A extração do pau-brasil e o índio: o esquema montado para a extração do pau-brasil contava com a indispensável participação do indígena. Seu trabalho era comprado com bugigangas e quinquilharias. O relacionamento entre traficantes e indígenas em pouco tempo se deteriorou. A organização da produção colonial: é com a finalidade de completar, de satisfazer os interesses do comércio europeu que nasce e se organiza a produção colonial, tendo como base à grande propriedade agrícola monocultura e escravocrata. O tráfico negreiro: a preferência pela importação do escravo negro só pode ser compreendida como mais um componente dentro da engrenagem do sistema de exploração colonial. Abria-se com o tráfico mais um setor do comércio colonial, enquanto a escravização do índio era um negócio interno da Colônia. O engenho de açúcar: é o nome genérico da grande propriedade agrícola voltada para a produção do açúcar. Compunha-se, basicamente, das seguintes construções: casa-grande, capela, senzala e casa do engenho. Sociedade açucareira: a estrutura social está baseada, essencialmente, em duas classes opostas: classe senhorial e escravos. Numa faixa intermediária, vamos encontrar diversos homens brancos, servindo aos interesses da classe dominante. A FORMAÇÃO SÓCIO-CULTURAL DO BRASIL Elementos étnicos: os três principais elementos étnicos formadores do povo brasileiro são: o branco, o negro, e o índio. Das miscigenações raciais ocorridas entre eles, surgiram três tipos fundamentais de mestiços: caboclo, ou mameluco, mulato e cafuzo. O mito da democracia racial e cultural: a cultura brasileira não é o resultado da harmonização das heranças indígenas, negras e portuguesas. O colonizador europeu, em razão do seu domínio político e econômico, impôs ao Brasil os padrões culturais europeus (idioma, religião, organização social e política, conhecimentos científicos e artísticos). O massacre indígena: o processo de colonização levou ao massacre das populações indígenas que habitavam a terra brasileira. Entre as principais causas que levaram ao massacre dessas populações, citam-se: a contaminação infecciosa, a desorganização do modo de produção indígena, a guerra e os suicídios coletivos. Tráfico negreiro: de 1568 a 1859, o tráfico negreiro introduziu no Brasil, aproximadamente 3600.000 negros, que provinham, principalmente, de dois grupos africanos: os bantos e os sudaneses. O tráfico negreiro era a principal fonte de reabastecimento da mão-deobra escrava, pois, no Brasil, não se estimulava o crescimento vegetativo da população negra. Os quilombos: os escravos fugitivos, para melhor se protegerem das perseguições, fundavam os quilombos. Palmares foi o mais famoso dos quilombos chegando a abrigar 20 mil escravos fugitivos. Seu chefe era Zumbi. Este quilombo resistiu durante 65 anos ao ataque das tropas do Governo. Foi destruído, em 1692, por tropas comandas pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. O colonizador português: o que atraía os portugueses para o Brasil era a ambição de “valer mais” que em Portugal, pois aqui poderiam ser proprietários de terras e senhores de escravos índios ou negros. Os portugueses que vieram para o Brasil formavam um grupo heterogêneo, de variadas posições sociais (fidalgos e militares, sacerdotes, degredados, lavradores, artesãos, etc.). O Brasil considerado terra de ninguém: o direito de Portugal e Espanha sobre as terras da América, estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas, nunca foi reconhecido por nações como França e Inglaterra. Por isso, fizeram diversas tentativas para dominar certas regiões do Brasil. França Antártica: a fundação da França Antártica na Baía de Guanabara deu-se em 1555, por tropas comandadas por Nicolau Villegaignon. Os franceses mantiveram por um bom tempo suas posições com a ajuda dos indígenas (Confederação dos Tamoios). No Governo de Mem de Sá, os franceses foram expulsos, em 1567, por tropas comandas por Estácio de Sá. França Equinocial: a fundação da França Equinocial deu-se no Maranhão, por tropas comandadas por Daniel de Lá-Touche. Neste local, os franceses fundaram o forte São Luís. Os franceses foram expulsos por tropas comandadas por Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura, em 1615. Domínio espanhol: D. Sebastião morreu sem deixar descendentes. O trono português foi assumido pelo seu tio-avô, o cardeal D. Henrique, que morreu dois anos depois. Felipe II, rei da Espanha, e neto de D. Manuel, acaba conquistando o trono português e promovendo a União Ibérica (1580-1640). É durante o domínio espanhol que os holandeses decidem invadir o Nordeste brasileiro para romper o bloqueio econômico que Felipe II pretendia impor à nascente República das Províncias Unidas. Invasão holandesa à Bahia: o lugar escolhido para a primeira invasão foi a capital da Colônia, Salvador. Sem encontrar grandes resistências, os holandeses rapidamente dominaram a cidade. Enfrentaram, contudo, uma lenta e desgastante reação guerrilheira, que tinha entre seus líderes o bispo D. Marcos Teixeira. Para auxiliar os colonos na expulsão dos holandeses, uma poderosa esquadra luso-espanhola foi enviada ao Brasil, sob o comando de D. Fradique de Toledo Osório. Cercados por mar e terra, os holandeses renderam-se em 1º de maio de 1625. Invasão holandesa de Pernambuco: a segunda invasão holandesa ocorreu em Pernambuco, a mais rica Capitania da época. O Governador Matias de Albuquerque não dispunha de forças suficientes para resistir; fugiu, então, para o interior, onde fundou o Arraial do Bom Jesus. Para combater os holandeses, adotou a tática da guerrilha, que estava dando bons resultados até que Calabar decidiu auxiliar os holandeses, fornecendo-lhes preciosas informações sobre a região. Os holandeses conseguiram liquidar a resistência luso-brasileira e nomearam João Mauricio de Nassau Siegen Governador Geral da Colônia Holandesa. Nassau realizou uma habilidosa administração, fazendo diminuir a revolta dos luso-brasileiros contra a ocupação holandesa. Governou de 1637 a 1644, ano em que retornou a Holanda em razão de desentendimentos com a Companhia das Índias Ocidentais (WIC). A Insurreição Pernambucana: depois da saída de Maurício de Nassau, a administração holandesa tornouse mais cruel e prepotente. Por isso, os colonos organizaram um amplo movimento de combate aos holandeses, denominado Insurreição Pernambucana. Nas lutas empreendias contra os holandeses destacamse as vitórias alcançadas nas Batalhas dos Guararapes. A rendição final dos holandeses dá-se em 1654, quando os luso-brasileiros conseguem cercá-los, com a ajuda de uma esquadra comandada por Pedro Jacques de Magalhães. A rendição holandesa só produziu efeitos plenos em 1661, com a assinatura da Paz de Haia. A decadência econômica portuguesa: ao final da União Ibérica, Portugal estava numa situação de profunda crise econômica. A essa altura, somente o Brasil lhe restava entre as colônias economicamente importantes. A concorrência do açúcar antilhano e o início da dependência política e econômica em relação à Inglaterra assinalam esse período de crise para Portugal. A conquista do sertão: o povoamento do Brasil evoluiu no sentido litoral-interior. A princípio, os portugueses instalaram-se na região litorânea, e lá permaneceram “como caranguejos a rondar as praias”. Pouco a pouco, iniciou-se a penetração para o interior através dos jesuítas, bandeirantes e boiadeiros. A atividade dos jesuítas: a Companhia de Jesus assumiu como missão combater as idéias protestantes e difundir o catolicismo. A arma utilizada na conquista espiritual era a educação escolar que enfatizava o ensino religioso. Para catequizar o índio, os jesuítas penetraram no sertão e fundaram aldeamentos chamados missões ou reduções. Tais aldeamentos foram o alvo predileto do bandeirismo apresador. Para conquistar os colonos fundaram uma escola de nível elementar. As Entradas: eram expedições de caráter oficial que foram organizadas pelo Governo para explorar e reconhecer o sertão. As Bandeiras: eram expedições organizadas e patrocinadas por grupos particulares. Havia três tipos básicos de bandeirismo: o apresador (voltado à captura de índios para a escravização);. O prospector (voltado à busca de metais preciosos) e o sertanismo de contrato (prestava serviços à classe dirigente colonial, mediante contrato, para combater índios ou negros). A pecuária: desempenhou importantíssimo papel na vida colonial. Fornecia à população da Colônia a carne, o couro, com suas múltiplas utilidades, e os animais de transporte para as zonas agrícolas e mineradores. Além disso, realizou uma tarefa monumental em termos de conquista e ocupação do vasto território brasileiro. Aspecto fundamental da pecuária é que representava um negócio interno da Colônia, cujos lucros eram incorporados ao País. As duas principais zonas criatórias foram as caatingas do Nordeste e as campinas do Sul. Tratados e fronteiras: a forma geográfica do Brasil seria totalmente diversa da atual, se Portugal e Espanha tivessem cumprido as determinações do Tratado de Tordesilhas. Isto não aconteceu e uma série de novos tratados foram assinados para que as fronteiras do Brasil fossem definitivamente fixadas. Dentre esses tratados, destacam-se: os de Utrecht (1713 e 1715), o de Madri (1750), o Acordo do Pardo (1761), o de Santo Ildefonso (1777) e o de Badajós (1801). A época do ouro: a descoberta das jazidas de ouro, a partir de fins do século XVII, provocou uma verdadeira corrida em direção a Minas Gerais. Com tanta gente chegando, Minas Gerais conheceu um acelerado desenvolvimento. Nasceram importantes vilas e cidades como Vila Rica, Congonhas do Campo, Sabará, Mariana, São João Del Rei. O controle da metrópole: o Governo português logo tratou de montar um esquema administrativo para exercer controle sobre a região mineradora. Em 1702, criou a intendência das Minas e, em 1720, as Casas de Fundição. A transferência da capital do Estado do Brasil, de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763, também faz parte do conjunto de medidas que visavam controlar as atividades mineradoras. A transferência da capital demonstra que o centro econômico do Brasil havia se deslocado do Nordeste para o Sul. Guerra dos Emboabas: foi o conflito, iniciado em 1708, entre paulistas e portugueses – apelidados emboabas – pelo controle da região mineradora. A Coroa portuguesa soube aproveitar-se do conflito para intervir nas minas e exercer um rígido controle econômico sobre a região. Revolta de Vila Rica: foi liderada pelo português Felipe dos Santos que, em 1720, exigiu do Governador de Minas Gerais o fechamento das Casas de Fundição. O desfecho da Revolta foi altamente desfavorável para os revoltosos. Felipe dos Santos foi condenado à pena de morte. A sociedade mineira: caracterizava-se por uma vida predominantemente urbana, da qual participavam diversos tipos de pessoas. A mobilidade social era relativamente mais fácil do que no Nordeste açucareiro. A possibilidade de súbito enriquecimento atenuava até mesmo o preconceito de raça. A riqueza, a princípio fácil e abundante, levou diversas pessoas a uma vida de ostentação, vícios e esbanjamento. Muitas pessoas, entretanto, utilizaram suas riquezas para o requinte espiritual. Daí porque surgiram em Minas os primeiros movimentos artísticos do Brasil Colonial. O mercado interno e os transportes: a exploração do ouro, sendo a atividade dominante, tornou a sociedade mineira um excelente centro consumidor de alimentos e outros produtos dentro da Colônia. O abastecimento de Minas Gerais envolveu três tipos principais de transportes: o transporte marítimo à vela, o transporte fluvial e o transporte pelo muar. Este último foi o mais importante para o abastecimento geral das minas. Produção de diamantes: foi muito importante a produção de diamantes que se verificou no Brasil, a partir de 1729, no Arraial do Tijuco, em Minas Gerais. A região ficou submetida, a partir de 1771, ao severo controle da Intendência dos Diamantes que isolou o distrito diamantino para exercer sobre ele uma ação das mais enérgicas e rigorosas. Conseqüências do ouro: a exploração do ouro brasileiro pouco serviu ao nosso desenvolvimento e até mesmo ao desenvolvimento de Portugal. A grande beneficiária do ouro brasileiro foi a Inglaterra que, recebendo nosso ouro, pôde estimular seu desenvolvimento industrial. Em termos internos, as principais conseqüências do ciclo do ouro foram: deslocamento de inúmeras pessoas para o sertão; agravamento do choque de interesses entre a população da Colônia e da Metrópole. O choque inevitável entre Colônia e Metrópole: o funcionamento do sistema de exploração colonial gerava contradições na medida em que para explorar era preciso desenvolver a Colônia. O desenvolvimento fortalecia a classe colonial que veio a se opor aos interesses metropolitanos. As tensões insuportáveis entre Colônia e Metrópole explodiram em diversas revoltas. Revolta de Beckman: foi liderada pelo senhor de engenho Manuel Beckman, tendo como palco o Estado do Maranhão, em 1684. Essa revolta foi motivada pela crise de mão-de-obra que a Companhia Geral de Comércio do Estado do Maranhão não conseguiu solucionar e pelas dificuldades econômicas da empresa açucareira. Reprimida a revolta pelas forças metropolitanas, Manuel Beckman e mais dois chefes do movimento foram enforcados. Guerra dos Mascates: foi o conflito entre os senhores de engenho de Olinda e os comerciantes de Recife, apelidados de mascates. Os senhores de engenho, revoltados contra a autonomia administrativa pretendida por Recife, organizaram uma rebelião que eclodiu em 1710. Ao final do conflito, os mascates saíram vitoriosos e Recife tornou-se a capital de Pernambuco. Conjuração Mineira: teve como palco o ambiente de Minas Gerais, na fase da decadência da exploração do ouro (1789). As idéias liberais européias e o clima geral de descontentamento diante dos pesados impostos incendiaram a revolta num influente grupo de conspiradores. O projeto dos inconfidentes incluía medidas como: libertar o Brasil de Portugal, constituindo uma República, com capital em São João Del Rei; fundar uma Universidade em Vila Rica; desenvolver manufaturas no País e estimular a agricultura. A Conjuração Mineira foi traída por alguns elementos que faziam parte do próprio grupo. O Governo agiu rapidamente, prendendo, julgando e condenando os implicados. Mas, somente Tiradentes foi condenado à morte, sendo enforcado e esquartejado, no dia 21 de abril de 1792. Conjuração Baiana: explodiu dez anos depois da Conjuração Mineira, em 1798. Tinha um maior alcance popular, pois seus objetivos estavam mais voltados às aspirações do povo. Propunha, por exemplo, a abolição da escravidão, que não consta do projeto dos conjurados mineiros. O movimento baiano sofreu severa repressão e quatro rebeldes de origem humilde, João de Deus, Manuel Faustino, Luis Gonzaga e Lucas Dantas foram enforcados e esquartejados, em 8 de novembro de 1799. Causa da ruptura do sistema colonial: o aparecimento do capitalismo industrial na Europa, a partir de meados do século XVIII, foi a causa profunda que determinou a crise do sistema colonial. Isso porque o capitalismo industrial não se acomodava com as barreiras do regime de monopólio, nem com o regime de trabalho escravista. Assim, com o progresso desse capitalismo, os impérios coloniais ibéricos (Espanha e Portugal) estavam definitivamente condenados. A vinda da família real para o Brasil: devido à invasão franco-espanhola ao território português, em 1807, a família real foi obrigada a abandonar Portugal, transferindo a sede do Reino para o Brasil. Napoleão aliou-se à Espanha para invadir Portugal porque D. João recusava-se a participar do Bloqueio Continental contra a Inglaterra. A abertura dos portos e outras medidas de D. João: cedendo às pressões inglesas, D. João decretou, em 1808, a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. Assim, o monopólio do comércio colonial ficava extinto, exceto para alguns poucos produtos como o sal e o pau-brasil. A grande beneficiária dessa medida foi a Inglaterra que, obtendo junto ao Governo português vantagens alfandegárias para a importação de seus produtos (Tratado de 1810), passou a ser a maior fornecedora de produtos industrializados para o Brasil. Entre outras medidas administrativas de D. João, destaca-se a elevação do Brasil, em 1815, à categoria de Reino Unido aos de Portugal e Algarves. o aumento dos impostos, a seca de 1816 e a crise da agricultura afetando o açúcar e o algodão foram as principais causas responsáveis pela eclosão da Revolução Pernambucana de 1817. Fazia parte do projeto dos revolucionários a proclamação da República e a elaboração de uma Constituição liberal. A Revolução foi reprimida pelo Governo de D. João VI e seus principais líderes foram condenados à morte. em conseqüência da Revolução do Porto, D. João VI viu-se obrigado a deixar o Brasil e partir para Portugal, em 26 de abril de 1821. Governando o Brasil ficou D. Pedro, na qualidade de Príncipe Regente. Assumindo o controle da situação política em Portugal, as Cortes manifestaram a intenção de recolonizar o Brasil e promover o retorno do monopólio comercial. Reagindo a essas intenções, surgiu o Partido Brasileiro que se movimentou em torno de D. Pedro, fortalecendo sua autoridade interna e encaminhando o processo da independência. Esta é oficialmente proclamada em 7 de setembro de 1822.