ambientes hospitalares

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Tecnologia de Sistemas Ultravioleta (UV)
no combate às bactérias resistentes em
ambientes hospitalares
Por Dra. Daniela Sachs, Dra. Rosalina Marangon
Lima Medeiros e Robson Ribeiro Rodrigues
As infecções hospitalares podem
ser adquiridas durante a internação dos
pacientes e podem ser causadas por
fungos, vírus e bactérias, entre outros
micro-organismos e neste contexto, as
bactérias são os agentes causadores
mais frequentes. As bactérias fazem parte da nossa flora normal e estão presentes em nosso corpo e em todos os
ambientes do planeta (Figuras 1A e 1B).
Nos hospitais não é diferente, as bactérias estão presentes no ambiente, nos
equipamentos e nas pessoas que circulam no ambiente hospitalar. As bactérias
sofrem mutações e, quando este processo ocorre no ambiente hospitalar,
Figura 1A. Staphylococcus aureus é uma bactéria esférica, do grupo dos cocos Gram +
positivos e resistente, encontrada comumente em ambiente hospitalar. Autor: Kristen
Schnurman. Fonte: <http://www.ehow.com/
about_5606007_staphylococcus-aureus-biochemical-characteristics.html>
Figura 1B. Micrografia electrônica de um conjunto de bactérias Escherichia coli (bactéria resistente), ampliada 10.000 vezes. E.coli, um
modelo de organismo procariótico Gram (–) negativo. Fonte: Wikipedia. Foto: Eric Erbe, EUA.
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adquirem genes resistentes a partir da
interação com outras bactérias presentes no mesmo espaço.
Quando um antibiótico é administrado para tratar uma infecção bacteriana, essas bactérias mutantes sofrem uma
pressão seletiva. Com isso, as bactérias
que são sensíveis aos princípios ativos
dos antibióticos empregados serão combatidas e as resistentes permanecerão.
As bactérias resistentes, que não foram
afetadas pelos antibióticos, vão se multiplicar e se sobrepor à população de
bactérias menos resistentes (sensíveis
ao medicamento), gerando uma grande
dificuldade para o controle da infecção. Cada vez mais ocorrem infecções
hospitalares que podem levar a óbito
os pacientes. De acordo com dados do
Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention — CDC) dos Estados Unidos, as
infecções hospitalares já alcançam o 4º
lugar no ranking mundial de morte.
A maioria das infecções ocorre
em decorrência do ambiente fechado,
equipamentos contaminados, e pela dificuldade dos funcionários manterem a
qualidade da higiene, como também, a
esterilização, desinfecção e sanitização.
Estima-se que no Brasil 5% a 15% dos
pacientes internados possuem algum
tipo de infecção hospitalar. Além disso,
verifica-se um aumento considerado no
custo, devido aos gastos relacionados
com os procedimentos diagnósticos, terapêuticos, as infecções no sítio cirúrgico
e o tempo de internação do paciente.
A prática de controle das infecções
hospitalares tem sofrido uma evolução
constante. Entre os principais mecanismos de prevenção incluem o isolamento
de doenças transmissíveis e medidas
específicas para cada sítio de infecção.
Normalmente, o ambiente ocupado por
pacientes colonizados ou infectados pode se tornar contaminado por bactérias
resistentes e constituir um reservatório
secundário, favorecendo a contaminação
de outros pacientes. A literatura científica confirma que as principais bactérias
resistentes nos ambientes hospitalares
são: Staphylococcus aureus resistentes à
meticilina (MRSA); Enterococcus resistente
à vancomicina (VRE); Acinetobacter baumannii; Pseudomonas aeruginosa; Clostridium
difficile; Enterobacter spp., E.coli, Serratia spp.,
Klebsiella spp., Proteus spp., Citrobacter spp.
Podemos destacar alguns fungos como
agentes importantes na contribuição da
infecção hospitalar: Candida albicans, C.
parapsilosis, C. tropicalis e C. glabrata. A
identificação de microrganismos de importância epidemiológica no ambiente
hospitalar constitui uma grande medida
de prevenção da sua disseminação. É
importante também, dedicar uma maior
atenção à descontaminação de superfícies e equipamentos em Unidade de
Tratamento Intensivo.
Diversos agentes são utilizados para desinfecção do ambiente hospitalar,
podendo ser químicos e/ou físicos. Dentre os principais agentes químicos podemos destacar: a) formaldeído que é
empregado para inativar vírus e toxinas;
b) glutaraldeído é capaz de esterilizar o
equipamento, embora para efetuar a esterilização frequentemente requeira muitas horas de exposição; c) óxido de etileno é um esterilizador químico gasoso,
que é especialmente útil ao seu poder
de penetração extraordinária permitindo
penetrar todos os tipos de cantos e recantos. Os sais de amônio quaternário,
compostos fenólicos e álcoois 70% são
utilizados principalmente para desinfecção de equipamentos e superfícies.
Dessa maneira, é importante lembrar que uma das consequências mais
terríveis da evolução Darwiniana é o surgimento de resistência a antimicrobianos, que está se tornando uma séria
ameaça para a sociedade moderna. Ten-
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do em mente que a resistência aos antimicrobianos é um dos
maiores desafios do século 21 para a medicina moderna, pesquisas que visam o desenvolvimento de novos equipamentos
ou novas substâncias com potencial efeito contra bactérias
patogênicas, são necessárias.
Após a Segunda Guerra Mundial, o sistema Ultravioleta
(UV) ganhou popularidade e em 1950, o UV foi amplamente
usado em hospitais para controle da tuberculose e sua eliminação. No ano de 2009, foi introduzido o sistema UV na área
de desinfecção, em ambientes hospitalares. Na busca de tecnologias limpas onde podemos reduzir ou até excluir o uso
de produtos químicos utilizados para a desinfecção, existe o
uso da Tecnologia UV-C, esta tecnologia aumenta consideravelmente as boas práticas de higienização hospitalar, com
equipamentos para total desinfecção e superfície de contato,
reduzindo consideravelmente o risco de infecções, deixando
um ambiente mais saudável tanto para os pacientes como para
a equipe médica, funcionários e visitantes.
Pesquisas comprovam a eficácia da tecnologia UV-C no
controle de infecções hospitalares mostrando que o espectro
específico de irradiação ultravioleta mata bactérias resistentes aos medicamentos que residem dentro de um ambiente
hospitalar, como puxadores de portas, mesas de cabeceira e
demais superfícies. Desta forma, esta tecnologia é uma arma
poderosa para diminuir o tempo de internação e salvar vidas.
A irradiação ultravioleta germicida é um método de esterilização que utiliza a luz ultravioleta de ondas curtas, que possui
efeito germicida letal para as bactérias. O UV-C aplica o efeito
fotolítico, onde a radiação possui a capacidade de destruir os
microrganismos, impedindo desta maneira a sua proliferação.
Em muitos sistemas a exposição dos microrganismos é alcançada pela circulação repetida no ar ou na água (Figura 2). O
UV-C passa através das paredes celulares de bactérias, vírus e
esporos de bactérias, sendo absorvido pelo DNA, RNA e proteínas resultando na eliminação de vírus, fungos e bactérias
que poderiam ameaçar a saúde.
Os mecanismos primários de dano causado pela luz UV-C
são a fusão das cadeias de DNA e a formação dos "dímeros
de timina”. Uma vez que o DNA é fundido, o organismo já não
pode replicar-se e consequentemente, não é mais infeccioso,
ou seja, é desativado (Figura 3).
Figura 3. Esquema da ação da luz ultravioleta de ondas
curtas (UV-C), mostrando a emissão da radiação eletromagnética e o dano fotoquímico causado no DNA de
microrganismos como bactérias, vírus e fungos. Fonte:
<http://www.medinovacao.com.br>
No Brasil foi desenvolvido um dispositivo móvel, com
tecnologia UV-C, por uma empresa da região do Sul de Minas
Gerais. Atualmente está sendo realizado estudo que ratifica
o uso da UV-C em ambientes hospitalares em parceria com
pesquisadores da Universidade Federal de Itajubá e órgãos de
fomento a pesquisa como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O uso
da luz UV-C na era de crescente resistência aos potentes antibióticos com certeza pode se tornar um importante aliado,
coadjuvante ao arsenal dos hospitais e clínicas.
Figura 2. Espectro eletromagnético mostrando a faixa de luz
UV-C germicida (253,7 nm), comprimento de onda ideal para
exterminar os micro-organismos causadores de infecção hospitalar. Fonte: <http://www.medinovacao.com.br>
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maio/junho - 2015
Dra. Daniela Sachs, Professora da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), Doutora em Farmacologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto/USP. Dra. Rosalina Marangon Lima Medeiros, Engenheira Química, Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro. Robson Ribeiro Rodrigues, Engenheiro
de Computação pela UNIFEI.
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