Medicamentos vencidos geram uma sindicância

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A GAZETA - 1B
CUIABÁ, 25 DE MAIO DE 2013
ALTO CUSTO
Medicamentos
vencidos geram
uma sindicância
GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT) abriu sindicância para
apurar as responsabilidades sobre dezenas
de caixas de medicamentos vencidos que
deveriam ser distribuídos à população na
Farmácia de Alto Custo. Técnicos da Auditoria Geral do Estado (AGE) vão, nos próximos dias, analisar o material e a documentação da compra destes produtos para tentar
saber por qual motivo os remédios ultrapassaram o prazo de validade antes de serem
entregues. A denúncia da existência de lotes causou revolta em dezenas de pacientes,
que há meses buscam a unidade sem conseguir a continuidade nos tratamentos.
Promotor de Justiça que instaurou 15 inquéritos para apurar a distribuição dos medicamentos, Alexandre de Matos Guedes
classificou o episódio como “erro de gestão”. “Temos duas hipóteses para explicar o
assunto. Ou o Estado, que alega para mim
não conseguir comprar determinados medicamentos, compra e não consegue entregar,
o que é grave, ou não sabe sequer quanto
precisa adquirir e acaba comprando a mais,
gerando desperdício”.
As dezenas de caixas de medicamentos
vencidos foram localizadas no depósito do
Instituto Pernambucano de Assistência e
Saúde (Ipas), Organização Social de Saúde
(OSS), que administra o local. Entre os lotes, produtos vencidos nos meses de dezembro de 2012 e abril deste ano.
Guedes destaca que vai cobrar explicações da SES e também do Ipas, que administra a farmácia, em busca de responsáveis. “Preciso saber quem é que compra estes medicamentos e quem responde pela
distribuição. Houve um erro e isso será apurado”.
O promotor recordou um episódio, registrado há 2 anos, em que o mesmo problema
foi verificado. “Na ocasião, nos prometeram
que isso nunca mais ia acontecer, o que acabou por ser provado que não é verdade,
mesmo com uma OSS para gerenciar o sistema”.
A revelação da existência do problema
causou revolta na população que busca remédios e não encontra no local. Caso de Carina Farias, que tenta dar continuidade ao
tratamento da filha, recentemente transplantada. “É triste saber que enquanto minha filha tem dificuldade, jogam um monte
de medicamento fora porque não foram capazes de distribuir”.
Presidente da Associação dos Pacientes
Renais e Transplantados de Mato Grosso
(Apret), Luzia Canavarros ressalta que falta planejamento na compra de medicamentos. “Compram sem levar em conside-
Mais de 1.000
quilos de medicamentos
foram jogados fora em 2011
Otmar de Oliveira/Arquivo
Denúncia causa revolta em dezenas de pacientes, que lutam para dar continuidade aos tratamentos
ração o cadastro existente. Quem pode garantir que isso [medicamentos vencidos]
não ocorre sempre? Desta vez denunciaram, mas ninguém pode garantir o contrário”, questiona.
OUTRO LADO - A SES informa que
o secretário Mauri Rodrigues de Lima
lamenta o ocorrido e tomou todas as
providencias cabíveis que o caso requer.
CRIANÇA E ADOLESCENTE
845 encaminhamentos a abrigos
BRUNA PINHEIRO
DA REDAÇÃO
Marcello Casal Jr./ABr
Aqueles que não se enquadrem no perfil, ficam anos à espera de uma nova família
68 crianças aptas para adoção
BRUNA PINHEIRO
DA REDAÇÃO
Mato Grosso tem aproximadamente 6 vezes
mais pessoas na fila de espera para adoção do que
crianças aptas para serem
adotadas. Atualmente, há
68 delas em todo o Estado
para 465 pretendentes. O
número, de acordo com
juízes especializados na
área, é o reflexo do “padrão” estabelecido pela
maioria das pessoas no
momento da adoção. A
preferência por crianças
brancas, pequenas e sem
problemas de saúde, faz
com que aqueles que não
se enquadrem neste perfil, fiquem anos à espera
de uma nova família.
Para o corregedor-geral
de Justiça e presidente da
Comissão Estadual Judiciária da Adoção (Ceja),
desembargador Sebastião
de Moraes Filho, este é
um quadro que deve mudar. O magistrado aponta
que as crianças maiores
de 10 anos ou com necessidades especiais são as
menos adotadas. Grupos
de irmãos e adoções interraciais também fazem
parte desse índice. “As
pessoas que pretendem
adotar têm que saber que
os pais são aqueles que
criam, por isso, não se pode escolher uma criança.
É a criança quem escolhe
sua nova família”.
O desembargador destaca a importância de
campanhas e eventos que
incentivem a adoção. “Toda criança tem o direito
de ser criada em uma família que lhe ofereça afeto
e carinho. Se isso não
acontece na sua família
original, pode acontecer
em uma nova”.
Os Conselhos Tutelares e
Varas da Infância e Juventude de Mato Grosso já encaminharam para acolhimento este ano 845 crianças e
adolescentes. Elas são distribuídas para uma das 71
instituições credenciadas
pela Justiça no Estado. Acolhidas, elas aguardam por
decisões judiciais que poderão fazer com que voltem
para suas casas ou sejam
destinadas para adoção.
Secretária-geral da Comissão Estadual Judiciária
da Adoção (Ceja), Ivone
Leite Moreira Moura, explica que para estar apta à
adoção a criança ou adolescente não pode mais ter nenhum vínculo familiar legal. “Uma criança nunca é
destituída de sua família
porque quer. A dependência química, violência e
maus-tratos estão entre as
principais causas que fazem com que os pais negligenciam um filho. Quando
é constatado que aquela família não tem mais condições de criar uma criança
ou adolescente, ele deve ser
retirado do local”.
Para a vice-presidente
da Ceja, desembargadora
Maria Erotides Kneip Baranjak, a quantidade de
adoções em Mato Grosso
pode aumentar, principalmente se determinados mitos forem esclarecidos. Mãe
de 4 filhos, sendo 1 deles
adotado, ela cita que entre
os mitos estão a preocupação com a carga genética da
criança e sua história de vida. “Há também o medo de
não amá-lo igualmente como nosso filho biológico e a
crença de que a adoção só
dará certo com bebês. Adotar não é um ato de caridade, é um ato de amor. Só
por isso, não podemos ter
medo”.
Maria Erotides ressalta
que as mudanças ocorridas
nos últimos anos no campo
da adoção facilitaram o processo para as famílias pretendentes. Entre elas, destaca o Cadastro Nacional de
Adoção.
ABr/Arquivo
Menores aguardam decisões judiciais sobre retorno ou adoção
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