1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA NEUROLÓGICA Maryelle Alves Barreto A UTILIZAÇÃO DO CONCEITO NEUROEVOLUTIVO BOBATH EM UMA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL :RELATO DE CASO Goiânia, 2012 2 MARYELLE ALVES BARRETO A UTILIZAÇÃO DO CONCEITO NEUROEVOLUTIVO BOBATH EM UMA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL: RELATO DE CASO Artigo apresentado ao curso de Especialização em Fisioterapia Neurológica do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada, chancelado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Orientador: Prof.Ms. Klayton Galante Goiânia 2012 3 RESUMO A UTILIZAÇÃO DO CONCEITO NEUROEVOLUTIVO BOBATH EM UMA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL Introdução: A paralisia cerebral é um termo geral que abrange um grupo de síndromes de deficiência motora não progressiva, mas em constante mudança, decorrentes de lesões ou anomalias do cérebro. O método Bobath parte do princípio de manuseios nos quais utilizamos padrões que influencia o tônus muscular, Objetivo: Verificar a eficácia do Conceito Neuroevolutivo Bobath em uma criança de 06 anos nas desordens sensório motoras à paralisia cerebral juntamente com atividades funcionais estáticas e dinâmicas. Métodos:Foi realizado um relato de caso com amostra de uma criança com paralisia cerebral espástica que recebeu as intervenções do Conceito Neuroevolutivo Bobath em 24 sessões com duração de 50 minutos, realizado 3 vezes semanais em um total de 2 meses.Para dados comparativos e evolutivos foram feitas fichas de avaliação e no final do tratamento foi realizado uma reavaliação registrando a evolução da paciente. Resultados: Observou bom desempenho no desenvolvimento neuropsicomotor e melhora do tônus muscular, esquema sensorial , equilíbrio corporal, controle cervical e adequações de algumas atividades funcionais e dinâmicas. Conclusão : Pode-se concluir que o Conceito Neuroevolutivo Bobath apresentou uma grande evolução na qualidade de vida dessa paciente adequando para a melhor convivência no meio exterior (ou que se vive) , desempenhando sua qualidade de vida. Palavras chaves: Bobath, paralisia cerebral, qualidade de vida 4 INTRODUÇÃO A Criança portadora de paralisia cerebral apresenta resultados complexos a partir do crescimento com deficiências funcionais limitando sua atividade de vida funcional¹. Little (1861) criou a expressão paralisia cerebral que se referia a ausência de movimento ocorridos no parto. Ao longo do século XX houve um aumento de lesões cerebrais onde passaram a serem estudadas mais detalhadamente a fisiopatologia com a evolução de exames tais como: ultra-som, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM), passaram a se destacar ainda mais as principais causas. A definição mais usada pelos especialistas é de 1964 que se caracteriza a paralisia cerebral como “ um distúrbio permanente, embora não variável do movimento e da postura, devido a "defeito" ou lesão não progressiva do cérebro no começo da vida”.5 Conforme citado acima, o portador de paralisia cerebral apresenta uma serie de alterações somáticas, seguindo um curso anormal. Comparando portador de paralisia cerebral com uma criança normal, na criança normal os padrões motores se encontram mais rápidos e de crianças portadoras de paralisia cerebral se encontra retardados. “A incidência das moderadas e severas esta entre 1,5 e 2,5 por 1000 nascidos vivos nos países desenvolvidos, mas a relatos de incidência geral, incluindo todas as formas de 7 para 1000. 5 A classificação da paralisia cerebral se dá pela topografia (quadriplegia, diplegia, hemiplegia), distribuição do tônus (hipertonia, hipotonia, atetose, ataxia , mistos) e grau (grave, moderado e leve). O diagnóstico se dá pelo médico onde ocorre uma presença anormal, deve se feito uma anamnese e exame físico minucioso obtendo a ajuda de exames importantes com a evolução do eletroencefalograma (EGG), Tomografia computadorizada (TC). No tratamento, um dos métodos que apresenta uma boa melhora n a qualidade de vida da criança deixando mais independente de acordo com alguns artigos é o Conceito Neuroevolutivo Bobath. O método Bobath são manuseios nos quais utilizam-se padrões que irão influenciar o tônus muscular através de pontos chaves no controle postural. O Conceito Neuroevolutivo Bobath foi desenvolvido pelo casal Berta Bobath (fisioterapeuta) e Karel Bobath (neurologista) descobrindo a influência do tônus muscular através de alguns manuseios , onde incluía o 5 movimento no tratamento para chegar a uma postura e movimento normal integrando pontos de facilitação que ficou conhecido como pontos chaves . A capacidade da criança em usar as habilidades que são facilitadas dependem da condição do sistema nervoso central (SNC) em adaptar –se a essas mudanças incluindo a capacidade perceptiva e cognitiva do paciente em usar as habilidades em um contexto.3 A paralisia cerebral é um distúrbio sensório motor que afeta o controle da postura e do movimento. O diagnóstico se refere historicamente a uma falta de oxigênio ou alguma lesão relacionada com o cérebro.9 O primeiro a definir paralisia cerebral foi o medico britânico Liltlle que descreve como “um distúrbio persistente do movimento e da postura que aparece muito cedo na vida de um indivíduo devido a um distúrbio evolutivo , não progressivo do cérebro.” A doutora Karel Bobath apresenta melhor esse conceito como" a lesão afeta o cérebro imaturo e interfere na maturação do sistema nervoso central que tem consequências específicas quanto ao tipo de paralisia cerebral desenvolvida , se dá ao diagnóstico sua avaliação e seu tratamento.”9 De acordo com Tecklin7 paralisia cerebral não é uma doença; é ao contrário uma categoria de deficiências que incluem pacientes com algum tipo de problema distúrbios crônicos não progressivos do movimento ou da postura com início precoce prematuro, sendo os locais anatômicos de envolvimento os graus de deficiência motora associada as disfunções e as causas são heterogênicos , frequentemente esta associada com dificuldade neurológica o retardo mental A paralisia cerebral é um termo geral que abrange um grupo de síndromes de deficiência motora não progressiva, mas em constante mudança, decorrentes de lesões ou anomalias do cérebro. O United States Collaborative perinatal incluiu um estudo de 54 mil mulheres grávidas de 12 hospitais escolas nos EUA entre 1959 e 1966. Entre as mulheres no estudo , 46% eram brancas, 46% eram negras e o restante sem relato de raça . O estado socieconômico da amostra era mais baixo do que o da população em geral. As crianças nascidas dessas mulheres tinham um gráfico regular de exames, incluindo um exame físico geral e uma exame neurológico , nas idades de um e sete anos . Entre as 38.533 crianças cujos resultados eram conhecidos aos 7 anos de idade, 202 preenchiam critérios para paralisia cerebral 6 (PC). Das 202 crianças 24 (12%) tinham adquiridos déficits motores secundários a vários fatores nos primeiros anos do desenvolvimento em vez de déficits motores congênitos ocorridos como resultado de fatores no útero ou de eventos ocorridos no parto.2 De acordo com Umphred9, a incidência de lesões cerebrais é maior na população masculina do que a população feminina em uma proporção de 2 para 1. No inicio da década de 1980 existiam relatos consistentes sobre o aumento do número de nascidos vivos com paralisia cerebral , particularmente entre os bebês pré termo. Estes aumentos se deviam largamente aos melhores índices de sobrevida, uma vez que a incidência do baixo peso ao nascimento da paralisia cerebral entre os pesos de nascimento de 2500 gramas ou mais permaneciam largamente estáveis. Dados recentes demonstram que os índices da paralisia cerebral estão caindo entre as crianças com peso ao nascimento muito baixo e bebês nascidos muito antes do termo.4 Quando a um diagnóstico precoce, os pais têm a oportunidade de entender o problema mais completamente e ajudar no desenvolvimento do bebê. E importante incentivar os pais a ficarem alertas para a resposta do bebê e das crianças de colo. O modo e o tipo do padrão PC pode apresentar várias formas, sendo que a variedade espástica é a mais comum indicando uma lesão fixa na parte motora do córtex cerebral. A atetose ou distonia refletem envolvimento dos gânglios da base. A ataxia refere-se à lesão cerebelar, e tipos mistos também são comuns podendo incluir combinações de espasticidade com atetose ou ataxia. 7 A paralisia cerebral pode ser definida como: Monoplegia – envolvimento de uma extremidade, Hemiplegia envolvimento da extremidade superior e inferior de um lado, envolvimento Paraplegia igual de envolvimento extremidades de ambas superiores extremidades,Quadriplegia e inferiores,diplegia com envolvimento leve de extremidades superiores. O tipo e a distribuição e a gravidade são aspectos essências do diagnóstico , para dar sentido e direção ao tratamento e manejo do paciente. Segundo Umphred9 o diagnóstico da paralisia cerebral indica que um indivíduo tem uma lesão dentro do sistema do controle motor com distúrbio residual de postura e controle de movimento. No processo de classificação identifica as partes do corpo que estão envolvidas primeiramente como: diplegia, hemiplegia e quadriplegia. O Dr Winthrop Phelps que diferenciou os tipos característicos da 7 paralisia cerebral, que descrevem as tentativas de movimento espontâneo separados das posturas de descanso, esses padrões característicos de movimento ficou conhecido como espasticidade atetose, hipotonicidade e ataxia. A hipertonia da espasticidade evita uma leve mudança entre mobilidade e a estabilidade do corpo, embora os termos de diagnóstico reflitam a distribuição do tônus postural excessivo o corpo inteiro deve ser considerado envolvido. O termo atetose se refere a má postura e a co-ativação axial e do tronco. A distribuição atetoíde do tônus postural é variável quanto a força e a velocidade , particularmente durante a tentativa de o indivíduo realizar o movimento. De acordo com Bobath1 a criança espástica mostra hipertonia de um caráter permanente que pode ser espástica ou plástica. O grau de espasticidade varia com a condição geral da criança, isto é, sua excitabilidade e a força do estímulo a que ela esta sujeita a qualquer momento. Se a espasticidade é grave , a criança e mais ou menos fixada em algumas posturas típicas devidas aos severos graus de co- contração das partes envolvidas , especialmente em torno das articulações proximais. A espasticidade é de distribuição e alterações típicas de um modo desprezível, devido a atividade reflexo tônica. Pacientes atetóides mostram um tônus muscular instável e flutuante, mais as amplitudes das flutuações pode variar nos casos individuais. Estas crianças têm o tônus postural de sustentação deficiente e não podem manter uma posição estável. Há insuficiente fixação postural devida a falta de co-contração,isto é , contrações simultâneas de agonistas e antagonistas, que orientam e suportam os segmentos em movimento.1 A hipotonia generelizada geralmente esconde algumas áreas específicas da tensão muscular profunda com imobilidade local. As reações atáxicas são frequentemente notadas, na marcha de um indivíduo com atetóide. As análises mais específicas podem revelar respostas compensatórias para as mudanças do tônus atetóide, enquanto o corpo está em movimento no espaço. Os portadores de paralisia frequentemente apresentam comprometidos da amplitude de movimento mobilidade dos tecidos moles, força muscular, coordenação e equilíbrio, resultando em dificuldade para o controle motor. O exame de uma criança começa com uma observação cuidadosa de interação entre ela e os pais, incluindo o manejo ocorrendo espontaneamente. O propósito da avaliação é descobrir as habilidades e potenciais da criança e 8 determinar as deficiências primárias e secundárias e descobrir os objetivos funcionais desejados pela criança ou família. Em uma pesquisa ou de acordo com Tecklin7, numa avaliação devemos abranger: avaliação do movimento, avaliação do controle postural, avaliação do tônus, avaliação músculo-esqueletica,avaliação sensorial, avaliação vestibular. ● Avaliação do movimento: observar os movimentos e posturas obtidos no local do tratamento, examinar aspectos individuais do funcionamento motor como parte de uma avaliação global da criança como: prono, supino, decúbito lateral, sentada, semi-ajoelhado, posição ortostática e locomoção.6 ● Avaliação do controle postural: A postura foi definida pela terminologia reflexa e pelo feedback sensorial controlado, os bebês eram avaliados pela potência ,presença ou ausência de reflexos primitivos , acreditava se que os reflexos “se integravam” com o desenvolvimento do bebê. De acordo com recentes estudos da ciência motora, sabe-se que o sistema humano não funciona por modelo hierárquico. Na avaliação do controle postural da criança PC, a atividade postural é notada quando a criança tem uma ação muscular contra uma superfície de apoio. A antecipação é identificada nas preparações posturais para o movimento. Ela ocorre como resultado por meio de experiência. Durante avaliação postural de um bebê, deve–se procurar avaliar: transições entre posturas, movimentos ou tarefas realizadas pelas crianças.6 As reações reflexas que são mantidas além do ponto em que deveriam ter sido integrados bloqueiam a diferenciação normal de movimento e refletem a incapacidade da criança em dissociar as respostas do movimento, sendo que as transições posturais se tornam distorcidos e pobremente marcadas no momento em que são iniciados7. ● Avaliação do tônus: o termo clinico “tônus” descreve as deficiências de espasticidade e a extensibilidade anormal. 10 Nas teorias atuais de aprendizagem motora, muitos dos comportamentos e padrões motores resultantes em seguida a uma lesão cerebral são vistos como tentativas do SNC (sistema nervoso central) de compensar a perda.8 ● Avaliação músculo-esqueléticas: o encurtamento persistente de um músculo ou grupo de músculos sem uma ativação adequada de antagonistas são resultantes da espasticidade, rigidez aumentada ou diminuída, e fraqueza na posição ortostática. O terapeuta deve estar alerta para áreas de risco evitando contraturas e deformidades. 9 ● Avaliação sensorial: avaliação sensorial e muito importante , pois varias sensações podem ficar comprometidas refletindo no sistema motor, gerando movimentos distorcidos por conta de informações defeituosas de feedback.8 ● Avaliação vestibular : é de grande importância a avaliação vestibular ,pois os sistema vestibular monitora a posição da cabeça no espaço e ajuda a distinguir quando o corpo está se movendo. Vertigem ,tontura, descoordenação de olhos- cabeça e complicações posturais e do equilíbrio ocorrem em conseqüência de problemas no sistema vestibular – cerebelar.8 No tratamento a equipe terapêutica deve consistir da criança, de sua família, do corpo médico e dos profissionais da saúde , com base nas habilidades e nas necessidades funcionais da criança. A abordagem da fisioterapia na criança com paralisia cerebral teria a finalidade de preparar a criança para a sua função , adequando a espasticidade. Um dos métodos para o tratamento da criança com paralisia cerebral é o método bobath que tem como objetivo de incentivar e aumentar a habilidade da criança de mover-se maneira mais coordenada possível , sendo que ao movimentos normais não podem ser obtidos se a criança permanecer em algumas posições de uma maneira limitada ou desordenada , sendo a causa disso em crianças com paralisia cerebral (PC) ser dificultada pelo tônus postural anormal e incoordenação de postura e movimento. O método Bobath parte do princípio de manuseios nos quais utilizamos padrões que irão infuenciar o tônus muscular, pois através dos pontos chaves de controle , estaremos produzindo mudanças no tônus , que consequentemente irão influenciar o controle postural e a perfomance da atividades funcionais .A mudança de tônus influenciará as características neurais e não neurais. A longo prazo, a capacidade da criança em usar as habilidades que estão sendo facilitadas ,vai depender da condição do sistema nervoso central (SNC) em adaptar-se a essas mudanças , incluindo a capacidade perceptiva e cognitiva do paciente em usar habilidades em um contexto. CASUÍSTICA E MÉTODOS A amostra desta pesquisa foi classificada como não probabilística do tipo intensional, constituindo –se de uma criança portadora de paralisia cerebral do sexo feminino selecionada na Associação de Pais e Amigos Excepcionais (APAE) na cidade de Anápolis – GO, após a autorização e consentimento dos pais .A pesquisa 10 foi encaminhada pelo comitê de ética com o número de protocolo oficío 125 / 2009 – número de Protocolo: 0020/2009 A amostra teve como critérios de inclusão: crianças de ambos sexos que tivessem como diagnóstico de paralisia cerebral acima de 3 anos e que os pais aceitaram participar da pesquisa através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Os critérios de exclusão foram: Pais ou mães que não concordaram em participar da pesquisa e os que não puderam responder o questionário por qualquer motivo na hora da entrevista. A criança foi escolhida devido a características clínicas do paciente. Os instrumentos para a coleta de dados da pesquisa foram utilizados : 1)Ficha de avaliação da clínica do paciente. 2) Ficha de avaliação Fisioterapêutica elaborada por ministrantes do Bobath Dentre os procedimentos a seleção foi através da criança que apresentava mais necessidade de melhora a qualidade de vida, os materiais utilizados para o tratamento foram colchonetes, travesseiros, rolos terapêuticos , banquinhos de madeira e brinquedos. O tratamento foi realizado em média 03 vezes semanais na APAE de Anápolis com duração de 50 minutos durante o período de janeiro e fevereiro de 2009 em um total de 24 sessões , com observação dos dados relativos a evolução da criança. Relato de caso Caso Identificação : Nome : A C Q O Pai: R Q O Mãe:E Q Data nascimento: 26/08/03 Idade: 05 anos Naturalidade: Brasileira Diagnóstico: atraso do desenvolvimento neuropsicomotor / má formação congênita/ microcefalia/ quadriplegia espástica com predomínio a esquerda (SIC). Queixa principal: “Não andar” relato da mãe (SIC). HISTÓRIA DO NASCIMENTO Duração :32 semanas Peso do bebê: não lembra 11 Tipo de parto: Cesário HMP E HMA: Gestação gemiliar planejada pela mãe, engravidou aos 29 anos, realizou pré-natal e teve período gestacional tranquilo , parto Cesário hospitalar, pré termo 8 meses. Recém- nascidos ficaram hospitalizados por 10 dias e após o 43° dia de vida o irmão foi a óbito ( a causa da morte não foi obtida). Foi amamentada no seio materno, logo após o nascimento com boa coordenação de sucção e deglutição, ocorrendo o desmame aos 7 meses. Iniciou o uso de mamadeira nos primeiros dias de vida para complementar as mamadas do seio. Paciente atualmente come de tudo, mastiga e deglute sem dificuldade, quanto ao desenvolvimento psicomotor firmou a cabeça com 1 ano, sentou com 1 ano, rastejou aos 2 anos e 9 meses, ainda apresenta coordenação motora ampla insatisfatória. Intervenção cirúrgica: não apresenta Exames : ressonância magnética , tomografia computadorizada Aparelhos ortopédicos : não faz uso Distúrbios associados: estrabismo (faz uso do óculos ) audição preservada, linguagem preservada. Estado atual Sialorréia : presente Vestir: dependente AVD’S: mãe responsável Apetite :presente Despir:dependente Comunicação : presente Beber : dependente Avaliação de acordo com a ficha Bobath Pontos positivos: Em relação à vida funcional ,a paciente senta-se sozinha em um banco 90/90 sem encosto posterior, com os pés em plantiflexão pouco apoiados no solo. Nesta posição, ela auxilia na retirada de roupas e sapatos. • Ainda sentada 90/90, a paciente apóia as mãos no banco por alguns instantes alcança brinquedos a frente , manipula –os com ambas as mãos , sendo melhor com a mão direita. • A criança rola de supino para prono , realiza puppy e pivoteia iniciando o movimento pelos membros superiores . 12 • Sentada em rolo inclinado e com apoio dos pés e ajuda da terapeuta atrás , a paciente brinca com jogos imantados em uma mesa a frente , realiza alcance superior e lateral com mão direita e trás para linha média. • A criança acompanha objetos na horizontal vertical( coordenação olho- objeto e olho –mão- objeto). • Durante a avaliação/terapia a paciente interage com terapeutas e ambientes , comunica-se , apresenta volição . • Criança bem cuidada e protegida pela família mão participa do tratamento , aceita orientações domiciliares. Atividade limitada • Paciente não e capaz de realizar transferências de prono no chão para sentada no chão para brincar com peças de encaixe. • Ainda não e capaz de passar de sentada no rolo 90/90 para sentada no chão para buscar objetos . • Não e capaz de passar no rolo 90/90 para de pé com apoio de mãos em uma mesa a frente. Observações : • Transição de prono no chão para sentada no chão: necessita de ajuda dos terapeutas para passar para side-sitting (sentar de lado, com os MMII flexionados) , ainda com flexão anterior de tronco. Em seguida paciente apóia os cotovelos e não realiza extensão dos mesmos para realizar tomada de peso nas mãos . Para finalizar a transição , terapeuta necessita facilitar extensores de tronco e manuseio das pernas para posição sentada em anel. • Transição de sentada no rolo 90/90 para sentada no solo : o movimento e iniciado com ajuda do terapeuta realizando o apoio das mãos e sobre o rolo com rotação de tronco para direita. A partir desse manuseio , paciente “escorrega” pelo rolo com aumento de flexão de quadris e joelhos até atingir o solo em side-sitting com pés em plantiflexão. • Transição de sentada no rolo 90/90 para de pé com uma mesa a frente : paciente “se joga” para trás , realizando extensão de cervical , tronco , joelhos e plantiflexão dos pés. Para completar a transferência necessita de input em gradil costal para conduzir tronco a frente e apoio de mãos na mesa . No inicio da transição a criança apóia mão D. Estruturas do corpo /funções corporais Controle neuromotor (função global , da mão e oral) 13 • Tônus : hipertonia de membros superiores e inferiores mais acentuado em hemicorpo E ;hipotonia de tronco e musculatura oral ; hipertonia de mãos ; • Assimetria presente de cintura escapular, tronco e pélvis ; • Força muscular neuromotora :falta sinergia de flexores e extensores de tronco, falta inervação recíproca da musculatura de cintura escapular, principalmente bíceps e tríceps braquial bilateral, mais acentuada a E; falta ainda sinergia entre flexores e extensores de quadril para facilitar as transições . Força músculo- esquelético • Fraqueza: fraqueza de abdominais (reto abdominal e oblíquos ), serrátil paravertebrais globais (trapézio fibras superiores, rombóides, grande dorsal); fraqueza de extensores de punhos e dedos , tríceps braquial, peitorais , corobraquial; • ADM : presente encurtamento de isquiotibiais , tríceps sural e ilíopsoas ; • Biomecânica: na posição sentada 90/90 falta alinhamento da coluna cervical, de cintura escapular devido a leve rotação interna de glenoumeral D, do tronco retificado com rotação para E, e pélvis retrovertida , com leve abdução de quadris e pés plantifletidos. Na posição em pé com apoio de mão D , a frente falta alinhamento de cintura escapular e tronco como na postura sentada e ainda adução de quadris (com membros inferiores em padrão tesoura leve)com pés plantifletidos também. Sistema sensorial • Visão: paciente apresenta uma dificuldade de convergência visual no objeto a frente por controle postural deficitário , realizando hiperextensão de pescoço para executar essa coordenação olho-objeto; audição olfato e paladar normais; • Tátil e proprioceptivo (somatossensorial) alterado por não receber tomada de peso em mãos e pés , mais acentuado em pé E. • Sistema vestibular: alterado • Cardiopulmonar : alteração na expansão torácica por fraqueza de musculatura respiratória . • Gastrointestinal: ausência de refluxo e constipação intestinal , adequada nutrição e ausência de controle esfincteriano 14 • Regulatório : criança alerta e ativa durante a terapia , dorme bem a noite no quarto. • Postura e equilíbrio : há alteração da postura para realizar as transições devido a assimetria de tronco. Limitação de participação Paciente não apresenta restrinção de participação na sociedade, interage em ambientes diversos, freqüenta escola regular e todas atividades sociais com a família , viaja. Barreira contextual: A criança apresenta barreira contextual , devido não ter uma cadeira de roda para deslocar, sendo quem a mãe carrega nos lugares no colo. RESULTADOS E DISCUSSÃO No tratamento realizado por esses 2 meses , sendo 3 vezes semanais , notou-se que houve uma boa evolução adquirindo melhores padrões posturais. Diminuição do tônus muscular De acordo com Bobath1 a natureza da espasticidade é considerada como resultado do sistema gama ou alfa, liberados do controle inibitório dos altos centros. A liberação de um mecanismo facilitador dentro do tronco encefálico, aumenta a sensibilidade do sistema gama, este se torna hiperexcitável e reage o máximo a um estiramento adequado, isto é, com uma descarga total sincronizada sendo que o resultado é uma fase sincronizada excitatória seguida de uma fase sincronizada de inibição pós excitatória . Depois de passar esta fase, retorna outra de excitação pós –inibitória. Estas observações explicam o fenômeno observado pelo músculo espástico. De acordo com o método utilizado notou se que houve diminuição do tônus muscular, sendo que o aumento do tônus leva o paciente a adotar posturas anormais com limitação funcional ocorrendo um desequilíbrio muscular. Na conduta terapêutica realizou mobilizações passivas, alongamentos, dissociação de cintura escapular e pélvica e inibição do padrão patológico e mudanças de decúbitos melhorando o grau de espasticidade. Equilíbrio corporal De acordo com Bobath1 as reações de equilíbrio são respostas automáticas complexas e altamente integradas as mudanças de posturas e 15 movimentos, destinadas a restabelecer o equilíbrio alternado. Estas reações se manisfestam ou em mudanças muito pequenas de tônus por toda musculatura postural ou em movimentos automáticos de oposição para restabelecer o equilíbrio alterado. Notou-se que a paciente apresentava um déficit de equilíbrio principalmente sentada, ajoelhada e na posição ortostática com apoio da fisioterapeuta. No final do tratamento a paciente apresentou uma melhora de equilíbrio na posição sentada, pois conseguiu sentar 90/90 apoiando as mãos no banco e os pés no chão, (principalmente mão esquerda.) Esquema sensorial Em todos os casos de disfunção do sistema nervoso central, e importante testar a sensibilidade para descobrir a extensão da deficiência motora do paciente, ou seja a perda dos padrões motores ou a fraqueza dos músculos , podendo então ser decorrentes da deficiência sensorial. 1 No inicio do tratamento a paciente apresentou uma aumento a sensibilidade. No final do tratamento identificou uma boa melhora em relação ao início, onde foi realizado testes de sensibilidade tátil, dolorosa e pressão. Reações adquiridas Paciente não conseguia sentar no banco 90/90, apoiando os pés totalmente e nem a mão esquerda, apresentava dificuldade em realizar as transições de supino para prono e vice versa, e ficar em pé com ajuda do terapeuta, trabalhando com a paciente em diversas transições e com estímulos a ficar de pé com apoio e com brinquedos para estimular, observou que ela realizou as transições com mais segurança e com menos dificuldade. Controle cervical De acordo com Pountney,4 o controle postural envolve o controle da posição do corpo no espaço, para a estabilidade e orientação. A orientação postural tem a capacidade de manter uma relação adequada entre os segmentos do corpo e entre o corpo e o ambiente, para uma determinada tarefa. A postura é o alinhamento biomecânico e a orientação do corpo em relação ao ambiente. 16 A orientação do corpo com respeito a gravidade é uma habilidade ativa que envolve anos de aprendizagem e coordenação de dezenas de músculos , do nosso sistema vestibular e do nosso senso de equilíbrio.2 Vários estudos indicam que os músculos do corpo, estão teoricamente ativos para manter o corpo durante uma posição vertical imóvel, sendo que o centro de massa se desloca para fora da estreita amplitude definida pelo alinhamento ideal, mais esforço muscular é exigido para recuperar uma posição estável. Na avaliação inicial apresentou ausência de controle cervical e da coluna dorsal, no decorrer das sessões houve uma boa melhora estimulando a postura , colocando a paciente para brincar com objetos a frente em uma mesa, foram realizado exercícios no rolo visando a gravidade com alongamentos para um bom tratamento. Participação da família No início do tratamento a mãe acompanhou ajudando a dar estímulos a paciente, sendo pontual nas sessões e houve ajuda nos treinos em casa de acordo com a mãe. A família parecia ser bastante prestativa, enfocando bastante na necessidade em ajudar a paciente. CONCLUSÃO No tratamento o conceito Neuroevolutivo Bobath, confirmou - se uma melhoria do desenvolvimento psicomotor da criança, possibilitando também contribuições positivas ao crescimento social e físico, refere-se resultados consideráveis à eficiência do método. O método demonstra que muitas posturas desordenadas e movimentos típicos da paralisia cerebral são resultados de reações posturais não controladas que persistem até idades em que elas já se consideram anormais, ocorrendo o aprimoramento da qualidade de vida. Neste trabalho foi mostrado vários pontos, mostrando que um paciente com paralisia cerebral pode haver bastante pontos positivos , sendo que podemos trabalhar globalmente observando a limitação do paciente, melhorando sua qualidade de vida e ajudando consequentemente a família . A paciente obteve uma melhora significativa, pois no início do tratamento a família passou por esclarecimento patológico para melhora de suas atividades de vida diárias (AVD'S). 17 Observou - se que o ambiente do tratamento e muito importante estar adequado pois a paciente apresentou uma melhora no equilíbrio corporal,esquema sensorial posições adquiridas , melhora do controle cervical e boa participação da família . A aplicação do método bobath destacou resultados consideráveis em apenas 24 sessões. O tratamento do método será continuado por outros profissionais da clínica,por ter apresentado uma boa evolução clinicamente. 18 REFERÊNCIAS 1. Bobath B. Hemiplegia em adultos: avaliação e tratamento. 3 ed. São Paulo: Manole, 2001. 2. Lasley DJ, Hamer RD, Dister R, Cohn TE. Postural stability and stereoambiguity in man-designed visual environments. IEEE Trans Biomed Eng. Vol. 38. 1991 3. Peres, LW, Ruedell, A.M.; Diamante, C. Influência do conceito neuroevolutivo Bobath no tônus e força muscular e atividades funcionais estáticas e dinâmicas em pacientes disparéticos espásticos após paralisia cerebral. Saúde. 35 (1)28-33, 2009. 4. Pountney T. Fisioterapia Pediátrica. Rio de Janeiro. Elsevier, 2008. 5. Prado GF; Resende JM. Paralisia cerebral Aspectos Fisioterapêuticos e Clínicos. Artigo de revisão. Revista Neurociência. 12 (1), 2005 6. Shephed RB. Fisioterapia em pediatria. 3 ed. São Paulo: Santos, 1996. 7. Tecklen JS. Fisioterapia pediátrica. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. 8. Umprhred DA. Reabilitação neurológica. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 9. Umprhred DA. Reabilitação neurológica. 4.ed. São Paulo: Manole, 2004. 10. Wulf B; Page A; Laschahe S; Ggenenn KB. Fisioterapa em neurologia. São Paulo: Santos, 2008. 19 ABSTRACT Objective: To assess the effectiveness of Neuro Bobath Concept in a child of 06 years in the sensory motor disorders of cerebral palsy along with static and dynamic functional activities. Materials and methods: We conducted a case report with a sample of children with spastic cerebral palsy who received the interventions of the Bobath Concept in Neuro 24 sessions lasting 50 minutes, held three times weekly for a total of two months. For comparative data and evolutionary evaluation sheets were made and at the end of treatment was carried out a review of patient progress recording, watching a good performance in psychomotor development and improves muscle tone, sensory schema, body balance, neck control and adjustment of some functional activities and dynamics. Conclusion: It can be concluded that the Bobath Concept Neuro had a great evolution in the quality of life of patients, adjusting for a better living in the external environment (or have lived), playing his quality of life. Keywords: Bobath, cerebral palsy, quality of life 20 ANEXOS TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO - T.C.L.E. Convidamos o (a) senhor (a) a participar ou autorizar a participação como voluntário na pesquisa intitulada: “A UTILIZAÇÃO DO CONCEITO NEUROEVOLUTIVO BOBATH EM UMA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL .Caso concorde deverá assinar este formulário em duas vias, uma delas será sua. A referida pesquisa que tem por objetivo verificaa eficácia do Conceito Neuroevolutivo Bobath na criança selecionada em um tratamento por 2 meses . Haverá sigilo de todos os dados de identificação coletados. Todas as informações serão confidenciais, seu nome será mantido em sigilo, e os dados obtidos terão finalidade acadêmica e publicação. Todos os dados serão arquivados por cinco anos e após incinerados, conforme orientação Resolução CNS N. 196/96 Eu, _____________________________ fui devidamente informado (a) sobre os procedimentos da referida pesquisa. Sendo assim concordo em participar ou autorizo a participação de _____________________________como sujeito dessa pesquisa. Goiânia, ___ de ______________ de 2009. _________________________________________ Assinatura do sujeito ou representante legal R.G.______________ Grau de parentesco: ________________________ 21