Electrónica Geral Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica Mestrado em Bioengenharia e Nanossistemas Ano Lectivo 2012/2013 Relatório do Trabalho de Laboratório nº 2 Inversor CMOS elaborado a ....... /..................../ 2013 Grupo Turma 1 2 3 4 5 6 2ª feira 15h 2ª feira 17h I 2ª feira 17h II 3ª feira 14h30 X Apague os números que não correspondem ao seu grupo e coloque um X na sua Turma. Número 69407 69569 69606 Nome Ricardo Jorge Domingos Ferreira Guilherme Blazquez Freches João Pedro Belo Pereira Rubrica Coloque os elementos do grupo por ordem numérica crescente. Recebido........./..................../ 2012 às …….h…….m por ……………………………………………….. (rúbrica) I-Introdução O objetivo deste trabalho é estudar as características de um inversor CMOS (complementary metal-oxide-semiconductor), componente básico de um circuito CMOS, usado em aplicações analógicas e digitais como amplificador. Deste modo, realizou-se em primeiro lugar um estudo analítico, com recurso às ferramentas clássicas sobre análise de um transístor MOS nas diferentes zonas de funcionamento (corte, tríodo e saturação). De seguida, com o programa LTSPICE, efetuaram-se simulações em regime de funcionamento DC, com o inversor excitado por um sinal forte (varrimento em DC, DC sweep), em regime AC, com o inversor excitado por um sinal sinusoidal fraco no domínio da frequência (AC sweep) e, por último, simulações em que foi analisada a resposta do circuito inversor a uma onda quadrada (ou seja, a sinais fortes em regime de comutação no domínio do tempo, trans). É de referir que obviamente não se esperava que houvesse uma correspondência perfeita entre comportamento previsto e experimental, pois além de se recorrerem a aproximações matemáticas no momento da execução de cálculos, existem fenómenos como a dispersão de fabrico entre outros que levam a que o circuito real difira claramente do teórico. Após o estudo analítico e computorizado, foram feitas em laboratório medições de modo a verificar experimentalmente o que havia sido feito no papel. II-Análise teórica Os transístores, conhecidos como MOSFET’s (Metal Oxide Semiconductor Field-Effect Transistors) apresentam, tal como o nome sugere, uma constituição que se baseia num semicondutor, ao qual se sobrepõe numa zona específica, um óxido e uma placa metálica, na qual está situada um terminal: a porta (ou Gate), e em três outras regiões também com placas metálicas, onde estão situados os restantes 3 terminais: fonte (ou Source), dreno (ou Drain) e substrato (ou Body). É de destacar que devido a este isolamento do terminal Gate face ao substrato, a corrente iG é nula e que existem dois tipos de MOSFET’s, os NMOS e PMOS, sendo que nesta introdução teórica se fará a caracterização apenas dos transístores do primeiro tipo. Nestes, dois dos terminais (Source e Drain) situam-se sobre regiões de tipo n (ricas em electrões) e o terminal Body assenta no substrato tipo p (caracterizado por lacunas) e está muitas vezes ligado à Source, pelo que na prática apenas se consideram 3 terminais (como no caso concreto dos transístores usados nesta actividade laboratorial). O princípio de passagem de corrente assenta na criação de um canal n entre a fonte e o dreno, pois até aí verificava-se a existência de 2 junções pn costas com costas o que impedia a passagem da mesma. Este é criado devido ao efeito de campo e verifica-se a partir do momento que a tensão vGS ultrapassa um determinado limiar: a tensão Vt. Este transístor poderá então operar em 3 regiões distintas, que serão abaixo explicadas e que apresentam, cada uma delas, equações características próprias. É então apresentada uma figura esquemática da construção de transístor NMOS: 1 Figura 1 - Esquema de um transistor NMOS As zonas de funcionamento do transístor NMOS estão na figura seguinte: Figura 2 – Modos de funcionamento e equações correspondentes num Transístor NMOS 2 Como se observa na Figura 2, existem três zonas de funcionamento do transístor: Zona de Corte (Cut-off) – Não há condução de corrente e iD=0. As condições para o transístor estar nesta zona são as explicitadas na Figura 2. Zona de Saturação (Saturation) - Nesta zona, o transístor está activo pelo que apenas a corrente iG é nula. É nesta zona que o transístor possibilita maior ganho em módulo. O efeito de modelação do comprimento do canal na zona de saturação (λ), nesta imagem é tido em conta como 0 (aproximação esta que leva a uma corrente de dreno independente da tensão vDS mas que não se verifica experimentalmente tendo que se incluir no cálculo da corrente iD um factor multiplicativo de (1+ λvDS)). As grandezas k’n, W e L são características dos processos de fabrico e são, respectivamente, o parâmetro de transcondutância do processo, a largura e comprimento do canal. As condições para o transístor estar nesta zona são as explicitadas acima na Figura 2. Zona de Tríodo – Aqui o transístor continua a conduzir, mas já não são permitidos ganhos tão elevados. Na Figura 2, uma vez mais não é considerado o efeito de modelação no cálculo da corrente iD pelo que se este existir, deve incluir-se um factor multiplicativo de (1+ λvDS) nesse cálculo. Para o transístor PMOS têm-se o seguinte quadro de relações: Figura 3 – Modos de funcionamento e equações correspondentes num Transístor PMOS 3 Como se observa na Figura 3, as relações são diferentes das do transístor NMOS sendo de realçar que agora temos k’p como parâmetro de transcondutância e que novamente faltam nas correntes iD em tríodo e saturação, os factores multiplicativos (1+ λvDS) . Também é importante referir que nos PMOS, Vt é negativo. Em nota final, como iS=iD+iG , através da aplicação da Lei de Kirchoff para as correntes, tira-se facilmente que iD=iS . Além disso em tríodo, uma vez que vDS toma valores mais pequenos que na zona de saturação, o factor de efeito de modelação do comprimento de canal é ainda mais frequentemente (e correctamente) desprezado. É de seguida apresentado um resumo dos cálculos necessários ao correcto estudo do circuito CMOS. Figura 4 – Circuito CMOS a analisar em que v in -> vI e v out ->vO Para este circuito tem-se: ; ; ; ; 4 NMOS Estes parâmetros intrínsecos ao transístor foram fornecidos pelo docente. Pela análise do circuito vem: Então, como , concluiu-se que: Corte , ou seja, Tríodo e ,ou seja, [ e ) [ ) Saturação e ,ou seja, e ) ) 5 PMOS Estes parâmetros intrínsecos ao transístor foram fornecidos pelo docente. Pela análise do circuito: Então, como , concluiu-se que: Corte , ou seja, Tríodo ,ou seja, [ ) [ ) ) ) ) ) Saturação ,ou seja, ) ) É de referir que como e o circuito não é simétrico e, portanto a curva de característica também o não vai ser. 6 1 - Regiões de funcionamento/ característica de transferência Fazendo uma análise da evolução de para [0,15] V conclui-se que existem cinco regiões: Região A - Para ,(pelas relações acima), o transístor PMOS está na zona de tríodo, enquanto que o transístor NMOS está cortado; [ ) ) ) (Há duas soluções para a equação mas apenas esta faz sentido fisicamente pois assim o PMOS não estaria em tríodo – Ferramenta Solve do Mathematica) Região B - Para ), o transístor NMOS está na zona de saturação e o transístor PMOS na zona de tríodo. [ ) Concretizando ; Mathematica.) ) para ; ( recorrendo ) ) ; ; à ferramenta Solve do Solve do √ Tem-se também que se Região C - Transístores NMOS e PMOS em saturação; ) Concretizando ; Mathematica). para ) ; ; (recorrendo à ; ferramenta Logo a solução correcta é a solução positiva e portanto corresponde: Região D - Para PMOS em saturação; [ a que temos o transístor NMOS em tríodo e o ) ) 7 Concretizando para os valores dados tem-se recorrendo à ferramenta Solve do Mathematica. √ Tem-se também que se Região E - Para , o transístor PMOS está na zona de corte e o transístor NMOS continua na zona de tríodo. [ ) (Há duas soluções para a equação mas apenas esta faz sentido fisicamente pois com a outra, o transístor NMOS não estava em tríodo). A característica de transferência ), toma então, no seu contexto geral, a seguinte forma (obtida através da função Plot do Mathematica). ) A =(1,8; 15) – Limite direito da Região A B =(6,815; 8,88517) – Intersecção entre a Região B e a Região C C =(6,815; 5.015) – Intersecção entre a Região C e a Região D D =(13; 0) – Limite esquerdo da Região E Figura 5 – Característica de transferência do circuito obtida por análise teórica. 8 ) Figura 6 – Curva característica do CMOS fornecida pelo catálogo do fabricante para um VDD de 15 V e temperatura de 25ºC Comparando as Figuras 5 e 6 podemos concluir que os nossos cálculos partem de aproximações válidas visto que as formas dos gráficos são bastante semelhantes. Há obviamente, ligeiras diferenças entre as duas figuras causadas por fenómenos de dispersão de fabrico e pelas aproximações que utilizámos (nomeadamente λ = 0) e, além disso as tensões e poderão ser diferentes da análise teórica. 2-Estimativa do Ganho De forma a analisar a zona onde o inversor opera como amplificador, isto é, a zona na característica de transferência se apresenta vertical, recorreu-se à análise incremental do circuito com recurso ao modelo π-híbrido, válido para baixas frequências. Figura 7 – Modelos equivalentes π-híbrido para pequenos sinais, para um transístor NMOS (à esquerda) e PMOS (à direita) Sabendo que no modelo incremental, as fontes DC V DD e VSS são nulas, podemos utilizar o circuito da Figura 8 para calcular o ganho teórico do inversor CMOS. Considerou-se que . 9 Figura 8 – Circuito inversor CMOS equivalente Tanto pela análise do gráfico da Figura 5 como pela resolução da equação para a região C de funcionamento do circuito se tira que mas agora para se descobrir tem que se resolver a mesma equação para este valor de e com ) ) ) ) ) ) ) )) Concretizando para os valores dados (com a Ferramenta solve do Mathemática) tem-se: Com este valor, já podemos calcular os restantes parâmetros: | | | ) ) | ) ) | | ) | ) | ) ) 10 Figura 9 - Curva do ganho(vO/vi) do CMOS fornecida fabricante para um VDD de 0 a 15 V Analisando a curva da Figura 9, nota-se que o ganho indicado pelo fabricante para um VDD de 15V é de aproximadamente 18,75 V/V ou seja 25,46 dB que é um valor muito próximo àquele que obtivemos. A pequena diferença entre os valores deveu-se possivelmente, ao facto do circuito incremental ser simplificado e terem sido efectuados arredondamentos. De notar que uma das aproximações feitas foi considerar que o melhor ponto para calcular o ganho corresponde ao valor em que tanto o NMOS como o PMOS estão saturados, em que se usou λ=0. Além disso, a curva presente no catálogo é uma curva experimental obtida por medições num circuito real, sujeita a dispersão no fabrico dos componentes e a variações de outras características como a temperatura. 11 3-Margens de Ruído Num circuito digital, a margem de ruído é a faixa de valores para um sinal, em que, sem haver confusão, este representa um “1” ou um “0”. No caso deste circuito, o sinal de saída pode oscilar entre 0 e 15 V. Se considerarmos que um “1” lógico é todo o sinal acima de 14V e que um “0” é todo o sinal abaixo de 2V, então a margem de ruído do “1” é de 15-14=1V e a margem de ruído do “0” é 2-0=2V. Mas o que se considera como margem de ruído neste caso é o ponto onde a derivada tem módulo maior que 1 ou seja, quando a taxa de variação é muito elevada. Portanto foi necessário encontrar dois pontos da característica de transferência que tenham derivada unitária ou seja: Olhando para a Figura 5, facilmente se percebe que estes dois pontos estarão nas Regiões B e D. Considera-se VOL=0V e VOH=15V; Região B – PMOS em Tríodo e NMOS em Saturação ) [ ) ) ) Derivando esta equação dos dois lados em ordem a vI e substituindo vI por VIL e por -1 obtem-se uma equação de que resulta VIL=5.24085V Logo NML= VILVOL=5,24085V. Região D – PMOS em Saturação e NMOS em Tríodo [ ) ) Derivando esta equação dos dois lados em ordem a vI e substituindo vI por VIH e por -1 vai se obter uma equação que nos vai dar VIH=8.02894V. Logo NMH= VOH VIH =6,97136V. Figura 10 – Gráfico de uma função de transferência em que estão explicitas as localizações dos pontos referidos anteriormente.(VIH,VOH,VIL) 12 III-Simulação O passo seguinte foi efectuar a simulação com o objectivo de prever o comportamento do circuito para várias situações. Esta simulação foi feita com recurso ao Software de simulação LTSPICE em que foram usados transístores com as características indicadas na Tabela I (Estes transístores tiveram que ser introduzidos na biblioteca do LTSPICE). PMOS .MODEL P4007 PMOS (TOX=70N KP=16u VTO=-2V GAMMA=1.0 CBD=0.2p CBS=0.2p MJ=0.75 L=5u W=300u LAMBDA=20m) NMOS .MODEL N4007 NMOS (TOX=70N KP=73u VTO=1.8V GAMMA=2.0 CBD=0.2p CBS=0.2p MJ=0.75 L=5u W=100u LAMBDA=20m) Tabela I – Especificações gerais dos modelos dos transístores do circuito integrado HEF 4007 Pergunta 1 Para se traçar a característica de transferência, simulou-se com o seguinte circuito: V1 15 P4007 Vo M2 Vi V2 M1 N4007 V .dc V2 0 15 Figura 11 – Circuito Simulado no LTSpice para a alínea 3.1. 13 Correu-se a simulação com o comando de varrimento DC (DC Sweep) com a fonte V2 a correr de 0V até VDD(15 V) e obteve-se a seguinte característica vO(vI): V(v o) 16V 14V 12V 10V 8V 6V 4V 2V 0V 0V 2V 4V 6V 8V 10V 12V 14V Figura 12 - Característica de Transferência obtida a partir da simulação marcada a verde Este gráfico, quando comparado com as Figuras 5 e 6, mostra-se coerente com os cálculos teóricos e experimentais (do fabricante). Pergunta 2 Para esta questão efectuou-se o mesmo varrimento da alínea anterior ao mesmo circuito e obtiveram-se os seguintes resultados: 22 22V Abs (D(V(v o))) V(v o) Id(M1) 22mA 20 20V 20mA 18 18V 18mA 16 16V 16mA 14 14V 14mA 12 12V 12mA 10 10V 10mA 8 8V 8mA 6 6V 6mA 4 4V 4mA 2 2V 2mA 0 0V 0V 0mA 2V 4V 6V 8V 10V 12V 14V Figura 13 – Gráfico da função de transferência vO(vI) (a azul), da corrente de dreno dos dois transístores(a vermelho), e da derivada da função de transferência(a verde) Esta Figura vem reforçar o facto de os dados da simulação serem coerentes com os cálculos teóricos mas mesmo assim, fez-se zoom na zona de derivada máxima para se descobrirem as coordenadas dos pontos-chave. 14 Abs (D(V(v o))) 21.6 14.8V V(v o) Id(M1) 21.3 14.6V 21.0 21.3mA 14.4V 21.0mA 14.2V 20.7 20.7mA 14.0V 20.4 20.4mA 13.8V 20.1mA 20.1 13.6V 19.8 19.8mA 13.4V 19.5 19.5mA 13.2V 19.2 19.2mA 13.0V 18.9 12.8V 18.6 12.6V 6.2V 18.9mA 6.3V 6.4V 6.5V 6.6V 6.7V 6.8V 6.9V 7.0V 7.1V 7.2V 7.3V 18.6mA 7.4V Figura 14 – Zoom da Figura 13 na zona de ganho máximo As coordenadas chave foram consideradas como o ponto a meio do patamar (neste caso um vI de 6,81V com um ganho (derivada) de 20,76 V/V que corresponde a 26,34 dB), o que corrobora a nossa teoria acima de que os dados simulados estão bastante correlacionados com os teóricos (relembrando que os valores teóricos eram vI=6,815V e que o ganho era de 25,592 dB). Correu-se também um ponto de funcionamento em repouso na zona de ganho máximo (com vI=6,81V) e obteve-se o seguinte resultado: --- Operating Point --V(vo): V(vi): V(n001): Id(M2): Ig(M2): Ib(M2): Is(M2): Id(M1): Ig(M1): Ib(M1): Is(M1): I(V2): I(V1): 7.60752 voltage 6.81 voltage 15 voltage -0.0211109 device_current 0 device_current 7.40248e-012 device_current 0.0211109 device_current 0.0211109 device_current 0 device_current -7.61752e-012 device_current -0.0211109 device_current 0 device_current -0.0211109 device_current Estes resultados também estão coerentes com os valores obtidos nos cálculos teóricos (relembrando que estes eram iguais a vO=7,503V e iD=18,36mA). 15 Pergunta 3 Nesta pergunta simulou-se o seguinte circuito: V1 15 P4007 .ac dec 100 10000 100000000 Vo M2 Vi C1 V2 11p M1 R1 1000000 C2 100p N4007 SINE(6.81) AC 1 Figura 15 – Circuito utilizado para o varrimento em AC Neste circuito, em vez de se considerar a saída em aberto como nas alíneas anteriores, ligaram-se dois condensadores (C1 e C2) e uma resistência (R1) à saída e à massa. O condensador C1 e a resistência R1 têm como objectivo simular as características do osciloscópio (vistas no laboratório) e o condensador C 2 tem como objectivo simular o cabo de ligação visto que este também tem uma capacidade intrínseca. Estes componentes vêm tentar aproximar a simulação dos resultados experimentais. A simulação foi corrida em modo AC Sweep com uma frequência de início de 10 kHz e com uma frequência final de 100 MHz. De notar que este varrimento é efectuado em torno do ponto de funcionamento em repouso do ganho máximo e com uma componente AC de 1V para facilitar o cálculo do ganho. V(v o) 32dB 189° 28dB 180° 24dB 171° 20dB 162° 16dB 153° 12dB 144° 8dB 135° 4dB 126° 0dB 117° -4dB 108° -8dB 99° -12dB 90° -16dB 10KHz 100KHz 1MHz 10MHz Figura 16 – Gráfico de vO (a verde) para o varrimento AC indicado 16 81° 100MHz Podem tirar-se várias conclusões deste gráfico. A primeira prende-se com o facto de o ganho para médias frequências ser aproximadamente igual ao ganho calculado na alínea anterior (nesta alínea o ganho é cerca de 26,295dB). A segunda é que pode identificar-se no gráfico um pólo situado na frequência 1,064 MHz (em que se verifica um decréscimo de 3 dB em relação ao ganho máximo). Pergunta 4 A fim de obter a curva de vO(t) para obtenção dos tempos de comutação de subida(trO) e de descida (tfO), e dos tempos de atraso de propagação (tdHL e tdLH) do inversor procedeu-se a uma análise em regime transitório (Transient), substituindo a fonte V2 por uma fonte VPULSE que aplica uma onda trapezoidal de amplitude máxima VDD (15V),com os parâmetros: Vinicial(V)=0; Von(V)=15; Tdelay(s)=0; Trise(s)=1n; Tfall(s)=1n; Ton(s);0,5µ; Tperiod(s)=1µ; V1 15 P4007 Vo M2 .tran 10u Vi C1 V2 11p M1 PULSE(0 15 0 1n 1n 0.5u 1u) R1 1000000 C2 100p N4007 Figura17 – Circuito utilizado para a simulação em modo Transient 16V V(v o) V(v i) 14V 12V 10V 8V 6V 4V 2V 0V -2V 0µs 1µs Figura 18 – Gráfico de vO(a verde) e de vI(a azul) para a simulação indicada (Transient) 17 2µs Começou-se por calcular os tempos de descida de vI e de subida de vO e de atraso LOW to HIGH fazendo um zoom nesta região: V(v o) 16V V(v i) 14V 12V 10V 8V 6V 4V 2V 0V -2V 420ns 440ns 460ns 480ns 500ns 520ns 540ns 560ns 580ns 600ns 620ns Figura 19 – Zoom da figura 18 de maneira a se calcular os tempos de descida de vI (a azul) e de subida de vO (a verde) e de atraso LOW to HIGH Os tempos de subida e descida foram lidos com base 10%/90%, ou seja o tempo que leva o sinal a chegar de 10% a 90% do seu valor máximo e vice-versa para o tempo de descida. Depois calcularam-se os tempos de subida de vI de e de descida de vO e de atraso HIGH to LOW fazendo um zoom nesta zona: V(v o) 16V V(v i) 14V 12V 10V 8V 6V 4V 2V 0V -2V 0.94µs 0.95µs 0.96µs 0.97µs 0.98µs 0.99µs 1.00µs 1.01µs 1.02µs 1.03µs 1.04µs 1.05µs 1.06µs 1.07µs Figura 20 - Zoom da figura 18 de maneira a se calcular os tempos de subida de vI (a azul) e de descida de vO (a verde) e de atraso HIGH to LOW De notar que os tempos de atraso se calcularam pela relação 50%/50% ou seja, a diferença entre o tempo em que o valor da entrada (em subida) está a 50% do valor máximo e o do tempo em que o valor da saída (em descida) está a 50% do valor máximo (isto para o tempo de atraso HIGH to LOW, sendo que para o tempo de atraso LOW to HIGH a relação é a inversa). Os valores medidos encontram-se na Tabela seguinte: Tempo Tempo 18 Corrigido(ns) Erro(%) medido (ns) vI descida vI subida vO descida(tfO) vO subida (trO) LOW to HIGH HIGH to LOW Fabricante (ns) 0,8 0,8 14,8 24,11 9 5,8 38,08 38,08 24,76 24,76 30,464 30,464 105,8378 26,35421 175,11 326,96 Tabela II – Valores medidos a partir das Figuras 19 e 20 e respectivos erros quando comparados com os tempos fornecidos pelo fabricante É de referir que a capacidade real introduzida pelo osciloscópio e pelos cabos e utilizada na simulação era de 111 pF, o que recorrendo às formulas fornecidas pelo fabricante leva aos seguintes tempos: Tempo de comutação de subida(trO) - ) Tempo de comutação de descida (tfO) Tempo de atraso de propagação (tdHL=tdLH) - ) ) É também de referir que a coluna da Tabela II que se intitula “Corrigido” apenas se multiplica os tempos de subida e descida do fabricante por 0,8, pois este mede os tempos de subida e descida 0%-100%, enquanto os tempos por nós medidos são de 10%-90%, e os erros dos tempos de descida e subida de vO são medidos a partir deste valor. Além disso, os tempos referidos pelo fabricante são bastante diferentes uma vez que os geradores de sinais têm dificuldade em criar um sinal com tempos de subida e descida tão baixos como os usados na simulação. 19 IV - Trabalho experimental Para o trabalho experimental usaram-se os seguintes aparelhos: Osciloscópio digital modelo DSO-X-2024 da Agilent Gerador de Funções Centrad GF 467F Pergunta 1 Foi aplicado à entrada do circuito inversor um sinal sinusoidal de frequência 100Hz e amplitude , ao qual foi somado um offset de , (a variar 0 entre e 15V ). Com recurso ao osciloscópio em modo XY, traçou-se a sua característica de transferência: Figura 21 – Característica de transferência do circuito obtida em Laboratório É de notar que nesta característica de transferência vI apenas vai até cerca de 13V. Tal deveu-se a uma limitação do gerador de sinais que era incapaz de gerar sinais com uma amplitude superior a esta como se pode ver na Figura seguinte: 20 Figura 22 – Análise no tempo dos sinais que se visualizaram em modo XY na Figura anterior em que é visível a limitação do gerador de sinais apontada Pergunta 2 Aplicou-se um sinal de onda quadrada à entrada do circuito com frequência 1,0266MHz e dimensionado de tal forma que a alternância positiva assumisse o valor 13V (pois estávamos limitados pelo gerador de sinais) e a negativa o valor de 0V. Procedeu-se então ao cálculo dos valores dos tempos de subida e descida dos sinais de entrada e de saída (calculados para a variação de 10% a 90%, pelo osciloscópio), bem como do tempo de atraso entre estes (tempo de atraso de propagação do inversor). Tendo sido obtidos os seguintes resultados: Figura 23 - Amplitudes dos sinais de entrada (a laranja) e saída (a verde) 21 Figura 24 – Cálculo dos tempos de subida e descida para a entrada(laranja) e para a saída(verde) Figura 25 – Cálculo do tempo de atraso e período do sinal Os tempos de subida e descida são os indicados na Figura, sendo o tempo de atraso calculado da seguinte forma: Tempo de atraso = ( sendo neste caso igual a 39 ns. 22 ) Pergunta 3 A fim de determinar experimentalmente os parâmetros e K e Vt , do transístor NMOS (T ) e do PMOS (T ), e comparar com os valores determinados na simulação e com as estimativas baseadas no catálogo do fornecedor, fizeram-se as seguintes medições para os circuitos indicados na figura: 1 2 Figura 26 – Montagem experimental para se medirem os parâmetros intrínsecos aos transístores Como tanto para T1 como para T2 vGD = 0, tendo em conta que não estão ao corte, ambos os transístores estão na saturação. Assim: ) Foram medidos dois valores de resistências para o lugar de R, para cada um dos circuitos e determinados os valores reais de R i e a tensão vo com recurso a um multímetro. A expressão do sistema de equações é dada por: Transístor NMOS (T ) 1 | | ) Transístor PMOS (T ) 2 | | | 23 |) De seguida apresenta-se uma tabela com os respectivos valores, onde os resultados das equações foram calculados com recurso à ferramenta informática Mathematica: Grandezas Transístor NMOS (T1) 2,2kΩ 99,1kΩ R1 R2 vO1 vO2 VDD k Vt Transístor PMOS (T2) 4.62 V 2.104 V 10.06 V 12.83 V 15.04 V 0.00101326 mA/ 2.46222 V 0.000813387 mA/ -2.60896 V Tabela III – Valores medidos e calculados na pergunta 3 da parte experimental Como as equações são de segundo grau, obteve-se dois valores de K e de Vt . Para o NMOS a segunda solução era kn=0.000520407 mA/ e VtN = 1.60317, que foi descartada pelo facto de o NMOS ainda estar ao corte para esta tensão de acordo com a característica de transferência da Figura 21. Para o PMOS a segunda solução era kp=0.000412276 mA/ e VtP = 1.64962 V, valor que também foi descartado por razões análogas ao caso anterior. Foi também feita uma comparação destes resultados com os valores usados na simulação e com as características baseadas no catálogo do fornecedor: Grandeza Experimental Modelo Pspice ) 0.00101326 0.73 ) 2.46222 2.0 ) 0.000813387 0.48 ) -2.60896 -1.6 Catálogo do fornecedor ( ) ( ) 1.0 ( ) ( ) -2.5 Tabela IV – Comparação dos valores intrínsecos aos transístores para os três situações (catálogo, simulação/contas e experimental) 24 Discussão e conclusão Após a execução deste trabalho laboratorial, em que um circuito inversor CMOS foi estudado analítica, computacional e experimentalmente, torna-se necessário e adequada a comparação e discussão dos valores e resultados obtidos pelas diferentes vias. Como seria de esperar, em diversas etapas deste trabalho experimental foram evidentes as semelhanças entre os diferentes tipos de estudo sobre o circuito, nunca deixando de ocorrer, pontualmente, disparidades que serão, evidentemente, explicadas. A característica vO(vI), como apresentada na Figura 5, mostra que, para um vI de 6,815V se tem um máximo da derivada na característica de transferência, e que a função de transferência apresenta então um ganho máximo neste ponto. No entanto, para a realização deste cálculo, foi assumido um comprimento de canal n constante, para que a corrente iD fosse independente de vDS. Este pressuposto, em teoria, faz com que a partir do momento em que um dos transístores entra em saturação o ganho seja infinito, o que na prática nunca acontece! Fazendo uma analogia com a Figura 6 fornecida no catálogo, Figura 12 obtida por simulação e a Figura 21, obtida em laboratório, observa-se uma grande semelhança das características de transferência obtidas por qualquer via, seja ela analítica, computacional ou experimental, devido as suas forma e monotonia idênticas, sendo despistadas eventuais diferenças por erros inerentes à dispersão de fabrico do produto, bem como a aproximações e possíveis erros que tenham existido na análise do circuito. No que diz respeito à comparação entre os diferentes valores de ganho, foi obtido no estudo analítico um ganho de -19,257 V/V, isto é, 25,592 dB. Na Figura 9, apresentada no catálogo de fabricante, deduz-se um ganho de aproximadamente 18,75 V/V, ou seja, 25,46 dB. Através da Figura 14, fazendo uma observação detalhada da característica de transferência obtida em simulação, obteve-se o valor de 20,76 V/V que corresponde a 26,34 dB. As ligeiras diferenças que se observam nos valores obtidos podem dever-se a aproximações analíticas realizadas na utilização do modelo incremental π-híbrido, uma vez que este não contempla alguns efeitos resistivos e capacitivos intrínsecos ao inversor CMOS. Além disso, também no estudo computacional, os processos iterativos e algébricos do LTSPICE podem levar a disparidades no valor do ganho. Além disso, é importante referir que no LTSPICE, as medidas feitas com o cursor não são exactamente correctas pois não se pode escolher um valor fixo: Por exemplo se eu quiser medir vO para um vI de 10V posso não conseguir pois a escala salta de 9,99V para 10,02V o que introduz erros nas medições. É de salientar também os valores para as margens de ruido superiores e inferiores obtidos teoricamente. Estes são importantes para avaliar a capacidade que circuitos lógicos possuem para rejeitar ruido. Deste modo, obtiveram-se um VIL de 5.24085V e um VIH de 8.02894V. Com estes valores é possível calcular NML = VILVOL=5,24085V, bem como NMH = VOH -VIH =6,97136V, sendo que idealmente seria de esperar NML = NMH = VDD/2, o que não se verifica devido ao facto das especificações dos transístores não serem iguais, situação ideal impossível de acontecer. Quanto à transcondutância, na Figura 27 retirada do catálogo do fabricante, observa-se que para uma VDD de aproximadamente 15V, a uma temperatura ambiente de 25º uma transcondutância de 7,5 mS. Os valores calculados são de 7,32 mS (para o transístor NMOS) e de 5,94 mS (para o PMOS). 25 Figura 27 – Gráfico do catálogo da transcondutância como função de VDD A disparidade no valor calculado deve-se ao facto de este ser uma aproximação a partir de um desenvolvimento do polinómio de Taylor, no qual são desprezados termos de ordens iguais ou superiores a dois, com factores infinitesimais não incluídos nos cálculos. T.Simulação T.Experimental Tensão de Entrada t de t de subida descida 0.8(ns) 0.8(ns) 27 (ns) 29(ns) Tensão de Saída t de t de subida descida 14.8(ns) 24.11(ns) 48(ns) 40(ns) Tempo de atraso tdHL tdLH 5.8(ns) 9(ns) 39(ns) Tabela V – Comparação dos valores de tempo de subida, tempo de descida e atraso entre a simulação e a parte experimental Como é perceptível na tabela acima, os valores do tempo de entrada e subida calculados na Simulação diferem bastante dos calculados experimentalmente. Vários são os factores que poderão ter estado na origem de tão elevada diferença: A temperatura de simulação dos circuitos do LTSPICE é de 27ºC (e não de 25ºC correspondentes à tabela fornecida pelo fabricante), que pode afectar as condiçoes do circuito, embora esta não seja uma razão predominante; O modelo utilizado pelo LTSPICE e pelo fabricante é diferente, ou seja, os parâmetros utilizados quer nos cálculos teóricos quer na simulação não são exactamente iguais, e como tal os resultados obtidos experimentalmente não são ideais para a comparação; Um aspecto relevante que poderá ter tido uma importante influência nos resultados é a existência de componentes com capacidades internas diferentes das consideradas que condicionam assim, a resposta do circuito, nomeadamente os cabos coaxiais RG58. Os tempos de subida e descida de vo têm uma dependência dos tempos de subida e descida de vi , como na simulação foram considerados tempos muito reduzidos e o gerador de sinais não permite gerar sinais que subam ou descam tão bruscamente, o vo também é afectado. Tendo em conta os gráficos relativos à característica de transferência do circuito, estes valores parecem ser concordantes, apesar de pequenas diferenças poderem ser detectadas aquando a comparação dos gráficos da simulação e experimentais. 26 A discrepância observada dos valores calculados na pergunta IV - 3 pode ser explicada pela elevada dispersão de fabrico dos componentes electrónicos e do comportamento dos mesmos ser diferente do idealizado. Com este trabalho foi possível realizar uma extensa analise ao funcionamento de transístores MOSFET, bem como circuitos CMOS como inversores e amplificadores. O estudo analítico permitiu aplicar a matéria leccionada nas aulas de Eletrónica Geral acerca de MOSFET’s, constituindo um auxiliar e complemento ao estudo feito nas aulas e em casa sobre o tema. A simulação, outra das grandes componentes desta actividade laboratorial, permitiu aumentar os nossos conhecimentos acerca do Software LTSPICE, muito úteis na confirmação de valores obtidos anteriormente por via analítica, uma vez que nos devolve de uma forma rápida e clara valores complicados de obter pela via analítica. Por último, através da componente experimental deste laboratório, é possível comprovar os desvios e erros obtidos pelas aproximações da análise teórica, bem como as diferenças entre os dados obtidos por uma simulação e num circuito real com condicionantes como dispersões de fabrico, temperatura, componentes físicos da montagem, etc. Seria também do nosso agrado, observar ao vivo as implicações de um circuito CMOS na conversão de sinais analógicos a digitais, como componente muito importante do registo de sinais biológicos. 27 Bibliografia SEDRA, Adel S. e SMITH, Kenneth C., Microelectronic Circuits; 6ª ed.; Oxford; Oxford University Press; 2009; pp. 412; 455-458; HEF4007 datasheet; FREIRE, João Costa, 2º trabalho de laboratório, Transístores metal-óxidosemicondutor, 2º semestre 2012/2013 28