ANÁLISE NUMÉRICA DA DISTRIBUIÇÃO DE

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ANÁLISE NUMÉRICA DA DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA NO CÉREBRO
HUMANO UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
Ana Beatriz de Carvalho Gonzaga e Silva
Dissertação
de
Mestrado
apresentada
ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Mestre em Engenharia
Civil.
Orientadores: Fernando Luiz Bastos Ribeiro
Luiz Carlos Wrobel
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2012
ANÁLISE NUMÉRICA DA DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA NO CÉREBRO
HUMANO UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
Ana Beatriz de Carvalho Gonzaga e Silva
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.
Examinada por:
__________________________________________________
Prof. Fernando Luiz Bastos Ribeiro, D.Sc.
__________________________________________________
Prof. Luiz Carlos Wrobel, Ph.D.
__________________________________________________
Prof. José Claudio de Faria Telles, Ph.D.
__________________________________________________
Prof. Antonio Mauricio Ferreira Leite Miranda de Sá, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO DE 2012
Silva, Ana Beatriz de Carvalho Gonzaga e
Análise Numérica da Distribuição de Temperatura no
Cérebro Humano Utilizando o Método dos Elementos
Finitos/ Ana Beatriz de Carvalho Gonzaga e Silva. – Rio
de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2012.
X, 52 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Fernando Luiz Bastos Ribeiro
Luiz Carlos Wrobel
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Civil, 2012.
Referências Bibliográficas: p. 50-52.
1. Método dos Elementos Finitos. 2. Equação de
Pennes. 3. Biocalor. I. Ribeiro, Fernando Luiz Bastos et
al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,
Programa de Engenharia Civil. III. Título.
iii
Aos meus pais, pela
confiança, carinho e
dedicação que sempre
demonstraram.
iv
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, por todo apoio e por terem me proporcionado todas as condições para
estudar e crescer pessoal e profissionalmente. À minha mãe, por todo carinho, paciência
e por sempre me acolher com um sorriso no rosto, mesmo nos momentos mais
estressantes. Ao meu pai, por me mostrar que eu podia fazer mais e me impulsionar a
descobrir meu melhor.
Ao meu orientador Fernando, por sempre acreditar no meu potencial e me mostrar que
tudo era possível. Ao meu orientador Luiz, pela paciência nas explicações, por todas as
sugestões conduzidas e por me mostrar novas áreas de conhecimento.
Aos meus amigos de faculdade, que fizeram da UFRJ um lugar especial e inesquecível.
Por terem me ensinado a ser uma pessoa melhor, e proporcionado momentos de
diversão e aprendizado.
Aos meus amigos de mestrado, por tornarem agradável estudar até tarde às sextas e
vésperas de feriado no Laboratório de Computação.
Aos meus amigos de Laboratório, Henrique e Júlio, pelos almoços, cafés, águas,
biscoitos, lanches e risadas que melhoram o meu astral a qualquer momento do dia.
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
ANÁLISE NUMÉRICA DA DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA NO CÉREBRO
HUMANO UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
Ana Beatriz de Carvalho Gonzaga e Silva
Fevereiro/2012
Orientadores: Fernando Luiz Bastos Ribeiro
Luiz Carlos Wrobel
Programa: Engenharia Civil
Esta dissertação tem como objetivo desenvolver e implementar um modelo de
difusão de biocalor no cérebro humano utilizando a equação de Pennes através do
método dos elementos finitos e realizar análises numéricas de métodos de resfriamento
no cérebro de recém-nascidos para tratamento de asfixia perinatal usando hipotermia. É
feita uma análise comparativa do efeito do resfriamento no cérebro de recém-nascidos e
adultos e um estudo da variação da taxa de perfusão e de outros parâmetros que podem
influenciar esse resfriamento.
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
NUMERICAL ANALYSES OF THE TEMPERATURE DISTRIBUTION IN THE
HUMAN BRAIN USING THE FINITE ELEMENT METHOD
Ana Beatriz de Carvalho Gonzaga e Silva
February/2012
Advisors: Fernando Luiz Bastos Ribeiro
Luiz Carlos Wrobel
Department: Civil Engineering
This works aims at implementing a model of bioheat conduction in the human
brain using the bioheat equation of Pennes and the finite element method to perform
numerical analysis of selective brain cooling methods in newborns as a treatment of
perinatal asphyxia using hypothermia. A comparative analysis of the cooling effects on
newborns and adults is performed as a study of the variation of the blood perfusion rate
and other physiological parameters that can influence the cooling process.
vii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1 Relevância e Objetivos ........................................................................................... 1
1.2 Revisão Bibliográfica.............................................................................................. 2
2. METODOLOGIA......................................................................................................... 8
2.1 Modelo Matemático ................................................................................................ 8
2.2 Modelo Numérico ................................................................................................. 18
3. RESULTADOS .......................................................................................................... 23
3.1 Geometria e Condições de Contorno .................................................................... 23
3.2 Taxa de Perfusão Constante .................................................................................. 24
3.3 Taxa de perfusão reduzida .................................................................................... 26
3.4 Taxa Mebólica de geração de calor e Taxa de Perfusão Variáveis....................... 27
3.5 Variação nos parâmetros fisiológicos (PaO2,PaCO2,CMRO2 e MABP) .............. 34
i. Variação da MABP .............................................................................................. 35
ii. Variação da PaO2 e PaCO2 ................................................................................. 36
3.6 Mudança na Temperatura Arterial (Ta) ................................................................ 40
3.7 Simulação utilizando-se modelo do crânio ........................................................... 42
4. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 48
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 50
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Representação da cabeça como um quarto de esfera de três camadas: cinza
claro- Massa branca, cinza escuro – massa cinzenta, azul claro - crânio e verde escalpo. ........................................................................................................................... 11
Figura 2.2 %CBF vs PaO2 .............................................................................................. 13
Figura 2.3 %CBF vs PaCO2 ........................................................................................... 14
Figura 2.4 %CBF vs CMRO2 ......................................................................................... 15
Figura 2.5 %CBF vs MABP ........................................................................................... 16
Figura 2.6 CMRO2: vs Temperatura. ............................................................................. 17
Figura 2.7 Elemento Tetraédrico Linear......................................................................... 18
Figura 2.8 Método do Trapézio ...................................................................................... 19
Figura 3.1 Malha de 2.979.344 elementos tetraédricos lineares – cérebro de um recémnascidos. ......................................................................................................................... 23
Figura 3.2 Malha de 3.979.344 elementos tetraédricos lineares – cérebro de um adulto.
........................................................................................................................................ 24
Figura 3.3 Distribuição radial da temperature – Perfusão Constante (recém-nascidos). 25
Figura 3.4 Distribuição radial da temperature – Perfusão Constante (adultos). ............. 25
Figura 3.5 Redução na perfusão – Recém-nascidos. ...................................................... 26
Figura 3.6 Redução na Perfusão – Adultos. ................................................................... 27
Figura 3.7 Distribuição radial da temperatura (recém-nascidos) - Perfusão Variável. .. 28
Figura 3.8 Distribuição radial da temperatura (adultos) – Perfusão variável ................. 29
Figura 3.9 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperaturaTemperatura externa 0oC - recém-nascidos .................................................................... 30
Figura 3.10 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperaturaTemperatura externa 10oC - recém-nascidos .................................................................. 31
Figura 3.11 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperaturaTemperatura externa 20oC - recém-nascidos .................................................................. 31
Figura 3.12 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperatura Temperatura externa 30oC - recém-nascidos .................................................................. 32
Figura 3.13 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperatura Temperatura externa 0oC - adultos ................................................................................. 32
ix
Figura 3.14 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperatura Temperatura externa 10oC - adultos ............................................................................... 33
Figura 3.15 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperatura Temperatura externa 20oC - adultos ............................................................................... 33
Figura 3.16 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperatura Temperatura externa 30oC - adultos ............................................................................... 34
Figura 3.17 Distribuição radial da temperatura – variação na MABP – Recém nascidos
........................................................................................................................................ 35
Figura 3.18 Distribuição radial da temperatura – variação na MABP – Adultos. .......... 36
Figura 3.19 Distribuição radial da temperatura – variação na PaO2 – Recém-nascidos. 37
Figura 3.20 Distribuição radial da temperatura – variação na PaO2 – Adultos. ............. 38
Figura 3.21 Distribuição radial da temperatura – variação na PaCO2 – Recém-nascidos.
........................................................................................................................................ 39
Figura 3.22 Distribuição radial da temperatura – variação na PaCO2 – Adultos. .......... 39
Figura 3.23 Distribuição radial da temperatura – Temperatura arterial de 34oC – RecémNascidos. ........................................................................................................................ 40
Figura 3.24 Distribuição radial da temperatura – Temperatura arterial de 34oC –
Adultos. .......................................................................................................................... 41
Figura 3.25 Geometria obtida através de imagens computadorizadas. .......................... 42
Figura 3.26 Malha de 1.276.821 elementos tetraédricos lineares. ................................. 43
Figura 3.27 Definição das camadas de materiais: Azul – massa cerebral branca, verdemassa cerebral cinzenta e vermelho – crânio. ................................................................ 44
Figura 3.28 Definição da condição de temperatura prescrita (em azul). ........................ 45
Figura 3.29 Linha AB ao longo da qual são plotados os resultados de temperatura. ..... 46
Figura 3.30 Perfusão Constante x Perfusão Variável – modelo do crânio. .................... 47
x
1. INTRODUÇÃO
1.1 Relevância e Objetivos
Nas últimas décadas, a modelagem computacional vem se consolidando como uma área
multidisciplinar e adquirindo espaço nos mais diversos campos de aplicação, como na
indústria do petróleo, aeronáutica, naval, hidráulica e construção civil, entre outras. Na
área de bioengenharia por exemplo, os recursos computacionais e sua capacidade para
resolver problemas complexos auxiliam o estudo de sistemas biológicos em diferentes
escalas, análises odontológicas e de comportamento biomecânico de estruturas.
O desenvolvimento de modelos matemáticos que simulam a reação dos tecidos a corpos
estranhos, o uso de elementos finitos na predição da mudança do formato da córnea em
cirurgias de correção de miopia e astigmatismo são alguns dos estudos que auxiliam
cirurgias e outros procedimentos médicos de tratamento de patologias(DE e JOHNSON,
2009). Nesse contexto, a formulação de modelos que descrevem o comportamento
biológico do corpo humano possibilita o estudo fisiológico de diversos cenários de
intervenção, o que pode ajudar no entendimento de processos biológicos e no
tratamento de determinadas doenças.
Avanços na modelagem computacional permitem uma análise detalhada de toda
informação coletada no paciente e facilitam a interpretação do diagnóstico, além de
serem formas de estudar a influência de vários parâmetros e possibilitar a construção de
modelos de uma condição patológica específica. Esses modelos podem ser usados como
ferramenta na pesquisa de prognósticos em diversos campos da medicina.
A modelagem de doenças e condições biológicas dos serem humanos se baseia no
conceito de que tudo pode ser medido e descrito através das equações matemáticas que
governam os processos físicos e biológicos do sistema (GIANNAKOULAS,
DIMOPOULOS e XU, 2009). Sua principal limitação é a complexidade desses sistemas
e suas interações com o meio que os cerca. Dessa forma, a definição de hipóteses e
simplificações do modelo torna-se etapa de grande importância para a viabilidade do
uso de métodos computacionais.
1
O objetivo dessa dissertação é a implementação e calibração de um modelo de
distribuição de calor no cérebro humano utilizando a equação de Pennes de biocalor e o
método dos elementos finitos para estudo de técnicas de resfriamento como tratamento
terapêutico em traumatismos em adultos e asfixia perinatal em recém-nascidos. A falta
de oxigenação no cérebro de recém-nascidos pode levar a diversas sequelas (ARAUJO,
PACHECO, et al., 2008) e o resfriamento moderado da temperatura no cérebro do bebê
é um dos tratamentos utilizados pelos médicos para tentar reduzir os danos(DIAO, ZHU
e WANG, 2003). Este tratamento é o mesmo aplicado a adultos com alguma lesão
cerebral, pois a diminuição da temperatura cerebral reduz a atividade cerebral, a
demanda por oxigênio e os possíveis danos aos tecidos, reduzindo a velocidade de
processos iônicos e bioquímicos de morte celular.
Existem diversos métodos de resfriamento do cérebro como o uso de pacotes de gelo ou
capacetes térmicos, ou ainda métodos de infusão salina (NEIMARK, KONSTAS, et al.,
2008), porém a medição e constatação de sua eficiência por experimentos práticos é
complicada, não só pela dificuldade em se medir diretamente as temperaturas atingidas
no interior do cérebro como, no caso de recém-nascidos, pela fragilidade do indivíduo e
do seu sistema imulológico, sendo ainda mais sensível à mudanças de temperatura que
um indivíduo adulto.
Assim, a modelagem computacional permite a realização em tempo reduzido de testes
utilizando diferentes cenários de resfriamento e a influência de diversos parâmetros
como a pressão parcial de oxigênio, pressão parcial de dióxido de carbono e taxa
metabólica de consumo de oxigênio na alteração da taxa de perfusão do sangue. Além
disso, possibilita a redução no número de testes clínicos, selecionando aqueles com
melhor resultado nas simulações e evita questões éticas necessárias nos testes reais,
visto que é uma situação delicada selecionar grupos para receber ou não um tratamento
que pode reduzir significativamente a extensão de danos neurológicos em um paciente.
Além disso, os resultados encontrados podem ser usados na criação de simuladores para
ajudar estudantes de medicina a entender o efeito dos parâmetros fisiológicos na
distribuição da temperatura do cérebro.
1.2 Revisão Bibliográfica
A asfixia perinatal é uma das principais causas de Encefalopatia Hipóxico Isquêmica
(EHI) neonatal, que é uma doença perigosa para o cérebro de recém-nascidos (WALSH,
2
MURRAY e BOYLAN, 2011). Trata-se de uma lesão causada pela falta de oxigênio ou
de perfusão (isquemia) de vários órgãos, produzindo alterações bioquímicas e/ou
funcionais (CRUZ e CECCON, 2010). A diminuição na oferta de oxigênio muda o
metabolismo celular de aeróbico para anaeróbico, levando a uma disfunção múltipla de
órgãos e a graves lesões cerebrais manifestadas por convulsões e outros sinais
neurológicos (ARAUJO, PACHECO, et al., 2008). A EHI é um problema de saúde
pública mais freqüente em países em desenvolvimento que contribui significativamente
para a mortalidade neonatal e que causa seqüelas no desenvolvimento neurológico de
25% a 60% dos sobreviventes (ARAUJO, PACHECO, et al., 2008).
Apesar das pesquisas nessa área, não existem no momento muitas técnicas de
tratamento da extensão de danos neurológicos causados por lesões cerebrais. Métodos
invasivos como “engolir” fluidos frios e técnicas de resfriar diretamente o sangue
arterial são menos desejadas devido ao alto grau de conhecimento e treinamento
requerido e ao perigo da embolização da carótida (DENNIS, EBERHART, et al., 2003).
Estudos realizados com animais adultos e recém-nascidos demonstraram que uma
redução moderada da temperatura corporal após lesão cerebral está associada à melhora
histológica e resultados obtidos (DIAO, ZHU e WANG, 2003). Assim, a hipotermia
vem sendo estudada como tratamento terapêutico de neuroproteção em casos de lesões
cerebrais, sendo aplicável ao tratamento da encefalopatia hipóxico-isquêmica (ENNEN,
HUISMAN, et al., 2011).
No caso do tratamento terapêutico em recém-nascidos, a hipotermia é o único
tratamento amplamente aceitado para atenuar danos em recém nascidos com EHI
(WALSH, MURRAY e BOYLAN, 2011). De acordo com (CHIP, ZELMER, et al.,
2011), resfriar o cérebro do recém-nascido de 37oC para 33-34oC de 48-72h é uma
forma eficiente de reduzir a necessidade de oxigenação e diminuir o risco de dano
cerebral. Os seus objetivos são a mitigação da morte celular precoce e a prevenção dos
efeitos secundários. GLUCKMAN, WYATT, et al. (2005) afirmam que o resfriamento
moderado do cérebro em até 6 horas do início dos danos está associado a uma
neuroproteção e pode melhorar os efeitos neuropatológicos, eletrofisiológicos e
funcionais da doença.
Estudos clínicos mostram que ainda não foi comprovado se o resfriamento apenas da
cabeça é uma solução eficaz na redução da temperatura no cérebro. Alguns autores
3
(VAN LEEUWEN, HAND, et al., 2000) e (DENNIS, EBERHART, et al., 2003)
afirmam que resfriar a cabeça mantendo a temperatura corpórea normal não é suficiente
para se atingir a temperatura necessária para o tratamento de lesões. Somente com uma
redução na temperatura interna conseguir-se-ia alcançar uma hipotermia significativa.
Segundo (ZHU, ACKERMAN, et al., 2006), a temperatura do sangue arterial é o maior
determinante da temperatura do cérebro, responsável por um efeito de proteção contra
resfriamentos externos. Assim, o efeito de um resfriamento externo dependeria da
relação entre o tamanho do cérebro e o comprimento da área de influência da
temperatura do sangue arterial. Estudos mostram um resfriamento bem sucedido em
experimentos em animais de pequeno porte como ratos, visto que o efeito de proteção
tem uma extensão da mesma ordem de grandeza do seu cérebro. No caso dos seres
humanos, esta proteção tem uma extensão muito menor, limitando a área de
resfriamento apenas à superficie do cérebro.
Em recém-nascidos, simulações computacionais (VAN LEEUWEN, HAND, et al.,
2000) mostram que a hipótese de que o resfriamento da superfície da cabeça utilizando
capacetes térmicos reduz significativamente a temperatura no interior do cérebro é falsa
e que não há como resfriar a cabeça manterndo a termperatura interna do corpo normal.
Aumentando-se os valores da conditividade térmica das camadas superficiais da cabeça,
conclui-se que não é a resistência térmica do crânio que impede que o calor penetre no
cérebro e sim a perfusão do sangue que evita o resfriamento interno. O resfriamento do
pescoço também não se mostrou eficiente no processo de hipotermia moderada, não
sendo suficiente para se atingir os objetivos desejados.
Assim, o único método de resfriar o cérebro seria o resfriamento de todo o corpo ou o
resfriamento direto do sangue arterial que chega ao cérebro, levando a uma redução da
temperatura arterial que alteraria a temperatura do cérebro como um todo.
Vale
ressaltar que a mudança da temperatura do cérebro altera o funcionamento das
atividades cerebrais, afetando a afinidade de hemoglobina por oxigênio, a taxa de
reações químicas, a geometria das proteínas e que um fluxo adequado de sangue no
cérebro é essencial para manter o funcionamento dos órgãos.
Métodos diretos de resfriamento introduzindo um cateter na veia femural e na veia cava
foram propostos recentemente (WANG e ZHHU, 2007). Um fluido refrigerante é
bombeado no cateter para aumentar a velocidade do resfriamento. Assim, evitar-se-iam
4
os efeitos adversos do resfriamento do corpo todo, como complicações imunológicas,
metabólicas, cardiovasculares, pulmonares e de coagulação.
Um problema encontrado em utilizar tratamentos por hipotermia é que a medição direta
da temperatura no cérebro em pacientes com isquemias é complicada, visto que a
introdução de sondas pode causar danos adicionais aos tecidos (ZHU e DIAO, 2001).
Assim, muitas vezes considera-se a temperatura no cérebro como sendo igual à
temperatura interna do corpo. Entretanto, o desenvolvimento de técnicas não destrutivas
de determinar a temperatura no interior do cérebro é indispensável para melhorar o
tratamento clinico de traumas após qualquer tipo de isquemia.
A difusão de calor no cérebro depende de uma série de mecanismos como fluxo
sanguíneo, temperatura arterial, metabolismo das células e trocas com o meio externo
(SUKSTANSKII e YABLONSKIY, 2004). Sendo assim, o estudo da distribuição de
biocalor através de uma discretização microscópica é complicado devido à
complexidade da anatomia dos órgãos, distribuição dos vasos sanguíneos e outros
fatores. Dessa forma, o transporte de biocalor é geralmente analisado em uma macroescala, seja considerando o sangue e os tecidos como uma mistura em um meio
contínuo, como é o caso do modelo de Pennes, ou através de teorias de meio poroso,
considerando os tecidos como matrizes porosas saturadas de sangue (FAN e WANG,
2011).
Por serem simplificados, os modelos que consideram o sangue e os tecidos uma mistura
homogênea não permitem a obtenção de relações entre as propriedades macroscópicas e
miscroscópicas e tampouco são capazes de descrever a interação entre o sangue e os
tecidos (FAN e WANG, 2011). Apesar disso, conseguem descrever de maneira simples
o transporte de biocalor, se mostrando bastante eficiente nos estudos realizados até o
momento mesmo sem considerar os efeitos direcionais do fluxo de sangue, como no
caso de aplicação em hipertermia terapêutica para tratamento de câncer (AMRI,
SAIDANE e PULKO, 2011), detecção de tumores na pele (PARTRIDGE e WROBEL,
2007), tratamento de queda capilar durante quimioterapia (FRIJNS, VAN LEEUWEN e
VAN STEENHOVEN, 2006) e predição de taxas de perfusão de sangue a partir de
medidas experimentais dos gradientes de temperatura e fluxo de biocalor (ZHU e
DIAO, 2001). A grande concentração de capilares nos tecidos cerebrais torna a
consideração de distribuição isotrópica de calor condizente com o problema real.
5
Um estudo comparativo (VAN LEEUWEN, HAND, et al., 2000) entre um modelo que
representa o fluxo de sangue como uma fonte de calor e um modelo que discretiza os
vasos sanguíneos mostrou que o uso de um modelo mais complexo e realista tem pouco
efeito na qualidade dos resultados, tendo como única diferença principal a presença de
uma concentração de calor devido à presença dos vasos sanguíneos, enquanto o modelo
com fonte de calor obteve contornos mais suaves e distribuídos de temperatura. Dessa
forma, o modelo de Pennes é aplicado com frequência a análises que envolvem
transferência de calor nos tecidos, prevendo a distribuição de temperatura em próstatas
caninas (DIAO, ZHU e WANG, 2003).
A solução analítica da equação de Pennes (DIAO, ZHU e WANG, 2003),(ZHU e
DIAO, 2001) considerando uma redução da perfusão do sangue a 20% do normal
durante a isquemia mostra resultados que permitem uma compreensão maior sobre a
penetração do resfriamento no interior do cérebro e características do tempo de
resfriamento utilizando diferentes métodos. DIAO, ZHU e WANG. (2003) analisaram o
processo de resfriamento e reaquecimento do cérebro através de um programa de
elementos finitos em um modelo simples definindo a cabeça como uma esfera de quatro
camadas e utilizando taxas de perfusão diferentes em duas regiões consideradas normal
e isquemica. Com isso constatou-se que a taxa de perfusão influencia significativamente
na capacidade de resfriamento do cérebro e o estudo do seu comportamento durante a
isquemia é bastante importante para o entendimento do processo.
Alguns autores (THOMAN, LAMPOTANG, et al., 1998) consideram que existem
alguns parâmetros sistêmicos que agem como mecanismos reguladores do fluxo de
sangue no cérebro. O principais parâmetros considerados são a pressão arterial do
sangue, a pressão parcial de oxigênio, a pressão parcial de dióxido de carbno e a taxa
metabólica de consumo de oxigênio. Esse parâmetros são monitorados por médicos
durante cirurgias e tratamento de pacientes com danos cerebrais, além de se alterarem
em casos de sangramentos, envenenamento do sangue, formação de edemas, aneurismas
e derrames causados por pressão alta no cérebro. Sua influência na dinâmica do cérebro
foi estudada por THOMAN, LAMPOTANG, et al. (1998) e seus efeitos na temperatura
cerebral foram analisados em alguns estudos com modelos simples (LEY e
BAYAZITOGLU, 2003), nos quais considerou-se a cabeça como uma esfera de três
camadas e resfriamento externo por convecção de Newton.
6
Com relação à taxa metabólica de geração de calor, muitos modelos não a consideram
ou consideram-na constante. Alguns autores (LEY e BAYAZITOGLU, 2003)
consideram que no caso de doenças, traumas ou sob o efeito de drogas essa taxa varia
consideravelmente, influenciando a distribuição da temperatura no cérebro. Outros
autores (ZHU, ACKERMAN, et al., 2006) afirmam que a taxa metabólica não afeta
significativamente a temperatura, sendo responsável por uma redução máxima de 0.9oC
na temperatura do cérebro.
(KONSTAS, NEIMARK, et al., 2006) e (NEIMARK, KONSTAS, et al., 2008)
discutem a necessidade de um resfriamento rápido do cérebro, o que não pode ser feito
com técnicas de resfriamento do corpo todo. A proposta de um resfriamento seletivo do
cérebro usando infusão salina (NEIMARK, KONSTAS, et al., 2007) na carótida por
cateterização transfemoral se mostra um método de resfriamento muito mais rápido do
que o resfriamento do corpo todo e mais eficiente que o resfriamento da superfície da
cabeça.
NELSON e NUNNELEY. (1998) analisaram um modelo simplificado da cabeça
utilizando três camadas, sendo elas um fluido cerebro-espinhal, crânio e escalpo.
Utilizando mecanismos de difusão de calor por resfriamento do sangue arterial,
convecção do retorno venoso da superfície da face e escalpo para o crânio e evaporação
das mucosas, foi constatado que, mesmo em condições adversas de temperatura arterial
elevada, superfície externa quente e sem evaporação, a temperatura interna permaneceu
apenas 0.2-0.3oC acima da temperature arterial, mostrando que a baixa relação
superfície/volume e alta perfusão do sangue minimizam qualquer efeito da temperatura
externa na elevação ou diminuição da temperatura do cérebro, reduzindo a
vulnerabilidade do cérebro à temperaturas externas extremas (NELSON e NUNNELEY,
1998).
7
2. METODOLOGIA
2.1 Modelo Matemático
O transporte de sangue nos tecidos é um processo difícil de ser modelado em nível
microscópico devido à grande quantidade de vasos presentes no tecido cerebral. O
modelo de Pennes é um modelo que considera o sangue e os tecidos como um meio
contínuo homogêneo, sendo utilizado em abordagens macroscópicas da distribuição de
biocalor nos tecidos. É uma modificação da equação do calor que considera o fluxo de
sangue e a geração metabólica de calor como fontes de calor. Nessa equação, o sangue é
considerado como uma fonte de calor isotrópica. Sua fórmula é dada pela equação
𝑐𝑡 𝜌𝑡
𝜕𝜙
𝜕𝑡
= ∇ ∙ (𝑘∇𝜙) + 𝜌𝑎 𝑐𝑎 w𝑎 (𝜙𝑎 − 𝜙) + 𝑞𝑚
em um domínio Ω
( 2.1 )
onde 𝜙(𝑥, 𝑡) é a temperatura do tecido, k é o coeficiente de difusão térmica do tecido, 𝑐𝑡
é o calor específico do tecido, 𝜌𝑡 é a massa específica do tecido, 𝑐𝑎 é o calor específico
do sangue, 𝜌𝑎 é a massa específica do sangue, 𝜙𝑎 é a temperatura do sangue e 𝑞𝑚 é a
taxa metabólica de geração de calor. O termo representativo da fonte de calor isotrópica
é considerado proporcional à taxa de perfusão local do sangue (w𝑎 ) e à diferença entre a
temperatura do sangue arterial e do tecido em questão.
As condições de contorno são
φ = φ em Γφ
(condições de contorno essenciais)
q ⋅ n = q em Γq
(condições de contorno naturais)
( 2.2 )
sendo �𝑞 �𝛤𝑞 , 𝑡� o fluxo de calor prescrito no contorno 𝛤𝑞 , 𝜙��𝛤𝜙 , 𝑡� as temperaturas
prescritas no contorno 𝛤𝜙 e n a normal externa ao contorno 𝛤 = 𝛤𝜙 ∪ 𝛤𝑞 .
As condições iniciais são dadas por
sendo 𝜙0 a temperatura inicial.
𝜙(𝑥, 𝑡0 ) = 𝜙0
8
( 2.3 )
Nessa análise, o cérebro é modelado como um quarto de esfera de quatro camadas
(Figura 2.1), representando parte do tecido cerebral com camadas de espessura uniforme
do crânio e do escalpo, de modo a reproduzir de forma realística a cabeça de um bebê
recém-nascido. O tecido cerebral é representado por duas camadas internas diferentes
correspondentes à massa branca e a massa cinzenta do cérebro. As propriedades de cada
camada são apresentadas na Tabela 2.1 (DIAO, ZHU e WANG, 2003).
Como condição inicial considera-se a temperatura normal do corpo humano. A condição
de contorno aplicada na parte inferior e na lateral interna do quarto de esfera é uma
condição adiabática, visto que a maior parte da transferência de calor ocorre do meio
externo na direção radial. O resfriamento da cabeça é em geral realizado com um
capacete de resfriamento ou com pacotes de gelo sobre o escalpo. Assim, na superfície
externa da esfera, pode-se prescrever tanto uma temperatura fixa (pacotes de gelo) como
um fluxo convectivo externo (capacete)
utilizando a condição de resfriamento de
Newton de acordo com a fórmula
�𝑞 = ℎ𝑐 (𝜙𝑒𝑥𝑡 − 𝜙𝑠 )
( 2.4 )
onde 𝜙𝑒𝑥𝑡 é a temperatura ambiente externa, 𝜙𝑠 é a temperatura na superfície do tecido
e hc é o coeficiente de transferência de calor. Segundo (DIAO, ZHU e WANG, 2003),
pode-se considerar ℎ𝑐 = 30 W. m-2 .K -1 e 𝜙𝑒𝑥𝑡 = 0 oC.
Nas interfaces entre as camadas são necessárias condições de continuidade de
temperatura e fluxo de calor. Nas simulações realizadas, a temperatura do sangue
arterial e a temperatura inicial da cabeça foram consideradas de 37oC.
Tabela 2.1Parâmetros utilizados na análise numérica.
Parâmetro
Material
Valor
Calor específico (J kg-1 K -1)
Sangue
3800.0
Escalpo
4000.0
Crânio
2300.0
9
Massa Específica (kg m-3)
Condutividade Térmica (W m K-1)
Taxa de perfusão (ml 100g-1 min -1)
Massa Cinzenta
3700.0
Massa Branca
3700.0
Sangue
1050.0
Escalpo
1000.0
Crânio
1500.0
Massa Cinzenta
1050.0
Massa Branca
1050.0
Escalpo
0.34
Crânio
1.16
Massa Cinzenta
0.50
Massa Branca
0.50
Escalpo
2.0
Crânio
1.8
Massa Cinzenta
80.0
Massa Branca
20.0
Taxa metabólica de geração de calor Escalpo
363.4
(Wm-3)
Crânio
368.3
Massa Cinzenta
16700.0
Massa Branca
4175.0
Espessura da camada em recém- Escalpo
2.0
nascidos(mm)
10
Crânio
2.0
Massa Cinzenta
11.0
Massa Branca
42.0
Espessura da camada em adultos Escalpo
4.0
(mm)
Crânio
4.0
Massa Cinzenta
18.0
Massa Branca
67.0
Figura 2.1 Representação da cabeça como um quarto de esfera de três camadas: cinza
claro- Massa branca, cinza escuro – massa cinzenta, azul claro - crânio e verde escalpo.
11
Em uma primeira análise, considerou-se a taxa de perfusão do sangue e a geração
metabólica de calor como constantes, variando-se apenas a temperatura externa imposta.
Uma segunda análise realizada considerou a taxa de perfusão e a geração metabólica de
calor do tecido cerebral dependentes da temperatura, de acordo com ( 2.5) e ( 2.6)
(NEIMARK, KONSTAS, et al., 2008). Estas relações foram obtidas através da
interpolação de dados clínicos.
𝑞 = 𝑞0 ∙ 30.084(∅
w𝑎 = 𝑤0 ∙ 30.084(∅
−∅𝑎 )
−∅𝑎 )
( 2.5 )
( 2.6 )
Uma terceira simulação foi realizada para analisar mudanças no fluxo de sangue no
cérebro (CBF) de acordo com
mudanças nos parâmetros fisiológicos, sendo eles
pressão parcial de oxigênio (PaO2), pressão parcial de gás carbônico (PaCO2), taxa
metabólica de consumo de oxigênio (CMRO2) e pressão arterial média do sangue
(MABP). Neste caso, define-se a relação entre a taxa de perfusão de sangue e esses
parâmetros como (LEY e BAYAZITOGLU, 2003):
w𝑎 = 𝑤0 (1 + Δ𝐶𝐵𝐹)
( 2.7 )
sendo 𝑤0 a taxa de perfusão de sangue no cérebro sob uma temperatura interna normal e
Δ𝐶𝐵𝐹 o percentual de alteração no fluxo de sangue no cérebro devido a mudanças nos
parametros fisiológicos, definida como:
%𝐶𝐵𝐹𝑖 − 100
)
100
Δ𝐶𝐹𝐵 = �(
𝑖
( 2.8 )
sendo i os parâmetros fisiológicos PaO2, PaCO2, CMRO2 e MABP. As expressões para
as funções de %𝐶𝐵𝐹𝑖 foram obtidas de um modelo de dinâmica cerebral (THOMAN,
LAMPOTANG, et al., 1998) e podem ser descritas como:
12
Para PaO2:
0 ≤ 𝑃𝑎𝑂2 < 40
%𝐶𝐵𝐹𝑃𝑎𝑂2 = 241.20908 − (2.90778 ∙ 𝑃𝑎𝑂2 )
40 ≤ 𝑃𝑎𝑂2 < 61 %𝐶𝐵𝐹𝑃𝑎𝑂2 = 1174.3974 − (70.115107 ∙ 𝑃𝑎𝑂2 )
( 2.9 )
( 2.10 )
+1.7436586 ∙ (𝑃𝑎𝑂2 )2 − 0.01948396 ∙ (𝑃𝑎𝑂2 )3 + 8.232781 ∙ 10−5
∙ (𝑃𝑎𝑂2 )4
61 ≤ 𝑃𝑎𝑂2 < 750 %𝐶𝐵𝐹𝑃𝑎𝑂2 = 104.47978 + (0.02543 ∙ 𝑃𝑎𝑂2 )
( 2.11 )
%CBF vsPaO2
300
250
%CBF
200
150
%CBF
100
50
0
0
50
100
150
PaO2 (mmHg)
Figura 2.2 %CBF vs PaO2
13
200
250
Para PaCO2:
0 ≤ 𝑃𝑎𝐶𝑂2 < 20
20 ≤ 𝑃𝑎𝐶𝑂2 < 80
80 ≤ 𝑃𝑎𝐶𝑂2 < 100
%𝐶𝐵𝐹𝑃𝑎𝐶𝑂2 = 2.6 ∙ 𝑃𝑎𝐶𝑂2
( 2.12 )
%𝐶𝐵𝐹𝑃𝑎𝐶𝑂2 = 1.76562 + 2.50347 ∙ 𝑃𝑎𝐶𝑂2
( 2.13 )
%𝐶𝐵𝐹𝑃𝑎𝐶𝑂2 = 158.0634 + 0.55461 ∙ 𝑃𝑎𝐶𝑂2
( 2.14 )
%CBF vsPaCO2
250
200
%CBF
150
%CBF
100
50
0
0
20
40
60
PaCO2 (mmHg)
Figura 2.3 %CBF vs PaCO2
14
80
100
Para CMRO2:
%𝐶𝐵𝐹𝐶𝑀𝑅𝑂2 = −9.88769 + 30.87319 ∙ 𝐶𝑀𝑅𝑂2
( 2.15 )
%CBF vs CMRO2
160
140
120
%CBF
100
80
%CBF
60
40
20
0
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
5.5
CMRO2 (ml/100g/min)
Figura 2.4 %CBF vs CMRO2
Para MABP:
0 ≤ 𝑀𝐴𝐵𝑃 < 60
%𝐶𝐵𝐹𝑀𝐴𝐵𝑃 = −9.3627273 + 3.8025758 ∙ 𝑀𝐴𝐵𝑃
( 2.16 )
−6.6594872 ∙ 10−2 ∙ 𝑀𝐴𝐵𝑃2 + 1.0904429 ∙ 10−3 ∙ 𝑀𝐴𝐵𝑃3
+ 8.839161 ∙ 10−6 ∙ 𝑀𝐴𝐵𝑃4
60 ≤ 𝑀𝐴𝐵𝑃 < 140
%𝐶𝐵𝐹𝑀𝐴𝐵𝑃 = 100
15
( 2.17 )
140 ≤ 𝑀𝐴𝐵𝑃 < 185
%𝐶𝐵𝐹𝑀𝐴𝐵𝑃 = −9824.923
( 2.18 )
+ 255.153798 ∙ 𝑀𝐴𝐵𝑃 − 2.43203203 ∙ 𝑀𝐴𝐵𝑃2
+1.0147878 ∙ 10−2 ∙ 𝑀𝐴𝐵𝑃3 − 1.555245 ∙ 10−5 ∙ 𝑀𝐴𝐵𝑃4
%CBF vs MABP
180
160
140
%CBF
120
100
80
%CBF
60
40
20
0
0
50
100
150
200
MABP (mmHg)
Figura 2.5 %CBF vs MABP
Diferentemente dos outros parâmetros, a taxa metabólica de consumo de oxigênio é um
parâmetro dependente da temperatura (THOMAN, LAMPOTANG, et al., 1998) e pode
ser calculado pela relação:
𝐶𝑀𝑅𝑂2 = 𝑒𝑥𝑝(−2.7579 + 0.1089. 𝜙)
16
( 2.19 )
CMRO2 vs Temperatura
7
CMRO2(ml/100ml/min)
6
5
4
CMRO2
3
2
1
0
17
22
27
32
37
42
Temperatura(oC)
Figura 2.6 CMRO2 vs Temperatura.
17
47
2.2 Modelo Numérico
No modelo numérico utiliza-se o método dos elementos finitos para a obtenção de uma
solução aproximada para a equação de Pennes ( 2.1 ). A geometria do problema,
representada por um quarto de esfera com quatro materiais, sendo eles o tecido cerebral
(massa branca e massa cinzenta), o crânio e o escalpo, é discretizada por elementos
tridimensionais tetraédricos de quatro nós (Figura 2.7). Este elemento foi utilizado na
implementação pela sua flexibilidade na representação de geometrias mais complexas.
Figura 2.7 Elemento Tetraédrico Linear.
Seja a equação diferencial ( 2.1 ) sujeita às condições de contorno apropriadas. Sendo
𝜙(𝑥, 𝑡) a variável dependente, Ω o domínio espacial do problema e (0,T) o intervalo de
tempo da análise. Na formulação semi-discreta o domínio Ω é discretizado em
elementos e para o tempo 𝑡 = 𝑡𝑛+1 , adota-se uma aproximação do tipo 𝜙(𝒙, 𝑡𝑛+1 ) ≅
𝜙�(𝒙, 𝑡𝑛+1 ) = ∑𝑘𝑗=1 𝑁𝑗 (𝒙)𝜙�𝑗,𝑛+1 , onde 𝑁𝑗 (𝑥) são as funções de interpolação espaciais, e
𝜙�𝑗,𝑛+1 são os valores nodais da função 𝜙�, no tempo 𝑡𝑛+1 . As derivadas temporais de 𝜙
no instante 𝑡𝑛+1 são aproximadas por
𝜕𝜙
�
𝜕𝑡 𝑡 𝑡=𝑡𝑛+1
≅ 𝜙�̇ (𝒙) = ∑𝑘𝑗=1 𝑁𝑗 (𝒙) 𝜙�̇ 𝑗,𝑛+1 .
Após a introdução das aproximações acima, obtém-se o sistema de equações algébricas
para o tempo 𝑡 = 𝑡𝑛+1 :
𝐌𝛟̇𝐧+𝟏 + 𝐊𝛟𝐧+𝟏 = 𝐅𝐧+𝟏
18
( 2.20 )
onde M é a matriz de massa,𝛟̇𝐧+𝟏 são valores nodais das derivadas no tempo da
temperatura, 𝐊 é a matriz de rigidez, 𝛟𝐧+𝟏 são as temperaturas nodais no tempo t n+1 e
𝐅𝐧+𝟏 é o vetor de termos independentes, sendo
( 2.21 )
𝑚𝑖𝑗 = � 𝑐𝑡 𝜌𝑡 𝑁𝑖 𝑁𝑗 𝑑Ω
Ω
k 𝑖𝑗 = 𝑘 �
Ω
𝜕𝑁𝑖 𝜕𝑁𝑗 𝜕𝑁𝑖 𝜕𝑁𝑗 𝜕𝑁𝑖 𝜕𝑁𝑗
+
+
𝑑Ω
𝜕𝑥 𝜕𝑥
𝜕𝑦 𝜕𝑦
𝜕𝑧 𝜕𝑧
( 2.22 )
+ � 𝑐𝑎 𝜌𝑎 w𝑎 𝑁𝑖 𝑁𝑗 𝑑Ω
Ω
𝑓𝑖 = � 𝑞𝑚 𝑁𝑖 𝑑Ω − � 𝑞� 𝑁𝑖 𝑑Γ + � 𝑐𝑎 𝜌𝑎 w𝑎 𝜙𝑎 𝑁𝑖 𝑑Ω
Ω
Γ
( 2.23 )
Ω
Para resolver o problema transiente, utiliza-se uma formulação semi-discreta do método
dos elementos finitos, onde a discretização espacial é feita por elementos finitos e as
derivadas no tempo são discretizadas por operadores de diferenças finitas utilizando-se
o método do Trapézio (Figura 2.8).
𝛟̇𝒏+α
𝛟̇𝒏
𝛟̇𝒏+𝟏
Figura 2.8 Método do Trapézio
Considerando para o tempo 𝑡 = 𝑡𝑛+1 a variável dependente como 𝛟𝐧+𝟏 e a derivada
temporal 𝛟̇𝒏+𝟏 , pode-se escrever:
19
𝛟̇𝒏+𝟏 − 𝛟̇𝒏+α 𝛟̇𝒏+α − 𝛟̇𝒏
=
(0 ≤ α ≤ 1)
(1 − α)
α
( 2.24 )
𝛟̇𝒏+α = (1 − α)𝛟̇𝒏 + α𝛟̇𝒏+𝟏
( 2.25 )
ϕn+1 = ϕn + ∆t𝛟̇𝒏+α
( 2.26 )
Sendo α uma constante positiva cujo valor encontra-se entre zero e um. Caso α = 0 o
método é dito explícito, e para α > 0, o método é implícito. Para valores de α ≥ 1⁄2, o
método apresenta estabilidade incondicional. Se α ≥ 1⁄2, a estabilidade fica
condicionada a um interval de tempo ∆t < ∆t crit , sendo ∆t crit o maior valor de passo de
tempo para o qual o método apresenta estabilidade.
Para problemas não-lineares, pode-se usar um algoritmo preditor/multicorretor. Para
isto, deve-se considerar que o resíduo no tempo 𝑡𝑛+1 deve ser igual a zero se o sistema
está equilíbrio:
𝐑 = 𝐅𝐧+𝟏 − 𝐌𝛟̇𝐧+𝟏 − 𝐊𝛟𝐧+𝟏 = 𝟎
( 2.27 )
Sendo 𝐑 o resíduo calculado no tempo 𝑡𝑛+1 . Nesta dissertação, utilizou-se o Algoritmo
2.1 apresentado abaixo (HUGHES, 1987).
Algoritmo 2.1 Algoritmo preditor/multicorretor
� n+1 = 𝛟𝐧 + (1 − α)∆t𝛟̇𝒏
1: 𝛟
(preditor)
2: i = 0
� n+1
3: 𝛟in+1 = 𝛟
4: 𝛟̇𝑖𝑛+1 = 0
5: 𝐑𝑖 = 𝐅𝑛+1 − 𝐌𝛟̇𝑖𝑛+1 − 𝐊𝛟𝑖𝑛+1
∗ −1 𝑖
6: ∆𝛟̇𝑖+1
𝑛+1 = (𝐌 ) 𝐑
(1)
̇𝑖
̇ 𝑖+1
7: 𝛟̇𝑖+1
𝑛+1 =𝛟𝑛+1 + ∆𝛟𝑛+1
(fase corretora)
�
̇ 𝑖+1
8: 𝛟𝑖+1
𝑛+1 =𝛟n+1 + α∆t𝛟𝑛+1
9: i = i + 1
(1)
𝐌∗ = 𝐌 +
α∆t𝐊.
20
Foram implementados elementos isoparamétricos para mapear a geometria dos
elementos em um sistema local de coordenadas naturais, onde as integrais podem ser
facilmente efetuadas. A parametrização consiste em mapear os elementos em um
domínio regular de coordenadas naturais, considerando funções polinomiais idênticas às
utilizadas na aproximação da solução. Assim, as integrais podem ser calculadas no
domínio de coordenadas naturais, mudando apenas o domínio e limites de integração.
Isso é feito através da matriz Jacobiana J de transformação de coordenadas. Os
parâmetros usados no tetraedro são as coordenadas de volume do elemento. Assim, a
integral a ser resolvida pode ser definida como:
� f(ξ1 , ξ2 , ξ3 , ξ4 )dΩ
Ω
1
1−ξ1
= � �
0
0
1−ξ1 −ξ2
�
0
( 2.28 )
f(ξ1 , ξ2 , ξ3 , ξ4 )det𝐉dξ3 dξ2 dξ1
O sistema de equações é montado através de um loop nos elementos e resolvido
utilizando-se o método dos gradientes conjugados com pré-condicionador diagonal
(SAAD, 2000). Os passos seguidos no método dos gradientes conjugados podem ser
sintetizados da seguinte maneira para um sistema Ax=b:


Escolher um ponto 𝑥0 arbitrário e gerar uma seqüência de pontos 𝑥1 , 𝑥2 , ..., 𝑥𝑛
para seguir a direção do vetor 𝑓 ′ (𝑥).
O resíduo em 𝑥𝑖 será 𝑟𝑖 = 𝑏 − 𝐀𝑥𝑖 e o erro em 𝑥𝑖 será 𝑒𝑖 = 𝑥 ∗ − 𝑥𝑖 .O resíduo
pode ser visto como a direção de máxima descida de 𝑓(𝑥) em 𝑥𝑖 , isto é 𝑟𝑖 =

𝑓 ′ (𝑥).
Dado 𝑥0 pode-se encontrar um ponto 𝑥1 definindo-o como 𝑥1 = 𝑥0 + 𝜆𝑟0 , onde
o parâmetro 𝜆 é o comprimento do passo, de modo que 𝑥1 diminua o resíduo (ou

seja, 𝑓 ′ (𝑥)) dando-se um passo na direção de −𝑓 ′ (𝑥0 ).
Para encontrar o melhor valor de 𝜆, minimiza-se 𝑓(𝑥) ao longo da direção
definida por 𝑟0 .
21

Este procedimento é repetido por várias iterações, até que 𝑥𝑖 esteja
suficientemente próximo de 𝑥 ∗ . Nesta dissertação utilizou-se como critério de
parada uma tolerância de 1.0 × 10−10 e um máximo de 20.000 iterações.
O pré-condicionador diagonal, que foi utilizado nesta dissertação, consiste em uma
matriz diagonal 𝐌 que contém os valores da diagonal de 𝐀. Em outras palavras:
Mij = Aij 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑖 = 𝑗
Mij = 0
𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑖 ≠ 𝑗
22
( 2.29 )
3. RESULTADOS
3.1 Geometria e Condições de Contorno
O problema foi discretizado utilizando uma malha de 2.979.344 elementos tetraédricos
lineares ( Figura 3.1) representando o cérebro de um recém-nascidos, e em uma malha
de 3.979.344 elementos tetraédricos lineares (Figura 3.2) representando o cérebro de um
adulto, formando um quarto de esfera dividida em quatro camadas representando o
tecido cerebral (massa cinzenta e massa branca), o crânio e o escalpo.
Figura 3.1 Malha de 2.979.344 elementos tetraédricos lineares – cérebro de um recémnascidos.
23
Figura 3.2 Malha de 3.979.344 elementos tetraédricos lineares – cérebro de um adulto.
3.2 Taxa de Perfusão Constante
Mantendo uma taxa de perfusão de 80 ml 100g-1 min
100g-1 min
-1
-1
para a massa cinzenta e 20 ml
para a massa branca do tecido cerebral, foi feita uma análise da
temperatura radial considerando como condição de contorno uma temperatura de 0.0oC,
10.0oC ,20.0oC e 30.0oC na parte externa da esfera e fluxo nulo nos contornos internos
(condição adiabática). Foi considerada uma temperatura inicial de 37.0oC em toda a
esfera. Os resultados encontrados estão representados na Figura 3.3 e na Figura 3.4.
24
Distribuição radial da temperatura - Perfusão constante recém-nascidos
40
35
Temperatura (oC)
30
22.0 mm
25
0oC
20
10oC
20oC
15
30oC
10
5
0
0
0.01
0.02
0.03
0.04
Distância do centro da esfera (m)
0.05
0.06
Figura 3.3 Distribuição radial da temperature – Perfusão Constante (recém-nascidos).
Distribuição radial da temperatura - Perfusão
Constante - adultos
40
35
Temperatura (oC)
30
25
19.0 mm
0oC
20
10oC
15
20oC
10
30oC
5
0
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
Distância do centro da esfera (m)
Figura 3.4 Distribuição radial da temperature – Perfusão Constante (adultos).
25
Os resultados mostram que, mantendo uma taxa de perfusão constante, o resfriamento
no interior do cérebro é limitado às camadas superiores, independente da temperatura da
superfície. Considerando uma variação de até 0.3oC, resfriamento penetra um máximo
de 22.0 mm em recém-nascidos (18.0 mm da massa cinzenta do cérebro) e 19.0mm em
adultos (11.0 mm da massa cinzenta do cérebro). A temperatura interna do cérebro
mantem-se aproximadamente a 37.3oC, sendo 0.3oC acima da temperatura arterial
imposta.
3.3 Taxa de perfusão reduzida
Na Figura 3.5 e Figura 3.6 podem ser vistos os efeitos de uma redução da taxa de
perfusão à 30%, 50% e 80% do seu valor normal 𝑤0 . Para essa análise foi considerada
a temperatura externa de 0oC, correspondente ao resfriamento com pacotes de gelo. A
redução na taxa de perfusão aumenta a penetração do resfriamento tanto em adultos
quanto em recém-nascidos, sendo nesses o efeito mais pronunciado.
Redução na Perfusão - recém-nascidos
40
35
Temperatura (oC)
30
25
20
15
10
5
0
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
Distância radial (m)
30%wo
50%wo
80%wo
100%wo
Figura 3.5 Redução na perfusão – Recém-nascidos.
26
0.06
Reduçao na Perfusão - adultos
40
35
Temperatura (oC)
30
25
20
15
10
5
0
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09
0.1
Distância radial (m)
30%wo
50%wo
80%wo
100%wo
Figura 3.6 Redução na Perfusão – Adultos.
A redução na taxa de perfusão significa um menor fluxo de calor do sangue pros
tecidos, o que leva a uma diminuição da temperatura do cérebro. Embora nas camadas
mais externas essa diminuição seja mais pronunciada, no interior do cérebro pode haver
uma pequena elevação da temperatura, o que é evidenciado por ZHU e DIAO. (2001).
Uma justificativa para esse aumento é que uma redução na perfusão faz com que o valor
de (𝜙𝑎 − 𝜙) aumente próximo à superfície, o que faz com que o termo de perfusão
𝜌𝑎 𝑐𝑎 w𝑎 (𝜙𝑎 − 𝜙) aumente no centro do cérebro. Em outras palavras, a redução de w𝑎
não garante que o produto 𝜌𝑎 𝑐𝑎 w𝑎 (𝜙𝑎 − 𝜙) sempre aumente.
3.4 Taxa Mebólica de geração de calor e Taxa de Perfusão Variáveis
Mantendo uma taxa metabólica de geração de calor e taxa de perfusão variáveis de
acordo com ( 2.5 ) e ( 2.6 ), foi feita uma análise da temperatura radial considerando
como condição de contorno uma temperatura de 0.0oC, 10.0oC ,20.0oC e 30.0oC na
parte externa da esfera e fluxo nulo nos contornos internos (condição adiabática). Foi
considerada uma temperatura inicial de 37.0oC em toda a esfera. Os resultados
comparativos da utilização de uma taxa metabólica de geração de calor e taxa de
27
perfusão constantes e variáveis estão representados em Figura 3.7 e Figura 3.8 para cada
temperatura externa prescrita.
Distribuição radial da temperatura (recém-nascidos) Perfusão Variável
40
35
Temperatura (oC)
30
25
0oC Variável
20
29.0 mm
10oC Variável
20oC Variável
15
30oC Variável
10
5
0
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
Distância radial (m)
Figura 3.7 Distribuição radial da temperatura (recém-nascidos) - Perfusão Variável.
28
Distribuição radial da temperatura (adultos) - Perfusão
variável
40
35
Temperatura (oC)
30
25
22.0 mm
0oC Variável
20
10oC Variável
15
20oC Variável
30oC Variável
10
5
0
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
Distância do centro da esfera (m)
Figura 3.8 Distribuição radial da temperatura (adultos) – Perfusão variável
Os resultados mostram que, ao se utilizar uma taxa de perfusão variável, consegue-se
aumentar a penetração do resfriamento no interior do cérebro, embora este continue
limitado às camadas superiores, independente da temperatura da superfície.
Considerando-se uma variação de até 0.3oC da temperatura interna, o resfriamento
penetra um máximo de 29.0 mm em recém-nascidos (25.0mm do tecido cerebral
cérebro) e 22.0mm em adultos (14.0 mm do tecido cerebral). A temperatura interna do
cérebro mantem-se aproximadamente a 37.3oC, sendo 0.3oC acima da temperatura
arterial imposta.
29
Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável
com a temperatura- Temperatura externa 0oC - recémnascidos
40
35
Temperatura (oC)
30
25
20
0oC
Variável
0oC
15
10
5
0
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
Distância r (m)
Figura 3.9 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperaturaTemperatura externa 0oC - recém-nascidos
30
Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável
com a temperatura - Temperatura externa 10oC - recémnascidos
40
Temperatura (oC)
35
30
25
10oC
Variável
10oC
20
15
10
0
0.01
0.02
0.03
0.04
Distância r (m)
0.05
0.06
Figura 3.10 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperaturaTemperatura externa 10oC - recém-nascidos
40
Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável
com a temperatura - Temperatura externa 20oC - recémnascidos
38
Temperatura (oC)
36
34
32
30
20oC
Variável
28
20oC
26
24
22
20
0
0.01
0.02
0.03
0.04
Distância r (m)
0.05
0.06
Figura 3.11 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperaturaTemperatura externa 20oC - recém-nascidos
31
38
Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável
com a temperatura - Temperatura externa 30oC - recémnascidos
37
Temperatura (oC)
36
35
30oC
Variável
30oC
34
33
32
31
30
0
0.01
0.02
0.03
Distância r (m)
0.04
0.05
0.06
Figura 3.12 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperatura Temperatura externa 30oC - recém-nascidos
Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável
com a temperatura - Temperatura externa 0oC - adultos
40
35
Temperatura (oC)
30
25
20
0oC
Variável
15
0oC
10
5
0
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
Distância r (m)
Figura 3.13 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperatura Temperatura externa 0oC - adultos
32
Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável
com a temperatura - Temperatura externa 10oC - adultos
40
Temperatura (oC)
35
30
25
10oC
Variável
20
10oC
15
10
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
Distância r (m)
Figura 3.14 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperatura Temperatura externa 10oC - adultos
Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável
com a temperatura - Temperatura externa 20oC - adultos
40
38
Temperatura (oC)
36
34
32
30
28
20oC
Variável
26
20oC
24
22
20
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
Distância r (m)
Figura 3.15 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperatura Temperatura externa 20oC - adultos
33
Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável
com a temperatura - Temperatura externa 30oC - adultos
38
37
Temperatura (oC)
36
35
34
30oC
Variável
33
30oC
32
31
30
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
Distância r (m)
Figura 3.16 Comparativo - Perfusão constante x Perfusão variável com a temperatura Temperatura externa 30oC - adultos
3.5 Variação nos parâmetros fisiológicos (PaO2,PaCO2,CMRO2 e MABP)
Para estudar os efeitos da variação dos parâmetros fisiológicos na distribuição da
temperatura, foi feita uma variação de cada parâmetro separadamente, mantendo os
outros parâmetros nos seus valores médios normais, sendo eles MABP = 100mmHg,
PaO2 = 100 mmHg e PaCO2=40mmHg. O consumo metabólico de oxigênio (CMRO2)
varia com a temperatura de acordo com ( 2.19 ). A variação na taxa metabólica de
geração de calor continua a ser feita segundo ( 2.5 ). Segundo LEY e BAYAZITOGLU.
(2003), a expressão ( 2.19 ) é válida para temperaturas acima de 10oC e alguns autores
(GLUCKMAN, WYATT, et al., 2005) consideram que para temperaturas abaixo de
20oC o fluxo de sangue no cérebro é desacoplado da taxa metabólica de oxigênio. Por
esses motivos, adotou-se como temperatura na superfície externa a temperatura de 10oC.
Dessa forma, a temperatura nas camadas representativas da massa cerebral não chegam
a valores inferiores a 20oC.
34
i. Variação da MABP
A MABP pode ser alterada devido a drogas ou condições como edemas cerebrais,
aneurismas ou outros problemas causados por derrames. Considera-se valores utilizados
em hipotensão moderada (45 mmHg), normotensão (100mmHg) e hipertensão
moderada (160mmHg).
MABP - recém -nascidos
40
35
Temperatura (oC)
30
MABP
45mmHg
25
MABP
100mmHg
20
MABP
160mmHg
15
10
0
0.01
0.02
0.03
Distância r (m)
0.04
0.05
0.06
Figura 3.17 Distribuição radial da temperatura – variação na MABP – Recém nascidos
35
MABP - Adultos
40
Temperatura (oC)
35
30
25
MABP
45mmHg
20
MABP
100mmHg
15
MABP
160mmHg
10
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
Distância r (m)
Figura 3.18 Distribuição radial da temperatura – variação na MABP – Adultos.
Pode-se observar que, para uma situação de hipotensão moderada, o fluxo de sangue no
cérebro se reduz em 14%, o que leva a uma pequena queda na temperatura. Já para um
caso de hipertensão moderada, ocorre um acréscimo na CBF de aproximadamente 13%,
reduzindo a penetração do resfriamento com relação a uma situação normal. A diferença
na penetração do resfriamento é de menos de 2.0 mm em recém-nascidos e de menos de
1 mm em adultos.
ii. Variação da PaO2 e PaCO2
Variações de PaO2 e PaCO2 ocorrem pela respiração de ar com diferentes concentrações
de O2 e CO2 ou por asfixia ou envenenamento por CO2. Valores de PaO2 menores que
100mmHg representam uma condição hipóxica, e produzem aumento da CBF. Valores
muito superiores a 100mmHg representam uma condição de hiperoxia.Foram
considerados valores de PaO2 de 25, 50, 100 e 250 mmHg. Com relação ao CO2, valores
correspondentes a uma condição de hipercapnia moderada e severa correspondente a
36
60mmHg e 90mmHg são considerados. A PaCO2 é um forte vasodilatador da
vasculatura cerebral, o que significa que o aumento da concentração de CO2 aumenta o
raio das arteriolas e o volume de sangue que penetra nos tecidos.A condição de
Hipocapnia (PaCO2 < 40 mmHg) por outro lado, reduz a CBF e aumenta a capacidade
autoregulatória do cérebro, reduzindo o diametro dos vasos e aumentando a elasticidade
após hipertensão ou condições que afetam a quantidade de sangue que entra no cérebro.
PaO2 - Recém-nascidos
40
35
Temperatura (oC)
30
PaO2
25mmHg
25
20
PaO2
50mmHg
15
PaO2
100mmH
g
10
0
0.01
0.02
0.03
Distäncia r (m)
0.04
0.05
0.06
Figura 3.19 Distribuição radial da temperatura – variação na PaO2 – Recém-nascidos.
37
PaO2 - Adultos
40
35
Temperatura (oC)
30
PaO2
25mmHg
PaO2
50mmHg
PaO2
100mmHg
PaO2
250mmHg
25
20
15
10
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
Distäncia r (m)
Figura 3.20 Distribuição radial da temperatura – variação na PaO2 – Adultos.
Pode-se observar que, para uma condição hipóxica, o fluxo de sangue no cérebro reduz
em 68% e 7%, respectivamente para valores de PaO2 de 25mmHg e 50mmHg,
enquanto uma condição hiperóxica (250mmHg) aumenta o CBF em 10% levando a uma
variação máxima na penetração do resfriamento de 12 mm e 7 mm para recém-nascidos
e adultos, respectivamente, considerando-se a condição de hipoxia (25mmHg).
38
PaCO2 - Recém-nascidos
40
35
Temperatura (oC)
30
25
PaCO2
40mmHg
PaCO2
60mmHg
PaCO2
90mmHg
20
15
10
0
0.01
0.02
0.03
Distäncia r (m)
0.04
0.05
0.06
Figura 3.21 Distribuição radial da temperatura – variação na PaCO2 – Recém-nascidos.
PaCO2 - Adultos
40
Temperatura (oC)
35
30
PaCO2
40mmHg
PaCO2
60mmHg
PaCO2
90mmHg
25
20
15
10
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
Distäncia r (m)
Figura 3.22 Distribuição radial da temperatura – variação na PaCO2 – Adultos.
39
Pode-se observar que o aumento da Pressão de dióxido de carbono leva a um aumento
do fluxo de sangue no cérebro de 52% e 108%, respectivamente para valores de PaCO2
de 60mmHg e 90mmHg. levando a uma variação máxima na penetração do
resfriamento de 13 mm para recém-nascidos e 5 mm para adultos.
3.6 Mudança na Temperatura Arterial (Ta)
Mantendo-se uma taxa metabólica de geração de calor e taxa de perfusão variáveis de
acordo com ( 2.5 ) e ( 2.6 ), foi feita uma análise da temperatura radial considerando a
temperatura do sangue arterial (𝑇𝑎 ) de 34oC. Como condição de contorno considerou-se
uma temperatura de 0.0oC, 10.0oC ,20.0oC e 30.0oC na parte externa da esfera e fluxo
nulo nos contornos internos (condição adiabática). Foi considerada uma temperatura
inicial de 37.0oC em toda a esfera. Os resultados encontrados estão representados na
Figura 3.23 e Figura 3.24.
Temperatura Arterial 34oC - Recém-nascidos
40
35
Temperatura (oC)
30
25
0oC
20
10oC
20oC
15
30oC
10
5
0
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
Distância r (m)
Figura 3.23 Distribuição radial da temperatura – Temperatura arterial de 34oC – RecémNascidos.
40
Temperatura Arterial 34oC - Adultos
40
35
Temperatura (oC)
30
25
0oC
20
10oC
20oC
15
30oC
10
5
0
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
Distância r (m)
Figura 3.24 Distribuição radial da temperatura – Temperatura arterial de 34oC –
Adultos.
Os resultados mostram que, mesmo diminuindo-se a temperatura arterial de 37 oC para
34oC , o resfriamento no interior do cérebro continua limitado às camadas superiores,
porém é possível resfriar o interior do cérebro a 34-35oC. Isso mostra a influência da
temperatura arterial na temperatura do cérebro, e corrobora com a teoria de que não se
consegue resfriar o cérebro resfriando apenas a superfície da cabeça, deve-se resfriar o
corpo inteiro de modo a baixar a temperatura do sangue que chega ao cérebro, ou, como
mostra (NEIMARK, KONSTAS, et al., 2008) pode-se injetar um fluido frio para ajudar
a reduzir a temperatura cerebral sem a necessidade de resfriar todo o corpo. A
temperatura interna do cérebro mantem-se aproximadamente a 34.3oC, sendo 0.2-0.3oC
acima da temperatura arterial imposta, o mesmo resultado foi encontrado por NELSON
e NUNNELEY. (1998). Considerando os efeitos da temperatura externa, para uma
variação de até 0.3oC, o resfriamento externo penetra um máximo de 28.0 mm em
recém-nascidos (24.0 mm da massa cinzenta do cérebro) e 21.0mm em adultos (13.0
mm da massa cinzenta do cérebro).
41
3.7 Simulação utilizando-se modelo do crânio
Após realizar análises utilizando o modelo simplificado, considerando-se a cabeça como
uma semi-esfera, foi obtida uma geometria através de imagens de ressonância
magnética de um crânio real de um adulto (Figura 3.25). O modelo possui uma
geometria mais próxima do real, possibilitando uma interpretação maior dos resultados.
A malha foi discretizada em 1.276.821 elementos tetraédricos lineares, conforme mostra
a Figura 3.26. Neste caso, devido às limitações na aquisição da geometria, foi possível a
definição de três materiais, sendo eles o crânio, a massa cinzenta e a massa branca
(Figura 3.27).
Figura 3.25 Geometria obtida através de imagens computadorizadas.
42
Figura 3.26 Malha de 1.276.821 elementos tetraédricos lineares.
43
A
B
Figura 3.27 Definição das camadas de materiais: Azul – massa cerebral branca, verdemassa cerebral cinzenta e vermelho – crânio.
Devido à ausência da camada representativa do escalpo, foi definida uma temperatura
prescrita na parte de trás da superfície do crânio, simulando o efeito de resfriamento da
cabeça com pacotes de gelo. A temperatura foi obtida através das análises anteriores,
utilizando-se a temperatura de transição entre as camadas de escalpo e crânio da análise
da semi-esfera, como mostram a Figura 3.4 e Figura 3.8. Foi adotada para fins
comparativos para todos os casos uma mesma temperatura prescrita de 20.0oC.
Os resultados de temperatura para uma taxa de perfusão constante por material e para
uma análise dependente da temperatura segundo ( 2.5 ) e ( 2.6 ) estão plotados na Figura
3.30 ao longo de uma linha que passa pelo centro da cabeça, como mostra a Figura 3.29.
44
Figura 3.28 Definição da condição de temperatura prescrita (em azul).
45
A,B
B
A
B
A
Figura 3.29 Linha AB ao longo da qual são plotados os resultados de temperatura.
46
Perfusão Constante x Perfusão Variável
40
38
36
Temperatura (oC)
34
32
30
w constante
28
26
w variável
24
22
20
0
0.05
0.1
0.15
0.2
distância AB(m)
Figura 3.30 Perfusão Constante x Perfusão Variável – modelo do crânio.
Pelo gráfico acima, pode-se constatar que a variação da perfusão com a temperatura não
possui resultados expressivos no modelo geométrico utilizado. A análise da Figura 3.30
mostra que considerando-se a perfusão dependente da temperatura não se obtem uma
diferença significativa na redução da temperatura no cérebro. Os resultados
comparativos utilizando-se perfusão constante e dependente da temperatura são tão
parecidos que não justificam a realização de outras simulações com o crânio, embora a
geometria seja bem mais realista.
47
4. CONCLUSÕES
O modelo estudado nessa dissertação permite um entendimento maior dos métodos de
resfriamento utilizados para tratamento de doenças, tanto em adultos quanto em recémnascidos. Os resultados encontrados mostram que a hipótese levantada em outros
estudos de que mantendo-se a taxa de perfusão constante, não se consegue diminuir a
temperatura no interior do cérebro apenas usando resfriamento seletivo da cabeça é
verdadeira.
O resfriamento da superfície da cabeça mantendo-se a temperatura sistêmica normal de
37oC não é atingido devido ao alto fluxo de sangue no cérebro. A diminuição da
temperatura na superfície apenas aumenta o gradiente nas camadas superficiais do
cérebro, como pode ser visto na Figura 3.3 e Figura 3.4.
A redução na perfusão e a consideração da mesma como dependente da temperatura
também são hipóteses que diminuem a temperatura nas camadas superficiais, reduzindo
a temperatura média e aumentando a penetração do resfriamento. Porém, esse
resfriamento não atinge as camadas mais internas.
O mesmo acontece com a alteração de parâmetros fisiológicos. A MABP, PaCO2,PaO2
e CMRO2 alteram o fluxo de sangue no cérebro (CBF), aumentando ou reduzindo a
perfusão. A integração desses fatores no modelo mostra uma alteração na profundidade
limite atingida pelo resfriamento superficial. Porém, mesmo utilizando-se diferentes
fluxos de sangue no cérebro (CBF) não é possível atingir as camadas mais internas do
cérebro.
O modelo mostra que a temperatura do cérebro é basicamente controlada pela
temperatura do sangue arterial que entra no cérebro, mantendo-se 0.2-0.3oC acima da
mesma (KONSTAS, NEIMARK, et al., 2006). Reduzindo esta temperatura, é possível
alcançar uma condição de hipotermia moderada em toda a massa cerebral. Isto sugere
que a hipotermia deve ser alcançada através de outros meios, como resfriamento de todo
o corpo para reduzir a temperatura corporal e, consequentemente, a temperatura arterial,
ou infusão de um fluido refrigerante para obter um resfriamento mais rápido e eficiente.
O resfriamento através dessa técnica é obtido quando o fluido é levado até o cérebro
provocando a redução das temperaturas, ao mesmo tempo em que a hemoluição
provocada pela infusão aumenta a perfusão, o que auxilia a difusão do resfriamento
48
ocasionado pelo mesmo. Para realizar análises considerando-se o efeito da infusão
salina, é necessário incluir a temperatura do fluido refrigerante e, para isso, considerar a
localização das artérias que levam o sangue ao cérebro e das veias que o retornam, o
que torna o problema muito mais técnico. Para o caso de recém-nascidos, a técnica de
infusão salina não é aplicada, sendo um caso mais delicado a ser estudado.
Uma avaliação entre os resultados obtidos com adultos e recém-nascidos mostra que,
apesar de haver uma barreira ao resfriamento externo em ambos, em recém-nascidos ela
é mais fraca, possibilitando uma penetração de resfriamento maior com a temperatura e
com a variação de parâmetros fisiológicos.
O estudo de uma geometria mais realista da cabeça possibilita a confirmação das
conclusões acima em um modelo mais próximo do real que uma semi-esfera, mantendo
a posição da impossibilidade de resfriamento pela superfície da cabeça. A falta da
camada mais externa mostra que, partindo-se de uma mesma temperatura na interface
crânio/escalpo, a variação da perfusão com a temperatura é praticamente insignificante,
influenciando apenas as camadas mais externas da cabeça. Os resultados obtidos podem
nao ter uma correlação direta com recém-nascidos, mas servem como ponto de partida
para uma análise mais realista dos resultados obtidos para os mesmos.
Assim, uma simulação mais realista teria que considerar o corpo inteiro, o que torna o
problema bem mais complicado, pois envolveria uma simulação do fluxo de sangue no
corpo. Tal simulação poderia ser feita utilizando as equações de Navier-Stokes. Neste
caso, os maiores desafios seriam na modelagem de veias e arterias. Estudos recentes
(SCHWARZ, HEILMANN, et al., 2009) mostram modelos simplificados deste tipo de
análise.
49
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