Outubro de 2016 www.ancd.org.br DESTAQUE DO MÊS MAIS DE 11 MILHÕES CERTIFICADO DIGITAL, TECNOLOGIA QUE NÃO PARA DE CRESCER Em 15 anos, já foram emitidos mais de 11 milhões de Certificados Digitais em todo o Brasil, e a cada ano este número aumenta. A expectativa da ANCD é que a quantidade de Certificações emitidas em todo o País cresça em torno de 10%, mesmo diante da crise econômica. Esta ampliação é um sinal de que está havendo cada vez mais a conscientização de que a tecnologia torna as operações mais seguras, traz desburocratização e permite redução de custos. LEIA MAIS Notícias Implementação da biometria é acompanhada pelo ITI Certforum chega ao Rio Grande do Sul O ITI está acompanhando todas as Autoridades Certificadoras no processo de implementação da coleta de dados biométricos para renovar ou emitir um novo Certificado Digital. Recentemente, o diretor-presidente do Instituto, Renato Martini, compareceu às ACs Certisign e Soluti. LEIA MAIS Porto Alegre recebe, neste mês, o 14º Certforum, que contará com mesas de discussões com profissionais e empresas do mercado, além de apresentação de cases. Todas as discussões estão sendo acompanhadas pela ANCD e as movimentações em torno do 14º Certforum estarão nas páginas da entidade no Facebook. LEIA MAIS CD evita roubo de senhas e torna operações virtuais garantidas Empresa pode exigir Certificado Digital de funcionário em rescisão Todos os dias lemos notícias de que senhas foram furtadas, que sistemas foram violados. Em todos os casos o prejuízo é certo. O alerta é feito por Antonio Sérgio Cangiano, diretor-executivo da Associação Nacional de Certificação Digital (ANCD), que recomenda a empresas e seus usuários sistemas de acessos com o certificado digital. Para Cangiano, a Certificação digital, combinada com biometria, tecnologia que não trafega nem armazena senhas em sites, é a ferramenta que mitiga esse tipo de risco radicalmente. LEIA MAIS As empresas que fornecem Certificado Digital para seus profissionais executarem suas funcionalidades dentro da organização podem exigir que o mesmo seja retido no momento do desligamento. Esta foi uma decisão tomada pela 2ª Vara do Trabalho de Montes Claros (MG). De acordo com o Juiz, o Certificado Digital era, neste caso, um instrumento de trabalho. LEIA MAIS Entrevista do Mês • André Garcia Recentemente, o procurador chefe do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI-Brasil, André Garcia, lançou o livro “Curso de Direito da Certificação Digital”, que se encontra disponível para download gratuito na página principal do ITI (www.iti.gov.br). Demos o lançamento do livro aqui na nossa Newsletter, mas queríamos nos aprofundar mais sobre o tema, afinal de contas se trata de um dos maiores especialistas do País em certificação digital. A seguir, a íntegra entrevista, com o procurador André Garcia: ANCDNews - O senhor poderia, por favor, nos falar um pouco sobre o seu livro, que trata um tema tão específico quanto a Certificação Digital e que ainda é muito novo para a maioria das pessoas? André Garcia - A ideia do livro foi justamente essa. A certificação digital é uma área extremamente nova, principalmente os problemas jurídicos a ela relacionados, e inexistia, ainda, em nível nacional, algum trabalho que se predispusesse a analisar o tema de forma abrangente. Logo, eu, como procurador chefe da Autarquia Federal que cuida do assunto em todo o País, aceitei o desafio e procurei dar o meu melhor ao escrever o livro, abordando justamente os assuntos que geram dúvidas em nossa infraestrutura, tanto para seus operadores, quanto no meio acadêmico. Daí a ideia de conjugar uma parte teórica (3 capítulos de doutrina) com a prática (mais de cem perguntas e respostas objetivas). Como foi a receptividade do livro nos meios da Certificação Digital e acadêmico? André Garcia - Honestamente, fiquei bastante satisfeito com a difusão das ideias lançadas no livro. Os convites para palestras mais que dobraram. Doravante os questionamentos não se referem apenas a dúvidas relacionadas ao ato de emissão dos certificados, mas sim estudantes, professores e mesmo colegas advogados solicitam esclarecimentos acerca de partes específicas do livro. E isso, sem dúvida alguma, reflete a existência de uma boa aceitação pelo trabalho realizado. Mas claro que por ainda ser uma publicação recente espero que haja cada vez mais diálogos acerca do tema. Hoje, o senhor acredita que a Certificação Digital está mais difundida tanto para as pessoas jurídicas quanto as pessoas físicas e que exista uma legislação muito bem estruturada para regular o setor? André Garcia - A certificação digital brasileira, hoje, está mais presente do que nunca na vida da empresa e do cidadão brasileiro. A abertura de uma conta bancária, o acesso aos dados fiscais, o peticionamento em processos eletrônicos, áreas aparentemente díspares mas que possuem um denominador comum: a certificação digital ICP-Brasil. Afinal, nas manifestações eletrônicas, apenas nossos certificados garantem validade jurídica ex lege, justamente por conta da MP 2.200-2/01. Uma norma extremamente bem elaborada, com vigência sine die (art. 2º da Emenda Constitucional 32/01) e validade perante toda a nossa federação, que procurou privilegiar a concisão (são apenas 20 artigos) ao fixar apenas as linhas mestras a serem seguidas na ICP-Brasil, ao passo que conferiu ao órgão máximo do sistema, o Comitê Gestor, a incumbência de sempre atualizar nossos requisitos técnicos e procedimentais, com vistas a garantir a segurança jurídica e tecnológica da infraestrutura. Uma decisão inteligente que, sem dúvida alguma, permite estarmos sempre em consonância com o estado da arte na matéria. Por isso, gostaria de publicamente parabenizar os idealizadores da Medida Provisória, os Drs. José Levi Mello do Amaral Júnior, Roger Stiefelmann e José Bonifácio de Andrada. Um dos grandes benefícios do uso da Certificação Digital é a possibilidade de se armazenar documentos no mundo virtual, com total validade jurídica. Como o senhor vê este benefício e como imagina os avanços da Certificação Digital no futuro? André Garcia - Hoje vivemos em uma sociedade da informação. Essa simples assertiva carrega um mundo de novos significados e novas possibilidades, franqueadas pela eletronização das manifestações. Ao não ter, por exemplo, que ir ao Tribunal buscar um processo físico, passar cinco dias com ele para, ao final, devolvê-lo, o PJe permite que esse mesmo processo esteja 24h por dia, 7 dias por semana, disponível não apenas a um dos litigantes (autor/réu), mas sim a ambos, além do magistrado e eventualmente o Ministério Público (quando couber intervir no processo como fiscal da lei). Ora, ao acabarmos com o “tempo morto” processual, pois agora não mais estará no fundo de uma gaveta, todos ganhamos com isso: a sociedade, uma forma mais rápida de resolução de litígios; as partes processuais, a definição célere de sua demanda, fonte, por si só, de angústias; o Poder Judiciário, um instrumento tecnologicamente seguro que garante a facilidade ao relevante desempenho de suas funções institucionais. Outra vantagem bem significativa é que a assinatura digital tem a mesma validade de uma assinatura de próprio punho. O senhor acredita as pessoas e empresas que possuem a Certificação Digital já utilizam esta fac lidade com total plenitude e que novos usos do ponto de vista jurídico podem surgir? André Garcia - Como toda nova ferramenta, ainda existem muitos passos a serem dados. Geralmente as empresas e pessoas físicas adquirem os certificados digitais por imposição legal, com o intuito de prestarem informações tributárias. Daí que muitas vezes não compreendem o porquê de seus representantes terem que se dirigir presencialmente perante uma Autoridade de Registro; o porquê de terem que pagar pelo certificado etc.. E a resposta para isso é simples: porque apenas com a certificação digital se alcança segurança jurídica. E para que se alcance a segurança (algo que o simples login e senha não possui, por exemplo), essas etapas devem ser rigorosamente observadas. Uma vez adquirido, um mesmo certificado, enquanto válido, pode ser utilizado para prestar as informações à RFB; acessar a conta bancária; assinar um contrato eletrônico e emitir uma duplicata eletrônica mercantil, p. ex. Ora, diluir o pagamento que se faz para adquirir o certificado, ao longo do tempo de sua validade (geralmente 3 anos), com a sua utilização quantas vezes o titular desejar (ou seja, pode-se assinar os documentos ilimitadamente) demonstra que, de maneira absoluta, é um instrumento bastante barato frente às facilidades que faculta. Basta, apenas, que as empresas enxerguem esse novo mundo e se adaptem aos processos tecnológicos, sob pena de ficarem obsoletas. Hoje, qualquer tipo de arquivo criado em um computador pode ser assinado com o Certificado Digital. Este parece ser o caminho da nova economia na sua opinião, uma economia que evolui segundo os avanços tecnológicos? André Garcia - Hoje as pessoas mais ricas do mundo, em grande parte, são oriundas da informatização dos sistemas: o mais famoso e pioneiro, Bill Gates, desde há muito percebeu que o mundo eletrônico é a nova maneira de os seres humanos conviverem (com + viverem, i.e., viverem com alguém). Isso para não falar de Page/Brin (Google), Zuckerberg (Face), etc.. Alguns, inclusive, defendem o surgimento de um novo setor na economia, o quaternário, com trabalhadores altamente especializados na área de tecnologia da informação. Então, acredito sinceramente que nesse novo arquétipo de sociedade em que vivemos a tecnologia deixou de ser um simples meio para o atingimento de um fim maior e, em grande parte (oxalá não em todas), passou a ser esse próprio fim. Desse modo, saiu de uma função instrumental e passou a ser, sem dúvida alguma, uma indutora da economia na qual vivemos. Qual a sua expectativa para o mercado de Certificação Digital para os próximos anos em termos de crescimento e utilização na esfera do Judiciário? André Garcia - Na contramão da economia nacional, que há alguns anos vem sofrendo seguidas quedas, o mercado da certificação digital apresenta vigoroso crescimento, contínuo. A constatação é evidente: se o Brasil é um país de mais de 200 milhões de habitantes, temos a possibilidade de emitir muito mais de duzentos milhões de certificados (haja vista as empresas possuírem certificados digitais específicos). Se a sociedade em que vivemos é eletrônica, e a certificação digital ICP-Brasil é a única ferramenta capaz de assegurar a validade jurídica das manifestações, a tendência é que cada vez mais esteja a sua utilização disseminada, tanto por mérito do sistema (pois tecnologicamente é o mais robusto, em nível mundial) quanto por necessidade (o Estado precisa assegurar a autenticidade e integridade das manifestações de seus integrantes). Caso queira colocar algo mais, fique à vontade. Gostaria de agradecer à ANCD, na pessoa de seu Presidente, Dr. Júlio Consentino, bem como de seu Diretor, Dr. Antônio Sérgio Cangiano, pela oportunidade de falar um pouco sobre a infraestrutura que diuturnamente trabalhamos para que se seja cada vez mais segura e confiável. Por fim, para quem interessar, as ideias aqui trazidas encontram-se lançadas, em grande parte, no livro “Curso de Direito da Certificação Digital” que se encontra disponível para download gratuito na página principal do ITI (www.iti.gov.br). Meu muito obrigado. ARTIGO DO MÊS A Certificação Digital e o momento do País Por conta da crise política e econômica, o País vive um dos momentos mais delicados de sua história. A economia em recessão, desemprego e uma boa dose de apatia parece ter levado todos os setores a desempenhos negativos neste ano. No nosso segmento, da Certificação Digital, mesmo com a entrada de novas categorias empresariais, acabamos refletindo um pouco desse cenário e estamos atravessando um ano bastante difícil, porém com crescimento, o que decorre das vantagens econômicas e as características de sustentabilidade que a certificação digital oferece à sociedade. As nossas expectativas iniciais de crescimento deram lugar a uma taxa positiva pequena, mas ainda assim podemos de certa forma nos contentar em não apresentar índices negativos, como outros segmentos. Graças aos esforços e pesados investimentos de nossos associados, fecharemos 2016 de forma modesta, mas agraciados pela performance que estamos registrando comparativamente. O melhor de tudo é manter o otimismo e seguir aprimorando nossa atividade, à espera de ciclos melhores. É preciso acreditar e apostar no futuro, estabelecer, como temos trabalhado, um plano de marketing forte e consistente, sem exageros, mas ousado, que permita aos nossos associados caminharem de forma a conquistar novos clientes e espaços. Queremos criar as condições básicas para que haja uma infraestrutura de imagem positiva, laica e de uso vantajoso e sustentável, que elimine recursos físicos e economize tempo, recurso insubstituível. Imagem que permita ao segmento expandir suas atividades com aceitação crescente e uso universal. Temos plenas condições para isso, para crescer no mercado, e a ANCD ampliar o quadro associativo, experimentar novamente fases de crescimento na casa dos dois dígitos. Recentemente, a diretoria da ANCD teve seu mandato renovado. Isso nos dá energia e vontade de trabalhar ainda mais pelo engrandecimento do setor e da nossa atividade. O certificado digital vai proporcionar a todos interagir na internet com personificação segura e tornar os trâmites de documentos com custos inexpressivos e com a velocidade da rede mundial, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e dos negócios. Por isso temos a certeza de que estaremos contribuindo para o crescimento econômico sustentável do Brasil. Antonio Cangiano, Diretor-executivo da ANCD