A INFLUÊNCIA MIDIÁTICA NO GOSTO MUSICAL DE UM GRUPO

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A INFLUÊNCIA MIDIÁTICA NO GOSTO MUSICAL DE UM GRUPO DE ADOLESCENTES
Priscila Pereira
Universidade Federal do Paraná
Curitiba – Paraná
RESUMO
O trabalho tem por finalidade apresentar uma pesquisa sobre a relação entre a mídia e o
gosto musical de um grupo de adolescentes de um colégio público da cidade de Curitiba.
Participaram da pesquisa 32 adolescentes que têm entre 12 e 16 anos. Este estudo teve
como intuito discutir a influência da mídia na formação de hábitos e valores dos
adolescentes e, por conseguinte, sua influência também no gosto musical. Para tanto, foi
preciso analisar as características da adolescência, bem como os meios midiáticos e a
música divulgada por estes meios. Em seguida, foram apresentados o perfil dos
entrevistados, sua vivência e gosto musical, além de sua utilização dos meios midiáticos.
Desse modo, foi possível vincular à análise uma proposta educacional que valoriza a
vivência e o repertório musical do aluno, tendo em vista a importância de fazer com que
as aulas de música sejam produtivas e agradáveis para o mesmo.
Palavras-chave: Adolescentes; Educação Musical; Mídia.
INTRODUÇÃO
A adolescência é caracterizada por diversas mudanças físicas. À medida que
ocorrem essas mudanças, o adolescente passa por transformações psíquicas que vêm
acompanhadas do anseio de se integrar de diferentes formas na sociedade. É certo que
vários fatores contribuem neste processo de integração do adolescente, como a família, a
comunidade, os amigos e a escola. No entanto, a tecnologia e a mídia fazem parte do dia
a dia do adolescente, seja no lazer ou estudo, e isso faz com que ele receba diversas
informações a todo tempo, provenientes de vários lugares do mundo. Diante deste
cenário, a música tem um papel crucial, visto que esta se faz presente na TV, nos jogos
eletrônicos, na Internet e no rádio, integrando o adolescente na sociedade.
Todavia, é importante salientar que o adolescente não é um receptor passivo da
mídia, pois ele interage de diferentes formas com o seu conteúdo. Assim, fica evidente a
necessidade de focalizar o ponto de vista do adolescente. Subtil (2007) afirma que:
Esse processo tornou-se objeto da preocupação de inúmeros autores latino americanos na compreensão de que é preciso desviar o centro da atenção da
"emissão" unidirecional, hipodérmica para o pólo da "recepção" como espaço de
autonomia e construção de sentidos pelos sujeitos apesar dos apelos poderosos da
mídia em geral (p.7).
Não basta saber que a mídia influencia os adolescentes, mas é preciso entender o
lado do receptor, a fim de que os educadores saibam utilizar a música da mídia como uma
ferramenta auxiliar no processo de educação musical, enriquecendo o aprendizado e
proporcionando uma aula agradável para os adolescentes.
JUSTIFICATIVA
É esperado que o trabalho traga contribuições aos professores, já que poderá
oferecer uma nova proposta de educação; aos pais, que se deparam diariamente com os
problemas dessa fase tão complexa, ao mostrar que a solução para a educação do
adolescente consiste em entender o seu próprio universo; aos diversos setores da
educação, visto que a prática pedagógica nesse meio está cada vez mais complexa e
necessita de pesquisas e trabalhos que auxiliem no seu entendimento; e aos músicos, já
que a presente pesquisa irá tratar também da música da mídia e gêneros musicais.
OBJETIVOS
A presente pesquisa tem como principal objetivo investigar a influência da mídia no
gosto musical do ponto de vista de um grupo de adolescentes, bem como averiguar a
utilização da música na mídia e sua contribuição na formação de hábitos e valores,
levantar a freqüência de contato dos adolescentes com as diferentes mídias e identificar
os diferentes gêneros musicais apontados pelo referido grupo.
MÍDIA E SUA INFLUÊNCIA NO GOSTO MUSICAL DOS ADOLESCENTES
Até o século XVIII a sociedade era constituída por dois tipos de cultura. A cultura
das elites e a cultura popular (SANTAELLA, 2004, p.52). Com a ascensão da Era
Industrial (ibid), tudo o que era produzido em pequenas quantidades, passou a ser
produzido em grande escala, ou seja, em massa. Com isso, a cultura das elites e a cultura
popular foram difundidas, e é nesse âmbito que surge e cultura de massa. Isso não quer
dizer que as duas primeiras foram suprimidas, mas a cultura de massa faz surgir uma
espécie de liga entre elas. Santaella (2004) afirma que “ao absorver e digerir, dentro de si,
essas duas formas de cultura, a cultura de massas tende a dissolver a polaridade entre o
popular e o erudito, anulando suas fronteiras” (p.52).
Com o surgimento da mídia, a cultura de massa tende a se expandir ainda mais.
Alguns estudiosos passam a chamar a cultura de massa veiculada pela mídia de cultura
midiática ou cultura dos meios de comunicação de massa. “Num âmbito mais amplo e
necessariamente genérico, cultura midiática é a cultura do mercado pensada e produzida
para ser transmitida e consumida segundo a gramática, a lógica própria, a estética e a
forma de incidência e recepção peculiares ao sistema midiático-cultural” (MOREIRA,
2003, p.1208).
Existem vários tipos de mídia: mídias impressas, rádio, televisão, Internet, cinema,
videogame, entre outras.
Neste trabalho serão consideradas
principalmente a
radiodifusão, a TV e a Internet, visto que a música está presente nesses meios
intencionalmente.
Seria plausível afirmar que o gosto musical dos adolescentes é moldado por estas
mídias? Antes de responder esta questão, seria interessante esclarecer o que é o gosto
musical.
Muitos gostariam de saber o que leva um indivíduo a gostar de uma determinada
música. No caso de indivíduos mais instruídos, o principal critério é a qualidade. Já no
caso de pessoas leigas, qual é o critério utilizado para adquirir um gênero musical e
rejeitar outro? Neste caso, a qualidade muitas vezes não é levada em conta, visto que
não há uma formação crítica e estética. Sendo assim, a escolha do repertório não é feita
pela razão, estética ou contemplação da arte, mas sim pelo estímulo de sensações que a
música é capaz de produzir. Conseqüentemente, é preciso que a música proporcione
prazer a quem a escuta, ao evocar estados afetivos e comportamentais, como tristeza,
alegria, exultação, entre outros.
A música que é veiculada pela mídia, não tem o intuito de explorar a qualidade e
técnica, mas somente esses estados que a música é capaz de evocar. Através do óbvio,
ela impõe esses efeitos. Com isso, reduz-se a um mero produto industrial, pronto para ser
consumido, sem nenhuma intenção de arte (ECO, 1993, p.297).
A música de consumo utiliza fórmulas para realçar esses efeitos como, por
exemplo, o uso de refrões. Por refrão entende-se:
(...) elemento básico da canção popular massiva, pode ser definido como um
modelo melódico ou rítmico de fácil assimilação que tem como objetivos principais
sua memorização por parte do ouvinte e a participação (“cantar junto”) do receptor
no ato de audição, sendo repetido várias vezes ao longo da canção” (JANOTTI,
2006, p.3).
Além disso, na sua maioria, a música veiculada pela mídia apresenta ao ouvinte
não só um conjunto de sons, mas também um intérprete pronto para ser considerado um
ídolo, e um cenário e figurino que possam auxiliar o ouvinte e telespectador a definir o
gênero musical apresentado. Ou seja, o sucesso de uma composição não depende
somente de fatores essencialmente musicais, mas também da exploração de outras
expressões. (ibid, p.9)
Contudo, não procuro discutir aqui a qualidade da música da mídia, uma vez que
não se pode generalizar, mas levando em conta que boa parte dos adolescentes não
buscam estética, os efeitos que a música evoca, é possível afirmar que a mídia exerce
grande influência no gosto musical pelo fato da música veiculada pelos meios de
comunicação de massa vender esses efeitos, de maneira muito mais fácil de ser
entendida. Além disso, a mídia aproveita a instabilidade vivenciada pelo adolescente para
bombardeá-lo com novidades da moda, principalmente no que diz respeito à música,
trazendo promessas de felicidade. Diante desse quadro, é aceitável afirmar que a mídia,
juntamente com outros fatores, influencia o gosto musical dos adolescentes.
METODOLOGIA
O método survey foi identificado como sendo o mais adequado para a pesquisa.
Neste método, escolhe-se uma parte da população, acerca do problema em questão, para
ser estudada. Se forem recolhidas informações de toda a população obtém-se um censo,
o que não é o objetivo deste trabalho. Os indivíduos são entrevistados diretamente, a fim
de se obter resultados que são projetados para a totalidade.
Segundo Antônio Carlos Gil, entre as vantagens deste método estão: a rapidez, a
economia e a quantificação. "À medida que as próprias pessoas informam acerca de seu
comportamento, crenças e opiniões, a investigação torna-se mais livre de interpretações
calcadas no subjetivismo dos pesquisadores" (1999, p.71). Portanto, o método survey é o
mais coeso com os objetivos do trabalho.
Em termos gerais, os participantes dessa pesquisa são adolescentes entre 12 e 16
anos de idade, estudantes do Colégio Estadual Jayme Canet, localizado no bairro Xaxim
da cidade de Curitiba, Paraná. Todos os entrevistados são alunos de uma mesma turma
da sétima série do Ensino fundamental, sendo que a pesquisa foi realizada por meio da
autorização do professor responsável pela classe.
Esta entrevista foi realizada por meio de um questionário que teve como propósito
verificar de que maneira a televisão, o rádio e a Internet exercem influência na escolha do
repertório musical.
RESULTADOS
A interpretação dos dados foi feita por meio de quatro tópicos:
•
Perfil dos entrevistados
•
Vivência musical dos entrevistados
•
Utilização das mídias
•
Gosto musical
1) Perfil dos entrevistados:
O grupo entrevistado faz parte de uma mesma turma do Colégio Estadual Jayme
Canet. Apesar de o grupo ser específico, é plausível afirmar que se constitui em um grupo
heterogêneo, já que é composto por adolescentes que têm entre 12 e 16 anos. Além
disso, a turma é possui um número regular em relação aos gêneros, sendo que possui 17
meninos e 15 meninas. Do mesmo modo, foi possível notar que a turma é constituída por
diferentes “tribos”1, através dos adereços dos entrevistados.
Por meio da análise das outras questões, foi possível verificar que a maioria possui
acesso à Internet. Este dado revelou um aspecto significativo a respeito deste grupo, se
considerarmos que são estudantes de um colégio estadual, freqüentado por população de
classe média/ média baixa.
2) Vivência musical do entrevistados:
Por meio do questionário, foi possível constatar que a maioria dos entrevistados
não possui conhecimento formal de música, sendo que somente sete entrevistados
estudam música.
Apesar de poucos adolescentes estudarem música, 30 entrevistados declararam
gostar ou gostar bastante desta, talvez pelo fato de, mais do que qualquer outra arte, a
música ser para os adolescentes a representação de seus problemas e desejos, servindo
como uma poderosa referência. “Na sociedade em que vivem, esses adolescentes não
encontram nenhuma outra fonte de modelos; ou pelo menos nenhuma tão enérgica e
imperativa” (ECO, 1993, p.309).
Além disso, 31 entrevistados declararam que escutam música todos os dias, sendo
que apenas um dos entrevistados declarou que não escuta música no cotidiano, apesar
dele ter suas preferências musicais. Alguns números são surpreendentes: 23
entrevistados dizem escutar 2 horas de música ou mais diariamente, sendo que alguns
chegaram a declarar que escutam, em média, 10 ou 14 horas por dia. Isso leva a
1
“Tribos”, neste contexto, se refere a grupos de adolescentes que se unem com algum interesse em
comum, sendo que este interesse pode estar relacionado à música, roupas, esportes, entre outros.
acreditar que os adolescentes escutam música durante as aulas também, através de
aparelho MP3, disckman, ou coisa do gênero.
3) Utilização das mídias:
Os entrevistados declararam que escutam música principalmente por meio do rádio
e televisão, apesar de muitos entrevistados não especificarem suas preferências. A
televisão foi citada como prioritária por 7 entrevistados, o que é um número considerável.
Uma possível interpretação para este dado pode ser vinculada ao fato de que, cada dia
mais, surgem emissoras de televisão que veiculam videoclipes, que é muitas vezes mais
prazeroso para o adolescente, já que une som, imagem, movimento e, principalmente, a
performance do ídolo, seduzindo os adolescentes.
As configurações corporal e vocálica também estão ligadas às estratégia
comunicacionais que envolvem a constituição da imagem dos intérpretes da música
popular massiva, possibilitando o estabelecimento de vínculos entre músico e
ouvinte, envolvendo a tênue relação entre intérprete, personagem e pessoa pública
(JANOTTI, 2006, p.7).
Conseqüentemente, os entrevistados declararam que a televisão é o meio
tecnológico mais utilizado por eles. Atualmente, na “era da informática”, a maioria das
pessoas acredita ser o computador o meio mais utilizado pelos adolescentes. Neste caso,
a televisão é o meio mais utilizado, sendo que 20 entrevistados usam mais a televisão do
que a Internet. Não se sabe se os entrevistados possuem Internet banda larga ou
discada, sendo que esta última dificultaria o acesso, mas pode-se afirmar que a televisão
é a principal mídia utilizada pelos entrevistados, e provavelmente por muitos adolescentes
brasileiros que se encontram no mesmo grupo social. Além disso, a televisão é mais
prática, pois não exige esforço algum do usuário, uma vez que as imagens surgem com
tanta rapidez que a pessoa não consegue simplesmente parar e refletir, embotando a
imaginação. A televisão, pela rapidez da difusão de suas imagens, pela quantidade de
informações que veicula, não favorece esse movimento, tornando o homem mais distante
(GEWHER, 2007, p.32).
A maioria dos entrevistados utiliza esses meios por diversão, sendo que em muitas
das respostas, os adolescentes afirmaram recorrer a essas mídias por “falta do que
fazer”, como explica a entrevistada 13, por exemplo: “Porque eu gosto de vê essas coisas
e porque ñ (não) tem nada pra fazer” (QUESTIONÁRIO 13). Além disso, outros
adolescentes afirmaram a mesma coisa. O entrevistado 8, por exemplo, afirmou recorrer
a televisão por não ter nada de interessante pra fazer, sendo que o mesmo assiste
televisão numa média de 8 horas por dia, ou seja, será que a escola oferece atividades
interessantes para os alunos realizarem em casa? É interessante considerar que a mídia,
notadamente a televisiva, se utiliza vários recursos para atrair esses adolescentes sendo
extremamente competente nessa tarefa, ao contrário da escola, que por sua vez não está
fornecendo atividades atrativas para o aluno.
Muitos afirmaram assistir televisão por gostar das novelas e videoclipes, o que de
fato já era esperado. Já a Internet apareceu como prioridade na utilização de jogos. Sobre
o rádio, todos os alunos declararam escutar por gostar das músicas. No entanto, a
entrevistada 24 acrescentou: “O rádio para ouvir música boa e dar risada com o que os
locutores falam” (QUESTIONÁRIO 24). Ao contrário da maioria, o entrevistado 28 afirmou
que utiliza essas mídias para se manter bem informado.
4) Gosto musical
Por meio do questionário, foi possível perceber que os gêneros pagode, reggae e
pop são os preferidos da maioria dos entrevistados. Mesmo assim o gosto musical dos
entrevistados é bem diversificado, já que foram citados 25 gêneros musicais.
Novamente, o rádio e a televisão mostram ser bastante influentes na vida desses
adolescentes. A maioria dos entrevistados afirmou ter conhecido esses gêneros musicais
através do rádio ou da televisão. A família teve somente 3 citações,
ocorrência
considerada normal, visto que muitos adolescentes não têm o gosto do pai e da mãe
como referência nessa fase.
Ao perguntar o motivo da preferência por determinada banda, obteve-se várias
respostas interessantes. A entrevistada 24, por exemplo, declarou: “Eu gosto deles
porque eles são demais, os músicos deles são lindos“ (QUESTIONÁRIO 24). Essa frase
evidencia que o principal motivo para ela gostar ou não de uma banda, não é a música,
mas sim a beleza do ídolo.
Trata-se naturalmente do astro,que surge dotado de propriedades carismáticas e
cujos comportamentos de vida, tornando-se modelo de ação para as massas,
podem modificar profundamente o senso dos valores e as decisões ética da
multidão que com eles se identifica (ECO, 1993, p.356).
Os ídolos são vistos como objetos de desejos da adolescente, o que é típico desta
fase. Outra frase importante foi a do entrevistado 7, que declarou: “Eu gosto deles porque
sou Roqueiro”. Nesse caso, o adolescente utiliza a música para afirmar sua identidade em
um determinado grupo. Ele não é roqueiro porque gosta de rock, ele gosta de rock porque
é roqueiro, pertencente ao grupo de roqueiros.
Desse modo, pode-se notar que os adolescentes recebem o conteúdo musical
vindo da mídia de maneiras diferentes, já que ele não é um receptor passivo, como já foi
dito. Apesar da mídia utilizar a mesma fórmula para todos os adolescentes, eles recebem
as músicas midiáticas de diversas maneiras, cada qual com sua interpretação particular,
como considerou Moreira (2003): “Não é possível prever e controlar totalmente o
processo de recepção, leitura e reação por parte do público” (p.1210).
Um fator curioso é a influência dos amigos no gosto musical dos entrevistados,
uma vez que os amigos são de suma importância no período da adolescência. Era
esperado que vários entrevistados citassem os amigos, no entanto isso não ocorreu,
deixando claro que a mídia é mais influente do que o grupo de amigos, no que diz
respeito ao gosto musical.
Além disso, foi possível verificar que os grupos e cantores citados pelos
entrevistados são os que estão mais presentes na mídia. “Jeito moleque” e “Inimigos da
HP”, as bandas mais citadas, são grupos musicais da atualidade e estão presentes na
mídia o tempo todo. Se os entrevistados gostam de pagode, por que não citaram o grupo
“Os travessos” ou o grupo “Molejo”, por exemplo? A resposta é óbvia: Eles já estão
ultrapassados. No caso de cantores antigos, como o Bob Marley, também muito citado, a
mídia continua insistindo em sua imagem e música, mesmo depois de ter falecido, pelo
fato dele ter sido um marco no reggae.
A respeito do gosto musical da família, muitas respostas ficaram abrangentes
demais, dificultando a interpretação da questão. Apesar de onze entrevistados não terem
o mesmo gosto musical de sua família, dez entrevistados declararam que suas famílias
gostam de todos os tipos de música, e sete famílias têm o mesmo gosto musical do
adolescente. Talvez seja plausível considerar que a família também convive com os
diversos tipos de mídia, sendo um pouco influenciada também. Segundo Subtil (2007):
Até há bem pouco tempo, costumava-se situar tipos diferentes de música para
determinadas faixas de idade e, mesmo diferentes classes sociais. Hoje, dada a
produção midiática massiva isso parece ultrapassado e é evidente que há uma
socialização e homogeneização do padrão de “gosto musical” (p.1).
Entretanto, foi possível notar que o gênero musical que mais foi citado como
preferido pela família foi o sertanejo, gênero que foi bem pouco citado pelos adolescentes
como preferência.
Neste questionário foi acatado, como pertinente, considerar a opinião dos próprios
adolescentes sobre as influências no gosto musical deles, já que a presente pesquisa visa
entender o lado do receptor. Mesmo assim, existia a hipótese de que os entrevistados não
iriam indicar as alternativas televisão e rádio. No entanto, os entrevistados afirmaram ser
a televisão a principal influente no gosto musical, sendo 10 vezes citada em primeiro
lugar. Em seguida vem o rádio, com 7 citações. Os amigos e a Internet foram pouco
citados, com 4 e 3 citações cada, respectivamente. Nota-se, portanto, a significativa
influência da televisão e do rádio na formação do gosto musical dos adolescentes.
CONCLUSÃO
Por meio dos dados obtidos na presente pesquisa, foi possível analisar o gosto
musical do adolescente e a influência da mídia, sendo que os objetivos propostos foram
alcançados.
Como foi mencionado várias vezes, o adolescente tem com a mídia uma relação
muito próxima, sendo que este dedica várias horas do seu dia em frente à televisão ou
usando o rádio. Já a Internet, como foi analisado, exerce pouca influência no gosto
musical dos adolescentes talvez por ser um meio em que os conteúdos são selecionados,
ao contrário da televisão e do rádio, os quais não possibilitam a escolha do conteúdo.
É aceitável afirmar também, que os gêneros e grupos musicais apontados pelos
adolescentes são os mesmos que aparecem na mídia. Até mesmo a relação com os
amigos e com a família não influencia tanto quanto os meios de comunicação de massa.
Levando esses fatores em conta, pode-se afirmar que a educação precisa voltar-se para
as questões da mídia, como forma de aproximação à vivência musical dos adolescentes
que, por sua vez, não deve ser excluído ou ignorado pelos educadores musicais.
Por fim, o intuito aqui foi o de apenas reconhecer o repertório musical dos
adolescentes e sua relação com a mídia. Além disso, a presente pesquisa é apenas uma
parte do imenso universo musical dos adolescentes, sendo que há vários pontos ainda a
serem levantados e discutidos, para que possamos desvendar outras questões sobre a
relação entre mídia, música e adolescência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. 5. ed. São Paulo, Editora Perspectiva, 1993.
386p.
GEWHER, Rodrigo Barros. Do grupo ao indivíduo: A tirania da mídia televisiva no mundo
adolescente. http://www.unoescjba.rct-sc.br. Acesso em: mar 2007.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo, Atlas,
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JANOTTI, Jeder. Por uma análise midiática da música popular massiva: Uma proposição
metodológica para a compreensão do entorno comunicacional, das condições de
produção e reconhecimento dos gêneros musicais. UNIrevista, 2006, p11.
MOREIRA, Alberto da Silva. Cultura midiática e educação infantil. Educação e sociedade,
Campinas, 2003.
SANTAELLA, Lucia. Culturas e artes do pós-humano: Da cultura das mídias à
cibercultura, São Paulo, Paulus. 2004. 357p.
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