PO46 - Veranatura

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PO46
OSTEOMA DA COROIDE - CASO CLÍNICO
Joana Mendes Pereira, António Campos, Pedro Alfaiate, Luís Violante, Mónica Santos,
João Paulo Castro Sousa
(Centro Hospitalar de Leiria)
Introdução: Osteomas da coróide são tumores raros benignos que surgem como massas amarelo-esbranquiçadas irregulares,
justa-papilares de limites bem definidos, perda de pigmento do epitélio pigmentar da retina (EPR) sobrejacente e com
múltiplas pequenas redes vasculares à superfície do tumor. O nosso objetivo foi o de relatar um caso clínico de osteoma da
coroide e efetuar uma breve revisão sobre esta entidade clínica.
Material e Métodos: Estudo descritivo, retrospetivo de um caso clínico, baseado na história clínica, no exame oftalmológico e
na análise dos exames complementares de diagnóstico, associado a revisão da literatura.
Resultados: Doente do sexo feminino de 37 anos com baixa da acuidade visual no olho esquerdo (OE) desde há 9 anos. A
melhor acuidade visual corrigida era de 10/10 no olho direito e de dedos a 1 metro no OE (visão excêntrica). À fundoscopia do
OE observavam-se alterações extensas atróficas e hipertróficas com edema subretiniano e fibrose extensa. A tomografia axial
computorizada das órbitas revelava uma calcificação da parede posterior do globo ocular esquerdo adjacente à região
temporal do nervo ótico, com extensão superior e inferior. Realizou angiografia fluoresceínica onde se evidenciava um padrão
de enchimento desigual hiperfluorescente precoce com difusão tardia. Foi feito o diagnóstico de osteoma da coroide no OE.
Esta entidade nosológica rara é caracterizada por uma massa coroideia constituída por células ósseas maduras que envolvem a
coroide. A etiologia exata permanece desconhecida. O osteoma da coroide aparece como uma lesão profunda, amareloesbranquiçada com limites definidos e vasculatura que recobre a superfície tumoral. A cor da lesão depende do nível de
despigmentação do EPR. Em estágios precoces a lesão tende a ser laranja-avermelhada, em estágios mais tardios a lesão tornase amarelada devido à perda de pigmento. A histopatologia revela trabéculas ósseas densas com espaços medulares
atravessados por vasos sanguíneos dilatados (vasos em aranha) que são patognomónicos desta entidade. Habitualmente são
tumores de crescimento lento, com um aumento basal de 0,37 mm/ano. As complicações associadas a estes tumores são a
neovascularização coroideia (NVC), fluido subretiniano, hemorragias e descolamentos serosos da retina. Estes descolamentos
podem ocorrer frequentemente na ausência de NVC. O diagnóstico diferencial inclui melanoma coroideu amelanótico, nevus
coroideu amelanótico, carcinoma coroideu metastásico, entre outros. Não existe um tratamento padrão mas apenas dirigido
às complicações derivadas da neovascularização coroideia e fluido subretiniano.
Conclusão: Os osteomas da coroide podem ser facilmente confundidos com outras entidades com apresentação similar.
Estima-se que até 90% dos casos não sejam corretamente diagnosticados. Por esta razão a revisão destes conceitos é
importante para a identificação correta desta rara entidade.
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