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Conceitos para formulação de ração: Medição de Nutrientes
Em nosso último artigo (Conceitos para formulação da ração 1. Ingrediente e
Nutriente, neste site) discutimos o que é ingrediente e nutriente e noção geral do que é
exigência nutricional dos animais, lançando as bases para a compreensão de como
formular uma ração. Vimos que os animais necessitam de nutrientes para manutenção
de suas funções bioquímicas, e tais nutrientes estão contidos em ingredientes ou
alimentos, que compõem sua dieta. Desta forma, devemos conhecer a quantidade de
nutrientes necessários para cada fase de vida do animal, e a partir daí, podemos calcular
a quantidade de alimentos necessários para suprir os nutrientes nos níveis adequados.
Do exposto acima, podemos deduzir que as exigências dos animais e a
quantidade de nutrientes dos alimentos são expressos em números. E se há números,
podemos compará-los, de modo a valorizá-los economicamente. Da mesma forma
podemos comparar as rações prontas. O produtor instintivamente já faz isso.
Normalmente ele compra a ração para sua criação baseado no teor de proteína
bruta. Porém como já comentamos, os animais exigem vários nutrientes, e o
comparativo deve levar em conta outros dados como nível energético, perfil de
aminoácidos digestíveis, minerais disponíveis, além de vitaminas e minerais.
Para avaliarmos corretamente os alimentos e as formulações finais, é importante
entendermos como os valores dos nutrientes são medidos, e quais são as unidades
utilizadas para fazermos comparações justas.
A energia dos alimentos, grosso modo, é medida através de bomba
calorimétrica, onde uma pequena porção é queimada e a energia liberada é medida.
Quanto mais energia no alimento, mais energia é liberada na queima. Assim
temos a chamada energia bruta do alimento. Porém, os animais não aproveitam 100%
da energia ingerida, pois parte dela será digerida e será eliminada nas fezes. Então
mede-se a energia bruta do alimento ingerido e a energia do alimento eliminado nas
fezes. Pela diferença, teremos então a energia digestível do alimento em estudo. Ainda
assim, o animal não terá toda esta energia disponível para suas funções metabólicas,
pois parte desta será perdida no organismo, sendo eliminada junto com a urina e gases.
Descontando estas perdas, teremos a energia metabolizável, que é comumente
utilizada na formulação de rações. Podemos ainda ser mais precisos, e descontar a
energia utilizada na produção de calor corporal, pois esta não será utilizada para
produção, sobrando à energia líquida, que é a que realmente o organismo utiliza para
mantença e produção.
A energia é expressa em calorias (cal) e seus múltiplos como quilocaloria (kcal,
103 cal) e megacaloria (Mcal, 106 cal).
A proteína bruta, fibra bruta, matéria mineral, aminoácidos, e macrominerais são
expressos em percentual do alimento ingerido. Na verdade os animais necessitam de
gramas ou miligramas diárias destes nutrientes, porém, para facilitar os cálculos, o
nutricionista estima o consumo diário de ração e converte a necessidade do animal em
gramas/dia em percentual da dieta. Então é comum vermos ração com 22% de proteína
bruta para vaca de leite, ou ração com 1% de lisina para frangos, ou ainda ração com
2% de cálcio e 1% de fósforo para cães filhotes.
No caso da proteína e dos aminoácidos, ainda há que se considerar se estão
sendo expressos na forma de nutriente digestível. É muito comum, principalmente em
rações de monogástricos, como aves e suínos, o termo proteína digestível ou
aminoácido digestível, como lisina digestível ou metionina digestível. Isto se deve ao
fato que nem toda proteína ou aminoácido ingerido será absorvido no intestino, sendo
que parte será eliminada pelas fezes. Da mesma forma como mede-se energia digestível,
fazemos a medição da quantidade de proteína ou aminoácido ingerido e a quantidade
eliminada nas fezes. A diferença será a porção que foi absorvida no intestino e fará parte
do metabolismo, pois esta é uma forma mais precisa de estimarmos as exigências dos
animais e compararmos o valor nutricional dos alimentos.
Como exemplo, podemos comparar o farelo de soja com 46% de proteína bruta e
a farinha de carne com 50% de proteína bruta. Veja que a farinha de carne tem mais
energia bruta, mais proteína, mais metionina e praticamente a mesma quantidade de
lisina e treonina total quando comparado ao farelo de soja 46. No entanto, quando
comparamos a energia metabolizável e os nutrientes digestíveis, o farelo de soja se
apresenta como ingrediente mais rico nutricionalmente.
Entre os minerais, especial atenção deve ser dada ao fósforo. Os grãos vegetais
apresentam baixa disponibilidade do fósforo em virtude da presença de ácido fítico em
grande quantidade, que faz a complexação do fósforo encontrado nestes vegetais,
impedindo sua absorção a nível intestinal. Dependendo do alimento, até 60% do fósforo
pode estar indisponível, não sendo aproveitado pelo animal, sendo eliminado nas fezes.
Desta forma, para animais monogástricos, costuma-se expressar a quantidade de fósforo
total e fósforo disponível nas formulações.
Os demais microminerais e vitaminas são expressos em partes por milhão (ppm),
exceto vitamina A, D e E, que são expressos em unidades internacionais (UI) por quilo
de ração. 1 ppm é igual a 1 mg/kg ou 1 g/tonelada de ração.
Nos rótulos de rações comerciais, normalmente expressam-se os níveis mínimos
de garantia exigida pelo Ministério da Agricultura, que é composto pelos níveis máximo
de umidade, mínimos de proteína bruta, máximo de cálcio, mínimo de fósforo total,
máximo de fibra bruta, máximo de matéria mineral e extrato etéreo (gordura). Com a
sofisticação da comercialização de matérias-primas e rações, algumas empresas já
distribuem panfletos informando níveis nutricionais mais detalhados de seus produtos,
permitindo que o produtor julgue mais racionalmente o valor dos produtos que está
adquirindo.
Fonte: Bünge Alimentos
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