UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL VIVIANE MARIA BARAZETTI RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE PLANTAS JOVENS VARIANTES DE PAUBRASIL A DIFERENTES NÍVEIS DE IRRADIÂNCIA ILHÉUS - BAHIA 2013 ii 2 VIVIANE MARIA BARAZETTI RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE PLANTAS JOVENS VARIANTES DE PAUBRASIL A DIFERENTES NÍVEIS DE IRRADIÂNCIA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, da Universidade Estadual de Santa Cruz UESC, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal. Área de Concentração: Cultivos em Ambiente Tropical Úmido. Orientador: Prof. Dr. Alex-Alan Furtado de Almeida. Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Schramm Mielke ILHÉUS - BAHIA 2013 iii3 VIVIANE MARIA BARAZETTI RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE PLANTAS JOVENS VARIANTES DE PAUBRASIL A DIFERENTES NÍVEIS DE IRRADIÂNCIA Ilhéus, BA, 19/04/2013 ________________________________________________________ Alex-Alan Furtado de Almeida – DSc UESC/DCB (Orientador) ________________________________________________________ Marcelo Schramm Mielke – DSc UESC/DCB ________________________________________________________ Fábio Pinto Gomes – DSc UESC/DCB ________________________________________________________ Rogério Ferreira Ribas – DSc UFRB iv4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha filha Stephany Arícia, pelo amor incondicional. Desejo que você... Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la. Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes. Só é digno do pódio quem usa as derrotas para alcançá-lo. Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas para irrigá-la. Os frágeis usam a força; os fortes, a inteligência. Seja um sonhador, mas una seus sonhos com disciplina, Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas. Seja um debatedor de ideias. Lute pelo que você ama. (Augusto Cury) v5 AGRADECIMENTOS Inicio meus agradecimentos com a frase célebre de Roger Von Oech, que em seus momentos de criação escreveu que “... descobrir consiste em olhar para o que todo mundo está vendo e pensar uma coisa diferente”. Assim, descobri também que descobrir é agradecer à dádiva do Grande Arquiteto do Universo pela possibilidade de estar presente na vida daqueles que compartilharam de seu conhecimento, seu convívio, seus afazeres e suas amizades, no desenvolvimento desta pequena obra, oportuna para a transmissão de conhecimentos e levar a verdade científica à tona dos dados da academia. A família é fonte de prosperidade. Assim, agradeço aos meus pais, Ivanete e Aldo Barazetti, uma vez que a melhor herança que puderam deixar foi a firmeza em aspirar triunfos e a capacidade de assimilar derrotas. Pessoas simples que dedicaram parte do seu valioso tempo em me preparar para o futuro. Aos meus irmãos Geferson e Erivaldo, pela paciência e incentivo, mesmo à distância. Nunca estamos sós, é verdade! Mesmo longe de meus pais, jamais estive só. Agradeço ao meu marido, Ivan Montenegro, por tudo, pelos momentos em que chorei, pelos momentos em que me desesperei, pelos momentos mais maravilhosos da minha vida, pelo socorro nos momentos angustiantes, pelos carinhos e beijos que me fizeram sorrir e despertar e pelos momentos de alegria que fez questão de dividir comigo e, finalmente, pelos momentos que com muita esperança pensou junto comigo no nosso futuro. O amor de mãe é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Não obedece lei ou piedade, ele ousa todas as coisas imagináveis e inimagináveis. Assim, agradeço a uma “pessoinha” muito especial, minha filha Stephany Arícia que com sua graça, simpatia e “carinha mais linda do mundo” me deu forças para continuar nessa árdua batalha. Agradeço ao meu orientador, Alex-Alan Furtado de Almeida, com uma singela frase de um autor completamente desconhecido que diz que “... ser professor é acreditar que um outro mundo é possível... é aquele que caminha com o tempo, propondo paz e despertando sabedoria, estendendo a mão, iniciando o diálogo”. Meu orientador foi aquele que não ensinou fórmulas, regras ou raciocínios, mas sim aquele que me despertou para a realidade, compreendendo, estimulando, me enriquecendo com seu saber e sua presença. Ensinou-me que sempre serei um discípulo na escola da vida. Aos professores Raúl R. Valle, Marcelo S. Mielke e Fábio P. Gomes, meus agradecimentos. Faço minhas as palavras de Carlos Drumond de Andrade que diz que “... professor não disserta sobre o ponto difícil do programa. Um aluno dorme, cansado das vi6 canseiras dessa vida. O professor vai sacudi-lo? Vai repreendê-lo? Não. O professor baixa a voz com medo de acordá-lo”. Foi assim que aprendi a admirar os valores destes amigos professores. Suas contribuições foram essenciais para o desenvolvimento desse trabalho. Universidade diferente, curso novo, colegas novos. Era tudo muito novo, interessante, pessoas diferentes, salas diferentes, cursos diferentes, e a estranha sensação de muitos desafios que haveria pelo caminho. Os mestres aplicavam suas matérias e nós tentávamos nos adaptar ao estilo de ensino acadêmico. Muitas dúvidas começaram a surgir, dúvidas essas que fortaleceriam ainda mais a nossa curiosidade sobre os assuntos. Então começaram os trabalhos, as pesquisas, as leituras, e foi aí que se formaram os grupos e os laços de amizades, na faculdade ou fora dela. Assim, fortalecidos pelos laços da amizade, quero agradecer a todos os colegas que partilharam seu tempo em todas as etapas do mestrado, lembrando sempre de Martielly, Leandro, Flávia, Priscila, Alayana, Cristiane, Eliane, Téssio, Romária, Joelson e Felipe. Esse álbum de amigos será levado para todo o sempre. Laboratórios, centros de pesquisa, instrutores e analistas. Um mundo novo a ser descoberto com pessoas que fazem parte do dia-a-dia de nosso aperfeiçoamento. Agradeço, assim, aos amigos Heriberto, Rubens, Cleide, Dan Lobão, Robélio, Paulo Marrocos, Gerson, Adelino e Marcelo, funcionários da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira e Universidade Estadual de Santa Cruz, pelo esforço e ajuda no desenvolvimento das coletas e análises dos experimentos. Assim, agradeço com uma frase de Roberto Shinyashiki dizendo a vocês que “... tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado”. Agradeço à FAPESB, pela concessão da bolsa de mestrado, a CEPLAC, pelo espaço e pela oportunidade da realização das análises do meu experimento e a UESC, pela oportunidade de ingresso no curso de Pós-Graduação em Produção Vegetal. Agradeço, também, àqueles que indiretamente contribuíram para a finalização de meus objetivos. Para estes, e para todos aqueles que acreditaram em mim, encerro os agradecimentos citando e focando a notória frase de Albert Einstein, onde “Nenhuma mente que se abre para uma nova ideia voltará a ter o tamanho original”. vii 7 RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE PLANTAS JOVENS VARIANTES DE PAUBRASIL AO SOMBREAMENTO RESUMO Caesalpinia echinata Lam. é uma espécie arbórea nativa da Mata Atlântica em risco de extinção. As informações oriundas de estudos com a espécie são contraditórias, dificultando o seu manejo e a sua conservação. Objetivou-se, no presente trabalho, avaliar os efeitos do sombreamento no crescimento, na assimilação do carbono e na composição química de plantas jovens variantes de pau-brasil (folha pequena - SV; folha média - MV e folha grande LV), por meio da análise de crescimento, medições de trocas gasosas foliares, pigmentos fotossintéticos e carboidratos. Os variantes foram cultivados a pleno sol, no interior de viveiro e no interior de casas de sombra com telas sombreadoras, que proporcionaram condições ambientais com percentuais de irradiância de 100, 60, 35, 25 e 15% durante 244 dias. Observou-se, durante este período, no ambiente de 100% de irradiância, que o variante SV apresentou maior número de folhas, maiores biomassas secas de raiz, caule e total, maior razão de massa de raiz, maior taxa de assimilação líquida (TAL) e maior taxa fotossintética bruta máxima em irradiância de saturação (Amax, 8,92 µmol m-2 s-1). Nesta mesma irradiância, o variante MV apresentou maior diâmetro do caule, maior razão de massa de caule (RMC), maior teor de amido (AM) na raiz e de açúcares solúveis totais (AST) na folha e maior massa foliar específica; ao passo que o variante LV apresentou maior taxa de crescimento relativo (TCR), maior TCR em altura e em diâmetro do caule, maior razão entre o teor de carotenóides (Car) e o teor de clorofila total (Chl T) (Car/Chl T), maiores taxas de fotossíntese líquida (A) e transpiratória (E), maior condutância estomática (gs) e maior razão entre a concentração intercelular e ambiente de CO2. Entretanto, em condições de 60% de irradiância, o variante LV apresentou maior teor de AM na folha e maior área foliar; ao passo que o variante MV apresentou maior valor de rendimento quântico aparente (α, 0,073 µmol CO2 µmol fótons-1) e maior teor de Car. No ambiente de 35% de irradiância, o variante LV apresentou maior teor de AST na raiz e maiores eficiências instantânea e intrínseca no uso da água; enquanto que o variante SV apresentou maior altura e maior biomassa seca foliar. Em 25% de irradiância, o variante SV apresentou maior razão de área foliar; maior teor de AM no caule e maior teor de clorofila b (Chl b); ao passo que o variante LV mostrou maior razão de massa de folha e maior razão entre os teores de clorofila a (Chl a) e Chl b (Chl a/b); e o variante MV apresentou maiores teores de Chl a e Chl T. Entretanto, em 15% de irradiância, o variante SV apresentou maior teor de AST no caule, enquanto que o variante MV apresentou maior valor de α e menor taxa respiratória na ausência de luz (Rd, 0,16 µmol m-2 s-1). Em suma, os variantes morfológicos de pau-brasil ajustaram seu maquinário fotossintético, no sentido de maximizar os ganhos de energia, por meio de plasticidade fisiológica diferenciada, durante a aclimatação aos diferentes ambientes de radiação luminosa. A variação da irradiância influenciou positivamente a assimilação do CO2, quando relacionada com gs e E, dando condições aos variantes morfológicos de atingirem o seu crescimento potencial, demonstrado pelo aumento de TCR com o incremento da intensidade de luz. As mudanças nos padrões biométricos dos variantes de pau-brasil foram afetadas pela irradiância, em consequência das variações nos ganhos de biomassa determinados por TAL e TCR. Houve uma diferenciação dos variantes morfológicos em relação à assimilação do carbono e a variação da irradiância. O variante LV se aclimatou melhor em condição de 100% de irradiância; ao passo que os 8 viii variantes SV e MV se aclimataram melhor em condições de 35 e 15% de irradiância, respectivamente. Palavras-chave: C. echinata, estresse por irradiância, produção de biomassa, morfotipo de pau-brasil, trocas gasosas foliares, pigmentos cloroplastídicos, carboidratos. 9 ix PHYSIOLOGICAL RESPONSES OF YOUNG PLANT VARIANTS OF BRAZILWOOD TO SHADE ABSTRACT Caesalpinia echinata Lam. is a native tree species of the Atlantic Forest at risk of extinction. Information from studies with this species are contradictory, making difficult its management and conservation. The aim of the present study was to evaluate the effects of shading on growth, carbon assimilation and chemical composition of seedlings of brazilwood variants (small leaf - SV; medium leaf - MV and large leaf - LV) through growth analysis, measurements of leaf gas exchange, photosynthetic pigments and carbohydrates. The variants were grown in full sun, inside the nursery and inside shade houses shaded with screens, which provided environmental conditions with irradiance percentage of 100, 60, 35, 25 and 15% over 244 days. It was observed during this period, at the 100% irradiance environment that the SV variant had the greatest number of leaves, higher root, shoot and total dry biomass, higher root mass ratio, higher net assimilation rate (NAR) and higher maximum gross photosynthetic rate at saturation irradiance (Agmax, 8.92 µmol m-2 s-1). At the same irradiance, the MV variant showed greater stem diameter, greater stem mass ratio (CMR), higher starch (AM) concentration in roots, total soluble sugars content (AST) in leaves and higher specific leaf mass, while the LV variant showed higher relative growth rate (RGR), higher RGRs of height and stem diameter, higher ratio of carotenoids and total chlorophyll (Car/Chl T), higher rates of net photosynthesis (A) and transpiration (E) rates, high stomatal conductance (gs) and higher internal to external CO2 concentration. However, under conditions of 60% of irradiance, the variant LV showed higher leaf AM content and greater leaf area, whereas the variant MV showed higher apparent quantum yield value (α, 0.073 µmol CO2 µmol photons-1) and higher content of Car. In the 35% irradiance environment, the LV variant showed higher levels of AST in roots and greater instantaneous and intrinsic water use efficiencies, while the SV variant showed greater height and leaf dry biomass. In 25% of irradiance, the SV variant showed higher leaf area ratio, higher levels of stem AM and higher chlorophyll b (Chl b) concentration, while the variant LV showed high leaf mass ratio and greater ratio of chlorophyll a (Chl a) to Chl b (Chl a/b). The variant MV showed higher contents of Chl a and Chl T. However, at 15% irradiance, the SV variant showed higher content of AST in the stem, while the MV variant showed higher α and lower respiration rate (Rd, 0,16 µmol m-2 s-1). In summary, the morphological variants of brazilwood adjusted their photosynthetic apparatus, in order to maximize energy gains, through differential physiological plasticity, during acclimation to the light radiation environments. The variation of irradiance positively influenced the assimilation of CO2, when related to gs and E, giving conditions to the morphological variants to achieve their growth potential, demonstrated by the increased RGR with increasing light intensity. Changes in biometric patterns of brazilwood variants were affected by irradiance, demonstrated by variations in biomass gain determined by NAR and RGR. There was a differentiation of the morphological variants in relation to carbon 10 x assimilation and the change in irradiance. The LV variant is better acclimated in 100% irradiance; while VS and MV variants better acclimatized under conditions of 35% and 15% of irradiance, respectively. Keywords: C. echinata, stress irradiance, biomass production, morphotypes of Brazil wood, leaf gas exchange, chloroplastidic pigments, carbohydrates. xi 11 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Análise físico-química do solo utilizado no experimento 31 Tabela 2 Equações utilizadas na determinação das concentrações de clorofilas a (Chl 33 a), b (Chl b) e total (Chl T) e de carotenóides (Car). Tabela 3 Valores médios, máximos e mínimos, e porcentagem em relação ao pleno 35 sol, para os diferentes ambientes de sombreamento. Dados coletados em Ilhéus, BA, Brasil, entre agosto de 2011 e abril 2012. Tabela 4 Parâmetros derivados das curvas de saturação de luz para plantas jovens de 39 três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). Tabela 5 Taxa fotossintética líquida por unidade de área foliar (A), condutância 40 estomática ao vapor de água (gs), taxa transpiratória (E) e razão entre a concentração intercelular e ambiente de CO2 (Ci/Ca) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência, em RFA ≥600 μmol fótons m-2 s-1. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). xii 12 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Áreas de concentração de Caesalpinia echinata no Brasil 23 Figura 2 Comparação das folhas entre os três variantes morfológicos da espécie C. 24 echinata variante folha pequena (SV), variante folha média (MV) e variante folha grande (LV) nos cinco níveis de irradiância. Figura 3 Radiação fotossinteticamente ativa (RFA) medida a pleno sol (A), no interior 36 do viveiro (B) e no interior das casas sombreadas com telas sombreadoras de 25% (C), 50% (D) e 75% (E). Figura 4 Curvas de resposta da taxa fotossintética líquida (A) à radiação 38 fotossinteticamente ativa (RFA) para plantas jovens dos variantes morfológicos folha pequena (SV) [A], folha média (MV) [B] e folha grande (LV) [C] de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância [100% (◊), 60% (□), 35% (Δ), 25% (○) e 15% (×) de irradiância], aos 24 meses após o plantio. Pontos são médias de cinco repetições (± EP). Equação: A = Amax (1- exp (-α RFA/Amax)) - Rd. Figura 5 Eficiências instantânea (A/E) (A) e intrínseca (A/gs) do uso da água (B) em 41 plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). Figura 6 Teores de clorofila a (Chl a) (A), clorofila b (Chl b) (B) e razão entre os teores 43 de Chl a e Chl b (Chl a/b) (C) em folhas de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). Figura 7 Teores de carotenóides (Car), (A) clorofila total (Chl T) (B) e razão entre os 44 teores de carotenóides e clorofila total (Car/Chl T) (C) em folhas de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). xiii 13 Figura 8 Número de folhas (A), altura total (B) e diâmetro do caule (C) de plantas 46 jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). Figura 9 Massas secas de raiz (MSR) (A), folha (MSF) (B), caule (MSC) (C) e total 47 (MST) (D) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). Figura 10 Razões de massa de raiz (A), caule (B) e folha (C) de plantas jovens de três 48 variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de dez repetições (± EP) Figura 11 Área foliar específica (AFE) (A), razão de área foliar (RAF) (B) e área foliar 50 total (AF) (C) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de dez repetições (± EP). Figura 12 Massa foliar especifica (MFE) (A) e taxa assimilatória liquida (TAL) (B) de 51 plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de dez repetições (± EP). Figura 13 Taxa de crescimento relativo (TCR) (A), taxa de crescimento relativo em altura 52 (TCRA) (B) e taxa de crescimento relativo em diâmetro (TCRD) (C) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de dez repetições (± EP). xiv 14 Figura 14 Teor de amido na raiz (A), no caule (B) e na folha (C) de plantas jovens de três 54 variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). Figura 15 Teor de açúcares solúveis totais (AST) na raiz (A), no caule (B) e na folha (C) 55 de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). xv 15 iii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS α A Amax Rd E gs Ci/Ca RFA NF AF DC ALT MSC MSF MSR MST MFE RAF RMC RMF RMR TCR Rendimento quântico aparente Taxa de fotossíntese líquida por unidade de área foliar Taxa fotossintética bruta máxima em irradiância de saturação Taxa respiratória na ausência de luz Taxa transpiratória foliar Condutância estomática ao vapor de água Razão entre a concentração intercelular e ambiente de CO2 Radiação fotossinteticamente ativa Número de folhas Área foliar Diâmetro do caule Altura de planta Massa seca de caule Massa seca de folha Massa seca de raiz Massa seca total Massa foliar especifica Razão de área foliar Razão massa de caule Razão massa de folha Razão massa de raiz Taxa de crescimento relativo TCRA Taxa de crescimento relativo em altura TCRD TAL AST SV MV LM Taxa de crescimento relativo em diâmetro Taxa assimilação liquida Açúcar solúvel total Variante morfológico folha pequena Variante morfológico folha média Variante morfológico folha grande 16 xvi SUMÁRIO RESUMO .......................................................................................................................... vii ABSTRACT ....................................................................................................................... ix 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 17 2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 20 2.1 Geral .................................................................................................................................. 20 2.2 Específico .......................................................................................................................... 20 3. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 21 3.1 História e descrição da espécie .......................................................................................... 21 3.2 Respostas fisiológicas das plantas à variação da irradiância ............................................. 25 4. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................... 31 4.1 Espécies e condições de cultivo ........................................................................................ 31 4.2 Medições de trocas gasosas foliares .................................................................................. 32 4.3 Determinação dos teores de clorofila e carotenóides ........................................................ 33 4.4 Avaliação de crescimento .................................................................................................. 33 4.5 Determinação dos teores de carboidratos .......................................................................... 34 4.6 Análise estatística .............................................................................................................. 34 5. RESULTADOS ................................................................................................................. 35 6. DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 56 7. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 65 8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 66 17 1. INTRODUÇÃO O efeito do sombreamento sobre os processos fisiológicos de diversas culturas é complexo, envolvendo, além dos fatores bióticos fundamentais, a variação da intensidade e qualidade da luz, a temperatura, o movimento do ar, a umidade relativa do ar e a umidade do solo. Desta forma, observados os fatores dinâmicos do desenvolvimento, plantas que crescem sob a sombra desenvolvem estrutura e aparência diferentes daquelas que crescem sob plena luz (COSTA et al., 1998; ZHANG et al., 2003; DAMATTA, 2004). A radiação luminosa influencia o crescimento e a distribuição das espécies vegetais em diversos ecossistemas (CHAZDON et al., 1996; BOARDMAN, 1977; LAMBERS et al., 1998). Os valores de radiação fotossinteticamente ativa (RFA) variam temporal e espacialmente, induzindo as plantas a desenvolverem mecanismos de aclimatação e plasticidade à variação dos regimes luminosos (ZHANG et al., 2003). Níveis altos ou baixos de luz podem ocasionar decréscimo na produção de carboidratos, diminuição no crescimento e desenvolvimento, além de danificar o maquinário fotossintético (LAMBERS et al., 1998). Decorrente destes fatores, as plantas desenvolveram várias estratégias para enfrentar a diversidade de influências bióticas e abióticas, como a plasticidade de aclimatação às condições de sol e sombra (DEMMIG-ADAMS; ADAMS, 1996). Respostas às variações da irradiância estão relacionadas à aclimatação do sistema fotossintético, como resultado das mudanças dos padrões de crescimento e distribuição de fotoassimilados (CHAZDON et al., 1996). As plantas possuem elevada capacidade de aclimatação às diferentes intensidades de radiação luminosa. Isso ocorre em função da regulação morfológica, da composição e da estrutura fisiológica, determinando alterações nas vias metabólicas primárias e secundárias (DAMATTA, 2004). A planta busca, por meio destas variações, uma resposta fisiológica, visando alcançar um estado funcional máximo (NOBEL, 1991; CHAZDON et al., 1996). 18 Diferenças na morfologia, anatomia e fisiologia têm sido documentadas para espécies aclimatadas a ambientes sombreados ou a pleno sol (BOARDMAN, 1977; BJÖRKMAN, 1981; GIVNISH, 1988; LARCHER, 1995). Diversos atributos fisiológicos podem estar associados à aclimatação ou à adaptação a irradiância, como: (i) alterações nas taxas fotossintéticas e respiratórias (BJÖRKMAN, 1981; GIVNISH, 1988; CHAZDON et al., 1996); (ii) aumento na concentração e atividade da ribulose-1,5-bisfosfato carboxilaseoxigenase - Rubisco (KANECHI et al., 1996; RAMALHO et al., 1999); (iii); recuperação relativamente rápida da fotoinibição (DAMATTA; MAESTRI, 1997); dentre outros. As plantas desenvolveram diversos mecanismos para maximizar a aquisição de luz e evitar condições ambientais desfavoráveis. Esses mecanismos são empregados na coordenação de mudanças no crescimento e desenvolvimento, resultando em plasticidade fenotípica, otimização de recursos e capacidade para evitar ou tolerar condições menos favoráveis (ALVES et al., 2002). Para estes mecanismos, a luz participa diretamente da fotossíntese, influenciando a abertura estomática e a síntese de clorofila (KOZLOWSKI et al., 1991; FELFILI et al., 1999), provocando alterações morfofisiológicas, com grau de aclimatação relacionado às características genéticas e condições edafoclimáticas (ALVES et al., 2002). A luz fornece energia para a fotossíntese da planta e envia sinais que regulam seu desenvolvimento por meio de receptores de luz sensíveis a diferentes intensidades, variações na qualidade espectral, quantidade, presença ou ausência e estado de polarização (POGGIANI et al., 1992). Modificações nos níveis de irradiância condicionam diferentes respostas fisiológicas em suas características bioquímicas, anatômicas e de crescimento (POGGIANI et al., 1992; ATROCH et al., 2001). A radiação solar fornece para a atmosfera 1367 W m-² de energia ano-1. Cerca de metade desta energia é recebida como luz visível na parte de frequência mais alta do espectro eletromagnético e o restante na do infravermelho e como radiação ultravioleta (GUIMARÃES, 2003). Somente a energia luminosa, dentro de uma faixa reduzida de comprimento de onda, é captada pelas plantas, alterando as reações químicas ou induzindo correntes elétricas nos tecidos e células. Dessa forma, o processo fotossintético, em que essa energia é capturada, é usado na produção de carboidratos, participando da morfogênese e das respostas de crescimento diferenciadas em função das irradiância recebida (REID et al., 1991). O desenvolvimento das plantas exterioriza a capacidade de aclimatação das espécies às condições de irradiância do ambiente em que estão se desenvolvendo, no sentido de maximizar o ganho total de carbono (ALMEIDA et al., 2005). 19 No presente estudo, avaliaram-se as respostas de variantes morfológicos de plantas jovens de Caesalpinia echinata (pau-brasil) ao sombreamento. Esta espécie é endêmica da floresta atlântica brasileira, ocupa o estrato médio da floresta. Sua longevidade chega a 300 anos, necessitando de sombreamento moderado na sua fase juvenil. Apresenta crescimento lento e irregular, brotações após o corte, e não são recomendados plantios a pleno sol (RIZZINI, 1971; CARVALHO, 2003). É encontrada em regiões semiáridas, típica da floresta primária densa, próximas do litoral e raramente nas formações secundarias (CARVALHO, 2003). Ocorre naturalmente desde o estado do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro (LEWIS, 1998). Na região sul da Bahia, C. echinata pode ser encontrada em condições de Cabruca, um sistema agroecológico de cultivo onde a espécie Theobroma cacao é cultivada na floresta atlântica raleada, sob a sombra de espécies arbóreas de grande porte, responsável pela manutenção dos maiores e bem mais distribuídos remanescentes de pau-brasil (LOBÃO et al., 2007). 20 2. OBJETIVOS 2.1 Geral Avaliar o crescimento, a assimilação do carbono e a composição química de três variantes morfológicos de pau-brasil submetidos a diferentes níveis de irradiância. 2.2 Específico Realizar medições de trocas gasosas foliares; determinar os teores foliares de clorofilas e carotenóides, bem como os de carboidratos em folhas, caules e raízes ; e avaliar o crescimento de três variantes de pau-brasil submetidos a diferentes níveis de irradiância. 21 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 História e descrição da espécie O Brasil foi descoberto na região sul da Bahia e, por se tratar de uma região muito rica em espécies florestais, como o pau-brasil, o interesse da coroa portuguesa voltou-se imediatamente à sua exploração econômica (LOBÃO, 2007). O pau-brasil passou a ser o centro das atenções durante boa parte da colonização brasileira, tornando-se a primeira grande riqueza, procurada e disputada por varias nações (CASTRO, 2002). A razão principal foi a brasilina, o corante vermelho extraído do pau-brasil que servia para tingir tecidos, pintar ovos de páscoa e era utilizado como base para cosméticos, como o atual rouge. A madeira do paubrasil, sendo de alta qualidade, era empregada em construções civis, fabricação de móveis de luxo e arcos de violino. Os indígenas fabricavam armas que lhes serviam na guerra, caça e pesca (BARBEDO et al., 2002). Em 1789 o naturalista francês Jean Baptiste Lamarck (1744 a 1829) estudou e descreveu a espécie cientificamente, denominando-a por Caesalpinia echinata. O nome do gênero Caesalpinia foi dado em homenagem ao botânico e médico Andreas Caesalpinus que viveu entre 1519 a 1603, e o nome específico echinata por ser uma árvore que possui acúleos, semelhantes aos encontrados nos troncos e galhos de roseiras (CARVALHO, 2003). No início do século XVII, o pau-brasil estava quase erradicado de suas áreas naturais por causa da extensa exploração (LOBÃO et al., 1997; BARBEDO et al., 2002; CASTRO, 2002). Hoje está relacionado na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção (IBAMA, 2013). Na área de ocorrência natural, ainda existem pequenos fragmentos da espécie de pau-brasil, como em alguns pontos do sul da Bahia, a exemplo da Reserva Ecológica do Pau-Brasil, em Porto Seguro, BA, em Pernambuco e no Rio de Janeiro (Figura 1) (CARVALHO, 2003). Recentemente, foi encontrado um núcleo populacional completamente fora da área conhecida de ocorrência natural, na Chapada da Conquista, BA (CARVALHO, 2003). 22 Caesalpinia echinata é uma espécie lenhosa pertencente à família Fabaceae, semidecídua, podendo alcançar 30 m de altura e 40 cm de diâmetro, possui tronco reto, com casca cor cinza escura, coberta por acúleos, especialmente nos ramos mais jovens. As folhas são perenes, compostas e alternadas, na grande maioria, bipinadas e apresentam coloração verde-escura brilhante, são ovais e subdivididas em pinas e estas em folíolos (LEWIS, 1998). Suas flores são aromáticas, de coloração amarelo-ouro, formando um cacho cônico (CARVALHO, 2003). Quando jovem, o alburno é espesso e apresenta coloração brancoamarelada, diminuindo com a idade, cedendo lugar ao cerne, de cor vermelha intensa, mais resistente à umidade. O cerne é a parte mais valiosa, fonte do corante brasilina (CARVALHO, 2003). A espécie C. echinata possui três variantes morfológicos, popularmente conhecidos como folha-de-arruda, folha-de-café e folha-de-laranja (Figura 2), porém, ainda não classificados botanicamente. Doravante passaremos a identificá-los como pau-brasil variante pequeno, médio e grande, baseados no tamanho da folha, de acordo com Juchum et al. (2008). Estes autores designaram os variantes morfológicos de pau-brasil como variante folha pequena (small variant - SV), variante folha média (medium variant - MV) e variante folha grande (large variant - LV), respectivamente (JUCHUM et al., 2008). O variante morfológico SV, encontrado com maior frequência e maior distribuição geográfica por toda a costa brasileira, do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte, tem como característica folhas pequenas, alternas, compostas bipinadas, constituída normalmente de sete a 11 pinas e de nove a 22 folíolos. O variante morfológico MV, mais comumente encontrado nos estados do Espírito Santo e Bahia, possui folha de tamanho médio, constituída de três a seis pinas e de sete a 12 folíolos. O variante morfológico LV, espécie de ocorrência restrita na região cacaueira do sudeste da Bahia, possui folha grande, com duas a quatro pinas e quatro a seis folíolos. Isoladamente, esta árvore atinge a altura de oito a 12 m. Na mata pode alcançar o dossel florestal de até 30 m (CURVELO et al., 2008). Na natureza, a disponibilidade de luz influencia diretamente o crescimento e o porte da C. echinata. Nestas condições, competindo por luminosidade, a espécie apresenta crescimento lento, com caule retilíneo e diâmetro reduzido. Em contrapartida, na ausência de competição por luz, há formação mais rápida da copa, seguida de maior diâmetro do caule, além do aumento do número de ramificações (LIMA et al., 2002). 23 Figura 1 - Áreas de concentração de Caesalpinia echinata no Brasil Fonte: LOBÃO (2007), com modificações. 24 Figura 2 – Comparação das folhas entre os três variantes morfológicos da espécie C. echinata variante folha pequena (SV), variante folha média (MV) e variante folha grande (LV) nos cinco níveis de irradiância. 25 3.2 Respostas fisiológicas das plantas à variação da irradiância O desenvolvimento das plantas é influenciado por fatores ambientais e sua modificação traz como consequência diferentes respostas. A irradiância intervém em numerosos processos fisiológicos, dos quais o mais importante é a assimilação de carbono (fotossíntese), atribuindo valores e escalas de importância na produtividade dos ecossistemas (CARVALHO, 2003). A aclimatação do maquinário fotossintético e as alterações anatômicas proporcionam variações nos padrões de crescimento e alocação de biomassa como respostas à variação da irradiância (CHAZDON et al., 1996). A radiação solar torna possível a realização da fotossíntese e o aquecimento do ar e do solo, favorecendo os processos vitais da planta. É necessário que a planta receba de 1 a 2% de radiação solar para que possa se manter. Na natureza, a luta pela sobrevivência exige que a planta obtenha o máximo de irradiância para acentuar os ganhos fotossintéticos. Assim, por meio do processo fotossintético, a energia radiante é fixada em energia química potencial, interferindo diretamente na produtividade (FLORES et al., 2004). A atividade fotossintética é afetada diretamente pela intensidade de radiação luminosa, temperatura, concentração de CO2, teor de nitrogênio da folha e a umidade do solo, estando o funcionamento dos estômatos, abertura e fechamento, diretamente relacionado à intensidade luminosa e ao estatus hídrico da folha (MARENCO e LOPES, 2005). Costa e Marenco (2007) demonstraram que a relação entre funcionalidade dos estômatos e a área foliar influenciam a produtividade vegetal, com estômatos controlando a absorção de CO2 e a área foliar a captação e interceptação de luz. Para Larcher (2000), as trocas gasosas variam durante o desenvolvimento e são diretamente proporcionais ao curso diário e anual das flutuações abióticas ambientais ao nicho onde a planta está localizada. A parte aérea das plantas recebe diversos tipos de radiação luminosa durante o dia. Larcher (2000) classifica essa radiação como sendo a radiação solar direta, a radiação que sofre espalhamento na atmosfera, a radiação difusa em dias nublados e a radiação refletida da superfície do solo. A radiação na copa das árvores também sofre variação em função da forma de crescimento, do tipo de ramificação e da posição da folha, permitindo que a planta condicione o melhor ordenamento da superfície de assimilação no sentido de permitir melhor arranjo espacial para que as folhas recebam radiação solar direta de forma permanente (ZHANG et al., 2003). As plantas normalmente se aclimatam, por meio de plasticidade fenotípica, às condições de radiação ambiente. A diferenciação fenotípica de órgãos e tecidos 26 geralmente não é reversível. Se as condições de radiação mudam, novos ramos são produzidos e as folhas dos ramos originais não adaptadas senescem e sofrem abscisão (COSTA et al., 1998; ZHANG et al., 2003; DAMATTA, 2004). A fotossíntese de plantas sombreadas requer maximização da quantidade de radiação absorvida, relacionada a pequenas taxas de perda de carbono por meio da respiração e fotorrespiração (ZHANG, et al., 2003). A aclimatação das plantas ao ambiente de radiação depende do ajuste de seu maquinário fotossintético, de modo que a radiação seja utilizada da maneira mais eficiente possível (ENGEL, 1989). As respostas a essa adaptação são refletidas no crescimento global da planta. Bunce et al. (1977) e Kamaluddin; Grace (1992) observaram que o crescimento está relacionado com a capacidade de adaptação das plantas às variações de intensidade de radiação luminosa do ambiente, tanto para espécies arbóreas da floresta tropical como para espécies arbustivas. Boardman (1977), Kamaluddin e Grace, (1992), Müller et al., (1992) constataram que a taxa fotossintética, respiração, eficiência quântica do fotossistema 2 (PS2), anatomia, estrutura foliar e características fenológicas, como longevidade da folha, podem ser alteradas pelo efeito da intensidade da radiação durante a ontogenia foliar. Sims e Pearcy (1991) e Chen e Klinka (1997) observaram que plantas expostas ao sombreamento apresentam valores extremamente reduzidos de irradiância de compensação, fundamentado, principalmente, pelos baixos valores da taxa respiratória na ausência de luz (Rd). Folhas de sombra possuem maior área foliar, menor massa foliar específica e menor quantidade de cloroplastos se comparadas com as de sol, devido à redução da espessura do mesofilo, a existência de grana mais largas e maior teor de clorofila; ao passo que as folhas de sol alcançam taxa fotossintética máxima e são mais espessas, devido à formação de grandes células paliçádicas e, ou aumento no número de camadas dessas células (LAMBERS et al., 1998). De acordo com Björkman (1981), Anderson (1986), Anderson e Osmond (1987), Terashima e Hikosaka (1995) e Noguchi et al. (1996), folhas a pleno sol e sombreadas apresentam diferenças estruturais, tendo quantidades diferentes de Rubisco, citocromos, centros de reação dos fotossistemas 1 (PS1) e PS2 e atividades de enzimas respiratórias. Para Evans (1989), Hikosaka; Terashima (1995) em irradiâncias elevadas a quantidade de Rubisco e o centro de reação de PS2 aumentam com a expansão do complexo coletor de luz de PS2. A folha é especializada na absorção de radiação luminosa e as propriedades morfológicas e estruturais entre os parênquimas paliçádico e lacunoso resultam em uma absorção de radiação de forma mais uniforme (TAIZ; ZEIGER 2009). Baixos níveis de 27 radiação luminosa podem ocasionar estresses nas plantas em decorrência da diminuição da taxa de assimilação de CO2, do decréscimo na produção de carboidratos e da diminuição no crescimento e no desenvolvimento. Em contrapartida, níveis elevados de intensidade luminosa podem danificar o maquinário fotossintético (LAMBERS et al., 1998), de forma, às vezes, irreversível. De acordo com Souza et al. (2009), em uma mesma copa, as folhas sujeitas a diferentes regimes de radiação apresentam diferenças anatômicas, como a redução no comprimento das células do parênquima paliçádico e na espessura do mesofilo nas folhas sombreadas. A arquitetura da vegetação afeta não somente as trocas de matéria e energia entre a planta e o ambiente, como também pode revelar a estratégia da planta para se ajustar aos processos evolutivos, como adaptações aos fatores físicos, químicos e biológicos (SOUZA et al., 2009). Para Demmig-Adams e Adams (1996), estes processos de ajuste tratam-se de plasticidade e aclimatação às condições de sol e sombra, bem como mecanismos de dissipação do excesso de energia. Diversos atributos morfofisiológicos estão associados à aclimatação em irradiâncias elevadas, como (i) o aumento na densidade estomática (CAI et al., 2005); (ii) as mudanças na fotossíntese e respiração (GIVNISH, 1988; CHAZDON et al., 1996); (iii) as mudanças nos padrões de crescimento ou de alocação de biomassa (POPMA; BONGERS, 1991; POORTER et al., 2003); (iv) a diminuição da área foliar específica; (v) a presença de cutícula mais espessa (VOLTAN et al., 1992; FAHL et al., 1994), com maior quantidade de cera epicuticular (AKUNDA et al., 1979); (vi) os cloroplastos com poucos grana e menor quantidade de tilacóides por granum (FAHL et al., 1994); (vii) os aumentos na concentração e atividade da Rubisco (KANECHI et al., 1996); e (viii) a recuperação relativamente rápida da fotoinibição (DAMATTA; MAESTRI, 1997). Ainda assim, as alterações na fisiologia da folha e a produção de novas folhas com morfologia e fisiologia apropriadas ao ambiente luminoso são componentes de respostas à aclimatação. Além das mudanças físicas, ocorrem alterações na relação pigmentar de clorofilas e pigmentos acessórios (CHAVES, 2009). Os pigmentos envolvidos na fotossíntese são as clorofilas a e b, os carotenóides e as ficobilinas. A clorofila b (Chl b), os carotenóides e as ficobilinas constituem os chamados pigmentos acessórios. As plantas utilizam a radiação fotossinteticamente ativa (RFA), compreendida entre os comprimentos de onda de 390 e 760 nm, denominada espectro visível (STREIT et al., 2005). A energia absorvida é transferida para os centros de reação, nas membranas tilacóidais. Existem dois centros de reação: (i) um absorvendo energia em 680 nm e (ii) outro a 700 nm, interagindo por meio de transportadores de elétrons (STREIT et al., 2005). 28 A clorofila é um pigmento fotossintético presente nas plantas superiores e a sua abundância varia de acordo com a espécie. A clorofila a (Chl a) está em presente em todos os organismos que realizam fotossíntese, o primeiro estágio do processo fotossintético; enquanto que os pigmentos acessórios auxiliam na absorção de luz e na transferência da energia radiante para os centros de reação (TAIZ; ZIEGER, 2009). A concentração e a proporção de pigmentos fotossintéticos das folhas variam com a espécie, o meio e a idade da folha (KRAMER; KOZLOWSKI, 1979; POPMA; BONGERS, 1991). As Chl a e b absorvem radiação visível principalmente na faixa do azul e do vermelho e os carotenóides entre o azul e o ultravioleta (STREIT et al., 2005). A partir da molécula de Chl a, cujo pico de absorção de irradiância é no comprimento de onda de 680 nm do espectro visível, os elétrons oriundos da oxidação da molécula de água são transferidos para a cadeia transportadora de elétrons da fotossíntese. Conforme Engel e Poggiani (1991), a combinação entre as Chl a e Chl b e os pigmentos acessórios permite maior captação da energia luminosa, conferindo às plantas maior eficiência fotossintética, crescimento, plasticidade e adaptabilidade. Os carotenóides, pigmentos amarelos e laranjas, desempenham duas funções distintas: (i) absorção de luz nos complexos de captação e (ii) ação fotoprotetora do maquinário fotoquímico, prevenindo danos foto-oxidativos às moléculas de clorofila. Absorvem a luz azul e repassam energia para a clorofila para uso na fotossíntese (KERBAUY, 2004). De acordo com Oliveira et al. (2008), os carotenóides dissipam, na forma de calor, a energia química armazenada pelas clorofilas. Logo, clorofilas e carotenóides absorvem radiação visível, desencadeando as reações fotoquímicas da fotossíntese responsáveis pelo metabolismo primário (SEIFERMANHARMS, 1987). A qualidade e a quantidade da radiação são responsáveis pelo tipo, quantidade e incorporação de carotenóides no maquinário fotossintético (MACMAHON et al., 1991). A faixa espectral absorvida necessária para ativar o processo fotossintético está relacionada diretamente ao tipo de pigmento existente, variando essa absorção energética entre o azul e o vermelho. A aclimatação das plantas a uma determinada condição de irradiância está associada aos teores de clorofilas e nitrogênio foliar (ALVARENGA et al., 2003). A molécula de clorofila encontra-se em constante processo de síntese e degradação (foto-oxidação) (BRAND, 1997). Sob alta irradiância, a foto-oxidação ocorre de forma pronunciada, enquanto sob condições de sombreamento, as concentrações foliares de clorofilas tendem a aumentar (BRAND, 1997; ALVARENGA et al., 2003). 29 De acordo com Larcher (2000), plantas de sombra realizam um ganho fotossintético igual à metade ou até um terço em relação às plantas de sol; ao passo que espécies que desenvolvem pequena área de assimilação (acículas ou folhas pequenas) interceptam pouca radiação e apresentam um modesto ganho fotossintético. Segundo Souza et al. (2009), os maiores valores de absorbância são encontrados nas folhas de sombra em comparação às de sol, indicando maior concentração de pigmentos naquelas folhas. Tais alterações possibilitam a maximização da captura de radiação (NAKAZONO et al., 2001). Os teores de clorofilas são mais elevados em folhas sombreadas do que as expostas à radiação solar plena (SOUZA et al., 2009; Araújo, 2009). Em plantas de sol, ambiente intensamente iluminado, é menor a concentração de moléculas de clorofila por cloroplasto, principalmente de Chl b, uma vez que essas plantas não necessitam investir na produção de pigmentos coletores de energia luminosa (SALISBURY; ROSS, 1992). A maior proporção relativa de Chl b, em plantas sombreadas, permite a captação de energia de comprimentos de onda diferentes, com a correspondente transferência energética para uma molécula específica de Chl a, participante das reações fotoquímicas da fotossíntese (WHATLEY; WHATLEY, 1982; TAIZ; ZEIGER, 2009). Segundo Thornber (1975), o aumento relativo do teor de clorofila pode estar ligado ao incremento da proporção do complexo coletor clorofila a/b, proteína associada ao PS1 nos grana, em relação ao complexo P680 (que contém somente Chl a – proteína ) do PS2 nos tilacóides, facilmente foto-oxidado, assim como abordou Mitchell (1979), ao indicar a existência de maior proporção de grana em cloroplastos de folhas de sombra. Quando folhas sombreadas são expostas a alta irradiância ocorre fotoinibição da fotossíntese (OBERBAUER et al., 1985) e alterações anatômicas qualitativas de seus constituintes (WALLER, 1986; LAMBERS; POORTER 1992). Para Bjorkman et al. (1972), folhas de sombra investem maior energia na produção de pigmentos fotossintetizantes, procurando otimizar a captura de luz incidente. De acordo com Pezzopane et al. (2003), Lunz (2006) e Costa et al. (2011), as alterações microclimáticas, provocadas pela utilização de sistemas de sombreamento, que modificam a temperatura e umidade relativa do ar e a radiação solar, influenciam no desenvolvimento e crescimento vegetal, mostram alterações fisiológicas e são dependentes da intensidade, qualidade e duração da radiação solar. Independentemente das alterações que ocorrem nos pigmentos, a variação da intensidade de irradiância, conforme a capacidade de captação e absorção da planta, afeta a quantidade de matéria da planta, sua biomassa e sua biometria, evidenciando aspectos fisiológicos distintos para indivíduos expostos à grande variação de incidência luminosa. 30 A análise de crescimento permite avaliar o desempenho da planta e a contribuição dos diferentes órgãos no crescimento total. Com base em dados amostrais de crescimento é possível estimar as causas de variações de crescimento entre plantas geneticamente diferentes ou entre plantas crescendo em ambientes diferentes (BENINCASA, 1988). A capacidade de uma determinada espécie em aclimatar-se à condição de sol ou de sombra pode ser evidenciada pela avaliação do crescimento inicial das plantas em diferentes condições de disponibilidade luz. Espécies sombreadas, que dependem de maior irradiância, possuem a capacidade de crescer em altura mais rapidamente (ENGEL, 1989; VALLADARES et al., 2000; ZANELLA et al., 2006). Logo, altura e diâmetro de caule são os parâmetros usados com maior frequência na avaliação do crescimento das plantas em relação ao sombreamento (VERDIAL et al., 2000; ZANELLA et al., 2006). O crescimento em diâmetro depende da atividade cambial, que é estimulada por carboidratos produzidos pela fotossíntese e por hormônios transportados das regiões apicais (SCALON et al., 2001). O diâmetro é indicador da assimilação líquida de carbono, logo depende diretamente da fotossíntese (ENGEL, 1989), e garante maior sustentação a planta (SCALON et al., 2001). Adicionalmente, determinações de área foliar, produção de matéria seca e relações de biomassa entre as partes aérea e radicular também fazem parte da análise de crescimento (FARIAS et al., 1997). A determinação do ponto de crescimento satisfatório, ou ótimo, de algumas espécies, crescidas em diferentes percentuais de luminosidade, pode ser atribuída à capacidade de ajustes no mecanismo fotossintético, no sentido de maximizar a aquisição de energia (DIASFILHO, 1997; ALVES et al., 2002), e à concentração de carboidratos (açúcares e amido), cuja relação está diretamente relacionada ao desenvolvimento da planta. Durante o processo fotossintético, a maioria das espécies vegetais produz sacarose e acumula quantidade suficiente de amido, durante o período de luz, utilizado principalmente para suprir a demanda de energia no período escuro (ZEEMAN et al., 2004; AMARAL 2007), e a sacarose translocada para sustentar o crescimento (MACHADO et al., 1989). Tecidos fotossinteticamente ativos possuem maior capacidade de produção de carboidratos do que necessitam, para a manutenção do metabolismo e crescimento. O excedente, na forma de sacarose, é transportado para tecidos menos fotoativos ou inativos, como folhas jovens, ramos e raízes, que, após o florescimento, são direcionados para os frutos, tubérculos e raízes de reserva (DANTAS et al., 2007). Além de fonte de reserva, a formação e a utilização dos carboidratos não estruturais desempenham papéis importantes na distribuição de matéria seca entre raiz e parte aérea (MACHADO et al., 1989). 31 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Espécies e condições de cultivo O experimento foi conduzido entre agosto de 2011 a abril de 2012, no Campus Soane Nazaré de Andrade, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Rodovia Jorge Amado, km 16, Bairro Salobrinho, localizado no município de Ilhéus, BA, nas coordenadas 39°13’59’’ de longitude oeste e 14°45’15’’ de latitude sul. Foram utilizadas plantas jovens, com dois anos de idade, de três variantes morfológicos de pau-brasil, nativos da Mata Atlântica Brasileira, obtidos de sementes, coletadas de árvores da floresta atlântica do sul da Bahia, na Estação Ecológica Pau-Brasil – ESPAB/CEPLAC, localizada no município de Porto Seguro, BA. As sementes foram germinadas em tubetes plásticos pretos cônicos de 235 cm3, contendo composto orgânico (casca de Pinus e fibra de coco, na proporção de 1:1) e adubo peletizado (Osmocote®). Posteriormente, as mudas, com um ano de idade, foram transplantadas para vasos plásticos com capacidade de 20 L, contendo solo como substrato, e transportadas para o viveiro da UESC, onde permaneceram por 60 dias. Posteriormente, parte das plantas jovens dos diferentes morfotipos foi mantida no viveiro e parte transferida para casas de sombra com telas sombreadoras de 25% (C), 50% (D) e 75% (E), e para a condição de pleno sol (tratamento controle). Durante o experimento foram realizadas adubações com fosfato monoamônio (MAP) purificado, uréia e KNO3, na dosagem de 4,21, 3,07 e 2,93 g L-1, respectivamente, a cada 15 dias, por um período de 244 dias, de acordo com a análise físicoquímica do solo (Tabela 1). Tabela 1 – Análise fisico-química do solo utilizado no experimento. pH Al Ca Ca + Mg K [cmolc dm-3] [CaCl2] 4,7 Mg 0,4 7 3,5 P [mg dm-3] 10,4 0,16 63 32 Os valores de radiação fotossinteticamente ativa (RFA) medidos na extremidade superior das plantas, submetidas aos diversos tratamentos de irradiância, foram obtidos com sensor de radiação luminosa S-LIA-M003, acoplado a uma estação climatológica Hobo Micro Station Data Logger (Onset, EUA). 4.2 Medições de trocas gasosas foliares A avaliação das trocas gasosas foi realizada no final do experimento, sempre entre 8:00 e 12:30 h, em folha completamente expandida e madura de cinco plantas de cada variante morfológico por tratamento. A curva de saturação de radiação luminosa foi obtida utilizando-se sistema portátil para medições de fotossíntese LI-6400 (Li-Cor, Nebraska, USA), equipado com uma fonte de luz artificial 6400-02B RedBlue. Foram realizadas medições em nove níveis de RFA (0, 25, 50, 100, 200, 400, 600, 800 e 1000 µmol fótons m-2 s-1), iniciando-se a sequência sempre em ordem decrescente. O tempo mínimo fornecido para a estabilização das leituras, em cada nível de RFA, foi de 60 s e o máximo, para salvar cada leitura, de 120 s. O coeficiente de variação (CV) máximo admitido para salvar cada leitura foi de 0,3%. Além da RFA, foram mantidos constantes o CO2 atmosférico no interior da câmara foliar e a temperatura do bloco a 26°C. O fluxo de CO2 foi ajustado, mantendo-se uma concentração de 380 μmol mol-1 no interior da câmara. As taxas de fotossíntese líquida (A), de transpiração (E) por unidade de área foliar, a condutância estomática ao vapor de água (gs) e a razão entre a concentração interna e atmosférica de CO2 (Ci/Ca) foi estimada a partir dos valores da variação de CO2 e da umidade no interior da câmara, determinados pelo analisador de gases por infravermelho do aparelho, em RFA ≥ 600 μmol fótons m-2 s-1. Ajustes para as curvas de saturação da radiação luminosa foram realizados por modelo de regressão não linear para equações exponenciais. Utilizou-se a equação A = Amax (1- exp (-α RFA/Amax)) - Rd (IQBAL et al., 1997) para a estimar a curva de resposta da taxa fotossintética líquida (A) em função da radiação fotossinteticamente ativa, onde Amax é a taxa fotossintética bruta máxima em irradiância de saturação, α o rendimento quântico aparente e Rd a taxa respiratória quando RFA = 0 μmol fótons m-2 s-1. Foi também calculada a eficiência instantânea (A/E) e intrínseca (A/gs) do uso da água 33 4.3 Determinação dos teores de clorofila e carotenóides Os teores de clorofila e carotenóides foram determinados em base de área em extratos de dimetilsulfóxido (DMSO) de discos foliares (HISCOX; ISRAELSTAM, 1979), com algumas modificações. Após incubação de três discos foliares (0,5 cm2) com 2 mL de DMSO saturado com CaCO3 por 24 h a 65ºC, a absorbância dos extratos foi lida em espectrofotômetro de microplacas (VERSAmax) nos comprimentos de onda de 645, 663 e 480 nm, para a determinação das concentrações de clorofila a (Chl a),clorofila b (Chl b) e de carotenóides (car), respectivamente (Tabela 2). A concentração de clorofila total (Chl T) foi estimada pela soma dos teores das Chl a e b. Tabela 2 – Equações utilizadas na determinação das concentrações de clorofilas a (Chl a), b (Chl b) e total (Chl T) e de carotenóides (Car). Comprimento de onda (nm) Teor de pigmento (µg/cm-2) 480 Car = ((1000 x A480) - (1,63 x Chl a) - (53,78 x Chl b))/220 645 Chl b = (25,06 x A649) - (6,5 x A665) 663 Chl a = (12,47 x A665) - (3,62 x A649) 4.4 Avaliação de crescimento O crescimento foi avaliado medindo 10 plantas de cada variante morfológico, em cada tratamento, no inicio e final do período experimental. Os dados coletados foram altura (ALT) e diâmetro do coleto (DC), usando régua milimetrada e paquímetro, respectivamente. Foi contado o número de folhas (NF) e, em seguida, procedeu a divisão das plantas em partes (raiz, caule e folha) que, após a medição da área foliar total por planta, foram armazenadas em sacos de papel e colocadas para secar em estufa de circulação forçada de ar a 75ºC, até massa constante. A área foliar foi determinada utilizando um medidor de área foliar Li-3100 (Li-Cor, Nebraska, USA). A partir dos dados de massa seca, das diferentes partes da planta, e de área foliar foram calculadas as seguintes variáveis de crescimento (HUNT, 1990): a) Massa foliar específica: MFE = MSF/AF (g cm-2); b) Razão de área foliar: RAF = AF/MST (cm² g-1); 34 c) Razão de massa de raiz: RMR = MSR/MST (g g-1); d) Razão de massa de caule: RMC = MSC/MST (g g-1); e) Razão de massa de folha: RMF = MSF/MST (g g-1); f) Taxa de crescimento relativo: TCR = [ln(MST T2)-ln(MST T1)]/(T2-T1) (g g-1 dia-1); g) Taxa de crescimento relativo em altura TCRA=lnALT2-lnALT1/(T2-T1) (cm cm-1 dia-1); h) Taxa de crescimento relativo em diâmetro TCRD = lnDC2-lnDC1/(T2 - T1) (mm mm-1 dia-1); i) Taxa de assimilação líquida TAL=(MST2-MST1)/(T2-T1) (lnAF2-lnAF1)(AF2- F1) (g cm-2 dia-1) Onde: AF representa área foliar, T o tempo, ALT a altura, DC o diâmetro do coleto, MSF a massa seca foliar, MSC a massa seca de caule, MSR a massa seca de raiz e MST a massa seca total. 4.5 Determinação dos teores de carboidratos 4.5.1 Teor de açúcares solúveis totais Nas diferentes partes da planta, o teor de açúcares solúveis totais (AST) foi determinado pelo método de antrona (CLEGG, 1956). 4.5.2 Teor de Amido A determinação do teor de amido, nas diversas partes da planta, foi realizada de acordo com o método descrito por McCready et al. (1950). 4.6 Análise estatística Empregou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com 15 tratamentos, em esquema fatorial 5 x 3 [4 níveis de sombreamento + tratamento controle (pleno sol) e 3 três variantes morfológicos do pau-brasil], 5 repetições e 10 plantas jovens por unidade experimental. Foram realizadas análises de variância (ANOVA) e teste F. Posteriormente, fez-se comparação de médias dos tratamentos por meio do teste de Duncan (p≤0,05). 35 5. RESULTADOS A radiação fotossinteticamente ativa (RFA) medida nos tratamentos a pleno sol, no interior do viveiro e no interior das casas sombreadas com telas sombreadoras de 25%, 50% e 75%, logo acima da superfície das plantas, corresponderam a 100%, 60%, 35%, 25%, e 15% de irradiância, respectivamente (Tabela 3 e Figura 3). Os dados, coletados entre agosto de 2011 e abril de 2012 apontaram variações de RFA (Tabela 3). Para os tratamentos 100%, 60%, 35%, 25%, e 15% de irradiância, as variações mínima, máxima e média diárias foram de 5,7; 46,6 e 30,3 mol m-2 dia-1, de 3,5; 28,2 e 18,4 mol m-2 dia-1, de 2,0; 16,1 e 10,5 mol m-2 dia-1, de 1,5; 12,3 e 8,0 mol m-2 dia-1 e de 0,9; 7,3 e 4,8 mol m-2 dia-1, respectivamente. Tabela 3 – Valores médios, máximos e mínimos, e porcentagem em relação ao pleno sol, para os diferentes ambientes de sombreamento. Dados coletados em Ilhéus, BA, Brasil, entre agosto de 2011 e abril 2012. Pleno sol Viveiro 25% 50% 75% [mol m-2 dia-1] Média 30,3 18,4 10,5 8,0 4,8 Máximo 46,6 28,2 16,1 12,3 7,3 Mínimo 5,7 3,5 2,0 1,5 0,9 % Pleno sol 100% 60% 35% 25% 15% 36 50 40 A 30 20 10 0 01/08/2011 50 40 18/09/2011 06/11/2011 24/12/2011 11/02/2012 31/03/2012 11/02/2012 31/03/2012 11/02/2012 31/03/2012 11/02/2012 31/03/2012 11/02/2012 31/03/2012 Data B 30 20 10 0 01/08/2011 RFA (mol m-2 dia-1) 50 40 18/09/2011 06/11/2011 24/12/2011 Data C 30 20 10 0 01/08/2011 50 40 18/09/2011 06/11/2011 24/12/2011 Data D 30 20 10 0 01/08/2011 50 40 18/09/2011 06/11/2011 24/12/2011 Data E 30 20 10 0 01/08/2011 18/09/2011 06/11/2011 24/12/2011 Data Figura 3 – Radiação fotossinteticamente ativa (RFA) medida a pleno sol (A), no interior do viveiro (B) e no interior das casas sombreadas com telas sombreadoras de 25% (C), 50% (D) e 75% (E). 37 Embora tenha sido observadas diferenças inter e intramorfotípicas para os variantes de pau-brasil, em relação aos parâmetros derivados das curvas de respostas da fotossíntese à radiação fotossinteticamente ativa (Figura 4, Tabela 4), não foi possível diferenciá-los com precisão em relação a todos os níveis de irradiâncias avaliados Constatou-se, a partir destes parâmetros, que o variante morfológico SV de C. echinata apresentou maior valor de Amax no tratamento com 100% de irradiância. Valores máximos de Rd a 100% e α a 25% de irradiância também não diferindo do tratamento a 15%. O variante morfológico MV não mostrou diferença significativa (p≤ 0,05) para os valores de Amax nos diferentes níveis de irradiância. O maior valor de Amax foi observado a 15% de irradiância. Entretanto, o valor máximo de Rd no tratamento de 60% de irradiância não diferiu dos tratamentos com 35% de irradiância. O maior valor de α, para este variante morfológico, foi observado no tratamento com 60% de irradiância, não diferindo do tratamento com 35%. Por outro lado, o variante morfológico LV registrou o maior valor de Amax no tratamento 100% de irradiância. Em relação a Rd,, o maior valor foi encontrado para este morfotipo no tratamento de 60% de irradiância. O maior valor de α foi encontrado no tratamento de 15% de irradiância. 38 Figura 4 – Curvas de resposta da taxa fotossintética líquida (A) à radiação fotossinteticamente ativa (RFA) para plantas jovens dos variantes morfológicos folha pequena (SV) [A], folha média (MV) [B] e folha grande (LV) [C] de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância [100% (◊), 60% (□), 35% (Δ), 25% (○) e 15% (×) de irradiância], aos 24 meses após o plantio. Pontos são médias de cinco repetições (± EP). Equação: A = Amax (1- exp (-α RFA/Amax)) - Rd. 39 Tabela 4 – Parâmetros derivados das curvas de saturação de luz para plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). Variante Irradiância Amax [μmol m-2 s-1] Rd α [μmol μmol-1] 100% 8,92 ± 0,92 Aa 0,61 ± 0,11 Aa 0,054 ± 0,006 Ba 60% 6,4 ± 0,61 Bb 0,39 ± 0,12 Bb 0,052 ± 0,008 Bb 35% 7,55 ± 1,2 ABa 0,22 ± 0,18 Cb 0,052 ± 0,003 Bb SV 25% 6,7 ± 1,15 Bab 0,18 ± 0,03 Cb 0,063 ± 0,007 Aa Ba ABa 15% 6,1 ± 1,15 0,51 ± 0,07 0,062 ± 0,007 Aa 100% 5,26 ± 0,60 Ab 0,30 ± 0,16 Bb 0,041 ± 0,002 Cb 60% 5,71 ± 0,75 Ac 0,44 ± 0,11 Aa 0,063 ± 0,005 Aa 35% 5,40 ± 0,25 Ab 0,42 ± 0,17 Aa 0,061 ± 0,004 Aa MV 25% 5,35 ± 0,87 Ab 0,33 ± 0,12 Ba 0,052 ± 0,009 Bb 15% 6,07 ± 1,44 Aa 0,16 ± 0,19 Cc 0,049 ± 0,003 Bb 100% 10,4 ± 1,5 Aa 0,35 ± 0,19 Bb 0,50 ± 0,006 Ba 60% 7,86 ± 0,97 ABa 0,48 ± 0,11 Aa 0,055 ± 0,003 Bb 35% 5,8 ± 0,74 Bb 0,17 ± 0,02 Cb 0,059± 0,00 Ba LV 25% 7,57 ± 1,85 ABa 0,36 ± 0,15 Ba 0,058 ± 0,004 Ba 15% 6,05 ± 1,02 Ba 0,39 ± 0,23 Bb 0,071 ± 0,003 Aa Amax = taxa fotossintética bruta máxima em irradiância de saturação, Rd = taxa respiratória na ausência de luz e α = rendimento quântico aparente. Observaram-se, em relação aos valores de A, para o variante morfológico SV e LV diferença inter e intramorfotípicas nos diferentes níveis de irradiância. O maior valor de A para o variante SV foi observado a 100% de irradiância, que não diferiu significativamente do tratamento a 35% de irradiância. Enquanto que para o variante morfológico MV, não foi observada diferença intramorfotípica, registrando maior valor de A no tratamento a 15% de irradiância. Por outro lado, o variante LV mostrou maior valor de A no tratamento a 100% de irradiância (Tabela 5). Entretanto, os maiores valores de gs foram apresentados pelos variantes LV e MV, no tratamento correspondente a 100% de irradiância (0,178 mol m-2 s-1 e 0,097 mol m-2 s-1, respectivamente) e pelo variante SV no tratamento de 60% de irradiância (0,110 mol m-2 s-1). Por outro lado, maior valor de E observado no variante morfológico LV (1,30 mmol m-2 s-1) no tratamento de 100% de irradiância. Observou-se, também, em 100% de irradiância, que o maior valor de E foi obtido pelo variante morfológico MV (0,86 mmol (H2O)m-2 s-1). Já o variante SV, apresentou maior valor de E do que o MV no tratamento a 40 60% de irradiância (1,02 mmol m-2 s-1), não deferindo estatisticamente com o tratamento a 35% de irradiância (Tabela 5). Além disso, verificou-se, para os variantes morfológicos de pau-brasil, diferença significativa, inter e intramorfotípicas em relação aos valores de (Ci/Ca). O variante SV mostrou maior valor Ci/Ca no tratamento a 60% de irradiância. Entretanto, para o variante LV, o maior valor foi encontrado no tratamento de 100% de irradiância, ao passo que para o variante MV, o maior valor foi verificado em 100% de irradiância, que não diferiu significativamente de 15% de irradiância. Tabela 5 – Taxa fotossintética líquida por unidade de área foliar (A), condutância estomática ao vapor de água (gs), taxa transpiratória (E) e razão entre a concentração intercelular e ambiente de CO2 (Ci/Ca) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência, em RFA ≥600 μmol fótons m-2 s-1. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). Variante Irradiância A gs -2 -1 SV MV LV E -2 -1 Ci/Ca -2 -1 100% [μmol (CO2) m s ] 7,55 ± 0,50 Aa [mol (H2O) m s ] 0,053 ± 0,002 Bb [mmol (H2O) m s ] 0,63 ± 0,04 Bb 60% 6,58 ± 0,40 ABa 0,110 ± 0,012 Aa 1,02 ± 0,08 Aa 0,50 ± 0,04 Aa 35% 7,48 ± 0,55 Aa 0,062 ± 0,004 Ba 0,90 ± 0,06 Aa 0,39 ± 0,04 Ba Bb Bb 0,43 ± 0,04 Ba ABab 6,41 ± 0,47 15% 5,72 ± 0,44 Bab 0,052 ± 0,006 Bb 0,71 ± 0,07 Ba 0,36 ± 0,05 Bb 100% 5,56 ± 0,39 Ab 0,097 ± 0,012 Aab 0,86 ± 0,09 Aab 0,50 ± 0,05 Aa 60% 4,68 ± 0,31 Bb 0,051 ± 0,005 Bb 0,63 ± 0,05 Bb 0,47 ± 0,04 ABa 35% 4,97 ± 0,42 Bb 0,033 ± 0,002 Cb 0,41 ± 0,03 Cb 0,36 ± 0,04 Ca Cc Bb 0,43 ± 0,04 Ba 0,043 ± 0,003 0,71 ± 0,04 Bb 25% ABb 0,054 ± 0,004 0,40 ± 0,04 25% 5,18 ± 0,38 0,60 ± 0,04 15% 6,04 ± 0,51 Aa 0,06 ± 0,004 Ba 0,76 ± 0,05 ABa 0,53 ± 0,03 Aa 100% 8,93 ± 0,62 Aa 0,178 ± 0,021 Aa 1,30 ± 0,13 Aa 0,50 ± 0,05 Aa 60% 6,57 ± 0,48 Ba 0,047 ± 0,004 Cb 0,57 ± 0,04 Cb 0,37 ± 0,05 Bb 35% 5,03 ± 0,34 Cb 0,033 ± 0,002 Db 0,46 ± 0,03 Cb 0,32 ± 0,04 Ba 25% 7,23 ± 0,57 ABa 0,083 ± 0,011 Ba 1,02 ± 0,11 Ba 0,45 ± 0,04 ABa 15% 5,09 ± 0,41 Cb 0,042 ± 0,003 Cc 0,57 ± 0,04 Cb 0,44 ± 0,04 ABab Não houve diferença intermorfotípica para A/E, com a variação dos níveis de irradiância, exceto para o variante SV em 35% de irradiância (Figura 5A). As diferenças significativas (p≤ 0,05) foram apenas intramorfotípica, cujos maiores valores de A/E foram apresentados pelo variante SV em 100% de irradiância, seguido pelo MV em 100%, 60% e 35%, que não diferiram significativamente (p≤ 0,05) entre si, e pelo LV em 60% e 35% de 41 irradiância. Em contrapartida, verificaram-se diferenças intra e intermorfotípicas para A/gs (Figura 5B). Os maiores valores de A/gs foram observados pelo variante SV em 15% de irradiância, pelo LV em 60%, que não diferiu significativamente (p≤ 0,05) de 35% de irradiância, e pelo MV em 100% de irradiância, que também não diferiu significativamente (p≤ 0,05) de 60%, 35% e 25% de irradiância. Figura 5 – Eficiências instantânea (A/E) (A) e intrínseca (A/gs) do uso da água (B) em plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). Observaram-se variações intra e intermorfotípicas significativas (p≤0,05) para os teores de pigmentos cloroplastídicos, com as mudanças dos níveis de irradiância. Verificou-se que os teores de Chl a, Chl b e Chl T foram consideravelmente maiores nas plantas mais sombreadas em relação às que foram cultivadas a 100% de irradiância, cujos valores médios diferiram significativamente (p≤ 0,05) para os três variantes morfológicos de pau-brasil 42 (Figuras 6 e 7). Os maiores teores de Chl a encontrados para os variantes morfológicos MV, LV e SV foram de 7,97; 6,25 e 5,55 mg dm-2, respectivamente, quando expostos ao tratamento de 25% de irradiância, embora para SV este valor não diferiu significativamente (p≤ 0,05) do tratamento de 35% de irradiância (Figura 6A). Por outro lado, os maiores teores de Chl b, foram apresentados pelo variante morfológicos SV, no tratamento com 35% de irradiância, e pelos variantes MV e LV, ambos no tratamento com 25% de irradiância, cujos teores foram de 4,95, 4,92 e 3,74 mg dm-2, respectivamente (Figura 6B). Além disso, os maiores teores de Chl T foram apresentados pelo variante morfológico MV (12,9 mg dm-2) no tratamento com 25% de irradiância; seguido pelo SV (10,4 mg dm-2) no tratamento com 35% de irradiância, que não deferiu significativamente (p≤0,05) do tratamento a 15% de irradiância; e pelo LV (9,99 mg dm-2) exposto ao tratamento com 25% de irradiância (Figura 7B). Houve uma variação na razão de Chl a/b em relação aos tratamentos, as maiores razões foram encontradas em condições de baixa irradiância, cujos valores foram de 1,57 1,62 e 1,67 mg dm-2 para os variantes morfológicos SV, MV e LV, respectivamente, no tratamento correspondente a 25% de irradiância (Figura 6C). Em relação aos carotenóides (Figura 7A), os maiores teores foram apresentados pelos variantes morfológicos MV (1,60 mg dm-2), no tratamento de 60% de irradiância; LV (1,33 mg dm-2), no tratamento de 35% de irradiância, que não diferiu significativamente (p≤ 0,05) dos tratamentos de 25 e 100% de irradiância; e SV (1,31 mg dm-2) no tratamento a 100% de irradiância. Por outro lado, as maiores razões Car/Chl T (Figura 7C), ao contrário da razão Chl a/b, foram encontradas nos maiores níveis de irradiância, cujos maiores valores foram apresentados pelos variantes morfológicos MV, SV e LV, nas irradiâncias correspondentes a 35, 60 e 100% respectivamente. 43 Figura 6 – Teores de clorofila a (Chl a) (A), clorofila b (Chl b) (B) e razão entre os teores de Chl a e Chl b (Chl a/b) (C) em folhas de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). 44 Figura 7 – Teores de carotenóides (Car), (A) clorofila total (Chl T) (B) e razão entre os teores de carotenóides e clorofila total (Car/Chl T) (C) em folhas de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). 45 Observou-se, para os variantes morfológicos de C. echinata, que os valores de NF diferiram apenas intramorfotipicamente, com a variação da irradiância (Figura 8A). Os maiores valores de NF foram encontrados para os variantes SV, MV e LV em 100%, 100% e 60% de irradiância, respectivamente. Houve variações intra e intermorfotípicas significativas (p≤ 0,05) para ALT e DC para as variantes morfológicos de C. echinata, em função dos níveis de irradiância (Figura 8B e 8C). Os maiores valores de ALT foram encontrados para os variantes SV e LV em 35% e 100% de irradiância, respectivamente, ao passo que para o variante MV não se verificou diferenças significativas para ALT em relação à variação da irradiância (Figura 8B). Entretanto, para DC os maiores valores foram apresentados, para todos variantes morfológicos avaliados, em 100% de irradiância (Figura 8C). Verificaram-se diferenças intra e intermorfotípicas significativas (p≤ 0,05) para MSR, MSF, MSC e MST dos variantes de C. echinata, com a variação dos níveis de irradiância (Figura 9A-D). Os maiores valores de MSR, MSF, MSC e MST foram apresentados pelos variantes morfológicos SV, MV e LV em 100% de irradiância (Figura 9A-D), exceto para o variante SV, cujo maior valor de MSF foi encontrado em 35% de irradiância. Para RMR, RMC e RMF, observaram-se variações intra e intermorfotípicas, para os variantes morfológicos de C. echinata, com as mudanças dos níveis de irradiância (Figura 10). Os maiores valores de RMR foram alcançados pelos variantes MV e LV no tratamento de 100% de irradiância. Para o variante SV os maiores valores foram obtidos em 100% e 60% de irradiância, que não diferiram significativamente (p≤ 0,05) entre si. Entretanto, para RMC, os maiores valores foram apresentados pelo variante LV em 100% de irradiância e pelo MV em 100% e 60% de irradiância, que também não diferiram significativamente entre si. Para o variante morfológico SV não houve diferença intramorfotípica para RMC, com a variação da irradiância. Em contrapartida, para RMF, os maiores valores foram apresentados pelos variantes MV e LV em 35, 25 e 15% de irradiância, que não diferiram intramorfotipicamente (p≤ 0,05); ao passo que para SV, o maior valor de RMF foi encontrado em 25% de irradiância. 46 Figura 8 – Número de folhas (A), altura total (B) e diâmetro do caule (C) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). 47 Figura 9 – Biomassas secas de raiz (MSR) (A), folha (MSF) (B), caule (MSC) (C) e total (MST) (D) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). 48 Figura 10 – Razões de massa de raiz (A), caule (B) e folha (C) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de dez repetições (± EP). 49 Para AF os variantes SV e MV não diferiram intramorfotípicamente, no entanto, os variantes SV e LV não diferiram intermorfotípicamente, exceto o variante SV em 60% de irradiância (Figura 11). Houve variações intramorfotípicas significativas (p≤0,05) para AFE entre os variantes morfológicos de C. echinata. Entretanto, os variantes MV e LV não diferiram intermorfotipicamente. Os maiores valores de AFE foram alcançados pelos variantes SV no tratamento de 25% de irradiância, ao passo que para o variante MV os maiores valores foram obtidos em 35 e 25% de irradiância, que não diferiram significativamente (p≤ 0,05) entre si. Já para o variante LV o maior valor de AFE foi encontrado no tratamento a 35% de irradiância, que não diferiu significativamente (p≤0,05) do tratamento a 25 e 15% de irradiância. Em relação a RAF, observou-se variação intra e intermorfotípicas, para os variantes morfológicos com as mudanças dos níveis de irradiância. Os maiores valores de RAF foram obtidos por SV e MV em 25% de irradiância, enquanto que para LV os maiores valores foram alcançados em 35, 25 e 15% de irradiância, uma vez que não diferiram significativamente (p≤ 0,05) entre si (Figura 11). Evidenciou-se, com a variação da irradiância, a existência de diferenças intra e intermorfotípicas em relação às variáveis MFE, TCR, TCRA, TCRD e TAL para os diversos variantes morfológicos de C. echinata avaliados (Figura 12 e 13). Os maiores valores de MFE foram observados para os variantes SV, MV e LV em 100% de irradiância, embora para SV o maior valor de MFE não tenha diferido significativamente de 60% de irradiância. Entretanto, para TCR, os três variantes morfológicos avaliados alcançaram os maiores valores também em 100% de irradiância, a exceção do variante LV, cujos valores de TCR não diferiram significativamente (p≤ 0,05) entre si em 100% e 60% de irradiância. Em relação a TCR A, os maiores valores foram obtidos pelo variante SV em 35%, pelo MV em 100% e 35% e pelo LV em 100% de irradiância. Em contrapartida, para TCRD, os maiores valores foram atingidos, pelos três variantes morfológicos, em 100% de irradiância, a exceção do variante SV, cujos maiores valores não diferiram significativamente entre si, em 100% e 60% de irradiância. Por outro lado, os maiores valores de TAL foram alcançados pelos três variantes de C. echinata em 100% de irradiância, a exceção do variante morfológico LV, cujos maiores valores de TCR não diferiram significativamente (p≤ 0,05) em 100% e 60% de irradiância. 50 Figura 11 – Área foliar específica (AFE) (A), razão de área foliar (RAF) (B) e área foliar total (AF) (C) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de dez repetições (± EP). 51 Figura 12 – Massa foliar especifica (MFE) (A) e taxa assimilatória liquida (TAL) (B) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de dez repetições (± EP). 52 Figura 13 – Taxa de crescimento relativo (TCR) (A), taxa de crescimento relativo em altura (TCRA) (B) e taxa de crescimento relativo em diâmetro (TCRD) (C) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata crescidas em diferentes níveis de irradiância, aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de dez repetições (± EP). 53 Houve variação intra e intermorfotípica, para o teor de amido, somente em nível foliar (Figura 14C). Os maiores teores de amido foliar foram obtidos pelo variante SV, em 60% de irradiância, que não diferiu significativamente (p≤ 0,05) de 100% e 25% de irradiância, e pelos variantes MV e LV em 60% de irradiância. Em contrapartida, o teor de amido no caule manteve-se relativamente constante, independentemente de variantes morfológicos e da variação dos níveis de irradiância, a exceção dos variantes SV e LV que obtiveram o maior e o menor teor de amido no caule em 25% e 15% de irradiância, respectivamente (Figura 14B). O mesmo fato se observou para o teor de amido na raiz, a exceção do morfotipo MV, que apresentou o menor teor em 60% de irradiância (Figura 14A). Observou-se, nos diferentes órgãos das plantas dos diversos variantes morfológicos de C. echinata, que as variações no teor AST se comportaram de maneira similar às variações dos teores de amido (Figura 15). Basicamente, as variações intra e intermorfotípicas, em relação aos teores AST, ocorreram principalmente em nível foliar, cujos maiores teores foram encontrados para o variante SV em 60 e 35% de irradiância e para os variantes MV e LV em 100% de irradiância (Figura 15C). Os teores de AST no caule, para os variantes morfológicos MV e LV, não diferiram significativamente (p≤ 0,05) em relação aos níveis de irradiância, a exceção do variante SV que apresentou um aumento no teor de AST no caule em 15% de irradiância (Figura 15B). Em contrapartida, os maiores teores de AST na raiz foram encontrados para os variantes MV e LV em 35% de irradiância, ao passo que para o variante SV não se observou alterações significativas (p≤ 0,05) nos teores de AST com a variação da irradiância (Figura 15A). 54 Figura 14 – Teor de amido na raiz (A), no caule (B) e na folha (C) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). 55 Figura 15 – Teor de açúcares solúveis totais (AST) na raiz (A), no caule (B) e na folha (C) de plantas jovens de três variantes morfológicos de C. echinata (folha pequena (SV); folha média (MV) e folha grande (LV)) crescidas em diferentes níveis de irradiância aos 24 meses após a emergência. Médias intra e intermorfotípicas, seguidas pelas mesmas letras maiúsculas e minúsculas, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤0,05). Valores médios de cinco repetições (± EP). 56 6. DISCUSSÃO Os maiores valores de Amax (Tabela 4) dos variantes morfológicos LV e SV foram encontrados no tratamento a 100% de irradiância, com decréscimos nos níveis subsequentes de sombreamento, demonstrando a capacidade de aclimatação dessa espécie a ambientes com elevada RFA. Constatou-se que os maiores valores para Rd e α foram registrados para o variante SV a 100% de irradiância. Segundo SACCO (1980) são características de espécies heliófitas encontradas nos limites externos das matas preservadas, florestas secundárias e em áreas de restingas litorâneas. Por outro lado, se observou uma inversão nos valores de Amax para o variante morfológico MV (Tabela 4). Plantas adaptadas a ambientes sombreados são mais eficientes fotossinteticamente, perdendo esta eficiência em níveis elevados de RFA (LEVERENZ, 1995). Zhang et al., (2003) afirmaram que o valor elevado de Amax para plântulas crescendo sob sombreamento é um indicativo da plasticidade fisiológica ao adaptarse a ambientes com reduzida RFA. Os vegetais são perfeitamente capazes de adaptação, em maior ou menor grau, em função dos diferentes gradientes de luz (GIVNISH, 1988), denotando que a plasticidade fenotípica, independente das condições de sol e sombra, é de elevada importância, tanto para a própria sobrevivência como seu crescimento em ambientes heterodinâmicos, como as florestas tropicais úmidas (VALLADARES et al., 2000; ROZENDAAL et al., 2006). Essa capacidade determina o potencial da espécie em adaptar-se às condições de sol ou sombra, podendo ser avaliada pelo crescimento inicial sob diferentes condições de disponibilidade de luz (MIELKE; SCHAFFER, 2010). A variação decrescente dos valores de Rd (Tabela 4) e de TCR (Figura 13) com a diminuição de RFA, indica que quanto menor for Rd, menor também será a taxa de crescimento. Os dados discordam da existência de uma correlação inversa da Rd e TCR, onde o menor consumo de carbono na respiração representa maior proporção de carbono disponível para o crescimento (HOPKINS, 2000). Notou-se um aumento dos valores de gs dos variantes LV e MV no tratamento a 100% de irradiância e para o SV no tratamento a 60% de irradiância (Tabela 5). O 57 relacionamento destes dados com os valores de A para os variantes SV, MV e LV indicam alterações na abertura dos estômatos pela variação da RFA. Mesmo não havendo uma diferença significativa (p≤0,05) de gs e A para os tratamentos a 100%, 60%, 35% e 15% de irradiância, observou-se similaridade na concentração de Ci/Ca dos variantes LV, SV e MV nos tratamentos de 100%, 60% e 15% de irradiância, respectivamente. Essa variação também foi descrita por Wong et al. (1978), Daley et al. (1989), Santos (2009) e Lavinscky (2009), indicando que uma menor A pode estar associada a uma menor gs, implicando em elevação da eficiência intrínseca do uso da água (A/gs). Entretanto, Costa (1996), observando tais variações, determinou que na relação de RFA com A e gs, a energia capturada não utilizada no sistema pode ser prejudicial ao maquinário fotossintético, causando fotodestruição das moléculas de clorofila. Segundo Silva et al. (2004), Reis e Campostrini (2011), a estimativa da resposta de A às variações ambientais assume que a razão Ci/Ca influencia a taxa de assimilação de CO2, que é calculada sob condições de saturação de luz, regulada pela regeneração da ribulose-1,5bisfosfato (RuBP), ou pela atividade catalítica da Rubisco, quando a concentração de RuBP no cloroplasto está próxima a saturação. Nesse sentido, somente os variantes morfológicos LV e SV obtiveram maior taxa assimilatória de CO2, quando expostos ao tratamento com 100% de irradiância e o MV ao tratamento com 15% de irradiância. O interessante é o fato de dois variantes reagirem de forma completamente opostas quanto à intensidade de RFA e Rd. O variante LV atingiu melhor desempenho em assimilação de CO2 com taxa respiratória elevada, quando em 100% de irradiância (Tabela 2), ao passo que o variante MV obteve maior A e Rd elevado, quando a 15% de irradiância. Os dados confirmam as informações de Siebke et al. (2002) e de Reis e Campostrini (2011) que apontam que o balanço de CO2 está nitidamente relacionado a Rd e a condutância de CO2 no mesofilo, sendo esta última a variável chave para a determinação de Ci/Ca. Ao contrário de Lloyd e Farqhar (1994), o que se pôde comprovar, exceto para os variantes LV e SV, é que os valores de Ci/Ca variam de acordo com o ambiente, com tendência a serem mais elevados em espécies mesomórficas do que em espécies xeromórficas, onde o variante MV, mais tolerante ao sombreamento, apresentou valores mais elevados de Ci/Ca do que os demais variantes, consideradas plantas de pleno sol. Verificou-se, em relação A/E, que os maiores valores foram registrados para os variantes morfológicos de pau-brasil em ambientes de maior irradiância, que corresponderam aos menores valores de gs e E, o que reduziu a perda de água por transpiração, exceto para o variante MV no tratamento com 100% de irradiância, acordando com as ideias de Liberato et al. (2006) e Gonçalves et al. (2009), pois a pleno sol pode ter havido deficiência hídrica, que 58 por sua vez, pode ter afetado o potencial hídrico foliar, o status nutricional e as trocas gasosas foliares, influenciando diretamente o desenvolvimento da planta. Os valores de A/E traduzem, também, a capacidade demonstrada pelos variantes morfológicos quanto a A/gs, registrando padrões semelhantes durante a aclimatação de cada variante morfológico (Figura 5). Ferreira et al. (2012), trabalhando com plantas jovens de Bertholletia excelsa, detectaram que a manutenção de elevadas taxas fotossintéticas associadas a menores valores de gs e E são características de plantas tolerantes a menor quantidade de água disponível no solo. Esta característica se reflete diretamente nos elevados valores de A/E e A/gs, cujos patamares servem como indicadores para monitoramento do estabelecimento de plantas e demonstração da plasticidade fisiológica aos diversos tratamentos e complementos abióticos ambientais. As maiores concentrações de CO2 assimilado foram registradas para os variantes LV quando exposto ao tratamento com 35% de irradiância, com valores de A/E na ordem de 10,3 µmol CO2 mmol-1 H2O. Isso representa a eficiência com que os variantes morfológicos utilizam a água ao mesmo tempo em que realizam a fotossíntese, sendo o movimento estomático o principal mecanismo de controle das trocas gasosas em nível foliar (TATAGIBA et al., 2007). Entretanto, Tenhunem et al. (1987); Tatagiba et al. (2007) estabeleceram que o funcionamento dos estômatos constitui um comprometimento fisiológico, pois, quando abertos, permitem a assimilação de CO2 e, quando fechados, promovem uma maior eficiência do uso da água. Logo, a eficiência no uso da água muda quando a difusão do CO2 ou da água são alteradas. Segundo Larcher (2000), quando os estômatos estão totalmente abertos, a absorção de CO2 é mais limitada pela resistência de transferência do que a perda de água por transpiração, sendo que a melhor relação entre absorção de CO2 e perda de água é alcançada quando os estômatos estão parcialmente fechados. Machado et al. (2005) estudando Citrus, também detectou os menores valores de A/E com a elevação dos valores de A, gs e E. A eficiência fotossintética das plantas está fortemente relacionada aos teores de clorofila em nível foliar (ALMEIDA et al., 2004), uma vez que esses pigmentos cloroplastídicos são responsáveis pela captura da radiação eletromagnética usada na fotossíntese, sendo, portanto, essenciais na conversão da radiação luminosa em energia química, na forma de ATP e NADPH + H+ (JESUS; MARENCO, 2008). O maior acúmulo de clorofila em níveis mais sombreados pode ser devido ao efeito compensatório da espécie à menor quantidade de radiação luminosa disponível (ALMEIDA et al., 2004; MARTINAZZO et al., 2007). Os dados corroboram as ideias de Fermino-Jr (2004) que aponta que a redução 59 no teor de clorofila, em ambientes de maiores irradiações, pode atuar como um mecanismo de redução da fotoinibição. De acordo com Tan et al. (2000), há uma maior taxa de degradação de clorofila em ambientes sob alta irradiância, tratando-se de um ajuste fisiológico mediante baixa concentração de clorofila. Rego e Possamai (2006) verificaram que plantas de Cariniana legalis respondem ao aumento da luminosidade com a redução dos teores de clorofila a, b e total. Morais et al. (2007), por sua vez, observaram que espécies arbóreas da Amazônia, que crescem sob sombreamento, apresentam maior teor foliar de clorofila. Almeida et al. (2004) e Fermino-Jr (2004), além de observar maior teor de clorofila em folhas sombreadas, verificaram que, com o aumento da irradiância, as plantas apresentam redução da razão Chl a/b. A clorofila b e os carotenóides são considerados pigmentos acessórios do processo fotossintético, pois, embora não estejam relacionados à captura da energia luminosa nos centros de reação (papel desenvolvido pela clorofila a), promovem fotoproteção ao sistema (MARENCO; LOPES, 2009). Desta forma, a relação Chl a/b e Car/Chl T são indicadores da plasticidade fisiológica em relação à alteração nas condições de luminosidade (SCALON et al., 2003; KITAJIMA; HOGAN, 2003). Almeida et al. (2004) também observaram redução da razão Chl a/b em plantas de Cryptocaria aschersoriana cultivadas em maiores irradiância, quando comparado ao cultivo sombreado (30, 50 e 70% sombreamento). Enquanto maiores níveis de clorofila b podem ser encontrados em condições de baixa luminosidade, atuando no aumento da captação de luz (captação de energia em comprimentos de onda diferentes que a clorofila a) (SCALON et al. 2003), a clorofila a é mais sensível ao aumento da radiação do que a clorofila b, sendo degradada mais facilmente (TAN et al., 2000; MAGALHÃES et al. 2009). Assim, a razão clorofila a/b tende a diminuir tanto em plantas que se desenvolvem em sombreamento intenso, quando em plantas submetidas à elevada irradiância. A relação entre Car/Chl T foi menor nas plantas em pleno sol, fato também observado por Magalhães et al. (2009) em plantas de Minquartia guianensis. O aumento do teor de carotenóides pode atuar na aclimatação à alta irradiância por desempenharem um papel relevante na dissipação de energia sob a forma de calor (DEMMIG-ADAMS; ADAMS, 2006; MARENCO; LOPES, 2009). Verificou-se que o sombreamento influenciou o crescimento, de maneira significativa, dos três variantes morfológicos de C. echinata. O aumento do NF teve um comportamento diferenciado para os diversos tratamentos de irradiância (Figura 8A), sendo o variante SV o que apresentou maior NF no tratamento a 100% de irradiância. No geral, quanto maior o número de folhas, maior será o número de estômatos e maior a transpiração. 60 Isso permite também uma maior absorção de CO2 e um aumento da atividade fotossintética em resposta ao sombreamento (PASSOS, 1997). Em relação ao crescimento em ALT, os maiores valores foram atingidos pelos variantes SV e LV em 35% e 100% de irradiância, respectivamente; ao passo que não houve resposta significativa (p≤ 0,05) do variante MV à variação da irradiância. Segundo Osunkoya et al. (1994) e Claussen (1996), o crescimento em altura de muitas plantas é limitado pela quantidade de luz disponível, e muitas desenvolvem estratégias para sobreviverem e se estabelecerem em ambiente de pouca luz. Por outro lado, o aumento de DC foi diretamente proporcional à intensidade de radiação luminosa. Todos os variantes morfológicos analisados apresentaram maior incremento de DC principalmente em 100% de irradiância. Estes resultados diferem daqueles obtidos por Aguiar et al. (2005), que encontraram maiores valores de DC para mudas de pau-brasil cultivadas em 20% e 40% de sombreamento. O estudo da massa seca revelou aspectos interessantes quanto ao comportamento das raízes dos variantes morfológicos de pau-brasil. Os resultados mostraram a existência de um decréscimo significativo (p≤0,05) de MSR, com a redução da intensidade de radiação luminosa (Figura 9A). Este decréscimo se deveu, provavelmente, à menor disponibilidade de carboidratos para planta em condições de baixa irradiância, uma vez que o maior acúmulo de MSR foi registrado para todos os variantes morfológicos crescendo em 100% de irradiância. Em contrapartida, o variante SV respondeu contrariamente aos efeitos da diminuição da luminosidade no tratamento de 15% de irradiância. Isto ocorreu, provavelmente, devido à diminuição do período de recepção de assimilados, sob baixos níveis de radiação, em razão da maior capacidade mobilizadora (força do dreno) do sistema radicular. Fanti et al. (2002), trabalhando com Adenanthera pavonina, também encontraram resultados semelhantes, em relação a diminuição de MSR com a redução da irradiância. Além disso, estes autores verificaram que os maiores valores de MSR foram obtidos por plantas crescendo em alta irradiância e em solo adubado, seguido por plantas crescendo também em alta luminosidade, mas em solo sem adubação. Por outro lado, observou-se, para os três variantes de C. echinata, que o acúmulo de MSF não foi diretamente proporcional ao aumento da irradiância. Os resultados revelaram que MSF apresentou maiores valores para o variante SV, quando submetido a 35%, 100% e 15% de irradiância, respectivamente (Figura 8B). Em contrapartida, Lima et al. (2010), trabalhando com três espécies arbóreas nativas (C. echinata, Cariniana legalis e Genipa americana) apontaram acúmulo de MSF proporcionalmente ao aumento da disponibilidade de luz. 61 Ao contrário de MSF, verificou-se, no presente estudo, que houve maior acúmulo de MSC com o incremento da irradiância. Fato também observado por Illenseer e Paulino (2002) trabalhando com Euterpe edulis e por Lima et al. (2010). Entretanto, para todos os variantes morfológicos de C. echinata avaliados, o acúmulo de MST foi diretamente proporcional ao aumento da irradiância. De acordo com Mengarda (2009), o crescimento e desenvolvimento das plantas são afetados por diversos fatores ambientais, sendo a irradiância o parâmetro diretamente ligado à produção de biomassa, regulando o ganho de energia e o metabolismo de carboidratos por meio da fotossíntese. Desta forma, a luz é um dos fatores abióticos mais importantes no estabelecimento da vegetação. Mudas cultivadas a altas irradiâncias apresentaram RMF inferior àquelas cultivadas sob condições de menores intensidades de irradiância, demonstrando maior intensidade de exportação de fotoassimilados da folha sob alta luminosidade. Alteração da taxa de crescimento relativo (TCR) é dependente de alteração na fisiologia da planta, medida pela capacidade fotossintética em relação à área fotossintetizante, ou seja, na TAL e, ou na morfologia, medida pela razão de área foliar (RAF) (HUNT, 1990). Sob baixa irradiância, as plantas tendem a aumentar a RAF ou a RMF como uma estratégia de adaptação ao sombreamento para ganho de carbono (ALMEIDA et al., 2005; SOUZA; VALIO, 2003). Os variantes LV, SV e MV apresentaram maior valores de AF quando submetidos aos tratamentos com 60%, 35% e 35% de irradiância, respectivamente (Figura 11). Por outro lado, estes variantes morfológicos apresentaram maior MFE e menor AF, quando cultivados nos tratamentos a 100% e 35% de irradiância, respectivamente, quando comparado com os tratamentos sombreados. Em estudos realizados por Mengarda (2009), com a mesma espécie, avaliando o crescimento das plantas em diferentes regimes de luz, pôde-se observar também que o aumento da irradiância afetou diretamente AF das plantas, cujos melhores resultados para AF foram obtidos nos tratamentos sombreados. Voltan et al. (1992) e Fahl et al. (1994), ao avaliarem o crescimento de plantas de Coffea arabica, encontraram maiores valores de MFE e menor de AF em plantas submetidas a pleno sol, sugerindo que a radiação excessiva foi limitante para o crescimento foliar. A expansão foliar em condições de baixa irradiância é frequentemente relatada e indica uma maneira da planta compensar a diminuição da luz, com melhor utilização deste recurso, aumentando área de superfície (CAMPOS; UCHIDA, 2002). Normalmente, AF e sua taxa de expansão aumentam com a diminuição da densidade do fluxo radiante; consequentemente, há um decréscimo na densidade de estômatos, o que indica um mecanismo de aclimatação da planta a baixos níveis de luz. Assim, as plantas tendem a 62 promover a expansão máxima da superfície foliar, captando, com maior eficiência, a luz disponível. RAF representa o tamanho da superfície assimilatória em relação à biomassa seca total. Essa característica de crescimento apresentou valores mais elevados, quanto os diversos variantes morfológicos de C. echinata foram submetidos aos menores níveis de irradiância. Segundo Fanti et al. (2002), um menor valor de RAF, em plantas submetidas a altas intensidades de radiação luminosa, é considerado como uma resultante da capacidade da planta em se aclimatar a diferentes condições de luz, dentro de certos limites. Por outro lado, TAL, que descreve a eficiência da produção líquida do aparelho assimilatório, também aumentou nos maiores níveis de irradiância, principalmente para o variante morfológico SV. Fato também observado por Mesquita et al. (2002) em relação ao aumento de TAL. Ademais, TCR, que representa o incremento de biomassa em relação à biomassa pré-existente, também aumentou com o incremento de luz, uma vez que TCR resulta de TAL x RAF. Logo, comparativamente, os resultados do presente trabalho mostraram haver similaridade de TCR e TAL, cujos maiores valores foram encontrados para os variantes morfológicos crescidos a pleno sol. Estes resultados contradizem os de Mengarda (2009) que demonstrou maiores valores de TCR e TAL para plantas jovens de C. echinata crescidas em 50% de irradiância. Interessante, entretanto, é a relação existente entre as variáveis RAF, AF, TCR e TAL. Apesar de os maiores valores de TCR e TAL terem sido obtidos em 100% de irradiância e os de RAF em 25 e 35% de irradiância, ficou demonstrado que tais incrementos condizem com plantas crescendo sob baixa intensidade de radiação luminosa, indicando alterações fisiológicas no sentido de maximizar ganhos fotossintéticos em função da diminuição de RAF. A relação existente entre aumento de AF e RAF, diminuição de TCR e TAL e redução da fotossíntese em baixos níveis de luz, representa mais uma estratégia da planta para sobreviver do que para crescer. Fato também evidenciado por Almeida et al. (2005) e Souza e Valio (2003), que alegaram que as plantas tendem a aumentar a AF e RAF, quando colocadas sob condições de baixa irradiância, como sendo uma estratégia de adaptação ao sombreamento para ganho de carbono. Logo, pôde-se observar, para o variante morfológico LV, que o maior valor da A foi obtido em 100% de irradiância (8,93 μmol m-2 s-1). Nestas condições, a TAL conferiu melhores resultados àquele variante, indicando melhor aclimatação e adaptabilidade do aparato fotossintético. Entretanto, se levarmos em conta a relação de A, gs, E, Ci/Ca com TAL, verificou-se que os melhores resultados foram obtidos com os variantes morfológicos localizados nos tratamentos intermediários (35 e 15% de irradiância), concordando com os resultados obtidos por Mergarda (2009). De acordo com 63 Encinas et al. (2005), existem árvores dominantes e dominadas. O tamanho e a forma das árvores são claramente dependentes das características locais e das condições edafoclimáticas em que estão se desenvolvendo. Desta forma, os variantes morfológicos de pau-brasil, ou seja, árvores da mesma espécie, podem apresentar diferenças marcantes nas suas variáveis dendrométricas, na tentativa de otimizar o crescimento por meio de aclimatação aos efeitos do local e, principalmente, da intensidade de luz disponível para o crescimento correspondente. Para os variantes morfológicos SV, MV e LV, o tratamento com 100% de irradiância favoreceu o crescimento, quando comparados aos demais tratamentos. Os menores valores de MFE, TCR, TCRA e TCRD, apresentados nos tratamentos 60%, 35%, 25% e 15% irradiância (Figura 12 e 13), foram fatores limitantes para o desenvolvimento destes variantes morfológicos nestas condições. Os resultados obtidos contradizem as informações relatadas por Poggiani et al. (1992) e Demuner et al. (2004) que, estudando Piptadenia rigida, Schizolobium parahyba e Albizzia lebbeck, demonstraram que tais espécies apresentaram melhor rendimento em tratamentos sombreados, principalmente a 80% de sombreamento. Logo, as respostas de crescimento dos variantes morfológicos do C. echinata à irradiância podem indicar a capacidade de aclimatação destes variantes para maximizar o uso eficiente de nutrientes e da água em condições de variação da radiação luminosa. Assim, o variante morfológico LV está melhor aparelhado para se desenvolver e crescer a pleno sol. Os variantes morfológicos SV, MV e LV, em resposta aos diferentes níveis de irradiância, mostraram aclimatações fisiológicas e bioquímicas na tentativa de maximizar os ganhos fotossintéticos. Fato também observado por Soriani et al. (2012) em trabalhos realizados com as espécies Pterogyne nitens, Hymenaea courbaril e Copaifera langsdorffii, avaliando teores de carboidratos e crescimento destas espécies aclimatadas em três condições de irradiância. O amido, um dos carboidratos de armazenamento mais abundante encontrado nas plantas, que suporta o metabolismo e crescimento no escuro, normalmente não é transportado do cloroplasto para os drenos metabólicos até que seja totalmente hidrolisado em moléculas de glicose, sendo degradado dentro dos plastídeos onde foi sintetizado (ZEEMAN et al., 2004; TAIZ; ZEIGER, 2009). Desta forma, os padrões de armazenamento do amido podem estar diferenciados em vários tecidos, sofrendo, com isso, os efeitos imediatos das variações de irradiância. No presente trabalho, o aumento da irradiância provocou elevação dos teores de AST e de amido nas folhas para todos os variantes morfológicos avaliados, ao passo que para o variante morfológico SV os teores de AST e de amido foram maiores no caule, a 15% e 25% de irradiância, respectivamente. Entretanto, os teores de amido na raiz não sofreram influência direta da radiação luminosa, ao passo que os maiores teores de AST 64 para os variantes MV e LV foram encontrados a 35% de irradiância. Estes resultados contradizem com os encontrados por Casagrande Jr. et al. (1999), avaliando outras espécies, ao afirmaram que aumento do sombreamento eleva os teores de amido nas folhas. Por outro lado, Soriani et al. (2012), trabalhando com três espécies arbóreas, não observaram diferenças significativas na concentração de amido em folhas, com a variação da irradiância. Segundo estes autores, a espécie Hymenaea courbaril apresentou maior teor de amido em condições de sombra do que a pleno sol. 65 7. CONCLUSÕES Os variantes morfológicos de pau-brasil ajustaram seu aparato fotossintético, no sentido de maximizar os ganhos de energia, por meio de plasticidade fisiológica diferenciada, durante a aclimatação aos diferentes ambientes de radiação luminosa. A variação da irradiância influenciou positivamente a assimilação do CO2, quando relacionada com gs e E, dando condições aos variantes morfológicos de atingirem o seu crescimento potencial, demonstrado pelo aumento de TCR com o incremento da intensidade de luz. As mudanças nos padrões biométricos dos variantes de pau-brasil foram afetadas pela irradiância, em consequência das variações nos ganhos de biomassa determinados por TAL e TCR. Houve uma diferenciação dos variantes morfológicos em relação à assimilação do carbono e a variação da irradiância. O variante LV se aclimatou melhor em condição de 100% de irradiância; ao passo que os variantes SV e MV se aclimataram melhor em condições de 35 e 15%, respectivamente. 66 8. 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