1. INTRODUÇÃO A escolha racional de um antibiótico em uma instituição hospitalar é importante uma vez que controla a utilização desses medicamentos, evitando assim o desenvolvimento de resistência bacteriana ao antimicrobiano, decorrente muitas vezes do seu uso indiscriminado. Além disso, uma escolha adequada do antimicrobiano pode reduzir os gastos com internações devido a uma maior efetividade do tratamento. O uso indiscriminado de antimicrobianos tem como conseqüência a formação de cepas bacterianas multiresistentes, que causam superinfecções e, consequentemente, redução do espectro de drogas que sejam corriqueiramente eficazes no tratamento daquela infecção. São necessários, portanto, estudos que investiguem a condição na qual o antibiótico prescrito venha a ser utilizado (se para profilaxia ou para o tratamento de uma infecção já instalada), sua posologia, o tipo de microorganismo envolvido no processo infeccioso (quando possível à identificação do mesmo), bem como a sensibilidade do patógeno aos antibióticos disponíveis na instituição hospitalar. A observação de todos os fatores citados anteriormente, junto à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, motivou a realização deste estudo que tem como objetivo propor estratégias para racionalização do uso dos antimicrobianos, permitindo assim otimizar a utilização das opções terapêuticas para as mais diversas infecções bacterianas, reduzindo assim o índice de resistência microbiana, os dias de internação do paciente (melhorando sua qualidade de vida) e os gastos gerados para o hospital em decorrência de uma maior estadia do paciente na instituição. Infecção Hospitalar ou infecção nosocomial, é toda infecção adquirida após admissão do paciente ao hospital, que se manifesta durante a internação, ou mesmo após a alta, caso haja alguma relação com a hospitalização. Pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção possivelmente adquirida no hospital são considerados para tratamento como portadores de infecção hospitalar do hospital de origem e infecção comunitária do ponto de vista epidemiológico em relação ao hospital atual. Em contraste, entende-se por infecção comunitária a infecção constatada ou em incubação no ato da admissão hospitalar, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital, bem como qualquer complicação ou extensão da infecção já presente na admissão, a menos que haja troca de microrganismos com sinais e sintomas sugestivos de aquisição de nova infecção (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998). O controle de uma determinada infecção, seja ela hospitalar ou comunitária, é realizado por meio de drogas antimicrobianas, medicamentos capazes de inibir o crescimento ou impedir processos vitais à sobrevivência do microrganismo infectante, sendo capazes de destruir ou de suprimir sua multiplicação ou crescimento. Podem ser utilizados com finalidades profilática ou curativa. (FUCHS, F.D. et al, 2004). O desenvolvimento da síntese de fármacos que ocorreu a partir do início do século XX ampliou significativamente o arsenal terapêutico para tratamento das infecções. A grande variedade de antimicrobianos com propriedades farmacológicas distintas existentes atualmente é um dos principais fatores que propiciam o uso inadequado. Para emprego racional de antimicrobianos, é importante identificar ou presumir, com segurança, qual o microrganismo causador da infecção, conhecer as características farmacológicas do medicamento que vai ser utilizado e avaliar com precisão o paciente. A decisão clínica do que usar é complexa, envolvendo múltiplos fatores, sendo necessário que o prescritor tenha informações básicas sobre infectologia, farmacologia antimicrobiana e microbiologia.(REIS, A.D.; CASTRO, M.S., 2005). A facilidade de uso dos antimicrobianos, o diagnóstico impreciso, o deficiente controle sanitário, a medicina popular, as dificuldades para o estabelecimento do diagnóstico correto de um processo infeccioso, a utilização subótima e a falta de fiscalização da venda de antimicrobianos, são fatores que contribuem para o uso impróprio e, consequentemente, para o aumento na formação de cepas multirresistentes. A implantação de políticas efetivas de uso racional de antimicrobianos é essencial para reverter esse processo (MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE POLÍTICAS DE SAÚDE. Portaria Nº 930, de 27 de agosto de 1992). No Brasil, a lei 9431/97 (Diário Oficial da União) determina a obrigatoriedade dos hospitais manterem um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) e preconiza a criação de uma Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) para execução desse controle. A escolha racional do antimicrobiano a ser utilizado, envolve a aplicação de dois componentes farmacológicos distintos: o farmacodinâmico e o farmacocinético, que são integrados em índices farmacológicos, utilizados na padronização dos pontos de corte que discriminam os microrganismos sensíveis ou resistentes, e auxiliam na definição das doses e intervalos de administração a serem empregados. (BARGER, A.B. et al,2003) O componente farmacocinético descreve os processos da absorção, distribuição e eliminação dos antimicrobianos, que determinam as concentrações sangüíneas e tissulares para uma determinada dose. O antimicrobiano precisa alcançar o local da infecção, manter concentrações suficientes no foco da infecção para execer a sua ação, e permanecer no local tempo suficiente para inibir a multiplicação ou matar os microrganismos. A eliminação do antimicrobiano do foco de infecção ocorre paralelamente ao seu processo de eliminação de todos os compartimentos do organismo humano, e é considerada completa após decorrido um tempo após administração da dose, que varia de quatro a cinco vezes a meia-vida de eliminação do antimicrobiano. Na prática clínica, os intervalos de administração utilizados são duas a quatro vezes maiores do que a meia-vida de eliminação do fármaco, e são influenciados por outros fatores relacionados ao hospedeiro, ao local da infecção e ao agente etiológico (GUVEN, G.S., 2003) Por outro lado, o componente farmacodinâmico relaciona as concentrações sangüíneas da droga com a atividade antimicrobiana avaliada in vitro e também à toxicidade sobre o hospedeiro. Os parâmetros farmacodinâmicos são freqüentemente empregados para quantificar a atividade antimicrobiana para determinado patógeno. Esses parâmetros farmacodinâmicos são: a concentração inibitória mínima (CIM) e a bactericida mínima (CBM) determinadas in vitro. Na determinação da CIM e da CBM in vitro, procura-se utilizar concentrações equivalentes às concentrações que seriam alcançadas no sangue com as doses terapêuticas padrões (LI, R., 2000). CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS Existem várias classificações na literatura farmacológica, a classificação adotada neste trabalho é a classificação Anatomical Therapeutic Chemical – ATC esta classificação foi obtida do WHO Collaborating Centre for Drug Statiscs Methodology, que é adotada pela Organização Mundial de Saúde. (WHO COLLABORATING CENTRE FOR DRUG STATISCS METHOLOGY) QUADRO 1. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS. Antibacterianos de Uso Sistêmico Macrolídeos, Lincosamidas e Estreptograminas • Macrolídeos: azitromicina, claritromicina, eritromicina, espiramicina e telitromicina • Lincosamidas: clindamicina e lincomicina • Estreptograminas: quinuspristina/dalfopristina Tetraciclinas • Doxiciclina, minociclina, tetraciclina e clortetraciclina Sulfonamidas e Trimetoprima • Sulfametoxazol+trimetoprima, sulfadiazina Antibacterianos Beta-lactâmicos • Penicilinas: Penicilinas sensíveis às beta-lactamases: Penicilina G e V Penicilinas resistentes às beta-lactamases: oxacilina Penicilinas de espectro ampliado: ampicilina, amoxicilina, piperacilina e ticarcilina Inibidores de beta-lactamase: ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam Penicilinas associadas aos inibidores das beta-lactamases • Cefalosporinas e relacionados: cefalexina, cefalotina, cafazolina, cefaclor, cefadroxil, cefuroxima, cefotaxima e cefepima. • Monobactâmicos: Aztreonam • Carbapenêmicos: imipenem+cilastatina, meropenem e ertapenem Quinolonas • Fluoroquinolonas: ciprofloxacina, norfloxacina, gatifloxacina, ofloxacina e levofloxacina Glicopeptídeos: Vancomicina e teicoplanina Aminoglicosídeos: gentamicina, tobramicina, netilmicina e amicacina Outros: • Oxazolidinonas: linezolida • Anfecicóis: cloranfenicol • Derivados imidazólicos: metronidazol Polimixinas: colistina e polimixina B Fonte: Adaptado de WHO Collaborating Centre for Drug Statiscs Methodology. USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS O surgimento de novos antimicrobianos, sobretudo nas últimas três décadas, aliado ao avanço nos cuidados médico-hospitalares, proporcionou um aumento considerável no consumo de antimicrobianos no ambiente hospitalar, especialmente em unidades de terapia intensiva e onco-hematologia. Este fato responsável por elevar a sobrevida destes pacientes, mas por outro lado proporcionou o desenvolvimento de altos níveis de resistência bacteriana aos antimicrobianos disponíveis. Atualmente, o conceito de uso racional de antimicrobianos tem sido encarado como uma estratégia de controle para a disseminação da resistência antimicrobiana. Há, sem dúvida, uma expectativa de que o uso racional destas drogas possa reduzir as altas taxas de resistência antimicrobiana e a mortalidade associada às infecções por estes microrganismos. (CORRÊA, L. et al, 2005). A Organização Mundial de saúde (OMS) desenvolveu uma estratégia global para conter a resistência antimicrobiana e estabeleceu a seguinte definição para adequação do uso de antimicrobianos: “é aquela que maximiza os efeitos terapêuticos clínicos, enquanto minimiza tanto a toxicidade relacionada aos medicamentos quanto ao desenvolvimento de resistência antimicrobiana.” Na prática, isto significa prescrever um antimicrobiano que seja benéfico para o paciente, dirigido ao patógeno, em dose e com tempo de duração do tratamento adequado, principalmente no ambiente hospitalar. (WHO COLLABORATING CENTRE FOR DRUG STATISCS METHOLOGY). De forma geral, o uso adequado de antimicrobianos deve seguir os mesmos princípios utilizados para todos os medicamentos priorizando sobretudo, eficácia, aliada à menor toxicidade. Deve ser ressaltado que, diferentemente de outros medicamentos, a terapia antimicrobiana, embora seja uma escolha individualizada pode ter como resultado a pressão seletiva exercida por estes agentes e afetar a saúde de toda a sociedade. (WEINSTEIN, R.A., 2001). O uso racional tem como principal objetivo reduzir os gastos com o uso de antimicrobianos no sistema de saúde pública, pois além dos aspectos psíquicos e sociais e do risco de seqüelas e morte para o paciente, a infecção tem alto custo para o sistema de saúde por determinar hospitalização mais prolongada e o uso de drogas de elevado custo (MCGOWAN JR, J.E., 2001). A preocupação com o uso inadequado das drogas antimicrobianas é importante, pois esse constitui o principal fator associado ao aparecimento de resistência entre os microorganismos. (REIS, A.D.M.; CASTRO, M.S.,2005) O uso racional e a restrição do uso de antimicrobianos tem sido considerada efetiva em reduzir os custos e o excesso da prescrição de antimicrobianos de amplo espectro contendo o aparecimento de resistências. O uso racional de antimicrobianos é um dos pilares no controle de infecções, podendo reduzir ou até mesmo reverter o espectro de resistência bacteriana. (WHITE, A.C., 1997). TERAPIA ANTIMICROBIANA Os tratamentos para fins terapêuticos são aqueles administrados aos pacientes que contam com algum diagnóstico infeccioso tanto no ingresso como no momento da alta, seja com base na clínica ou no diagnóstico microbiológico (PRETELL, J.C.G.T., 2003). A terapia antimicrobiana é feita através da administração de antimicrobianos em pacientes com sinais e sintomas clínicos de infecção, tendo como finalidade a cura de doença estabelecida ou combater um agente infeccioso situado em determinado foco. (CONSENSO SOBRE O USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS, 1998). As aplicações dos antimicrobianos são definidas, essencialmente com base no conhecimento do microrganismo infectante e no tipo de atividade pretendida, se curativa ou profilática. O uso profilático é aceito quando se deseja prevenir uma infecção em situações onde há risco elevado de infecção, obedecendo a critérios bem definidos de análise para instalação do processo terapêutico. A terapia antimicrobiana pode ser específica ou empírica: a específica é executada mediante identificação do microrganismo por meio de teste laboratorial ou quando a manifestação clínica é característica deste microrganismo; a presuntiva, ou empírica, é guiada pelo possível agente infeccioso que é prevalente naquele tipo de manifestação clínica. (FUCHS, F.D. et al,2004) PROFILAXIA ANTIMICROBIANA A profilaxia antimicrobiana em cirurgia é definida como o uso de antimicrobianos para fins de prevenção de infecções no sítio cirúrgico (MUNCHORF, W., 2005), sendo realizada em intervenções nas quais o paciente não se encontra com qualquer processo infeccioso prévio ao procedimento médico. O risco de contaminação durante a cirurgia define a indicação da profilaxia antimicrobiana, segundo TAVARES, W., 1996: • Cirurgias limpas: são aquelas geralmente realizadas de forma eletiva, na ausência de processo infeccioso local, em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação. Em condições tecnicamente adequadas, o potencial de infecção é baixo (inferior a 5%), o que em geral, não justifica o uso profilático de antimicrobianos, exceto nos casos em que uma eventual infecção requeira tratamento complexo e represente risco significativo ao paciente. • Cirurgias potencialmente contaminadas: são aquelas realizadas com a presença de supuração ou em tecidos que albergam microbiota própria, pouco numerosa e de difícil descontaminação. O potencial de infecção, nessas cirurgias, situa-se entre 8 e 15%, por isso, habitualmente, se recomenda a profilaxia antimicrobiana. • Cirurgias contaminadas: são aquelas realizadas em qualquer tecido que apresente supuração local, feridas traumáticas ocorridas há mais de seis horas do atendimento, feridas traumáticas grosseiramente contaminadas com sujeira ambiental ou fezes, ou fraturas expostas e perfurações de vísceras ocas no abdome e em tecidos com microbiota própria, abundante, de difícil descontaminação. O risco de infecção nessas cirurgias é elevado (15 a 20%), por isso se indica a profilaxia. SELEÇÃO DO ANTIMICROBIANO A seleção de um antimicrobiano e o modo de administração, em profilaxia cirúrgica, deve levar em consideração: • Espectro antimicrobiano: a seleção deve ser conduzida com base no conhecimento dos tipos de microrganismos prevalentes em determinado procedimento cirúrgico, bem como no conhecimento dos padrões de sensibilidade antimicrobiana local; (MEDICAL PRODUTCS AGENCY. The Norwegian Medicines Control Authority. Work shop: Infection Profilaxys in Sugery, 1999). • Farmacocinética: os antimicrobianos devem atingir concentração no plasma, tecidos e fluidos teciduais, durante todo o procedimento cirúrgico, que seja suficiente para prevenir infecções pós-cirúrgicas. A profilaxia deve ser iniciada antes do procedimento cirúrgico para proporcionar concentração adequada do fármaco no momento em que houver risco de contaminação bacteriana. Recomenda-se que a dose de antimicrobianos com meia-vida plasmática curta (até 1 hora; exemplo muitas penicilinas e cefalosporinas) seja repetida em procedimentos cirúrgicos prolongados (mais de 4 horas) (MUNCHORF, W., 2005 e MEDIACAL PRODUTCS AGENCY. The Norwegian Medicines Control Authority. Work shop: Infection Profilaxys in Sugery, 1999). A perda de eficácia da profilaxia cirúrgica ocorre quando um antibacteriano com meia-vida plasmática curta é administrado mais de duas horas antes ou mais de três horas após a cirurgia. (MEDICAL PRODUCTS AGENCY. The Norwegian Medicines Control Authority. Work shop: Infection Profilaxys in Sugery, 1999). • Duração do tratamento: a manutenção de concentrações teciduais de antimicrobiano, após o período da cirurgia e de recuperação da fisiologia normal após anestesia, não melhora a eficácia e aumenta a toxicidade e custo. A continuação da profilaxia antimicrobiana até drenagem cirúrgica está em desuso, é ilógica e sem benefício comprovado (MUNCHORF, W., 2005). • Dose e via de administração: a dose profilática de um antimicrobiano nunca deve ser inferior à dose terapêutica. A via mais empregada é a intravenosa, em injeção direta (bolus) com início na indução da anestesia. Contudo, há uma tendência de mudança para via oral, especialmente para antimicrobianos com elevada biodisponibilidade, como doxiciclina, metronidazol e sulfametoxazol+trimetoprima. Um pré-requisito para profilaxia por via oral é que o paciente tenha função gastrointestinal normal, devendo ser iniciada uma a duas horas antes da cirurgia e, preferencialmente, antes da pré-medicação. Nos casos de disfunção renal, os antimicrobianos que são predominantemente eliminados pela via urinária não requerem ajuste de dose devido ao curto período de uso. .(MEDICAL PRODUCTS AGENCY.The Norwegian Medicines Control Authority. Work shop: Infection Profilaxys in Sugery, 1999). Existe, ainda, a profilaxia clínica e não cirúrgica que consiste na administração de um antimicrobiano antes, durante ou imediatamente após a exposição a um agente infeccioso. A profilaxia clínica está indicada para prevenir o desenvolvimento de uma infecção sintomática ou propagação de uma doença infecciosa, como no caso da prevenção de doença meningocócica. RESISTÊNCIA MICROBIANA A resistência as antimicrobianos é um fenômeno relacionado à formação de cepas não sensíveis à ação dos antimicrobianos, capazes de se multiplicar mesmo na presença de concentrações de antibiótico mais elevadas do que as provenientes de doses habituais (TAVARES, W., 1996). Figura 1. Mecanismo pelo qual uma mutação do DNA bacteriano confere resistência a certos antibióticos, devido a impossibilidade do fármaco passar através da parede das bactérias. Fonte: Adaptado de General Principles of antimicrobial Therapy. A resistência natural ou intrínseca faz parte das características biológicas primitivas dos microrganismos e é observada, regularmente, em uma determinada espécie bacteriana em relação a diferentes antimicrobianos. A resistência resulta de genes que codificam a existência, na bactéria, de estruturas ou mecanismos que impedem o antimicrobiano de agir em seu receptor ou que codificam a existência de receptores inativos para ligação de uma substância específica. Uma vez identificado o microrganismo, a resistência natural é previsível, e tem importância clínica menor na atualidade, considerando a multiplicidade de antimicrobianos disponíveis. A resistência adquirida a um determinado antimicrobiano surge em uma bactéria originalmente sensível ao mesmo antimicrobiano. Refere-se, portanto, ao surgimento de exemplares de uma espécie bacteriana que não mais sofrem a ação dos fármacos que são efetivos contra a população original da bactéria. A resistência adquirida também tem origem genética e decorre de modificações na estrutura ou no funcionamento da célula (bactéria) que bloqueiam a ação dos antimicrobianos. Este tipo de resistência é o mais importante devido à crescente participação de microrganismos com resistência adquirida na gênese de quadros clínicos infecciosos. (TAVARES, W., 1996) As bactérias e outros microrganismos causadores de doenças possuem uma notável capacidade para desenvolver mutações e adquirir genes provenientes de outros microrganismos, desta forma, desenvolver resistência aos antimicrobianos. A resistência faz parte do seu sistema de defesa bacteriano, aumentando assim a capacidade do microorganismo de sobreviver em ambiente hostil. Apesar de sua versatilidade, a bactéria tem número limitado de mecanismos para adquirir resistência aos antimicrobianos. Esses mecanismos incluem uma modificação no alvo estrutural atingido pela droga, a produção de enzimas que destroem o fármaco ativo ou a diminuição da concentração intracelular pode ocorrer por uma diminuição da permeabilidade ou por um sistema ativo de saída ou efluxo da droga do interior da célula. Um microrganismo resiste utilizando uma ou várias dessas estratégias. A presença do antibiótico atua como fator de seleção, suprimindo microrganismos susceptíveis e favorecendo o crescimento dos mutantes resistentes aos fármacos. Infelizmente, a emergência de resistência aos antimicrobianos nas bactérias, parasitas e fungos tem limitado o progresso alcançado por muitas drogas desenvolvidas nos últimos 50 anos (QUINTILIANI JR, R. et al, 1999). Vários fatores contribuem para o crescimento da resistência antimicrobiana no ambiente hospitalar. Alguns deles estão relacionados ao paciente, tais como o aumento da população de doentes com maior gravidade e imunodeprimidos. O desenvolvimento de procedimentos invasivos tem resultado em novos sítios e tipos de infecção hospitalar. Outros fatores incluem o aumento da pressão de seleção exercida pelo uso de antimicrobianos e a baixa aderência dos profissionais de saúde às medidas que visam o controle das infecções hospitalares. Se por um lado existem poucas estratégias para alterar os fatores relacionados ao paciente, há evidências de que a melhora na prática de prescrição de antimicrobianos e das medidas de prevenção de infecções hospitalares pode reduzir a resistência antimicrobiana (WEINSTEIN, R.A., 2001). A Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolveu uma estratégia global para conter a resistência antimicrobiana e estabeleceu a seguinte definição para a adequação do uso de antimicrobianos: é aquele que maximiza os efeitos terapêuticos clínicos, enquanto minimiza tanto a toxicidade relacionada aos medicamentos quanto o desenvolvimento de resistência antimicrobiana. Na prática, isto significa prescrever um antimicrobiano que seja benéfico para o paciente, dirigido ao patógeno, em dose e com tempo de duração do tratamento adequado, principalmente no ambiente hospitalar (WHO COLLABORATING CENTRE FOR DRUG STATISCS METHOLOGY). Há, sem dúvida, uma expectativa de que o uso racional de antimicrobianos possa reduzir as altas taxas de resistência antimicrobiana e a morbimortalidade associada às infecções causadas por estes microrganismos, entretanto, fatores como a via de administração, a interação do antibiótico com outras drogas e o estado nutricional do indivíduo também podem influir neste resultado. Nos vários estudos realizados desde o surgimento de casos resistentes aos antibióticos utilizados no tratamento das infecções, os pesquisadores buscam formas de impedir o desenvolvimento dos mecanismos inativadores desenvolvidos pelos microrganismos, geralmente procurando sintetizar novos fármacos, na esperança de interromper este processo. Mas o que vemos na realidade é que os microrganismos estão sempre em prioridade em relação ao homem. O reconhecimento das novas resistências bacterianas e dos diferentes patógenos é resultante da habilidade na determinação precisa dos diversos mecanismos de resistência através de técnicas moleculares e do antibiograma tradicional, preparo técnico e constante atualização profissional. (AZEVEDO, F.M., 2005). O teste de sensibilidade avalia o padrão de resposta da bactéria (padrão de sensibilidade) diante de concentrações preestabelecidas de antibióticos, correlacionadas com níveis séricos atingidos após doses usuais em pacientes em condições de normalidade. O antibiograma reflete, basicamente, duas variáveis: a droga e a bactéria, sem considerar outros aspectos clínicos que acompanham o processo infeccioso (idade, local da infecção, função renal, etc) assim, seu resultado precisa ser interpretado pelo médico. O antibiograma deve ser realizado para microrganismos cujas técnicas e padronizações estão referendadas e publicadas em consensos. Existem padronizações definidas para organismos aeróbios e facultativos. Os resultados refletem diferentes padrões de resistência e sua interpretação pode ser diversa, de acordo com a metodologia e padronização adotadas por cada país. Deve-se ressaltar a importância da realização dos testes de sensibilidade à antibióticos, como forma importante de reduzir o desenvolvimento de resistências bacterianas, o antibiograma orienta a terapêutica antimicrobiana adequada, o que evita doses sub-terapêuticas e a falta de atividade da droga escolhida (ROSSI, F.; ANDREAZZI, D.B.,2005). A precisa identificação do agente causal e o antibiograma, nos processos infecciosos tem se tornado, cada vez mais, um importante fator para determinar ações terapêuticas individualizadas e ações epidemiológicas mais amplas. 2.REVISÃO DA LITERATURA Segundo HENRY, F.; CHAMBERS, M.D., 2006: PENICILINAS As penicilinas são classificadas como drogas beta-lactâmicas, em virtude da presença de seu anel lactâmico singular de quatro lados. A integridade estrutural do núcleo do anel lactâmico é essencial para atividade biológica desses compostos. Se o anel beta-lactâmico for enzimaticamente clivado por beta-lactamases bacterianas, o produto resultante, o ácido penicilóico, é desprovido de atividade antibacteriana. Figura 2. Ilustração esquemática da ação da beta-lactamase sobre o anel lactâmico da penicilina formando um composto inativo (ácido penicilóico). Fonte: Adaptado de General Principles of Antimicrobial Therapy. Mecanismo de ação: As penicilinas, a exemplo de todos os antibióticos betalactâmicos, inibem o crescimento das bactérias ao interferir numa etapa específica da síntese da parede celular bacteriana. As proteínas de ligação da penicilina (PBP) catalisam a reação transpeptidase que remove o anel alanina terminal para formar uma ligação cruzada com um peptídeo adjacente, conferindo a parede celular a sua rigidez estrutural. Após a ligação de um antibiótico beta-lactâmico à PBP, a reação de transpeptidação é inibida, ocorrendo bloqueio da síntese de peptidoglicano e a célula morre. As penicilinas e as cefalosporinas são bactericidas somente se as células estiverem em crescimento ativo e sintetizando a sua parede celular. Tipos de penicilinas e sua atividade antimicrobiana: PENICILINAS: A penicilina G é o fármaco de escolha para infecções causadas por estreptococos, meningococos, pneumococos sensíveis à penicilina, estafilococos não produtores de beta-lactamases e bastonetes gram-positivos e microrganismos anaeróbios gram-negativos não produtores de beta-lactamases. A penicilina V que é a forma oral da penicilina, é indicada somente para pequenas infecções, em virtude de sua biodisponibilidade relativamente baixa, necessidade de administração de quatro vezes ao dia e espectro antibacteriano estreito. A penicilina G benzatina e penicilina G procaína para injeção intramuscular produzem níveis baixos, porém prolongados, do fármaco. PENICILINAS RESISTENTES À BETA-LACTAMASE ESTAFILOCÓCICA (METICILINA, NAFCILINA E ISOXAZOLIL PENICILINAS): Essas penicilinas semisintéticas são indicadas para infecção por estafilococos produtores de beta-lactamase, embora as cepas de estreptococos e pneumococos sensíveis à penicilina também sejam sensíveis a esse fármaco. Os enterococos e as cepas de estafilococos resistentes à meticilina apresentam resistência. PENICILINAS DE ESPECTRO AMPLIADO (AMINOPENICILINAS, CARBOXIPENICILINAS E URODEIDOPENICILINAS): Essas drogas em geral mantêm o espectro de atividade da penicilina G, diferem por apresentarem maior atividade contra bactérias gram-negativas, devido à sua maior capacidade de penetrar na membrana externa dos microrganismos gram-negativos. À semelhança da penicilina G, são inativadas pelas betalactamases. As aminopenicilinas, ampicilina e amoxicilina, possuem o mesmo espectro e a mesma atividade, entretanto a amoxicilina apresenta melhor absorção intestinal. A carbenicilina, a primeira penicilina ativa contra Pseudomonas, tornou-se obsoleta como agente parenteral com o advento de drogas mais ativas e de maior tolerância. A inadil carbenicilina sódica, um derivado, é estável em ácido e pode ser administrada por via oral no tratamento das infecções das vias urinárias. A ticarcilina, uma carboxipenicilina que se assemelha à carbenicilina na sua atividade, mas que é eficaz em doses menores, amplia o espectro de atividade da ampicilina para incluir Pseudomonas aeruginosa e espécies de Enterobacter.As urodeipenicilinas, piperacilina, mezlocilina e azlocilina, assemelham-se à ircacilina, exceto que são também ativos contra bacilos gram-negativos selecionados, como Klebsiella pneumoniae. A ampicilina, amoxicilina, ticarcilina e a piperacilina também são disponíveis em associação com um de vários inibidores da beta-lactamase: ácido clavulânico, sulbactama ou tazobactama. A adição de um inibidor da beta-lactamase amplia a atividade dessas penicilinas para incluir cepas de S. aureus produtoras de beta-lactamase, bem como bactérias gramnegativas produtoras de beta-lactamase. CEFALOSPORINAS E CEFAMICINAS As cefalosporinas e cefamicinas assemelham-se às penicilinas do ponto de vista químico, no seu mecanismo de ação e na sua toxicidade. As cefalosporinas são mais estáveis do que as penicilinas e muitas beta-lactamases bacterianas e, portanto, apresentam habitualmente um espectro de atividade mais ampliado. CEFALOSPORINAS DE PRIMEIRA GERAÇÃO: Esse grupo inclui o cefadroxil, a cefazolina, a cefalexina, a cefalotina, a cefapirina e cefradina. Essas drogas são muito ativas cocos gram-positivos, incluindo pneumococos, estreptococos e estafilococos. Apesar das cefalosporinas de primeira geração terem amplo espectro de atividade e serem relativamente atóxicas, raramente constituem fármacos de escolha para qualquer infecção. As drogas orais podem ser utilizadas no tratamento de infecções das vias urinárias, pequenas lesões estafilocócicas ou pequenas infecções polimicrobianas, como celulite ou abscesso de tecidos moles. Todavia, não se deve confiar nas cefalosporinas orais para tratamento de infecções sistêmicas graves. CEFALOSPORINAS DE SEGUNDA GERAÇÃO: Os membros desse grupo incluem o cefaclor, cefamandol, cefonicida, cefuroxima, cefprozil, loracarbef, ceforonida, bem como as cefamicinas estruturalmente relacionadas, cefoxitina, cefmetazol e cefotetano, que possuem atividade contra anaeróbios. Em geral, as cefalosporinas de segunda geração mostramse ativas contra microrganismos que respondem às drogas de primeira geração, mas possuem cobertura ampliada contra microrganismos gram-negativos. Todas as cefalosporinas de segunda geração são menos ativas contra bactérias gram-positivas do que as drogas de primeira geração. À semelhança destas últimas, nenhuma é ativa contra enterococos ou P. aeruginosa. CEFALOSPORINAS DE TERCEIRA GERAÇÃO: Os agentes da terceira geração incluem a cefoperazona, cefotaxima, ceftazidima, ceftizoxima, ceftriaxona, cefixima, cefpodoxima proxetil, cefditoren pivoxil, ceftibuteno e moxalactama. As principais características dessas cefalosporinas (à exceção da cefoperazona) consistem na sua cobertura ampliada contra microrganismos gram-negativos e na capacidade de algumas delas de atravessar a barreira hematoencefálica. Além das bactérias gram-negativas inibidas por outras cefalosporinas, os agentes de terceira geração são ativos como Citrobacter, Serratia marcescens e Providencia (embora possa surgir resistência durante o tratamento de infecções causadas por essas espécies, devido à seleção de mutantes que produzem constitutivamente a cefalosporinase). Mostram-se também eficazes contra cepas de Haemophilus e Neisseria produtoras de beta-lactamases. A ceftazidima e a cefoperazona são as duas cefalosporinas de terceira geração com atividade adequada contra P. aeruginosa. A cefixima, ceftibuteno e a cefpodoxima proxetil são agentes orais que exibem atividade semelhante, à exceção da cefixima e do ceftibuteno, que são muito menos ativos contra pneumococos (e totalmente inativos contra cepas resistentes à penicilina) e exibem atividade precária contra S. aureus. As cefalosporinas de terceira geração são utilizadas no tratamento de uma ampla variedade de infecções graves causadas por microrganismos que são resistentes à maioria dos outros fármacos. CEFALOSPORINAS DE QUARTA GERAÇÃO: A cefepima é exemplo de uma denominada cefalosporina de quarta geração. É resistente à hidrólise por beta-lactamases cromossômicas e por algumas beta-lactamases de espectro ampliado que inativam muitas das cefalosporinas de terceira geração. Possui boa atividade contra P. aeruginosa, Enterobacteriacea, S. aureus e S. pneumoniae. É altamente ativa contra Haemophilus e Neisseria. MONOBACTÂMICOS Trata-se de fármacos com um anel beta-lactâmico monocíclico. Mostram-se relativamente resistentes às beta-lactamases exibem atividade contra bastonetes gram-negativos (incluindo Pseudomonas e Serratia) Não têm nenhuma atividade contra bactérias grampositivas e anaeróbios. O aztreonam é o único monobactâmico disponível nos Estados Unidos. Assemelha-se aos aminoglicosídios no seu espectro de atividade INIBIDORES DA BETA-LACTAMASE (ÁCIDO CLAVULÂNICO, SULBACTAMA E TAZOBACTAMA) Essas substâncias assemelham-se a moléculas beta-lactâmicas, embora tenham ação bacteriana muito fraca. Trata-se de potentes inibidores de muitas beta-lactamases bacterianas, de modo que são capazes de proteger as penicilinas hidrolisáveis contra inativação por essas enzimas. Os inibidores da beta-lactamases são mais ativos contra beta-lactamases de classe A de Ambler, como as produzidas por estafilococos, H. influenza, N. gonorrhoeae, Salmonella, Shigella, E. coli e K. pneumoniae. Não são inibidores adequados das beta-lactamases da classe C, que tipicamente são codificadas por cromossomos e são induzíveis, produzidas por Enterobacter, Citrobacter, Serratia e Pseudomonas, embora inibam efetivamente as betalactamases cromossômicas de Legionella, Bacteróides e Brahamella. Os três inibidores diferem levemente quanto à sua farmacologia, estabilidade, potência e atividade; porém, essas diferenças têm pouca importância terapêutica. Os inibidores da beta-lactamases são disponíveis apenas em associações fixas com penicilinas específicas. O espectro antibacteriano da associação é determinado pela penicilina, e não pelo inibidor da beta-lactamase. CARBAPENENS Os carbapenes são estruturalmente relacionados aos antibióticos beta-lactâmicos. O ertapenem, imipenem e o meropenem foram aprovados para uso nos Estado Unidos. O imipenem possui espectro com boa atividade contra numerosos bastonetes gram-negativos, incluindo P. aeruginosa, microrganismos gram-positivos e anaeróbios. Mostram-se resistentes à maioria das beta-lactamases, mas não às metalo-beta-lactamases. Os microrganismos resistentes incluem Enterococcus faecium, cepas de estafilococos resistentes à meticilina, Clostridium difficile, Burkholderia cepacia e Stenotrophomonas maltophilia. OUTROS INIBIDORES DA SÍNTESE DA PAREDE CELULAR VANCOMICINA A vancomicina é um antibiótico produzido por Streptococcus orientalis. Com a única exceção da flavo bactéria, a droga mostra-se ativa apenas contra bactérias gram-positivas, particularmente estafilococos. A vancomicina inibe a síntese da parede celular ao ligar-se firmemente à extremidade terminal do pentapeptídio peptidoglicano em crescimento. Essa ligação inibe a transglicosilase, impedindo o alongamento do peptidoglicano e a ligação cruzada. Por conseguinte, o peptidoglicano é enfraquecido, e a célula torna-se suscetível à lise. A membrana celular é danificada, contribuindo para o efeito antibacteriano. A vancomicina é usada principalmente para uso parenteral em sepse ou endocardite, causadas por estafilococos resistentes à meticilina. Todavia, a vancomicina não é tão eficaz quanto uma penicilina ativa contra estafilococos para o tratamento de infecções graves, como endocardite causada por cepas sensíveis à meticilina. TEICOPLANINA A teicoplanina é um antibiótico glicopeptídico muito semelhante à vancomicina no seu mecanismo de ação e espectro antibacteriano. Ao contrário da vancomicina, ela pode ser administrada por via intramuscular e intravenosa. FOSFOMICINA O trometamol de fosfomicina, um sal estável da fosfomicina, inibe uma fase inicial da síntese da parede celular bacteriana. Trata-se de um análogo do fosfoenolpiruvato, que não está relacionado a nenhum outro agente antimicrobiano do ponto de vista estrutural. A fosfomicina inibe a enzima citoplasmática enolpiruvato transferase através de sua ligação covalente ao radical de cisteína do sítio ativo, bloqueando a adição de fosfoenolpiruvato à UDPN-acetilglicosamina. A droga é transportada na célula bacteriana pelos sistemas de transporte do glicerofosfato ou da glicose-6-fosfato. A fosfomicina mostra-se ativa contra microrganismos tanto gram-positivos quanto gram-negativos. Devem-se efetuar testes de sensibilidade em meios de crescimento suplementados com glicose-6-fosfato, a fim de minimizar as indicações falso-positivas de resistência. BACITRACINA A bacitracina inibe a formação da parede celular bacteriana o que interfere na desfosforilação no ciclo do transportador lipídico que transfere subunidades de peptidoglicano para a parede celular em crescimento. Mostra-se ativa contra microrganismos gram-positivos. CICLOSSERINA A ciclosserina inibe numerosos microrganismos gram-positivos e gram-negativos, porém é utilizada quase que exclusivamente no tratamento da tuberculose causadas por cepas resistentes aos agentes de primeira linha. CLORANFENICOL O cloranfenicol é um potente inibidor da síntese de proteínas microbianas. Liga-se reversivelmente à subunidade 50S do ribossomo bacteriano. Inibe a etapa em que a peptidil transferase atua na síntese de proteínas. O cloranfenicol é um antibiótico de amplo espectro, ativo contra microrganismos gram-positivos e gram-negativos tanto aeróbios quanto anaeróbios. Além disso, mostra-se ativo contra riquétisias, mas não contra clamídias. Pode surgir uma resistência de baixo nível em grandes populações de células sensíveis ao cloranfenicol através da seleção de mutantes que apresentam menor permeabilidade ao fármaco. A resistência clinicamente significativa é devida à produção da cloranfenicol acetiltransferase, uma enzima codificada por plasmídios, que inativa o fármaco. Devido à sua toxicidade potencial, ao desenvolvimento de resistência bacteriana e à disponibilidade de outros fármacos eficazes (por exemplo, cefalosporinas), o cloranfenicol tornou-se obsoleto como fármaco sistêmico. TETRACICLINAS As tetraciclinas são antibióticos bacteriostáticos de amplo espectro que inibem a síntese de proteínas. São ativas contra numerosas bactérias gram-positivas e gram-negativas, incluindo anaeróbios, riquétsias, clamídias, micoplasmas e formas L; são ativas contra alguns protozoários , como por exemplo, amebas. As atividades antibacterianas da maioria das tetraciclinas são semelhantes, exceto que as cepas resistentes as tetraciclinas podem permanecer sensíveis à doxiciclina ou minociclina, que são transportadas rapidamente pela bomba responsável pela resistência dos microrganismos. As tetraciclinas penetram nos microrganismos, em parte, por difusão passiva e, em parte, por um processo de transporte ativo dependendo de energia. As células sensíveis concentram o fármaco intracelularmente. Uma vez no interior da célula, as tetraciclinas ligam-se irreversivelmente à subunidade 30S do ribossomo bacteriano, bloqueando a ligação do aminoacil-tRNA ao sítio aceptor no complexo mRNAribossomo. Esse bloqueio impede a adição de aminoácidos ao peptídeo em crescimento. MACROLÍDIOS ERITROMICINA A especialmente eritromicina mostra-se pneumococos, eficaz estreptococos, contra microrganismos estafilococos e gram-positivos, corinebactérias. Outros microrganismos também são sensíveis, incluindo Mycoplasma, Legionella, Clamydia trachomatis, C. psittaci, C.pneumoniae, Helicobacter, Listeria e certas micobactérias. Os microrganismos gram-negativos, como espécies de Neisseria, Bordetella pertussis, Bortonella henselae e B. quintana , algumas espécies de riquétsias, Treponema pallidum e espécies de Campylobacter são suscetíveis. Haemophilus influenzae é ligeiramente sensível. A ação antibacteriana da eritromicina pode ser inibitória ou bactericida, particularmente em concentrações mais altas, para microrganismos sensíveis. Ocorre inibição da síntese de proteínas através da ligação da eritromicina ao RNA ribossomal 50S. A síntese de proteínas é inibida em conseqüência do bloqueio das reações de translocação de aminoacil e da formação de complexos de iniciação. CLARITROMICINA A claritromicina é um derivado da eritromicina pela adição de um grupo metila, possui melhor estabilidade em ácidos e em absorção oral em comparação com a eritromicina. Seu mecanismo de ação é igual ao da eritromicina. A claritromicina e a eritromicina são praticamente idênticas na sua atividade antibacteriana, exceto que a claritromicina é mais ativa contra o complexo Mycobacterium avium. A claritromicina também possui atividade contra M. leprae e Toxoplasma gondii. Os estreptococos e estafilococos resistentes à eritromicina também apresentam resistência à claritromicina. AZITROMICINA A azitromicina, composto com anel macrolídio de lactona de 15 átomos, deriva da eritromicina pela adição de um nitrogênio metilado no anel da lactona da eritromicina. O espectro de atividade e os usos clínicos da azitromicina são praticamente idênticos aos da claritromicina. A azitromicina torna-se ativa contra o complexo M. avium e T. gondii. Mostra-se levemente menos ativa do que a eritromicina e a claritromicina contra estafilococos e estreptococos, enquanto exibe atividade ligeiramente maior contra H. influenzae. A azitromicina é altamente ativa contra clamídias. A azitromicina difere da eritromicina e da claritromicina principalmente quanto às propriedades farmacocinéticas. CLINDAMICINA A clindamicina é um derivado cloro-substituído da lincomicina. A lincomicina, apesar de ser estruturalmente distinta, assemelha-se à eritromicina na sua atividade, porém é tóxica e não é mais utilizada. Os estreptococos, estafilococos e os pneumococos são inibidos pela clindamicina. Os enterococos e os microrganismos gram-negativos aeróbios são resistentes. As espécies de Bacterioides e outros anaeróbios, tanto gram-positivos quanto gram-negativos, são habitualmente sensíveis. Clostridium difficile, que constitui uma importante causa da colite pseudomembranosa, é resistente. À semelhança da eritromicina, a clindamicina inibe a síntese de proteínas ao interferir na formação de complexos de iniciação e nas reações de translocação de aminoacil. O sítio de ligação da clindamicina na subunidade 50S do ribossomo bacteriano é idêntico ao da eritromicina. A resistência à clindamicina, que geralmente confere resistência cruzada a outros macrolídios, decorre: de mutação do sítio receptor no ribossomo; da modificação do receptor por uma metilase de expressão constitutiva e da inativação enzimática da clindamicina. As espécies aeróbias gram-negativas são intrinsecamente resistentes, devido a pouca permeabilidade da membrana externa. OXAZOLIDINONAS A linezolida é um membro das oxazolidinonas, uma nova classe de antimicrobianos sintéticos. O fármaco mostra-se ativo contra microrganismos gram-positivos, incluindo estafilococos, estreptococos, enterococos, cocos anaeróbios gram-positivos e bastonetes grampositivos, como corinebactérias e Listeria monocytogenes. Trata-se primariamente de um fármaco bacteriostático, à exceção dos estreptococos, para quais é bactericida. Observa-se uma atividade moderada in vitro contra Mycobacterium tuberculosis A linezolida inibe a síntese de proteínas ao impedir a formação do complexo ribossômico que inicia a síntese protéica. Seu sítio de ligação peculiar, localizado no RNA ribossômico 23S da subunidade 50S, resulta em ausência de resistência cruzada com outras classes de fármacos. A resistência é causada por uma mutação do sítio de ligação da linezolida no RNA ribossômico 23S. AMINOGLICOSÍDIOS O grupo inclui: estreptomicina, neomicina, canamicina, amicacina, gentamicina, tobramicina, sisomicina, netilmicina e outros. Os aminoglicosídios são utilizados mais amplamente contra bactérias entéricas gram-negativas, sobretudo na bacteremia e na sepse, em associação à vancomicina ou a uma penicilina na endocardite e para tratamento da tuberculose. Os aminoglicocídios são inibidores irreversíveis da síntese de proteínas, porém o mecanismo preciso da atividade bactericida permanece desconhecido. O evento inicial consiste na difusão passiva por canais de porina através da membrana externa. A seguir, a droga é ativamente transportada através da membrana celular para o citoplasma por um processo que depende de oxigênio. O gradiente eletroquímico transmembranoso fornece a energia necessária para esse processo e o transporte está acoplado a uma bomba de prótons. O pH extracelular baixo e as condições anaeróbias inibem o transporte dos aminoglicosídios ao reduzir o gradiente. O transporte pode ser intensificado por drogas ativas na parede celular, como a penicilina ou a vancomicina; esse aumento pode constituir a base do sinergismo. Após ter penetrado na célula, o aminoglicosídio liga-se às proteínas ribossômicas específicas da subunidade 30S (S12 no caso da estreptomicina). A síntese de proteínas é inibida pelos aminoglicosídios, e o efeito global é irreversível e letal para a célula bacteriana. ESTREPTOMICINA A atividade antimicrobiana da estreptomicina é típica daquela de outros aminoglicosídios, assim como os mecanismos de resistência. Verificou-se o desenvolvimento de resistência na maioria das espécies, limitando sobremaneira a utilidade atual da estreptomicina, sendo utilizado principalmente como fármaco de segunda linha no tratamento da tuberculose. GENTAMICINA A gentamicina é um aminoglicosídio eficaz contra microrganismos gram-negativos e gram-positivos e muitas de suas propriedades assemelham-se às de outros aminoglicosídios. O sulfato de gentamicina é ativo isoladamente, mas também é utilizado em associação sinérgica com antibióticos beta-lactâmicos contra Pseudomonas, Proteus, Enterobacter, Klebsiella, Serratia, Stenotrophomonas e outros bastonetes gram-negativos, que podem ser resistentes a múltiplos outros antibióticos. A exemplo de todos aminoglicosídios, a droga não tem nenhuma atividade contra anaeróbios. TOBRAMICINA Esse aminoglicosídio possui espectro antibacteriano semelhante ao da gentamicina. Embora existisse alguma resistência cruzada entre a gentamicina e a tobramicina, ela é imprevisível em cepas individuais. Por conseguinte, é necessário efetuar antibiogramas separados. A tobramicina possui quase o mesmo espectro antibacteriano da gentamicina, com poucas exceções. A gentamicina é levemente mais ativa contra a Serratia, enquanto a tobramicina é ligeiramente mais ativa contra Pseudomonas;o Enterococcus faecalis é sensível a ambos os fármacos, enquanto o E. faecium é resistente a tobramicina. Nos demais aspectos, a gentamicina e a tobramicina são totalmente intercambiáveis na prática clínica. Entretanto, como a gentamicina é muito mais barata, é preferida por esse motivo. AMICACINA A amicacina é um derivado semi-sintético da canamicina, porém menos tóxico do que a molécula original. Mostram-se resistentes a muitas enzimas que inativam a gentamicina e a tobramicina. Por conseguinte, a amicacina pode ser utilizada contra alguns microrganismos resistentes a esses dois fármacos. Muitas bactérias entéricas gram-negativas, incluindo numerosas cepas de Proteus, Pseudomonas, Enterobacter e Serratia são inibidas pela amicacina. A exemplo de todos os aminoglicosídios, a amicacina é nefrotóxica e ototóxica. NETILMICINA Esse aminoglicosídio compartilha muitas características com a gentamicina e a tobramicina. Entretanto, a adição de um grupo etil na posição 1-amino do anel 2desoxiestreptamina protege estericamente a molécula de netilmicina da degradação enzimática nas posições 3-amino e 2-hidroxila. Por conseguinte, a netilmicina pode ser inativada por muitas bactérias resistentes à gentamicina e à tobramicina. NEOMICINA E CANAMICINA Essas drogas estão estreitamente relacionadas. Os fármacos pertencentes ao grupo da neomicina mostram-se ativos contra bactérias gram-positivas e gram-negativas e contra algumas micobactérias. Em geral, Pseudomonas e estreptococos são resistentes. Os mecanismos de ação antibacteriana e de resistência são idênticos aos de outros aminoglicosídios. Existe resistência cruzada completa entre a canamicina e neomicina. ESPECTINOMICINA A espectomicina é um antibiótico aminociclitol, estruturalmente relacionado aos aminoglicosídios. Apesar de sua atividade in vitro contra muitos microrganismos gram- positivos e gram-negativos, a espectinomicina é utilizada quase unicamente como tratamento alternativo da gonorréia em pacientes alérgicos à penicilina ou cujos gonococos são resistentes a outros fármacos. DROGAS ANTIFOLATO SULFONAMIDAS Os microrganismos sensíveis necessitam de PABA extracelular para a formação do ácido diidrofólico, uma etapa essencial na produção de purinas e na síntese de ácidos nucléicos. As sulfonamidas são análogos estruturais do PABA, que inibem competitivamente a diidropteroato sintetase. Inibem o crescimento ao bloquear reversivelmente a síntese de ácido fólico. As sulfonamidas inibem bactérias gram-positivas e gram-negativas, Nocardia, Chamydia trachomatis e alguns protozoários. Algumas bactérias entéricas, como E.coli, Klebsiella, salmonella, Shigella e Enterobacter, são inibidas. Todavia, é interessante assinalar que as sulfonamidas não inibem riquétsias, mas, na realidade, estimulam o seu crescimento. TRIMETOPRIMA E MISTURAS DE TRIMETOPRIMA- SULFAMETOXAZOL A trimetoprima, uma trimetoxibenzilpirimidina, inibe a diidrofolato redutase de bactérias, com eficiência de cerca de 50.000 vezes em comparação com a mesma enzima das células de mamíferos. As diidrofolato redutases convertem o ácido diidrofólico em ácido tetraidrofólico, uma terapia que leva à síntese de purinas e, por fim, de DNA. A trimetoprima ou a pirimetamina, quando administradas em associação a sulfonamidas, produzem bloqueio seqüencial dessa etapa metabólica, resultando em acentuado aumento(sinergismo) de atividade de ambos os fármacos. A associação é frequentemente bactericida, em comparação com a atividade bacteriostática das sulfonamidas administradas isoladamente. A associação constitui um tratamento eficaz para pneumonia por P.jiroveci, shigelose, infecções sistêmicas por Salmonella, infecções complicadas do trato urinário, prostatite, algumas infecções micobacterianas não-tuberculosas e muitas outras infecções. A associação mostra-se ativa contra numerosos patógenos das vias respiratórias, incluindo pneumococo, espécies de Haemophilus, Moraxella catarrhalis e Klebsiella pneumoniae, tornando essa associação uma alternativa potencialmente útil dos fármacos beta-lactâmicos para o tratamento das infecções das vias respiratórias superiores e da pneumonia bacteriana adquirida na comunidade. INIBIDORES DA DNA GIRASE FLUOROQUINOLONAS As quinolonas importantes são análogos fluorados sintéticos do ácido nalidíxico. Mostram-se ativas contra uma variedade de bactérias gram-positivas e gram-negativas. As quinolonas bloqueiam a síntese de DNA bacteriano ao inibir a topoisomerase II e a topoisomerase IV das bactérias. A inibição da DNA girase impede o relaxamento do DNA superespiralado positivo, que é necessário para a transcrição e replicação normais. A inibição da topoisomerase IV interfere provavelmente na separação do DNA cromossômico nas células filhas respectivas durante a divisão celular. Os derivados fluorados: ciprofloxacina, norfloxacina, gatifloxacina, ofloxacina e levofloxacina exercem atividade antibacteriana acentuadamente superior em comparação com o ácido nalidíxico e alcançam níveis bactericidas tanto no sangue quanto nos tecidos. As fluoroquinolonas foram originalmente desenvolvidas em virtude de sua excelente atividade contra bactérias aeróbias gram-negativas; todavia, esses fármacos apresentam atividade limitada contra microrganismos gram-positivos. Vários fármacos mais recentes apresentam maior atividade contra cocos gram-positivos. Essa atividade relativa contra espécies gram-negativas versus gram-positivas é útil para a classificação desses fármacos. A norfloxacina é a menos ativa das fluoroquinolonas contra microrganismos gram-negativos e gram-positivos. A ciprofloxacina, enoxacina, lomefloxacina, levofloxacina, ofloxacina e a perfloxacina formam um segundo grupo de fármacos semelhantes, que apresentam excelente atividade contra microrganismos gram-negativos, incluindo Enterobacteriacea, Pseudomonas, Neisseria, Haemophilus e Campylobacter. As cepas de S.aureus sensíveis à meticilina são geralmente sensíveis a essas fluoroquinolonas, enquanto as cepas de esfilococos resistentes a meticilina são freqüentemente resistentes. Os estreptococos e enterococos tendem a ser menos sensíveis do que os estafilococos, e a eficácia é limitada nas infecções causadas por esses microrganismos. A ciprofloxacina é o agente mais ativo desse grupo contra microrganismos gram-negativos, particularmente P. aeruginosa. O terceiro grupo de fluoroquinolonas com maior atividade contra microrganismos gram-positivos, particularmente S. pneumoniae e, em certo grau, estafilococos, é constituído pela gatifloxacina, moxifloxacina, esparfloxacina e trovafloxacina. ÁCIDO NALIDÍXICO E CINOXACINA O ácido nalidíxico, a primeira quinolona antibacteriana, não é fluorado, é excretado com demasiada rapidez para exercer efeitos sistêmicos. O ácido oxolínico e a cinoxacina assemelham-se ao ácido nalidíxico na estrutura e função. Seu mecanismo de ação é igual ao das fluoroquinolonas. Esses agentes foram úteis apenas para o tratamento de infecções das vias urinárias e, hoje em dia, são raramente prescritos e tornaram-se obsoletos em virtude da disponibilidade das quinolonas fluoradas mais eficazes. 3. OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Analisar o perfil do uso de antimicrobianos no Hospital do Coração do Cariri no período de agosto a dezembro de 2005. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Analisar o motivo para o uso de antimicrobianos, bem como a duração do tratamento; • Analisar o índice de infecção hospitalar e quais os tipos de infecção mais prevalentes nesta instituição hospitalar; • Avaliar se os antimicrobianos prescritos estão de acordo com aqueles padronizados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar daquela instituição; • Verificar quais os tipos de bactérias mais prevalentes na ocorrência de infecções; • Verificar a ocorrência de reações adversas que possam ocorrer com o uso dos antimicrobianos. 4. MÉTODO Tipo de Pesquisa: Estudo do tipo observacional, retrospectivo e de fase hospitalar. Local da Pesquisa: O estudo foi realizado no Hospital do Coração do Cariri que está localizado no município de Barbalha, localizado na região do cariri do estado do Ceará, é um município com a população de 52.000 habitantes. Este município compõe a região do Cariri ao lado dos municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Jardim, Missão Velha e Brejo Santo. Pertence a 21º microrregional de saúde do estado do Ceará, da qual também pertencem os municípios de Juazeiro do Norte, Missão Velha, Aurora e Caririaçu. É um hospital filantrópico de alta complexidade, credenciado ao SUS, com 25 leitos clínicos, 09 leitos de UTI, um centro cirúrgico para cirurgias cardíacas, torácicas, angioplastia e implante de marcapasso. Atende mensalmente 300 a 480 consultas, 75 internamentos e uma média de 25 cirurgias. Os recursos financeiros são provenientes dos convênios e dos serviços particulares prestados. Coleta de dados: A coleta dos dados foi realizada no período de 01 de agosto de 2005 a 31 de dezembro de 2005. Os dados foram coletados pela própria pesquisadora, por meio dos dados contidos no prontuário. A pesquisadora realizou busca ativa nos prontuários para verificar a ocorrência de prescrição de antimicrobianos, contando com o auxílio da dispensação de antimicrobianos na farmácia hospitalar, dos enfermeiros e médicos, podendo, assim, identificar todos os prontuários de pacientes que estavam fazendo uso de antimicrobianos neste período. População: Foram analisados 123 prontuários, considerando-se critério de inclusão no estudo somente prontuários de pacientes que fizeram uso de antimicrobianos no período do estudo. Instrumento: Como instrumento de coleta de dados foi elaborado um questionário para o preenchimento dos seguintes dados necessários à investigação: idade, sexo, hipótese diagnóstica, duração da hospitalização, classe do antimicrobiano utilizado, via de administração, número de dias do uso, motivo do uso, tipo de infecção, solicitação da cultura, o resultado da cultura, fatores predisponentes à infecção e a evolução dos pacientes para cura e/ou alta ou óbito. O instrumento de coleta de dados está demonstrado no APENDICE A – Instrumento de coleta de dados. Análise de dados: Os dados foram analisados e apresentados em percentual na forma de tabelas. Aspectos Éticos: Foi solicitada a autorização do diretor do hospital para a realização da pesquisa nesta instituição e foi concedida autorização para sua devida realização. Por se tratar de estudo retrospectivo, não foi necessária a submissão do projeto de trabalho a uma Comissão de Ética e Pesquisa, mantendo-se, porém o cumprimento das exigências da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) no que diz respeito ao sigilo das informações. 5. RESULTADOS No período de Agosto a Dezembro de 2005 dos 609 pacientes internados no Hospital do Coração do Cariri, 123 utilizaram antimicrobianos correspondendo a uma média de 20,2% de utilização de antimicrobianos, conforme demonstrado na Tabela 1. Tabela 1.Número de pacientes que fizeram uso de antimicrobianos no período de agosto a dezembro de 2005 no Hospital do Coração do Cariri PERÍODO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO TOTAL NÚMERO DE PACIENTES INTERNADOS 149 109 129 122 100 609 NÚMERO DE PACIENTES QUE UTILIZARAM ANTIMICROBIANOS 26 20 27 30 20 123 PERCENTUAL QUE UTILIZARAM ANTIMICROBIANOS 17,4% 18,3% 20,9% 24,6% 20,0% 100% Foram utilizados 7 tipos diferentes de antimicrobianos, o mais freqüente foi a Cefalotina 1g em 48% dos pacientes estudados, seguido pela Ceftriaxona 2g em 28%, Clindamicina 600mg em 9%, Ciprofloxacin 500mg em 7%, Metronidazol 500mg em 5%, Azitromicina 500mg em 3% e Gatifloxacino 400mg utilizado em apenas 2% dos pacientes, como apresentado na Tabela 2. Tabela 2. Principais antimicrobianos utilizados no período de agosto a dezembro de 2005 no Hospital do Coração do Cariri. NOME DO ANTIMICROBIANO DOSE NÚMERO DE PACIENTES QUE UTILIZARAM PERCENTUAL DE PACIENTES QUE UTILIZARAM CEFALOTINA CEFTRIAXONA CLINDAMICINA CIPROFLOXACIN METRONIDAZOL AZITROMICINA GATIFLOXACINO TOTAL 1g 2g 600 mg 500 mg 500 mg 500 mg 400 mg 59 34 11 08 06 03 02 123 48% 28% 9% 7% 5% 3% 2% 100% Quanto à via de utilização dos antimicrobianos, observou-se predomínio da via endovenosa que foi utilizada em 91 pacientes, enquanto que apenas em 32 pacientes foi utilizada a via oral. A justificativa da utilização dos antimicrobianos foi que 56 pacientes fizeram uso para profilaxia cirúrgica, o que ocorreu em 45,5%, enquanto que 67 pacientes utilizaram para tratamento de infecção, ou seja, com finalidade terapêutica, com uma ocorrência de 54,5% dos casos. Dos 67 casos de infecções: 48 casos foram de infecção respiratória, 10 casos de endocardite infecciosa, 5 casos de infecção urinária, 3 casos infecção em ferida cirúrgica e 1 caso de infecção de infecção intestinal em paciente hipertenso que necessitava de atendimento em hospital especializado. Dos 67 casos de infecção: 59 casos de infecções comunitárias (88%) e 08 casos de infecções hospitalares (12%). No total a ocorrência destas infecções foram de 48 casos foram de infecção respiratória (71,6%) 04 casos de infecções hospitalares e 44 casos de infecções comunitárias; 10 de endocardite infecciosa (15%) como infecções comunitárias; 5 casos de infecção urinária (7,5%), com 04 casos de infecções comunitárias e 01 caso de infecções hospitalares; 3 casos infecção em ferida cirúrgica (4,5%) em infecções hospitalares; e 1 caso de infecção intestinal (1,5%) como infecção comunitária em paciente hipertenso que necessitava de atendimento em hospital especializado. Observa-se na Tabela 3 a distribuição de infecções relacionadas à topografia da infecção. Tabela 3. Número de pacientes com infecção hospitalar e comunitária relacionados à topografia da infecção período de agosto a dezembro de 2005 no Hospital do Coração do Cariri. TOPOGRAFIA HOSPITALAR COMUNITÁRIA Respiratória 04 (5,9%) 44 (65,7%) Endocardite - 10 (15,0%) Urinária 01 (1,5%) 04 (6,0%) Ferida cirúrgica 03 (4,4%) - Intestinal - 01 (1,5%) TOTAL 08 (11,8%) 59 (88,2%) Não foram observados nenhum caso de reação adversa a medicamentos nos 123 prontuários analisados. Foram solicitadas 10 culturas, sendo: 07 hemoculturas e 03 culturas de secreção de ferida cirúrgica. Os resultados de 06 hemoculturas foram negativos e 01 hemocultura foi positiva, sendo isolado Staphylococcus aureus. As 03 culturas de infecção de ferida cirúrgica foram positivas e o microrganismo causador das três foi Staphylococcus aureus Foi relacionado o número de pacientes que faziam uso de cateter urinário e venoso central o que ocorreu em 96 pacientes, 26 pacientes usaram cateter venoso central e somente 3 pacientes apresentaram ferida traumática, entre outros dispositivos potenciais veiculadores de bactérias para o interior do organismo, estes fatores predisponentes à infecção estão apresentados na Tabela 4. Tabela 4. Fatores Predisponentes à infecção nos 123 pacientes que fizeram uso de antimicrobianos no período de agosto a dezembro de 2005 no Hospital do Coração do Cariri. FATORES PREDISPONENTES CATETER URINÁRIO E VENOSO CATETER VENOSO FERIDA TRAUMÁTICA TOTAL NÚMERO DE PACIENTES 96 PERCENTUAL 78,0% 24 03 123 19,5% 2,5% 100,0% A média do número de dias de uso dos antimicrobianos foi de 6,5 dias, tendo um mínimo de 3 dias e um máximo de 25 dias. A evolução dos pacientes foi de 05 óbitos e o 118 restantes evoluíram para a cura e alta. A mortalidade foi de 4% dos pacientes envolvidos no estudo. Em relação ao sexo a distribuição foi de 60% do sexo masculino e 40% dos pacientes eram do sexo feminino. Com relação a idade a média foi de 59 anos. Observou-se o paciente de menor idade com 2 meses de vida e o de maior idade com 91 anos. Mas observamos a maioria dos pacientes com a idade entre 40 e 70 anos, este grupo corresponde a 84,8% do grupo total. 5. DISCUSSÃO A amostra foi composta por 123 pacientes que utilizaram antimicrobianos no período de agosto a dezembro de 2005, sendo a incidência global de 20,2% dos pacientes internados no período. Dentre os 123 pacientes que utilizaram antimicrobianos, observa-se que 45,5% com finalidade profilática, enquanto que 54,5% com a finalidade terapêutica, observando-se que todos os pacientes que realizaram cirurgia cardíaca na instituição fizeram uso da profilaxia antimicrobiana com administração do antibiótico antes do ato cirúrgico, evitando assim, a probabilidade de desenvolver infecção no pós-operatório. Por outro lado, observou-se o uso por até três dias após a cirurgia, o que contradiz o término da profilaxia. Segundo PRETELL, J.C.G.T., 2003, este tipo de tratamento é ineficaz tanto para profilaxia como para o tratamento de possíveis infecções pós-operatórias, e que esta prática aumenta os custos e pode levar a seleção de cepas resistentes. A utilização de antimicrobianos para profilaxia cirúrgica foi de 45,5%. Segundo MUNCHOF, 2005 aproximadamente 30 a 50% dos antimicrobianos utilizados em meio hospitalar se destinam à profilaxia cirúrgica. Para cirurgia cardíaca que é considerada cirurgia limpa, em condições tecnicamente adequadas, o potencial de infecção é baixo. Segundo PORTARIA 930. MS. 1992. é inferior a 5%, o que em geral não justifica o uso profilático de antimicrobianos, exceto nos casos em que uma eventual infecção requeira tratamento complexo e represente risco significativo ao paciente. Dos 67 pacientes que apresentaram infecção no período de agosto a setembro no Hospital do Coração do Cariri, 08 desenvolveram infecção hospitalar, correspondendo a uma taxa de infecção hospitalar de 12%. No Brasil um estudo denominado “Estudo Brasileiro da Magnitude das Infecções hospitalares e Avaliação da Qualidade das Ações de Controle de Infecção Hospitalar” que foi realizado pelo Ministério da Saúde entre maio e agosto de 1994 avaliou 8.624 pacientes com mais de 24 horas de internação, cujo tempo médio de permanência foi 11,8 dias. O número de pacientes com infecção hospitalar foi 1.129, com a taxa de infecção hospitalar de 15,5%. Os maiores índices de pacientes com infecção foram observados nos hospitais públicos (18,4%) e os menores nos hospitais privados sem fins lucrativos (10%). Nesse caso podemos observar que a instituição na qual este estudo foi observado é um hospital filantrópico e que a taxa de infecção hospitalar está de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde. Foram identificados 59 pacientes com infecções consideradas comunitárias (incidência de 88%), ou seja, aquelas que os pacientes já apresentavam antes do seu internamento e que não foram provocadas por procedimentos hospitalares. Nas infecções hospitalares, a maior incidência foi de infecções respiratórias com 04 casos (5,9%), seguida pela infecção do sítio cirúrgico com 03 casos (4,4%) e urinária com 01 caso (1,5%). Quanto às infecções comunitárias a maior incidência ocorreu no trato respiratório com 44 casos (65,7%) e em segundo lugar pela endocardite com 10 casos (15,0%), seguido pela infecção urinária com 04 casos (6,0%) e a ocorrência de 01 caso de infecção intestinal (1,5%). O risco para infecção pode ser identificado neste grupo de pacientes estudados está associado, entre outros, aos fatores relacionados ao tratamento de patologias cardíacas (cirurgia, presença de vias invasivas, terapia medicamentosa). Além dos procedimentos invasivos e da defesa primária insuficiente, provocada pelo trauma cirúrgico, vários outros fatores influenciam a incidência de infecção na ferida operatória, entre eles as condições clínicas pré-operatórias do paciente, as condições técnicas em que a cirurgia foi realizada e a permanência hospitalar préoperatória. Os procedimentos invasivos aos quais os pacientes foram submetidos influenciam os índices de infecção, o que pode ser observado quando se relaciona o número de 96 pacientes que usaram cateter urinário e venoso central (78,0%), 24 pacientes usaram apenas cateter venoso (19,5%). A correlação entre uso de cateter urinário e infecção urinária foi mais marcante nos pacientes acometidos de infecção comunitária. Observa-se, ainda, a presença de ferida traumática que pode levar ao desenvolvimento de infecções cavitárias ou sepses, sendo observada a presença de ferida traumática em 03 pacientes (2,5%). Dentre as infecções hospitalares a maior prevalência foi de infecção respiratória, sendo 65,8% das infecções comunitárias e hospitalares, ressaltando-se que muitos pacientes para tratamento das patologias cardíacas com infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva, entre outras patologias e todos os pacientes que se submeteram a cirurgia, permanecem conectados ao respirador, ou seja, a ventilação mecânica, por mais de cinco dias, podendo esse procedimento invasivo predispor ao desenvolvimento de infecção respiratória. A incidência de infecções respiratórias varia de 8 a 28% de acordo com o tipo de UTI, tempo de permanência e duração da ventilação mecânica e com a metodologia empregada nos diversos estudos disponíveis, segundo CHEVRET et al, 1993. O índice de infecção respiratória encontrado foi considerado alto quando em comparação com o estudo de CHEVRET et al, 1993 e TORRES et al, 1990, que foram de 28% e 15%, respectivamente. Esse índice sugere a necessidade de implantação de programas de orientação e supervisão, evolução e implementação de técnicas de lavagem de mãos, aspiração de secreções e diminuição do período de entubação endotraqueal na UTI e nos pacientes em pós-operatório. Segundo CORRÊA, 2005, a ventilação mecânica, a entubação oro ou nasotraqueal ultrapassa a barreira mecânica imposta pelas vias aéreas superiores, o que permite a passagem direta de bactérias e secreções às vias aéreas inferiores e danifica o epitélio traqueal ciliado, reduzindo a sua capacidade de depuração. A contaminação se dá, mais frequentemente, pela microaspiração de secreções contaminadas das vias aéreas superiores e estômago, previamente colonizadas, como também através do espaço compreendido entre o tubo e a parede traqueal, junto ao balonete. Além da entubação traqueal, observa-se outros fatores que predispõem a infecção respiratória que são a presença de doença pulmonar crônica, coma, hipertensão arterial, acidose metabólica, insuficiência renal, e leucocitose e leucopenia, predispondo a colonização por bastonetes Gram-negativos, que denota o papel central deste fenômeno na patogênese da infecção respiratória nasocomial (FERNANDES, A.T., 2005). Observou-se que 2,4% dos pacientes estudados desenvolveram infecção no sítio cirúrgico, índice compatível com aqueles obtidos por FERRAZ et al , SAWER et al e ALDO et al, correspondendo respectivamente a 3,4%, 1,5% e 2,9%. Dentre as infecções hospitalares, a infecção do sítio cirúrgico foi a segunda mais freqüente entre os pacientes hospitalizados. No entanto, em diversas instituições a infecção de sítio cirúrgico ocupa o primeiro lugar, sendo a infecção mais prevalente, segundo MANGRAM, A.J. et al, 1999 e GAYNES, R.P. et al, 2001. Estudos revelam que no Brasil, a infecção do sítio cirúrgico apresenta uma incidência de 2,8 a 20%(média de 11%) dependendo do tipo de vigilância realizada, das características do hospital, do paciente e do procedimento cirúrgico. Estima-se que a ocorrência de infecção do sítio cirúrgico pode elevar em média a permanência hospitalar de 7,4 para 14,3 dias. (GRINBAUM, R.S.,1997). A infecção da ferida cirúrgica é um risco inerente ao ato cirúrgico, sendo a complicação que pode se manifestar pela presença de eritema local, edema, calor, dor, deiscência e secreção purulenta. Porém, pela dificuldade na interpretação dos sinais de inflamação e, também pelo fato de que podem estar atribuídos a outro evento que não especificamente, este estudo utilizou a definição de infecção de ferida cirúrgica como aquela que apresenta drenagem de secreção purulenta isoladamente, desde que não restrita ao ponto, com ou sem confirmação laboratorial, segundo COUTO, R.C.1997, e PEDROSA, T.M.G.,1998. O antimicrobiano mais utilizado foi a Cefalotina, uma cefalosporina de primeira geração que foi padronizada na instituição para profilaxia cirúrgica, pois a cefalotina possui melhor espectro que a cefalexina, outra cefalosporina de primeira geração, apresenta melhor ação sobre cepas de Staphylococcus e Streptococcus, sendo disponível apenas para administração parenteral e somente por via endovenosa, o que se enquadra melhor ao uso hospitalar do que a cefalexina, que é disponível somente para uso oral. A cefalotina é disponível somente para administração parenteral, mas deve ser aplicada por via endovenosa, já que pode causar dor se aplicada por via intramuscular. A meiavida é curta, variando de 30 a 40 minutos,e , por não ter penetração no líquido cefalorraquidiano, não deve ser utilizada no tratamento de meningites.(SADER, H.S.; JONES, R.N., 1995). Segundo HENRY, F.; CHAMBERS, M.D., 2006 apesar das cefalosporinas de primeira geração terem amplo espectro de atividade e serem relativamente atóxicas, raramente constituem os fármacos de escolha para qualquer infecção. A cefalotina trata-se da droga de escolha para profilaxia cirúrgica. As cefalosporinas de segunda e terceira geração não oferecem nenhuma vantagem para profilaxia cirúrgica, na maioria dos procedimentos; além de que são de custo muito mais elevado e geralmente não devem ser utilizadas para esse propósito. Deve-se ressaltar que a cefatotina foi o antimicrobiano mais utilizado, em destaque que houve 45,5% de uso profilático para os antimicrobianos, visto que todos os pacientes que fizeram uso profilático de antimicrobiano utilizaram a cefalotina para essa finalidade. Quanto à via de administração em 73,9% dos pacientes foi utilizada a via endovenosa, uma vez que como se trata de pacientes internados, a via de escolha é a via endovenosa, devido a sua velocidade de ação e por facilitar a administração. A média do número de dias de uso dos antimicrobianos foi de 6,5 dias, tendo um mínimo de 3 dias e um máximo de 25 dias, o número de dias em geral foi baixo ressaltando que 45,5% dos pacientes fizeram uso desses medicamentos como uso profilático. A média de dias de internamento nesse grupo que utilizaram antimicrobianos foi de 8,1 dias. Segundo FEBRE, N.V., 2000 as infecções intrahospitalares aumentam entre cinco a dez dias o período de hospitalização. Ressaltando que nos oito casos de infecções hospitalares o período médio de internação foi de 14 dias. Os resultados de 06 hemoculturas foram negativos e 01 hemocultura positiva, sendo isolado Staphylococcus aureus e as culturas de infecção de ferida cirúrgica foram positivas e o microrganismo causador das três foi Staphylococcus aureus. Segundo MICHELIM L et al, 2005, os estafilococos, especialmente o S. aureus, estão entre os microrganismos mais importantes associados às infecções nosocomiais o S. aureus é uma espécie colonizante da pele, sendo frequentemente inoculado durante procedimentos invasivos ou veiculados pela equipe de saúde, e essa situação é agravada pela emergência de cepas multiresistentes endêmicas no ambiente hospitalar. A reconhecida agressividade do S. aureus traz morbidade. Esta maior prevalência de S. aureus está de acordo ao reportado em estudos de Segundo RIBEIRO, D.G.L. et al, 2005 e a baixa positividade das hemoculturas é um fato costumeiro na prática médica de quem lida com endocardite infecciosa, devido o uso de antibióticos antes da colheita adequada de hemoculturas, fato observado rotineiramente no dia-a-dia do manuseio de pacientes com endocardite. Além disso, a freqüente utilização de antibióticos pelos pacientes, antes da busca adequada do atendimento hospitalar, não curando a infecção, mas com impedimento do isolamento do germe causador da doença, reduzindo, talvez mais significativamente que qualquer outro fator, a positividade de hemocultura em hospitais brasileiros. Para o tratamento desses casos de endocardite e infecção de ferida cirúrgica, onde foram isolados S. aureus estavam sendo utilizados Ceftriaxona e Clindamicina. A ceftriaxona é uma cefalosporina de terceira geração, que segundo HENRY, F.; CHAMBERS, M.D., 2006 consiste em cobertura ampliada contra microrganismos gram-negativos e além das bactérias gram-negativas os agentes da terceira geração são ativos contra Citrobacter, Serratia marcescens e Providencia. Este autor destaca que as cefalosporinas de terceira geração exibem atividade precária contra S. aureus. Observamos o uso inadequado da ceftriaxona que não sendo muito ativa contra S. aureus, estava sendo utilizada desnecessariamente. A justificativa encontrada para esse uso é que essa cefalosporina foi prescrita antes do resultado da cultura visando a cobertura de bactérias gram-negativas, uma vez que foi prescrita para uso empírico. Já a clindamicina apresenta excelente atividade sobre estreptococos e estafilococos, tendo sido utilizada adequadamente para S. aureus. Segundo RANGE, H.P.; DALE, M.M., et al, 2004 o antibiótico de escolha para Staphylococcus (furúnculos, infecções de feridas, etc) seria uma cefalosporina ou vancomicina. Dos casos de infecção foram solicitadas culturas em apenas 8,1% dos casos, um número muito baixo, demonstrando que o tratamento das infecções está baseado no uso empírico e na clínica do paciente, denotando o problema de que sem a cultura para o isolamento e identificação do microrganismo causador e sem o antibiograma, pode-se utilizar o antibiótico inadequado para aquela infecção e ou utilizar um antibiótico com espectro de ação superior ao que seria necessário. Não foram observados nenhum caso de reação adversa a medicamentos nos 123 prontuários analisados, cabendo-se ressaltar que não há a prática de notificação de reações adversas pelos profissionais desta instituição sendo uma dificuldade que limita o estudo de casos de reações adversas aos antimicrobianos neste trabalho. 6. CONCLUSÕES • A utilização de antimicrobianos no Hospital do Coração do Cariri no período de agosto a dezembro de 2005 foi realizada de acordo com os antimicrobianos padronizados pela comissão de controle de infecção hospitalar, uma vez que, todos os antimicrobianos prescritos estavam de acordo com a lista de padronização para antimicrobianos; • Esses antibióticos foram utilizados predominantemente para finalidade terapêutica. A duração do tratamento foi considerada correta de acordo com a literatura e não houve de um modo geral uso prolongado desses medicamentos; • Não foi possível detectar a ocorrência de reações adversas aos antimicrobianos; • O índice de infecção hospitalar foi considerado baixo, estando abaixo do que o preconizado pelo Ministério da Saúde para instituições hospitalares filantrópicas na região Nordeste; • A infecção respiratória foi a mais prevalente, seguida pela endocardite infecciosa e infecção de ferida cirúrgica; • De acordo com as culturas solicitadas, observou-se o aparecimento de apenas um tipo de bactéria o Sthapylococcus aureus, porém o número de culturas solicitadas foi muito pequeno em comparação com o número de infecções ocorridas, ficando muitas infecções sem a determinação do agente causador; • Observou-se o uso racional dos antimicrobianos em relação à justificativa do uso e a duração do tratamento, otimizando os recursos financeiros, sendo considerado reduzido o uso desnecessário e inadequado dos antimicrobianos; 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALDO, C.M.; TERTULIANO, N.A.; DANTAS FILHO, A.M.; PINTO F.E.L.; UCHOA, R.A.,C.; CARVALHO, M.R. Infecção hospitalar em pacientes cirúrgicos de Hospital Universitário. Acta Cir Bras. Vol 18 suppl. 1 São Paulo, 2003. 2-7p. AZEVEDO, F.M. Microrganismos Multirresistentes. In: Infecções Hospitalares. Rio de janeiro 2005. 342p. BARGER, A.B.; FUSHST, C; WIEDEMANN, B. Pharmacologial índices in antibiotictherapy. J. Antimicrob. Chemother.,2003; 52:893-98p. BENLOLO, S; MATÉO, J; RASKINE, L; TIBOURTINE, O; BEL, A; PAYEN, D et al. Sternal puncture allows na early diagnosis of poststernotomy mediastinits. J Thorac Cardiovasc Surge 2003; 125:611-7p. [Medline] BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 2616, 12 de Maio de 1998. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 1998. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Portaria 930, de 27 de agosto de 1992. CENTERS FOR DISEASE CONTROL. 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DADOS CLÍNICOS HIPÓTESE DIAGNÓSTICA PRINCIPAL: CIRURGIA: ______________________________________________________________ Data da intervenção:____/___/_____ ANTIMICROBIANO DOSE VIA DE ADMINISTRAÇÃO POSOLOGIA NÚMERO DE DIAS DE USO DOS ANTIMICROBIANOS 3.ANTIMICROBIANOS UTILIZADOS: 4. MOTIVO DA UTILIZAÇÃO DE ANTIBIÓTICOS: Profilaxia ( ) Terapêutico ( ) 5. TIPO DE INFECÇÃO Infecção hospitalar ( ) Infecção comunitária ( ) Indeterminado ( ) 6. FATORES PRÉ-DISPONENTES A INFECÇÃO FERIDA TRAUMÁTICA ( ) CATETER URINÁRIO ( ) CATETER VENOSO CENTRAL ( ) 7. REAÇÕES ADVERSAS PRESENÇA DE REAÇÕES ADVERSAS: ( ) SIM ( ) NÃO 8. SOLICITAÇÃO DE CULTURA: ( ) SIM ( )NÃO TIPO DE CULTURA SOLICITADA:__________________________________________ RESULTADO DA CULTURA:_______________________________________________ RESULTADO DO ANTIBIOGRAMA:_________________________________________ 9.EVOLUÇÃO DO PACIENTE: Cura/Alta ( ) Óbito ( ) ESCOLA SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA ÉRICA CARNEIRO RICARTE PERFIL DO USO DE ANTIMICROBIANOS NO HOSPITAL DO CORAÇÃO DO CARIRI NO PERÍODO DE AGOSTO A DEZEMBRO DE 2005 CRATO-CE 2006 ÉRICA CARNEIRO RICARTE PERFIL DO USO DE ANTIMICROBIANOS NO HOSPITAL DO CORAÇÃO DO CARIRI NO PERÍODO DE AGOSTO A DEZEMBRO DE 2005 Monografia submetida à Escola de Saúde Pública do Ceará como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Assistência Farmacêutica. Orientador: CICERO FRANCISCO BEZERRA FELIPE Mestre CRATO 2006 ÉRICA CARNEIRO RICARTE PERFIL DO USO DE ANTIMICROBIANOS NO HOSPITAL DO CORAÇÃO DO CARIRI NO PERÍODO DE AGOSTO A DEZEMBRO DE 2005 Especialidade em Assistência Farmacêutica Escola de Saúde Pública do Ceará Aprovada em _____/_____/_________ Banca Examinadora: ________________________________ Kelly Rose Tavares Neves Mestre _________________________________ Maria das Graças Nascimento Silva Mestre AGRADECIMENTOS A Deus, Sem Ele nada seria possível. Agradeço pela vida e pela sabedoria adquirida neste trabalho. Ao meu orientador Professor Cícero, Pelo profissionalismo e pela magnífica capacidade que conduziu este trabalho, dentro do rigor científico e pelo constante aprendizado. Aos meus pais e irmãos, Por todo amor, compreensão e cumplicidade na qual vivemos nossas vidas. A Alfredo e Elke, Que mesmo mergulhados nos afazeres do trabalho e da universidade não pouparam esforços para me ajudarem nas pesquisas e nas consultas bibliográficas. A Professora Kelly Rose, A valiosa colaboração prestada durante a conclusão deste trabalho e por seus ensinamentos científicos. A Christianne Neri, A amizade, o respeito, a convivência saudável e o incentivo constante nas horas difíceis. A José Hildemberto, Pela compreensão e por sempre me estimular a prosseguir e por acreditar em mim. A Professora Graça Nascimento e a todos os que fizeram o curso de Assistência Farmacêutica, Muito obrigada por acreditarem na profissão farmacêutica e pela oportunidade de aperfeiçoamento na nossa área. RESUMO A escolha racional de um antibiótico em uma instituição hospitalar é importante uma vez que controla a utilização desses medicamentos, evitando o desenvolvimento de resistência bacteriana ao antimicrobiano, promovendo a redução dos gastos com internações devido a uma maior efetividade do tratamento. O uso indiscriminado de antimicrobianos tem como conseqüência a formação de cepas bacterianas multiresistentes e redução do espectro de drogas que sejam corriqueiramente eficazes no tratamento de infecções. O presente trabalho propõe a avaliação o perfil do uso de antimicrobianos no Hospital do Coração do Cariri no período de agosto a dezembro de 2005. Este estudo é do tipo observacional, retrospectivo, de fase hospitalar realizado no Hospital do Coração do Cariri por meio da análise de prontuários, com o preenchimento de um questionário com os dados necessários à investigação. Analisou-se 123 prontuários de pacientes que fizeram uso de antimicrobianos e observou-se que o antimicrobiano mais utilizado foi a cefalotina em 48% dos casos. O uso de antimicrobianos para profilaxia cirúrgica ocorreu em 45,5% e o uso terapêutico em 54,5% dos casos. As infecções comunitárias (88%) foram mais prevalente que as infecções hospitalares (12%). O tipo de infecção mais prevalente foi a infecção respiratória (71,6%), seguida pela endocardite infecciosa (15%), infecção urinária (7,5%) e infecção em ferida cirúrgica (4,5%). A taxa de infecção hospitalar foi de 12%. Não foi possível detectar a ocorrência de reações adversas aos antimicrobianos. De acordo com as culturas solicitadas, os microrganismos mais prevalente foi o Sthapylococcus aureus. Encontrou-se o uso racional dos antimicrobianos em relação à justificativa do uso e a duração do tratamento, otimizando os recursos financeiros, sendo considerado reduzido o uso desnecessário e inadequado dos antimicrobianos. ABSTRACT In order to avoid the development of bacteria resistence to the antimicrobial medicine, choosing properly an antibiotic at a hospitalar instituition is important since it controls the use of such medicine, by promotion the reduction of expenses caused by internments due to major treatment effectiveness. The indiscriminate use of antimicrobial medicines has as consequences multi – resistance bacterias ceps formation and reduction of drug spectrum efficient for infection treatment. This work proposes the profile evalution for antimicrobial medicine use at Hospital do Coração do Cariri from August throught December, 2005. This a hospitalar phase retrospective observation – like study carried thougt at Hospital do Coração do Cariri by means of handbook analysis , filling out a questionnaire with needed data for the investigation. 123 handbook of patients who have used antimicrobial medicine were analyzed and it was observed that the most used antimicrobial medicine was cefatotin in 48% of the cases. The use of antimicrobial medicine surgery prophylaxis occurred in 45,5% and therapy use 54,5% of the cases. Communitarian infections (88%) were more prevalent then hospital ones (12%). The most prevalent infections was respiratory infection (71,6%), followed by infectious endocarditics (15%), urinary infection (7,5%) and infection in sugery wound (4,5%). Hospitalar infection rate was 12%. Occurrence of reverse reactions rate to the antimicrobial medicine could not be detected. According to the requested cultures, the most prevalent microorganism was Sthapylococcus aureus. The use of antimicrobial medicine was found rational in relation to the justification of the justification of the use and duration of the treatment, optimizing financial resources, considering the unnecessary and inadequate of antimicrobial medicine use reduced. ABREVIATURAS CBM - Concentração bactericida mínima CCIH-Controle de Infecções Hospitalares CIM-Concentração Inibitória Mínima DNA – Ácido Desoxiribonucléico RNAm – Ácido Ribonucléico Mensageiro OMS - Organização Mundial de Saúde PABA – Ácido Paraaminobenzóico PCIH – Programa de Controle de Infecções Hospitalares PBP - Proteínas de Ligação da Penicilina RNA – Ácido Ribonucléico SUS - Sistema Único de Saúde RNAt – Ácido Ribonucléico Transportador WHO – World Organization Health UTI – Unidade de Tratamento Intensivo SUMÁRIO DE TABELAS, QUADROS, FIGURAS E GRÁFICOS. Quadro 1. Classificação dos antimicrobianos.........................................................................18 Figura 1. Mecanismo pelo qual uma mutação do DNA bacteriano confere resistência a certos antibióticos, devido a impossibilidade do fármaco passar através da parede das bactérias................................................................................................24 Figura 2. Ilustração esquemática da ação da beta-lactamase sobre o anel lactâmico da penicilina formando um composto inativo (ácido penicilóico)..........................29 Tabela 1. Número de pacientes em uso de antimicrobianos no período de agosto a dezembro de 2005 no Hospital do Coração do Cariri............................................................51 Tabela 2. Principais antimicrobianos utilizados no período de agosto a dezembro de 2005 no Hospital do Coração do Cariri...............................................................52 Tabela 3. Número de pacientes com infecção hospitalar e comunitária relacionados à topografia da infecção período de agosto a dezembro de 2005 no Hospital do Coração do Cariri.............................................................................................53 Tabela 4. Fatores Predisponentes à infecção nos 123 pacientes que fizeram uso de antimicrobianos no período de agosto a dezembro de 2005 no Hospital do Coração do Cariri..............................................................................................54 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO SUMÁRIO DE TABELAS, QUADROS, FIGURAS E GRÁFICOS 1.INTRODUÇÃO................................................................................................................14 2.REVISÃO DA LITERATURA........................................................................................29 3.OBJETIVOS.....................................................................................................................48 4.MÉTODO.........................................................................................................................49 5.RESULTADOS................................................................................................................51 6.DISCUSSÃO...................................................................................................................56 7.CONCLUSÕES...............................................................................................................64 8.REFERÊNCIAS..............................................................................................................65 9. APÊNDICES..................................................................................................................72