LABORATÓRIO DE FILOSOFIA: UMA OPÇÃO DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE QUALIDADE Karen Franklin1 Lisete Caspani Rigoni2 Resumo: Apresentamos a proposta e encaminhamento do Laboratório Pedagógico de Filosofia, Mathesis – seção UFC, criado para fomentar a pesquisa e experimentação de práticas e materiais voltados à propostas filosóficas para o Ensino Fundamental. Apresentando desde o início a preocupação com uma formação de qualidade e sendo necessária uma formação paralela ao curso de licenciatura em filosofia, o laboratório contribui para a discussão aprofundada das práticas e das políticas que envolvem a opção pela disciplina de filosofia. Nossa preocupação se sustenta na necessidade de munir os participantes de autonomia acadêmica e operacional para serem agentes produtores de práticas e materiais a serem utilizados na educação fundamental. O alcance do Laboratório busca criar uma cultura de qualidade no professor de filosofia, tanto para aquele que trabalha com o ensino fundamental como o professor do ensino médio. A relação entre a Filosofia e a Educação são foco central de nosso trabalho, pois a partir dessa tensão poderemos avaliar qual será o papel do ensino de filosofia nas propostas mais imediatas das políticas educacionais do país. Palavras-chave: Filosofia. Ensino de Filosofia. Laboratório Mathesis. O Laboratório Pedagógico de Filosofia, Mathesis, foi criado em 2004 no Curso de Filosofia da UFC como forma de complementar a formação pedagógica dos alunos. Não é um curso regular, mas sim uma instância de investigação e pesquisa permanente sobre métodos, experiências e material didático voltado ao ensino de Filosofia nos diversos níveis de Ensino. Nossa preocupação em estabelecer o Laboratório Mathesis girou em torno de que na formação regular de licenciatura em filosofia, o currículo não contempla de nenhuma forma as preocupações com a qualidade do professor de filosofia, nem com a crescente possibilidade de postos de trabalho no ensino fundamental. O laboratório iniciou seus trabalhos com grande expectativa por parte dos alunos participantes, que foram paulatinamente se desligando do laboratório por ser uma atividade paralela ao curso noturno. No entanto, os 1 2 Doutora em Filosofia UFPR. [email protected] Bacharel em Filosofia UFC. [email protected] 2 poucos que ficaram se esmeram em levar adiante as atividades de pesquisa e produção de materiais. As atividades alargaram-se dos limites do curso de filosofia e da universidade, expandindo-se no I Seminário Mathesis: Filosofia e Educação em fevereiro de 2006, que contou com a participação de diversos cursos e universidades. O curso de filosofia da UFC tem sua estrutura curricular voltada ao bacharelado e a formação de alunos-pesquisadores para o curso de pós-graduação em filosofia, mesmo que contemple a licenciatura. O que temos concretamente é um curso que preocupa-se com a formação de pesquisadores e que afasta-se da formação pedagógica de qualidade. Sendo que a maioria de nossos alunos se inserem no mercado de trabalho através da profissão de professor, achamos que a qualidade deste deve ser priorizada no interior do Curso, se não através do currículo, ao menos através de atividades extra-classe, como o Laboratório Mathesis. Por isso, nossa proposta leva em conta atividades didáticas, através da investigação sobre o ensino de filosofia e suas possibilidades no quadro atual do ensino público e privado. Propomos cursos de extensão, juntamente com a UFC-Virtual, que nos auxiliou em curso à distância como forma de exteriorizar os resultados e a formação qualificada do Laboratório. Estabelecemos grupos de pesquisa voltados a produção de textos para o ensino fundamental, tendo em vista capacitar o professor como produtor de material didático. Os debates, encontros e seminários regulares proporcionam trocas de experiências por parte de professores de diversas áreas e os alunos que atuarão na rede de ensino como professores. Nesses dois anos de funcionamento o Laboratório Mathesis conseguiu uma projeção interessante em termos institucionais, mas não conseguiu cativar os alunos alvo do trabalho. Por que? Qual seria a melhor estratégia de persuasão? Efetivamente, tivemos problemas de estrutura física no Departamento de Filosofia e poucos recursos para o trabalho e produção de materiais. Desde sempre sabemos que os problemas de estrutura das universidades federais sempre esbarram em vontades políticas e corporativismo do corpo docente. Dessa forma, um de nossos principais problemas foi o de convencer o corpo docente que essa iniciativa é fundamental para a qualidade do professor de filosofia formado pelo curso. No entanto muitos ainda persistem na concepção que o professor de filosofia não precisa ser nada além de um pesquisador sério, que sua didática e capacidade de comunicação não são determinantes para ministrar aulas, ou mesmo, que essas sejam conseqüência natural da experiência de pesquisador. Essas resistências concorrem com a formação de preparação dos alunos para candidatarem-se ao mestrado em filosofia no mesmo departamento. Isso conturba o corpo discente, pois se sente preso a duas facções acadêmicas, onde é o alvo principal de disputas e conquistas. A persuasão dos docentes é o principal desafio, pois concordam com a 3 importância do Laboratório como instância de pesquisa pedagógica, mas não querem-se envolvidos pessoalmente com essa preocupação e formação. Nosso primeiro seminário se deu em agosto de 2005, através de convênio com o Núcleo de Pesquisas e Educação Continuada da UFC (HUMANAS), que publicou o livro Mitos Platônicos para Crianças3, que deu origem ao curso Filosofia no Ensino fundamentalséries iniciais4. Esse primeiro seminário divulgou nosso trabalho e abriu espaço para a importância do tema no âmbito da universidade e do Curso, mas o entusiasmo manteve-se nos holofotes, pois a pesquisa diária do Laboratório Mathesis foi assegurada por poucos membros. Criamos então um grupo, pequeno, mas coeso de pesquisadores e produtores de material, que experimentaram suas produções em Ongs conveniadas. O I Seminário Mathesis: Filosofia e Educação, em fevereiro de 2006, teve novamente grande repercussão, pois colocou em contato diversos pesquisadores das duas áreas. A possibilidade de troca de experiências com professores da rede pública e alunos de diversas universidades nos trouxe a certeza de que o trabalho está no caminho correto, pois temos carência dessas discussões no interior do curso e da formação de professores. Mesmo com tanta divulgação e repercussão, voltamos à nossa duvida inicial: por que não conseguimos persuadir os alunos de filosofia com a urgência de posicionamento frente ao ensino? Uma de nossas possíveis respostas poderia ser o nível de compreensão do aluno de filosofia sobre seu curso, sobre a própria filosofia e sobre as possibilidades do mercado de trabalho que o curso oferece. Há um desleixo com o futuro, parece que a cultura do presente, do aqui e agora, revela-se também na formação universitária. A falta de empenho já é um reflexo da formação primária e secundária. Nosso aluno ingressa no curso sem a maturidade necessária para vivenciar todas as oportunidades que a universidade oferece, ou deveria oferecer, e isso contribui para um maior abismo na formação. Nossa posição é de que diploma não basta, é preciso fornecer também qualidade nas vivências e na formação integral do aluno. Por isso, o Laboratório Mathesis é fundamental para a formação complementar dos futuros licenciados em filosofia da UFC. Detectamos que o a constituição dos conhecimentos fundamentais que dão suporte para a profissionalização é deficiente desde a base. Sem uma boa educação básica, os alunos que ingressam no nível superior de escolaridade comportam uma série de falhas problemáticas para dar conta das novas exigências da formação. Perpetuam o problema ao 3 FRANKLIN, Karen Mitos Platônicos para Crianças – A filosofia através dos mitos, v. I e II, Fortaleza: Ed. UFC, 2005. 4 Curso lotado na UFC-Virtual que dispõem na modalidade à distância e semi-presencial, com 40 horas e tem por objetivo formar professores para trabalhar com filosofia no ensino fundamental através do livro Mitos Platônicos para Crianças. 4 retornarem às escolas, desta vez como professores das ulteriores gerações. Sem a esperada obtenção dos saberes essenciais para a prática docente, esses profissionais não sabem como lidar com as novas demandas da geração vindoura, e estabelecem um círculo vicioso de educação falha. Ao manifestarmos um ideal de educadores, comprometidos e qualificados, visualizamos agentes capazes de mudanças significativas, seja na formação individual ou mesmo na ordem institucional. Isso poderá ser compreendido e vivenciado através do exercício competente do magistério na área de sua especificidade, a saber, o ensino de filosofia. Esperamos que os futuros professores de filosofia possam corrigir e superar aspectos deficientes da própria formação, tornando-se aptos a educar jovens e crianças para uma nova sociedade, mais justa, organizada, evoluída e melhor de se viver. Sabemos que é preciso um empenho coletivo para promover as transformações. Do mesmo modo como temos clareza que é necessário buscar novos elementos de capacitação, tendo em vista as sérias e complexas exigências para o mister educativo nessas amplas proporções. Todavia, não é raro termos a sensação de remar contra a maré. Quando estamos dispostos a investir sem medidas nossos esforços para a organização de um trabalho específico, tal como é proposto nas atividades do laboratório. Por que tamanha dificuldade em persuadir da importância da formação pedagógica para o professor de filosofia? De um lado, temos problemas de ordem interna, tanto materiais como humanos, que dizem respeito às condições de estrutura física e ao comprometimento dos professores e alunos do Curso para execução de trabalhos complementares. No entanto não concordamos que, a falta de tempo, de recursos financeiros e condições para planejar, organizar e executar um trabalho coletivo sejam suficientes para justificar a negativa de participação. Pois, se a meta é a formação de qualidade, o corpo docente e discente deve criar condições para que ela ocorra. Mas, muitas vezes, a maior justificativa do não empenho na formação pedagógica está no foco principal que o Curso de filosofia elege como prioritário na formação, ou seja, elege a preparação para a pesquisa em detrimento da preparação pedagógica. Nossa posição é de que uma não exclui a outra e nem tem menor importância. Porém, por outro lado, temos dificuldades externas que pressionam contra a perseverança dos alunos iniciantes. Estas dificuldades tem origem em pressupostos típicos da sociedade norte-americana, que é possível ganhar tempo e dinheiro com a compra de produtos do mercado, os manuais de ensino de filosofia. Esses materiais que apresentam até instruções de uso e acompanhamento de profissionais para dar manutenção e garantias de “fábrica” ao produto, produzem uma falsa facilidade em lidar com crianças e adolescentes nas turmas de filosofia. Poderíamos citar, apenas como ilustração, o pacote importado do programa de Filosofia para Crianças de 5 Mattew Lipman que se infiltra nas escolas, mas que pouco motiva os professores a assumirem uma posição mais ativa no processo de elaboração do material de seus alunos. Em Fortaleza, esse modelo obteve tanto sucesso que já é um diferencial para as escolas particulares que adquirem o pacote “filosofia”. Sem tirar o mérito do programa de Lipmam, que concordamos ser importante referencial no trabalho escolar, defendemos a posição de que não devemos levar os professores em formação a se colocarem na condição de clientes beneficiados, pois estaremos abandonando um importante requisito para efetivar os objetivos do Laboratório Mathesis. Em primeiro lugar, é preciso ter conhecimento consistente de uma determinada ação educativa, das formas e conteúdos adequados a circunstâncias e pessoas. Compreender o sentido e direção dos exercícios, ter visão de conjunto e finalidade para atingir objetivos das aulas de filosofia. Não podemos esperar que instruções práticas de metodologias a serem desenvolvidas possam suprir carências de conhecimento elaborado e específico, que são a razão da atividade filosófica na escola e contêm todo sentido para sua aplicação. Mas há um forte apelo comercial que promete facilitar a vida de todos, encontrando muitos adeptos que ingenuamente acreditam estarem assim capacitados para promoverem uma educação legítima. Dizemos isso porque compreendemos que nada substitui o esforço individual para a elaboração e fundamentação dos conhecimentos necessários ao exercício da filosofia. Em segundo lugar, são esses conhecimentos que habilitam os educadores a exercerem autonomia didática e crítica do seu fazer específico; somente ao conhecer as necessidades e implicações dos exercícios teóricos próprios da filosofia é que se torna possível identificar, junto do contexto de aplicação, quais os recursos metodológicos mais adequados. Nesse sentido, que afirmamos em nossa posição a importância do licenciado saber criar e organizar o próprio material didático, pois dessa forma estará capacitado a selecionar diferentes fontes e utilizálas da melhor maneira para o cumprimento dos objetivos das aulas. Por certo, o setor privado disputa concorrência com nossa proposta, oferecendo diversas vantagens, geralmente de ordem material, que a universidade pública não pode oferecer. Em contrapartida, o que podemos construir sem essas facilidades se apresenta como o fundamental, que é justamente a oportunidade de cada aluno produzir, sob a orientação dos professores e num contexto de interlocução com os colegas, pesquisadores e especialistas, seu próprio conhecimento. Infelizmente observamos que poucos se sentem motivados para perseverar e produzirem pesquisas acadêmicas nessa linha. Parece haver resistência para o aprimoramento pessoal tendo em vista o ensino. 6 Mas aqui é interessante apresentarmos uma particularidade regional, que pode ser observada no Estado do Ceará. Podemos perceber fortes contrastes na cultura local, que separam-se em posições extremas e opostas. De um lado, temos a idéia dos que ingressam no Curso firmemente ligados ao imediatismo, e buscam abreviar ao máximo o período e as atividades voltadas para sua formação. De outro lado, não é raro nos surpreendermos com dedicados esforços pessoais, quase sempre mantidos no anonimato, e que vez ou outra denunciam uma brilhante potencialidade, riqueza de conhecimentos e capacidade de leitura da realidade. Temos a impressão que o problema reside na imposição de regras e compromissos para que se avance na pesquisa em grupo, pois quando há necessidade de cumprir quaisquer metas e exigências em razão do coletivo, o empenho desaparece. Nesse sentido, vemos que a maior dificuldade é de ordem disciplinar. Em contrapartida, quanto a liberdade que temos na escolha de autores e textos a serem trabalhados, bem como o tempo, local e ocasião para a realização do estudo, vemos alguns alunos capazes de empenho pessoal imenso, atingindo um grau de conhecimento muito além e contrastante com a maioria dos seus colegas. Seria de se esperar que tal dedicação aos estudos promovesse a vontade e determinação de discutir em grupo, aprimorando os saberes constituídos e voltados à prática de sala de aula. No entanto, o que de fato acontece é uma possível afinidade desses estudos individualizados com a oferta de linhas pesquisas acadêmicas voltadas para preparação ao mestrado. Nesse ponto, perguntamos novamente porque o Curso de filosofia da UFC não provoca os alunos para a prática pedagógica? Por que as questões pedagógicas não são suficientemente interessantes a ponto de envolver os alunos? Por que se conformam com uma formação mediana de professores de filosofia? Não pretendemos tirar o mérito da qualificação para o mestrado, porque sabemos que também é fundamental na formação do professor, no entanto, o desequilíbrio com a formação pedagógica acentua as dificuldades dos futuros mestres e doutores em colocar-se frente a seus alunos. E é por isso que chamamos a atenção para o ocorre na realidade: a maioria dos graduados em filosofia seja licenciatura como bacharelado, tem suas reais oportunidades profissionais vinculadas ao ensino. Então, por que não assumirmos isso desde o início da graduação? Essa questão, no interior dos cursos de graduação em filosofia, nunca foi muito bem recebida. Mas, por que? Podemos apenas ponderar, dificilmente responder. A proposta de atividades do Laboratório Mathesis leva em conta a especificidade da filosofia enquanto disciplina de ensino. Está aberta aos licenciados e todos os que se interessam em aprofundar-se no estudo e nas discussões em torno da educação através da filosofia. Se desde o primeiro momento compreendemos o papel educativo intrínseco à atividade filosófica, temos clara a necessidade de mobilizar nossos esforços para que a 7 formação acadêmica qualifique os seus alunos para a prática pedagógica. Esta se dá na esfera comum, através da dialética discursiva que atua como mecanismo de elaboração de conceitos filosóficos, presentes enquanto conceitos universais que fundamentam e dão sentido aos acontecimentos. Portanto, mais uma vez consideramos a evidência do valor do exercício desenvolvido no interior do Laboratório, pois ao compartilhar nossas concepções, além de favorecer a capacitação do licenciado para sua futura prática docente, questionamos e discutimos a forma concreta da educação, as políticas e os projetos educacionais, bem como as possibilidades da filosofia. Nessa prática reflexiva conjunta realizamos um movimento próprio do filosofar, nos qualificamos enquanto agentes da educação e enquanto sujeitos capazes de compreender e projetar as ações mais promissoras para os propósitos educativos, nos diferentes graus de ensino de filosofia. Nosso desafio é vencer a estagnação mediante as propostas educativas modificadoras da conturbada prática vigente. Temos a certeza que toda a transformação positiva é resultado da competente atuação de qualificados profissionais da educação. Esperamos formar professores de filosofia que compreendam a dinâmica do filosofar e, dessa forma, além de ensinar, serem capazes de fazer filosofia com seus alunos, com a comunidade escolar, com outros profissionais da educação, com os pais e de certo modo, com toda a sociedade. Convidar e cativar os alunos do Curso tem sido nossa maior e imediata preocupação. O Laboratório Mathesis foi criado para atender essa demanda de qualidade na formação pedagógica. Para tanto, mantemos o ideal da qualidade do professor de filosofia, para atender às expectativas de formação integral da nossa população. Perseveramos na concepção de que os principais agentes de motivação para essa qualificação esperada são os docentes do curso de filosofia; principalmente por entendermos que os alunos ingressam sem a maturidade e visão para as projeções concretas de sua formação. E por esse motivo, guardamos uma série de inquietações sobre as constantes resistências em assumir como um foco fundamental do Curso a formação pedagógica do aluno de filosofia. Se todos temos expectativas de que a educação realize mudanças significativas no âmbito geral da nossa nação, como se justifica que seja tão pouco valorizada a missão dos educadores, até mesmo no seio acadêmico? A conclusão que chegamos, com as atividades do Laboratório Mathesis na UFC, é de que devemos procurar sensibilizar o meio acadêmico, principalmente as estruturas dos Cursos de filosofia, da urgência de formação pedagógica em filosofia. Buscando na formação de professores de filosofia uma qualificação para atuar em todos os níveis de ensino. Isso significa afirmar que os licenciados em filosofia devem ter capacitação também para trabalhar com o ensino fundamental, pois é nele que poderemos despertar o gosto pela pesquisa e pelo 8 filosofar. Não estamos afirmando que os Cursos de filosofia não devem preocupar-se com a formação de pesquisadores, voltados ao mestrado e ao doutorado, mas sim que na graduação a ênfase na formação de pesquisadores deve estar na mesma equivalência da formação pedagógica. Referências biblográficas ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, Poética in Pensadores. 4ª edição. São Paulo: Nova Cultural, 1991. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. ______. 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