210 - Nascimento de D. Afonso em Coimbra.
1238 - Casamento de D. Afonso com D. Matilde de Bolonha.
1245 - Assunção da regência do reino após seu irmão ser afastado do poder.
1248 - Coroação sob o título de D. Afonso III.
1249 - Após tomada de Faro aos Mouros, o rei empreende a conquista definitiva do Algarve.
A partir deste feito, D. Afonso III e todos os reis que lhe sucedem passam a usar o título de "Rei de Portugal e dos Algarves".
1253 - Casamento do rei com D. Beatriz de Castela.
1254 - Cortes de Leiria onde, pela primeira vez, se reúnem representantes do Povo, ao lado do Clero e da Nobreza.
1267 - Tratado de Badajoz que reconhece o direito de Portugal ao Algarve, sendo a fronteira deste marcada pelo Rio Guadiana.
1279 - Morte de D. Afonso III.
D. Beatriz (1244-1300)
Mãe de D. Dinis (1244-1300), segunda esposa de D. Afonso III, a quem se uniu em 1253 (o casamento teve que ser revalidado em 1262, após a
morte da esposa anterior, D. Matilde). Era filha ilegítima do rei Afonso X de Castela, o Sábio, e o seu matrimónio com o monarca português serviu
para pacificar, provisoriamente embora, as relações entre os dois reinos.
D. Dinis
Sexto rei de Portugal, filho de D. Afonso III e de D. Beatriz de Castela, nasceu a 9 de Outubro de 1261 e
faleceu em 1325. Foi aclamado rei em Lisboa, em 1279, tendo governado durante 46 anos. Casou em 1282
com D. Isabel de Aragão (a rainha Santa Isabel); a rainha teria também um papel importante ao longo deste
reinado, não só pelas suas acções de caridade mas, sobretudo, pela sua actuação ao lado do rei na política
externa, e entre ele e o filho aquando das lutas entre ambos.
Foi o primeiro rei a não ter que se preocupar com a expansão territorial. Procurou lutar contra os privilégios
que, de alguma forma, iam contra a sua autoridade. Em 1282 estabeleceu que todas as apelações de quaisquer
juízes só poderiam fazer-se para o rei. Recorreu a inquirições em 1284, tendo havido outras ao longo do seu
reinado. Procurou um acordo com a Igreja, acordo que viria a ser estabelecido por concordata em 1290.
Proibiu às Ordens e aos clérigos a aquisição de bens de raiz, mas procurou também defender a Igreja dos
abusos resultantes do sistema do padroado. Apoiou os cavaleiros da Ordem de Sant'Iago ao separarem-se do
seu mestre castelhano, e salvou a dos Templários em Portugal, dando-lhe nova existência sob o nome de Ordem de Cristo.
Entrou em guerra com Castela em 1295, a qual só veio a terminar pelo Tratado de Alcanizes, lavrado na vila castelhana do mesmo nome em 12 de
Setembro de 1297. Por este tratado previa-se uma paz de 40 anos, amizade e defesa mútuas. Foram também estabilizadas as fronteiras em zonas
nevrálgicas como a Beira e o Alentejo, com excepção de pequenas áreas que rapidamente se viriam a integrar no reino.
Desenvolveu as feiras, criando as chamadas feiras francas ao conceder a várias povoações diversos privilégios e isenções. Protegeu as exportações
para os portos da Flandres, Inglaterra e França; em 1308 celebrou um tratado de comércio com o rei de Inglaterra e instituiu definitivamente a
marinha portuguesa.
Foi, no entanto, a agricultura que mais o interessou (daí o seu cognome, "o Lavrador"). Procurou interessar toda a população na exploração das terras,
facilitando a sua distribuição. No Entre Douro e Minho dividiu as terras em casais, cada casal vindo mais tarde a dar origem a uma povoação. Em
Trás-os-Montes o rei adoptou um regime colectivista; as terras eram entregues a um grupo que repartia entre si os encargos, determinados serviços e
edifícios eram comunitários, tais como o forno do pão, o moinho e a guarda do rebanho. Na Estremadura a forma de povoamento dominante foi a que
teve por base o imposto da jugada; outros tipos de divisão foram também utilizados, como, por exemplo, a parceria.
Ele próprio poeta, D. Dinis deu também um grande impulso à cultura. Ordenou o uso exclusivo da língua portuguesa nos documentos oficiais.
Fundou em Lisboa, em 1290, um Estudo Geral (Universidade) no qual foram desde logo ensinadas as Artes, o Direito Civil, o Direito Canónico e a
Medicina. Mandou traduzir importantes obras, tendo sido a sua Corte um dos maiores centros literários da Península.
O Lavrador
6.º Monarca
Reinado: 1279 - 1325
1261 - Nascimento de D. Dinis.
1279 - Coroação de D. Dinis.
1282 - Casamento do rei com D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa Isabel.
1290 - Fundação da Universidade denominada Estudo Geral, em Lisboa.
1295 - Guerra com Castela.
1297 - Tratado de Alcanizes que, além de terminar com a guerra, prevê uma paz de 40
anos, amizade e defesas mútuas com Castela.
Neste tratado são também estabilizadas as fronteiras definitivas do território português.
1308 - Instituição definitiva da marinha portuguesa, após celebração do primeiro tratado
de comércio com a Inglaterra.
1315 - Solicitação ao Papa da criação da Ordem de Cristo para a qual deverão transitar os
domínios e bens dos Templários.
Depois do consentimento, a Ordem passa a ter sede no Convento de Tomar.
1317 - Organização da marinha de guerra.
1325 - Morte de D. Dinis.
Rainha Santa Isabel
Isabel de Portugal (Rainha Santa Isabel), nascida em Saragoça ou em Barcelona por
volta de 1270 e morreu em Estremoz no ano de 1336.
Rainha de Portugal, mulher de D. Dinis, filha de Pedro III de Aragão e de D. Constança
de Navarra e neta de Jaime I, o Conquistador. Desde nova mostrou tendência para a
meditação e solidão, rezas e jejuns. Entre os seus pretendentes contavam-se Eduardo I de
Inglaterra, Roberto de
Anjou e D. Dinis de Portugal. Foi este quem o seu pai escolheu pois oferecia-lhe desde
logo um trono. O contrato de casamento foi concertado em 24 de Abril de 1281 e tinha a particularidade de ser o primeiro celebrado em Portugal com
escritura antenupcial, segundo o direito romano. Por ele, a nova rainha recebeu Óbidos, Abrantes, Porto de Mós com todas as suas rendas, e ainda 12
castelos. O seu pai, por seu turno, dotou-a com 10 mil maravedis e jóias. Ficou célebre o cortejo que acompanhou a nova rainha a Portugal depois do
casamento, realizado por procuração na cidade de Barcelona em 1288. De Bragança, onde era aguardada pelo infante D. Afonso, a comitiva, onde se
incorporavam nobres portugueses, seguiu para Trancoso onde D. Dinis a esperava e onde, a 24 de Junho, se realizou a cerimónia de casamento que os
cronistas celebrizaram. Em 1304 regressou à sua terra natal quando D. Dinis aí teve de se deslocar como medianeiro do conflito entre Fernando IV de
Castela e Jaime II de Aragão. Também em Portugal era constante a sua presença junto do marido nas deslocações que este fazia pelo reino; esse facto
trouxe-lhe grande popularidade junto do povo, pois nessas alturas dava esmolas aos pobres, a raparigas pobres e distribuía alimentos. Não se alheou
dos problemas políticos nacionais, interferindo na guerra civil que opôs o rei ao príncipe herdeiro D. Afonso; acusada pelo marido de favorecer os
interesses do filho foi mandada sob custódia para Alenquer. No entanto, continuou a interessar-se pelo problema e foi por sua influência directa que
se assinou a paz de 1322; no ano seguinte evita o reacender da luta colocando-se entre os exércitos preparados para a batalha. Depois da morte de D.
Dinis (1325) recolheu-se nos Paços de Santa Ana, junto a Santa Clara de Coimbra; até à morte promoveu uma série de obras pias fundando ou
ajudando à fundação de hospitais (Coimbra, Santarém, Leiria), asilos e albergarias (Leiria, Odivelas), mosteiros, capelas (Convento da Trindade em
Lisboa, claustro em Alcobaça, capelas em Leiria e Óbidos). Deixou em testamento grandes legados a muitas destas instituições. Foi sepultada por sua
vontade no Convento de Santa Clara e, no século XVII, o seu corpo foi trasladado para o novo mosteiro fundado por D. João IV em substituição do
antigo, ameaçado pelas águas do Mondego, e depositada num cofre de prata e cristal. O povo, desde cedo, considerou-a santa,
atribuindo-lhe inúmeros milagres. A pedido de D. Manuel I foi beatificada por Leão X (15-4-1516); em 1625 foi canonizada
por Urbano VIII.
Rainha de Portugal (c.1270-1336), era filha dos reis de Aragão e casou em 1282 com D. Dinis. Acompanhava o marido nas
suas deslocações, inteirando-se assim das condições de vida do povo e socorrendo-o na medida das suas possibilidades.
Fundou vários hospitais, por exemplo em Coimbra, Leiria e Santarém. Deve-se-lhe também a fundação do Mosteiro de Santa
Clara-a-Velha. Já em vida o povo lhe chamava Rainha Santa pela ajuda que dava aos mais necessitados e fazia circular
diversas lendas. Foi canonizada em 1625 pelo papa Urbano VIII.
D. Afonso IV
Cognominado "o Bravo", foi o sétimo rei de Portugal, reinando de 1325 a 1357. Filho de D. Dinis e de D. Isabel de Aragão, nasceu em Lisboa a 8
de Fevereiro de 1291, casou em 1309 com D. Beatriz, filha de Sancho IV de Castela e da rainha D. Maria, e faleceu, também em Lisboa, a 28 de
Maio de 1357.
Por não suportar a predilecção de D. Dinis por D. Afonso Sanches (filho bastardo de D. Dinis, mas mais velho que o herdeiro da Coroa) e temendo
que este lhe roubasse o trono, revoltou-se, ainda infante, contra seu pai, tendo lançado por diversas vezes o reino na guerra civil. Subiu ao trono em
1325, por morte de D. Dinis, e logo convocou Cortes para Évora, onde manteve a decisão de desterro e perda de todos os haveres para o meio-irmão.
D. Afonso Sanches invadiu Portugal e só pela mediação de D. Isabel foi conseguida a paz entre os dois irmãos.
D. Afonso IV declarou guerra a D. Afonso XI de Castela, seu genro, devido aos maus tratos que este infligia a D. Maria sua esposa e ainda porque
este reteve em Castela D. Constança, esposa do sucessor ao trono de Portugal. A ameaça muçulmana levou os dois monarcas a assinarem a paz, tendo
os exércitos cristãos derrotado os Mouros na célebre batalha do Salado, em 30 de Outubro de 1340.
D. Afonso IV empenhou-se também em impulsionar a marinha, tendo sido no seu reinado realizadas as primeiras viagens às Canárias.
O final do seu reinado foi, contudo, perturbado com alguns problemas; em 1343 houve no reino grande carestia de cereais, em 1347 ocorreu um
sismo que abalou Coimbra, tendo causado enormes prejuízos, e em 1348 a peste negra, vinda da Europa, assola o País. De todos os problemas foi a
peste o mais grave, vitimando grande parte da população e causando grande desordem no reino. O rei reagiu prontamente, tendo promulgado
legislação a reprimir a mendicidade e a ociosidade.
Um outro facto marcou ainda o final do reinado de D. Afonso IV: foi ele o assassínio de D. Inês de Castro. Este facto provocou a rebelião de D.
Pedro, que declarou guerra a seu pai. Em 15 de Agosto de 1356 assinou o príncipe um acordo em Canaveses onde se comprometia a esquecer o
passado e a perdoar aos intervenientes na luta.
O Bravo
7.º Monarca
Reinado: 1325 - 1357
1291 - Nascimento de D. Afonso em Lisboa.
1309 - Casamento de D. Afonso com D. Beatriz de Castela.
1325 - Coroação sob o título de D. Afonso IV.
1340 - Batalha do Salado que leva os exércitos portugueses e castelhanos a lutarem juntos contra os Mouros, em defesa de
Castela e da Península.
1344 - A posse das Canárias passa para Castela.
1348 - Peste Negra: calamidade que provoca a morte de cerca de um terço da população portuguesa.
1354 - Transferência da Universidade para Coimbra.
1355 - Condenação à morte de D. Inês de Castro.
1357 - Morte de D. Afonso IV.
D. Beatriz (1293-1359)
Mãe de D. Pedro I (1293-1359), filha dos reis de Castela D. Sancho IV e D. Maria, foi rainha de Portugal por casamento com D. Afonso IV,
realizado em 1309. Em 1355, teve um papel decisivo na reconciliação de seu marido com seu filho, o futuro D. Pedro I, após o assassinato de Inês de
Castro. Além de D. Pedro, teve ainda outros seis filhos.
D. Pedro I
Cognominado "o Justiceiro", foi o oitavo rei de Portugal. Quarto filho de D. Afonso IV e de D. Beatriz de Castela, nasceu em Coimbra, a 8 de
Abril de 1320, e morreu em Estremoz a 18 de Janeiro de 1367. Casou por procuração, em 1336, com D. Constança Manuel, filha do fidalgo
castelhano D. João Manuel e de D. Constança de Aragão. Contudo, a bênção nupcial apenas lhes foi dada em 1340, na Sé de Lisboa, depois de D.
Afonso XI de Castela ter deixado D. Constança sair do reino. Com ela veio também para Portugal D. Inês de Castro, cuja ligação amorosa com o
infante viria a provocar forte conflito entre ele e D. Afonso IV.
Após o assassínio de D. Inês de Castro, D. Pedro revoltou-se contra o seu pai, assolou diversas terras a norte do Douro e
chegou mesmo a tentar tomar o Porto. O acordo de paz entre D. Pedro e seu pai foi firmado em Canaveses em Agosto de 1355,
tendo desde logo D. Afonso IV delegado em D. Pedro grande parte do poder. Ficou o infante desde esta altura incumbido de,
com certas reservas, exercer justiça em todo o reino. Esta transferência de poderes explica o facto de, ainda infante, ter D.
Pedro promulgado o beneplácito régio. Este importante decreto proibia a divulgação no reino de quaisquer documentos
pontifícios sem prévia autorização do rei. Esta medida provocou a reacção do clero, que, nas cortes de Elvas de 1361, solicitou
a revogação do decreto. No entanto, D. Pedro estabeleceu oficialmente o beneplácito régio, não para agravar as relações com a
Igreja mas para marcar a força do Estado.
Subiu ao trono em 28 de Maio de 1357, com 37 anos de idade. Distinguiu-se pela aplicação da justiça, segundo Fernão Lopes "aos modos antigos",
tendo sido extremamente rigoroso na sua aplicação. Segundo o historiador Joel Serrão, "a sua justiça não conhecia discriminações: julgava de igual
modo fidalgos ou vilãos, amigos ou inimigos." Outros estudiosos, no entanto, como é o caso de Joaquim Veríssimo Serrão, não partilham da mesma
opinião, escrevendo este último: "É-se levado a crer que o rigor de D. Pedro incidiu em casos concretos, no desagravo de servidores ou cidadãos
prestáveis, e não teve em conta a equidade que a justiça requer". É de destacar, ainda, um outro facto no seu reinado, a saber, a execução dos
assassinos de D. Inês de Castro, apesar de lhes ter sido prometido perdão antes da morte de D. Afonso IV.
D. Pedro reinou durante dez anos, conseguindo ser extremamente popular, ao ponto de dizerem as gentes «que taaes dez annos nunca ouve em
Purtugal como estes que reinara elRei Dom Pedro». Os seus restos mortais encontram-se na capela mor da igreja do mosteiro de Alcobaça ao lado
dos de D. Inês de Castro. Os seus dois túmulos representam duas das mais belas peças da escultura portuguesa do século XIV.
O Justiceiro
8.º Monarca
Reinado: 1357 - 1367
1320 - Nascimento de D. Pedro em Coimbra.
1336 - Casamento de D. Pedro com D. Constança Manuel.
1355 - Assinatura em Canaveses de um tratado de paz entre D. Pedro e seu pai, após a execução de D. Inês de Castro.
1358 - Coroação sob o título de D. Pedro I.
1361 - Cortes de Elvas onde são tomadas medidas importantes a favor do povo.
O Clero solicita, em vão, a revogação da lei do Beneplácito Régio.
1367 - Morte de D. Pedro I.
D. Fernando
Cognominado "o Formoso", foi o nono rei de Portugal e o último da primeira dinastia, tendo reinado de 1367 a 1383. Filho
de D. Pedro I e da rainha D. Constança, nasceu em Coimbra, a 31 de Outubro de 1345, e faleceu a 22 de Outubro de 1383.
Casou entre 15 e 18 de Maio de 1372 com D. Leonor Teles (a Aleivosa), que fora mulher de João Lourenço da Cunha.
Subiu ao trono em 1367, com 22 anos. Nesta altura, a monarquia castelhana estava envolvida em lutas fratricidas, sendo a
coroa disputada a D. Pedro, único filho legítimo de D. Afonso XI, por seu meio-irmão D. Henrique de Trastâmara. D.
Fernando manteve inicialmente uma atitude de neutralidade. Contudo, o assassínio de D. Pedro modificou radicalmente a
posição portuguesa em relação aos sucessores de Castela. Desta forma, visto ser bisneto de Sancho IV, D. Fernando chegou a
ser reconhecido em algumas localidades como rei de Castela. Interveio assim D. Fernando nesse episódio peninsular da grande
crise europeia que foi a Guerra dos Cem Anos. A paz com Castela foi assinada em 31 de Março de 1371, em Alcoutim, ficando por este acordo D.
Fernando, ainda solteiro, comprometido a casar com uma das filhas de Henrique II, a infanta D. Leonor. No entanto, D. Fernando infringiu este
acordo ao casar com D. Leonor Teles. Henrique II veio a consentir na reforma do tratado de Alcoutim, anulando-se a cláusula do casamento e
celebrando-se novo tratado em Tui em 1372. Surgiu nesta altura o duque de Lencastre, um dos filhos do monarca inglês, com pretensões ao trono de
Castela, para as quais procurou o apoio de D. Fernando. O apoio do rei português consubstanciou-se, primeiro, pelo Tratado de Tagilde de 10 de
Julho de 1372, celebrado entre D. Fernando e o duque, e depois pelo Tratado de Westminster, celebrado entre os monarcas português e inglês. Estes
acordos levaram Henrique II a invadir Portugal, onde, à falta de quem organizasse a resistência, foi avançando, tendo chegado a Lisboa a 23 de
Fevereiro de 1373. Com a intervenção do cardeal Guido de Bolonha foi firmada a paz com Castela por vexatório tratado celebrado em Santarém em
24 de Março de 1373.
Após a paz com Castela, dedicou-se D. Fernando à administração do reino, mandou reparar muitos castelos e construir outros, e ordenou a construção
de novas muralhas em redor de Lisboa e do Porto. Com vista ao desenvolvimento da agricultura promulgou a Lei das Sesmarias. Por esta lei impediase o pousio nas terras susceptíveis de aproveitamento e procurava-se aumentar o número de braços dedicados à agricultura. Durante o reinado de D.
Fernando alargaram-se, também, as relações mercantis com o estrangeiro, relatando Fernão Lopes a presença em Lisboa de numerosos mercadores de
diversas nacionalidades. O desenvolvimento da marinha foi, por tudo isto, muito apoiado, tendo o rei tomado várias medidas dignas de nota, tais
como: autorização do corte de madeiras nas matas reais para a construção de navios a partir de certa tonelagem; isenção total de direitos sobre a
importação de ferragens e apetrechos para navios; isenção total de direitos sobre a aquisição de navios já feitos; etc. Muito importante, sem qualquer
dúvida, foi a criação da Companhia das Naus, na qual todos os navios tinham que ser registados, pagando uma percentagem dos lucros de cada
viagem para a caixa comum. Serviam depois estes fundos para pagar os prejuízos dos navios que se afundassem ou sofressem avarias.
No campo da cultura deu D. Fernando um enorme impulso à Universidade. A 3 de Julho de 1377 ordenou a sua transferência para Lisboa e obteve do
papa Gregório XI uma bula que concedia à Universidade o direito de conferir o grau de doutor, licenciado e bacharel em todas as faculdades
autorizadas.
Por esta altura ocorreu na Igreja Católica o grande Cisma do Ocidente. Neste contexto, D. Fernando, após hesitar, tomou partido pelo antipapa
Clemente VII. No entanto, em 19 de Agosto de 1381, terminada a paz com Castela e solicitado pelos ingleses, passa para o partido de Urbano VI, que
volta a abandonar em 1382. Declarou guerra a D. João I de Castela, tendo paralelamente iniciado negociações com Inglaterra através de João
Fernandes Andeiro. As escaramuças iniciaram-se nos finais da Primavera de 1381 ao longo da fronteira do Alentejo. A armada castelhana entrou no
Tejo a 7 de Março e a defesa de Lisboa limitou-se à cidade murada. Em Agosto iniciaram-se as negociações para a paz que se concluíram logo no dia
9 desse mesmo mês, sem conhecimento dos ingleses. Entre as cláusulas do acordo estava uma que previa o casamento da infanta D. Beatriz com o
infante D. Fernando, filho segundo do rei castelhano, cláusula que contudo não se viria a cumprir. D. Beatriz viria a casar com o próprio D. João I de
Castela, que entretanto enviuvara. Este foi o pior resultado das três guerras de D. Fernando com Castela, pois o seu falecimento, poucos meses depois
da assinatura do contrato de casamento, sem deixar filho varão para lhe suceder no trono, lançou Portugal na sua primeira grande crise de sucessão,
tendo mesmo chegado a pôr em perigo a independência.
O Formoso
9.º Monarca
Reinado: 1367 - 1383
1345 - Nascimento de D. Fernando em Coimbra.
1367 - Coroação de D. Fernando.
1369 - Envolvimento de D. Fernando numa guerra com Castela, sendo esta a primeira de uma série de três.
1370 - Criação da Companhia das Naus.
1371 - Assinatura, pela primeira vez neste reinado, de um tratado de paz com Castela.
1372 - Casamento do rei com D. Leonor Teles.
1373 - Refirmação da paz com Castela, num tratado assinado em Santarém, com a intervenção do cardeal Guido de Bolonha.
1375 - Publicação da Lei das Sesmarias.
1377 - Transferência da Universidade de Coimbra para Lisboa.
1383 - Morte de D. Fernando.
Leonor Teles
Rainha de Portugal entre 1372 e 1383 pelo seu casamento com D. Fernando, nasceu na região de Trás-os-Montes por volta
de 1350 e faleceu em Valladolid em 1386. Ainda nova, casou com João Lourenço da Cunha, de quem teve um filho. Mais
tarde trava-se de amores por D. Fernando, que obtém a anulação do casamento de Leonor Teles invocando razões de
parentesco. O povo reagiu perante esta situação, manifestando-se contra o casamento do rei com Leonor Teles. D. Fernando
reprime violentamente os protestos e casa secretamente, em Leça do Balio, em 1372. No ano seguinte nasce D. Beatriz, que irá
casar com o rei D. João I de Castela.
Leonor Teles sempre procurou eliminar todos os obstáculos que pudessem interferir nos seus planos, incluindo a sua irmã, Maria Teles. Quando, em
1383, morreu D. Fernando, Leonor Teles assumiu a regência e passou a viver com o Conde Andeiro, João Fernandes Andeiro, que o povo acusava de
ser seu amante já em vida de D. Fernando, e quando Leonor Teles, a pedido do rei de Castela, mandou proceder à aclamação de D. Beatriz e do
marido como rei de Portugal, o povo revoltou-se, sendo acompanhado por alguns nobres e pela burguesia. Tal revolta levou ao assassínio do Conde
Andeiro e à fuga de Leonor Teles para Castela. Mas mesmo em Castela ela teve problemas com o genro, D. João I, que a mandou internar no
Mosteiro de Tordesilhas, perto de Valladolid, onde veio a falecer.
Monarca portuguesa (c.1350-1386). Esposa de D. Fernando, foi rainha de Portugal entre 1372 e 1383. Colocou a
independência portuguesa em risco quando, após a morte do rei, mandou proceder à aclamação da filha D. Beatriz, casada com
D. João I de Castela.
Segunda Dinastia
D. João I
Filho bastardo de D. Pedro I e de Teresa Lourenço, dama galega, nasceu em 1357, em Lisboa, onde faleceu em 1433. Décimo rei de Portugal
(1385-1433), foi o fundador da dinastia de Avis ou Joanina, sendo conhecido pelo cognome "de Boa Memória".
Educado por um mestre da Ordem de Cristo, foi nomeado, com apenas seis anos, Mestre da Ordem de Avis por D. Pedro I e armado cavaleiro.
Durante o reinado de D. Fernando, seu meio-irmão, começa a desempenhar papéis de certo relevo, como o da negociação do casamento de D. Beatriz
com o rei de Castela. A rainha D. Leonor Teles vê no Mestre de Avis um obstáculo e um adversário na sua influência sobre D. Fernando, sendo D.
João considerado o chefe dos que se opõem à acção de Leonor Teles e do Conde Andeiro. Após a morte de D. Fernando, em 1383, entra-se num
período de agitação e de crise na sucessão da Coroa, dado não haver herdeiro varão e D. Beatriz estar casada com o rei de Castela. Estava ainda em
causa a independência nacional.
Formam-se dois partidos, um a favor e outro contra D. Beatriz como rainha de Portugal, e D. João aceita a chefia do movimento popular que luta
contra a hipótese de Portugal vir a ter um rei estrangeiro. Este movimento tem o apoio da burguesia. Assim, participa no assassínio do Conde
Andeiro e é proclamado "regedor e defensor do Reino". Prevendo a invasão do país por Castela, que queria impor os direitos de D. Beatriz, começa a
preparar a defesa, onde se vai destacar Nuno Álvares Pereira. Segue-se um período de lutas em que se salienta a Batalha de Atoleiros e o Cerco de
Lisboa, por terra e mar, em 1384, durante vários meses. Em Abril de 1385 reúnem-se as Cortes em Coimbra, onde, pela acção e grande poder
oratório do Dr. João das Regras, D. João é eleito rei. A luta contra Castela e seus partidários vai continuar, e, em 14 de Agosto de 1385, obtém-se
uma grandiosa vitória na Batalha de Aljubarrota, a que se segue a vitória em Valverde. Pela vitória em Aljubarrota e em cumprimento de uma
promessa, D. João I manda construir o Mosteiro da Batalha, um belo exemplar da arte gótica. A luta com Castela e seus partidários vai continuar,
mas mais esporadicamente, até que em 1411 se estabelece em definitivo a paz. Entretanto, em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, na
sequência do Tratado de Windsor, celebrado com a Inglaterra. Desta união nascerá a "Ínclita Geração" - D. Duarte, Infante D. Pedro, Infante D.
Henrique, D. Isabel e Infante D. Fernando, o Infante Santo.
D. João I, que subiu ao trono com o grande apoio que teve das massas populares e da burguesia, quando as lutas com Castela estabilizaram, começou
uma política centralizadora do poder, reduzindo a influência do clero e da nobreza, apropriando-se dos bens dos que eram apoiantes de Castela,
espaçando a reunião das Cortes, e procurando reaver algumas das terras doadas.
É no reinado de D. João I que têm início as conquistas no Norte de África e que começa a gesta dos Descobrimentos, pela acção do Infante D.
Henrique. Assim, em 1415 dá-se a expedição a Ceuta, que é conquistada em 21 de Agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita
daquela praça-forte, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de
Lencastre.
Após o regresso de Ceuta, o infante D. Henrique vai dar início à epopeia dos Descobrimentos. No reinado de D. João I são descobertas as ilhas de
Porto Santo (1418), da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Tem início, igualmente, a colonização dos
Açores e da Madeira.
D. João I era um rei culto, dada a sua formação na Ordem de Avis, e, por isso, mandou redigir a Crónica Breve do Arquivo Nacional, mandou
traduzir o Novo Testamento e vidas de santos, e escreveu o Livro da Montaria.
Em 1412 associou ao governo do reino o seu filho D. Duarte, que lhe sucederia. D. João I faleceu em 1433 e encontra-se sepultado no Mosteiro da
Batalha.
O de Boa Memória
10.º Monarca
Reinado: 1385 - 1433
1357 - Nascimento de D. João em Lisboa.
1363 - É nomeado, por D. Pedro I, Mestre da Ordem de Avis e armado cavaleiro.
1380 - Nascimento de Fernão Lopes, o primeiro cronista português.
1383 - Aclamação de D. João Mestre de Avis como Regedor e Defensor do Reino.
1385 - Cortes de Coimbra onde é aclamado rei com o título de D. João I.
- Batalha de Trancoso que conduz à vitória do exército português sobre o castelhano.
- Batalha de Aljubarrota que consolida a ideia de força e valentia das tropas nacionais comandadas por D. João I e D. Nuno Álvares Pereira, o
Condestável do Reino.
- Batalha de Valverde, após incursão de D. Nuno Álvares Pereira em território espanhol.
1386 - Reforço da aliança anglo-lusa através do Tratado de Windsor.
1387 - Casamento do rei com D. Filipa de Lencastre.
1388 - Início da construção do Mosteiro da Batalha, em cumprimento de um voto de D. João I pela vitória na Batalha de Aljubarrota.
1415 - O Infante D. Henrique, filho de D. João I e cognominado o Navegador, enceta a epopeia dos Descobrimentos.
- Conquista de Ceuta.
1418 - Descoberta da ilha de Porto Santo.
1419 - Descoberta do arquipélago da Madeira.
1425 - Nascimento provável de Nuno Gonçalves, pintor e retratista.
1427 - Descoberta das ilhas dos Açores.
1431 - Morte de D. Nuno Álvares Pereira, no Convento do Carmo.
1433 - Morte de D. João I.
D. Filipa de Lencastre
Mulher de D. João I e rainha de Portugal entre 1387 e 1415, nasceu em Inglaterra em 1360, filha
do duque de Lencastre.
Nada se sabe da sua vida até à altura do casamento com D. João I, que se efectuou no Porto, em
2 de Fevereiro de 1387, e que é considerado ilegítimo até 1391, altura em que uma bula papal
autoriza o casamento do Mestre de Avis, que era eclesiástico. Dessa união nasceram oito filhos a "Ínclita Geração", como lhe chamou Camões -, de entre os quais se destacam D. Duarte, futuro
rei, o infante D. Pedro, o das "Sete Partidas", o infante D. Henrique, "o Navegador", e D.
Fernando, o "Infante Santo". Ignora-se qual o papel que teve na educação dos filhos. Apenas sabemos que manteve sempre grande ligação com a
Inglaterra, vivendo rodeada, na corte, de súbditos ingleses.
Além do papel que terá desempenhado no estreitar de relações entre Portugal e a Inglaterra, parece ter exercido alguma influência sobre D. João I,
com realce para o apoio à conquista de Ceuta. Era muito religiosa, por vezes fanática. Morreu de peste em 18 de Julho de 1415, na véspera da partida
da expedição a Ceuta, estando sepultada no Mosteiro da Batalha.
Monarca portuguesa (1360-1415), filha do duque de Lencastre, nasceu em Inglaterra em 1360 e veio a casar-se com D. João I em 1387. Morreu de
peste na véspera da partida da expedição a Ceuta.
D. Beatriz (1373-c.1409)
D. Beatriz era a primeira filha de D. Fernando e de D. Leonor Teles. Por nascimento, era, assim, a legítima herdeira do trono português.
Por várias vezes foi negociado o seu casamento, nomeadamente com o infante D. Fernando, filho segundo de D. João I, rei de Castela. No entanto, D.
João I enviuvou e acabou por desposar ele próprio D. Beatriz, em 1383. Ainda nesse ano, D. Fernando faleceu e D. Leonor Teles assumiu a regência,
proclamando D. Beatriz rainha de Portugal.
Esta situação não foi aceite pelo povo, que via a independência de Portugal a ser posta em causa. Em Dezembro do mesmo ano, o mestre de Aviz foi
proclamado Regedor e Defensor do Reino, após revolta em Lisboa. Ainda durante esse mês, o rei de Castela, acompanhado de D. Beatriz, invadiu
Portugal, juntando-se a D. Leonor Teles em Santarém. Entretanto, D. Beatriz foi atingida pela peste, o que obrigou os invasores a regressar a Castela.
Em Portugal, o mestre de Aviz foi proclamado rei (com o título de D. João I), o que não agradou aos reis de Castela. Em 1385 travou-se a célebre
Batalha de Aljubarrota, onde os castelhanos foram vencidos, resolvendo-se, deste modo, a crise.
Após a morte de seu marido em 1390, D. Beatriz tentou ainda fazer valer os seus direitos em Portugal mas não o conseguiu. Acabou por falecer em
1409 ou um pouco depois.
Infante D. Pedro
Filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu em Lisboa em 1392 e morreu na Batalha de Alfarrobeira, em 1449. O infante D. Pedro é
considerado um dos príncipes mais cultos do seu tempo.
Com seus irmãos D. Duarte e D. Henrique, participou, em 1415, na conquista de Ceuta, sendo encarregado de organizar a frota das gentes do Sul.
Com eles foi armado cavaleiro, por seu pai D. João I, na mesquita de Ceuta, após a conquista. No regresso, D. João I doou-lhe o ducado de Coimbra
e outros senhorios. Desejoso de conhecer novos mundos e ávido de outros conhecimentos e sentindo-se desaproveitado, entre 1418 e 1428 vai
percorrer a Europa até à Palestina, ficando conhecido pelo cognome de "Príncipe das Sete Partidas". Nesse período vai participar na luta contra os
Hussitas e os Turcos. Regressa desta longa viagem em 1428, indo para o seu ducado de Coimbra, aí fixando residência, dedicando-se à agricultura e
ao estudo, e casando em 1429 com D. Isabel. O infante D. Pedro era contrário à continuação das conquistas no Norte de África, embora viesse a
colaborar na expedição a Tânger, de maus resultados. Por outro lado, era a favor da exploração marítima, tendo procurado, durante as suas viagens,
recolher todos os elementos que pudessem ajudar seu irmão, o infante D. Henrique, na tarefa dos Descobrimentos.
Com a morte do irmão, o rei D. Duarte, em 1438, fica como regente a rainha D. Leonor, pois o herdeiro, D. Afonso V, ainda era menor. Mas dada a
oposição popular, nas Cortes de 1439 foi nomeado o infante D. Pedro como regente do reino, ficando ao mesmo tempo encarregue da educação do
futuro rei D. Afonso V e sendo D. Leonor desterrada para Castela. Durante a sua regência, D. Pedro procede à reforma da Universidade, fomenta a
expansão marítima e avança com a reforma administrativa, publicando as Ordenações Afonsinas (1446).
Em 1446, D. Afonso V atinge a maioridade e assume o poder, mas mantém o tio, o infante D. Pedro, ao seu lado, vindo a casar com a filha dele, D.
Isabel, em 1447. Mas parte da nobreza, sobretudo seu irmão bastardo D. Afonso, intriga e conspira contra D. Pedro, o que leva ao seu afastamento da
corte, em 1448, regressando a Coimbra. Mas as intrigas continuam, o que originou o confronto entre as duas partes, na Batalha de Alfarrobeira, em
que o infante D. Pedro vem a ser morto.
Como marca da sua grande cultura conhecem-se várias cartas de grande valor histórico. D. Pedro escreveu ainda o tratado da Virtuosa Benfeitoria e
traduziu várias obras de Cícero, Séneca e Virgílio.
Infante D. Henrique
Quinto filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu no Porto, em 1394, e morreu em Sagres,
em 1460. Toda a sua figura está envolta em algum mistério e muita contradição.
Como todos os seus irmãos, a "Ínclita Geração", teve uma elevada educação. Participou, em 1415, na
conquista de Ceuta, estando encarregado de organizar a frota com as gentes do Norte. Após a conquista,
foi armado cavaleiro, na mesquita de Ceuta, por D. João I, seu pai, juntamente com seus irmãos D.
Duarte e D. Pedro. No regresso, foi-lhe doado o ducado de Viseu. Em 1416, D. João I encarrega-o dos
negócios de Ceuta e da defesa marítima da costa algarvia contra os ataques dos piratas mouros. E em
1417 é nomeado Mestre da Ordem de Cristo, de cujos recursos se vai servir para a grande empresa
marítima.
As
motivações e os objectivos das navegações que ordenou têm sido muito discutidas e muito
diferenciadas. O que não há dúvida é que o infante D. Henrique foi o condutor da expansão ultramarina,
com as
motivações e os objectivos a terem uma evolução natural. As primeiras navegações chegam a Porto
Santo
(1419) e Madeira (1420), que logo procura colonizar, pois um dos motivos é o económico, isto é, ter
acesso
às matérias-primas (como o ouro do Sudão), abastecer o reino dos bens que lhe faltam (como os cereais)
e
desviar as rotas comerciais africanas a favor de Portugal. A estes motivos teremos de juntar o político,
com a posse de novos domínios, ao mesmo tempo que se alargam os horizontes de intervenção da nobreza, e o religioso, inserido numa época em que
os Turcos eram uma ameaça para a Europa e em que se falava na existência de um reino cristão em África, a Terra do Preste João, e que se queria
atingir contornando a África.
Para que tal empresa fosse possível, o infante D. Henrique instala-se em Lagos, procura rodear-se de cartógrafos e de gente experimentada na
navegação, e procura obter o máximo de informações acerca das terras a demandar e dos novos conhecimentos de navegação. A partir de 1422 o
Infante envia todos os anos barcos a explorar a costa africana, estudando os ventos e correntes e as novas formas de navegação no mar alto. Em 1426
passa-se o Cabo Não e em 1427, no regresso de uma viagem, levados pelo vento, os navegadores chegam à parte oriental dos Açores, cujas ilhas logo
vão ser povoadas. Vão-se aperfeiçoando os instrumentos náuticos, como o astrolábio e o quadrante, bem como cartas de marear mais perfeitas.
Finalmente, em 1434, Gil Eanes passa o Cabo Bojador, pondo fim à lenda do Mar Tenebroso e abrindo novas perspectivas ao avanço das
navegações, que vão prosseguir em grande ritmo. Atinge-se Arguim, a foz do Senegal, Guiné e Serra Leoa, ainda em vida do Infante.
Mas o infante D. Henrique não está alheado de outros acontecimentos nacionais: em 1431 é nomeado protector da Universidade de Lisboa, onde vai
reorganizar os estudos, introduzindo o estudo da Matemática e da Astronomia; participa na trágica expedição a Tânger (1437), na conquista de
Alcácer Ceguer (1457), bem como na crise entre seu irmão D. Pedro e o sobrinho D. Afonso V, que culminou na batalha de Alfarrobeira (1449).
Ao mesmo tempo, o infante D. Henrique trata da defesa dos interesses portugueses junto do Papa, pedindo bulas que outorgavam a posse das ilhas e
territórios entretanto descobertos.
O infante D. Henrique é uma das figuras mais marcantes da nossa História, sendo igualmente uma figura da humanidade.
Infante D. Fernando (1402-1443)
Oitavo e último filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu em Santarém em 1402. Teve, como seus irmãos, a
"Ínclita Geração", uma grande cultura, tendo recusado, em 1436, ser nomeado cardeal. Foi Mestre da Ordem de Avis.
Desejoso de acção, o infante D. Fernando e seu irmão, o infante D. Henrique, convenceram o rei D. Duarte, irmão de ambos, a
fazer a expedição a Tânger, em 1437, que resultou num fracasso para a parte portuguesa. A expedição fora mal organizada,
com forças pouco numerosas e com fraco armamento. Os Mouros, em maior número, cercaram as tropas portuguesas e
destroçaram-nas, fazendo muitos prisioneiros. Como condição para libertar os portugueses, entre eles o infante D. Henrique,
os Mouros impõem as suas condições: restituição de Ceuta; paz entre Portugal e Marrocos; o infante D. Fernando ficava como
refém, como garantia do cumprimento das condições anteriores.
Reunidas as Cortes em Torres Novas, em 1438, deliberou-se não ceder às condições impostas pelos Mouros, não entregando Ceuta, sendo o infante
D. Henrique um dos que se opuseram a essa cedência, o que condenava o infante D. Fernando ao cativeiro. Foram feitas várias tentativas para a sua
libertação, que resultaram infrutíferas. Assim, o infante D. Fernando continuou prisioneiro dos mouros, sofrendo maus tratos e as maiores privações,
vindo a falecer no cativeiro, em Fez, em 1443. Dado todo o sofrimento por que passou, ficou conhecido pelo cognome de "Infante Santo".
D. Duarte
Filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu em Viseu em 1391 e faleceu em Tomar em 1438, vítima da peste. Décimo primeiro rei de
Portugal (1433-1438), é conhecido pelo cognome de "o Eloquente". Casou com D. Leonor de Aragão em 1428.
D. Duarte subiu ao trono em 1433, após a morte do pai, mas já desde 1412 que D. João I o associara ao governo do reino. D. Duarte vai dar
continuidade à acção centralizadora de D. João I. Logo em 1434 reúne Cortes em Santarém, onde é promulgada a Lei Mental, assim chamada por já
andar na mente de D. João, e que é um instrumento de centralização. Determinava que os bens doados pela coroa só podiam ser herdados pelo filho
varão primogénito, o que permitiu à Coroa reaver muitas terras.
A nível interno, D. Duarte mandou proceder à compilação de toda a legislação do reino, que só estará concluída no reinado de D. Afonso V, daí ter o
nome de Ordenações Afonsinas. D. Duarte reuniu Cortes mais três vezes apesar do seu curto reinado: em Évora, em 1435 e em 1436, e em Leiria, em
1438.
A expansão marítima prossegue no reinado de D. Duarte, sob a influência do Infante D. Henrique. Neste domínio destaca-se Gil Eanes, que, em
1434, dobra o Cabo Bojador, um ponto lendário da época e que tanto terror causava aos marinheiros. Daí avança-se para Angra dos Ruivos, em 1435,
e Afonso Baldaia, em 1436, atinge o Rio do Ouro e Pedra da Galé.
Outro vector político dominante deste reinado relacionou-se com a conquista do Norte de África. D. Duarte tinha participado na conquista de Ceuta,
em 1415, onde foi armado cavaleiro. Já como rei, hesita em prosseguir essa política, mas é pressionado para a continuar, principalmente pelos seus
irmãos D. Henrique e D. Fernando. Faz então os preparativos para a expedição a Tânger, tendo sido debatido, nas Cortes de Évora de 1436, um
empréstimo para essa expedição. E em Outubro de 1437 dá-se o ataque a Tânger, que resulta num grande fracasso. Os portugueses obtêm uma trégua
para retirarem, sob a condição de devolverem Ceuta aos Mouros, tendo ficado prisioneiro, como refém, o infante D. Fernando. As condições
impostas pelos Mouros foram debatidas nas Cortes de Leiria de 1438, tendo sido rejeitadas. Assim, D. Duarte teve de sacrificar o irmão (que morreu
no cativeiro em 1443) aos interesses da Nação, o que muito o afectou.
D. Duarte era um homem culto, como o comprova no seu Leal Conselheiro, um tratado de sabedoria da época, que revela conhecimento dos clássicos
e dos doutores da Igreja e em que se nota uma grande pureza vocabular. Escreveu também a Arte de Bem Cavalgar Toda a Sela.
D. Duarte vem a morrer em Tomar, em 1438, vítima da peste, e jaz no Mosteiro da Batalha. Como o futuro rei, Afonso V, ainda era menor (tinha 6
anos), D. Duarte, por testamento, deixa o poder à rainha D. Leonor, até que aquele atinja a maioridade. No entanto, tal originou uma série de
conflitos entre os partidários de D. Leonor e os do Infante D. Pedro (irmão de D. Duarte), que culminará na batalha de Alfarrobeira.
O Eloquente
11.º Monarca
Reinado: 1433 - 1438
1391 - Nascimento de D. Duarte em Viseu.
1428 - Casamento de D. Duarte com D. Leonor de Aragão.
1433 - Coroação de D. Duarte.
1434 - Publicação da Lei Mental.
- Passagem do cabo Bojador, por Gil Eanes.
1437 - Desastre de Tânger durante o qual o infante D. Fernando é feito prisioneiro.
1438 - Morte de D. Duarte.
D. Leonor de Aragão
Filha de D. Fernando I, rei de Aragão e da Sicília, foi rainha de Portugal através do seu casamento com D. Duarte. O contrato de casamento foi
celebrado em 1427, na aldeia aragonesa de Olhos Negros, e o matrimónio teve lugar no ano seguinte. D. Leonor recebeu de D. Duarte 30 000 florins
de ouro de Aragão, bem como as terras e rendimentos que tinham pertencido à rainha D. Filipa de Lencastre. Por parte do rei de Aragão, coube-lhe
um dote de 200 000 florins.
D. Leonor mostrou-se favorável à expansão portuguesa no Magrebe, estando, dessa forma, de acordo com o infante D. Henrique e outros senhores do
reino. Como eles, fez pedidos a seu marido para que a expedição a Tânger fosse possível. Assim, foi a pedido de sua mulher que D. Duarte requereu
ao papa a bula de cruzada.
Após a morte do monarca, em 1438, a regência foi confiada a D. Leonor, nos termos do testamento de D. Duarte. Tal situação manteve-se até
Dezembro do ano seguinte. A partir desta data, os acontecimentos sucederam-se, sendo o governo do reino entregue ao infante D. Pedro e entrandose em seguida na primeira fase do reinado de D. Afonso V.
Em 1440-1441, D. Leonor tentou ainda retomar o governo, mas viu-se obrigada a regressar a Espanha devido à força militar empregue por D. Pedro.
Aí veio a morrer, envenenada, em 1445.
Infante D. João
Nobre português (1400-1442), era filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre. Foi designado mestre da Ordem de Santiago
de Espada em 1418, cumprindo a função com notado escrúpulo. Parece ter tido um posicionamento cauteloso quanto às
vantagens de prosseguir as conquistas marroquinas. Nas Cortes de Leiria de 1438, aliás, pronunciou-se a favor da entrega de
Ceuta para resgate do infante D. Fernando, seu irmão.
D. Afonso V
Filho de D. Duarte e de D. Leonor de Aragão, nasceu em 1432 em Sintra, onde também faleceu em 1481. Décimo segundo rei de Portugal (14381481), é conhecido pelo cognome de "o Africano".
No reinado de D. Afonso V podemos demarcar bem três períodos. O primeiro vai desde a morte de seu pai (1438), D. Duarte, até à Batalha de
Alfarrobeira (1449). Quando seu pai morreu, D. Afonso V tinha apenas 6 anos. Por testamento, ficou na regência a rainha D. Leonor, sua mãe, mas,
como era estrangeira, tal facto não foi bem aceite pela burguesia e pelo povo, que preferia como regente o Infante D. Pedro, irmão de D. Duarte. A
oposição entre as duas partes gera um período conturbado. D. Leonor é regente até às Cortes de 1439, em que o infante D. Pedro é eleito regente e D.
Leonor é obrigada a exilar-se para Castela. Ao mesmo tempo, a educação de D. Afonso fica a cargo de seu tio, que era homem de grande cultura,
conhecido como o "Infante das Sete Partidas" pelas inúmeras viagens que fez. D. Afonso terá assim uma esmerada educação humanística.
Quando, em 1446, atinge a maioridade, realizam-se as Cortes de Lisboa e D. Afonso assume o governo do Reino, ainda que auxiliado pelo tio. Mas
as intrigas de alguns nobres e elementos do clero vão turvar as relações entre D. Afonso e o tio, pelo que o rei dispensa os serviços deste em 1448.
Mais tarde, em 1449, marcha contra o tio, enfrentando-o na Batalha de Alfarrobeira, que o Infante D. Henrique tentou evitar e onde D. Pedro é morto.
Entretanto, em 1447, D. Afonso V casara com sua prima D. Isabel, filha do Infante D. Pedro, de quem tem três filhos, entre eles a Infanta D. Joana e
o futuro rei D. João III. A rainha vem a morrer em 1455.
Após a morte do infante D. Pedro, a alta nobreza e o alto clero fazem sentir cada vez mais a sua influência, havendo um recuo na acção
centralizadora.
O segundo período do reinado caracteriza-se pelas campanhas no Norte de África, das quais advirá o cognome do monarca.
Em 1453 dá-se a queda de Constantinopla e o papa Calisto III, em 1456, apela a uma cruzada, a que D. Afonso V responde preparando um grande
exército. Frustrada esta missão, D. Afonso retoma a campanha de África, parada desde a tragédia de Tânger, e, em 1458, toma Alcácer Ceguer,
acabando finalmente por conquistar Tânger e Arzila, após vários fracassos, em 1471, e Larache. O seu título passa a ser "rei de Portugal e dos
Algarves, de aquém e de além-mar em África".
A acção vitoriosa em África sofre então uma interrupção, pois D. Afonso V dá um outro rumo à sua acção política. Entramos assim no último
período, que é orientado para a política peninsular. D. Afonso entra na luta pelo trono de Castela, vago pela morte de Henrique IV, que estava casado
com D. Joana de Portugal, sua irmã, e que vai redundar num grande fracasso. Estava em causa o direito à sucessão de sua sobrinha D. Joana, a
Beltraneja, contra a reivindicação dos futuros Reis Católicos, Fernando e Isabel. Como D. Afonso V era viúvo, planeava casar com a sobrinha e
assim unir os reinos de Portugal e Castela. Entre várias escaramuças dá-se a Batalha de Toro, em 1476, que lhe é desfavorável. Não podendo impor-
se pelas armas, D. Afonso V desiste e, em 1479, celebra o Tratado de Alcáçovas, em que renuncia a quaisquer direitos à coroa de Castela e reconhece
como reis de Castela os seus adversários.
Outros factos importantes aconteceram durante o seu reinado. Assim, em 1446 são publicadas as Ordenações Afonsinas, que são a primeira
compilação das leis do Reino e cujo trabalho começara já no reinado de D. Duarte.
A acção dos Descobrimentos continuou igualmente no reinado de D. Afonso V, primeiro ainda sob a acção do infante D. Henrique, até 1460, ano da
sua morte. Logo em 1439, o infante D. Henrique mandou povoar as ilhas dos Açores. Assim, Nuno Tristão atinge, em 1441, o Cabo Branco, em
1443, a baía de Arguim e, em 1444, a foz do Rio Senegal. Em 1456, são descobertas as ilhas do arquipélago de Cabo Verde e, em 1460, ano da morte
do infante D. Henrique, atinge-se a Serra Leoa e as terras da Guiné.
Em 1469, D. Afonso V concede o comércio da Guiné a Fernão Gomes, com a condição de descobrir todos os anos 100 léguas de costa, o que o
levaria até à costa da Mina. Em 1471, descobre-se S. Tomé, Príncipe, Ano Bom. Em 1472, Álvaro Esteves passa o equador. Em 1474, João Vaz
Corte Real chega à Terra Nova.
Em 1476, ainda no período das lutas pela coroa de Castela, o soberano entregou o governo do reino ao príncipe D. João e futuro rei, que assim
conseguiu pôr cobro à liberalidade de D. Afonso V.
D. Afonso V morreu em 1481 e jaz no Mosteiro da Batalha.
O Africano
12.º Monarca
Reinado: 1438 - 1481
1432 - Nascimento de D. Afonso em Sintra.
1438 - Após a morte de D. Duarte, D. Leonor assume a regência do reino.
1439 - Eleição do infante D. Pedro como regente.
D. Leonor exila-se em Castela.
- O infante D. Henrique manda povoar as sete ilhas dos Açores.
1446 - Cortes de Lisboa onde D. Afonso é coroado sob o título de D. Afonso V.
- Publicação das Ordenações Afonsinas.
1447 - Casamento do rei com D. Isabel.
1449 - Batalha de Alfarrobeira entre D. Afonso V e D. Pedro, resultando na morte deste.
1456 - Descoberta dos arquipélagos de Cabo Verde e Bijagós.
1458 - Conquista de Alcácer Ceguer.
1460 - Descoberta da serra Leoa e de terras da Guiné.
1471 - Conquista de Arzila e ocupação de Tânger.
D. Afonso V passa a usar o título de "Rei de Portugal e dos Algarves, de aquém e além-mar, em África".
1476 - Batalha de Toro onde o rei português é derrotado pelo exército castelhano.
1479 - Assinatura do Tratado de Alcáçovas em que é firmada a paz com Espanha.
1481 - Morte de D. Afonso V.
Infante D. Fernando (1433-1470)
Nobre português (1433-1470), era filho de D. Duarte e foi um dos protagonistas das campanhas marroquinas que marcaram
o reinado de D. Afonso V, seu irmão, destacando-se, nomeadamente, na conquista de Alcácer Ceguer e Anafé. Foi condestável
e mestre das ordens militares de Cristo e de Santiago. A sua casa senhorial era da maior importância, fosse pelas possessões
adquiridas por mérito próprio, fosse pela herança deixada por seu tio, o infante D. Henrique, que o adoptou como filho. Foi pai
de D. Manuel I e de D. Leonor, que seria esposa de D. João II.
D. João II
Filho de D. Afonso V e de D. Isabel, nasceu em Lisboa em 1455 e faleceu, no Alvor, em 1495. Décimo terceiro rei de Portugal (1481-1495), é
conhecido pelo cognome de "Príncipe Perfeito". Casou com sua prima, D. Leonor.
Ainda em vida do pai, D. Afonso V, participou, em 1471, na conquista de Arzila, onde foi armado cavaleiro. Em 1475, o pai atribui-lhe a regência do
Reino, durante a sua ausência aquando da luta pela sucessão ao trono de Castela. Acaba por participar na Batalha de Toro, em auxílio de D. Afonso
V. Em 1476, quando D. Afonso V viaja para França em busca de auxílio para a sua causa, fica novamente com a regência e, em 1477, chega a ser
aclamado rei em Santarém, face à abdicação de seu pai, que não se chegou a efectivar, devolvendo D. João a governação a D. Afonso V. Mas, na
realidade, foi D. João quem continuou a governar de facto no que se refere às descobertas, de que já se ocupava desde 1474, domínio em que lutou
contra a ingerência castelhana, defendendo a exclusividade da navegação na costa africana - política do mare clausum -, tendo celebrado com
Castela, em 1480, o Tratado de Toledo, em que dividia o Atlântico pelo paralelo das Canárias. Em 1481, com a morte de D. Afonso V, é aclamado
rei de Portugal.
No plano interno, D. João II vai lutar pela centralização do poder e contra o poderio da nobreza, em especial contra a Casa de Bragança, logo em
1481, nas Cortes de Évora. Daí nasce uma série de intrigas e conspirações que D. João II reprime com violência, como aconteceu com a execução
pública do duque de Bragança e com o apunhalamento pelo próprio rei do duque de Viseu, irmão da rainha D. Leonor. Esta repressão faz com que
outros nobres fujam para o exílio, o que diminuiu o poder da nobreza, permitindo à realeza recuperar inúmeras terras e centralizar o poder. Pelo
mesmo motivo, só reuniu Cortes mais três vezes: em 1482 e 1483, em Santarém, e, em 1490, em Évora, estas para o rei pedir um empréstimo. No seu
reinado a Corte vai-se tornando mais sedentária, deixando o rei de andar tanto pelo país.
Quanto à expansão ultramarina, D. João já se encarregava das descobertas no tempo de seu pai, desde 1474. No seu reinado vai ficar explorada toda a
costa ocidental africana, empreendimento em que sobressaem Diogo Cão e Bartolomeu Dias, que vai dobrar o Cabo das Tormentas, depois chamado
da Boa Esperança. Ao mesmo tempo, D. João trata do povoamento de algumas ilhas no Golfo da Guiné (S. Tomé, Ano Bom, Fernão do Pó) e manda
edificar o Castelo de S. Jorge da Mina, para apoiar o tráfico da Guiné.
O monarca começou a preparar a grande viagem até à Índia, tentando obter o máximo de informações sobre essas paragens. Para isso, mandou vários
emissários por terra, entre os quais sobressaem Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva, que vão por terra pelo Cairo, Adém, Ormuz, Sofala e Abissínia, a
terra do lendário Preste João, donde enviam relatórios sobre essas paragens, ficando D. João II com a certeza de poder atingir a Índia por mar.
Entretanto dá-se a morte do herdeiro da coroa, D. Afonso, o que abate o rei, e Cristóvão Colombo faz a descoberta da América, pensando ter atingido
a Índia. D. João II vai reivindicar a posse dessas terras, nos termos do Tratado de 1480. Seguem-se negociações, com intervenção do Papa, que
acabam com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494, em que se determina que a linha de meridiano 370 léguas a oeste da Ilha de Santiago,
Cabo Verde, dividia a Terra nas duas zonas de influência de Portugal e Espanha. Como esta linha faz com que o Brasil fique na zona portuguesa, tal
facto tem levado a supor que D. João II já sabia da existência das terras do Brasil. Este Tratado oficializa a doutrina do mare clausum e vai permitir o
avanço para a Índia sem a concorrência da Espanha, objectivo que D. João II já não pôde alcançar.
O reinado de D. João II, quanto a política externa, caracteriza-se pela preocupação em criar boas relações com vários reinos, como Castela, França,
Inglaterra e Roma, para que a política ultramarina não fosse posta em causa. É de destacar ainda a embaixada enviada a Roma em 1485.
Os últimos anos de D. João II são afectados pelo problema da sucessão ao trono. O único filho legítimo era o infante D. Afonso, que veio a falecer,
num acidente, em 1491. O rei tinha um filho bastardo, D. Jorge, que D. João II tentou que fosse o herdeiro, mas a rainha D. Leonor opunha-se,
indicando o nome de D. Manuel, duque de Beja, seu irmão. Entretanto, o rei adoece e finalmente acede, em testamento, a nomear D. Manuel como
herdeiro, vindo a falecer pouco depois, em 1495. Jaz no Mosteiro da Batalha.
O Príncipe Perfeito
13.º Monarca
Reinado: 1481 - 1495
1455 - Nascimento de D. João em Lisboa.
1465 - Nascimento provável de Gil Vicente, o criador do teatro português.
1471 - Participação na conquista de Arzila.
- Casamento de D. João com D. Leonor.
1476 - Participação na Batalha de Toro.
1480 - Celebração do Tratado de Toledo.
1481 - Coroação sob o título de D. João II.
- Cortes de Évora onde D. João II inicia uma luta contra o poderio da nobreza, defendendo a centralização do poder.
- Introdução da imprensa em Portugal.
1484 - Chegada de João Afonso de Aveiro ao Benim, no interior do continente africano.
- Diogo Cão atinge a foz do Rio Zaire e descobre, a seguir, a costa africana até à serra Parda.
- Começam a erigir-se "padrões" nas terras conquistadas com o intuito de se afirmar o domínio português.
1485 - Cristóvão Colombo apresenta a D. João II os seus planos de viagem até à Índia, que os rejeita.
- A rainha D. Leonor manda construir o hospital termal das Caldas da Rainha, criando treze anos mais tarde, a Misericórdia de Lisboa.
1487 - Preparativos da viagem à Índia por parte de D. João II enviando, por terra, vários emissários para recolha de informações.
1488 - Bartolomeu Dias dobra o cabo das Tormentas, rebaptizado pelo rei como cabo da Boa Esperança.
1492 - Cristóvão Colombo descobre a América.
1494 - Tratado de Tordesilhas que prevê a partilha das terras descobertas por Portugal e Espanha.
1495 - Morte de D. João II.
D. Manuel I
Filho do infante D. Fernando, irmão de D. Afonso V, e de D. Brites, nasceu em Alcochete em 1469 e faleceu em Lisboa em
1521. Décimo quarto rei de Portugal (1495-1521), é conhecido pelo cognome de "o Venturoso". Casou três vezes. Primeiro,
em 1497, com D. Isabel, filha dos Reis Católicos e viúva do príncipe D. Afonso, filho de D. João II. Com a morte de D. Isabel,
de parto, casou pela segunda vez, em 1500, com a infanta D. Maria de Castela, irmã de D. Isabel. Deste casamento nasceram
vários filhos, entre eles D. João, o futuro rei, e D. Beatriz, duquesa de Sabóia. Viúvo novamente, casou, em 1518, com a infanta D. Leonor, irmã de
Carlos V.
D. Manuel subiu ao trono em 1495, após a morte de D. João II, seu cunhado, de acordo com o testamento do falecido rei. Tal ficou a dever-se à morte
do único filho legítimo de D. João, o príncipe D. Afonso, e à não aceitação de legitimação de um filho bastardo de D. João. Foi ainda possível porque
tinham morrido os outros irmãos mais velhos de D. Manuel.
No plano interno, D. Manuel I vai continuar a centralização do poder, mas de uma maneira mais sensata que D. João II. Logo nas Cortes de
Montemor-o-Novo, no início do seu reinado, foram tomadas medidas que vão nesse sentido, como mandar confirmar as doações feitas, os privilégios
e cartas de mercê; reformou os tribunais superiores. Por outro lado, só reuniu Cortes mais três vezes: em 1498, em 1499 e em 1502.
Em 1496, obriga todos os judeus e mouros que não quisessem baptizar-se a sair do país no prazo de dez meses, sob pena de confisco dos bens e
condenação à morte.
Como as Ordenações Afonsinas estavam já desactualizadas, o rei mandou proceder a nova compilação das leis. Assim, entre 1512 e 1531, são
publicadas as Ordenações Manuelinas. D. Manuel procede também à reforma dos forais, bem como da sisa e dos direitos alfandegários.
No que respeita à política ultramarina, quando sobe ao trono, em 1495, tinha-se dobrado já o Cabo da Boa Esperança e preparava-se a viagem
marítima que levaria os portugueses até à Índia. D. Manuel deu continuidade a esses preparativos e em 5 de Julho de 1497 partia de Lisboa uma
armada chefiada por Vasco da Gama, que atingiu Calecut em 20 de Maio de 1498. Estava consumada a descoberta do caminho marítimo para a Índia.
Em 1500 manda D. Manuel uma outra armada à Índia, comandada por Pedro Álvares Cabral, que, desviando a rota mais para sudoeste, acaba por
atingir as costas da Terra de Vera Cruz. Estava descoberto o Brasil, que se encontrava ainda nos nossos limites do Tratado de Tordesilhas, o que leva
a supor que D. João II já tinha conhecimento destas terras aquando da assinatura do Tratado.
D. Manuel decide enviar todos os anos uma armada à Índia, não só para consolidar o domínio português no Oriente como para ajudar na luta contra
os inimigos dos portugueses naquelas paragens. Para poder impor a nossa presença, D. Francisco de Almeida foi para a Índia como vice-rei, tentando
manter o monopólio da navegação e do comércio português na área, com certos apoios em terra, sendo Cochim o respectivo centro. Sucede-lhe
Afonso de Albuquerque, que conquistou Goa, transformada então em capital do Estado da Índia, e manda proceder à exploração de outras terras
daquelas paragens, chegando a Timor.
No reinado de D. Manuel fizeram-se também viagens para ocidente, tendo-se atingido a Gronelândia e Labrador. No Norte de África prosseguiram
algumas conquistas, como Safim e Azamor.
Nas relações com os outros países, o rei tentou usar da maior habilidade e diplomacia, procurando manter-se neutral e não se envolvendo nas lutas do
seu tempo. Ficou célebre, pelo seu fausto, uma comitiva que enviou ao papa Leão X em 1513.
A nível cultural, D. Manuel procedeu à reforma dos Estudos Gerais, criando novos planos de estudo e bolsas de estudo. É nesta época que surge o
estilo manuelino, com motivos inspirados no mar e nas grandes viagens, em monumentos como o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. É na
sua Corte ainda que surge Gil Vicente.
D. Manuel vem a falecer em 1521, estando sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.
O Venturoso
14.º Monarca
Reinado: 1495 - 1521
1469 - Nascimento de D. Manuel em Alcochete.
1475 - Provável nascimento do pintor Grão Vasco.
1495 - Coroação sob o título de D. Manuel I, após a morte de seu primo e cunhado D. João II.
1496 - Expulsão dos judeus e mouros que se recusam a converter à religião cristã.
1497 - Casamento do rei com D. Isabel.
- Partida do Restelo da armada comandada por Vasco da Gama para o descobrimento do caminho marítimo para a Índia.
1498 - Chegada da frota de Vasco da Gama à Índia.
1499 - Regresso de Vasco da Gama a Lisboa.
1500 - Casamento do rei com D. Maria de Castela.
- Descobrimento oficial do Brasil por Pedro Álvares Cabral.
- Nascimento provável de Garcia de Orta, médico e naturalista.
1502 - Início da construção do Mosteiro dos Jerónimos.
- Nascimento provável de Pedro Nunes, cosmógrafo e matemático.
1511 - Conquista de Malaca por Afonso de Albuquerque.
1512 - Publicação das Ordenações Manuelinas.
1514 - Início da construção da Torre de Belém.
1516 - Ocupação de Timor.
1518 - Casamento do rei com a infanta D. Leonor.
1519 - Fernão de Magalhães enceta a primeira viagem de circum-navegação, ao serviço do rei Carlos V de Espanha.
1521 - Morte de D. Manuel I.
D. Leonor (1458-1525)
Prima e esposa de D. João II, a rainha D. Leonor pertencia à mais alta nobreza da época: era filha dos infantes D. Fernando e D.
Beatriz, neta materna do infante D. João, filho legítimo de D. João I e da infanta D. Isabel, e neta paterna do rei D. Duarte e da rainha
D. Leonor de Aragão.
Esteve envolvida nos jogos de poder de importantes casas senhoriais, como a de Bragança e a de Viseu. Desempenhou um papel
importante no conflito que se vinha desenvolvendo desde as Cortes de Évora de 1481 e que envolvia os privilégios e benefícios da nobreza.
Ao longo da vida, D. Leonor foi-se afastando cada vez mais de D. João II. Este facto acentuou-se com a morte do seu único filho, D. Afonso, em
meados de 1491. Também as tentativas feitas pelo rei para legitimar o seu filho bastardo, D. Jorge, contribuíram para o afastamento da rainha. Esta
opôs-se fortemente à legitimação de D. Jorge, defendendo que deveria ser D. Manuel, duque de Beja e seu irmão, a ocupar o trono, o que veio a
verificar-se.
D. Leonor é recordada pela sua acção no domínio da assistência aos necessitados. Foi ela quem criou o primeiro hospital termal nas Caldas da Rainha
(sendo evocada no próprio nome da localidade) e a Misericórdia de Lisboa, cuja actuação se estendia a todo o território.
Por outro lado, D. Leonor distinguiu-se como promotora de iniciativas culturais. Foi o caso da protecção concedida a Gil Vicente e Damião de Góis,
do apoio às artes e à imprensa. Dedicou-se ainda a iniciativas de carácter religioso, entre elas a fundação dos conventos da Madre de Deus e da
Anunciada.
D. Afonso (1475-1491)
Infante português (1475-1491), filho de D. João II e da rainha D. Leonor. Era o único filho legítimo de D. João II e, por isso, o herdeiro do trono.
O monarca português pensava casá-lo com a filha dos Reis Católicos, operando, deste modo, a unificação política da Península Ibérica. Embora o
casamento se tenha realizado, o infante morreu pouco tempo depois, vítima de um acidente em que caiu do cavalo. Coube a D. Manuel suceder a D.
João II.
D. João III
Filho de D. Manuel I e de D. Maria de Castela, nasceu em 1503 em Lisboa, onde
faleceu em 1557. Décimo quinto rei de Portugal (1521-1557), é conhecido pelo cognome
de "o Piedoso". Casou, em 1525, com D. Catarina de Áustria, irmã da rainha D. Leonor e
de Carlos V.
D. João III teve uma educação esmerada, a cargo de humanistas, físicos e cosmógrafos
de nomeada. Em 1517, estava para casar com a princesa D. Leonor de Áustria, mas esta
veio a casar com D. Manuel I, que entretanto enviuvara.
Quando D. João III sobe ao trono, Portugal estava no apogeu da expansão ultramarina
por vários continentes, mas também com problemas de uma grande complexidade.
A nível interno, o monarca continuou a política centralizadora e absolutista dos seus
antecessores. Convocou Cortes apenas três vezes e em períodos bem espaçados: 1525,
em Torres Novas; 1535, em Évora; e 1544, em Almeirim. Procurou reestruturar a vida
administrativa e judicial.
No seu reinado começam a sentir-se enormes dificuldades, com crises económicas graves que obrigaram ao recurso a empréstimos estrangeiros.
Agrava-se o défice comercial. Surgem fomes e epidemias.
Na política ultramarina, a extensão e dispersão do império eram um obstáculo à administração, que tinha custos enormes. Nos primeiros anos do seu
reinado vão prosseguir as explorações no Extremo Oriente, chegando-se à China e ao Japão. Mas os problemas na Índia acentuam-se, com avanços e
recuos. Os Turcos acentuam a sua pressão e os ataques ao monopólio comercial português. Os encargos são enormes. Assim, D. João III toma como
resolução o abandono das praças de Safim, Azamor, Alcácer Ceguer e Arzila, no Norte de África. Para contrabalançar estas perdas D. João III vai
avançar com a exploração e o povoamento do Brasil, primeiro pelo sistema de capitanias. Mais tarde, para melhor poder resistir aos ataques
exteriores e para garantir uma melhor administração de todo o território, nomeia Tomé de Sousa governador geral.
Nas relações com países estrangeiros, o reinado de D. João III foi de uma intensa actividade diplomática. Com a Espanha, faz alianças de casamentos
(D. João III com D. Catarina; D. Isabel com Carlos V; D. Maria com Filipe II, entre outros), que asseguram a paz entre os dois povos. Quanto à
França, D. João III manteve-se neutral na luta entre a Espanha e a França mas firme na luta contra os ataques dos corsários franceses. Com Roma, dáse um fortalecimento de relações com a introdução da Inquisição em Portugal, já pedida por D. João I e com a adesão do clero português à ContraReforma. Com a Inglaterra, intensificam-se as relações comerciais, o mesmo acontecendo com os países do Báltico e a Flandres.
No plano cultural é significativa a adesão e o apoio de D. João III à cultura humanista. Nas Letras sobressaem Gil Vicente (aquando do nascimento
de D. João é representado na câmara da rainha o Auto da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro), Garcia de Resende, Sá de Miranda, Bernardim
Ribeiro, João de Barros e sobretudo Luís de Camões. Nas Ciências, Pedro Nunes e Garcia de Orta. O monarca atribui bolsas de estudo em países
estrangeiros; transfere definitivamente a Universidade para Coimbra, funda colégios, alarga o ensino pelo país, apoiando os Jesuítas, que são
admitidos em Portugal. Apoia também a missionação pelos vários continentes, processo em que sobressaem São Francisco Xavier no Oriente e o
padre Manuel da Nóbrega no Brasil.
Um dos grandes problemas do reinado de D. João III tem a ver com a sucessão dinástica. Apesar de ter tido vários filhos, eles foram morrendo
precocemente, o que punha em causa a sucessão ao trono. A partir de 1539, o sucessor era o príncipe D. João, que casa com D. Joana, filha de Carlos
V. Mas o príncipe D. João vem a falecer quando a princesa estava prestes a dar à luz D. Sebastião, que nasce em Janeiro de 1554. Quando D. João III
morre, em 1557, o herdeiro é o neto D. Sebastião, que tem apenas três anos de idade.
D. João III está sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.
O Piedoso
15.º Monarca
Reinado: 1521 - 1557
1503 - Nascimento de D. João em Lisboa.
1510 - Nascimento provável de Fernão Mendes Pinto, autor de Peregrinação.
1521 - Coroação sob o título de D. João III.
1524 - Nascimento de Luís de Camões, autor de Os Lusíadas.
1525 - Casamento do rei com D. Catarina.
1532 - Colonização do Brasil segundo o sistema de capitanias.
1536 - Criação do tribunal da Inquisição em Portugal, pelo papa Paulo III.
1537 - Transferência definitiva da Universidade de Lisboa para Coimbra.
1540 - Instalação da Companhia de Jesus em Portugal.
1542 - Abandono das primeiras cidades conquistadas no norte de África.
1557 - Doação de Macau aos portugueses por parte da China, como recompensa dos serviços prestados na luta contra os piratas no mar Amarelo.
- Morte de D. João III.
D. Catarina de Áustria
Rainha de Portugal (1507-1578) pelo seu casamento com D. João III. Era filha de Filipe I de Castela e de Joana, a Louca. Durante o reinado de seu
marido, a sua acção não sobressaiu, pois teve de dedicar-se à educação dos seus nove filhos. Após a morte do marido em 1557, foi regente e dedicouse com afinco à educação do seu neto D. Sebastião. Em fins de 1562, abandonou a regência e o cardeal D. Henrique encarregou-se do governo.
Durante o reinado efectivo do seu neto, teve com ele inúmeras desavenças, acabando por se recolher no Convento de Xabregas, onde faleceu.
D. Catarina, duquesa de Bragança
Duquesa de Bragança (1540-1614), filha do infante D. Duarte, duque de Guimarães, e
da infanta D. Isabel, D. Catarina casou em 1563 com o duque D. João, tornando-se assim
a 6.a duquesa de Bragança. Desempenhou um papel importante na crise da
independência, após a morte de D. Sebastião, ao lutar para que lhe fossem reconhecidos
os seus direitos ao trono, enviando embaixadores à França, à Inglaterra e à Santa Sé.
Com a anexação de Portugal, os duques recolheram-se em Vila Viçosa. Depois da morte
de D. João, D. Catarina recusou propostas de casamento do rei de Castela, reafirmando o
direito do seu filho, o duque D. Teodósio, à Coroa portuguesa.
D. Sebastião
Filho do príncipe D. João e de D. Joana de Áustria, nasceu em Lisboa em 1554 e
morreu em Alcácer Quibir em 1578. Décimo sexto rei de Portugal (1557-1578), é
conhecido pelo cognome de "o Desejado".
D. Sebastião herdou o trono de seu avô, D. João III, porque, apesar de este ter tido vários
filhos, todos eles acabaram por falecer precocemente. Como era menor, ficou como regente sua avó D. Catarina, apesar de D. João III não ter deixado
testamento mas apenas uns apontamentos em que a indicava como regente. Sua mãe, D. Joana, de acordo com o contrato nupcial, teve de regressar a
Castela após a morte do príncipe D. João.
A regente D. Catarina, por influência do cardeal D. Henrique, começou por pedir ao Papa a fundação da Universidade de Évora, que entregou aos
Jesuítas. Continuou a política de D. João III quanto ao Norte de África, querendo abandonar Mazagão, que, entretanto, teve de defender dos ataques
mouros. Acusada de sofrer influências da Corte espanhola, pede a demissão de regente nas Cortes de Lisboa de 1562, continuando, no entanto, como
tutora de D. Sebastião. Foi eleito como regente, nessa altura, o cardeal D. Henrique, tio de D. Sebastião. Nestas Cortes o povo manifestou a sua
apreensão quanto à educação do rei, sobre a questão da sucessão e sobre a inalienabilidade de todo o território nacional, aspectos que D. Henrique vai
ter em conta durante a sua regência, até D. Sebastião completar catorze anos.
D. Sebastião teve uma educação cuidada, mas era de um temperamento e humor variáveis, sujeito a períodos de depressão, e de carácter um pouco
influenciável por aqueles que o cercavam. As lutas que entretanto houve no Norte de África, como na defesa de Mazagão, levavam-no a pensar em
futuras acções em África.
Quando atinge os catorze anos, em 1568, D. Sebastião toma conta do governo e logo trata de reorganizar o exército, preparando-se para a guerra.
Entretanto, para o país, o grande problema era o da sucessão do rei, pois era solteiro e parecia não se preocupar com isso, tendo-se malogrado várias
negociações matrimoniais, circunstância que D. Sebastião atribui ao facto de não ter prestígio militar, o que o leva a sonhar cada vez mais com
grandes feitos heróicos. Na Corte tentam fazer-lhe ver o perigo de tais acções sem primeiro ter assegurado a sucessão. Mas D. Sebastião ignora tais
conselhos e, em 1572, deixa a regência a D. Henrique e faz uma viagem pelo Norte de África. O pretexto que D. Sebastião aguardava aparece com
um problema surgido no Magrebe. D. Sebastião toma partido por uma das partes, sonhando dominar essa área e recuperar as praças antes
abandonadas. O próprio rei, contra todos os conselhos, parte à frente de um exército que ele próprio preparara. Apesar de toda a bravura no combate,
o exército português foi derrotado em Alcácer Quibir, e nessa batalha morre o rei D. Sebastião e uma grande parte da juventude portuguesa. Este
desastre vai ter as piores consequências para o país, colocando em perigo a sua independência. O resgate dos sobreviventes ainda mais agravou as
dificuldades financeiras do país. O cadáver de D. Sebastião foi encontrado e reconhecido, estando sepultado no Mosteiro dos Jerónimos. A crença
popular não aceitou a sua morte e daí nasceu o mito do Sebastianismo.
Como não tinha descendentes, vai-lhe suceder o tio, o cardeal D. Henrique.
O Desejado
16.º Monarca
Reinado: 1557 - 1578
1554 - Nascimento de D. Sebastião em Lisboa.
1557 - Herança do trono de seu avô, por não existirem outros descendentes.
D. Catarina assume a regência.
1562 - Eleição do cardeal D. Henrique como regente após abandono de D. Catarina.
1568 - Coroação de D. Sebastião.
1572 - Publicação da primeira edição de Os Lusíadas.
1578 - Expedição a África na tentativa de recuperar as cidades abandonadas por D. João III
- Batalha de Alcácer Quibir onde D. Sebastião morre.
Cardeal D. Henrique
Filho de D. Manuel I e de D. Maria, sua segunda mulher, nasceu em 1512, em Lisboa, onde morreu em 1580. Décimo
sétimo rei de Portugal (1578-1580), é conhecido pelo cognome de "o Casto".
D. Henrique teve uma educação orientada para a vida eclesiástica, sob a orientação de mestres como Clenardo, Pedro Nunes e
Aires Barbosa. Foi arcebispo de Braga, de Évora e de Lisboa, e foi nomeado por D. João III, seu irmão, inquisidor-mor do
reino. Em 1545, é nomeado cardeal e, em 1552, legado apostólico em Portugal. Quando arcebispo de Évora, é por sua influência que é criada a
Universidade local, entregue aos jesuítas. Como inquisidor-mor defendeu rigidamente os princípios religiosos.
Com a morte de D. João III, começa a notar-se a sua influência política como opositor da regente D. Catarina e contra a influência espanhola. É que
D. Sebastião tinha apenas três anos e D. Catarina, sua avó, fora nomeada regente. Em 1562, com a demissão de D. Catarina, nas Cortes de Lisboa, o
cardeal D. Henrique assume a regência, que mantém até 1568, quando D. Sebastião atinge a maioridade e assume o poder. Durante a sua regência dáse uma divisão entre partidários de D. Catarina, de cariz pró-castelhano, e partidários de D. Henrique, nacionalistas, mas que D. Henrique consegue
dominar.
Nos primeiros anos do reinado de D. Sebastião, D. Henrique continua a ser o seu principal orientador mas surgem desentendimentos e, em 1572, D.
Henrique volta novamente para Évora, onde permanece até 1578, quando morre D. Sebastião. O cardeal D. Henrique foi um dos que sempre se opôs
à aventura guerreira de D. Sebastião, não tendo apoiado a expedição a África.
Com a morte de D. Sebastião, e não tendo este sucessor directo, é o cardeal D. Henrique que sobe ao trono. Mas o problema sucessório, que
angustiava os portugueses, mantém-se, pois D. Henrique, além de ser eclesiástico, era já velho. O cardeal D. Henrique vai tentar arranjar solução para
este problema. Para tal, convoca Cortes para Almeirim e, inclusive, projecta casar. Pretendentes ao trono não faltam: D. Catarina, duquesa de
Bragança; D. António, prior do Crato; o príncipe de Parma; D. Filipe II de Espanha (neto de D. Manuel I). D. Henrique inclinava-se para D. Catarina,
mas não consegue impor-se. As pressões espanholas são muitas para que seja apoiado Filipe II de Espanha, a crise financeira é grande, agravada com
o resgate dos prisioneiros de Alcácer Quibir, e D. Henrique deixa a resolução entregue às Cortes de Almeirim, que reúnem em 1580. Mas nestas
Cortes também não se encontra a solução, apesar de se notar um maior apoio a Filipe II de Espanha.
Entretanto, em 1580, morre o cardeal D. Henrique e o problema da sucessão continua por resolver. Nessa altura é nomeada uma Junta Governativa,
de cinco elementos, até à eleição do novo rei.
Terceira Dinastia
Filipe II (I de Portugal)
Nasceu em Valladolid a 21 de Maio de 1527 e faleceu no Escorial a 13 de Setembro de 1598. Rei de Portugal desde 1581
até 1598, era rei de Espanha desde 1556. Filho do imperador Carlos V e de D. Isabel de Portugal, casou em1543 com D.
Maria, filha de D. João III, que, contudo, viria a falecer dois anos mais tarde, ao dar à luz o príncipe D. Carlos. Casou em
segundas núpcias com Maria Tudor, rainha de Inglaterra (1554), em terceiras núpcias com Isabel de Valois, e, pela quarta vez,
com D. Ana Maria de Áustria, que lhe viria a garantir a sucessão com o nascimento de Filipe III.
Depois da morte de D. Sebastião, na batalha de Alcácer Quibir, subiu ao trono o Cardeal D. Henrique que, desde logo,
solicitou aos pretendentes ao trono de Portugal que apresentassem por escrito os seus direitos. Eram pretendentes D. Catarina de Bragança, D.
António, Prior do Crato, e Filipe II de Espanha. D. Catarina seria a predilecta de D. Henrique e D. António Prior do Crato o predilecto do povo.
Apesar de tudo isto, Filipe II conseguiu os apoios da nobreza e do clero nas Cortes de Almeirim. O povo, no entanto, ansiava por um monarca
português, mas após a morte de D. Henrique (31-01-1580) apenas D. António se opôs a Filipe II, proclamando-se rei. Porém, as suas tropas foram
derrotadas por um exército enviado por este último.
As Cortes portuguesas reunidas em Tomar (15-04-1581) declararam Filipe II rei de Portugal, com o título de Filipe I de Portugal, jurando manter
todos os foros, privilégios, usos e liberdades que existiam em Portugal até então. Manteve-se em Portugal durante dois anos, ao fim dos quais
regressou a Madrid, deixando a governar o seu sobrinho, o cardeal Alberto da Áustria.
Durante este reinado, Portugal sofreu as consequências das animosidades entre Espanha e Inglaterra. Como retaliação a medidas tomadas por
Espanha para prejudicar o comércio inglês, por diversas vezes foram atacados por corsários ingleses portos das nossas costas e outras possessões
portuguesas. O episódio mais célebre deste período foi o da Invencível Armada, que teve um trágico fim no Canal da Mancha. Filipe II teve também
problemas quando os Países Baixos se revoltaram contra Espanha. Ao tempo da sua morte, Filipe II não pudera impedir os progressos da Inglaterra e
dos Países Baixos na competição marítima e comercial.
Filipe II realizou em Portugal uma notável obra na administração pública, e, em Espanha, mandou construir o palácio do Escorial e transferiu em
1563 a capital de Espanha para Madrid.
O Prudente
18.º Monarca
Reinado: 1581 - 1598
1527 - Nascimento de D. Filipe em Valladolid.
1580 - Invasão de Portugal por parte de D. Filipe, logo após D. António, prior do Crato, ter sido aclamado rei pelo povo.
1581 - As Cortes de Tomar declaram Filipe II rei de Portugal, com o título de Filipe I de Portugal.
1583 - Entrega do governo ao sobrinho, o cardeal Alberto, e consequente partida do rei para Madrid.
1588 - Derrota da "Armada Invencível" pelos ingleses, no Canal da Mancha.
1595 - Compilação de todas as leis existentes no reino.
1598 - Morte de D. Filipe I de Portugal.
Filipe III (II de Portugal)
Nasceu em Madrid a 14 de Abril de 1578 e faleceu, também em Madrid, a 31 de Março de 1621. Filho de Filipe II e de D.
Ana de Áustria, subiu ao trono a 13 de Setembro de 1598. Casou em 1589 com Margarida de Áustria, filha do arquiduque
Carlos e da princesa Maria da Baviera.
Ao contrário de seu pai, não possuía qualidades de governante. Confiou o governo ao duque de Lerma, que se manteve no
poder até 1618, altura em que foi substituído pelo duque de Uceda. Reconheceu, em 1609, a independência das Províncias
Unidas, após uma longa guerra que vinha já do reinado anterior. Apesar do desaire anterior, conseguiu a paz com a França,
após a morte de Henrique IV, através do casamento da infanta D. Ana de Áustria com o novo rei Luís XIII; graças a este casamento conseguiu
também o casamento do futuro Filipe IV de Espanha com a irmã de Luís XIII, a princesa Isabel de Bourbon.
Em Portugal manteve-se, durante este período, a monarquia de tipo dualista. O monarca deslocou-se a Lisboa em 1619, tendo reunido Cortes gerais.
O seu reinado ficou, contudo, marcado pelo aumento da recessão económica, agravada por um conjunto de medidas que ainda mais a acentuaram. O
rápido regresso do monarca a Espanha, em finais de Setembro do mesmo ano de 1619, sem responder aos capítulos das Cortes e sem atender ao voto
do Conselho de Estado, fez aumentar ainda mais o desentendimento entre Portugal e Espanha.
O Pio
19.º Monarca
Reinado: 1598 - 1621
1578 - Nascimento de D. Filipe em Madrid.
1598 - Subida ao trono com o título de Filipe II de Portugal.
1599 - Ocupação do nordeste do Brasil pelos holandeses.
1603 - Publicação das Ordenações Filipinas.
1604 - Ataque dos holandeses à fortaleza de Moçambique.
1608 - Nascimento do Padre António Vieira, prosador e orador.
- Nascimento de D. Francisco Manuel de Melo, escritor e dramaturgo.
1609 - Conquista de Ceilão pelos holandeses.
1614 - Primeira edição da Peregrinação.
1617 - Expulsão dos portugueses do Japão, pelos holandeses.
1619 - Cortes de Lisboa onde o filho do rei é reconhecido como o herdeiro do trono.
1621 - Morte de D. Filipe II de Portugal.
Filipe IV (III de Portugal)
Nasceu em Valladolid a 08 de Abril de 1605 e faleceu, em Madrid, a 17 de Setembro de 1665. Filho de Filipe III e de D.
Margarida de Áustria subiu ao trono a 31-03-1621. Do segundo casamento de Filipe IV com D. Maria Ana de Áustria nasceu,
entre outros, o príncipe Carlos, que haveria de herdar o trono com o título de Carlos II de Espanha.
Entregou, logo após a sua subida ao trono, o governo ao duque de Olivares. Este manteve-se no poder ao longo de 25 anos,
governando muitas vezes à revelia do próprio rei. Na segunda metade do seu reinado, Filipe IV esteve muito mais empenhado
no exercício pessoal do poder.
Durante o tempo de reinado de Filipe IV a política europeia foi marcada pela influência dos cardeais Mazarino e Richelieu,
que procuraram quebrar a hegemonia de Espanha na Europa. Foi também neste período que se reacendeu a guerra da Espanha
com as Províncias Unidas. Apesar de todas as medidas de Filipe IV, o poderio da Holanda tornava-se cada vez maior, como o demonstra a criação da
Companhia das Índias Ocidentais (1621). Não é de estranhar, portanto, o interesse dos holandeses pelo Brasil, que levou à conquista da Baía em 1624
e de Pernambuco em 1630. Um pouco mais tarde, os Ingleses apoderaram-se também da Ilha da Jamaica.
A tirania do governo do duque de Olivares foi, sem dúvida, uma das causas das revoltas na Catalunha e em Portugal. O descontentamento dos
portugueses tinha levado já o duque a colocar à frente do governo de Portugal a duquesa de Mântua, sendo secretário desta Miguel de Vasconcelos.
Contudo a um de Dezembro de 1640 estalou a revolta em Lisboa, tendo rapidamente alastrado à província. A 15 do mesmo mês de Dezembro foi
coroado D. João como rei de Portugal. Filipe IV procurou ainda impedir a revolução, entrando numa longa guerra com Portugal que apenas terminou
em 1668.
O Grande
20.º Monarca
Reinado: 1621 - 1640
1605 - Nascimento de D. Filipe em Valladolid.
1621 - Coroação sob o título de Filipe III de Portugal.
1622 - Tomada da fortaleza de Ormuz, pelos ingleses.
1624 - Conquista da Baía, no Brasil, pelos holandeses.
1625 - Recuperação da Baía por uma esquadra luso-espanhola.
1634 - Ocupação da Paraíba, no Brasil, pelos holandeses.
- Expulsão dos portugueses da Etiópia.
1637 - Revolta do "Manuelinho" que, desenrolada em Évora, representa um dos maiores símbolos de resistência ao domínio filipino.
1638 - Tomada de Arguim pelos holandeses.
1640 - Revolução do 1.º de Dezembro que termina com o governo dos espanhóis.
1665 - Morte de D. Filipe IV de Espanha.
Quarta Dinastia
D. João IV
Nasceu em Vila Viçosa a 19 de Março de 1604 e a partir de 29 de Outubro de 1630 tornou-se o 8.o duque de Bragança. Casou com D. Luísa de
Gusmão, espanhola de nascimento, a 12 de Janeiro de 1633. Foi escolhido pelos obreiros da Restauração para rei de Portugal. 1 de Dezembro de
1640 foi a data da restauração da independência de Portugal face ao reino de Espanha. Terminava assim a dinastia filipina, que durante 60 anos
governara Portugal. D. João IV foi aclamado rei a 15 de Dezembro.
Pese embora a conjura de 1641 contra o novo rei, da qual resultou uma severa punição para os seus responsáveis, D. João IV teve o apoio da grande
maioria da sociedade portuguesa, o que lhe permitiu criar novos impostos, desvalorizar a moeda e recrutar voluntários para fazer face às necessidades
monetárias e humanas de um confronto militar que se adivinhava próximo com a vizinha Espanha.
Em 1641 verificaram-se os primeiros confrontos, saldando-se por uma vitória do exército português na Batalha do Montijo e uma tentativa fracassada
dos espanhóis no cerco de Elvas. A Espanha estava fortemente mergulhada na Guerra dos Trinta Anos, pelo que foi preciso esperar pelo fim da
guerra entre franceses e espanhóis, que só se verificou em 1659, para que os espanhóis pudessem concentrar todas as suas atenções na anulação da
Restauração portuguesa.
Durante este período, D. João IV, com o objectivo de legitimar a revolução e obter auxílio militar e financeiro, enviou embaixadores para as
principais Cortes europeias. Era necessário convencer os reinos europeus de que D. João IV não era um rebelde mas sim o legítimo herdeiro do trono
que havia sido usurpado pelos Filipes. D. João IV apresenta-se, assim, como o legítimo herdeiro do cardeal D. Henrique, pois, em 1580, quem
deveria ter sucedido no trono era D. Catarina, duquesa de Bragança, e não Filipe II de Espanha. Os embaixadores vão também legitimar o novo rei
segundo o novo princípio político de que o poder era conferido por Deus ao povo, que, por sua vez, o transmitia ao rei.
D. João IV faleceu a 6 de Novembro de 1656, deixando o reino, política e militarmente organizado, entregue à regência de D. Luísa de Gusmão.
O Restaurador
21.º Monarca
Reinado: 1640 - 1656
1604 - Nascimento de D. João em Vila Viçosa.
1630 - Aclamação de D. João como o 8.º duque de Bragança.
1633 - Casamento de D. João com D. Luísa de Gusmão.
1640 - Restauração da independência de Portugal.
Coroação sob o título de D. João IV.
1641 - Cortes de Lisboa onde são tomadas medidas urgentes para reforçar a defesa do reino.
1642 - Criação do Conselho Ultramarino.
1644 - Batalha do Montijo (Guerra da Restauração).
- Os holandeses abandonam o Maranhão, no Brasil.
- Nascimento do Padre Manuel Bernardes, escritor e pregador.
1646 - Nossa Senhora da Conceição é aclamada oficialmente Padroeira e Rainha de Portugal, em Vila Viçosa.
A partir desta data, os reis portugueses deixarão de usar coroa uma vez que esta é colocada na imagem de Nossa Senhora.
1648 - Reconquista de Angola aos holandeses.
1654 - Expulsão dos holandeses do Brasil.
1656 - Morte de D. João IV.
D. Luísa de Gusmão
Rainha de Portugal (1613-1666) e esposa de D. João IV. Apesar de ser espanhola de nascimento, as suas ambições políticas levaram-na a
influenciar o marido no sentido de se opor ao domínio filipino no nosso país. Com a morte do monarca, em 1656, ficou a seu cargo a regência do
reino, devido à menoridade do príncipe herdeiro. Durante a regência (que foi marcada pela consolidação da posição portuguesa no plano
internacional, tarefa decisiva após a Restauração), a rivalidade entre cortesãos levou-a a nomear a chamada Junta Nocturna,
constituída por vários conselheiros da sua confiança. Em 1662, D. Afonso VI invocou os direitos da maioridade e assumiu a
governação.
D. Pedro II
Rei de Portugal entre 1683 e 1706, filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, nasceu a 26 de Abril de 1648. Em 1662,
chegou a ser declarado herdeiro do trono pela regente D. Luísa de Gusmão, mas o conde de Castelo Melhor contrariou essa
iniciativa ao afastar a regente para sempre da vida política. Porém, em 1667, a rainha D. Maria Francisca Isabel afastou o conde da corte e aderiu ao
partido de D. Pedro. Através de golpe palaciano, D. Pedro conseguiu obrigar o irmão a abdicar do poder em seu nome. Nas Cortes iniciadas a 27 de
Janeiro de 1668 foi nomeado regente do Reino. A 27 de Março do mesmo ano, o casamento de D. Afonso VI com D. Maria Francisca foi anulado por
bula papal e D. Pedro casou com a cunhada. Nesse mesmo ano, assinou a paz com a Espanha, o que lhe valeu o cognome de "o Pacífico". Só foi
aclamado rei depois da morte de Afonso VI, em 1683.
D. Maria Francisca morreu em 1683, tendo deixado apenas uma filha, pelo que D. Pedro resolveu casar, em 1687, com D. Maria Sofia de Neuburgo.
De entre os seus ministros, destacou-se o conde de Ericeira, D. Luís de Meneses, vedor da fazenda e responsável por significativo impulso verificado
na indústria portuguesa.
D. Pedro envolveu-se militarmente na Guerra da Sucessão de Espanha e foi durante a sua governação que foi assinado o Tratado de Methuen, tratado
comercial entre Portugal e a Inglaterra. Faleceu a 9 de Dezembro de 1706.
O Pacífico
23.º Monarca
Reinado: 1683 - 1706
1648 - Nascimento de D. Pedro em Coimbra.
1667 - Assunção da regência, por abdicação de D. Afonso VI.
1668 - Casamento com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, sua cunhada.
1677 - Nascimento de Manuel da Maia, engenheiro militar.
1683 - Coroação sob o título de D. Pedro II, após a morte de seu irmão.
1687 - Casamento do rei com D. Maria Sofia de Neuburgo.
1697 - Descoberta de minas de ouro e diamantes no Brasil.
- Reunião das Cortes para garantir a sucessão ao trono do filho mais velho do rei.
1699 - Chegada a Lisboa do primeiro carregamento de ouro vindo do Brasil.
1703 - Tratado de Methuen, acordo comercial entre Portugal e Inglaterra.
1706 - Morte de D. Pedro II.
D. Afonso VI
Filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, nasceu a 21 de Agosto de 1643. Por morte prematura de D. Teodósio, seu irmão
mais velho, tornou-se herdeiro do trono. Em 1656, uma vez que D. Afonso apenas tinha treze anos, D. Luísa de Gusmão
assumiu a regência do reino.
Em consequência de doença em criança, D. Afonso VI sofria de diminuições físicas e mentais. Tinha um comportamento
estranho para a sua condição de rei; envolvia-se em cenas de rua e rodeava-se de más companhias, companhias essas que, por
vezes, levava para a Corte e que sobre ele exerciam forte domínio e influência. Veio a ser considerado, pelos médicos,
mentecapto e impotente.
A regente, perante a incapacidade governativa do monarca, convocou um Conselho de Estado, no qual afastou Afonso VI e fez jurar D. Pedro, irmão
de D. Afonso VI, como herdeiro do trono. Mas esta tentativa não resultou, uma vez que Luís de Vasconcelos e Sousa, conde de Castelo Melhor, em
nome de D. Afonso VI, preparou o afastamento forçado da regente para um convento. Foi neste período que se conseguiu a vitória na guerra com a
Espanha, o que valeu ao rei o cognome de "o Vitorioso".
A 27 de Junho de 1666, depois de várias tentativas de casamento falhadas, casou por procuração com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia. A nova
rainha ligou-se ao partido de D. Pedro e afastou o conde da corte. A 23 de Novembro de 1667, D. Afonso VI abdicou do poder em favor do irmão. A
24 de Março de 1668, o seu casamento foi anulado e o rei desterrado para Angra do Heroísmo. Em 1674, regressou ao Reino e foi fechado no Palácio
de Sintra, onde faleceu a 12 de Agosto de 1683.
O Vitorioso
22.º Monarca
Reinado: 1656 - 1683
1643 - Nascimento de D. Afonso em Lisboa.
1656 - Após a morte de D. João IV, D. Luísa de Gusmão assume a regência do reino.
1659 - Batalha das Linhas de Elvas (Guerra da Restauração).
1662 - Coroação sob o título de D. Afonso VI.
- Eleição do Conde de Castelo Melhor para primeiro-ministro, a quem o rei entrega o governo.
- Tomada de Cochim, na Índia, pelos holandeses.
1663 - Batalha do Ameixial (Guerra da Restauração).
1664 - Batalha de Castelo Rodrigo (Guerra da Restauração).
1665 - Batalha de Montes Claros (Guerra da Restauração).
1666 - Casamento do rei com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia.
1667 - Abdicação do trono em favor do irmão, D. Pedro, que assume o poder com o título de príncipe regente.
1668 - Anulação do matrimónio régio.
D. Afonso VI é desterrado para a Ilha Terceira.
- Fim da Guerra da Restauração, com a assinatura de um tratado de paz entre Portugal e Espanha.
1674 - Regresso do monarca ao reino.
1683 - Morte de D. Afonso VI.
D. João V
O seu reinado, que durou de 1707 até à sua morte em 1750, foi um dos mais longos da História portuguesa. Nasceu a 22 de Outubro de 1689, filho de
D. Pedro II e de D. Maria Sofia de Neuburgo, e foi aclamado rei a 1 de Janeiro de 1707. Casou a 9 de Julho de 1708 com D. Maria Ana da Áustria,
irmã do imperador austríaco Carlos III.
D. João V seguiu uma política de neutralidade em relação aos conflitos europeus mas empenhou-se fortemente na defesa dos interesses portugueses
no comércio ultramarino, de que foi exemplo o Tratado de Utreque (1714), em que a França e a Espanha reconheceram a soberania portuguesa sobre
o Brasil. Esta neutralidade foi possível devido à riqueza do reino proveniente da exploração das minas de ouro brasileiras. D. João V pretendeu, à
semelhança dos outros monarcas europeus, imitar Luís XIV. Defensor do absolutismo, não reuniu as Cortes uma única vez durante o seu reinado.
Teve como principal ministro e homem de confiança o cardeal da Mota.
Devido às grandes obras que promoveu no campo da arte, da literatura e da ciência, ficou conhecido por "o Magnânimo". Na cultura merecem
referência especial a Real Academia Portuguesa de História, fundada em 1722, e a introdução da ópera italiana, em 1731. D. João V desenvolveu
ainda as artes menores (talha, azulejo e ourivesaria) e as artes maiores através de vários pintores e escultores que se deslocaram de Itália para
trabalhar em Lisboa e Mafra. O Palácio-Convento de Mafra, mandado construir como forma de agradecer o nascimento do seu primeiro filho varão, e
o Aqueduto das Águas Livres são dois exemplos de obras públicas de grande imponência. Deu nome a um período da história da arte portuguesa
designado Barroco Joanino.
O Magnânimo
24.º Monarca
Reinado: 1707 - 1750
1689 - Nascimento de D. João em Lisboa.
1707 - Coroação sob o título de D. João V.
1708 - Casamento do rei com D. Maria Ana da Áustria.
1709 - Invenção da passarola, por Bartolomeu de Gusmão.
1713 - Assinatura do Tratado de Utreque com a França.
1715 - Assinatura do Tratado de Utreque com a Espanha.
1717 - Início da construção do Palácio-Convento de Mafra.
- Início da construção da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra.
1722 - Fundação da Real Academia Portuguesa de História.
1731 - Introdução da ópera italiana em Portugal.
1732 - Início da construção do Aqueduto das Águas Livres.
- Início da construção da Igreja dos Clérigos.
1750 - Morte de D. João V.
D. José I
Filho de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria, D. José nasceu a 6 de Junho de 1714. Casou com D. Mariana Vitória de Bourbon, filha de Filipe V.
O seu reinado, situado entre os anos de 1750 e 1777, foi marcado pela crise económica resultante da concorrência das potências coloniais e sobretudo
da redução da exploração do ouro brasileiro.
D. José seguiu a política de D. João V no tocante à neutralidade face aos conflitos europeus e de que é exemplo, apesar da forte pressão da França e
da Inglaterra, a não participação portuguesa na Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Reforçou o absolutismo monárquico através de medidas radicais
contra aqueles que se opunham ao reforço do poder régio: expulsou e confiscou os bens dos Jesuítas e mandou prender alguns fidalgos, entre os quais
os Távoras, acusados de tentativa de assassinato do rei. Foi seu primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal.
O seu reinado foi também marcado pelo terramoto de 1755, que destruiu a baixa de Lisboa. A ele se deveu a reconstrução daquela parte da capital
segundo um moderno traçado rectilíneo da autoria dos arquitectos Eugénio dos Santos, Manuel da Maia e Carlos Mardel.
D. José foi um grande reformador: acabou com a escravatura em Portugal continental, concedeu liberdade aos índios do Brasil, acabou com a
distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos, reformou o ensino, a administração e a economia. Veio a falecer a 24 de Fevereiro de 1777.
O Reformador
25.º Monarca
Reinado: 1750 - 1777
1714 - Nascimento de D. José em Lisboa.
1729 - Casamento de D. José com D. Mariana Vitória da Áustria.
1731 - Nascimento de Machado de Castro, escultor.
1750 - Coroação sob o título de D. José I.
Sebastião José de Carvalho, mais tarde conhecido por Marquês de Pombal, é nomeado Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra.
1751 - Abolição da escravatura dos índios do Brasil.
1755 - Terramoto de Lisboa.
- Criação da Companhia do Grão-Pará e Maranhão.
1756 - Criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro.
1758 - Atentado, em Belém, contra o rei.
1759 - Expulsão dos Jesuítas do reino.
- Criação da Companhia de Pernambuco e Paraíba.
1761 - Abolição do tráfico de escravos em Portugal continental.
- Fundação do Real Colégio dos Nobres.
1772 - Promulgação de novos estatutos da Universidade de Coimbra.
1777 - Morte de D. José I.
D. Maria I
Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana, filha primogénita de D. José I e de D. Mariana Vitória de Áustria,
nasceu em Lisboa a 17 de Dezembro de 1734. Casou com o seu tio, D. Pedro, em 1760 e subiu ao trono português em 1777,
vindo a reinar até ao ano de 1816.
No seu reinado verificou-se o retomar do comércio da rota do Cabo, dado que os ingleses estavam preocupados com a
independência das colónias americanas e os franceses estavam envolvidos na revolução de 1789. D. Maria liberalizou a
economia através da extinção da Companhia do Grão-Pará e Maranhão e da Companhia de Pernambuco e Paraíba.
Os seus fortes sentimentos religiosos valeram-lhe o cognome de "a Piedosa". Mandou libertar os presos políticos e afastou do
governo o marquês de Pombal. Criou a Academia Real das Ciências de Lisboa e a Casa Pia de Lisboa, esta última destinada à
educação de crianças órfãs e pobres. Mandou construir a Basílica da Estrela e o Teatro de S. Carlos, em Lisboa, e o Hospital de Santo António e o
Teatro de S. João no Porto. Ordenou também intervenções importantes no Palácio de Queluz e outros edifícios.
A partir de 1799, devido ao facto de D. Maria sofrer de doença mental, o príncipe herdeiro D. João toma o título de regente. Em 1807, aquando das
invasões francesas, D. Maria embarca, juntamente com toda a família real, para o Brasil, onde vem a falecer em 1816.
A Piedosa
26.º Monarca
Reinado: 1777 - 1816
1734 - Nascimento de D. Maria em Lisboa.
1760 - Casamento com D. Pedro III, seu tio.
1768 - Nascimento de Domingos António Sequeira, pintor e retratista.
1777 - Coroação sob o título de D. Maria I.
Afastamento do Marquês de Pombal.
1779 - Fundação da Academia Real das Ciências.
1780 - Fundação da Casa Pia de Lisboa.
1784 - Inauguração da iluminação pública nas ruas de Lisboa.
1786 - Morte de D. Pedro III.
1792 - Entrega do governo a D. João, seu filho, por doença.
1796 - Fundação da Biblioteca Pública de Lisboa.
1797 - Introdução do papel-moeda em Portugal.
1799 - D. João assume a regência do reino.
- Nascimento de Almeida Garrett, escritor.
1806 - Bloqueio Continental imposto por Napoleão.
1807 - Primeira invasão francesa comandada pelo general Junot.
- Partida de D. Maria I e toda a família real para o Brasil.
O Rio de Janeiro passa a ser a sede do governo português e a capital do reino.
1808 - Batalhas de Roliça e Vimeiro entre os exércitos anglo-luso e francês.
- Convenção de Sintra onde Junot se compromete a sair de Portugal.
1809 - Segunda invasão francesa comandada pelo general Soult.
- Tragédia da Ponte das Barcas no rio Douro.
- Retirada das forças napoleónicas graças à acção das tropas anglo-lusas.
1810 - Terceira invasão francesa comandada pelo general Massena.
- Batalha do Buçaco e Linhas de Torres Vedras que são decisivas na vitória contra os franceses.
1816 - Morte de D. Maria I.
D. Mariana Vitória
Filha de Filipe V de Espanha (1718-1781). Esteve noiva de Luís XV de França, mas o casamento não se concretizou. Em 1727 foi contratado o seu
matrimónio com o futuro rei D. José I, no âmbito de uma política de alianças que incluía também a união da princesa portuguesa D. Maria Bárbara a
D. Fernando, herdeiro do trono espanhol. Vivendo, de uma maneira geral, alheada dos negócios públicos, D. Mariana Vitória ocupou a regência em
1776-1777, por doença de D. José.
D. Pedro III
Filho de D. João V e D. Maria Ana de Áustria, D. Pedro III nasceu em 1717 e foi rei de Portugal entre 1777 e 1786. Casou a 6 de Julho de 1760 com
a sua sobrinha D. Maria. O casal passou o tempo no Palácio de Queluz, mandado construir por D. Pedro antes de ascender ao trono.
Enquanto rei, D. Pedro III não se preocupou com os actos governativos, excepção feita ao empenho posto na reabilitação dos nobres perseguidos pelo
marquês de Pombal e ao empenho na restauração da Companhia de Jesus. Faleceu em Lisboa em 1786.
D. João VI
iniciativa de D. Pedro,
Brasil. Com o objectivo
promover movimentos
último dos quais foi
procurou soluções
D. João VI faleceu em
D. Pedro IV, imperador
Rei de Portugal de 1816 a 1826, era filho segundo de D. Maria I e de D. Pedro III
Nasceu em 1767. Casou em 1785 com D. Carlota Joaquina, filha de Carlos IV de
Espanha. Tornou-se herdeiro do trono por morte de seu irmão D. José, em 1788.
Embora já estivesse à frente dos negócios do reino desde 1792, altura em que se
começou a manifestar a doença da D. Maria, só assumiu a regência em 1799.
Em 1807, juntamente com a família régia, embarcou para o Brasil. D. Maria morreu
em 1816 e D. João VI foi aclamado rei. Em 1820 deu-se a revolução liberal e o
monarca regressou a Lisboa em 1821, onde jurou a Constituição liberal. Em 1822, por
filho do soberano e defensor do liberalismo, foi proclamada a independência do
de abolir a Constituição liberal, o infante D. Miguel, defensor do absolutismo, vai
militares como a Vila-Francada (Maio de 1823) e a Abrilada (Abril de 1824), no
derrotado e expatriado. A sua posição não era partilhada pelo rei, que sempre
conciliatórias com os liberais.
1826, deixando o governo entregue à regência da infanta D. Isabel Maria em nome de
do Brasil.
O Clemente
27.º Monarca
Reinado: 1816 - 1826
1767 - Nascimento de D. João em Lisboa.
1785 - Casamento de D. João com D. Carlota Joaquina.
1799 - D. João assume a regência devido à doença da mãe, D. Maria I.
1807 - Assinatura do tratado secreto de Fontainebleau.
1810 - Nascimento de Alexandre Herculano, escritor.
1816 - Coroação sob o título de D. João VI, Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, Daquém e Dalém-Mar em África e Senhor da Guiné.
1817 - Conspiração liberal em Lisboa liderada por Gomes Freire de Andrade.
- D. Pedro, filho de D. João VI, recebe o título de príncipe do Brasil.
1820 - Revolução liberal no Porto.
Instauração do regime constitucional-liberal.
1821 - Regresso de D. João VI e sua corte a Lisboa.
D. Pedro permanece no Brasil como regente.
1822 - Episódio do "Grito do Ipiranga": D. Pedro proclama a independência do Brasil.
- Aclamação de D. Pedro como Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil.
- D. João VI jura, em Lisboa, a Constituição liberal.
1823 - Vila-Francada, golpe de Estado conduzido por D. Miguel, filho do rei, com o intuito de pôr fim ao regime liberal.
1824 - Abrilada, segunda tentativa de golpe de Estado da autoria do mesmo infante.
Derrotado e demitido do cargo de comandante-chefe do exército português, D. Miguel sai do país e fixa-se na Áustria.
1825 - Fundação das Escolas Régias de Cirurgia de Lisboa e Porto.
- Reconhecimento oficial da independência do Brasil, por parte de D. João VI.
1826 - Morte de D. João VI.
D. Carlota Joaquina
Filha de D. Carlos IV, rei de Espanha, e de D. Maria Luísa de Parma, nasceu em Aranjuez, Espanha, em Abril de 1775 e morreu em Queluz, em
Janeiro de 1830.
Em Maio de 1785, com dez anos de idade, contraiu matrimónio com o filho deD. Maria I, rainha de Portugal, o príncipe D. João, que, em 1788, por
morte do seu irmão primogénito D. José, foi declarado príncipe herdeiro, vindo mais tarde a ser regente do reino, por interdição de sua mãe (1792), e
rei de Portugal (1816). Deste casamento houve nove filhos, entre eles os futuros reis de Portugal D. Pedro e D. Miguel e a princesa D. Isabel Maria,
que foi regente do reino.
D. Carlota Joaquina era conhecida pelo seu temperamento violento e conflituoso, não ficando a ele imune sequer o seu marido. D. João e D. Carlota
Joaquina viveram em estado de permanente desavença desde 1793. Em 1805, D. João VI, já regente do reino, sofre um ataque de melancolia, fruto do
desgosto que sentia pela loucura de sua mãe, os excessos de sua mulher e a grave situação internacional de Portugal, colocado entre as exigências da
França e Espanha, por um lado, e as da Inglaterra, por outro. D. Carlota Joaquina e alguns fidalgos conluiram para declarar D. João incapaz e colocar
a rainha no posto de regente. Como represália, D. João limita-se a afastar da Corte alguns fidalgos e a separar-se de D. Carlota, dando-lhe para
residência o palácio de Queluz, indo ele para Mafra.
Em 1807, na sequência da primeira invasão francesa, embarcou, juntamente com a restante família real para o Brasil, onde continuou separada do
marido.
Ambiciosa, chegou a alimentar a hipótese de vir a reinar nas colónias espanholas na América do Sul, pois o seu pai fora obrigado por Napoleão a
abdicar do trono espanhol. Mas os seus ensejos não tiveram concretização.
Regressou à metrópole em 1821, onde a situação não lhe era favorável. Recusou-se a jurar a Constituição saída da Revolução de 1820, catalisando a
ofensiva contra-revolucionária, instigando o seu filho D. Miguel.
Teve um papel fundamental na preparação da Vila-Francada (1823), golpe que falhou. Reincidiu com o golpe da Abrilada (1824).
A sua determinação acabaria por vingar, embora por pouco tempo, pois D. Miguel, após a morte de D. João VI, torna-se rei absoluto.
D. Pedro IV
Segundo filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, nasceu em Queluz em 12 de Outubro de 1798, onde faleceu em
24 de Setembro de 1834. Vigésimo sexto rei de Portugal (1826) e primeiro imperador do Brasil, ficou conhecido pelo
cognome de "o Libertador". A morte precoce do seu irmão primogénito - D. António - acabaria por levá-lo ao trono português.
Na sequência da primeira invasão francesa, embarcou com a restante família real para o Brasil em 1807, chegando em Março
ao Rio de Janeiro, cidade que se tornaria a verdadeira capital do império. É no Brasil que D. Pedro passa uma parte da sua infância e juventude.
É reconhecida, mesmo pelos seus coevos, a superficialidade da sua instrução, à qual acrescia um espírito impetuoso e enérgico; em última análise,
estes são alguns dos factores que explicam a sua posição na independência do Brasil.
Em 1818 casa com a arquiduquesa D. Leopoldina, filha do imperador Francisco da Áustria, de cujo enlace nasceram D. Maria da Glória (1819),
futura rainha de Portugal com o título de D. Maria II, e D. Pedro (1825), que sucederá ao pai como imperador do Brasil com o título de D. Pedro II.
Enviuvou em 1826, voltando a casar três anos mais tarde com D. Maria de Beauharnais.
Em resposta à revolução de 1820, D. João VI decreta o regresso de D. Pedro a Portugal, onde as Cortes Constituintes iriam elaborar a Constituição do
reino, mas esta decisão régia foi mal recebida no Brasil, pelo que o rei, em 1821, decide voltar à metrópole, deixando D. Pedro regente do Brasil. D.
Pedro lidera então o movimento independentista brasileiro, não tendo qualquer pejo em confrontar as forças fiéis ao poder da metrópole.
Preocupadas com a evolução dos acontecimentos no Brasil na regência de D. Pedro, as Cortes determinam em 1821 o seu regresso a Portugal. É
enviada uma frota ao Rio de Janeiro destinada a repatriar D. Pedro. O regente recusa-se a embarcar para a Europa.
Em 7 de Setembro de 1822, tomando conhecimento de despachos que recebera de Lisboa junto das margens do Rio Ipiranga, proclamou a
independência do Brasil bradando o famoso grito do Ipiranga: "Independência ou morte". No dia 1 de Dezembro do mesmo ano é proclamado
imperador e defensor perpétuo do Brasil.
Foi convocada a assembleia constituinte brasileira, que demonstrou ser demagógica e quase anárquica, pelo que o imperador acabou por demitir o
ministério. Depois dissolveu o Parlamento e deportou para a Europa os deputados que se mostraram mais exaltados, entre os quais José Bonifáco de
Andrade e Silva (Novembro de 1823). Esta atitude exalta os ânimos da população brasileira. Em resposta, D. Pedro nomeia um conselho de Estado
para elaborar um projecto de Constituição que viria a ser de unânime agrado.
Porém, D. Pedro nem sempre cumpre os preceitos constitucionais, o que, acrescentado ao facto de o reconhecimento da independência do Brasil por
D. João VI vir acompanhado de um ónus de dois milhões de libras esterlinas e outras condições consideradas humilhantes pelos brasileiros, contribui
para que seja posta em causa a sua boa aura junto do povo brasileiro.
Após a morte de D. João VI em 1826 e em cumprimento de determinações suas, D. Isabel Maria assume a regência do reino e designa D. Pedro rei de
Portugal. D. Pedro começa por idealizar a junção das duas coroas mas depressa muda de ideias, outorgando aos portugueses a Carta Constitucional
(1826) e abdicando a favor de sua filha D. Maria da Glória mediante duas condições: o casamento da rainha com o seu tio D. Miguel e o juramento
da Carta Constitucional.
Após a doação da Carta, a situação torna-se complicada nos dois reinos. Em Portugal, D. Miguel torna-se senhor de um trono absolutista (1827),
faltando ao compromisso assumido com seu irmão, e no Brasil D. Pedro vê-se obrigado, após desentendimento com a Câmara, a abdicar em
benefício de seu filho, D. Pedro II (1831).
D. Pedro parte então para a Europa com a sua filha, D. Maria II, rainha em título, por quem os liberais expatriados por D. Miguel se batiam. D. Pedro
decide pôr-se à frente da causa liberal. Após conseguir os apoios financeiros necessários e organizar os liberais imigrados, chega aos Açores em
1832, onde assume a regência na qualidade de duque de Bragança, nomeia um Ministério composto por Mouzinho da Silveira, Marquês de Palmela e
Agostinho José Freire (do qual se destaca o primeiro pela legislação que vai promulgando, que viria a alterar a estrutura jurídica e social do país), e
prepara a expedição militar que colocará a sua filha no trono. Em Junho, parte para o Norte do país, vindo a desembarcar no Pampelido a 8 de Julho e
seguindo depois para o Porto. As tropas chegam à cidade no dia seguinte e, ao contrário do que tinham inicialmente previsto, sofrem um longo e
penoso cerco, dando-se início a uma guerra civil que se prolongaria até Maio de 1834 (Convenção de Évora-Monte), quando D. Miguel é expulso do
país e entra em vigor a Carta Constitucional. As Cortes de Agosto de 1834 confirmam a regência de D. Pedro, que morre no mês seguinte, a 24 de
Setembro, quatro dias após o início do reinado de D. Maria II.
O Libertador
28.º Monarca
Reinado: 1826
1798 - Nascimento de D. Pedro em Lisboa.
1807 - Partida para o Brasil juntamente com a família.
1818 - Casamento de D. Pedro com D. Leopoldina da Áustria.
1822 - Aclamação de D. Pedro como Imperador do Brasil.
1825 - Nascimento de Camilo Castelo Branco, escritor.
1826 - O Conselho de Regência, presidido pela infanta D. Isabel Maria, escolhe D. Pedro como sucessor da coroa portuguesa sob o título de D. Pedro
IV.
- D. Pedro IV decreta a Carta Constitucional.
- O rei, por ser imperador do Brasil, abdica do trono em favor da filha, na condição desta vir a casar com o tio, D. Miguel.
1834 - Morte de D. Pedro IV.
D. Isabel Maria
Infanta portuguesa (1801-1876), filha de D. João VI e D. Carlota Joaquina. Ficou a presidir ao Conselho de Regência na morte de seu pai, que se deu
em 1826. Contudo, não deixou por isso de haver uma indefinição quanto à sucessão no trono, uma vez que D. Pedro IV se encontrava no Brasil e
abdicou a favor de sua filha, mediante o cumprimento de certas condições por parte de D. Miguel. Por entendimento entre os príncipes, a regência
passou para D. Miguel em 1828, cessando aí a intervenção política de D. Isabel Maria.
D. Miguel
Terceiro filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, nasceu em Queluz em 26 de Outubro de 1802 e morreu em
Brombach em 14 de Novembro de 1866. Vigésimo nono rei de Portugal (1828-1834), ficou conhecido pelo cognome de "o
Usurpador".
Na sequência da primeira invasão francesa, embarcou, em 1807, com a família real para o Brasil, de onde regressou
acompanhado dos pais em 1821, tendo ficado o seu irmão D. Pedro a governar o Brasil. Durante a sua estada no Brasil deram-se em Portugal
acontecimentos que viriam a condicionar a sua acção, como a Conspiração de 1817 e, sobretudo, a Revolução liberal de 1820. Regressou a Lisboa
em 3 de Julho de 1821, quando o liberalismo dava os seus primeiros passos no nosso país, facto que provocou em D. Carlota Joaquina uma forte
reacção, apoiando a rainha os adversários do regime nascido em 1820. Depressa o infante assume a chefia dos partidários do antigo regime,
aglutinados em volta de sua mãe. Assim, esteve à frente dos movimentos contra-revolucionários da Vila-Francada (1823) e da Abrilada (1824).
A Vila-Francada conduziria à dissolução das Cortes liberais e ao fim da vigência da Constituição de 1822, acabando por redundar numa vitória
política que elevaria D. Miguel a comandante-chefe do exército português. A Abrilada só não teve sucesso mercê da intervenção de diplomatas
estrangeiros acreditados em Lisboa. Após o golpe, D. João VI demite o filho do alto cargo que ocupava desde a Vilafrancada e D. Miguel deixa o
País, fixando-se em Viena de Áustria, onde permaneceria por quatro anos.
Aquando da morte de D. João VI, em 10 de Março de 1826, D. Miguel escreve para o Brasil, afirmando aceitar D. Isabel Maria como regente do
reino e seu irmão como legítimo herdeiro do trono. Numa tentativa de conciliação, D. Pedro IV abdica do trono português a favor de sua filha D.
Maria da Glória, na dupla condição de ser jurada a Carta Constitucional e de sua filha casar com o tio, D. Miguel. Este não só celebra os esponsais
com a sobrinha como jura a Carta Constitucional outorgada por seu irmão.
Chegado a Lisboa em Fevereiro de 1828, D. Miguel jura novamente a Carta. Porém, decorrido pouco tempo, falta ao compromisso assumido com seu
irmão, nomeia um novo ministério, dissolve as Câmaras e, convocadas as cortes à maneira antiga, é proclamado, pelos três estados do reino, rei
absoluto. São sufocados os focos de reacção antimiguelista. Os liberais emigram em massa e os que ficam são alvo do terror miguelista; são presas ou
degredadas milhares de pessoas, e muitas são sumariamente executadas.
Os exilados, após se reunirem nos Açores (Ilha Terceira), sob os auspícios de D. Pedro, seguem para o norte do país. Em Junho desembarcam no
Pampelido e daí seguem para o Porto, onde sofreriam um longo e penoso cerco. Dá-se, pois, início a uma guerra civil que se prolongaria por dois
anos (1832-1834) e que levaria ao trono D. Maria II. Verificando a impossibilidade de continuar a luta, D. Miguel rendeu-se, assinando em 26 de
Maio de 1834 a Convenção de Évora-Monte. No dia 1 de Junho de 1834, D. Miguel deixa definitivamente Portugal, seguindo para Itália. Acaba por
se fixar na Alemanha, onde casa em 1851 com D. Adelaide de Loewenstein-Wertheim-Rochefort-Rosenberg, de quem teve sete filhos, e onde veio a
falecer a 14 de Novembro de 1866.
O Usurpador ou Absolutista
29.º Monarca
Reinado: 1828 - 1834
1802 - Nascimento de D. Miguel em Queluz.
1807 - Partida para o Brasil juntamente com a família.
1821 - Regresso a Portugal.
1823 - Vila-Francada, golpe de Estado perpetrado por D. Miguel com o intuito de pôr fim ao regime liberal.
1824 - Abrilada, segunda tentativa de golpe de Estado.
Desta vez, D. Miguel é derrotado e demitido do cargo de comandante-chefe do exército português, exilando-se na Áustria.
1828 - Novo regresso a Portugal.
- As Cortes de Lisboa aclamam D. Miguel rei absoluto.
1830 - Nascimento de João de Deus, poeta e pedagogo.
1832 - Início da guerra civil que se prolongará por dois anos.
Desembarque dos liberais no Mindelo e ocupação do Porto.
1833 - Ocupação de Lisboa pelo Duque da Terceira, comandante dos liberais.
- D. Miguel transfere o governo para Santarém.
1834 - Derrota das tropas de D. Miguel nas batalhas de Almoster e Asseiceira.
- Convenção de Évora-Monte que termina com a guerra entre os liberais e os absolutistas.
- Deposição das armas e partida para o exílio.
1866 - Morte de D. Miguel.
D. Pedro II, imperador do Brasil
D. Pedro II era filho de D. Pedro IV de Portugal, o imperador D. Pedro I do Brasil, e de D. Maria Leopoldina. Nasceu em 1825 e faleceu em 1891.
Seu pai foi obrigado, pelas forças liberais, a abdicar a seu favor, em 1831. Enquanto não atingia a maioridade, ficou responsável pela sua educação
José Bonifácio de Andrada e Silva, até 1833. A partir desta data, a responsabilidade passou para o marquês de Itanhaém. Nesta época, o Brasil foi
governado por várias regências.
A 23 de Julho de 1840, após um período de grande agitação política, D. Pedro foi proclamado maior e coroado. Em 1843 casou-se, por procuração,
com a princesa Teresa Cristina de Bourbon.
Durante o seu reinado viajou pela Europa e pelos Estados Unidos da América, onde assistiu à exposição de Filadélfia em 1876. Viajou também pelo
continente africano, demorando-se sobretudo no Egipto. Durante as suas ausências, a princesa imperial D. Isabel assumia a regência. Foi neste
contexto que, em 1888, a princesa declarou extinta a escravatura no Brasil.
D. Pedro sobressaiu pelo seu amor às artes e às ciências, às quais dedicava mais tempo do que à política. Protegia e patrocinava os estudos àqueles
que buscavam aperfeiçoamento artístico na Europa. Quando foi implantada a República no Brasil, em 1889, encontrava-se doente e estava já
desligado da vida política.
A revogação, em 1920, da lei que bania a família imperial fez com que, anos mais tarde, os restos mortais do imperador e da
sua esposa fossem transferidos do Panteão de S. Vicente de Fora, em Lisboa, para a catedral da cidade de Petrópolis, onde
actualmente se encontram.
D. Maria II
Filha de D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil e de sua primeira mulher, D. Leopoldina de Áustria, nasceu no Rio de Janeiro em 4 de Abril de 1819 e
morreu em Lisboa, em 15 de Novembro de 1853, vítima do seu décimo primeiro parto. Segunda rainha reinante de Portugal e trigésimo monarca
português (1834-1853), ficou conhecida pelo cognome de "a Educadora".
Contava dois anos quando o Brasil se tornou independente e seu pai, D. Pedro, foi proclamado imperador do Brasil. Quando, em 1826, D. João VI
morreu, D. Pedro, legítimo herdeiro do trono português, sendo imperador do Brasil, abdicaria da Coroa a favor de D. Maria, após outorgar a Portugal
a Carta Constitucional, sendo a primeira de duas condições o casamento dela com o seu tio D. Miguel. D. Maria da Glória contava então sete anos.
Porém, D. Miguel, apesar de jurar a Carta Constitucional (a segunda condição posta por D. Pedro para abdicar do trono) e de celebrar os esponsais
com a sobrinha, quando regressa ao reino, em 1828, acaba por fazer-se aclamar rei absoluto, pelo que o casamento nunca chegaria a realizar-se.
D. Maria, na Europa, acaba por deambular entre a França e a Inglaterra, onde os governos não eram favoráveis às suas pretensões, regressando ao
Brasil em 1829 com a sua madrasta D. Amélia de Beauharnais, até que D. Pedro, após abdicar do trono brasileiro em favor de seu filho, D. Pedro II
(1831), resolve empenhar-se na luta contra D. Miguel, liderando a causa liberal. Parte com sua filha para a Europa e, após conseguir os apoios
financeiros necessários e organizar os liberais emigrados, assume nos Açores, em 1832, a regência do trono português na qualidade de duque de
Bragança. Prepara então uma expedição militar que desembarca no norte do reino, dando início a uma guerra civil que se prolongaria até 1834
(Convenção de Évora-Monte). Em 1833, vislumbrando-se a vitória liberal, D. Pedro manda o marquês de Loulé buscar a sua filha a Paris, onde
ficara. Em 1834, ano também da morte de seu pai, D. Maria é proclamada rainha.
Com quinze anos apenas, D. Maria II tem a seu cargo um país destroçado pelas invasões francesas e pela guerra civil, enfrentando uma grave crise
financeira, e vê-se no centro das lutas entre cartistas e vintistas. Logo no primeiro ano do seu reinado debate-se com intrigas, agitações, questões
graves como o Contrato do Tabaco, da venda conjunta das Lezírias e o problema do envio do corpo expedicionário contra os carlistas de Espanha.
Em 28 de Janeiro de 1835 casa com o príncipe Augusto de Leuchtberg, que morreria dois meses depois. A 9 de Abril de 1836 casa em segundas
núpcias com D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota. Do enlace nasceram onze filhos, entre D. Pedro e D. Luís, futuros reis de Portugal.
Sucedem-se os movimentos de revolução e contra-revolução, dos quais a rainha nem sempre se mantém alheia. Assim, aquando da Revolução de
Setembro, D. Maria intenta, em Belém, o golpe de Estado que ficou conhecido por Belenzada. Em 1837, teria de enfrentar o movimento levado a
cabo pelos sectores moderados - a Revolta dos Marechais. No ano seguinte, é confrontada com a aprovação da Constituição de 1838. Em Janeiro de
1842, novo golpe de Estado reporia a Carta outorgada por D. Pedro e traria à ribalta Costa Cabral, que acabaria por tornar-se próximo da rainha,
chegando, na altura, a aventar-se a hipótese de entre ambos existir uma relação mais íntima. Segue-se em 1846 a Maria da Fonte e uma nova guerra
civil - a Patuleia. Nesta terrível crise, em que as Juntas revolucionárias por todo o reino se opunham às forças governamentais, a rainha desenvolveu
esforços no duplo sentido de activar a resistência liderada por Saldanha e evitar a intervenção estrangeira, o que acabaria por acontecer, só
terminando com a Convenção de Gramido em 1847. Por tudo isto se constata que D. Maria II governou num período particularmente díficil da
História portuguesa, momento da dolorosa passagem do absolutismo ao constitucionalismo.
A Educadora
30.º Monarca
Reinado: 1834 - 1853
1819 - Nascimento de D. Maria no Rio de Janeiro.
1826 - É prometida ao seu tio D. Miguel, casamento que nunca virá a ser realizado.
1834 - Coroação sob o título de D. Maria II, após a derrota dos miguelistas.
1835 - Casamento de D. Maria II com o príncipe Augusto de Leuchtberg, que morre dois meses depois.
1836 - Casamento da rainha com D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha.
- Revolução de Setembro que restabelece a Constituição de 1822.
- Reformas da Instrução Pública no governo de Passos Manuel.
Criação de liceus.
Fundação das Academias Reais de Belas-Artes de Lisboa e Porto.
- Belenzada: golpe de Estado envolvendo a própria rainha, com intenção de recuperar os poderes que lhe haviam sido retirados pelo governo
setembrista.
- Revolta dos Marechais como reacção à Revolução de Setembro.
1838 - D. Maria II jura a nova Constituição.
1842 - Novo golpe de Estado, liderado por Costa Cabral, com o intuito de derrubar a Constituição de 38 e restaurar a Carta Constitucional.
- Promulgação do novo Código Administrativo.
- Reorganização da Guarda Nacional.
- Reforma das Câmaras Municipais.
- Nascimento de Antero de Quental, escritor, poeta e filósofo.
1843 - Início da construção do Teatro D. Maria, em Lisboa.
1844 - Reforma do ensino.
1845 - Nascimento de Eça de Queirós, escritor.
- Nascimento de Oliveira Martins, historiador.
1846 - Revolta da Maria da Fonte que faz cair o governo de Costa Cabral e o obriga a exilar-se.
- Nascimento de Rafael Bordalo Pinheiro, caricaturista, ilustrador e ceramista.
1849 - Costa Cabral regressa e preside novamente ao Ministério.
1851 - Revolta do marechal Saldanha, a Regeneração, com intenção de reformar a Carta Constitucional e demitir Costa Cabral.
1852 - Abolição da pena de morte para os crimes políticos.
1853 - Emissão do primeiro selo postal português.
- Morte de D. Maria II.
D. Fernando II
D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota foi o segundo consorte de D. Maria II, que desposou em 1836. D. Fernando era de origem alemã. Nasceu em
Coburgo em 1816.
Foi comandante-chefe do exército português, tendo procurado intervir em várias das situações de crise política que o reinado de sua esposa conheceu
(a Belfastada, a Revolta dos Marechais, a Regeneração, etc.).
Foi noutro capítulo, porém, que a acção de D. Fernando acabou por merecer maior estima. O rei mostrou-se um grande defensor do património
construído, garantindo a conservação de obras como o Mosteiro da Batalha, o Mosteiro dos Jerónimos e o Palácio-Convento de Mafra. Para além
disso, sendo ele próprio pintor, desenhador e cantor, fez-se rodear de artistas, de quem foi patrono. Mandou ainda edificar o notável Palácio Nacional
da Pena, em Sintra.
Entre a morte de D. Maria e a coroação de D. Pedro V, D. Fernando teve a seu cargo a regência do reino (1853-1855), retirando-se depois para a vida
privada. Foi-lhe oferecida a coroa da Grécia, em 1862, e a da Espanha, em 1869, ambas tendo recusado. Faleceu em 1885.
D. Maria Pia de Sabóia
A princesa Maria Pia de Sabóia (1847-1911) era filha da arquiduquesa Maria Adelaide
da Áustria e de Vítor Manuel do Piemonte, rei de Itália. Casou por procuração com o rei D. Luís de Portugal, em 1862, com apenas quinze anos.
Mulher de grande coragem, salvou os seus dois filhos de morrerem afogados, em 1873. Ficaram conhecidas as palavras que dirigiu ao duque de
Saldanha aquando do seu golpe: se eu fosse o rei, mandava-o fuzilar. Também a sua acção filantrópica merece ser recordada. Com a implantação da
República em 1910, partiu para o exílio.
D. Luís
Segundo filho da rainha D. Maria II e de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, nasceu em Lisboa em 31 de Outubro de 1838 e morreu em Cascais em
19 de Outubro de 1889. Trigésimo segundo rei de Portugal (1861-1889), ficou conhecido pelo cognome de "o Popular".
Assume o trono a 14 de Outubro de 1861, por morte de seu irmão D. Pedro V. No dia seguinte, ratifica o juramento feito perante as cortes e é
aclamado a 22 de Dezembro. Casou em 27 de Setembro de 1862 com D. Maria Pia de Sabóia, filha de Vítor Manuel, rei do Piemonte e da Sardenha.
Foi um homem de profunda instrução e cultura, sendo disso exemplos as suas traduções de Shakespeare.
Personalidade de grande bonomia e tolerância, D. Luís consegue transformar os seus vinte e oito anos de reinado num período de certa acalmia
política, não alcançando evitar, no entanto, algumas perturbações. Em 1862 houve em Braga um levantamento de tropas contra o aumento de
impostos. Eclodiu, no fim de Janeiro de 1867 e em Janeiro de 1868, o movimento conhecido pela Janeirinha no Norte do reino, que também teve
como causa razões de ordem tributária e fez cair o Ministério de Joaquim António de Aguiar. Maior gravidade teve o incidente provocado pelo
marechal duque de Saldanha em Maio de 1870, na altura ministro de Portugal em Paris. Em 1869, encontrando-se em Lisboa, o marechal propôs ao
rei a sua nomeação para comandante-chefe do exército. O Ministério recusou e ordenou a Saldanha que ocupasse o seu posto de ministro,
determinação a que este não obedeceu, respondendo com uma carta, que publicou e cujo tom vaticinava o pronunciamento que, na noite de 18 para
19 de Maio de 1870, ia fazer junto do rei, a quem impõe a demissão do Governo, em nome das tropas que o apoiavam. D. Luís obedece e Saldanha
preside ao novo Ministério. D. Luís, perante tudo isto, manteve sempre uma posição de moderador sereno.
D. Luís enfrentou ainda perturbações de âmbito cultural, com a fecunda polémica da "Questão Coimbrã" em 1865-66 e com a suspensão pelo
Governo das Conferências Democráticas do Casino em 1871.
Em 1876, pelo pacto da Granja, foi fundado o Partido Progressista, fruto da fusão entre os Partidos Histórico e Reformista, entrando-se numa fase de
rotativismo governativo entre aquele partido e o Regenerador. A cena política encontra-se ainda marcada pelo facto de se situar no reinado de D. Luís
o período áureo das Obras Públicas do fontismo.
As expedições africanas receberam um forte impulso durante o seu reinado. Em 1877, o major Serpa Pinto foi de Benguela ao Bié. No ano seguinte,
atingiu o Zambeze e daí seguiu até à colónia de Natal. Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens exploraram o sertão de Benguela e, em 1884,
atravessaram África de Luanda a Tete. Outras expedições ainda se seguiram.
Ao mesmo tempo, foi um reinado de forte implantação do republicanismo. Em 1878 toma assento na Câmara o primeiro deputado republicano, eleito
pelo Porto. No fim do seu reinado, o Partido Republicano já não era uma mera tendência mas uma força política que ganhara raízes.
O Popular
32.º Monarca
Reinado: 1861 - 1889
1838 - Nascimento de D. Luís em Lisboa.
1861 - Assunção do trono de Portugal em consequência de D. Pedro V, seu irmão, morrer sem deixar descendência.
1862 - Casamento do rei com D. Maria Pia de Sabóia.
1864 - Publicação do primeiro Código Civil português.
- Abolição da pena de morte para os crimes civis.
1865 - Aparecimento da Questão Coimbrã.
1869 - Abolição da escravatura em todos os territórios portugueses.
1871 - Suspensão das Conferências Democráticas do Casino.
1877 - Inauguração da Ponte de D. Maria Pia, no Porto.
- Primeira travessia de Angola ao Oceano Índico, por Serpa Pinto.
1881 - Início da construção da Ponte de D. Luís I, no Porto.
1884 - Travessia de África (Angola-Moçambique) por Brito Capelo e Roberto Ivens.
- Criação do projecto "Mapa cor-de-rosa" apresentado no Congresso de Berlim.
1889 - Morte de D. Luís.
D. Pedro V
Filho primogénito de D. Maria II e de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, nasceu em Lisboa em 16 de Setembro de 1837 e aí
também morreu em 11 de Novembro de 1861, contando pouco mais de vinte e quatro anos. Trigésimo primeiro rei de Portugal, ficou conhecido pelo
cognome de "o Esperançoso".
Sucede ao trono de Portugal, pelo falecimento de sua mãe, que morre com apenas 34 anos de idade, em 15 de Novembro de 1853. D. Fernando II
governa o reino na qualidade de regente durante a menoridade de D. Pedro V. D. Pedro aproveita os dois anos da regência de seu pai para viajar pela
Europa com o seu irmão D. Luís, visitando, entre outros países, a Inglaterra, a Bélgica, a Alemanha e a Áustria. Em 16 de Setembro de 1855, ao
completar 18 anos, é aclamado rei e presta juramento perante as Cortes Gerais, dedicando-se desde logo com total devoção aos negócios públicos.
Casou em 29 de Abril de 1858 com D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, que viria a morrer em Julho de 1859.
Quando D. Pedro inicia o seu reinado, governava ainda o ministério de Saldanha saído da Regeneração de 1851. Sobressai neste ministério Fontes
Pereira de Melo, titular da pasta das Obras Públicas, famoso pelo impulso que deu aos caminhos-de-ferro em Portugal.
Apesar de atormentado por constantes dificuldades, quer na vida pública quer na privada (as epidemias de cólera-morbo e de febre amarela, as
grandes inundações, a morte da rainha), D. Pedro consegue dar uma certa estabilidade à vida política portuguesa. O monarca viajou pelo país,
interessando-se por quaisquer assuntos que visassem o seu desenvolvimento, como sejam a introdução do caminho-de-ferro, o sistema métrico, as
estradas, etc.
Foi também durante o seu reinado que se sucederam desagradáveis acontecimentos: a questão de "Charles et Georges" (aprisionamento por parte das
autoridades portuguesas de Moçambique, em Novembro de 1857, da barca francesa com aquele nome, empregue no tráfico de escravos provenientes
da colónia, tráfico esse proibido no império português) e a consequente divergência com a França, diferendos com a Inglaterra pelos domínios em
África e com a Santa Sé.
À margem da função régia, foi um homem de superior inteligência e de excepcional cultura, fruto também do excelente trabalho de educadora
desempenhado por sua mãe. Da sua cultura são testemunhos os seus escritos em dois volumes: Diário (durante as viagens que fez na Europa), e os
artigos que escreveu para duas revistas (a Militar e a Contemporânea). Deve-se-lhe, a par de outras iniciativas culturais, a criação do Curso Superior
de Letras em 1859 e do Observatório da Ajuda.
O Esperançoso
31.º Monarca
Reinado: 1853 - 1861
1837 - Nascimento de D. Pedro em Lisboa.
1853 - Herança do trono, ficando D. Fernando, seu pai, como regente.
1855 - Coroação sob o título de D. Pedro V.
1856 - Inauguração do primeiro troço de caminho-de-ferro português.
1857 - Nascimento de Columbano Bordalo Pinheiro, pintor.
1858 - Casamento do rei com D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen.
1859 - Fundação do Curso Superior de Letras.
1861 - Morte de D. Pedro V.
D. Carlos
Filho de D. Luís e de D. Maria Pia de Sabóia, nasceu em Lisboa a 28 de Setembro de 1863. Aí também morreu assassinado no dia 1 de Fevereiro de
1908. Trigésimo terceiro rei de Portugal (1889-1908), ficou conhecido pelo cognome de "o Martirizado". Casou em 1886 com D. Amélia de Orleães,
princesa de França, filha dos condes de Paris, de cujo enlace nasceram D. Luís Filipe e D. Manuel. O seu reinado ficou marcado por eventos que
fomentariam o espírito republicano e o descrédito crescente do regime monárquico.
O primeiro destes eventos aconteceria logo em 1890: o ultimato inglês, motivado pelo "Mapa cor-de-rosa" (1886) que punha em causa as pretensões
do imperialismo britânico, nomeadamente o ensejo de ligar o Cabo ao Cairo. Portugal foi obrigado a abandonar os territórios africanos em questão, o
que constituiu uma humilhante derrota para a diplomacia portuguesa e para o País. Este facto provocou uma explosão de sentimentos antibritânicos
um pouco por todo o reino e em todos os quadrantes políticos. Este ambiente é aproveitado pelos republicanos que, após este incidente diplomático,
reagem com maior veemência do que nunca. No Porto, estala uma revolta que acabaria por fracassar mas que proclamaria a República pela primeira
vez na História portuguesa (o 31 de Janeiro de 1891).
O rotativismo entre os Partidos Progressista e Regenerador entrara em descrédito, aumentando de eleição para eleição o número de representantes
republicanos.
Assim, em Maio de 1906, D. Carlos chama João Franco a formar Governo, o qual, contrariando promessas anteriormente feitas, encerra a
Assembleia Legislativa e dá início a uma ditadura. A ditadura de João Franco desencadeou uma onda de protestos, sobretudo devido aos
adiantamentos à Casa Real e à repressão política. Em 21 de Janeiro de 1908, uma tentativa revolucionária foi dominada pelo Governo, tendo sido
feitas inúmeras prisões. Na sequência deste movimento, foi elaborado um decreto que previa a deportação do reino para os conspiradores, decreto
que D. Carlos promulgou. Passados poucos dias, em 1 de Fevereiro de 1908, chegava a família real portuguesa a Lisboa vinda de Vila Viçosa,
desembarcava junto do Terreiro do Paço e daí seguia para o Paço das Necessidades quando se deu o regicídio, no qual morreram D. Carlos e o seu
filho D. Luís Filipe, o herdeiro do trono.
O Martirizado ou Diplomata
33.º Monarca
Reinado: 1889 - 1908
1863 - Nascimento de D. Carlos em Lisboa.
1886 - Casamento de D. Carlos com D. Amélia de Orleães.
1889 - Coroação sob o título de D. Carlos I.
1890 - Ultimato de Inglaterra que obriga Portugal a abandonar o território entre Angola e Moçambique.
- Criação da composição "A Portuguesa" por Alfredo Keil que viria, mais tarde, a ser adoptada pelos republicanos como hino
nacional.
1891 - Revolta de 31 de Janeiro: primeira tentativa de instaurar o regime republicano.
1906 - Nomeação de João Franco para formar governo, começando, então, um regime ditatorial.
1908 - Morte de D. Carlos I e do príncipe herdeiro D. Luís Filipe em consequência de um atentado perpetrado por republicanos.
D. Amélia
Membro da monarquia (1865-1951), de seu nome Maria Amélia Luísa Helena de Orleães e Bragança, nasceu em Inglaterra e era filha dos condes de
Paris, de linhagem real francesa. Casou com o futuro rei D. Carlos em 1886, tendo três filhos: D. Luís Filipe, D. Manuel II e D. Ana Maria, que
morreu à nascença. Como rainha, desenvolveu acção de apoio aos necessitados, fundando a Assistência Nacional aos Tuberculosos em 1899. Em
1905 criou o Museu dos Coches. Dedicou-se também à pintura e ao desenho. Por ocasião do golpe de 5 de Outubro de 1910, partiu para o estrangeiro
com D. Manuel. Morreu em Versalhes em 1951.
D. Manuel II
Segundo filho do rei D. Carlos e de D. Amélia de Orleães, nasceu em Lisboa, em 19 de Março de 1889, e morreu em Twickenham, Inglaterra, em 2
de Julho de 1932. Trigésimo quarto e último rei de Portugal (1908-1910), ficou conhecido pelo cognome de "o Desventuroso". Casou em Setembro
de 1913 com a sua prima D. Vitória Augusta de Hohenzollern-Sigmaringen, não tendo deixado descendência.
Reunido o Conselho de Estado após o Regicídio que vitimou seu pai e seu irmão mais velho, a ele compareceu D. Manuel, constituindo-se um
"ministério de acalmação", de concentração partidária, com excepção de João Franco e seus adeptos. Soltaram-se os presos políticos e revogaram-se
alguns decretos da ditadura franquista. Mas a propaganda republicana recomeçara.
D. Manuel, porém, iniciou uma viagem pelo reino e, por onde passava, era sempre bem recebido.
No seu reinado teve de enfrentar duas graves questões: a questão Hinton e a do Crédito Predial. No primeiro caso, um grande industrial inglês,
residente na Madeira, reclama uma indemnização do Estado Português em virtude de uma suposta revogação do monopólio do açúcar, a qual, em
virtude da pressão diplomática da Inglaterra, viria a ser concedida. A questão do Crédito Predial deve-se a um desfalque naquela instituição por
negligência de importantes figuras do regime.
Em Agosto de 1910, realizam-se eleições, em resultado das quais o Partido Republicano duplica o seu número de deputados no Parlamento. A 3 de
Outubro rebenta uma insurreição republicana em Lisboa que viria a triunfar no dia 5 de Outubro. Em consequência, o último monarca português saiu
do Palácio das Necessidades, foi para Mafra e daí para a Ericeira, onde embarcaria para o exílio em Inglaterra.
O Desventuroso ou Patriota
34.º Monarca
Reinado: 1908 - 1910
1889 - Nascimento de D. Manuel em Lisboa.
1908 - Coroação sob o título de D. Manuel II.
- Demissão de João Franco e nomeação de um governo de coligação.
1910 - Revolução republicana em Lisboa, a 3 de Outubro.
Proclamação da República no dia 5 de Outubro.
- Partida da família real para o exílio.
1913 - Já destronado, D. Manuel casa com D. Vitória Augusta.
1932 - Morte de D. Manuel, em Inglaterra.
D. Luís Filipe
Filho primogénito (1887-1908/02/01) do rei D. Carlos e da rainha D. Amélia, morreu assassinado, juntamente com o seu pai. Desta forma, quem
ascendeu ao trono após o Regicídio foi o seu irmão mais novo, que reinou, embora por pouco tempo, como D. Manuel II.
Primeira República
Presidente da Republica
Teófilo Braga
De seu nome completo Joaquim Teófilo Fernandes Braga, nasceu em 1843 e morreu em 1924. É talvez a mais multifacetada
figura da nossa Primeira República. Notável pela grande variedade de actividades e pela riqueza da sua prolífica obra (cerca de
360 títulos), fez a sua formação académica em Direito (doutorou-se em 1868), passou para o domínio da História da Literatura
(chegando a catedrático em 1872, no Curso Superior de Letras), foi poeta e jornalista. A sua obra literária, apesar de algumas
debilidades de forma e conteúdo que os críticos lhe apontam, constitui uma abordagem pioneira da História da nossa Literatura, dos nossos usos e
costumes, das tradições orais. Da sua fértil pena saíram ainda as primeiras edições críticas de obras clássicas da literatura portuguesa. Os seus
interesses, porém, não se confinaram à literatura; abrangeram igualmente a filosofia. Também neste domínio desenvolveu uma acção determinante,
como um dos introdutores e principal divulgador em Portugal do positivismo, que seria a filosofia orientadora por excelência do republicanismo.
Fundador do Partido Republicano Português, cuja história igualmente redigiu, foi um dos principais intervenientes nas comemorações do
tricentenário de Camões em 1880, importante expressão do nacionalismo republicano no plano cultural. Instaurada a República em 1910, sendo
Presidente do Partido Republicano Português, foi nomeado primeiro Presidente do novo regime, vindo a exercer o mesmo cargo, agora por via
constitucional, após a renúncia de Manuel de Arriaga em 1915, numa fase de crise aguda do regime.
1843 Nasceu em Ponta Delgada, a 24 de Fevereiro
1868 Doutorou-se em Direito na Universidade de Coimbra
1872 Catedrático de Literaturas Modernas no Curso Superior de Letras
1880 Escreve História das Ideias Republicanas em Portugal
1910 - 1911 A 5 de Outubro, foi escolhido para Presidente do Governo Provisório, com funções de Presidente da República (até 5 de Novembro de
1911)
1915 Tornou-se novamente Presidente, a 29 de Maio
1924 Morreu na sua mesa de trabalho, no dia 28 de Janeiro
Manuel de Arriaga
De seu nome completo Manuel José de Arriaga Brum da Silveira, nasceu em 1840. Desde jovem empenhado na propaganda republicana, professor
liceal, poeta e escritor, notabilizou-se como advogado na defesa de correligionários processados pelas suas ideias ou actividades, fez parte do
Directório do Partido Republicano (1891), foi deputado em duas legislaturas ainda durante a Monarquia (1882 e 1892) e foi eleito para as
Constituintes de 1911. Em 1911, com o apoio parlamentar dos partidários de António José de Almeida e Brito Camacho, tornar-se-ia o primeiro
Presidente da República constitucionalmente eleito. No entanto, a sua política conciliadora, baseada em propósitos de defesa da honra nacional e na
concórdia de toda a família portuguesa, colidiu com as tendências golpistas sempre presentes na política do novo regime. Em 1915, a crise
desencadeada pelo golpe de Pimenta de Castro, que envolve a dissolução do Parlamento, leva-o a atitudes contraditórias com as leis da República. O
Parlamento declara-o fora da lei e Manuel de Arriaga demite-se, após o que se retira da actividade política, vindo a morrer em 1917.
1840 Nasceu na cidade da Horta, Faial, no dia 8 de Julho
1890 Em Fevereiro, foi preso por participar numa manifestação
1891 Fez parte do directório do Partido Republicano
1911 Tomou posse como Presidente da República no dia 24 de Agosto
1915 A 27 de Maio resignou o cargo
1917 Morreu a 5 de Março
Bernardino Machado
De seu nome completo Bernardino Luís Machado Guimarães, nasceu em 1851. Catedrático coimbrão ainda muito jovem, com
apenas 28 anos, inicia a sua actividade política como monárquico, sendo eleito deputado com pouco mais de trinta anos,
depois Par do Reino e ministro das Obras Públicas em 1893. Iniciado na Maçonaria ainda na década de 80 do século XIX,
introduz naquela organização a filosofia positivista. Desiludido com a política da Monarquia, adere ao Partido Republicano
Português, de cujo Directório virá a fazer parte. Notabiliza-se na propaganda a favor da instauração do novo regime, mas a sua
conhecida oposição ao emprego da violência armada para o derrube da Monarquia faz com que os seus correligionários o não
ponham ao corrente dos preparativos da insurreição. Contudo, por influência de Afonso Costa, vê-se nomeado ministro dos
Negócios Estrangeiros do Governo Provisório Republicano. Falhada uma primeira tentativa de alcançar a Presidência da República, virá a ser eleito
mais tarde para aquele cargo (1915), depois de um mandato como chefe de Governo (1913). Em 1925 ascenderá novamente à chefia do Estado. A
sua política vacilante em dois momentos particularmente graves e significativos (sidonismo e golpe de 28 de Maio de 1926) acarreta-lhe a perda de
prestígio, que no entanto recupera quando, no exílio, se dedica novamente, com assiduidade e acutilância, à propaganda contra a Ditadura Militar
instaurada em Portugal. Viria a falecer em 1944.
1851 Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, no dia 28 de Março
1876 Terminou o doutoramento em Filosofia na Universidade de Coimbra
1879 Tornou-se professor catedrático de Filosofia
1902 Presidente do Directório do partido Republicano
1910 Ocupou o cargo de Ministro do Governo Provisório formado em Outubro de 1910
1911 Foi eleito deputado às Constituintes
1912 Foi Ministro de Portugal no Rio de Janeiro
1913 Foi Embaixador de Portugal no Brasil
1915 Foi eleito Presidente da República
1917 Foi deposto e exilado pela revolta de Sidónio Pais
1919 Regressou a Portugal e reiniciou a actividade política democrática
1925 Foi reeleito Presidente por renúncia de Teixeira Gomes, a 11 de Dezembro
1926 Deposto pelo golpe de 28 de Maio
1944 Faleceu no dia 29 de Abril
Sidónio Pais
Nasceu em 1872. Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais repartiu a sua actividade pela docência (regeu a cátedra de Matemática em Coimbra),
pelo serviço militar, pela política e pela diplomacia. A sua carreira política apenas se iniciou após a implantação do regime republicano, durante o
qual foi sucessivamente deputado e senador e sobraçou pastas ministeriais (Fomento e Finanças), após o que ingressou na carreira diplomática, como
representante de Portugal em Berlim, quando já se avizinhava a Primeira Guerra Mundial. Regressando a Portugal após a declaração do estado de
guerra entre a Alemanha e Portugal, participa na conspiração que virá a instaurar a "República Nova", que, sob a sua direcção suprema, colocou no
poder, no período de 1917-18, uma confederação de interesses composta por republicanos descontentes, monárquicos e clericais, e adversários da
participação na guerra. Legitimou a sua presidência por meio de eleições, exerceu o poder com um misto de autoritarismo (em que alguns encontram
uma espécie de "ensaio" do salazarismo) e de populismo. A sua morte, num atentado, em 1918, deixou o país numa situação de grande instabilidade,
em que se chegou a temer a restauração da Monarquia.
1872 Nasceu em Coimbra, a 1 de Maio
1888 Ingressou na Escola do Exército, onde tiraria o curso de Artilharia
1898 Licenciou-se em Matemática
1911 Foi Director da Escola Industrial Brotero, onde foi professor catedrático
1911 - 1912 Foi Ministro do Fomento do 2º Ministério, de João Chagas (1911) e das Finanças no 3º, de Augusto de Vasconcelos (1911-12)
1912 Foi nomeado Ministro Plenitenciário de Portugal em Berlim, Alemanha
1915 - 1917 Participou na I Guerra Mundial
1917 Chefiou um golpe de Estado em 5 de Dezembro, que depôs o Presidente Bernardino Machado
Assumiu a Presidência da República na sequência do golpe de Estado
1918 Eleição presidencial em 1918
Morreu assassinado a 14 de Dezembro
Canto e Castro
De seu nome completo João do Canto e Castro Silva Antunes, nasceu em 1862. Monárquico (chegou a ser deputado em 1908), oficial da Marinha
com carreira feita nas colónias e em funções de comando, fez parte do governo de Sidónio Pais, na qualidade de ministro da Marinha, e acabou
por ser eleito Presidente da República pelo Congresso após o assassinato de Sidónio. A eleição gerou forte controvérsia. A sua credibilidade ficou
fortemente abalada, mas Canto e Castro acabou por contrariar as expectativas mais pessimistas ao garantir a efectivação de eleições legislativas em
1919 (nas quais venceu uma maioria democrática) e ao defender a República (apesar das suas profundas convicções monárquicas) contra as tentativas
de restauracionismo registadas no mesmo ano (Monarquia do Norte, revolta de Monsanto). Em 1919 foi promovido a Almirante por distinção.
Morreu em 1934.
1862 Nasceu em Lisboa no dia 19 de Maio
1881 Torna-se Aspirante da Marinha
1908 Foi eleito deputado
1918 Ministro da Marinha no 16º Ministério, chefiado por Sidónio Pais
Eleito pelo Congresso Presidente da República em Dezembro
1919 Tornou-se Almirante em 1919
Ocorrem Revoltas de Santarém (republicana) e do Porto e Lisboa (monárquicas)
Restabelece a normalidade constitucional em 1919
Termina o seu mandato presidencial a 5 de Outubro, retirando-se da vida pública
1934 Faleceu no dia 14 de Março
António José de Almeida
Activista do movimento republicano, e maçon como muitos outros republicanos, nasceu em 1866. Extremamente popular
pelos seus dotes oratórios, participou na preparação das revoltas fracassadas de 1891 e 1908 e da revolução triunfante de 1910,
que instauraria a República. O seu combate contra o regime monárquico desenvolveu-se ora no Parlamento (foi eleito para as duas últimas
legislaturas da Monarquia), ora na imprensa (dirigiu e fundou vários jornais e subscreveu artigos contundentes, como o "Bragança, o Último",
contundente ataque ao monarca e ao regime). Instaurada a República, cabe-lhe em 1910 assumir a pasta do Interior do Governo Provisório
Republicano, o que leva a grande desgaste da sua figura, pois tem de enfrentar graves problemas sociais. São tão profundas as divergências, pessoais
e políticas, em relação a Afonso Costa e outros republicanos, que António José de Almeida protagoniza uma cisão no Partido Republicano, formando
o seu próprio partido (Partido Republicano Evolucionista, 1912-1919), mais conservador. Acederá, no entanto, a integrar o Governo da União
Sagrada (1916-1917), que chefiará, acumulando com a pasta das Colónias, no momento crucial da entrada na Primeira Guerra Mundial. Passado o
interregno sidonista, em que é perseguido, vem a ser eleito presidente da República em 1919. Nessa qualidade visita o Brasil, numa altura em que ali
se registava uma forte corrente nativista que se exprimia por actos xenófobos anti-portugueses, que António José de Almeida contribui para
minimizar, mercê do seu invulgar talento oratório. Foi, em toda a vigência da República parlamentar, o único presidente que completou o seu
mandato, em anos caracterizados por uma grande crise social e política, que bem se espelha no facto de ter nomeado dezassete ministérios e de se
terem registado numerosas alterações da ordem pública, a mais grave das quais seria a Noite Sangrenta (18-19 de Outubro de 1921), episódio cujas
motivações nunca foram inteiramente esclarecidas, em que um grupo de marinheiros amotinados atravessa Lisboa deixando atrás de si um rasto de
sangue, tendo sido assassinados, entre outros, o chefe do Governo António Granjo e o contra-almirante Machado Santos. António José de Almeida
faleceu em 1929.
1866 Nasceu em Vale da Vinha
1888 Formou-se em Medicina, seguindo para S. Tomé
1888 - 1904 Dedicou-se exclusivamente à Medicina
1906 Eleito deputado pelo Partido Republicano
1908 Alinhou na conspiração contra João Franco
1910 - 1911 Ministro do Interior do Governo Provisório
1919 Foi eleito Presidente da República
1923 Terminou o seu mandato e a sua carreira política
1929 Faleceu a 31 de Outubro
Manuel Teixeira Gomes
Manuel Teixeira Gomes nasceu em 1860 e faleceu em 1941. Estadista e escritor, começou a sua carreira política como
diplomata, vindo a ser Presidente da República em 1923-1925, quando o regime parlamentar atravessava alguns dos seus mais
críticos momentos. Como diplomata (antes e depois do consulado sidonista, que o expulsou do corpo diplomático), coube-lhe
enfrentar, o que fez com êxito, situações de grande melindre e complexidade, designadamente combater a hostilidade ou pelo menos a desconfiança
das monarquias europeias (Inglaterra, Espanha) perante o regime republicano instaurado em Portugal e evitar o desmembramento, na Conferência de
Paz, do império português após a Primeira Guerra Mundial. A sua acção como presidente da República não teve, porém, o mesmo sucesso, pois teve
de enfrentar crises políticas (entre elas a de 18 de Abril de 1925) e animosidades pessoais que impossibilitaram a concretização dos consensos que
sempre procurou, para além das forças que, através da acção política legal e da conspiração, procuravam derrubar o regime republicano parlamentar.
Na sua actividade literária - da qual se destacam obras como Gente Singular (1909), Novelas Eróticas (1935) e Maria Adelaide (1938) - encontram-se
simultaneamente traços esteticistas e naturalistas, bem como uma particular influência da tradição helenística. Todavia, a mais notável constante da
sua escrita residirá provavelmente no impulso de transfiguração da experiência pessoal em produtos esteticamente acabados.
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1860 Nasceu em Portimão no dia 27 de Maio
1911 Em Março, foi nomeado Ministro de Portugal em Londres, pelo Governo Provisório (1º Ministério)
1918 Foi demitido do cargo
1919 Foi ministro em Madrid em Fevereiro
Regressou a Londres
1919 - 1923 Fez parte da delegação portuguesa à Conferência de Paz e à Sociedade das Nações
1923 Foi eleito, pelo Parlamento, Presidente da República
1925 Renunciou à Presidência em Dezembro
1941 Faleceu na Argélia a 18 de Outubro
2ª República
(Estado Novo)
Presidente da Republica
Manuel Gomes da Costa
Manuel de Oliveira Gomes da Costa nasce em 1863. Oficial do Exército, é nas colónias que decorre parte significativa da sua
carreira militar, vindo mais tarde a publicar obras de História militar fundamentadas quer no estudo do passado quer na sua experiência pessoal.
Participou em operações militares primeiro na Índia, depois em Moçambique, neste último caso sob as ordens de Mouzinho de Albuquerque, de
quem se afirmará discípulo e admirador. É ainda naquela colónia que assume funções de carácter político-administrativo, durante o período de
governo de Freire de Andrade. Implantada a República, continua a sua carreira de militar colonial em postos de chefia em Angola e São Tomé e
Príncipe. Após o desencadear do conflito mundial, em que Portugal se verá envolvido, regressa à metrópole e incorpora-se, como voluntário, no
Corpo Expedicionário que irá combater na frente europeia, sendo-lhe atribuído o comando da 1.a Divisão daquele Corpo. Nesta sua decisão de
avançar para a frente de combate será motivado por uma razão em que comungam os republicanos e os seus adversários: a intenção de preservar a
integridade do Império. Terminada a guerra, já com a patente de general a que fora promovido pelo seu comportamento exemplar na Flandres,
envolve-se em actividades políticas conspirativas contra a República, a que na realidade nunca aderira, dadas as suas convicções monárquicas.
Associa-se a políticos de tendências diversas, contando-se entre eles desde adversários declarados do regime, como os Integralistas Lusitanos, a
republicanos desiludidos, como Machado Santos, o herói da Rotunda, um dos símbolos da revolta vitoriosa do 5 de Outubro de 1910. Militar
prestigiado e condecorado ao mais alto nível, a sua irrequietude política fá-lo entrar em choque com as autoridades, o que lhe vale a prisão por mais
de uma vez e uma espécie de exílio disfarçado (missão de inspecção às forças militares no Oriente, o que se traduz no seu afastamento dos centros de
decisão e dos ambientes conspirativos). Depois do seu regresso, a ligação a movimentos conspirativos não esmorece, envolvendo-se na preparação do
movimento político e militar que iria traduzir-se no golpe de 28 de Maio de 1926 e na consequente instauração da Ditadura Militar. Vitorioso o
golpe, os vencedores envolvem-se em disputas internas: Gomes da Costa dirige um golpe que derruba Mendes Cabeçadas e é por sua vez deposto
num novo golpe encabeçado pelo General Sinel de Cordes, numa vertiginosa sucessão de conflitos. A 9 de Julho triunfa o golpe de Sinel de Cordes, e
apenas dois dias depois, a 11, Gomes da Costa, que recusara a opção de permanecer como Presidente da República e renunciar ao poder executivo,
parte para o exílio nos Açores, onde receberá a promoção a marechal (o governo restabelece aquele grau honorífico expressamente para o
homenagear) ainda no mesmo ano. Ainda exercerá algumas funções de natureza política, mas com valor protocolar apenas. Morrerá em grande
pobreza, totalmente desligado do poder.
1863 Nasceu em Lisboa a 14 de Janeiro
1884 Torna-se aspirante a oficial, depois de concluir o curso de Artilharia
1890 Partiu para a Índia para desempenha de funções de ajudante do Governador
1895 Partiu para Moçambique, requisitado por Mouzinho de Albuquerque
1915 - 1918 Comandante da I Divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP)
1921 Foi nomeado comandante da 4ª Divisão Militar, em Évora
Ingressou no Partido Reformista
1926 Foi comandante das forças militares revoltosas no Golpe de 28 de Maio
A 17 de Maio, depôs o Presidente Mendes Cabeçadas
Tornou-se então Presidente da República, chefe de Governo e ministro da Guerra e do Interior
A 9 de Julho, foi demitido dos cargos que ocupava
A 11 de Julho, após ter sido preso, foi deportado para os Açores
Foi-lhe conferido o bastão de Marechal
1927 Em Novembro, regressou a Lisboa
1929 Faleceu em Lisboa no dia 17 de Dezembro
Marechal Óscar Carmona
António Óscar Fragoso Carmona, militar oriundo da arma de Cavalaria, de família de tradições militares, nascido a 24 de Novembro de 1869 e
falecido a 18 de Abril de 1951, não possui uma folha de serviços marcada por actos notáveis. Nos primeiros tempos do regime republicano, participa
nos trabalhos de reestruturação das instituições militares, após o que continua uma carreira relativamente apagada até que, em 1925, uma intentona
falhada contra o regime termina em julgamento em tribunal militar. Assume aí as funções de acusador, o que lhe dá a oportunidade de apresentar um
juízo pessimista sobre a situação política: asseverando que "a pátria está doente", coloca-se inesperadamente ao lado dos conspiradores acusados
contra o sistema, atitude que revela as suas tendências políticas mais íntimas e lhe confere pública notoriedade. No ano seguinte, será uma das figuras
de proa da conspiração política e militar que desemboca no golpe de 28 de Maio. Começa aqui a sua verdadeira carreira política, que o conduz à
oposição a Gomes da Costa num dos primeiros momentos de clivagem nas fileiras dos novos detentores do poder. Ascende, após a queda daquele
general, à Presidência da República, na qual é confirmado pelo processo eleitoral de 1928, em que se apresenta como candidato único. A sua eleição
significa, simultaneamente, um passo em frente na consolidação e institucionalização do novo regime. É no decorrer do período da Ditadura Militar
que o seu poder político se acentua, na medida em que congrega à sua volta as diversas correntes de opinião no seio das forças militares apoiantes do
regime e arbitra os conflitos patentes ou latentes entre os militares e os dirigentes civis, particularmente no decorrer da ascensão de António de
Oliveira Salazar (durante algum tempo, Portugal vive mesmo sob um "presidencialismo bicéfalo", personificado por Carmona e Salazar). A evolução
dos acontecimentos, particularmente a redução do peso político das Forças Armadas e consequentemente da sua capacidade de intervenção junto dos
órgãos de decisão, acarreta o declínio da autoridade do próprio Marechal Carmona, que, apesar de continuar a ocupar a Presidência até ao seu
falecimento, vê diminuir drasticamente a sua autoridade e influência perante o aumento do poder efectivo do Presidente do Conselho de Ministros,
com o qual inclusivamente tem desencontros de opinião em momentos decisivos da evolução do Estado Novo.
1869 Nasceu em Lisboa a 24 de Novembro
1894 Concluiu o curso de Cavalaria, na Escola do Exército
1910 - 1911 Foi nomeado pelo Governo Provisório para a Comissão de reorganização do Exército
1922 Tornou-se General
1923 Ministro da Guerra no 38º Ministério, governo chefiado por Ginestal Machado
Assumiu o comando da 4ª Divisão Militar, em Évora
1926 Foi Ministro dos Estrangeiros no 48º Ministério, governo chefiado por Gomes da Costa
1926 - 1928 A 9 de Julho, assumiu a presidência do 49º Ministério, a par da pasta a Guerra
1926 Assumiu a chefia interina do Estado, a 16 de Novembro
1928 Foi eleito Presidente da República e reeleito em 1935, 1942 e 1949, consolidando o poder de António de Oliveira Salazar
1947 Foi elevado à dignidade de Marechal do Exército Português
1951 Faleceu em Lisboa no dia 18 de Abril
F. H. Craveiro Lopes
Francisco Higino Craveiro Lopes nasceu em 1894 e morreu em 1964. Oficial da Força Aérea (entrou em 1918 para a aviação, quando a guerra ainda
não havia terminado), prestara serviço militar no Corpo Expedicionário Português na Flandres durante o conflito e ocupara o importante cargo de
Comandante-Geral da Legião Portuguesa na segunda metade da década de quarenta. Embora tivesse ocupado discretamente uma cadeira de deputado
por algum tempo, não se encontrava vinculado a nenhuma das tendências que se manifestavam no seio das forças políticas de apoio ao Estado Novo
quando o Marechal Óscar Carmona faleceu em 1951. Foi, por isso, com alguma surpresa que surgiu como candidato indigitado às eleições que
tiveram de se realizar, inopinadamente, para a substituição do falecido Presidente. Candidato apoiado pela União Nacional, foi eleito sem surpresa
nem dificuldades. Embora tivesse exercido, de modo geral, as suas funções da maneira discreta e não intervencionista exigida pelo facto de o seu
cargo ser efectivamente de conteúdo protocolar e destituído de poder real de intervenção, algumas situações houve em que se não coibiu de tomar
posição contra a política oficial definida pelo Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar. Assim, são conhecidas as suas reticências (se não
mesmo oposição) à política colonial de Salazar e é nestas diferenças de opinião que se radica o seu apoio ao golpe de Estado frustrado do ministro da
Defesa, General Botelho Moniz, que em Abril de 1961, mal a guerra estalara em Angola, procurara derrubar Salazar e assim abrir caminho a uma
resolução política do conflito. Foram precisamente as divergências com Salazar que determinaram a sua substituição pelo Almirante Américo
Thomaz, candidato oficial do regime, apoiado pela União Nacional, nas eleições presidenciais de 1958.
1894 Nasceu em Lisboa, a 12 de Abril
1915 Terminou o curso de Cavalaria
Partiu para Moçambique
1917 Regressou à Metrópole, com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e da Espada
1918 - 1920 Regressa em nova comissão de serviço a Moçambique
1929 - 1939 Esteve na Índia Portuguesa
1944 - 1950 Foi Comandante-Geral da legião Portuguesa
Foi deputado à Assembleia Nacional
1949 Tornou-se general
1951 Foi eleito Presidente, lançado por Salazar
1958 Terminou as suas funções presidenciais
Tornou-se Marechal do Ar
Foi acusado discretamente de ter inspirado a tentativa de golpe do Gen. Botelho Moniz
1964 Faleceu em Lisboa, a 2 de Setembro
Américo Thomaz
Américo Deus Rodrigues Thomaz nasceu a 19 de Novembro de 1894 e faleceu a 18 de Setembro de 1987.
Quando a União Nacional, sob proposta de Salazar, o apresentou como candidato à Presidência da República, averbava no seu curriculum a
passagem pelo governo como Ministro da Marinha, num período de reformas da marinha mercante que ele próprio dirigira ou incentivara. A sua
aparição como candidato era fruto das desavenças entre Salazar e Craveiro Lopes, o anterior presidente, que se revelara pouco acomodatício nos
últimos tempos do seu mandato. Américo Thomaz, gozando do apoio da máquina política da União Nacional e das próprias estruturas do poder de
Estado, foi proclamado vencedor no pleito, em que teve de se defrontar com o General Humberto Delgado, cuja campanha dinâmica pusera
inesperadamente em causa a estabilidade, se não mesmo a sobrevivência, do regime. O sobressalto causado por Delgado provocou no regime uma
reacção de defesa, que consistiu na alteração do sistema eleitoral: se até aí os candidatos eram eleitos por sufrágio universal, passaram a ser eleitos
por um colégio restrito, no qual as surpresas não se poderiam manifestar. Tal alteração permitiu que Américo Thomaz, último presidente do Estado
Novo, tivesse sido reeleito para dois mandatos posteriores, sem oposição nem dificuldades, mantendo-se no cargo até ao golpe de 25 de Abril de
1974. O longo e protocolar exercício da função presidencial viria a sofrer sobressaltos, não por acção das forças políticas adversas, mas pela
inesperada doença incapacitante de Salazar. A evolução do estado de saúde do real dirigente do Estado colocou nas mãos de Américo Thomaz a
espinhosa responsabilidade de lhe encontrar sucessor. Foi, efectivamente, sua a opção por Marcello Caetano, opção em que não obteve o apoio
unânime das forças que apoiavam o regime. Demitido das suas funções em 25 de Abril de 1974, foi exilado para o Brasil, juntamente com outros
altos dignitários do regime deposto, tendo-se ali mantido até que o General Ramalho Eanes autorizou o seu pacífico regresso a Portugal, onde viria a
falecer com idade bastante avançada, tendo dedicado os últimos anos da sua vida à redacção de livros de memórias.
1894 Nasceu em Lisboa a 19 de Novembro
1914 Terminou o Curso da Escola da Armada
Esteve na I Guerra Mundial em comboios navais no Reino Unido e Norte de França
1920 - 1936 Fez parte da guarnição do navio hidrográfico 5 de Outubro, que chegou a comandar
1944 Foi Ministro da Marinha no 56º Governo, presidido por Salazar
1951 Foi promovido a Contra-Almirante
1958 Foi escolhido para candidato a Presidente, contra Humberto Delgado
Tomou posse do cargo a 9 de Agosto
1961 Ocorreram tumultos em Luanda e anexação de Diu, Damão e Goa pela União Indiana
1965 Foi reeleito em 1965 e 1972, mas não por sufrágio directo
1974 Deu-se a revolução do 25 de Abril; Tomaz foi deposto e deportado para o Funchal e depois exilado para o Brasil
1980 Regressou a Portugal
1987 Faleceu em Cascais, a 18 de Setembro
3ª República
(Pós 25 de Abril)
Presidente da Republica
António de Spínola
António Sebastião Ribeiro de Spínola nasceu a 11 de Abril de 1910. Oficial da arma de Cavalaria, ostenta na sua folha de serviço a participação,
como voluntário, nas forças expedicionárias enviadas por Salazar para Angola nos primeiros dias da guerra colonial e o exercício do cargo de
governador da Guiné durante cerca de seis anos (1968-1973). Neste cargo, deveu o seu largo prestígio a uma política de respeito pela individualidade
das etnias guineenses e à associação das autoridades tradicionais à administração, ao mesmo tempo que prosseguia a guerra por todos os meios ao seu
dispor, que iam da diplomacia secreta (encontros com Senghor, Presidente do Senegal) a incursões armadas em territórios vizinhos (ataque de
comandos a Conakri). Após o termo do seu mandato de governador e comandante-chefe, regressa a Portugal e é nomeado vice-chefe do EstadoMaior General das Forças Armadas.
É no exercício deste cargo que entra em choque com Marcello Caetano. O pretexto para a ruptura é a publicação de um livro em que Spínola propõe
soluções políticas e não militares para o termo da guerra, dentro de uma estrutura federalista que substituiria o Império. Demitido (juntamente com
Francisco da Costa Gomes, que, na qualidade de Chefe do Estado-Maior, autorizara a publicação do livro) por Caetano, Spínola regressa a uma
posição de grande destaque após o 25 de Abril de 1974, quando o Movimento das Forças Armadas (MFA), vitorioso, entrega o poder à Junta de
Salvação Nacional. Spínola acumulará as funções de presidente da Junta e de presidente da República durante alguns meses. No entanto, rapidamente
entrará em choque com as correntes mais radicais do Movimento, que o empurram para a aceitação da independência das colónias, lhe anulam o
projecto de concentração de poderes e lhe impõem como primeiro-ministro um militar esquerdista, Vasco Gonçalves. Bloqueado, recorre à
mobilização de forças políticas da chamada «maioria silenciosa» temerosa da radicalização da revolução e da possível instauração de uma ditadura
comunista em Portugal. A manifestação de apoio a Spínola (28 de Setembro de 1974) é frustrada pelas forças de esquerda, que por todo o país
levantam barricadas e impedem o acesso dos partidários do general a Lisboa e outros locais de concentração. Impotente perante os acontecimentos,
Spínola renuncia ao cargo (30 de Setembro), sendo substituído por Costa Gomes, mas continua a organizar forças e apoios contra o regime. Da
conspiração que dirige ou estimula sairá o golpe militar de 11 de Março de 1975, em que sofre nova derrota, exilando-se primeiro em Espanha e
depois no Brasil, de onde dirige uma organização clandestina (MDLP - Movimento Democrático de Libertação de Portugal) que se empenhará na
luta contra o regime democrático, luta que durante o período denominado PREC se radicaliza cada vez mais. A derrota das forças esquerdistas no
golpe fracassado de 25 de Novembro de 1975 tranquiliza Spínola e os seus apoiantes, leva à desmobilização do MDLP e cria condições políticas para
o seu regresso a Portugal, sendo reintegrado nas Forças Armadas e mais tarde promovido ao posto de marechal (1981) durante o mandato de
Ramalho Eanes. Apesar da idade avançada, não se desliga inteiramente da vida política, vindo a falecer a 23 de Agosto de 1996, pouco depois de,
publicamente, ter um inesperado gesto de reconciliação com o general Nino Vieira, presidente da República da Guiné-Bissau, seu antigo adversário
militar na Guerra Colonial.
1910 Nasceu em Estremoz a 11 de Abril
1932 Concluiu o curso de Cavalaria na Escola do Exército
1961 Partiu para Angola, para combater a guerrilha
1965 - 1966 Realiza o Curso de Altos Comandos
1966 Em Dezembro, foi promovido a Brigadeiro
1967 Foi nomeado 2º Comandante da GNR
1968 Foi nomeado Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné
1969 Torna-se General
1973 Termina as suas funções na Guiné, criticando a falta de apoio de Lisboa
1974 Em Janeiro, foi nomeado Vice-Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas
Em Fevereiro, publica o polémico livro Portugal e o Futuro
Foi escolhido para Presidente da Junta de Salvação Nacional, após o 25 de Abril
Foi proclamado Presidente da república, a 15 de Maio
Renunciou ao cargo presidencial, a 30 de Setembro
1975 Participou no golpe militar do 11 de Março, que fracassou; exilou-se no Brasil
1976 Regressou a Portugal
1981 Foi promovido a Marechal, a 16 de Dezembro
1987 Foi nomeado Chanceler das Antigas Ordens Militares
1996 Faleceu em Lisboa a 13 de Agosto
Francisco da Costa Gomes
Francisco da Costa Gomes nasceu a 30 de Junho de 1914 e faleceu a 31 de Julho de 2001. Em 1974, após o triunfo da
revolução de Abril, aparece como membro da Junta de Salvação Nacional, a quem o poder foi entregue pelos militares organizadores do golpe.
Militar com longa carreira, fora secretário de Estado num governo de Salazar (1958-1961), tendo sido destituído devido à sua participação no golpe
de Estado falhado do general Botelho Moniz. A sua carreira militar decorrera em grande parte nas colónias em guerra (Moçambique e Angola), em
funções de comando e direcção, após o que assume o cargo de chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, em 1973. É no exercício destas
funções que autoriza a publicação do livro em que o general António de Spínola defende a opção política para pôr termo à guerra, circunstância que
acarreta a demissão de ambos.
Quando, em 18 de Setembro de 1974, Spínola tenta um golpe de força com a finalidade de impedir a radicalização da revolução e se vê forçado a
abandonar os cargos que detinha, Costa Gomes assume a Presidência da República. O período que se segue será marcado pelo entrecruzar de linhas
políticas antagónicas, que colocam o país, nalguns momentos mais delicados, à beira da guerra civil. Costa Gomes realiza equilíbrios sucessivos entre
as forças em conflito, particularmente entre o golpe spinolista de 11 de Março de 1975 e o golpe de 25 de Novembro, em que as forças esquerdistas
são arredadas do poder, tendo muito provavelmente a sua mediação e negociação constantes impedido o estalar do conflito.
Será durante o seu mandato (1974-1976) que se concluirá o processo de independência das colónias e será aprovada a Constituição da República,
após o que se procede a eleições livres, que levam à Presidência o general António Ramalho Eanes. Costa Gomes passará à reserva e virá a ser
promovido a marechal em 1981, juntamente com Spínola.
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F. Costa Gomes
1914 Nasceu em Chaves a 30 de Junho
1935 ompletou o curso de Cavalaria na Escola de Guerra
1944 Licenciou-se em Ciências Matemáticas, na Universidade do Porto
1958 - 1961 Foi sub-secretário de Estado do Exército entre 1958 e 1961
1961 Tornou-se General
1965 - 1969 Foi 2º Comandante e Comandante da Região Militar de Moçambique
1970 - 1972 Foi Comandante-Chefe das Forças Armadas de Angola
1972 - 1974 Foi Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA)
1974 Foi exonerado do cargo por apoio à edição do livro Portugal e o Futuro, de António de Spínola
Tornou-se novamente CEMGFA, na sequência do 25 de Abril
Foi membro da Junta de Salvação Nacional entre 25 de Abril e 30 de Setembro
A 30 de Setembro tornou-se Presidente da República
1976 Abandonou o cargo presidencial a 13 de Julho
Assegurou as eleições para a Assembleia Constituinte e da República
Foi vice-Presidente do Conselho Mundial da Paz
1981 Foi promovido a Marechal em 1981
António Ramalho Eanes
António dos Santos Ramalho Eanes nasceu a 25 de Janeiro de 1935. Oficial da arma de Infantaria, com várias comissões de serviço nas guerras de
África, encontrava-se em Angola no momento em que eclodiu o golpe militar de 25 de Abril de 1974. Não tendo naquele momento qualquer posição
proeminente no Movimento das Forças Armadas (MFA), não era no entanto um desconhecido, já que tivera posição activa e de destaque apenas um
ano antes, ao repudiar a realização de um Congresso dos Combatentes organizado por militares apoiantes da continuação da guerra a todo o custo.
Após a vitória da Revolução, as funções que é chamado a desempenhar são de âmbito civil: primeiro director de programas e depois presidente da
Radiotelevisão Portuguesa. Acusado de colaboração no golpe spinolista frustrado de 11 de Março, é alvo de um inquérito por ele próprio exigido, e
ilibado. Discreto, a opinião pública ignora-o praticamente até ao dia em que uma sucessão de golpe e contra-golpe militares o colocam em grande
evidência: Eanes surge como o organizador da resistência ao golpe das forças de esquerda e ganha instantânea popularidade por esse motivo.
A sua vitória nesse confronto justifica a sua nomeação para o posto de chefe do Estado-Maior do Exército, o que lhe permite intervir decisivamente
na reorganização das forças militares, que regressam aos quartéis e abandonam a política, e na redacção e aprovação de Lei Constitucional das Forças
Armadas, que institucionaliza a despolitização das mesmas. É armado com o prestígio conquistado que concorre às eleições presidenciais, sendo
eleito para dois mandatos sucessivos, por maiorias amplas (61% no primeiro mandato e 56% no segundo).
Os dez anos da sua presidência, de 1976 a 1986, são, apesar da consolidação institucional da democracia representativa, anos de instabilidade política
acentuada - Eanes nomeará seis Governos, experimentando diversas combinações, de acordo com resultados eleitorais e pleitos parlamentares
(governo monopartidário e coligações), tendo mesmo recorrido a governos da sua própria responsabilidade, sem êxito duradouro. Foram notórias as
suas dificuldades de relacionamento pessoal e político com diversos políticos e mesmo com chefes de Governo, particularmente com Mário Soares.
Ao aproximar-se o final do seu segundo mandato, a desilusão com a classe política leva-o a apadrinhar a constituição de um novo partido (Partido
Renovador Democrático- PRD), que obteve resultados surpreendentemente elevados no primeiro escrutínio a que se submeteu, mas que viria também
ele a decair e a dissolver-se.
Eanes não se afastaria inteiramente da vida política activa, tendo mesmo chegado a ponderar a possibilidade de se apresentar a nova candidatura
presidencial em 1995 mas desistindo de o fazer por considerar que a situação que se vivia não lhe deixava espaço político suficiente para afirmar um
projecto autónomo.
1935 Nasceu em Alcains, Castelo Branco, a 25 de Janeiro
1957 Concluiu o curso de Infantaria na escola do Exército
Desempenhou comissões de serviço na Índia, Macau, Moçambique e Guiné
1973 - 1974 Participou em reuniões do Movimento das Forças Armadas
1974 Durante o 25 de Abril estava em Angola
Depois da Revolução, fez parte da comissão ad hoc para a Comunicação Social; foi nomeado Director de Programas da RTP e depois seu Presidente
do Conselho de Administração
1975 Foi um resistente à radicalização de esquerda da Revolução
Foi um dos “heróis” do 25 de Novembro
1975 - 1976 Foi Chefe de Estado Maior do Exército
1976 A 27 de Junho, tornou-se no primeiro Presidente da República eleito depois do 25 de Abril
1976 - 1980 Durante o primeiro mandato, foi simultaneamente CEMGFA e Presidente do Conselho da Revolução
1980 Foi reeleito para um segundo mandato que termina em 1986
1984 Foi um dos mentores da fundação do Partido Renovador Democrático (PRD) em 1984
Mário Soares
Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu em 1924. Oriundo de uma família com tradições políticas republicanas liberais,
participou activamente, desde a juventude, em actividades políticas contra o Estado Novo, o que lhe acarretou a passagem
pelas prisões da polícia política e o exílio, primeiro em S. Tomé e depois em França, onde o 25 de Abril de 1974 o encontraria.
Advogado, defendeu em tribunais plenários numerosos opositores do regime, tendo-se destacado como representante da
família Delgado nas investigações sobre as circunstâncias e responsabilidades da morte do "General sem Medo". Oposicionista
declarado, apresentou-se como candidato em actos eleitorais consentidos pelo regime, nunca sendo, obviamente, eleito.
Dirigente da Acção Socialista Portuguesa, é um dos fundadores do Partido Socialista (1973), de que será o primeiro secretáriogeral. Após o levantamento dos capitães em 1974, regressa prontamente a Portugal, ocupando a pasta dos Negócios
Estrangeiros, passando a ser responsável pelo estabelecimento de relações diplomáticas com diversos países do mundo e pelas
negociações que levariam à independência das colónias portuguesas. No plano da política interna, destaca-se principalmente
pela oposição à influência política e social de comunistas e partidos de extrema-esquerda, combatendo, não só o peso daqueles
dentro das instituições militares e no aparelho de Estado, mas também a proposta de unicidade sindical.
Será primeiro-ministro de três governos constitucionais, assumindo o poder sempre em situações de grande gravidade
(instabilidade resultante do PREC, crise financeira, etc.), governando ora com o apoio exclusivo do seu partido ora em coligação, consoante a relação
de forças estabelecida no Parlamento. Será o segundo presidente da República eleito democraticamente após o restabelecimento da democracia,
cumprindo dois mandatos sucessivos entre 1986 e 1996, durante os quais se empenhou repetidamente, quer na dinamização das relações externas,
quer na auscultação das aspirações e reclamações populares, através de "presidências abertas" que o levaram a percorrer praticamente todo o
território nacional. Homem controverso, as suas relações com correligionários e com outros políticos destacados (Francisco de Sá Carneiro, António
Ramalho Eanes, Salgado Zenha, Aníbal Cavaco Silva) foi por vezes tempestuosa ou, pelo menos, difícil; no entanto, conseguiu conservar grande
capital de simpatia popular até ao fim do seu segundo mandato. Aquando da sua primeira candidatura presidencial, renunciou à filiação partidária e,
contrariamente a algumas expectativas, quando saiu de Belém não regressou às fileiras do partido em cuja fundação teve significativo papel. No seu
discurso de despedida ao povo português, deixou claramente expresso o desejo de se afastar definitivamente da política ("política nunca mais") e de
se dedicar a outras actividades, particularmente à escrita.
Em 1998 recebeu um convite da ONU, para chefiar uma missão de informação à Argélia, reunindo várias personalidades escolhidas por Kofi Annan.
O objectivo desta missão foi observar a situação vivida neste país através do contacto com organizações políticas, representantes de jornais e visitas a
vários locais.
1924 Nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1924
1945 - 1948 Fundou o MUD (Movimento de Unidade Democrática) Juvenil em 1945-48
1951 Licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas
1957 Licenciatura em Direito
1962 Co-fundador da Acção Socialista em 1962
1968 - 1969 Resistente anti-fascista, foi deportado para S. Tomé em 1968-69
1970 - 1974 Em 1970, foi obrigado a exilar-se em França (até 1974)
1973 Fundou, na Alemanha, o Partido Socialista, em 1973, de que foi Secretário-Geral
1974 Regressou a Portugal em 1974, na sequência da revolução do 25 de Abril
1975 Líder da resistência civil contra a radicalização da Revolução, em 1975
1976 - 1977 Foi Primeiro-Ministro nos I Governo Constitucional, entre outros cargos ministeriais
1978 Foi Primeiro-Ministro no II Governos Constitucionais, entre outros cargos ministeriais
1983 - 1985 Foi Primeiro-Ministro no IX Governo Constitucional, entre outros cargos ministeriais
1986 - 1991 Eleito Presidente da República em 1986 e reeleito em 1991 (fim em 1996)
1991 - 1996 Eleito Presidente da República em 1986 e reeleito em 1991 (fim em 1996)
1998 Em 1998 foi nomeado presidente da Comissão Mundial dos Oceanos
1999 Presidente da Fundação Mário Soares desde Junho de 1999
Jorge Sampaio
De seu nome completo Jorge Fernando Branco de Sampaio, nasceu a 10 de Setembro de 1939. Iniciou a sua carreira política ainda como estudante da
Faculdade de Direito de Lisboa (por onde se licenciou pouco depois) quando, em 1962, o governo de Salazar proibiu a comemoração do Dia do
Estudante, desencadeando uma crise marcada pela greve estudantil ("luto académico"), reprimida por vezes com brutalidade. Terminado o curso,
dedicou-se à advocacia, participando, como muitos outros advogados oposicionistas, em julgamentos nos Tribunais Plenários, como defensor de
oposicionistas presos (por exemplo, os implicados no assalto ao quartel de Beja desencadeado por partidários de Humberto Delgado). Candidatandose a deputado em 1969, não foi eleito, como aconteceu a todos os oposicionistas. Após o 25 de Abril de 1974, integrou-se em movimentos de
esquerda próximos do Partido Socialista (Movimento de Esquerda Socialista e Grupo de Intervenção Socialista), acabando por aderir ao Partido
Socialista, do qual foi mais tarde secretário-geral. Como militante socialista, candidatou-se e foi eleito por três vezes para o Parlamento, tendo
cumprido um biénio como presidente do Grupo Parlamentar do seu partido. Se a sua experiência governativa é curta (Secretário de Estado em 1975),
o mesmo já não se pode dizer da sua permanência à frente da edilidade lisboeta, pois nesta assumiu dois mandatos sucessivos, o último dos quais
interrompido para Sampaio se candidatar à presidência da República em 1996. Beneficiando de um apoio vasto de figuras da política e da cultura, e
beneficiando também da solidariedade institucional do PS, de que continua a ser militante, venceu (com 53,8% dos votos) os seus opositores Aníbal
Cavaco Silva e Jerónimo de Sousa, transformando-se no terceiro presidente eleito depois da restauração da Democracia. Recandidatou-se ao lugar em
2001 e venceu as eleições, conquistando 55,8% dos votos.
1939 Nasceu em Lisboa a 18 de Setembro
1961 Licenciou-se em Direito
1962 Secretário-Geral da RIA (Reunião Inter-Associações Académicas) na crise estudantil de 62
1973 Candidato pelo CDE (Centro Democrático de Esquerda) às eleições para a Assembleia Nacional
1974 Foi um impulsionador do Movimento de Esquerda Socialista (MÊS)
1975 Foi secretário de estado da Cooperação Externa no IV Governo Provisório
1976 Foi fundador do grupo "Intervenção Socialista"
1978 Aderiu ao PS
1979 Foi eleito deputado à Assembleia da República (reeleito em 1980, 1985, 1987 e 1991)
1979 - 1984 Foi membro da Comissão Europeia dos Direitos do Homem do Conselho da Europa
1989 Foi Secretário-Geral do PS e membro do Conselho de Estado
Foi eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa (e reeleito em 1993)
1993 Foi reeleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa
1996 Foi eleito Presidente da República
2001 Foi reeleito Presidente da República em 2001
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