XI Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo Qualidade do Solo & Ambiente de Produção Frederico Westphalen, RS. 31 de agosto a 02 de setembro de 2016 Núcleo Regional Sul Concentração de Micronutrientes nos Frutos de Acca sellowiana Patrícia da Silva Paulino(1); Álvaro Luiz Mafra(2) ; Letícia Moro(1); Caroline Perez Lacerda da Silveira(1) ; Nathalia Della Vechia(3) (1) Doutoranda do Curso de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Lages, SC, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, [email protected]. (2) Professor do Departamento de Solos e Recursos Naturais, Universidade do Estado de Santa Catarina. (3) Estudante de graduação do curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Estado de Santa Catarina. RESUMO: O consumo da goiaba serrana, essência nativa do Brasil, vem aumentando nos últimos anos, possibilitando a maximização da produção. O objetivo é obter informações sobre características do fruto. O estudo foi realizado no município de São Joaquim, em quatro pomares, denominadas Postinho, com 14 anos de idade; Gabriel, com 11 anos de idade; Epagri1 e Epagri2, ambas com 9 anos de idade; onde foram selecionadas 10 plantas por área numa amostragem aleatória, com a variedade Alcântara, sendo coletado 20 frutos por planta. O solo da área Postinho é um Neossolo litólico e nas demais áreas é Cambissolo húmico. As amostras foram avaliadas quanto a concentração de micronutrientes na polpa e casca, através do método de digestão. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) a 5% de probabilidade de erro pelo teste F. Havendo significância entre os tratamentos foi utilizado o Teste de Scott Knott a 5% de probabilidade de erro para comparação entre as médias. Na polpa o teor de Cu variou de 3,31 a 8,91 mg kg-1. O Zn entre 4,56 e 5,51 mg kg-1. O Fe entre 8,93 e 17,90 mg kg-1. O Mn de 2,81 a 5,31 mg kg-1. A Na casca o Cu variou de 5,46 a 6,18 mg kg-1. O Zn entre 2,48 e 2,98 mg kg-1. O Fe entre 6,04 e 10,43 mg kg-1. O Mn de 2,25 a 7,07 mg kg-1 Deve ser observada a proporção do que a planta necessita de cada nutriente. Palavras-chave: goiaba serrana; planalto catarinense; nutrição. INTRODUÇÃO A goiabeira serrana (Acca sellowiana) pertencente à família Myrtaceae é uma das frutíferas nativas subsistentes na simplificação do ecossistema devido a retirada de madeira, persistindo nos remanescentes florestais e até nos campos de altitude em forma isolada (Lorenzini, 2006). Nas áreas de ocorrência natural, os frutos são muito apreciados e consumidos, sendo que a maturação ocorre de fevereiro até início de junho. Além do aproveitamento dos frutos, as pétalas das flores podem ser destinadas para consumo humano em razão do seu agradável sabor e pode ser usada na ornamentação urbana ou residencial (Amarante & Santos, 2011). Em Santa Catarina, a goiabeira serrana vem sendo pesquisada desde 1986, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. EPAGRI, com o objetivo de selecionar genótipos superiores e desenvolver um sistema de produção que permita seu cultivo em escala comercial. Como resultado do trabalho da EPAGRI, foram lançadas, nos anos de 2007 e 2008, as quatro primeiras cultivares comerciais brasileiras de goiaba serrana, as quais são: Alcântara, Helena, Mattos e Nonante (Amarante & Santos, 2011). Existe a necessidade de estudar a resposta da espécie quanto a aspectos físicos e químicos do solo, uma vez que não se encontram trabalhos dessa natureza para a goiaba serrana. O objetivo deste estudo foi estimar a extração de nutrientes por frutos em pomares em produção nas condições da serra catarinense. MATERIAL E MÉTODOS As coletas foram realizadas em experimento instalado em quatro pomares de Acca sellowiana, localizados no município de São Joaquim (SC), onde dois encontram-se na área experimental da EPAGRI, ditos EPAGRI 1 e EPAGRI 2 e os outros dois pomares estão instalados em propriedades particulares produtoras de goiaba serrana, chamados Postinho e Gabriel. Os solos se enquadram nas classes Cambissolo Húmico e Neossolo Litólico. O clima é do tipo mesotérmico úmido com verões amenos, Cfb na classificação de Köppen (Embrapa, 2004). Situada a 1.360 metros de altitude, São Joaquim é uma das cidades mais altas do país, quanto à altitude. Em cada pomar, foram selecionadas 10 plantas numa amostragem aleatória, com a variedade Alcântara. Foram amostrados 20 frutos por planta após queda no chão, para determinação dos teores de micronutrientes Cu, Zn, Mn e Fe. Para determinação dos teores de micronutrientes as amostras foram submetidas à digestão com HNO3 e HClO4 (Tedesco et al., 1995). Análise estatística Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) a 5% de probabilidade de erro pelo teste F. Havendo significância entre os tratamentos foi utilizado o Teste de Scott Knott a 5% de probabilidade de erro para comparação entre as médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os teores de cobre, zinco, ferro e manganês encontram-se na Tabela 1. 1 XI Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo Qualidade do Solo & Ambiente de Produção Frederico Westphalen, RS. 31 de agosto a 02 de setembro de 2016 O teor de Cu na polpa variou de 3,31 a 8,91 mg kg-1. Na casca esse valor foi de 5,46 a 6,18 mg kg-1. O teor de Cu nas plantas varia de 2 a 75 mg kg-1 de matéria seca, com teores médios entre 5 e 20 mg kg-1. As plantas deficientes nesse micronutriente apresentam teores foliares menores do que 4 mg kg-1. Já a toxidez acontece quando apresenta valores acima de 20 mg kg-1 (Furlani, 2014). Tabela 1. Valores de cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe) e manganês (Mn) na polpa e casca de frutos de goiaba serrana, no município de São Joaquim (SC). Cu Zn Fe Mn -------------mg kg-1------------Polpa (1) Postinho 3,31a 5,54a 12,98a 5,31a Gabriel 8,91a 4,56a 14,35a 2,81b EPAGRI 1 8,05a 5,51a 17,90a 3,33b EPAGRI 2 8,65a 4,51a 8,93 3,55b Casca Postinho 6,18a 8,55a 2,91a 5,88a Gabriel 6,00a 10,43a 2,97a 7,07a EPAGRI 1 5,46a 6,04a 2,48a 2,25a EPAGRI 2 5,93a 4,98a 2,98a 4,81a (1) Médias seguidas da mesma letra em cada coluna não diferem pelo teste Scott-Knott a 5 % de significância. A concentração de Zn na polpa de goiabeira serrana variou entre 4,56 a 5,45 mg kg-1 e na casca de 2,48 a 2,98 mg kg-1. Segundo a Comissão de Química e Fertilidade do Solo RS/SC (2004), teores entre 20 e 100 mg kg-1 são considerados normais em pomares de maçã. Os níveis de Zn nas plantas variam de 3 a 150 mg kg-1 de matéria seca da planta (Furlani, 2004). O nível de Fe na polpa variou entre 8,93 a 17,90 mg kg-1 e na casca de 4,98 a 10,43 mg kg-1. Os teores de Fe nas plantas variam entre 10 e 1.500 mg kg-1, dependendo da parte aérea da planta e da espécie, onde níveis entre 50 e 100 mg kg-1 são tidos como adequados ao desenvolvimento normal das plantas (Furlani, 2004). De acordo com a Comissão de Química e Fertilidade do Solo RS/SC (2004), valores entre 50 e 250 mg kg-1 são considerados normais para as folhas da macieira. O teor de Mn na polpa variou de 2,81 a 5,31 mg kg-1. Na casca o teor foi entre 2,25 e 7,07 mg kg-1. Núcleo Regional Sul Os teores de micronutrientes considerados adequados à goiabeira, de modo geral, situam-se para Cu Fe, Mn e Zn entre 10-16, 144-162, 202-398 e 28-32 mg kg-1, respectivamente (Malavota et al., 1997). CONCLUSÕES A colheita dos frutos extrai considerável quantidade de nutrientes do solo, se estes não forem adequadamente repostos pela adubação, poderá ocorrer empobrecimento do solo ao longo dos anos de cultivo. Deve ser observada a proporção do que a planta necessita de cada nutriente. Sugere-se, que as práticas de adubação da cultura sejam próximas às encontradas nos frutos. AGRADECIMENTOS: À FAPESC pela concessão de bolsa. REFERÊNCIAS Amarante, C.V.T.; Santos, K.L. Goiabeira-serrana (Acca sellowiana). Revista Brasileira de Fruticultura. vol.33 no.1 Jaboticabal Mar. 2011. Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC. Manual de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porto Alegre. 2004. Furlani, A.M.C. Nutrição Mineral. 2004. Lorenzini, A. R. Fitossociologia e aspectos dendrológicos da goiabeira-serrana na bacia superior do rio Uruguai. 2006. 51p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2006. Malavota, E.; Vitti, G.C.; Oliveira, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas: Princípios e aplicações. 2 ed. Piracicaba, Potafos, 1997. 319p. Tedesco, M.J.; Gianello, C.; Bissani, C.; Bohnen, H. & Volkweiss, S.J. Análise de solo, plantas e outros materiais. 2.ed. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1995. 174p. (Boletim Técnico, 5). 2