IDADE CONTEMPORÂNEA: GUERRA FRIA CONTEÚDOS • A

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IDADE CONTEMPORÂNEA: GUERRA FRIA
CONTEÚDOS

A reorganização da Alemanha e o Muro de Berlin

Bipolarização do mundo (Capitalismo X Socialismo)

Disputas, alianças e demonstração de poder

As corridas espacial, tecnológica, bélica e esportista
AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS
A reorganização da Alemanha e o Muro de Berlin
No término da Segunda Guerra Mundial (1945), para se estabelecer a paz foram
assinados vários tratados e acordos. Por exemplo, o Tratado de Potsdam determinou que
a Alemanha que havia sido derrotada, teria o seu território administrado pelos países que
compunham o bloco dos Aliados. Isto é, o território alemão acabou recortado em quatro
partes, que passaram para as mãos da Inglaterra, da França, dos Estados Unidos e da
União Soviética. Essa mesma lógica foi aplicada a capital do país, a cidade de Berlim que
também foi dividida entre eles.
Figura 1 – Divisão da Alemanha no contexto do pós-Segunda Guerra
Fonte: Fundação Bradesco
Desse modo, no contexto da Guerra Fria, as partes da Alemanha que eram
comandadas pela Inglaterra, França e Estados Unidos, foram influenciadas pelo
capitalismo. Enquanto que a parte da Alemanha que era comandada pela União Soviética
passou a ser influenciada pelo socialismo.
Essa separação determinou a criação, em 1949, da República Federal da Alemanha
(RFA) também conhecida como a Alemanha Ocidental ou Alemanha Capitalista, nas zonas
administradas pela Inglaterra, França e Estados Unidos; e da República Democrática Alemã
(RDA) também conhecida como Alemanha Oriental ou Alemanha Socialista, na área
administrada pela União Soviética.
Figura 2 – Divisão da Alemanha no contexto da Guerra Fria
Fonte: Fundação Bradesco
Com o acirramento da Guerra Fria, os soviéticos iniciaram, em 1961, a construção
de um muro em torno da área da cidade de Berlim que estava sob controle da Alemanha
Ocidental. O objetivo era isolar essa região capitalista do restante do mundo socialista que
a cercava, evitando com que as pessoas que viviam de um dos lados, tivessem acesso aos
benefícios do outro. Além disso, cada bloco buscou divulgar as vantagens de morar de um
dos lados e as características que o faziam destoar positivamente do outro.
Figura 3 – Divisão da cidade de Berlim e construção do muro na porção ocidental
Fonte: Fundação Bradesco
Ao final da construção, o muro com mais de 60km de extensão, passou a ser
patrulhado para evitar fugas e tentativas de ultrapassagem para o lado comandado por
Estados Unidos, Inglaterra e França. A edificação foi bastante arbitrária e não respeitou
bairros, ruas, praças, prédios ou mesmo residências. Muitas famílias, vizinhos e amigos
foram separados e proibidos de manter contato.
Figura 4 – Construção do muro de Berlim, em 1961
Fonte: Wikimedia Commons
Saiba mais: Mesmo com o isolamento, uma vez que Berlim estava do lado oriental do
país, os norte-americanos mantiveram uma política de investimentos em infraestrutura e
modernização da cidade, como uma forma de propaganda do sucesso do sistema
capitalista; enquanto que, do outro lado do muro, os soviéticos, aos poucos, perdiam a
capacidade de investir na área. Essa situação, já em um cenário de crise da União
Soviética, em 1989, levou a queda do muro e à reunificação alemã em 1990.
Figura 5 – Muro de Berlim
Fonte: Wikimedia Commons
Ao longo de 28 anos de existência, o muro foi o maior símbolo da Guerra Fria, uma
vez que representou a divisão e a bipolarização do mundo pelas duas superpotências da
época. Sua queda também é considerada um dos ícones do fim dessa ordem mundial.
Bipolarização do mundo (Capitalismo X Socialismo)
As grandes Guerras Mundiais (Primeira e Segunda) geraram uma série de
transformações e consequências na rearticulação do poder no mundo contemporâneo. As
antigas potências que antes comandavam o mundo, presenciaram a ascensão dos Estados
Unidos e da União Soviética, tornaram-se novas potências cada vez mais hegemônicas.
Com isso, as demais nações do mundo passaram a traçar alianças, organizando-se em
dois grandes blocos de orientações político-econômicas distintas: os Capitalistas e os
Socialistas. O surgimento desses dois polos de poder, revelou-se como uma ordem
mundial, conhecida como “Guerra Fria” (1945-1991).
Essa guerra foi chamada de “fria” porque, apesar dos enfrentamentos, uma guerra
direta entre as duas superpotências (Estados Unidos e União Soviética) nunca ocorreu.
Tratava-se, portanto, de uma disputa ideológica, em que nenhum dos lados admitia estar
em uma posição inferior.
Durante esse período, as disputas entre os dois blocos foram acirradas nas mais
diversas esferas. Por esse motivo, as duas superpotências fizeram grandes esforços de
propaganda política com o objetivo de demonstrar a sua superioridade e conquistar apoio
de outras nações.
Figura 6 - Guerra Fria
Fonte: Bratishko Konstantin/Shutterstock.com
Tanto Estados Unidos quanto União Soviética concentravam seus esforços em duas
frentes: desacreditar a ideologia e as ações do adversário e, ao mesmo tempo, convencer
a opinião internacional de que seu sistema político, econômico e sociocultural era superior.
Setores como tecnologia, entretenimento em massa (cinema, televisão, rádio) e mesmo as
competições esportivas eram usadas para fins de propaganda.
Curiosidade: Em 1946, o então primeiro-ministro britânico, Wiston Churchill, afirmou em
um discurso nos Estados Unidos, “uma cortina de ferro desceu sobre a Europa”. Naquele
momento, a “cortina de ferro” fazia referência à expansão e ao domínio soviético no leste
europeu.
É neste cenário que os Estados Unidos, de fato, abrem mão de sua política de
neutralidade (mesmo tendo participado das guerras mundiais) e iniciam um projeto de
contenção do socialismo soviético, passando a interferir diretamente sobre seus aliados
e sua área de influência capitalista.
A partir de então, a expressão foi usada para sinalizar uma divisão do continente
europeu entre os blocos capitalista e socialista, iniciando uma separação e uma disputa
política, econômica e ideológica entre as potências. Isto é, o discurso, de ambos os lados,
era conter a expansão da potência inimiga, evitando a difusão de informações, sobretudo,
de experiências positivas do sistema antagônico.
Ao longo dos quase 50 anos de vigência da ordem bipolar, Estados Unidos e União
Soviética mantiveram a hegemonia em seus blocos aliados e áreas de influência, havendo
um claro equilíbrio de poder entre elas. Intimidação e hostilidade eram as palavras de ordem
do período. Tal fato, levou o cientista político Raymond Aron a afirmar que nos anos de
Guerra Fria “a paz era impossível; e a guerra, improvável”.
Impossível, porque tratavam-se de potências rivais e com ideologias incompatíveis.
Improvável, pois em uma possível batalha não haveriam vencedores. Isso porque, o poderio
bélico e nuclear de ambas era tão grande que seria capaz de destruir a humanidade. Isto
é, por trás da intimidação e da hostilidade, todos conviviam com o medo de um ataque
nuclear.
Disputas, alianças e demonstração de poder
Durante os anos iniciais da Guerra Fria, tanto os Estados Unidos, quanto a União
Soviética, trataram de estreitar laços com seus antigos aliados e buscar o alinhamento com
novos países que poderiam reforçar e consolidar os respectivos blocos capitalista e
socialista.
Figura 7 - Blocos Capitalista e Socialista
Fonte: nogoudfwete/Shutterstok.com
Para conseguir esse objetivo, os Estados Unidos ampliaram sua influência na
América Latina, estabelecendo acordos políticos com governos liberais e patrocinando
ditaduras que se pautassem no combate das ideias comunistas, em alguns países. Além
disso, eles lançaram o Plano Marshall (1947), que fornecia empréstimos financeiros,
assistência tecnológica e doações, para a reconstrução dos países da Europa Ocidental
que tiveram seu território destruído durante a Segunda Guerra Mundial. No caso do Japão,
os norte-americanos também forneceram empréstimos similares para a reconstrução do
país, por meio do Plano Colombo (1951).
Da mesma forma, a União Soviética concentrava seus esforços no projeto de
desenvolvimento e expansão de seu modelo socialista. Por exemplo, o COMECON
(Conselho para Assistência Econômica Mútua), fundado em 1949, que visava a integração
econômica dos países do bloco soviético socialista. Esse órgão procurava prestar ajuda
aos países que tornaram-se socialistas por meio de revoluções.
Já do ponto de vista político e militar, os Estados Unidos firmavam sua hegemonia
e consolidavam sua área de influência com a instituição da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN), que reunia uma força-tarefa entre os países capitalistas ricos para
fazer uma frente de oposição mais sólida contra os soviéticos. Em contrapartida a União
Soviética institui o Pacto de Varsóvia, firmado em 1955, que agrupava os países socialistas
em um compromisso político-militar de ajuda mútua, em caso de qualquer risco de agressão
contra os membros.
Figura 8 - Organização do Tratado do Atlântico Norte
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 9 - Pacto de Varsóvia
Fonte: Wikimedia Commons
Internamente, os Estados Unidos adotam uma política de forte perseguição política
aos cidadãos que fossem simpatizantes das ideias de qualquer esquerda ou de defesa dos
direitos das minorias. Desse modo, o governo passou a incentivar a espionagem e as
denúncias anônimas entre os cidadãos, o que levou muitos ativistas políticos, intelectuais,
artistas e professores a prisão. Essa verdadeira caça aos comunistas ficou conhecida como
Macarthismo.
Essa prática de combater internamente os opositores políticos do sistema já era
bastante comum nos países comandados pela União Soviética desde que Stalin assumiu
o poder, por isso, a versão soviética de caça aos simpatizantes do capitalismo ou do
trotskismo ficou conhecida como Stalinismo.
Desta forma, praticamente, não havia espaço para neutralidade e as nações
precisavam se posicionar como aliadas ou inimigas.
Saiba mais: Em alguns casos, esse posicionamento era afirmado, dividindo fisicamente
territórios, de acordo com o sistema adotado, como foi o caso da Alemanha que se dividiu
em Ocidental (capitalista) e Oriental (socialista), ou da Coreia que se dividiu em Norte
(Socialista) e Sul (capitalista). Nesse contexto, vale destacar que o socialismo também
difundiu-se pela Polônia, Bulgária, Romênia, Hungria, antiga Iugoslávia, antiga
Tchecoslováquia, Mongólia, Coreia do Norte, China, Vietnã do Norte, Camboja, Laos e
Cuba, enquanto que o capitalismo firmava-se no resto do mundo.
Mesmo sem travar uma guerra direta, Estados Unidos e União Soviética, durante os
anos da Guerra Fria, estimularam inúmeros confrontos entre outros países. Assim, ambos
afirmavam poder e hegemonia, estimulando grupos rivais em suas áreas de influência. É o
caso da Guerra da Coreia (1950-1953), que teve como resultado a divisão da Coreia do
Norte, socialista, e a Coreia do Sul, capitalista, e a Guerra do Vietnã (1955-1975). Isto é,
indiretamente, as duas potências se enfrentavam.
Saiba mais: Na década de 1950, os acordos de independência, dividiu o território do
Vietnã entre Vietnã do Norte, de regime socialista, e Vietnã do Sul, de regime capitalista.
Dentre essas resoluções também havia a possibilidade de existência de um plebiscito,
nos anos seguintes, para decidir se o país seria novamente reunificado.
Essa medida foi vista com maus olhos pelas nações capitalistas, que temiam que
uma reunificação significasse um avanço do socialismo sobre o Vietnã do Sul. No
contexto da Guerra Fria, os norte-americanos começaram a armar e a treinar soldados
sul-vietnamitas. O conflito entre os dois países se iniciou na década de 1960 e contou
com forte influência norte-americana e soviética.
Apesar de todo o arsenal bélico e aparato tecnológico, as tropas americanas
tiveram inúmeras dificuldades para enfrentar os vietcongues (soldados apoiados pelos
soviéticos) e desbravar o território vietnamita, coberto por florestas tropicais.
Figura 10 - Combatentes vietnamitas em 1969
Fonte: Wikimedia commons
As perdas humanas foram imensas para ambos os lados. Em 1973, derrotados
em diversos frontes de batalha e com uma forte opinião pública contrária aos gastos com
essa guerra, os americanos se retiraram do Vietnã de forma vergonhosa.
Os resultados da Guerra do Vietnã mancharam o prestígio das forças armadas
norte-americanas. Como resultado desse conflito, o Vietnã foi unificado em 1976 e
passou a se chamar de República Socialista do Vietnã, sob forte influência soviética e
chinesa.
Nas décadas de 1950 e 1960, a Guerra Fria e o enfraquecimento das potências
europeias, as colônias africanas passaram por violentas guerras para conquistarem suas
independências. Influenciados pelos Estados Unidos e União Soviética, os países africanos
conseguiram suas autonomias políticas. As elites locais garantiram a manutenção de seus
poderes políticos e econômicos e estreitaram os vínculos com as duas superpotências.
(Para saber mais consulte os Temas de Estudo de História - Idade Contemporânea:
Oriente Médio e Descolonização da África e Ásia).
No entanto, com a manutenção das fronteiras estipuladas pelos europeus, as
disputas permaneceram, aumentando a instabilidade e acirrando os conflitos pelo poder.
Atualmente, a África possui 54 países independentes, que pouco refletem a realidade
cultural do continente, com mais de 800 etnias distintas.
As corridas bélica, espacial, tecnológica e esportiva
Visando intimidar o inimigo, Estados Unidos e União Soviética travaram uma
verdadeira corrida no setor bélico-industrial, especialmente, no desenvolvimento de
bombas e armas nucleares e mísseis intercontinentais, capazes de atingir o inimigo a
longas distâncias. A capacidade de destruição dessas armas era imensurável, desta forma,
o mundo convivia com o constante medo de uma possível guerra nuclear. Porém, quanto
mais potentes essas armas se tornavam, menos provável seria um confronto direto entre
Estados Unidos e União Soviética, uma vez que isso poderia representar a destruição de
toda, ou de pelo menos, a maior parte, da humanidade.
Figura 11 - Teste nuclear realizado em Nevada nos Estados Unidos em 1953
Fonte: Wikimedia commons
No entanto, a necessidade de mostrar superioridade e equilibrar as forças militares
levou a formação de um arsenal bélico que, ainda hoje, é um problema de segurança
mundial. Com o tempo, outros países passaram a dominar a tecnologia e a desenvolver
armamentos pesados de guerra, estimulando a ação de governos ditatoriais, guerrilhas e
grupos terroristas.
Durante a Guerra Fria, além da corrida armamentista, as duas potências passaram
a disputar o controle dos mais variados setores e campos do conhecimento. Nesse
contexto, Estados Unidos e União Soviética tomaram o controle do desenvolvimento
tecnológico e aeroespacial, iniciando o projeto de construção de foguetes, satélites e
exploração do espaço.
Foi nesse contexto que, em 1957, os soviéticos lançaram um foguete com a cadela
Laika a bordo, tornando a viagem da nave Sputinik 2, a primeira missão tripulada por um
ser vivo para a órbita da Terra.
Figura 12 – A cadela Laika se tornou o primeiro ser vivo a ser lançado para o espaço
Fonte: Wikimedia Commons
Em 1961, a União Soviética avança novamente na conquista do espaço enviando o
astronauta russo, Yuri Gagarin, que se tornou o primeiro homem a circundar a órbita do
planeta, a bordo da nave Vostok I.
No mesmo ano, em uma tentativa de superar os soviéticos, os Estados Unidos
enviaram à Lua o astronauta Neil Armstrong, a bordo da nave Apollo 11, fazendo dele o
primeiro homem a pisar em solo lunar.
Figura 13 – Neil Armstrong na superfície da Lua
Fonte: Wikimedia Commons
A Guerra Fria exerceu forte influência nos campos cultural e desportivo. A produção
cinematográfica, especialmente norte-americana, tornou-se uma verdadeira máquina de
propaganda capitalista e do modo de vida capitalista. Assim, os meios de comunicação em
massa, serviram como a forma mais rápida de espalhar os feitos das superpotências e, ao
mesmo tempo, desmoralizar o inimigo.
Nessa época, os famosos filmes do bem contra o mal, transformaram-se, explícita
ou implicitamente, em Estados Unidos versus União Soviética ou Capitalismo versus
Socialismo.
Da mesma forma, os esportes foram usados como propaganda nos dois sistemas.
Vencer uma competição ou conquistar uma medalha de ouro olímpica simbolizava a força
e o poder de um dos lados e, consequentemente, a vitória do Capitalismo sobre o
Socialismo, e vice-versa. Para tanto, essas duas superpotências passaram a investir
pesado no treinamento de atletas, concedendo a cidadania do seu país para estrangeiros
que tivessem chances de se tornarem medalhistas.
Apesar dos Jogos Olímpicos difundirem os preceitos da paz e integração entre os
povos, por diversas vezes, eles foram usados para evidenciar a inimizade de um mundo
bipolar. Desse modo, o então presidente norte-americano Jimmy Carter liderou em 1980
um boicote internacional aos Jogos Olímpicos de Moscou na Rússia. Na edição seguinte,
disputada em Los Angeles, no ano de 1984, foi a vez da União Soviética revidar e liderar
outro boicote aos jogos, que desta vez ocorreria em solo norte-americano.
Figura 14 – Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 1980, na cidade Moscou. Os jogos foram
boicotados por 61 nações, lideradas pelos Estados Unidos
Fonte: Enciclopédia Britânica
Ainda no campo da cultura, pode-se destacar os movimentos sociais que se
posicionavam de modo contrário as ações militares da Guerra Fria. O símbolo da paz foi
desenvolvido na Inglaterra como logotipo para uma campanha pelo desarmamento nuclear,
e foi adotado pelos hippies norte-americanos.
Imagem 15 - Símbolo da Paz
Fonte: Wikimedia Commons
Por exemplo, a Guerra do Vietnã provocou uma série de manifestações de oposição
a política bélica do governo dos Estados Unidos. Dentre elas, estava o movimento Hippie,
que tinha como lema a expressão “paz e amor”.
Muitos jovens norte-americanos que aderiram esse movimento, na década de 1970,
queimavam suas identidades para não serem convocados pelas forças armadas e viverem
de forma livre.
Figura 16 – Manifestação hippie contrária à guerra, em 1967
Fonte: Wikimedia Commons
Dica: Para entender aprofundar seus estudos sobre ordens mundiais, ouça no Portal
EJ@, na seção Biblioteca Digital do Ensino Médio, ao podcast:
Ordens Mundiais
ATIVIDADES
1. Observe a imagem:
Queda de braço entre os Estados Unidos e a União Soviética
Fonte: Coconutter1/Shutterstock
Explique por que houve uma bipolarização do mundo durante os anos em que ocorreu a
Guerra Fria.
2. (ENEM-1999) “Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da
União Soviética, não foram um período homogêneo único na história do mundo. (...)
dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 70.
Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situação
internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS”.
(HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras, 1996)
O período citado no texto e conhecido por "Guerra Fria" pode ser definido como aquele
momento histórico em que houve:
a) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias ocasionando a Primeira
Guerra Mundial.
b) domínio dos países socialistas do sul do globo pelos países capitalistas do Norte.
c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União Soviética Stalinista, durante os anos
30.
d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências orientais,
como a China e Japão.
e) constante confronto das duas superpotências que emergiam da Segunda Guerra
Mundial.
3. (FUVEST-2013) O que acontece quando a gente se vê duplicado na televisão? (...)
Aprendemos não só durante os anos de formação mas também na prática a lidar com nós
mesmos com esse “eu” duplo. E, mais tarde, (...) em 1974, ainda detido para averiguação
na penitenciária de Colônia-Ossendorf, quando me foi atendida, sem problemas, a
solicitação de um aparelho de televisão na cela, apenas durante o período da Copa do
Mundo, os acontecimentos na tela me dividiram em vários sentidos. Não quando os
poloneses jogaram uma partida fantástica sob uma chuva torrencial, não quando a partida
contra a Austrália foi vitoriosa e houve um empate contra o Chile, aconteceu quando a
Alemanha jogou contra a Alemanha. Torcer para quem? Eu ou eu torci para quem? Para
que lado vibrar? Qual Alemanha venceu?
(Gunter Grass. Meu século. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 237. Adaptado.)
O trecho acima, extraído de uma obra literária, alude a um acontecimento diretamente
relacionado
a) à política nazista de fomento aos esportes considerados “arianos” na Alemanha.
b) ao aumento da criminalidade na Alemanha, com o fim da Segunda Guerra Mundial.
c) à Guerra Fria e à divisão política da Alemanha em duas partes, a “ocidental” e a “oriental”.
d) ao recente aumento da população de imigrantes na Alemanha e reforço de sentimentos
xenófobos.
e) ao caráter despolitizado dos esportes em um contexto de capitalismo globalizado.
LEITURA COMPLEMENTAR
As lutas do movimento hippie
Na década de 1960, o movimento hippie apareceu disposto a oferecer uma visão de
mundo inovadora e distante dos vigentes ditames da sociedade capitalista. Em sua maioria
jovens, os hippies abandonavam suas famílias e o conforto de seu lar para se entregarem
a uma vida regada por sons, drogas alucinógenas e a busca por outros padrões de
comportamento. Ao longo do tempo, ficariam conhecidos como a geração da “paz e amor”.
Quem se toma por essa rasa descrição dos hippies, esquece de que muitos deles
não se portavam simplesmente como um bando de hedonistas, drogados e alheios ao que
acontecia ao seu redor. Ao longo da década de 1960, junto do movimento negro, os
integrantes dessa geração discutiram questões políticas de grande relevância e se
organizaram para levar a público uma opinião sobre diversos acontecimentos
contemporâneos.
Conseguindo mobilizar uma enorme quantidade de pessoas, os hippies lutaram pela
ampliação dos direitos civis e o fim das guerras que aconteciam naquele momento. Em
várias situações, a influência das autoridades sob os meios de comunicação acobertava a
discussão que se desenvolvia, para assim reforçar os comportamentos marginais dos
hippies. Não raro, a força policial era acionada para que esses “desordeiros” fossem
retirados do espaço público.
Entre os grandes confrontos do movimento hippie, podemos destacar a mobilização
feita na Convenção Nacional Democrata, ocorrida entre os dias 26 e 29 de agosto de 1968,
na cidade de Chicago. Sob a liderança de Abbie Hoffman e Jerry Rubin, a chamada “Festa
da Vida” contou com vários episódios em que o cenário político norte-americano era
criticado. Entre tantas outras ações de deboche, os hippies lançaram um porco (chamado
de “Pigasus”) como candidato a presidente dos Estados Unidos.
O clima de tensão entre os policiais e os manifestantes logo esquentou, e a
pancadaria tomou conta do lugar. Vale lembrar que, um pouco antes do acontecido, as
mortes de Martin Luther King e Bob Kennedy já esquentava o clima de tensão entre os
conservadores e liberais. E isso foi só o começo, já que a insatisfação pioraria com a eleição
de Richard Nixon (1969 - 1974), um presidente de clara orientação conservadora.
No dia 4 de maio de 1969, outra grande luta aconteceu na Universidade de Kent
State, em Ohio. Dessa vez, os hippies e outros estudantes mobilizaram-se para protestar
contra a manutenção dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã e a recente invasão norte-
americana ao Camboja. Nesse protesto, a fúria das autoridades governamentais foi
ampliada com a convocação da Guarda Nacional para conter o evento. Ao fim da luta,
ocorreu a morte de quatro pessoas e outras nove ficaram feridas.
Mediante esses acontecimentos, podemos ver que a contestação do movimento
hippie não se colocava de forma isolada ao mundo presente. Apesar de projetarem outra
sociedade e buscarem novas formas de percepção, os hippies se colocavam como uma
voz ativa contra algumas ações políticas da época. Sem dúvida, a inventividade deles ainda
serve de exemplo para muitas pessoas que se preocupam com as questões de seu tempo
e a garantia de seus direitos.
SOUSA, Rainer. As lutas do movimento hippie. História do Mundo. Disponível em:
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GABARITO
1. Comentário: Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética, tornaram-se
potências cada vez mais hegemônicas. Com isso, as demais nações do mundo passaram
a traçar alianças, organizando-se em dois grandes blocos de orientações políticoeconômicas distintas: os Capitalistas e os Socialistas. Cada um dos lados buscou estreitar
laços com os seus antigos aliados e o alinhamento com novos países que pudessem
reforçar e consolidar os respectivos blocos. Desse modo, praticamente, não havia espaço
para neutralidade e as nações precisavam se posicionar como aliadas ou inimigas.
2. Alternativa E.
Comentário: As grandes Guerras Mundiais (Primeira e Segunda) geraram uma série de
transformações e consequências na rearticulação do poder no mundo contemporâneo. As
antigas potências que antes comandavam o mundo, presenciaram a ascensão dos Estados
Unidos e da União Soviética, que acabaram tornando-se novas potências cada vez mais
hegemônicas. Com isso, as demais nações do mundo traçaram alianças, organizando-se
em dois grandes blocos de orientações político-econômicas distintas: os Capitalistas e os
Socialistas. O surgimento desses dois polos de poder, revelou-se como uma ordem
mundial, conhecida como “Guerra Fria” (1945-1991)
3. Alternativa C.
Comentário: No término da Segunda Guerra Mundial (1945), para se estabelecer a paz
foram assinados vários tratados e acordos. Por exemplo, o Tratado de Potsdam determinou
que a Alemanha que havia sido derrotada, teria o seu território administrado pelos países
que compunham o bloco dos Aliados. Essa separação determinou a criação, em 1949, da
República Federal da Alemanha (RFA), também conhecida como a Alemanha Ocidental ou
Alemanha Capitalista, nas zonas administradas pela Inglaterra, França e Estados Unidos;
e da República Democrática Alemã (RDA), também conhecida como Alemanha Oriental ou
Alemanha Socialista, na área administrada pela União Soviética.
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