Coma mixedematoso Forma grave de hipotiroidismo, com reconhecimento difícil pela baixa prevalência e sintomatologia não específica. Assim, o diagnóstico é facilitado se considerado. Mais freqüente em mulheres, principalmente acima dos 60 anos e na época de inverno (exposição a baixas temperaturas). Fatores precipitantes INFECÇÃO/ SEPSE EXPOSIÇÃO AO FRIO INTENSO DROGAS E MEDICAMENTOS DOENÇA PULMONAR AVC ADMINISTRAÇÃO DE SEDATIVOS ISUFICIÊNCIA CARDÍACA SANGRAMENTO GASTRINTESTINAL CIRURGIA QUEIMADURAS TRAUMA HIPONATREMIA HIPOTIROIDISMO NÃO TRATADO OU MÁ ADERÊNCIA AO TRATAMENTO Causas básicas TIREOIDECTOMIA TOTAL OU SUBTOTAL PRÉVIA TRATAMENTO ABLATIVO COM IODO RADIOATIVO TIROIDITE DE HASHIMOTO DE LONGA EVOLUÇÃO DOENÇAC HIPOTALAMICAS-HIPOFISÁRIAS DROGAS: AMIODARONA, CONTRASTES IODADOS, LÍTIO, RIFAMPICINA, ANTICONVULSIVANTES Quadro clínico: essencial para o diagnóstico: alteração do nível da consciência (maioria não está em coma) + termorregulação defeituosa + fatores precipitantes maioria com antecedente de hipotiroidismo com quadro clínico compatível com esse diagnóstico; bradicardia associada a insuficiência respiratória (hipercapnia e hipoxemia), derrame pericárdico e hipotensão; sinais de ICC dor e distensão abdominal com náuseas e vômitos, pseudo-obstrução, atonia gástrica e diminuição da motilidade intestinal (íleo paralítico e megacólon); hipotermia mesmo em quadro infeccioso; alteração do nível de consciência: desorientação, letargia, confusão, psicose, convulsões e coma. Reflexos tendíneos diminuídos ou ausentes. atrofia e perda de massa muscular. edema de face, pés, mãos, macroglossia. Derrame pleural, pericárdico e/ou ascite.Retenção urinária Pele seca, fria e pêlos ralos e finos. Radiografia de tórax: aumento da área cardíaca e ECG bradicardia sinusal com complexos de baixa voltagem difusa Laboratório Hiponatremia /SIADH /Hipocloremia /aumento da creatinina; Hipoxemia/ Hipercapnia, Acidose respiratória; Anemia leve e normocrômica/ leucocitose ou leucopenia; Aumento de creatinofosfoquinase, geralmente >500U/L; Hipercolesterolemia e hipoglicemia; Aumento de transaminases; Hormonal: diminuição de T4 e T3 totais, diminuição de T4 livre e aumento de TSH. No hipotiroidismo central ou co-existência da Síndrome do eutiroideo doente, TSH baixo ou nos limites inferiores da normalidade.Pode ocorrer hipocortisolismo ou deficiência de outros hormônios hipofisários. Avaliação Laboratorial no Coma Mixedematoso T4 livre TSH CPK Gasometria arterial Glicemia Sódio/ Potássio Hemograma Cortisol Uréia/ Creatinina Hemocultura Urina I e Urocultura Eletrocardiograma Radiografia de tórax Colesterolemia Diagnóstico diferencial: intoxicação exógena hipoglicemia hipercalcemia AVC hematoma subdural hiponatremia doença do eutiroidiano doente (pode estar associado ao mixedema) Tratamento: deve ser realizado em unidade de terapia intensiva. 1) Rápida reposição hormonal (mesmo antes dos resultados laboratoriais); Ataque VO Manutenção EV LEVOTIROXINA (T4) 300-500ug ou 2ug/Kg 500ug 50-100ug/dia Manutenção VO 100-175ug/dia Ataque EV LIOTIRONINA ASSOCIADOS (T3) (T4 +T3) 10-20ug T4:200-300ug T3:10ug 10ug 4/4h por T4: 50ug a 24hs; após 10mg 100ug/ dia 6/6h ou 8/8h T3:10ug de 8/8h a 12/12h T4: 50ug a 100ug/dia Também pode ser feito o seguinte esquema: • LT4 e.v.: 250 a 500 mcg inicialmente e depois 75 a 150 mcg diariamente; • LT4 v.o.: por sonda, 500 a 1000 mcg inicial e posteriormente 100 a 200 mcg por dia; • T3 e.v.: 75 a 200 mcg no 1o. dia e depois 25 a 50 mcg em 3 ou 4 doses divididas; • T3 v.o.: 100 a 250 mcg no 1o. dia e depois 50 a 100 mcg em doses divididas. 2) Melhor via para reposição é a endovenosa; Se não disponível EV fornecer VO ou por sonda.Manter EV até paciente poder ingerir T4 VO. 3) Maioria dos autores preconiza uso isolado de T4 (pelos riscos cardíacos da reposição com T3); 4) Se insuficiência adrenal transitória: hidrocortisona endovenosa -100mg cada 6 a 8 horas até melhora clínica ou cortisol > 34ug/ dL ou teste da cortrosina normal.Redução progressiva posteriormente; 5) Medidas de suporte: aquecimento central, evitando aquecimento periférico. Se persistência de hipotermia após 48hs, considerar uso de T3; ventilação mecânica; hiponatremia: Nab >120 mEq/L somente reposição hormonal.Casos mais graves tratamento com solução hipertônica na dose de 0,5 a 1 mEq/L/h mantendo 130mEq/L nas primeiras 24horas. Atenção para volume. controle glicêmico e reposição de glicose; correção de hipovolemia e avaliação da necessidade de drogas vasoativas; procura de foco infeccioso precipitante.Coleta de dois pares de hemoculturas, urina I e urocultura. a ingestão alimentar não deverá ser permitida até que o paciente esteja alerta e com ruídos hidroaéreos ativos, quando, então, alimentação pastosa deverá ser gradualmente instituída Fatores de mau prognóstico: idade avançada, bradicardia com freqüência cardíaca menor que 44 bp/ min; e temperatura corporal abaixo de 34°C, hipotermia persistente não responsiva até 72 h de terapia, septicemia, infarto do miocárdio e hipotensão arterial.