Indicador ANEFAC dos países do G-20 – Edição

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Indicador ANEFAC dos países do G-20 – Edição 2013
Por Roberto Vertamatti*
Brasil recua novamente para a 15ª posição por não melhorar índices de saúde, educação e renda e piorar em relação
a pobreza e desigualdade de gênero
País é a 7ª economia mundial, mas não apresenta um posicionamento equivalente nos indicadores que compõem a
avaliação de renda na ONU, que consideram a renda per capta como direcionador importante
O Brasil não melhorou seus índices de saúde, educação e renda e piorou os dados relacionados a pobreza e
desigualdade gênero, apurou o estudo Indicador ANEFAC dos países do G-20. Por conta disso, o país recua
novamente para a 15ª posição em relação às 20 maiores economias do mundo. Em 2012 foi superado pela Turquia e
pela Arábia Saudita que, no contexto geral, tiveram melhor desempenho que os indicadores brasileiros.
O Indicador Anefac dos países do G-20 é um conjunto de resultantes de indicadores da ONU publicados pelos
países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados
Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia. “As informações foram
extraídas do site da ONU na data de 07/04/2013, e refletem a posição vigente desses indicadores publicados pelos
países correspondentes até essa data”, informam os coordenadores do Gianni Ricciardi e Roberto Vertamatti,
respectivamente vice-presidente de administração e presidente do conselho da entidade.
Nesta terceira edição será possível comparar a posição de 2012 com 2011 e com 2010 para cada país do G-20, em
cada categoria de indicadores da ONU. A partir de 2011 a análise do indicador Anefac dos países do G-20 passou a
fazer parte dos trabalhos da ANEFAC, com frequência anual, e visa contribuir com o desenvolvimento do nosso país,
apontando a situação relativa do Brasil em relação as 20 maiores economias do planeta, identificando oportunidades
onde o governo e a sociedade, devem atuar para tornar o Brasil, um dia, uma nação melhor e desenvolvida,
eliminando assim o grande problema da distribuição de renda em nosso país.
“Para efeito de demonstração e comparação, consideramos somente 19 países e não a Comunidade de Países
Europeus, o qual seria o 20º país, conforme o conceito do G-20. Achamos melhor proceder desta forma para
destacar a comparação somente com os países do grupo do G-20”.
Sem evolução no ranking do IDH
De acordo com o documento, o Brasil, que está na 85ª posição do IDH no contexto mundial, tendo perdido uma
posição em relação ao ano passado onde era o 84º, também não apresentou evolução dentro do ranking do IDH
quando considerado apenas os países do G-20, permanecendo na 14ª posição. “O Brasil, ainda que figure como a 7ª
economia mundial, não apresenta um posicionamento equivalente nos indicadores que compõem a avaliação de
renda na ONU, que consideram a renda per capta como direcionador importante.
No ranking da saúde o Brasil manteve-se na 13ª posição, assim como ficou estável na 14ª posição na educação e na
17ª posição considerando os indicadores de desigualdade. A Turquia estava próxima do Brasil na resultante geral, e
os avanços nas categorias de maior correlação com o IDH (desigualdade, saúde e educação), certamente tiveram
influencia na superação sobre o Brasil no ranking deste ano.
PRINCIPAIS RANKINGS
O ranking da saúde apresentou 94,1% de correlação com o IDH. Os Estados Unidos subiram 4 posições no último
ano, sendo que Japão e Turquia evoluíram uma posição no ranking. Caíram uma posição no ranking Austrália,
França, Canadá, Itália e México, sendo que os demais países mantiveram suas posições relativas dentro do G-20. O
Brasil havia avançado uma posição no ranking no ano passado, passando de 14º para 13º, posição que foi mantida
nesta edição do indicador. O gasto com saúde em relação ao PIB aumentou de 2011, onde tínhamos 3,5%,
passando para 4,2% em 2012. Nos países desenvolvidos o gasto com saúde é praticamente o dobro do brasileiro e,
além disto, como a renda per capita dos países desenvolvidos é muito mais expressiva do que a brasileira, o valor
gasto com a saúde é significativamente superior ao gasto brasileiro.
O Brasil também melhorou no indicador de mortalidade infantil com 19 crianças falecidas a cada 1.000 nascidas. Em
2011 o número era de 21 crianças a cada 1.000 nascidas. Este índice tem melhorado ao longo das últimas duas
décadas, mas ainda é muito distante dos países desenvolvidos onde a mortalidade está ao redor de 5 crianças a
cada 1.000 nascidas. Neste quesito a Argentina está em situação bem melhor do que o Brasil, pois hoje a
mortalidade está em 14 crianças a cada 1.000 nascidas. Quanto à expectativa de vida, o Brasil melhorou ligeiramente
em 2012 atingindo 73,8 anos, um pouco melhor do que os 73,5 anos, em 2011. Nos países desenvolvidos a
expectativa está em torno dos 81 anos.
O ranking da educação apresentou 93,6% de correlação com o IDH, permanecendo como uma categoria de
importante influência no IDH das Nações. A Turquia e Japão subiram duas posições no ranking enquanto França e
Itália subiram uma posição. Canadá, Reino Unido e Indonésia caíram duas posições, e os demais países mantiveram
suas posições no ranking.
Com relação ao conjunto de indicadores da educação, o Brasil se localizou na 14ª posição considerando os países
do G-20, mantendo a mesma posição relativa do ano anterior. Em especial se destaca o percentual de 5,7% aplicado
na educação, o ano passado era de 5,1 %. No entanto este indicador, melhor analisado, demonstra que o
investimento efetivo por cidadão no Brasil, em dólar e per capita, é 1/3 do que é investido em educação nos países
desenvolvidos.
Lembramos também que estes indicadores não conseguem inferir a qualidade da educação e, no Brasil, pela
percepção geral, esta qualidade está muito aquém dos padrões dos países desenvolvidos. Enquanto no Brasil as
crianças ficam 14,2 anos na escola, em média, nos países desenvolvidos as crianças ficam na escola ao redor de
16,5 anos. No Brasil, em média, os adultos passaram 7,2 anos na escola, enquanto que nos países desenvolvidos a
média está próxima dos 12 anos.
O ranking da renda apresentou uma correlação de 96,0% em relação ao IDH. Alemanha avançou 2 posições,
enquanto Japão, Argentina e Turquia avançaram uma posição posições no ranking. Austrália, Canadá, Reino Unido,
Rússia e México caíram uma posição e os demais países mantiveram suas posições relativas no ranking. O Brasil,
ainda que figure como 7ª economia mundial, não apresenta um posicionamento equivalente nos indicadores que
compõem a avaliação de renda na ONU, mantendo-se estacionado na 15ª posição desde a primeira edição do
ranking, que tem a renda per capta como direcionador importante. No contexto das nações o Brasil figura na 75ª
posição com relação à renda per capita.
O ranking da desigualdade é a categoria que apresenta a segunda maior correlação com o IDH, com 96,8%.
França, Estados Unidos e Turquia subiram uma posição no ranking, ao passo que Reino Unido, Itália e China caíram
uma posição. Os demais países mantiveram suas posições relativas no ranking. Estes indicadores mostram as
desigualdades com relação à distribuição de renda e, situa o Brasil no 17º lugar com relação ao G-20, mantendo a
mesma posição do ano anterior.
Particularmente o coeficiente de Gini é um indicador importante relacionado a este ranking e mostra o Brasil em
situação bastante desconfortável com relação à distribuição da renda, onde os menores números significam uma
distribuição melhor. O Brasil tem melhorado neste coeficiente de GINI ao longo dos últimos anos, no entanto,
relativamente aos demais países, esta melhora não aparece. O Brasil, no contexto das nações, ocupa a 117ª
posição neste coeficiente.
O ranking da pobreza apresenta 90,7% de correlação com o IDH. A única variação nessa categoria foi o fato do
México ter avançado uma posição, indo para a 13º e o ultrapassando o Brasil que caiu para 14º. Os países abaixo do
Brasil nesse ranking apresentam desempenho que não ameaça a 14ª posição brasileira, porém, aliado ao indicador
de desigualdade, constata-se uma distância entre a posição do Brasil como economia global em relação à posição
correspondente ao desenvolvimento humano, não equivalente.
A situação do Brasil com relação à pobreza indica que pioramos uma posição em relação ao ano anterior, e ainda
estamos em pior situação do que Rússia, Argentina e México. Aproximadamente 8,5% da população brasileira, algo
como 17 milhões de habitantes vivem na miséria e destes, 10 milhões vivem com US$ 1,25 por dia.
O ranking de desigualdade de gênero apresentou correlação de 87,5% com o IDH. Itália e Turquia avançaram 3
posições no ranking, seguidas de França, China e Indonésia que avançaram uma posição. Reino Unido e Arábia
Saudita caíram 2 posições no ranking e, Japão, Canadá, Coréia do Sul, Brasil e África do Sul caíram uma posição.
A taxa de fertilidade entre adolescentes no Brasil é inferior apenas à da África do Sul, e isso pode ser um limitante ao
avanço nessa categoria. Neste conjunto de índices são apontadas as diferenças entre os sexos, onde o feminino
acaba sendo inferiorizado em diversos aspectos, o Brasil está entre os países do G-20 na posição 14, piorando uma
posição em relação ao ano anterior. O indicador mais preocupante é o das crianças nascidas de mulheres com idade
entre 15 e 19 anos que está em 75,6 crianças a cada 1.000 mulheres.
O ranking de sustentabilidade é o que apresenta a menor correlação com o IDH, apenas 49,1%. Há de se
considerar tratar-se de uma categoria nova, com indicadores novos considerados e outros removidos a cada ano, até
que sejam identificados e mantidos indicadores mais estáveis para a categoria. Existe uma grande amplitude de
variação neste ranking de um ano com relação ao outro e, em termos de países temos o avanço da China, Índia,
Indonésia, Argentina, Rússia, Estados Unidos e Arábia Saudita, enquanto Alemanha, França, Japão, Canadá, Reino
Unido, Itália, Coréia do Sul, México, Turquia e África do Sul apresentaram queda na posição relativa neste ranking.
O Brasil desfruta de uma matriz energética favorável referente à emissão de CO2 que se reflete no indicador, porém
os 9,6% de variação na área de floresta, e o fato de não informar a população que vive em áreas degradadas, tais
como no sertão e áreas de manguesais, são elementos que podem influenciar negativamente na posição do Brasil
nesse ranking no futuro.
*Presidente do Conselho de Administração e Diretor de Economia da Anefac
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