QUÍMICA ANALÍTICA AMBIENTAL 1º período de 2013 Aula 2: Validação em Análises Ambientais Prof. Rafael Sousa Departamento de Química – UFJF www.ufjf.br/baccan NA AULA PASSADA ... A QUÍMICA AMBIENTAL é uma ciência multidisciplinar por envolver não só as áreas básicas da Química como também a Biologia, a Geologia, a Ecologia e a Engenharia Sanitária Estuda processos químicos que ocorrem no meio ambiente Problemas causados pela poluição e/ou os impactos negativos das atividades humanas Conceito de “sustentabilidade” - Reaproveitamento da água e tratamento de efluentes - Menor consumo de recursos naturais (energia) - Menor utilização de materiais (papel, madeira, ...) - Coleta do lixo reciclável ... Química e Engenharias A QUÍMICA AMBIENTAL NÃO É UMA ÁREA “NOVA”... A preocupação com o ambiente é antiga Na década de 70 surgem alguns “resultados” desta preocupação Legislações ambientais Cada vez mais restritivas (preocupação com o destino dos compostos químicos no meio ambiente) Avaliação de riscos ambientais Preocupação com o risco de exposição a novas moléculas produzidas pelo homem, de cuja toxicidade pouco se sabia VÁRIOS CONCEITOS E TERMOS TÉCNICOS EM QUÍMICA AMBIENTAL, EX: Meio-ambiente Biosfera Poluição Poluente Química Analítica: Analítica: determinação e monitoração OS POLUENTES MAIS COMUNS Compostos orgânicos voláteis (VOC), Compostos halogenados, Pesticidas, Metais “pesados”, Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAH) CLASSES (espécies orgânicas, inorgânicas e organometálicos) NÃO ESQUECER DE ESPÉCIES INORGÂNICAS Íons que ocorrem naturalmente no ambiente (águas) podem ter sua concentração aumentada pelas atividades antrópicas: CN-, Cl-, Ca2+, Mg2+, PO43-, NH4+, NO3-, NO2-, H+, S2-, demais íons metálicos SABER como determinádeterminá-los ! Várias possibilidades Técnicas instrumentais devem ser preferidas ... NA QUÍMICA ANALÍTICA AMBIENTAL ... Portabilidade de equipamentos característica importante e desejável A QUÍMICA ANALÍTICA AMBIENTAL ... Portabilidade de equipamentos – característica importante e desejável Figura 4 – Cromatógrafo portátil** sendo utilizado para medidas de VOCs pela CETESB. “CROMATOGRAFIA GASOSA” TÉCNICA MUITO IMPORTANTE EM QAA (*) FONTE: http://www.cetesb.sp.gov.br/gerenciamento--de http://www.cetesb.sp.gov.br/gerenciamento de--riscos/emergenciasriscos/emergencias-quimicas/84quimicas/84-cromatografocromatografo-a-gasgas-portatil, acessado 0505-05 05--13. A QUÍMICA ANALÍTICA AMBIENTAL ... Portabilidade de equipamentos Característica importante e desejável A maioria das análises não pode ser feita em campo ... Muitos analitos precisam sofrer transformações químicas e passar por métodos de purificação para tornar possível a sua determinação AMOSTRAGEM ADEQUADA Outra consideração importante: importante: Variabilidade “natural” na composição de amostras do mesmo tipo (Validação !) METODOLOGIAS ANALÍTICAS EM QUÍMICA AMBIENTAL “CROMATOGRAFIA GASOSA” CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS ANÁLISES AMBIENTAIS JÁ ESTABELECIDAS PARA Cromatografia gasosa capilar) capilar) - COLUNAS: colunas capilares ((Cromatografia Empacotada Capilar - Existem colunas capilares (comerciais) específicas para PHAs - FE apolar (metilpolisiloxanos ou fenilmetilpolisiloxanos) - Para OPPs usam usam--se FE semi semi--polar e para outros compostos até mesmo pola polarr - Interferências (geralmente conhecidas): - Ex: Ex: Identificação de PCBs necessários usar 2 colunas (FE ≠) METODOLOGIAS ANALÍTICAS EM QUÍMICA AMBIENTAL “CROMATOGRAFIA GASOSA” CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS ANÁLISES AMBIENTAIS JÁ ESTABELECIDAS PARA - COLUNAS: colunas capilares (Cromatografia gasosa capilar) - DETECÇÃO (alguns ex ex): ): FID ou MS PHAs ECD pesticidas organoclorados FPD pesticidas contendo P, S ou Sn Tendência é usar MS: MS: melhorar e /ou garantir a seletividade Dificuldade importante: identificação de isômeros Colunas quirais (ex: ex: determinação de toxofenos) toxofenos) METODOLOGIAS ANALÍTICAS EM QUÍMICA AMBIENTAL “CROMATOGRAFIA GASOSA” CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS ANÁLISES AMBIENTAIS JÁ ESTABELECIDAS PARA - COLUNAS: colunas capilares (Cromatografia gasosa capilar) - DETECÇÃO (algumas possibilidades) Tendência é usar MS: MS: melhorar e /ou garantir a seletividade - APLICAÇÃO: principal técnica para determinação de pesticidas Escolher cuidadosamente a configuração instrumental - Injetor, coluna, detector, p. ex. - Otimizar as condições instrumentais (vazão do gás, temperatura do forno, necessidade de PI, ...) Demonstrar confiabilidade a partir de ensaios de VALIDAÇÃO VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS IMPORTÂNCIA Garante a confiabilidade dos resultados - Avalia sistematicamente o processo de aquisição dos dados Conhecer o método - Exatidão - Precisão LEMBRAR QUE A ANÁLISE SE INICIA NA AMOSTRAGEM Etapa em que ocorrem a maior parte dos erros - Erros comuns na amostragem - “Tamanho” da amostra (heterogêneas) - Escolha inadequada do ponto de coleta - Horário da coleta (estação do ano, ...) VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS O escopo de uma análise ambiental envolve 1- Definição do problema analítico 2- Definição do ponto de amostragem - Georreferenciamento das amostras 3- Coleta da amostra - Protocolos específicos (matriz) Não existe uma regra que define: - número - quantidade - frequencia da amostragem - O analista deve ser minucioso na descrição (e na repetição) do procedimento VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS O escopo de uma análise ambiental envolve 1- Definição do problema analítico 2- Definição do ponto de amostragem 3- Coleta da amostra 4- Transporte das amostras para o laboratório - Armazenagem adequada à amostra e analitos 5- Análise propriamente dita da amostra (etapa principal da validação) validação) 6- Descartar as amostras após a sua “morte” (tempo máximo em que a amostra é estável) 7- Avaliar os dados analíticos - Recursos estatísticos são ferramentas úteis (às vezes, indispensáveis) VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS O escopo de uma amostragem ambiental envolve 1- Definição do problema analítico 2- Definição do ponto de amostragem 3- Coleta da amostra 4- Transporte das amostras para o laboratório 5- Análise propriamente dita da amostra (etapa principal da validação validação)) 6- Descartar as amostras após a sua “morte” 7- Avaliar os dados analíticos Considerar os parâmetros analíticos mais importantes - Exatidão - Precisão - Limites de detecção e quantificação Dependem da “Curva de calibração padrão” VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Exatidão - Grau de concordância entre o VALOR MEDIDO e o VALOR VERDADEIRO - Expressa em “porcentagem de recuperação” % rec. rec.= concentração esperada x 100 concentração verdadeira quanto mais próximo de 100% 100% MAIS EXATA é a medida/ análise - QUAL é o valor verdadeiro para os analitos em uma amostra ambiental ? Geralmente não é conhecido ! % rec. é determinada por meio de uma “fortificação fortificação da amostra” amostra (experimento de adição e recuperação de analito) % rec. rec. = concentração amostra fort fort.. – concentração amostra x 100 concentração correspondente à fortificação VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Exatidão - Com QUANTO FORTIFICAR a amostra ? - Com quantidades de analito entre 0,5 e 2 vezes o teor obtido na amostra - Algumas recomendações (do Professor) - Testar mais de um nível de fortificação - Realizar o procedimento antes do preparo da amostra - Aguardar “um tempo” para integração do analito com a matriz VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Precisão - Grau de concordância entre medidas individuais de uma mesma população Método de análise C preciso e exato ! B preciso mas inexato A impreciso e inexato valor verdadeiro Conc. do analito VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Precisão - - Grau de concordância entre medidas individuais de uma mesma população Expressa “desvio padrão” (S S) desvio padrão relativo (RSD RSD) diferença percentual relativa (RPD RPD) N S= Σ (xi – x )2 i=1 N-1 RPD = (X1 – X2) X RSD = S X x 100 x 100 VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Exatidão + Precisão = Análises quantitativas de boa qualidade Limites de DETECÇÃO e QUANTIFICAÇÃO - Limite de detecção do método (MDL) É a conc. mínima que pode ser medida e reportada com 99% de confiança de que a conc. do analito é maior do que “zero” (EPA, 1984) 1984). Cálculo:: Cálculo 1- Matriz livre de analito: reagentes (branco) 2- Fortificação do branco de 3 – 5x o teor esperado para o MDL 3- Análise do branco fortificado ( n > 7) MDL = S x t , onde t 99% 99%, 6 graus de liberdade = 3,143 VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Limites de DETECÇÃO e QUANTIFICAÇÃO - Limite de detecção do método (MDL) Cálculo:: Cálculo 1- Matriz livre de analito: reagentes (branco) 2- Fortificação do branco de 3 – 5x o teor esperado para o MDL 3- Análise do branco fortificado ( n > 7) MDL = S x t , onde t 99% 99%, 6 graus de liberdade = 3,143 - matriz (≠ matrízes: ≠ métodos) MDL é específico - instrumento VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Limites de DETECÇÃO e QUANTIFICAÇÃO - Limite de detecção do método (MDL) NÃO SE UTILIZA resultados no nível do MDL ! Apenas no nível do LIM. DE QUANTIFICAÇÃO PRÁTICO (PQL) PQL é a menor conc. que pode ser determinada com confiabilidade atendendo a níveis de precisão e exatidão durante condições operacionais de rotina (EPA, 1996). Cálculo: PQL = (2x a 10x) MDL Recomendação: O valor do PQL deve ser o 1º ponto da curva de calibração padrão VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Curva de calibração É um gráfico da Resposta instrumental x Concentração do analito : absorbância sinal elétrico área de pico, ... Absorbância (ua)) Padrões Abs= Abs = 48,3x 48,3x + 0,24 r= 0,9987 Branco 0 Concentração (mg L-1) 1 VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Curva de calibração Características desejáveis:: - utilizar várias soluções padrões (n > 5) - trabalhar preferencialmente com regressões lineares Abs= Abs = 48,3x 48,3x + 0,24, r= 0,9987 sensibilidade “b” deve ser sempre “pequeno” Importante: - O parâmetro “sensibilidade sensibilidade” é diferente do parâmetro “detectabilidade detectabilidade” - Métodos mais sensíveis devem ser preferidos VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Curva de calibração Características desejáveis:: - utilizar várias soluções padrões (n > 5) - trabalhar preferencialmente com regressões lineares - necessária para TODOS os métodos instrumentais (principalmente espectroscópicos e cromatográficos) Recomendação prática: - Na rotina a necessidade de recalibrações deve ser avaliada analisando-se padrões ou amostras de referência VALIDAÇÃO EM ANÁLISES AMBIENTAIS Curva de calibração Recomendação prática: - Na rotina a necessidade de recalibrações deve ser avaliada analisando-se padrões ou amostras de referência - Realizar a calibração na mesma sequencia do lote de amostras - Atentar-se ao uso de diluições diferentes para amostras do mesmo lote Os resultados finais terão correções diferentes ! BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO OS PRINCÍPIOS DA QUÍMICA ANALÍTICA AMBIENTAL Amostragem adequada Uso de métodos apropriados ao nível do(s) analito(s) a serem quantificados Garantir a confiabilidade dos resultados (validação) - Conhecendo os níveis da EXATIDÃO e PRECISÃO A dotar procedimentos “amigos” do ambiente sempre que possível Bibliografia Consultada 1- BAIRD, C. Química Ambiental, São Paulo, Bookman, Bookman, 2ª ed., 2005. 2- http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/introd.pdf. Acessado em 13/11/2012. 13/11/2012. 5- ZHANG, C. Fundamentals of Environmental Sampling and Analysis Analysis,, New Jersey, Wiley & Sons, 2007. 6 - Santos, F. J., Galceran Galceran,, M. T. The Application of Gas Chromatography to Environmental Analysis,, Trend Anal. Chem Analysis Chem.. 21 (2002) 672. 8- NASCENTES, C. C.; COSTA, L. M., Química Ambiental, Universidade Federal de Minas Gerais, 2011, p. 1 – 43.