LUZ: ONDA OU PARTÍCULA? Newton, por volta de 1700, postulava que a luz poderia ser concebida como um feixe de partículas que, partindo de uma fonte luminosa, atingiria o globo ocular, permitindo a visualização dos objetos. Esse modelo conseguia explicar de forma satisfatória os fenômenos da reflexão e da refração da luz. Newton aplicava a teoria da atração gravitacional para essas partículas que compunham a luz. Entretanto, nesse modelo, segundo cálculos executados por Newton, a luz teria velocidade maior na água que no ar. Sabemos hoje que isso não é verdade. Porém, na época de Newton, a velocidade da luz não era conhecida. Seu valor só foi determinado por volta de 1850. Entretanto, outros cientistas contemporâneos a Newton, como Huyghens e Hooke, acreditavam na natureza ondulatória da luz. Thomas Young, em 1801, conseguiu mostrar, por meio de experimentos, o fenômeno da interferência luminosa. Como se sabia naquela época, a interferência é um fenômeno característico das ondas. Young conseguiu mostrar que, sob determinadas condições, os feixes de luz, quando se cruzam, provocam o surgimento de regiões de maior luminosidade (dizemos que são locais de interferência construtiva) e regiões mais escuras (interferência do tipo destrutiva). Assim, foi demonstrada, de forma inequívoca, a natureza ondulatória da luz. Alguns experimentos realizados por Fresnel (por volta de 1800) e por Foucault (em 1850), acrescidos da teoria matemática para fenômenos elétricos e magnéticos, criada por Maxwell, em 1860, e confirmada experimentalmente por Hertz, serviram para “sepultar” a teoria corpuscular de Newton aplicada à luz. Apesar de correta, a teoria ondulatória não conseguia explicar todos os fenômenos que ocorrem com a luz. Por exemplo, a experiência realizada por Hertz revelou um fenômeno conhecido como efeito fotoelétrico, que consiste na retirada de elétrons de uma superfície metálica quando se faz um feixe de luz incidir sobre ela. Medidas precisas revelaram que a energia desses elétrons não dependia da intensidade da luz incidente. A teoria ondulatória não explicava esse fenômeno. Coube a Einstein, em 1905, explicar que a energia presente na onda luminosa era quantificada, isto é, como se a luz fosse constituída por pequenos pacotes de energia. Cada pacote desses foi denominado fóton de luz. Assim foi “ressuscitada” a teoria corpuscular da luz. A energia contida em cada fóton é proporcional à freqüência da onda luminosa. A energia de um fóton é dada pela expressão: E = h.f Em que f é a freqüência da onda e h é denominada constante de Planck, cujo valor é 6,63. 10-34 J.s. Atualmente, se aceita o comportamento dual da luz. Por exemplo, a interação entre a luz e a matéria, como no caso do efeito fotoelétrico, sugere o comportamento corpuscular (fótons) da luz. Por outro lado, nos fenômenos de interferência e difração, a luz exibe um comportamento ondulatório. Então, qual modelo deve ser aceito? A luz é onda ou partícula? Não há resposta única a essa questão. Não podemos descrever a luz mediante um único modelo. A teoria dos fótons e a teoria ondulatória da luz completam-se mutuamente. No início do século XX, Schrödinger, Heisenberg, Dirac e outros formularam uma moderna teoria de mecânica, denominada mecânica quântica, que aborda tanto o modelo ondulatório quanto o modelo corpuscular para as radiações eletromagnéticas e para as partículas fundamentais (elétrons e outras).