A NATUREZA DA LUZ Conteúdos • A natureza da luz • Efeito fotoelétrico AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS Nos capítulos anteriores deste material didático, tratamos do comportamento da luz no que se refere a sua propagação retilínea, sua reflexão e refração. Como observamos, tais fenômenos podem ser notados em várias situações do nosso dia a dia. Mas o grande questionamento que acompanhou toda a evolução das discussões sobre a luz sempre foi: O que é a luz? Podemos associá-la ao conceito de energia e afirmar que a luz é uma forma de energia. Mas qual seria a sua constituição? Pode-se pensar que a luz, assim como a matéria, é feita de partículas? Ou ela possuiria uma outra natureza? Luz Onda? Partícula? Figura 1 – Luz, onda ou partícula Fonte: Fundação Bradesco Desde a Antiguidade, esses questionamentos sempre provocaram grandes discussões. Em meio a essas polêmicas sobre a natureza da luz, duas teorias se destacaram. Uma é denominada Teoria Corpuscular da Luz e a outra Teoria Ondulatória da Luz. De acordo com a teoria corpuscular, a luz seria composta de um fluxo de partículas. Para a teoria ondulatória, a luz seria formada de ondas que se propagam pelo espaço ou através da matéria. O filósofo grego Aristóteles foi a primeira pessoa, que se tem notícia, a manifestar sua opinião sobre a luz: para ele a luz possuiria uma natureza ondulatória sendo uma espécie de fluído imaterial que chegava aos olhos, vindo dos objetos visíveis, através de ondas. Outro filósofo, Pitágoras, pensava ser a visão causada exclusivamente por algo emitido pelo olho. E o filósofo Euclides foi partidário e grande defensor da teoria pitagórica que dizia ser a luz proveniente do olho. Não foi somente os gregos que estudaram a luz e seu comportamento. Há indícios de que tanto os árabes, como os chineses conheciam alguns princípios básicos da Óptica. Até Leonardo da Vinci também se interessou pela luz, mais do ponto de vista científico do que artístico. Destaca-se também a controvérsia entre Isaac Newton defensor da teoria corpuscular e Christian Huygens defensor da teoria ondulatória. Luz Huygens A luz é uma onda! Newton A luz é uma partícula! Figura 2 – Controvérsias sobre a natureza da luz Fonte: Fundação Bradesco As discussões permaneceram por um longo período, até que no início do século XX estabelece-se o que na Física é chamado de “dualidade onda-partícula”. Figura 3 – Christian Huygens Fonte: Nicku /Shutterstock.com Figura 4 – Isaac Newton Fonte: Nicku /Shutterstock.com A dualidade onda-partícula Em 1900, o físico alemão Max Planck notou que a radiação produzida pelos corpos não era emitida continuamente, mas em pequenos pacotes de energia, que receberam o nome quanta (plural de quantum, do latim). Mais tarde, foi constado que toda energia quase sempre é constituída de minúsculos quanta. Os quanta de luz passaram a ser chamados de fótons, e os de outras naturezas permaneceram como quanta. Novas dúvidas sobre o modelo ondulatório surgiram quando o físico alemão Albert Einstein propôs uma explicação para outro fenômeno intrigante, o efeito fotoelétrico. Quando a luz incide sobre determinados materiais, eles emitem elétrons, que podem inclusive ser usados para gerar correntes elétricas – é assim que funcionam as células fotoelétricas e os painéis solares atuais, que transformam luz em eletricidade. elétrons METAL Figura 5 – Efeito fotoelétrico Fonte: Fundação Bradesco Einstein explicou o fenômeno usando a mesma teoria quântica proposta por Planck, mas indo além. Ele mostrou que os fótons literalmente colidem com os elétrons do material, empurrando-os para fora com o choque, como se fossem bolas de bilhar num jogo de sinuca. Ao mesmo tempo que a luz parecia se comportar como fluxos de partículas nesses casos, ela exibia características de onda para outros, como na interferência. A interpretação da nova teoria é a da dualidade onda-partícula: a luz – e também as partículas subatômicas, como elétrons, prótons e nêutrons – não são nem onda e nem fluxo de partículas. A luz é outra coisa: em certas circunstâncias a luz se comporta como onda e em outras como corpúsculo. Em geral, a luz e as partículas subatômicas se comportam como ondas enquanto estão trafegando pelo espaço e como corpúsculos quando interagem com a matéria. Entende-se que a luz se manifesta como onda ou como corpúsculo, dependendo do que fazemos com ela. No entanto, a luz nunca apresenta simultaneamente as duas características, de onda e de corpúsculo, apenas uma característica de cada vez (fato que o físico dinamarquês Niels Bohr chamou de “princípio da complementaridade”). BELISÁRIO, R. A natureza da luz. Disponível em: <http://pre.univesp.br/a-natureza-da-luz#.V4Pu9cu5fcc>. Acesso em: 11 jul. 2016. Atualmente aceita-se que a luz possui um comportamento chamado de “dual”. Isto significa que ela se comporta com partícula e também como onda, dependendo da forma que interage com a matéria. ATIVIDADES 1. Leia atentamente o texto a seguir. Luz é onda ou partícula? Se eu disser que luz pode ser as duas coisas, quem não conhece Física Moderna, a Física do século 20, certamente vai achar tudo muito estranho e até mesmo contraditório. É que na Física Quântica, um dos pilares da Física Moderna, algumas coisas podem se comportar tanto como onda como partícula. É claro que, num primeiro momento, isso é minimamente bizarro. E por isso mesmo esse comportamento dual não foi bem aceito de pronto pelos cientistas. Estamos acostumados com o nosso mundo macroscópico, muito bem descrito pelas Leis da Mecânica newtoniana, onde onda e partícula são coisas bem distintas. Mas no mundo microscópico, onde a Física Quântica funciona muito bem, os objetos estão de acordo com a bem conhecida e aceita Dualidade OndaPartícula que afirma que uma entidade quântica pode se comportar como onda num experimento e como partícula noutro, sem nenhum problema. A natureza quântica é assim. E pronto. Então, se alguém perguntar para você se luz é onda ou partícula, responda: BRAZ, D. Luz: onda ou partícula? Disponível em: http://fisicanaveia.blogosfera.uol.com.br/2015/10/25/luzonda-ou-particula/. Acesso em: 12 jul. 2016. 10h16min. Uma possível responda para o questionamento é que a luz a) pode se comportar tanto como onda quanto como partícula. b) por não se propagar no vácuo possui características de uma onda sonora. c) não possui um caráter ondulatório sendo considerada hoje em dia uma partícula. d) só pode ser interpretada como uma partícula e não mais com características de uma onda. e) possui características de uma onda e de uma partícula somente quando se propaga no vácuo. 2. Quando se faz incidir luz de uma certa frequência sobre uma placa metálica, qual é o fator que determina se haverá ou não emissão de fotoelétrons? a) A área da placa. b) O tempo de exposição da placa à luz. c) O material da placa. d) O ângulo de incidência da luz. e) A intensidade da luz. 3. (UFRS – 2000) Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna do parágrafo abaixo. O ano de 1900 pode ser considerado o marco inicial de uma revolução ocorrida na Física do século XX. Naquele ano, Max Planck apresentou um artigo à Sociedade Alemã de Física, introduzindo a ideia de ..................... da energia, da qual Einstein se valeu para, em 1905, desenvolver sua teoria sobre o efeito fotoelétrico. a) conservação b) quantização c) transformação d) conversão e) propagação 4. (URGS-RS) O dualismo onda-partícula refere-se a características corpusculares presentes nas ondas luminosas e a características ondulatórias presentes no comportamento de partículas, tais como elétrons. A natureza nos mostra que características corpusculares e ondulatórias não são antagônicas mas, sim, complementares. Dentre os fenômenos listados, o único que não está relacionado com o dualismo onda-partícula é a) o efeito fotoelétrico. b) a ionização de átomos pela incidência de luz. c) a difração de elétrons. d) o rompimento de ligações entre átomos pela incidência de luz. e) propagação, no vácuo, de ondas de rádio de frequência média. 5. (UFRN) Bárbara ficou encantada com a maneira de Natasha explicar a dualidade onda-partícula, apresentada nos textos de Física Moderna. Natasha fez uma analogia com o processo de percepção de imagens, apresentando uma explicação baseada numa figura muito utilizada pelos psicólogos da Gestalt. Seus esclarecimentos e a figura ilustrativa são reproduzidos a seguir: Figura citada por Natasha, na qual dois perfis formam um cálice e vice-versa. A minha imagem preferida sobre o comportamento dual da luz é o desenho de um cálice feito por dois perfis. Qual a realidade que percebemos na figura? Podemos ver um cálice ou dois perfis, dependendo de quem consideramos como figura e qual consideraremos como fundo, mas não podemos ver ambos simultaneamente. É um exemplo perfeito de realidade criada pelo observador, em que nós decidimos o que vamos observar. A luz se comporta de forma análoga, pois, dependendo do tipo de experiência ("fundo"), revela sua natureza de onda ou sua natureza de partícula, sempre escondendo uma quando a outra é mostrada. Diante das explicações acima, é correto afirmar que Natasha estava ilustrando, com o comportamento da luz, o que os físicos chamam de princípio da a) incerteza de Heisenberg. b) complementaridade de Bohr. c) superposição. d) relatividade. LEITURAS COMPLEMENTARES Conheças nas leituras a seguir, a vida e obra de alguns físicos que com suas ideias ou descobertas auxiliariam na evolução científica no século XX. Pierre de Fermat – matemático francês, (1601 – 1665) Fermat, filho de um comerciante de couros, estudou primeiro em casa para ingressar depois na Faculdade de Direito. Foi conselheiro do parlamento de Toulouse, mas dedicava todo o seu tempo ocioso ao estudo da matemática. Considerando-se sua obra, pode-se perguntar o que teria realizado caso sua dedicação fosse exclusiva. Fermat, tinha o hábito extremamente frustrante de não publicar seus trabalhos, mas de redigir anotações apressadas nas margens dos livros que consultava, ou então descrever casualmente suas descobertas, em cartas, Figura 6 – Pierre de Fermat Fonte: Marzolino/Shuterstock.com aos seus amigos. O resultado foi que perdeu o crédito da descoberta da geometria analítica, realizada independentemente de Descartes. Quando a análise cartesiana envolvia apenas duas dimensões, Fermat já se interessava por três. Também não lhe foi atribuído o mérito da descoberta de algumas particularidades importantes dos cálculos que serviram, mais tarde, para inspirar Newton (contudo, isso nunca preocupou Fermat que lidava com a matemática por pura diversão). Junto com Pascal, descobriu a teoria da probabilidade. Pesquisou as propriedades dos números inteiros e levou esse estudo muito além do ponto em que o havia deixado o matemático grego Diofante. Fermat pode ser considerado, portanto, como o fundador da moderna teoria dos números. Nesse sentido fez sentir todo o peso de sua capacidade, porque, nas margens de um livro atribuído a Diofante, rabiscou uma nota na qual afirmava haver descoberto uma certa equação (xn + yn = zn, na qual n é superior a 2) que não possuía uma solução em números inteiros, mas dizia ele, não havia espaço suficiente na margem do livro para demonstrar sua hipótese. Fermat foi um dos maiores matemáticos de todas as épocas, embora somente se dedicasse a essa ciência nas horas vagas. Em vida, foi pouco conhecido: ele nunca publicou suas descobertas – entre as quais, algumas verdadeiramente revolucionárias. Enciclopédia Gênios da Humanidade – vol. 01. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1980. Olaus Roemer – astrônomo dinamarquês, (1644 – 1710) Roemer estudou astronomia com o médico Bartholin (1625-1698), do qual foi secretário na Universidade de Copenhague, mas destacarse-ia em Paris. Em 1671, o astrônomo francês Picard viajava pela Dinamarca a fim de visitar o velho observatório do astrônomo Tycho Brahe. Desejava determinar a exata longitude e latitude do edifício a fim de verificar e, se necessário, calcular novamente as observações de Tycho, de um século atrás. Durante sua estadia, utilizou os serviços do jovem Roemer e ficou tão Figura 7 – Olaus Roemer Fonte: Zelmanov impressionado com sua capacidade intelectual que o trouxe para Paris. Nessa cidade, Roemer tornou-se famoso por suas observações cuidadosas dos movimentos dos satélites de Júpiter. Seus tempos de revolução já haviam sido determinados com precisão pelo astrônomo franco-italiano Cassini, outra importação de Picard. Tornou-se assim possível prever teoricamente o momento exato dos eclipses provocados pelo planeta, vistos da Terra. Para a surpresa de Roemer, os eclipses antecipavam-se durante o período do ano no qual a Terra se aproximava de Júpiter e atrasavam-se durante o período de maior afastamento. Daí deduziu que a luz possuía uma velocidade finita (contra as posições de Aristóteles e Descartes que acreditavam ser a velocidade da luz infinita) e que o atraso observado entre os aparecimentos dos eclipses, era devido ao tempo levado pela luz ao cruzar a órbita terrestre. Todas as tentativas anteriores de determinar a velocidade da luz haviam falhado. Galileu tentou medi-la da seguinte maneira: colocou um assistente munido de lanterna no topo de uma colina e ele mesmo subiu ao topo de outra, também munido de lanterna e de uma luz que piscava. Mas o tempo decorrido entre o lampejo de uma lâmpada e o lampejo dado como resposta pela outra media unicamente a velocidade de reação do cérebro a um estímulo. Esse tempo não se modificava com o aumento da distância entre as colinas. Roemer possuía agora duas colinas separadas por aproximadamente 800 milhões de quilômetros (a Terra e Júpiter) e uma luz que piscava (os eclipses dos satélites), sem que houvesse o envolvimento do tempo de reação de um ser humano. Roemer calculou a velocidade da luz em 227 000 km/s, embora inferior à velocidade real (o valor aceito hoje é de aproximadamente 300 000 km/s), não era tão ruim assim, tendo sido uma primeira tentativa. Em 1676, Roemer descreveu seus cálculos durante uma reunião da Academia de Ciências de Paris. Embora seja considerada hoje como uma das constantes fundamentais do universo, a primeira divulgação da velocidade da luz não provocou grandes alterações. Picard apoiava seu jovem protegido que também recebia a aprovação do físico e astrônomo holandês Huygens, mas o conservador Cassini era-lhe violentamente oposto. Na Inglaterra, Roemer recebeu o apoio dos astrônomos ingleses Halley e Flamsteed e de Newton, porém, em seu conjunto, o assunto apagou-se da consciência astronômica até o astrônomo Bradley, meio século depois, provar ser a velocidade da luz constante e finita, de maneira nova e ainda mais espetacular. Contudo, o trabalho de Roemer foi geralmente bem aceito. Em 1679, visitou a Inglaterra e reuniu-se com Newton, Flamsteed e Halley. Em 1681, recebeu ordem para voltar a Copenhague onde o rei Cristiano V outorgou-lhe os títulos de astrônomo real e de professor da Universidade de Copenhague. Em 1705 foi eleito prefeito da mesma cidade. O registro das inúmeras observações que realizou perdeu-se durante o grande incêndio que destruiu a capital da Dinamarca em 1728. Enciclopédia Gênios da Humanidade – vol. 01. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1980. Albert Einstein – físico germânico-suíço-norte-americano, (1879-1955) Cabeça grande, cabelos desgrenhados, roupas amarfanhadas e um inabalável bom humor. Esta é a imagem difundida daquele que, com certeza, foi uma figura carismática e o maior gênio do nosso tempo. Imagine que a foto famosa, transformada em pôster popularizado no mundo inteiro, ajudou a fixar. Em seus primeiros anos de estudo, Albert Einstein demonstrou tamanha dificuldade que seus professores chegaram a questionar se não sofria de um retardo mental. Quando cursava a escola secundária, praticamente só demonstrava interesse pela Matemática. Seu baixo rendimento nas demais disciplinas o obrigou a sair da escola. Seus pais o levaram à Suíça para estudar. Ali, ao Figura 8 – Albert Einstein Fonte: Kollidas / Shutterstock.com concluir o curso, tentou se tornar professor; tudo o que conseguiu, porém, foi tornar-se funcionário do Escritório de Patentes da cidade de Berna, em 1901. Nesse ano ele também se naturalizara cidadão suíço. Quatro anos mais tarde (1905), publica nada menos que cinco trabalhos científicos no Anuário Alemão de Física. Um deles oferecia uma explicação para o efeito fotoelétrico. Nesse fenômeno, a luz, ao incidir sobre certos metais, provoca emissão de elétrons. Suas explicações abririam caminho para o desenvolvimento da Física Quântica.(...) Em seus outros trabalhos de 1905, Einstein oferecia uma explicação matemática para o movimento browniano que possibilitava os primeiros cálculos confiáveis sobre o tamanho dos átomos; abordou a velocidade da luz que se revelara, em experimentos, surpreendentemente constante, independendo do movimento da fonte luminosa. (...) Essas novas concepções mudaram rapidamente a visão de universo que se tinha desde Newton. Um dos aspectos mais notáveis dessa mudança é que afetava as próprias idéias de espaço e de tempo, que deixaram de ser considerados entidades absolutas.(...) Apesar desses trabalhos revolucionários, Einstein, já então doutorado, só obteria um cargo de professor universitário quatro anos depois. Em 1913, retornou à Alemanha para trabalhar na sociedade científica Kaiser Guilherme, em Berlim. (...) Em 1921 recebe o Prêmio Nobel de Física pelo trabalho sobre o efeito fotoelétrico. Em 1930, Einstein visitou os Estados Unidos para proferir palestras, mas preferiu ali permanecer, já que o nazismo iniciava sua ascensão na Alemanha. Em 1940, naturalizou-se norte-americano. Durante a Segunda Guerra Mundial, diante da possibilidade de que a Alemanha construísse uma bomba atômica, foi convencido a escrever uma carta ao presidente Franklin Roosevelt explicando ser necessário criar um programa de pesquisas para adiantar-se àquela ameaça. Seis anos depois disso, em 1945, a primeira bomba atômica era detonada em teste num deserto dos Estados Unidos. Com a derrota da Alemanha na guerra, a nova arma não chegou a ser utilizada na Europa, mas foi no Japão, que ainda permanecia no conflito. Posteriormente Einstein passou a trabalhar para o estabelecimento de acordos internacionais que afastassem a possibilidade de guerras atômicas, mas seus esforços tiveram poucos resultados. As bombas nucleares continuaram a atormentar a humanidade no período do pós-guerra e vários países dispõem hoje de tecnologia para a construção de bombas atômicas (dentre eles, Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra, França, China e Índia). O acúmulo de artefatos bélicos nucleares continuou a crescer, e somente na década de 1980 se iniciaria um desmonte de parte desse arsenal. Já no fim de sua vida, Einstein passou a lutar para que o mundo chegasse a um acordo e afastasse o fantasma de uma guerra nuclear. (...) Contudo sua habilidade em revolucionar a Física foi maior que sua habilidade em modificar a mente do homem, de modo que ao morrer, esse perigo estava maior do que nunca. Enciclopédia Gênios da Humanidade – vol. 01. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1980. Thomas Young – físico e médico inglês (1773 – 1829) Young era uma criança prodígio que já lia aos dois anos de idade e interpretava a Bíblia com quatro. Durante a mocidade estudou uma dúzia de idiomas, incluindo o grego, o latim, o hebraico, o árabe, o persa, o turco e a língua etíope. Também tocava grande variedade de instrumentos musicais, inclusive a gaita de foles. Em Cambridge era chamado de Young fenômeno e ali tornou-se financeiramente independente quando um de seus tios, muito rico, morreu. Young decidiu estudar medicina e foi aluno do já envelhecido Figura 9 – Thomas Young Fonte: Wikimedia Commons químico escocês Black, na Universidade de Edimburgo. Viajou para a Alemanha onde se graduou pela Universidade de Göttingen em 1796. Entre os anos de 1801 e 1803, proferiu várias conferências no Instituto Real, recém-fundado pelo físico anglo-americano Rumford. Em 1802, recebeu o cargo de secretário para assuntos estrangeiros da Royal Society. Não teve muito sucesso como médico porque seu comportamento à cabeceira do paciente era um pouco rude. Interessava-se pelos órgãos dos sentidos. Foi o primeiro a descobrir (ainda acadêmico) que o cristalino do olho muda de forma (fenômeno da acomodação) quando focaliza objetos situados em diversas distâncias. Em 1801, descreveu a causa do astigmatismo: a visão turva era devida à irregularidade da curvatura da córnea. Do olho à luz havia uma pequena distância. A controvérsia sobre a natureza da luz estava aberta havia mais de um século: digladiavam-se adeptos da teoria corpuscular com os da teoria ondulatória, levando os primeiros forte vantagem. A evidência mais importante em favor da hipótese corpuscular era o fato de a luz provocar sombras nítidas e de não contornar os obstáculos, como o fazia o som. Alguns haviam sugerido que o grau de curvatura diminuía com a diminuição do comprimento de onda e que a luz podia ser composta de ondas tão diminutas que seu poder de encurvar-se em torno de um obstáculo tornava-se insignificante. O físico italiano Grimaldi já havia descoberto essa curvatura insignificante, um século e meio antes, porém sua observação passou despercebida. Coube a Young demonstrar a natureza ondulatória da luz, de maneira muito mais espetacular. Young realizou sua descoberta em 1803. Fez passar a luz através de uma abertura diminuta e demonstrou que apareciam várias faixas luminosas no lugar onde nada deveria aparecer, a não ser uma sombra fortemente desenhada. As faixas de luz apareciam por difração (já observada por Grimaldi) e não podiam ser explicadas pela teoria corpuscular. Mas Young possuía uma prova ainda mais contundente. (...) Podiam duas ondas luminosas adicionar-se para produzir a escuridão. Se fossem compostas de partículas, não podiam; se sua natureza fosse ondulatória, podiam. Young fez passar feixes de luz através de dois pequenos orifícios. Ao sair, encontraramse. A região do encontro não era formada por uma simples área de luz intensificada, mas apresentava faixas alternadas de luz e escuridão, situação (denominada interferência) idêntica à observada em relação ao som. Inicialmente os trabalhos de Young defrontaram-se, na Inglaterra, com uma considerável hostilidade devida, em particular, à inimizade pessoal de Henry Brougham. Além disso, a matemática de Young era complexa e sua demonstração confusa. Por outro lado, a teoria corpuscular era muito inglesa por ter sido introduzida por Newton. Sua rejeição envolvia dificuldades psicológicas e a maioria dos físicos ingleses a apoiava vigorosamente. Os físicos franceses Fresnel e Arago iriam encarregar-se de complementar a obra de Young e de derrubar a teoria corpuscular (se não para sempre, pelo menos por cerca de um século). (...) Suas investigações sobre a natureza da luz o levaram a pesquisar a mecânica da percepção da luz colorida. Foi o primeiro a sugerir não ser necessário ver cada cor separadamente por meio de algum mecanismo fisiológico. Bastava ver três cores: o vermelho, o verde e o azul. A combinação dessas três cores permite observar toda a variedade e todas as graduações da escala cromática. Essa teoria seria aperfeiçoada pelo fisiologista e físico alemão Helmholtz, meio século depois. (...) A fotografia e a televisão em cores, do século XX, valem-se dessa teoria. (...) em 1817, Young escreveu para Arago, que a luz deveria ser composta de ondas transversais. Estava com toda a razão. Young estava interessado em outras energias além da energia luminosa. Em 1807 usou pela primeira vez, a palavra energia em seu sentido moderno. (...) Os trabalhos de Young também permitiram melhor compreensão da tensão superficial dos líquidos e da natureza da elasticidade das substâncias. (...) Com tanta atividade ainda contribuiu para a elaboração da Enciclopédia Britânica ao redigir vários artigos. Foi além dos problemas físicos e biológicos e tentou decifrar o mistério dos hieróglifos dos antigos egípcios. Foi o primeiro a desvendar parte do mistério e, em 1818, escreveu um artigo de peso sobre o Egito que eclipsou todos os esforços de seus contemporâneos, os quais eram somente historiadores. Enciclopédia Gênios da Humanidade – vol. 01. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1980. Armand Hippolyte Louis Fizeau – físico francês (1819 – 1896) Fizeau foi um desses afortunados que, oriundos de família abastada, puderam levar a vida cheia de prazeres e não menos feliz é o mundo quando um deles pertence à estirpe dos que somente descobrem o prazer na pesquisa científica. Fizeau começou por ler tudo o que até então havia sido escrito sobre a luz, tornando-se o primeiro a medir sua velocidade através de um método terrestre. Até meados do século XIX, a velocidade da luz fora medida por Roemer e Bradley, sendo que ambos utilizaram Figura 10 – Louis Fizeau Fonte: Wikipedia métodos astronômicos. Fizeau, entretanto, requintou o método – já tentado sem êxito por Galileu – de fazer pulsar a luz atrás e adiante de duas colinas. Em 1849, Fizeau montou um disco dentado que girava rapidamente sobre o topo de uma das colinas e um espelho sobre o de outra, situada a 8 km de distância. A luz passava através de uma fenda entre o dente do disco e caminhava rumo ao espelho, que a refletia. Se o disco girasse com suficiente rapidez, a luz passava através da fenda seguinte. Pela velocidade de revolução com que a luz era inicialmente refletida poderse-ia calcular o tempo exigido para que ela percorresse16 km. A experiência alcançou pleno sucesso, e a velocidade da luz foi então determinada, obtendo-se um valor cinco por cento menor que aquele aceito hoje. Enciclopédia Gênios da Humanidade – vol. 01. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1980. INDICAÇÕES A revista eletrônica PRE-UNIVESP fez um número especial sobre a luz. Acesso o link http://pre.univesp.br/edicoes/ano-internacional-da-luz e leia os artigos disponibilizados. REFERÊNCIAS ALVARENGA, B. Curso de Física. São Paulo: Scipione, 2010. v. 2. BELISÁRIO, R. A natureza da luz. Disponível em: <http://pre.univesp.br/a-natureza-daluz#.V4Pu9cu5fcc>. Acesso em: 11 jul. 2016. 16h28min. GASPAR, A. Física. São Paulo: Ática, 2000. v. 2. HEWITT, P. Física conceitual. Porto Alegre: Bookman, 2012. MARZOLINO/SHUTERSTOCK.COM. Pierre de Fermat. Disponível em: <http://www.shutterstock.com/pic-86437507/stock-photo-pierre-de-fermat-oldengraved-portrait-french-lawyer-and-mathematician-by-unidentified-author.html>. Acesso em: 12 jul. 2016. 15h25min. KOLLIDAS / SHUTTERSTOCK.COM. Albert Einstein. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Einstein>. Acesso em: 12 jul. 2016. 15h30min. NICKU /SHUTTERSTOCK.COM. Christian Huygens. Disponível em: <http://www.shutterstock.com/pic-88369684/stock-photo-christiaan-huygens-picturefrom-meyers-lexicon-books-written-in-german-language-collection-of.html>. Acesso em: 12 jul. 2016. 15h05min. NICKU /SHUTTERSTOCK.COM. Isaac Newton. Disponível em: <http://www.shutterstock.com/pic-88123762/stock-photo-isaac-newton-picture-frommeyers-lexicon-books-written-in-german-language-collection-of.html>. Acesso em: 12 jul. 2016. 15h15min. PIETROCOLA, M. Física em contextos: pessoal, social e histórico. São Paulo: FTD, 2011. WIKIMEDIA COMMONS. Thomas Young. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:PSM_V05_D270_Thomas_Young.jpg>. Acesso em: 12 jul. 2016. 15h35min. WIKIMEDIA COMMONS. Louis Fizeau. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Hippolyte_Fizeau>. Acesso em: 12 jul. 2016. 15h40min. ZELMANOV. Olaus Roemer. Disponível em: <http://zelmanov.ptep- online.com/papers/zj-2008-b1.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2016. 15h45min. GABARITO 1. Alternativa A 2. Alternativa C 3. Alternativa B 4. Alternativa E 5. Alternativa B