OMS/PAI/GEN/98.11 ORIGINAL: INGLÊS DISTR.: GERAL Febre amarela Escrito por: Dr Jari Vainio e Dr Felicity Cutts, Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres DIVISÃO DE VIGILÂNCIA E CONTROLE DE DOENÇAS EMERGENTES E OUTRAS TRANSMISSÍVEIS PROGRAMA GLOBAL PARA VACINAS E IMUNIZAÇÃO PROGRAMA AMPLIADO DE IMUNIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE GENEBRA 1998 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. O Programa Global para Vacinas e Imunização agradece aos doadores, cujo apoio financeiro inespecífico em 1997 tornou possível a produção deste documento. Código de ordem: Who/EPI/GEN:/98.11 Impresso: Setembro de 1998 Este documento, em inglês, está disponível na Internet em: http://www.who.ch/gpv-documents/ Cópias podem ser solicitadas da: Organização Mundial de Saúde Programa Global para Vacinas e Imunização CH-1211 Genebra 27, Suiça • Fax: +22 791 4193/4192• E-mail: [email protected] • Organização Mundial de Saúde Este documento não é uma publicação formal da Organização Mundial de Saúde (OMS), e todos os direitos estão reservados pela Organização. O documento pode, entretanto, ser livremente revisado, resumido, reproduzido e traduzido, em parte ou em seu total, porém não para venda ou para uso com propósitos comerciais. As opiniões expressas no documento pelos autores identificados são de inteira responsabilidade destes. ii OMS/PAI/GEN/98.11 Conteúdo Glossário ................................................................................................................. Lista de abreviações ................................................................................................ Prefácio ................................................................................................................... v vi vii Sumário ................................................................................................................... 1 .......................................................................................................... 4 .............................................................................................. 8 II.1. Epidemiologia da pré-vacinação 1700-1930 ............................................ II.2. Epidemiologia da pré-vacinação na África ................................................. II.3. Desenvolvimentos das vacinas .................................................................. II.4. Epidemiologia pós vacinação recente 1940-1980 ..................................... 8 11 12 14 III. Epidemiologia ................................................................................................... 17 III.1. Vetor reservatório, vertebrado mantenedor e amplificador ..................... III.2. Vírus da febre amarela ............................................................................. III.3. Ciclos de transmissão e fatores que os afetam .......................................... III.4. Distribuição, zonas ecológicas e tipos de transmissão na África .............. III.5. Epidemiologia recente na África ............................................................... III.6. Fatores de risco ......................................................................................... III.7. Epidemiologia nas Américas .................................................................... III.8. Febre amarela na Ásia ................................................................................ 17 17 18 19 22 26 27 28 ................................. 32 V. Vigilância ............................................................................................................ 35 V.1. Definição de vigilância ............................................................................. V.2. Vigilância sentinela na febre amarela no Quênia, em 1998 ....................... 35 37 .................................................................................. 43 ................................................................................ 47 Apêndice I: Exemplos de epidemias histórias da febre amarela ....................... 53 Apêndice II: Casos de febre amarela notificados na África de 1900-1996 ....... 57 I. Introdução II. Revisão histórica IV. Custo-benefício da vacinação contra a febre amarela VI. Comentário e sugestões Sumário das recomendações iii OMS/PAI/GEN/98.11 Apêndice III: Vetores africanos ........................................................................... 62 Apêndice IV: Hospedeiros vertebrados africanos ............................................... 64 Apêndice V: Vetores e hospedeiros vertebrados da América do Sul ................ 66 ............................................................................................................ 68 Bibliografia Mapas e figuras Gráfico 1: Ressurgência da febre amarela na África e América Latina, 1980-1995 Figura 1: Ciclos de transmissão da febre amarela .............................................. Mapa 1: Países sob risco para a febre amarela e com notificação de ao menos um surto, 1985-1988 .............................................................................. Mapa 2: Limites das áreas endêmica e epidêmica da febre amarela .................. Mapa 3: Cobertura vacinal contra a febre amarela, notificada nos países sob risco para surto, 1993-1995 .................................................................... 6 21 7 2 46 Tabelas Tabela 1: Tabela 2: Tabela 3: Tabela 4: Tabela 5: Tabela 6: Tabela 7: Tabela 8: Tabela 9: Tabela 10: Tabela 11: Tabela 12: Tabela 13: Vacinações contra a febre amarela com vacina neurotrófica francesa e casos de febre amarela na África, 1934-1953 ...................................... Marcos na história da febre amarela .................................................... Ciclos de transmissão, zonas vegetais e vetores ................................. Epidemias notificadas 1989-1996 ...................................................... Fatores ecológicos que afetam a transmissão da febre amarela ......... Distribuição por sexo e idade dos casos de febre amarela na América do Sul ...................................................................................................... Métodos de vigilância para a febre amarela ........................................ Atributos do sistema de vigilância da febre amarela no Quênia ......... Surtos de febre amarela, cobertura vacinal & desempenho nos países africanos sob risco para surtos de febre amarela .................................... Priorizando os 34 países africanos sob risco de febre amarela para apoio; altíssima prioridade ..................................................................... Priorizando os 34 países africanos sob risco de febre amarela para apoio; alta prioridade ..................................................................... Priorizando os 34 países africanos sob risco de febre amarela para apoio; média prioridade ..................................................................... Priorizando os 34 países africanos sob risco de febre amarela para apoio; altíssima prioridade ..................................................................... 15 16 20 25 26 27 39 41 48 49 50 51 52 iv OMS/PAI/GEN/98.11 Glossário Cepa Um clone de organismos que diferem em uma ou mais características hereditárias de outro organismo pertencente a mesma espécie. Doença endêmica A constante presença de uma doença ou agente infeccioso dentro de uma dada área geográfica ou grupo populacional. Enzootia A constante presença de uma doença dentro de uma dada população animal. Epidemia Um surto de doença em uma população humana. Epizootia Um surto de doença em uma população animal. Influência da informação Erro sistemático devido a diferenças na acuracidade ou perfeição de lembranças de eventos ou experiências anteriores Influência da Seleção Erro devido a diferenças sistemáticas nas características entre aqueles selecionados para estudo e aqueles não selecionados. Reservatório Uma pessoa, animal, artrópode, planta, terreno ou substância, ou uma combinação destes, no qual um agente infeccioso vive e se multiplica e onde se reproduz de tal maneira que pode ser transmitido a um hospedeiro suscetível. Topotipo Variante do vírus da febre amarela geneticamente distinta geograficamente. Trofismo Pertinente a uma preferência de um inseto pela espécie que utiliza para se alimentar: - antropofílico: Preferência em se alimentar no homem - primatofílico: Preferência em se alimentar em primatas - simiofílicos: Preferência em se alimentar nos macacos - zoofílico: Preferência em se alimentar em animais mesmo quando existe disponibilidade de hospedeiro humano. Vetor Um inseto que transporta um agente infeccioso de um indivíduo infectado a outro suscetível. Zoonose Uma infecção ou doença infecciosa transmissível sob condições naturais de animais vertebrados ao homem. Pode ser enzoótica ou epizoótica. v OMS/PAI/GEN/98.11 Lista de abreviações AFRO RFC PCMN TM FDH SMD DTP EMC PAI GPV IH HIV CRH IPMQ Ksh MS OPAS RPC MSPP TR/RPC SMP UNICEF FA Escritório Regional da OMS par a África Reação de fixação de complemento País com maiores necessidades Taxa de mortalidade Febre da dengue hemorrágica Serviço médico do distrito Vacina contra difteria, tétano e coqueluche Divisão de Vigilância e Controle de Doenças Emergentes e outras transmissíveis Programa Ampliado de Imunizações Programa Global para vacinas e Imunizações da OMS Inibição de hemaglutinação (teste) Vírus da imunodeficiência humana Coordenador de recursos humanos Instituto de Pesquisa Médica do Quênia Xelim queniano Ministério da saúde Organização Pam Americana de Saúde Reação de polimerase em cadeia Médico do serviço público da província Transcrição reversa/reação de polimerase em cadeia Serviço médico da província Fundo das Nações Unidas para a Infância Febre amarela vi OMS/PAI/GEN/98.11 Prefácio Este é um documento posterior ao Encontro Técnico sobre Febre Amarela, Genebra, Marco de 1998, organizado conjuntamente pela Divisão de Vigilância e Controle de Doenças Emergentes e outras Transmissíveis e o Programa Ampliado de Imunização do Programa Global de Vacinas e Imunização Agradecemos ao Dr. T. P. Monath pelos comentários extensos e detalhados contidos no último esboço. vii OMS/PAI/GEN/98.11 viii OMS/PAI/GEN/98.11 Sumário A febre amarela é uma doença viral febril hemorrágica que acomete em torno de 200.000 pessoas no mundo a cada ano e causa em torno de 30.000 mortes.3 O vírus da febre amarela é o protótipo da família Flaviviridae, a qual atualmente contém cerca de 70 vírus, a maior parte dos quais são transmitidos por artrópodes, incluindo o vírus da dengue.4, 5 Existem três padrões epidemiológicos diferentes de transmissão da febre amarela: o padrão silvestre ou da mata; o ciclo de transmissão urbana pelo Aedes aegypti,6 e um ciclo intermediário que liga estes dois padrões. Os padrões epidemiológicos diferentes de transmissão levam clinicamente à mesma doença.7 O principal vetor da febre amarela dentro de uma população urbana é a fêmea Aedes (Stegomyia) aegypti (apenas a fêmea alimenta-se de sangue para obter proteína para a produção de ovos). O vírus é transmitido quando um mosquito pica um homem infectado e então, após um período extrínseco de incubação (no mosquito) de 12-21 dias, pica um homem suscetível. O A. aegypti se reproduz rapidamente em todos os tipos de coleções domésticas e peridomésticas de água fresca, incluindo vasos de flores, poças de água, latas vazias, cascas de coco, pneus velhos e sarjetas.4, 5, 7-9 No padrão silvestre de febre amarela, os macacos são os hospedeiros primários e o homem é um hospedeiro acidental (na América do Sul a febre amarela é uma doença ocupacional das pessoas que trabalham na mata retirando madeira9). O homem torna-se infectado pelo vírus da febre amarela quando picado por um mosquito vetor primário, A. africanus, A. bromeliae ou uma das várias outras espécies de mosquitos. A maioria destes, desenvolvem-se e vivem em orifícios e fendas na parte superior das árvores da floresta.4,7-9 A transmissão homem-a-homem e macaco-a-homem são transmissões epidêmicas intermediárias e são freqüentemente caracterizadas por surtos focais separados por áreas sem casos humanos.10 Em algumas investigações, têm sido possível se estimar uma incidência anual da infecção de homens suscetíveis de pelo menos 1%, de forma que, para a maioridade, não são usuais taxas de imunidade de 50% ou maior.11 Um ataque de febre amarela é seguido por um período sólido e longo de imunidade contra a reinfecção.12 O período de incubação em humanos é geralmente três a seis dias após a picada de um mosquito infectado. O paciente é apenas infectante ao mosquito nos três primeiros dias após o início dos sintomas.7 A doença é caracterizada por um início súbito de febre, cefaléia, dores nas costas, dores musculares generalizadas, náuseas e vômitos.13 Casos mais moderados de febre amarela podem não apresentar-se com icterícia.7 Existe uma bradicardia característica em relação a temperatura (sinal de Faget).6,14 Cerca de 15% dos infectados desenvolvem uma doença séria, com várias fases: uma fase aguda de cerca de três dias, com início súbito de febre, cefaléia, mialgia, náuseas e vômitos; remissão em cerca de 24 horas (febre “recorrente característica”);14 e uma fase tóxica com icterícia e vômitos (vômitos pretos), na qual podem ocorrer sinais hemorrágicos (sangramento gengival, nasal e hematúria), podendo ocorrer albuminúria e oligúria (redução de produção de urina). O paciente pode ainda apresentar soluços, diarréia, taquicardia progressiva e choque. O exame do abdome revela intensa rigidez epigástrica.7.15 Ao menos metade dos indivíduos que evoluem para a fase tóxica não sobrevivem.7, 9, 10 A morte geralmente ocorre entre o sétimo e décimo dia de início da doença. 7, 16 A possibilidade de febre amarela não deve ser descartada na ausência de icterícia ou de albuminúria. A malária e a febre amarela podem coexistir em uma mesma região,17 e a 1 OMS/PAI/GEN/98.11 malária normalmente mostra sintomas clínicos sempre idênticos àqueles dos primeiros estágios da febre amarela: início súbito, cefaléia, dores generalizadas e vômitos.7 Mesmo diante do achado de parasitas da malária em esfregaço sangüíneo, a possibilidade de febre amarela não é descartada.18 No início de uma infecção, existe pouca distinção entre a doença e várias outras condições febris. A febre tifóide, infecções por ricketsias, influenza, leptospirose, hepatite viral, mononucleose e outras febres causadas por arbovírus como a dengue, a febre de Lassa e Chikugunya podem todas assemelhar-se a febre amarela anictérica.6, 7, 17 Posteriormente no curso da doença, as seguintes condições devem ser levadas em consideração: a hepatite, doença de Weil, envenenamento por tetracloreto de carbono, febre da dengue hemorrágica, febre recidivante transmitida por carrapato, malária ou “febre da água preta” (malária com hematúria), em adição a várias doenças virais com manifestações hemorrágicas (febre hemorrágica argentina, febre hemorrágica boliviana, febre hemorrágica da Criméia-Congo, dengue, febre ebola, doença da floresta Kyasanur, febre Lassa, doença de Marburg e febre do Vale Rife).17 O diagnóstico definitivo de febre amarela é feito pela sorologia ou isolação do vírus, o que requer reagentes e técnicas especiais, como também experiência na interpretação dos resultados do teste. Porém, antes disso, é importante que os trabalhadores da saúde estejam alertas para a possibilidade de tratar-se de febre amarela e terem os meios para coletar apropriadamente os espécimes clínicos do paciente suspeito.7 Amostras de fígado devem ser obtidas de casos fatais, usando-se um viscerótomo. O diagnóstico histopatológico é baseado na degeneração eosinofílica dos hepatócitos, que leva a formação de corpos de Councilman.10 Na década de 30, foi criado um programa de viscerotomia na América do Sul. Todos os indivíduos que morriam após um curto período de doença febril eram submetidos a punção hepática, pelos serviços públicos de saúde e enviadas a patologistas especialmente treinados.19 As biópsias hepáticas não são feitas no paciente vivo por causa do risco de hemorragia severa. Na África não foi instituído serviço de viscerotomia.17 A febre amarela é endêmica em 34 países da África, com uma população combinada de 468 milhões. A vacina da febre amarela, uma das mais recentes vacinas virais desenvolvidas, tem se mostrado segura e eficaz.5 A vacina é transportada e armazenada na forma congelada.7 O desenvolvimento de novos conservantes tem incrementado a termoestabilidade da vacina. Seu tempo de armazenamento a –20ºC ou 4ºC, atualmente, está em torno de dois anos e a estimativa de sua vida média em temperatura ambiente é de 10 meses.5 Entretanto, uma vez que o frasco tenha sido aberto, este deve ser mantido resfriado, usado dentro de uma única sessão de imunização e deve ser descartado após esta (neste caso, uma sessão de imunização é considerada como seis horas).133 Uma dose de vacina contra febre amarela promove proteção por pelo menos 10 anos e, possivelmente, ao longo da vida.2, 20 Uma simples dose irá conferir imunidade em 95% das pessoas vacinadas.7 Quatro estratégias têm o potencial de manter a febre amarela inteiramente sob controle na África: o controle epidemiológico, a imunização em massa, a imunização rotineira de crianças e a vigilância epidemiológica.7, 21 Na África, o controle epidemiológico, com freqüência, sofre retardo de dois meses ou mais entre o início de um surto epidêmico e seu reconhecimento, particularmente devido a ocorrência do primeiro caso acontecer em áreas 2 OMS/PAI/GEN/98.11 remotas com poucos serviços médicos e a não familiaridade do pessoal médico com a doença. As respostas a um possível surto incluem a coleta de amostra para testes, investigação epidemiológica, vacinação de emergência, investigação entomológica e controle do vetor.7, 21 A vacinação de emergência é feita tão logo um surto tenha sido confirmado, no sentido de limitar o alastramento da infecção através da imunização de todas as pessoas no foco, independentemente de seus estados imunitários. Uma boa vigilância é essencial em todos os países de alto risco para a detecção precoce de casos que irá permitir a rápida ação para o controle do surto. Com freqüência tem sido demonstrado ser difícil identificar, com brevidade, casos isolados, antes de alcançarem um estado epidêmico, devido as dificuldades em se distinguir a febre amarela, das doenças com sintomas similares (por exemplo, a malária).20 Outros problemas potenciais com as campanhas emergenciais, incluem a dificuldade de se obter um grande suprimento de vacina, seringas e agulhas, e o desenvolvimento súbito do pouco conhecimento de um grande número de trabalhadores da saúde. Uma outra desvantagem é que a imunidade não aparece antes do sétimo dia após a imunização.10 Deve-se também notar que as várias dificuldades operacionais em responder rapidamente a surtos têm sido extensivamente documentada para o sarampo e meningite e esta estratégia carece de discussão. Um estudo estimou que a inclusão da vacina contra a febre amarela na rotina do PAI (Programa Ampliado de Imunização da OMS), tem custo-benefício mais elevados que a realização de campanhas emergenciais em resposta a epidemias de febre amarela. Este estudo baseou-se em dados da Nigéria, um dos países mais afetados pela febre amarela e é possível que os custos e benefícios das diferentes estratégias possam ser diferentes em países que têm epidemias dessa doença com menor freqüência. Estudos não publicados têm comparado os custos e benefícios de campanhas de vacinação em massa contra a febre amarela (por exemplo, vacinação periódica em uma extensa faixa de idade), com os da vacinação de rotina em crianças. Não obstante, os países que têm passado por experiências epidêmicas recentes, têm tendência a apresentarem um alto grau de imunidade natural em pessoas idosas e, assim, faz sentido se concentrar esforços na implementação da vacinação rotineira de crianças contra a febre amarela. Um forte esquema para priorizar países que necessitam de auxílio especificamente para o controle da febre amarela, é apresentado para discussão e debate. Embora a ausência de relato de febre amarela em atividade, em um país da zona de “FA” não signifique que não exista risco de ressurgência, faz sentido por em foco atividades primeiramente naqueles países que têm evidência de atividade de FA recente e que também ainda não tenha introduzido a vacina contra a FA nos seus Programas Ampliados de Imunizações, ou que tenham baixa cobertura vacinal contra a febre amarela. Entretanto, a priorização de países e de áreas dentro de países necessitará de discussão. Embora na maioria a vacinação em larga escala seja necessária, países como Quênia, Angola e, talvez, Mali, que têm áreas focais de febre amarela em atividade, possam considerar se a vacinação deve ser concentrada nos distritos sob maior risco. Todos os países na zona de febre amarela necessitam melhores informações sobre a tendência epidemiológica da febre amarela e esforços para melhorar a vigilância dessa doença devem ser intensificados. A rede de laboratório de FA necessita ser fortalecida e os trabalhadores da saúde da periferia necessitam ser treinados no uso da definição de caso clínico de febre amarela. 3 OMS/PAI/GEN/98.11 I. Introdução Em 1988, o Grupo Consultivo do Programa Ampliado de Imunização Global realizou revisão sobre a febre amarela e apontou uma incidência relativamente alta em crianças. Recomendou que países em risco de ocorrência de febre amarela (Mapa 1) devem incorporar a vacina contra a febre amarela nas atividades de rotina do programa nacional de imunização e isto foi endossado por uma junta da OMS e Grupo Técnico de Imunização da Fundação das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) na África.7 Devido a um baixo risco de reações adversas, a vacina contra a febre amarela não deve ser administrada em crianças com menos de seis meses de idade, de forma que normalmente é administrada na mesma época da vacinação contra o sarampo aos nove meses de idade. Crianças maiores devem também ser vacinadas rotineiramente em áreas de alto risco para epidemia de febre amarela.2, 20, 22 Desde o final da década de 80, tem havido uma ressurgência de febre amarela (gráfico 1). As atividades de vacinação em muitos dos países em risco, os quais incluem os mais pobres do mundo, são geralmente fracas. Apenas cinco dos 34 países africanos em risco relataram os dados de cobertura vacinal contra febre amarela em 1996. Surtos foram relatados em vários países na África Ocidental, em 1994-1995; em 1995, o Peru experimentou o maior surto de febre amarela notificado dentre os países das Américas desde 1950. A OMS, consequentemente, formou uma comissão para revisar a literatura sobre a febre amarela, para atualizar o conhecimento, a fim de determinar as estratégias correntes, focalizando o seguinte: • • • a epidemiologia da febre amarela, particularmente na África; uma revisão dos sistemas de vigilância da febre amarela e suas efetividades; uma revisão de estudos examinando o custo-benefício dos programas preventivos de vacinação contra a febre amarela contra o programas emergenciais de vacinação. Uma busca de literatura Medline foi realizada e muitos artigos foram obtidos de bibliografias de trabalhos revisados. Informações publicadas sobre vigilância da febre amarela foram complementadas por uma revisão do programa sentinela de vigilância do Quênia conduzida por Jari Vainio em julho-agosto de 1997 como parte do programa de seu curso de especialização na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. No capítulo II, “História da febre amarela”, a história dessa doença e vacinas contra ela é revisada, focalizando a maior epidemia que se estendeu da Europa a América do Norte que nos relembra a capacidade da febre amarela em se espalhar naqueles continentes. No capítulo III, “Epidemiologia da febre amarela”, a epidemiologia recente da FA é revisada com ênfase em dados da região africana. A situação nas Américas é brevemente sumarizada e a possibilidade de alastramento da FA na Ásia, discutida. 4 OMS/PAI/GEN/98.11 No capítulo IV, “Custo-benefício da vacinação contra a febre amarela”, a pouca literatura existente sobre este tópico é revisada e os fatores que parecem afetar os custos da vacinação contra a febre amarela são discutidos. No capítulo V, “Vigilância”, as vantagens e desvantagens dos diferentes métodos de vigilância da febre amarela são discutidas. Uma descrição mais detalhada da única vigilância latino americana baseada na viscerotomia e um sumário padrão de buscas na revisão do programa sentinela de vigilância do Quênia são apresentados. Os resultados publicados sobre a vigilância de mosquito e macacos, que freqüentemente apenas servem para abastecer listas de nomes de vetores e primatas, são sumarizadas no Apêndices III, IV e V. Finalmente, no capítulo “Conclusão e Recomendações”, as atividades potenciais são priorizadas de acordo com o critério prático, com o fim de estimular maiores discussões e comentários críticos. 5 OMS/PAI/GEN/98.11 Gráfico I: Ressurgência da febre amarela, África & América Latina, 1980-95 6 OMS/PAI/GEN/98.11 Mapa 1: Países sob risco para a febre amarela e com ao menos um surto notificado, 1985-1998 7 OMS/PAI/GEN/98.11 II. Revisão histórica II.1. Epidemiologia da pré vacinação de 1700-1930 A primeira notícia de uma doença que pode definitivamente ser reconhecida como febre amarela ocorreu em Gaudalupe e em Yukatan, em 1648.23, 24 A comercialização de escravos no século XVII criou uma laço íntimo entre a África Ocidental e a América Espanhola-Portuguesa. “O homem amarelo” foi uma das mais temidas doenças nas rotas comerciais Atlânticas; a lenda do “Navio Fantasma”, uma nau condenada a vagar pelos mares ao redor do Cabo da Boa Esperança porque a febre amarela tinha se alastrado, nenhum porto permitia sua ancoragem e toda a tripulação pereceu. Esta descrição feita por Walter Scott, foi inspirada pelas estórias desta doença.23 O relato de Lind (1792) a respeito de febre a bordo de um barco fora da costa do Senegal em 1768, é normalmente aceito como o primeiro, no qual podemos definitivamente reconhecer a febre amarela na África. Não foi dada nenhuma descrição clínica da febre, porém a evidência de que se tratou de febre amarela, foi sua ocorrência primeiro em homens que estiveram em terra firme e sua aparente propagação a bordo do navio. O primeiro relato clínico de febre amarela foi publicado por Schotte em 1782 no “Synochus Atrabiliosa” no Senegal em 1778: “...o vômito continuou... tornou-se verde, marrom e no final preto, eram coágulos pequenos...Uma diarréia contínua, com cólicas abdominais, agora tomava lugar, causando a evacuação de uma grande quantidade de fezes negras e pútridas... A pele tornou-se agora cheia de petéquias...”24 Por mais que duas centenas de anos, as Américas tropical e subtropical foram submetidas a epidemias devastadoras, enquanto graves surtos ocorriam tão distantes ao norte como Boston e tão distantes dos centros endêmicos como Espanha, França, Inglaterra e Itália.12 As epidemias estendiam-se repetidamente sobre a Índia Ocidental, América Central e o sul dos Estados Unidos, dizimando populações e paralisando indústrias e comércio.12 No curso da história, a Filadélfia sofreu 20 epidemias, Nova York 15, Boston 8 e Baltimore 7.12 Em 1848 Josiah Clark Nott (1804-1973) foi o primeiro a sugerir que a febre amarela era transmitida por mosquitos: “Nós podemos compreender bem como os insetos levados pelos ventos (como acontece com os mosquitos, formigas voadoras e muitos dos Afídios, etc.,) podem mudar seu curso ao alcançar a primeira árvore, casa, ou outro objeto, como obtendo um lugar de repouso; porém ninguém pode imaginar como um gás ou emanação, envolvido ou não por vapor aquoso, enquanto arrastado pelas asas dos ventos, poderia ser apreendido neste caminho...”25 Porém foi o médico cubano, C. J. Finlay (1833-1915), que publicou, em 1881, a primeira teoria realmente séria da transmissão da febre amarela pelo mosquito: 1. A existência de um paciente com febre amarela em cujos capilares o mosquito está capacitado a introduzir seu ferrão e impregná-lo com partículas virulentas, em um estágio apropriado da doença. 8 OMS/PAI/GEN/98.11 2. Que a vida do mosquito é poupada após sua picada sobre o paciente até que ele tenha uma chance de picar uma pessoa na qual a doença será reproduzida. 3. A coincidência de que algumas das pessoas que parecem ter sido picadas pelo mesmo mosquito, consequentemente devem se tornar suscetíveis à doença.26 Em virtude das dificuldades causadas pela febre amarela para o exército americano, em Cuba, durante a guerra Espanha-América, as autoridades americanas formaram uma Comissão de Febre Amarela, tendo Walter Reed (1851-1902), um cirurgião do exército, como seu Presidente. Em setembro de 1900 o trabalho da Comissão de Reed provou conclusivamente que: a) o mosquito era o vetor da febre amarela; b) existia um intervalo de cerca de 12 dias entre o momento em que o mosquito adquiriu uma amostra de sangue infectado e o tempo que ele poderia transmitir a infecção a um outro ser humano; c) a febre amarela poderia ser produzida experimentalmente pela injeção subcutânea de sangue obtido da circulação periférica de um paciente com febre amarela durante o 1º e 2º dias de doença; e d) a febre amarela não era transmitida por objetos.12, 27 Reed e seus colaboradores sugeriram que a transmissão da febre amarela poderia ser mais eficientemente controlada por medidas antimosquito e proteção do doente contra picadas de mosquitos.27 A comissão também demonstrou pela primeira vez que um vírus filtrável causava uma doença humana específica.12 As conclusões da Comissão de Reed foram confirmadas na prática por Gorgas, que erradicou a febre amarela em Havana e Panamá, no início de 1900, privando o mosquito de locais de desenvolvimento.25 Os trabalhadores de laboratório de febre amarela foram muito prejudicados pela falta de um animal experimental. Em 1927, Dr. A. F. Mahaffy e Bauer, da equipe da Comissão de Laboratório conduziram a transmissão da febre amarela em um homem, usando sangue de um paciente acometido desta doença (um habitante da África Ocidental, de 28 anos de idade, chamado Asibi), para um macaco rhesus.12. A propagação da atualmente famosa cepa Asibi de vírus da febre amarela também começou com esta experiência.28 Os mesmos trabalhadores confirmaram que12, 28, 29 a) o agente causal da febre amarela era um vírus filtrável; b) a infecção era facilmente transmitida de macaco a macaco, ou de homem para macaco, pela injeção de sangue colhido no início da doença; c) que a transmissão macaco a macaco era feita pelo mosquito Aedes aegypti; d) que uma vez infectado, o mosquito permanece infectante por toda sua vida, que em algumas instâncias excede a três meses; e e) que a picada de apenas um mosquito infectado era suficiente para produzir uma infecção fatal em um macaco. 9 OMS/PAI/GEN/98.11 Dr. Max Theiler descreveu, em 1931, o uso de ratos em teste sangüíneo para substâncias protetoras contra o vírus da febre amarela. Este teste de proteção no rato tornou-se uma das principais ferramentas na pesquisa e investigações epidemiológicas da febre amarela.30, 31 Exames sorológicos auxiliaram no delineamento das áreas, na África, que tinham apresentado a ocorrência da febre amarela. 10 OMS/PAI/GEN/98.11 II.2. Epidemiologia pré-vacinação na África De 1906-1922, casos de febre amarela eram aparentemente raros na antiga África Francesa. De 1922 a 1927, numerosos surtos sem interconexão aparente foram notificados na África Ocidental. Em todos estes surtos a área infectada foi extremamente localizada.32 De 1927 a 1931, a incidência da doença decresceu acentuadamente e parece ter desaparecido de uma colônia após outra. Em 1931, entretanto, a febre amarela reapareceu. A ressurgência sempre simultânea de casos de febre amarela, sem conexão entre eles, em um grande número de locais espalhados pela África Ocidental e nos países onde a doença não tinha sido notificada durante vários anos, foi explicada pela persistência de foco latente de febre amarela nestes países. Nos períodos epidêmicos, foram os europeus particularmente que foram mais afetados, vez que eles não adquiriram proteção através de um ataque prévio.33 O número de estudos sorológicos aumentou consideravelmente após a descoberta de Theiler que capacitou o uso de ratos, ao invés do Macacus rhesus, para os testes de proteção.34 Os resultados desses testes foram, com freqüência, positivos em Serra Leoa e Sul da Nigéria, razoavelmente positivos no Norte da Nigéria. A missão expectante de Stefanopoulo, em 1931-32, na África Ocidental Francesa descobriu um bom número de áreas positivas no oeste e sul do Senegal e ao longo do curso superior do Rio Senegal, na área de Macina (Sudão Francês) e no antigo Território de Volta Alta.34 Os testes também registraram resultados positivos nas partes de Togo sob o domínio francês. Por outro lado, os testes foram negativos em quase todos os locais estudados na Guiné e Costa do Marfim (exceto Grand Bassam). As pesquisas de W. A. Sawyer mostraram alta percentagem de soropositividade no Sudão Anglo-Egípcio e no oeste de Uganda. Os resultados positivos excepcionalmente obtidos no Quênia, Tanganyka e ao Sul da Rodésia não foram considerados provas suficientes de que a febre amarela existia nestes países, considerando que a sorologia não foi 100% específica para FA.34 Em lugares em que a doença era endêmica, a proporção de testes de imunidade positivos aumentou razoavelmente com a idade, enquanto em locais onde a doença apareceu esporadicamente, a curva de imunidade segundo a idade foi irregular. Os resultados negativos para os testes entre crianças, indicaram a ausência de febre amarela na área ou lugar em questão, durante os últimos anos. Do mesmo modo, as idades das crianças com reação positiva ao testes, determinaram os anos epidêmicos.35 Van Camperhout relatou no antigo Congo Belga, que na área de Matadi, onde a febre amarela foi prevalente em 1928, tanto as crianças como os adultos tiveram reações positivas em proporções iguais. Contrariamente, na região superior de Leopoldville, onde a febre amarela não foi notificada durante os últimos anos, os soros de crianças foram negativos, enquanto que no caso de adultos, quanto mais idoso o indivíduo, mais freqüentes foram os resultados positivos.33 A doença apareceu em junho de 1934 pela primeira vez, no leste mais remoto, na Província de Wau, em Bahr-el-Ghazal, no antigo Sudão Anglo-Egípcio. Os testes de soro proteção relatados por Sawyer, em 1931, revelaram um terço de indivíduos (7/27) imunes à doença.36 11 OMS/PAI/GEN/98.11 A informação a respeito da distribuição geográfica da doença foi mais normal que o número de casos notificados, considerando que o número de casos típicos reconhecidos foi infinitamente pequeno comparado com os casos de início atípico e infecções subclínicas nas áreas afetadas. Os diagramas publicados em 1930 eram relacionados quase que exclusivamente aos europeus e freqüentemente relatavam apenas um ou dois casos de cada localidade afetada. Desta forma, os relatórios serviram apenas para mostrar a presença da febre amarela e não a verdadeira intensidade da doença.36 Certos aspectos epidemiológicos foram relatados em 1928.32 1) A febre amarela seguiu as rotas comerciais, tais como os rios, estradas e estradas-deferro. 2) A doença inicialmente foi eminentemente urbana. 3) Não obstante, os surtos ocorreram com freqüência em áreas isoladas da selva. 4) Sempre inevitavelmente, os surtos precederam a chegada de grandes números de tropas não imunes ou de suscetíveis, ou outros movimentos em massa de populações, no território afetado. 5) Os recém-chegados ao foco endêmico contraíram a doença, com altas taxas de ataque em não imunes, enquanto que a população indígena gozava de um grau relativamente muito alto de imunidade. 6) As taxas de ataque foram mais altas quando as localidades infectadas foram visitadas à noite. II.3. Desenvolvimento das vacinas Duas vacinas contra a FA, de vírus vivo atenuado foram desenvolvidas na década de 30; a vacina francesa neurotrópica de vírus humano replicado em cérebro de rato e a vacina 17D de vírus humano replicado em ovos embrionados de galinha. Marcos no desenvolvimento e uso da vacina neurotrópica francesa estão sumarizados no quadro. Entre 1939 e 1952, cerca de 38 milhões de doses foram administradas (a maioria por escarificação como a da vacina contra a varíola) nos países de língua francesa da África Ocidental, e a incidência declinou dramaticamente (Tabela 1). Entretanto, uma alta incidência de reações encefalíticas em crianças levou ao seu desuso em idade inferior a 10 anos, em 1961 e sua fabricação foi encerrada em 1980. II.3.1. Marcos no uso da vacina neurotrópica francesa2, 9, 37, 38 1927: Uma das primeiras cepas de vírus da febre amarela foi isolada no Instituto Pasteur em Dakar. 1928: Os órgãos virulentos de um macaco infectado foram transportados para a Europa e América, onde foram colocados à disposição de vários laboratórios sob o nome de “cepa francesa”. 1931: Os primeiros experimentos em humanos pela injeção simultânea de uma suspensão da cepa francesa e uma certa quantidade de soro humano imune (o soro foi adicionado para limitar o potencial de virulência da cepa da vacina). 12 OMS/PAI/GEN/98.11 1932: Um método envolvendo a inoculação de uma cepa francesa modificada, sem soro imune, foi introduzido. 1941: Uma ordem governamental determinou a vacinação contra a febre amarela, por escarificação, de forma compulsória, para toda a população civil e militar da África Ocidental Francesa. A febre amarela virtualmente desapareceu da Colônia Ocidental Francesa e África Equatorial, por força de um programa de imunização compulsória iniciado em 1942 (Tabela 1). O mesmo período foi marcado pela maior epidemia nas colônias Britânicas de Costa Dourada e Nigéria, os quais não tinham implementado uma política de imunização preventiva. 1951-1952: Durante as epidemias no Panamá, Honduras e Costa Rica e novamente na Nigéria Oriental, quando a vacina neurotrópica francesa foi usada, casos de encefalite pósvacinais eram vistos. A possibilidade de ocorrência de encefalite na Nigéria foi estimada em uma taxa de 3-4/1000 vacinações, principalmente em crianças, com taxa de letalidade de 38%. 1961: A vacina neurotrópica francesa deixou de ser recomendada para menores de 10 anos, porque foi registrada uma alta incidência de reações encefalíticas em crianças. 1980: A fabricação da vacina neurotrópica francesa foi encerrada. Atualmente, a vacina 17D é a única em produção. Seu desenvolvimento e uso está sumarizado no quadro II.3.2. A base imunológica para seu uso está relatado em outra parte. II.3.2. Marco no uso da vacina 17D2, 9, 12, 15, 39, 40, 41 1936: A cepa Asibi do vírus da febre amarela foi estabelecida com sucesso em meio de cultura contendo tecido embrionário de rato e 10% de soro normal de macaco em solução de Tyrode. Após 18 subculturas neste meio, o cultivo do vírus foi iniciado em meio contendo embrião de galinha total triturado. Após 58 subculturas no último meio, o componente tissular do meio foi modificado pela remoção do cérebro e cordão espinhal do embrião de pinto antes de ser triturado. O vírus foi mais tarde mantido continuamente neste meio por cerca de 160 subculturas. A cepa resultante foi designada como 17D. 1937: Theiler e Smith relataram o uso da cepa 17D para imunização humana. 1938: Após um ano de experiência na produção e aplicação da vacina contra a febre amarela feita da cepa de vírus cultivado 17D, Smith, Penna e Paoliello relataram que estava disponível um método praticável seguro, para imunização em larga escala contra a febre amarela. A vacinação de 59.000 pessoas no Brasil mostrou a) reações moderadas ocorreram cinco a oito dias após a vacinação em 10-15% das pessoas vacinadas, com reações mais intensas em apenas 1-2%, e b) que a vacina era inofensiva mesmo para crianças e para mulheres em qualquer estágio de gravidez. Estudos laboratoriais indicaram que cerca de 95% dos vacinados tinham adquirido imunidade como mensurado pelos anticorpos específicos. 1040: Os primeiros casos de icterícia e encefalite como efeitos colaterais da vacinação com 17D no Brasil foram registrados. Em agosto de 1940, a prática da adição de 10% de soro normal humano (necessário para a filtração do vírus) à vacina, foi iniciada. Entretanto, o 13 OMS/PAI/GEN/98.11 soro foi usado na preparação da vacina nos EUA, resultando na transmissão do vírus de hepatite infecciosa, o qual por muitos anos contaminou este imunobiológico. 1945: Um sistema de lote semente do vírus 17D foi estabelecido para resolver o problema da sobre-atenuação e sub-atenuação da vacina 17D. 1950-1953: Violentos surtos de febre amarela ocorreram no Sul do Brasil. Durante este período de intensas campanhas contra a epidemia, cerca de 12.000.000 de pessoas foram vacinadas com a vacina 17D. 1951-1952: A ocorrência de encefalite pós-vacinal em 15 crianças da UK, EUA e França formaram as bases para a recomendação que excluiu o uso da vacina em crianças com menos de seis meses de idade. 1958: A vacina 17D foi mostrada como indutora de imunidade muito longa, servindo de base para novas recomendações a respeito da reimunização de viajantes em intervalos de 10 anos. 1966: Início da fabricação da 17D em Dakar, Senegal, como resposta a encefalite surgida com a campanha de vacinação em 1965, pelo uso da vacina francesa neurotrópica. 1967: OMS: nenhuma vacina deve ser fabricada, que tenha mais de nível de um lote semente que tenha passado em todos os testes de segurança. 1988. A Junta do Grupo Técnico de Imunização OMS/UNICEF na África, recomendou a incorporação da vacina contra a febre amarela na rotina dos programas de imunizações de crianças de países sob risco para esta doença. 1997: Existem 34 países africanos sob risco para a febre amarela: 17 destes, têm uma política para incluir a vacina contra a febre amarela no PAI. II.4. Epidemiologia pós-vacinação de 1940-1980 As primeiras experiências de vacinação em larga escala contra a febre amarela foram conduzidas na África Francesa ao sul do Saara. Durante 1934 e 1935, 5.699 pessoas foram vacinadas com três inoculações subcutâneas sucessivas da vacina neurotrópica francesa.37, 38 Antes de serem iniciadas as campanhas de imunização em massa na África, surtos tipicamente urbanos ocorreram em Lagos, Nigéria, em 1925-1926, em Acra, Gana em 1926-1927 e novamente em 1937, e em Banjul, Gâmbia, em 1934-1935.10 Em 1940, a imunização em massa foi iniciada nos países de língua francesa na África Ocidental e Equatorial, onde 25 milhões de pessoas foram imunizadas a cada quatro anos (Tabela 1). Como conseqüência, a febre amarela desapareceu gradualmente nestes países, enquanto a atividade epidêmica e endêmica continuou em países sem programas de imunização.37, 38 14 OMS/PAI/GEN/98.11 Tabela 1: Vacinações contra a febre amarela, com vacina neurotrópica francesa e casos de febre amarela na África, 1934-1953 Ano Casos de febre amarela notificados Número de vacinações contra a febre África Ocidental Outros Total para a amarela, por escarificação, na África e Togo territórios África Ocidental e Terra do Togo africanos 1934 1935 1936 1937 1938 1939 1940 1941 1942 1943 1944 1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 101.633 372.632 2.018.954 4.932.068 7.890.417 11.577.629 14.563.092 17.179.812 20.289.249 24.293.762 28.662.214 32.530.124 36.789.119 42.095.954 46.391.582 23 12 24 48 27 15 4 17 10 12 2 1 1 3 2 0 0 2 1 2 41 16 19 122 49 43 4 19 6 20 11 17 51 1 4 37 17 39 53 28 64 28 43 170 76 58 8 36 16 32 13 18 52 4 6 37 17 41 54 30 *38 Ocorrência de casos durante a epidemia de febre amarela em 1940, no Sudão Anglo-Egípcio, não está incluída. A mais extensa epidemia de febre amarela já registrada ocorreu na Etiópia em 1960-1962, afetando 10% de 1.000.000 residentes do sudeste da Etiópia, uma população sem imunidade prévia. A epidemia causou cerca de 30.000 mortes. Houve alguma atividade no leste da Etiópia no final da década de 1950: no antigo Congo Belga, Sudão e Uganda. Curioso foi a ocorrência de muitos casos fatais com um curso fulminante de dois a três dias, sem sinais renal ou hepático. A investigação epidemiológica implicou na transmissão pelo Aedes africanus na forma macaco-a-macaco e um baixo nível de transmissão macaco-homem, com um alastramento inter humano adicional intenso, pelo Aedes simpsoni. Em 1964, um caso humano isolado em Uganda foi exaustivamente investigado; a evidência também implicou na transmissão macaco-homem pelo A. africanus e foi confirmada por observação de que esta espécie se alimenta ao nível do solo durante o dia.9 A atividade epidêmica continuou nos anos 70, porém em um nível mais baixo que nas décadas antecedente e precedente. Um pequeno surto no Distrito de Okwoga, Nigéria, em 1970, forneceu a primeira evidência de que o A. africanus, o vetor enzoótico clássico, foi o responsável pela transmissão epidêmica inter humana. A diminuição do número de casos resultou em uma perda do interesse pela febre amarela e a vigilância e a imunização foram progressivamente negligenciadas após a década de 60. 15 OMS/PAI/GEN/98.11 Em 1971, a febre amarela apareceu na Angola pela primeira vez em 99 anos. Os dados sobre a incidência oficial subestimam o verdadeiro impacto da epidemia, e um exame sorológico indicou que pelo menos 13% da população urbana foi infectada.9 Entre 1977 e 1979, Gana experimentou uma série de epidemias. Como nas outras epidemias em países de língua inglesa que não praticavam a imunização preventiva, houve uma alta taxa de ataque em adultos.9 A epidemiologia subsequente irá ser discutida por região em seções posteriores. Os maiores marcos na história da febre amarela são sumarizados na Tabela 2. Tabela 2: Marcos na história da febre amarela Ano - 1700 Marcos - 1700 - - 1800 - - Comentários epidemia com diagnóstico incerto de FA em São Domingos, África Descoberta do “Novo Mundo” Ocidental, Cuba, Índia Ocidental e Barbados em 1600. A primeira descrição de FA geralmente aceita, em Guadalupe, a - o comércio de escravos da África outra na Antilhas Francesa e em Yucatan em 1648. Ocidental para a América Espanholaa FA alcançou Nova Iorque em 668, Boston em 1691 e Charleston Portuguesa em 1699 por navio. primeira epidemia de febre amarela geralmente aceita na Europa. em 1730 uma epidemia em Cadiz, Espanha com 2.200 mortes em setembro e outubro. primeiras descrições de FA na África O conto de Lind sobre a FA foi baseada em evidência epidemiológica no Senegal, enquanto Schotte publicou em 1782 o primeiro relato clínico sobre FA da África. pensou-se que a FA era causada pelas “emanações” venenosas de epidemias devastadoras nas Américas alagados, “emanações” da sujeira dos embarcadouros do porto, tropical e subtropical dizimou “respiração de outras pessoas” ou descontentamento divino. populações e paralisou a indústria e comércio. os navios chegavam nos portos da Europa com a FA à bordo. Epidemias de FA na Europa: Brest em 1802, 1839, 1856, St. Nazaire em teorias da transmissão da FA pelo mosquito, por Nott (1948) e 1865, Swansea em 1843, 1851, 1864 e Finlay (1981). 1865, Southampton em 1852, 1866 e 1867. 1900 Reed (EUA) provou que a FA é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti 19001930 19301960 19601985 1986- - foi isolado o agente causal da FA. - a transmissão da FA de macaco a macaco Foi encontrado o animal experimental para laboratório: primeiro em 1927 foi provada como sendo feita pelo macaco em 1927 e mais tarde o rato em 1930. Aedes aegypti, A. luteocephalus, A. surtos urbanos na África. apicoannularis e Eretmapodites aumento do conhecimento entomológico e ecológico. chyrsogaster em 1928, A. vittatus, A. africanus, A. (do grupo) simpsoni, A. scapularis e A. albopictus em 1929 e Taeniorthynchus africanos em 1930. exames sorológicos na África auxiliaram a delinear as áreas de - foi continuada a imunização em massa fronteiras nas quais a doença tinha ocorrido (ver Mapa 2). contra a FA. a primeira vacina contra FA em 1931. As vacinas 17D e Francesa neurotrópica foram desenvolvidas concorrentemente na década de 30. As campanhas de imunização em massa iniciaram no Brasil em 1938 e nos países de língua francesa na África Ocidental em 1940. - a diminuição do número de casos de FA resultaram na perda do - epidemias severas na Etiópia em 1960interesse pela FA e a vigilância e a imunização foram progressivamente 1962 e África Ocidental em 1969-1970. negligenciadas. 1986-1991 foi um período de extrema atividade para a FA. - 17 dos países em risco na África têm uma A vacina contra FA (17D) foi recomendada para ser incorporada política para incluir a vacina contra FA no nos programas de imunização de rotina em países sob risco para PAI. FA em 1988. 16 OMS/PAI/GEN/98.11 III. Epidemiologia III.1. Vertebrado reservatório, mantenedor e amplificador do vetor A febre amarela ocorre em áreas tropicais da América do Sul e África. As áreas da América Central, Caribe, América do Norte e Europa infestadas por Aedes aegypti foram submetidas a introdução e alastramento da doença por volta do início deste século e devem ainda ser consideradas áreas receptivas.4 O reservatório do vírus da febre amarela é a espécie de mosquito vetor suscetível que permanece infectado durante toda sua vida e pode transmitir o vírus durante todo o seu tempo de vida.10 A febre amarela pode persistir como uma zooonose nas áreas tropicais da África e América, tendo os primatas como responsáveis pela manutenção da infecção.10 O homem e o macaco participam como amplificadores da quantidade de vírus disponível para a infecção de mosquitos.10 III.2. Vírus da febre amarela O agente causal da febre amarela é um vírus que é transmitido por um artrópode do gênero Flavivirus, da família Flaviviridae. O vírus possui um genoma de RNA de polaridade positiva. As partículas virais têm dimensão de 43 nm; elas são compostas de um núcleo de ribonucleoproteína e um envelope de lipoproteína.10 Tem sido observada uma considerável heterogeneidade entre cepas de vírus da febre amarela isoladas na África e América do Sul.43 Entretanto, existe uma evidência um pouco empírica para as diferenças quanto a virulência, entre cepas selvagens do vírus da FA. A visão prevalente é que existem apenas dois genótipos da FA na África e um ou possivelmente dois na América do Sul, classificados segundo o sequenciamento do tipo selvagem da cepa do vírus da febre amarela de diferentes origens geográficas. A base de dados inclui as seqüências inteiras do genoma dos vírus viscerotrópico francês e da cepa Asibi e (Gana e Senegal, 1927) e seqüências parciais do gene E, o 5º e 3º terminais, e da região NS4a-NS4b dos vários isolados na América do Sul e África, durante um período de 60 anos. As cepas do vírus da febre amarela na África constituem-se de apenas dois genótipos, um representado pelos vírus da África Ocidental e outra, pelas cepas da África Ocidental e Central.44 Os vírus da América do Sul compreendem um grupo filogenético maior com respeito a seqüência do gene E. Em contraste a situação da África, os dois genótipos da América do Sul não se segregam em distribuições geográficas discretas, porém um determinado genótipo não tem sido recuperado desde 1974, sugerindo sua perda. 17 OMS/PAI/GEN/98.11 III.3. Ciclos de transmissão e fatores que os afetam III.3.1. Transmissão passiva vertical nos mosquitos pela passagem do vírus de um vetor à sua descendência Em 1981, a transmissão vertical do vírus da febre amarela no Haemagogus equinus foi demonstrada.45 Isto seguiu-se à descoberta feita por Cornet em 1979, do vírus da febre amarela em A. furcifertaylori macho, no Senegal e o trabalho experimental de Aitken mostrando a transmissão vertical no A. aegypti.46 Agora estava disponível uma explicação de como o vírus da febre amarela consegue sobreviver na natureza, sem vetores alternados, sobrevivência prolongada, transmissão retardada ao longo da vida, perda de resistência, mosquitos adultos fêmeas, infecções persistentes de vertebrados, ou reintrodução de vírus de focos enzoóticos distantes.9 Isto foi demonstrado com o A. aegypti, seu vetor no Senegal. Pensou-se que a transmissão adotava uma regra maior no alastramento da epidemia.47 A regra de transmissão vertical na natureza tem sido provada pelo isolamento de várias cepas de vírus de espécies masculinas de vetores capturados em locais selvagens.48 Sua eficiência poderia ser incrementada pela possibilidade de infecção venérea de fêmeas pelos machos. Pela transmissão vertical, o vetor pode manter o vírus por longos períodos e ser, então, o verdadeiro reservatório.50 A ocorrência da transmissão vertical tem duas implicações de importância epidemiológica. A primeira é que o vírus pode ser transmitido apenas durante poucos dias após a emergência das fêmeas do A. aegypti, teoricamente na primeira sugada de sangue, sem ser retardada até que o ciclo viral extrínseco seja completado em 8 a 12 dias após. A transmissão na população humana é mais freqüente que se houvesse apenas a transmissão horizontal. A segunda implicação é que o vírus da FA pode persistir na área até a próxima estação de chuvas, dentro de ovos infectados deixados em locais de reprodução peridomésticas que secam no verão, como pneus usados e potes velhos.47 III.3.2. Transmissão ativa, horizontal entre os vertebrados pela passagem do vírus de um hospedeiro vertebrado a outro, através de um vetor no qual o vírus se multiplica Isto pode ocorrer de duas maneiras, dependendo dos fatores ecológicos que afetam o grau de contato com os hospedeiros suscetíveis.49 1) Manutenção dos ciclos, com uma prevalência de infecção relativamente estável: o contato vetor-vertebrado é perdido e a febre amarela surgirá em uma forma enzoótica ou endêmica. 2) Amplificação dos ciclos, com um aumento da quantidade de vírus circulante: o contato vetor-vertebrado é íntimo e a febre amarela surgirá em uma forma epizoótica ou epidêmica. Inúmeros fatores ecológicos podem afetar a transmissão horizontal. O grau de contato entre os vetores e hospedeiros vertebrados suscetíveis, e desta forma, o modo de transmissão depende da quantidade de vírus, da abundância dos vetores e vertebrados. A 18 OMS/PAI/GEN/98.11 infecção do vetor depende das relações intrínsecas específicas entre o vírus e seu hospedeiro invertebrado (por exemplo, a disseminação do vírus no hospedeiro vertebrado: cruzando a barreira intestinal, invadindo os diferentes tecidos), como também de fatores extrínsecos, os quais são independentes do vírus: o vetor pode tornar-se infectado após alimentar-se do sangue em um hospedeiro vertebrado, o vírus deve se multiplicar nos tecidos do hospedeiro invertebrado e após, o vírus deve ser inoculado com saliva para um outro hospedeiro vertebrado. O hospedeiro invertebrado deve então viver o suficiente para que ocorra o desenvolvimento do vírus no interior de seu corpo. O mosquito deve ter preferências trópicas pelos primatas, para atuar como um vetor na natureza. III.4. Distribuição, zonas ecológicas e tipos de transmissão na África III.4.1. Vegetação A distribuição da febre amarela na África é melhor entendida em termos de zonas vegetais que refletem os padrões de chuvas e determinam a abundância e distribuição dos mosquitos vetores e hospedeiros vertebrados (Tabela 4). III.4.1.1. Floresta Equatorial Tropical (Enzoótica; principalmente selvagem) A maior zona de chuva na floresta equatorial se estende da Guiné no ocidente a Uganda no oriente e ao sul a Guiné Equatorial e norte de Angola. É a zona que durante o ano todo ocorre a transmissão enzoótica da febre amarela entre os macacos e o A. africanus. A atividade do vírus é geralmente baixa e casos esporádicos ou surtos focais são a regra, em um modo análogo ao que ocorre na febre amarela silvestre na América do Sul. A transmissão é predominantemente macaco-a-macaco e a infecção humana é esporádica (Figura 1). III.4.1.2. Savana úmida/semi úmida (zona de emergência; epizootias cíclicas e epidêmicas; transmissão macaco-a-macaco ou macaco-a-homem; maior área de risco Estendendo-se para a fora da zona de chuva na floresta, com a diminuição da intensidade de chuvas, são encontradas as seqüências mosaico savana-floresta e savana úmida (Guiné). Durante as estações chuvosas essas regiões são propensas a emergência repetida de atividade da febre amarela, o que pode ocorrer a uma alta taxa de transmissão devido a presença das populações do vetor e do hospedeiro. O Aedes selvagem (por exemplo, A. fucifer, A. luteocephalus, A. vittatus) alcança densidades muito altas durante a estação chuvosa e são responsáveis pelas epizootias cíclicas nas populações de macacos e epidemias com a transmissão inter humana.51 Esta zona é também conhecida como zona intermediária de transmissão (fig. 1). A transmissão vertical nestes mosquitos assegura a sobrevivência viral e a continuação das ondas epizoóticas. É nesta zona vegetal que a maioria das epidemias da febre amarela tem ocorrido. Podem ocorrer surtos focais separados por áreas sem casos humanos. III.4.1.3. Savana Seca (transmissão principalmente homem-homem; potencial para epidemia) Na zona de savana seca a caída de chuva é muito baixa e a estação chuvosa é breve. As populações de vetor selvagem são muito pequenas ou ativas para um período muito curto para sustentar uma epizootia. O vírus pode todavia ser introduzido em ciclo de transmissão 19 OMS/PAI/GEN/98.11 inter humana pelo Aedes aegypti, se uma epizootia se estende da savana úmida, ou se indivíduos infectados se locomovem para as aldeias que têm o vetor doméstico na savana seca. Se o vírus é introduzido em regiões urbana ou de savana muito seca, onde a população humana armazena água e mora em associação com o A. aegypti, surtos explosivos de febre amarela transmitida pelo A. aegypti (transmissão do tipo urbano, fig.1) podem acontecer.9 Normalmente o surto se espalha de aldeia a aldeia seguindo as linhas de comunicação usadas pelos humanos. Quando a epidemia tem início, o vírus pode ser transportado para locais distantes, tanto por pessoas infectadas, como por mosquitos infectados. Tabela 3: Ciclos de transmissão, zonas de vegetação e vetores9,49 Chuva na floresta Área enzoótica Savana úmida Zona de emergência - epizootias & endemias cíclicas Área endêmica Área de potencial epidêmico Febre amarela silvestre Intermediário Macaco-mosquito-macaco Macaco-Aedes silvestre-homem (a infecção humana é esporádica e (o homem e os vertebrados não reconhecida com freqüência) silvestres são envolvidos no ciclo do vírus Aedes africanus Aedes furcifer Aedes luteocephalus Aedes metallicus Aedes neoafricanus Aedes opok Aedes grupo simpsoni* Aedes taylori Aedes vittatus Savana seca/áreas urbanas Zona epidêmica Febre amarela urbana Homem-mosquito-homem Aedes aegypti *Provavelmente o Aedes bromeliae III.4.2. Os vetores na África Os principais vetores da febre amarela na África são mosquitos do gênero Aedes, subgênero Stegomyia e Diceromyia. Sete espécies são consideradas para esse fim na natureza: Aedes (Stegomyia) aegypti,. A. (Stegomyia) africanus, A. (Stegomyia) opok, A. (Stegomyia) luteocephalus, A. (Stegomyia) grupo simpsoni, A. (Diceromyia) fucifer e A. (Diceromyia) taylori.49 Os ovos dos vetores são resistentes a dessecação; eles permanecem imóveis durante a estação seca e chocam apenas quando a chuva se acumula nos locais onde foram depositados. Os vetores Aedes podem ser classificados em três categorias de acordo com o contato deles com o homem: a) doméstica (ao redor da casa) – principalmente A. aegypti b) silvestre – todos os outros lugares c) semi-doméstica – vetores silvestres que podem adquirir hábitos domésticos – A. fucifer, A. africanus, A. luteocephalus. 20 OMS/PAI/GEN/98.11 Figura 1: Ciclos de transmissão da febre amarela 21 OMS/PAI/GEN/98.11 III.4.3. Animais vertebrados hospedeiros na África Em 1928, Stokes descreveu a suscetibilidade de um primata asiático, Macacus rhesus,28 que tornou-se o primeiro animal de laboratório. Na África, quase todos os grupos zoológicos têm sido estudado, porém apenas os primatas estão implicados nos ciclos de transmissão natural do vírus da febre amarela, porque os outros animais têm baixa viremia e/ou não têm contato com os vetores conhecidos. Os macacos permanecem como o principal hospedeiro vertebrado envolvido na circulação do vírus da febre amarela na África. A viremia desenvolvida pelos macacos é sempre curta, dois a cinco dias, com o máximo de nove dias.52 Após a infecção eles se tornam imunes por toda a vida, de forma que eles não podem ser reservatórios para o vírus.49 Os macacos que permanecem na abóbada (topo) das árvores da floresta são os principais hospedeiros no ciclo silvestre (p. exemplo, Cercopithecus mitis), enquanto os que ficam no nível do solo (Cercocebus) ou deixam a floresta para entrar nas plantações (Cercopithecus aethiops) serão o elo entre o ciclo silvestre e o homem. Nas áreas de savana, os macacos normalmente vivem no solo, porém dormem nas árvores onde são expostos a picadas de mosquitos. Lá, os macacos, tais como os babuínos, facilmente disseminam o vírus porque o território deles é muito extenso.49 III.5. Epidemiologia recente na África O período de 1986-1991 foi de extraordinária atividade para a febre amarela na África. O total de 20.424 casos relatados em todo o mundo e 5.447 mortes representaram a maior atividade da febre amarela notificada para a OMS desde o início das notificações em 1948 (Tabela 5 / Mapa 3).53,54,55 O maior número de casos foi relatado da Nigéria, onde uma ressurgência de febre amarela vem sendo registrada desde 1984. Em 1986 e 1987, o Ministério da Saúde da Nigéria e a OMS relataram dois estudos epidemiológicos para tentar determinar a extensão da eclosão de FA. Um foi realizado em Oju, um dos dois maiores epicentos de epidemia de FA silvestre em 1986, tendo o outro sido realizado no estado de Cross-River. Em 1986, levantamentos em centros de tratamento e em nove aldeias na área de Oju, estado de Benue estabeleceram uma taxa de ataque global de 4.9% e uma taxa de mortalidade de 2.8%. A população sob risco em Oju foi de 200.000, de forma que os estudos sugeriram que 9.800 casos e 5.600 mortes ocorreram neste estado. Dados oficiais de 1986 indicaram 559 casos notificados e 200 óbitos registrados para o todo o estado de Benue, de forma que a subnotificação no estado foi de, pelo menos, 17 e 28 vezes respectivamente. Em 1987, durante levantamento em dezessete hospitais e três aldeias no estado de Oyo, 3,6% dos 60.000 residentes em aldeias foram entrevistados. Os resultados indicaram uma taxa de ataque de 2,9% e uma taxa de mortalidade de 0,6%. A eclosão de 1987 ocorreu em uma área densamente habitada e com um tipo urbano propagado pelo Aedes aegypti. A população sob risco foi estimada em quatro milhões, de forma que 116.000 casos e 24.000 mortes foram estimadas como possíveis de terem ocorrido no estado de Oyo; 130 e 50 vezes respectivamente aos números notificados. De 1984 a 1993, a Nigéria notificou cerca de 20.000 casos e 4.000 mortes. Em virtude da sub-notificação, estima-se que a FA afetou pelo menos um milhão de pessoas na Nigéria 22 OMS/PAI/GEN/98.11 durante essa ressurgência. Em 1994, uma outra eclosão no estado de Imo, Nigéria, expandiu-se para os distritos circunvizinhos de Cameroon. A primeira epidemia de FA em Cameroon ocorreu em 1990, durante a segunda metade da estação chuvosa. Ocorreram 180 casos conhecidos, dos quais 125 evoluíram para a morte. A área afetada estava na zona de febre amarela, situada aproximadamente na latitude 11 graus Norte e 14 graus Leste. Esta é uma área montanhosa, com aldeias dispersas. Um exame de soro sangüíneo em 11 aldeia mostrou 20% de indivíduos IgM positivos para FA entre 107 amostras testadas, a maioria menor de 10 anos de idade. Exames de IgM para outras flaviviroses foram negativos, enquanto mostraram substancial reatividade cruzada para IgG. Estimou-se que menos de 4% dos casos foi relatado e que o número real de casos pode ter sido entre 5.000 e 20.000 com 500-1.000 mortes.56 Os anos de 1992 e 1993 foram relativamente brandos em termos do número total de casos de febre amarela, porém a primeira eclosão no Quênia foi documentada. A eclosão foi do tipo silvestre (transmissão macaco-homem) e afetou predominantemente homens jovens, porém a possibilidade de que a doença poderia alastrar-se para cidades onde o Aedes aegypti estivesse presente, levou a realização de vacinação em massa de quase um milhão de pessoas, nos distritos afetados. Isto representou o primeiro relato de FA na África Oriental por quase 50 anos. A incidência de febre amarela aumentou discretamente em 1994 e 1995, comparada com os dois anos anteriores, ainda permanecendo mais baixa que as incidências relatadas antes de 1992.21 De novembro de 1994 até janeiro de 1995, o Gabão relatou sua primeira eclosão. O surto iniciou com o tipo silvestre de FA em um campo de mina remoto na selva, porém espalhou-se rapidamente para aldeias fora da floresta, onde o mosquito A. aegypti estava presente, indicando um artifício de transmissão pessoa-a-pessoa. Esta epidemia foi identificada como FA de acordo com os resultados sorológicos e reação polimerase em cadeia, porém não houve isolamento do vírus. Subseqüentemente foram obtidos soros de 37 pessoas que moravam na mesma região e que apresentaram sintomas compatíveis com a FA. Em dez, o RNA do vírus da FA foi obtido pela reação citada. A seqüência nucleóide de duas regiões do RNA, em três soros, diferiu daquela apresentada pela cepa Asibi de FA e a presença de um novo topotipo foi hipotetizada.57 No final de 1995, uma eclosão foi detectada na Libéria. O primeiro caso ocorreu em um soldado nigeriano da Força de Paz da África Ocidental, instalada em Buchanan. No final de 1995, 360 casos e 9 mortes foram notificados e um caso de febre amarela foi confirmado em Serra Leoa. Campanhas de vacinação em massa administraram aproximadamente um milhão de doses de vacina contra FA em resposta a esse surto. No Senegal, em 1995, ocorreu um surto do tipo intermediário de FA, matando pelo menos 46 seres humanos dentre uma população exposta estimada em 9.000. Este surto foi rapidamente interrompido pela realização rápida de uma campanha de vacinação (citada em Fontenille). Todos os surtos ocorridos na proximidade de zona de emergência, na savana úmida, ou na savana seca, ao longo da genuína “zona de febre amarela”, que se estende do Senegal a Etiópia e Quênia. As populações rurais foram as mais 23 OMS/PAI/GEN/98.11 afetadas e o vetor, nas fases iniciais, foi com freqüência, um mosquito selvagem artropofílico (A. africanus, A. bromeliae, A. furcifer). As cidades, entretanto, não foram poupadas (por exemplo: Luanda, Angola, 1971; várias cidades do sudeste da Nigéria, 1987; Buchanan e Libéria em 1995). Em muitos países, apenas certas partes de seus territórios estão expostos ao risco de surtos severos. Entretanto, experiência em Gana, 1977-1979 e Nigéria, 1986-1987 mostra que a febre amarela pode ser transportada de um foco epidêmico a áreas distantes com diferenças climáticas e de meio ambiente e lá produzir uma epidemia secundária, se encontrarem condições favoráveis. A despeito da clara indicação do risco potencial de FA, não é reconhecido por todos como problema endêmico na África. Para a maior parte, apenas aglomerados de casos e surtos são registrados. Isto reflete a falta de sensibilidade dos relatos, como a transmissão endêmica do vírus certamente deve ocorrer. Todavia, a potencialidade atual de infecção desta doença endêmica é difícil de ser estimada – veja Seção V. 24 OMS/PAI/GEN/98.11 Tabela 4. Epidemias relatadas no período de 1994-1996 21 53 54 58 País Ano Casos Idade Sexo Local Angola Benin Burkina faso 1998 1996 1984-1995 37 124 24 Luanda (urbana) Atakora-Borgou Sudeste Cameroon 1990 Norte Cameroon Gabão 1994 1994-1995 173 51% <5 79% <10 10 44 4% <15 Gana 1993-1994 118 Gana Guiné Quênia Libéria Mali 1996 1987 1992-1993 1995 1987 27 5 54 33% <19 360 305 70% <15 Mauritania 1987 Nigéria ausente 1986-1992 18.94 50%, adultos em 1997, 0 46% em 1991 Nigéria 1993-1994 Nigéria Niger Senegal 1994 1990 1995 Serra Leoa 1995 25 OMS/PAI/GEN/98.11 Masc. de idade Masc. 67% Masc. 65% Masc. 62% 21 152 9% <5 18% <15 1.227 79 33 Masc. 58% 1987, 52% em 1991 Masc. 57% Masc. 53% Prov. de Adamaoua maior Noroeste Área de mina Alto oeste: Distr. de Jiripa Alto Leste Siguiri (periferia) Kerio Valley Buchanan Próximo de Bamako Sul-oeste Período Ocupação Outros comentários - 85% da população de Luanda foi vacinada como resposta Julho- casos notificados com base apenas nos dados clínicos; eles ocorreram ao mesmo tempo que um surto de hepatite Crianças Nov-Dez Nov-Jan Madereiros - surtos limitados devido a sua ocorrência dentro do período seco - precedido de chuvas fortes Out-Mai Set-Mar Novembro Set-Nov Out-Dez em Oju, Oyo, Kano, Kaduna, Bauchi, Ipetu-Iyesa Estado de Imo Out-Jan Estado de Imo Set-Dez Dist. Kounglel Out-Nov Prov. Leste Nov-Dez Masc jovem Crianças - conectado a epidemia de Mali - primeira epidemia relatada do Quênia - cobertura vacinal em Buchanan alcançou 80% como resposta em 1969 a imunização em massa protegeu os adultos Risco urbano: Aedes aegypti infectado foi encontrado em Bamako - conectado a epidemia da Mali, porém coincidiu com uma epidemia de Febre do Vale Rife - a população como um todo era suscetível (por causa da vacinação regular e longo período da última epidemia) - espalhou-se a partir da epidemia na Nigéria. Primeiro surto daquele país - 8.000 pessoas expostas. Foi conduzida imediatamente campanha de imunização - um simples caso de FA foi sorologicamente confirmado dentro de semanas de surto de FA na periferia de Buchanan, Libéria (33 casos suspeitos) III.6. Fatores de risco A distribuição dos casos por idade depende do estado imunitário da população no momento do surto. Quando a população inteira está desprovida de imunidade natural ou induzida por vacina, a distribuição de casos é paralela à distribuição geográfica (por exemplo: Nigéria, 1987). Por outro lado, quando a população vem sendo submetida a uma epidemia e/ou campanha de vacinação em massa durante os últimos anos, os adultos ainda têm alguma proteção e são relativamente menos afetados pela epidemia. Por exemplo, em 1969, a população na área norte de Gana foi imunizada em extensa campanha, como resposta a um surto de FA. Quando a FA ocorreu em algumas áreas, em 1977-1980, a epidemia envolveu principalmente crianças abaixo de 15 anos de idade, que eram muito jovens para sem imunizadas em 1969. Desta forma, 67% dos casos e 82% dos óbitos em 1977-1980 ocorreram neste grupo etário. Fenômeno similar ocorreu em vários países africanos, incluindo Burkina faso, 1983; Mali, 1987; Cameroon, 1990, onde 70% dos casos foram em crianças com menos de 15 anos de idade. Isto levou o Programa Ampliado de Imunizações a recomendar que a vacina contra FA fosse incluída na rotina em países sob risco para a febre amarela. As condições climáticas afetam a abundância do vetor e o período de circulação (o tempo entre a alimentação de sangue infectado e o tempo da primeira transmissão), o que é menor quando em altas temperaturas. As atividades humanas podem também influenciar a transmissão pela ação na abundância do hospedeiro, tanto negativamente (a caça de macacos e desta forma a redução do número de hospedeiros; controle do mosquito), como positivamente (diminuição artificial dos locais de reprodução; superpopulação). As práticas nas florestas, tais como o desmatamento, podem aumentar a transmissão, por trazer os mosquitos que habitam o topo das árvores para o contato íntimo com o homem (Tabela 5). Tabela 5: Fatores ecológicos que afetam a transmissão da febre amarela Vírus - quantidade de vírus no início da amplificação do ciclo virulência Vetor - abundância longevidade trofismo número de alimentações sangüíneas/dia tempo de incubação do vírus da FA no vetor competência do vetor abundância taxas de imunidade suscetibilidade (duração, dimensão da viremia) temperatura umidade duração da estação chuvosa caça de macacos criatórios artificiais para os vetores (jarros, pneus, etc.) práticas florestais crescimento populacional urbanização migração inquietação política Hospedeiro Vertebrado Clima Comportamento humano 26 OMS/PAI/GEN/98.11 III.7. Epidemiologia nas Américas Dois tipos de ciclos epidemiológicos têm ocorrido na América do Sul: o silvestre e o urbano. A última epidemia do tipo urbana ocorreu em 1928-1929, no Rio de Janeiro (o último caso de febre amarela urbana foi notificado em 1942). As duas formas diferem na forma de transmissão: a forma urbana é transmitida pelo A. aegypti, enquanto a febre amarela silvestre é transmitida pela picada de um Haemagogus ou outro mosquito que se reproduz na floresta que foi previamente infectado por se alimentar em um hospedeiro vertebrado infectado.49 Em 1949, os dez países mais afetados pela febre amarela urbana (Brasil, Bolívia, Guiana Inglesa, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Panamá, Peru, Suriname e Venezuela) desencadearam uma vasta campanha contra o A. aegypti, destruindo seus locais urbanos de reprodução, de forma que em 1965 haviam erradicado o mosquito e a doença da maioria das áreas urbanas no continente.59 Mas o A. aegypti voltou a reinfestar a maior parte da América do Sul e Central e atualmente ocupa áreas adjacentes a estas áreas, onde a transmissão endêmica da febre amarela vem ocorrendo.53 A zona endêmica corresponde a florestas úmidas irrigadas por sistemas de grandes rios, onde o vírus da febre amarela está circulando “silenciosamente” entre os macacos, porém a emergência de casos humanos é rara.60 Ondas epizoóticas exaurem a população de primatas suscetíveis e cinco a dez anos podem ser necessários para a reconstituição de uma população de primatas não imune, suficientemente grande para permitir a transmissão recorrente do vírus. Nos últimos 25 anos, 115 casos em média de tem sido notificados anualmente na América Latina. Desde 1990, cinco países americanos, têm relatado febre amarela: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. A Bolívia e o Peru têm registrado 82% dos casos humanos (OPAS, 1998, Comunicação pessoal). Em 1995, o Peru relatou um surto do tipo silvestre, com 440 casos e uma taxa de mortalidade de 38%. Esse foi o maior surto na região desde 1950. A febre amarela afeta principalmente pessoas não vacinadas que penetram a floresta para caçar, pescar ou extrair madeira e tornam-se infectadas através do ciclo silvestre – cerca de 80% do casos são relatados em homens adultos jovens que trabalham na floresta. Desta forma, a febre amarela na América do Sul pode ser considerada uma doença ocupacional. Tabela 6: Distribuição por idade e sexo, dos casos de febre amarela na América do Sul País Bolívia Brasil Peru Total Ano 0-1 ano 1-15 anos > de 15 anos Proporção Masc:Fem 1997 1996-97 1997 0 0 0 0 13 16 10 15 87 84 90 85 2.9 : 1 2.4 : 1 3.2 : 1 A circulação aparentemente baixa do vírus por um longo período nas Américas pode ter sido devido as campanhas de vacinação em massa e ao controle do vetor. A situação pode repentinamente inverter-se como se observou no passado.61 O Aedes aegypti está presente 27 OMS/PAI/GEN/98.11 em áreas urbanas nas Américas (incluindo parte do sudeste dos EUA).15 O Aedes albopictus, o qual foi descoberto nas Américas no meado dos anos 80 e foi provavelmente importado da Ásia em pneus usados de carros,62 e que parece ter uma grande capacidade de adaptação, ocupa agora uma posição intermediária entre as galerias das florestas e as áreas urbanas infestadas com Aedes aegypti,60 e desta forma aumenta o risco de introdução da febre amarela em ambientes urbanos.62 Referências sobre o aumento potencial de epidemias de FA na América Latina foram altamente ressaltados em dois relatórios do Brasil. A transmissão do vírus da febre amarela foi muito ativa na estação chuvosa no estado do Maranhão, no Brasil, em 1993 e 1994.63 Em 1993, de 932 pessoas examinadas no Maranhão, 70 foram positivas para FA, sorologicamente, histopatologicamente e/ou pela isolação do vírus; outros quatro casos foram diagnosticados clinicamente e epidemiologicamente. Em Mirador (17.565 habitantes) a incidência foi 3.5 por 1000 pessoas, enquanto que em uma área rural de risco para FA (14.659 habitantes), a incidência foi 4.2/1000 habitantes; 45,2% de 62 infectados foram assintomáticos. Em 1994, 49 amostras de soro foram obtidas e 16 infectados foram confirmados (dois pelo isolamento do vírus, dois por soroconversão e 12 por sorologia). A investigação sugeriu que isto era o mais extenso surto de febre amarela nos últimos 20 anos, no Brasil e foi relacionada a deficiência de vacinação. O Aedes aegypti, após ter sido erradicado em 1954, reapareceu definitivamente em 19761977. Um segundo vetor Flavivírus, o Aedes albopictus tem estado presente no Brasil há cerca de 10 anos em alguns estados, incluindo São Paulo. A análise da distribuição de casos de FA entre 1972 e 1994 mostraram duas regiões epidemiológicas.64 Na primeira região, a área endêmica, o vírus da FA circula “silenciosamente” entre macacos e a emergência de casos humanos é rara. Na segunda região, a área epidêmica, ocorrem algumas epizootias de forma cíclica e os casos humanos podem ser numerosos. Não obstante, estes surtos são considerados epidemias “silvestres”, considerando que o A. aegypti não está envolvido. Da região amazônica, o vírus migra ao longo das galerias florestais dos afluentes do amazonas, de norte a sul. A epidemia da dengue aparece em todos os estados e reflete a distribuição geográfica do A. aegypti. Recentemente, o A. aegypti foi encontrado no sul do estado do Pará, na região de Carajás, considerada uma fonte de importância epidêmica da FA. Além disso, o A. aegypti no momento está ampliando sua área de distribuição, especialmente nas zonas suburbanas. Este vetor potencial ocupa uma posição intermediária entre as galerias florestais, onde o vírus da FA circula, e os aglomerados urbanos infestados por A. aegypti. Desta forma, a importância da vigilância intensificada da situação epidemiológica da FA no Brasil é ressaltada. III.8. A febre amarela na Ásia Em 1934, Dudley estava realmente consciente a respeito da possibilidade da febre amarela se alastrar de sua área endêmica na África Ocidental para a costa da África Oriental e de lá para a Ásia.65 Assim, ocorreram epidemias no Sudão, em 1940,66 Etiópia em 1960-62,67 e Quênia em 1992-93,68 porém a febre amarela não alcançou a Ásia. As seguintes razões têm sido postuladas, porém nenhuma delas leva a uma explicação satisfatoriamente completa: 1) a febre amarela nunca foi introduzida na Ásia, 2) os humanos variam quanto a suscetibilidade, 3) existe proteção cruzada entre flaviviroses, 4) o ciclo de manutenção é 28 OMS/PAI/GEN/98.11 ausente, ou 5) existe variação na competência e/ou ação do vetor (C. Leake, 1997, comunicação pessoal). III.8.1. A febre amarela não foi introduzida na Ásia? Tem havido inúmeras oportunidades para a introdução e alastramento da febre amarela na Ásia. A abertura do Canal do Panamá, em 1914 trouxe os portos asiáticos a um contato mais direto com os locais antigos de epidemia da doença.32 As chances para a febre amarela ser introduzida na Ásia aumentou com o crescimento marcante no transporte aéreo na década de 60. Duzentos mil passageiros por ano, em média, desembarcaram no aeroporto de Calcutá em 1982-1988 e com cerca de 25% dos passageiros não foram inspecionados quanto ao porte ou não de um certificado de vacinação contra a febre amarela, com validade. III.8.2. O ser humano varia quanto a suscetibilidade? Não existem evidências convincentes de diferenças quanto a suscetibilidade a FA. A suscetibilidade a esta doença aparentemente baixa na população da Índia parece refletir proteção cruzada de outras flaviviroses. Dentro de 876 amostras de soro humano coletadas na Austrália, Ceilão, China, Java, Índia, Estados da Malásia, Ilhas Filipinas e Síria, em 1937, apenas duas apresentaram proteção contra a febre amarela. Ambas eram provenientes da Índia e, mesmo se pesquisando o máximo, nenhum dos doadores havia sido exposto a febre amarela.71 No 10º regimento de Infantaria durante as guerras Napoleônicas, dentre 408 oficiais que contraíram febre amarela em Gibraltar, em 1815, após servirem na Índia, apenas quatro morreram, em contraste com 21 mortes em 55 homens que não tinham ido a Índia (taxas de mortalidade de 1% e 38% respectivamente).77 Seguindo a libertação dos escravos nas colônias britânicas na Índia Ocidental, em 1838, centenas de milhares de trabalhadores foram trazidos da Índia para as plantações de cana-de-çúcar. Os imigrantes indianos foram pouco afetados pelos surto de febre amarela que ocorreu entre os vindos da Europa.73 As diferenças genéticas e raciais quanto a suscetibilidade merecem maiores análises. Os determinantes genéticos são conhecidos por afetar a patogenicidade dos flavivírus infectantes, e a resistência ao vírus da febre amarela em ratos é determinada por um alelo autossomo dominante (Flv.) A prática genética tem sido mostrada também para influenciar a resposta imunológica às flaviviroses em ratos. O papel dos fatores genéticos em respostas humanas a infecção por febre amarela é incerta. A literatura mais antiga faz referência repetidamente às diferenças raciais quanto a letalidade da febre amarela, com taxas mais baixas em negros que nos brancos durante surto na África Ocidental, África Tropical e EUA.74, 75 É incerto se o aparente aumento de resistência dos negros reflete imunidade adquirida ou é devido a fatores genéticos. No caso da dengue, os brancos tinham uma alta incidência da febre da dengue hemorrágica que em negros, durante a epidemia de 1981 em Cuba, um achado que não pode ser explicado com base em uma diferença racial no campo da imunidade. A questão das diferenças raciais quanto a suscetibilidade a febre amarela será resolvida apenas pela realização de estudos sorológicos e epidemiológicos bem controlados durante de um surto que afete ambas as raças. (Monath, T.P. Comunicação escrita, 1998). 29 OMS/PAI/GEN/98.11 III.8.3. Proteção cruzada em Flavivírus? Têm sido observadas reações sorológicas cruzadas entre flaviviroses que levam a dificuldade no diagnóstico laboratorial e tem sido observada que a imunidade cruzada a outras flaviviroses, influencia a suscetibilidade a outras infecções por flavivírus. Algumas medidas de proteção podem estar associadas a anticorpos distribuídos entre as flaviviroses relatadas distantemente.76 Um pequeno estudo da resposta a vacinação contra FA em soldados malásios, por volta de 1960, mostrou que a maioria dos soldados tinha anticorpos anteriores à vacinação que reagiram de forma cruzada com as análises de anticorpos da FA. As taxas de resposta após a vacinação foram iguais naqueles com e sem anticorpos prévios, porém os níveis alcançados de anticorpos foram mais baixos no anterior.77 Tem se pensado que possivelmente a imunidade da dengue protege contra a febre amarela clínica, ou pela redução da viremia, decresce a possibilidade de um acometimento secundário a uma chance seguinte de introdução.4 Entretanto, o teste de proteção em ratos não deu suporte a sugestão de que um ataque de dengue protege contra febre amarela, considerando que se concluiu que o soro sangüíneo de um caso de dengue não continha corpo imune a febre amarela.78 Entretanto, a proteção cruzada pode ser dependente do vírus específico que causar a infecção primária, o intervalo entre a infecção primária e secundária e os aspectos qualitativos e quantitativos da resposta imune heteróloga, incluindo a resposta imunológica celular. III.8.4. Ciclo de manutenção ausente? Na floresta virgem a febre amarela necessita de diferentes vetores nos seus ciclos intermediário e urbano. A perda de um elo pode causar a quebra do ciclo e abortar uma epidemia. O meio ambiente é dividido em “ninchos” que são ocupados por uma ou mais espécies de organismo. Uma espécie é tão adaptada ao seu nincho no seu habitat natural que torna-se contrária a sua substituição por outra raça emigrante.65 Na zona de emergência da África Oriental as cepas de Aedes bromeliae encontradas foram consideradas como não picantes ao homem. Desta forma, o elo entre o ciclo de manutenção da floresta e um ciclo urbano Aedes aegypti-homem estava quebrado.79 Por outro lado, por volta de 1929, Dinger e sua equipe relataram a transmissão da febre amarela em Java, transmissão esta com a participação do Aedes (Stegomyia) albopictus,12 que tem o potencial de preencher o vazio entre a floresta e os ciclos urbanos de febre amarela.80 O A. albopictus é encontrado desde o leste de Madagascar, através da Ásia, ao Japão, Coréia e China Setentrional.81 Além do mais, existe uma população abundante de Macacus rhesus, o qual é extremamente suscetível ao vírus, na planície de Indus e Ganges. O M. sinicus é também suscetível, em Deccan (sul do Rio Godavari).12 Desta forma, não existe razão definitiva para ocorrer solução de continuidade na manutenção dos ciclos na Ásia. III.8.5. Variação no modo de ação e competência do vetor? As cepas do A. aegypti podem ser vetores menos eficientes do vírus da febre amarela que as africanas ou americanas.4 Os experimentos de Hindle, em 1929, mostraram que uma 30 OMS/PAI/GEN/98.11 cepa indiana de A. aegypti era um vetor menos efetivo que as cepas africanas dos mosquitos, em relação a uma cepa do vírus em questão.82 Porém os estudos de Aitken e Tabachnick mostraram populações asiáticas de A. aegypti como melhores vetores que as populações da África Ocidental.83 Também foi mostrado por Miller et al, que na presença de alta densidade populacional, um mosquito vetor incompetente pode iniciar e manter a transmissão do vírus, resultando em epidemia.84 A incompetência do vetor, desta forma, torna-se menos sustentável como justificativa para a ausência da febre amarela na Ásia. Em resumo, não é conhecida porque a febre amarela nunca se espalhou na Ásia, porém não existe evidência que demonstre que isto não poderia ocorrer. Todos os países do sudeste da Ásia deveriam se certificar que pessoas oriundas da América Latina e países africanos sob risco para a febre amarela tenham certificado de vacinação contra a febre amarela com prazo de validade em vigência. 31 OMS/PAI/GEN/98.11 IV. Custo/Benefício da vacinação contra a febre amarela As vacinas recomendadas pelo PAI, acredita-se, são uma das maiores intervenções de custo/benefício para a sobrevivência de crianças, a um custo entre $ 10 e $15 por cada vacinação. O Grupo Técnico de Imunização OMS/UNICEF na África recomendou, em 1988, a incorporação da vacina contra a febre amarela na rotina dos programas de imunização de crianças, em países sob o risco para febre amarela e o Relatório de Desenvolvimento Mundial do Banco Mundial, em 1993, também endossou fortemente a adição da vacina contra a febre amarela ao PAI dos países sob risco.15 A vacina contra a FA inicialmente apresentava uma pobre termoestabilidade. A melhoria desse fator tem fornecido um produto cuja vida total é em torno de dois anos, a uma temperatura de –20ºC ou +4ºC. Em 1995, de onze vacinas fabricadas aprovadas pela OMS, sete eram produtos que alcançaram estabilidade padrão.86 Uma atualização sobre essa situação será discutida em oficina. Existe apenas uma publicação de análise de comparação a respeito do custo-benefício sobre a vacinação preventiva da febre amarela e as campanhas emergenciais de vacinação em massa, realizada por Monath e Nasidi (1993). Esta análise foi feita para a Nigéria sob hipótese conservadora da cobertura e eficácia da vacina. Os modelos usados são explicados em detalhes na publicação “Deve a vacina contra a febre amarela ser incluída no Programa Ampliado de Imunização na África? Uma análise de custo-benefício para a Nigéria”.87 Usando hipóteses baseadas em dados de outros países africanos, o custo de se adicionar a vacina contra a febre amarela ao PAI existente, foi estimado em U$ 0,65 por criança totalmente imunizada, enquanto que o custo da vacinação emergencial foi estimado em U$ 7,84/pessoa. Para uma epidemia de dimensão moderada, o custo-benefício da imunização emergencial em massa para o controle de epidemias hipotéticas da febre amarela era duas vezes mais alto que o do PAI. Entretanto, a eficácia do PAI foi sete vezes maior em termos de prevenção de casos e mortes.87 Na Gâmbia, a vacina contra a febre amarela foi adicionada ao PAI em 1979, seguindo-se uma campanha de vacinação em massa de grande sucesso, na qual 97% da população acima de seis meses de idade recebeu uma dose. Não houve relatos subsequentes de febre amarela naquele país. A adição da vacina contra a febre amarela não aumentou significativamente o custo por dose de imunização. De acordo com o custo estimado do PAI e sem vacinação contra a febre amarela, a média de custo total por dose de vacina contra a FA teve uma diferença de apenas U$ 0,01 (adicionando o custo da vacina contra FA ao custo total do PAI e tirando-se a média disto sobre todas as doses de vacinas aplicadas).88 Entretanto, o custo médio por CRIANÇA obviamente decresceu com a adição de uma outra vacina. Preocupações têm surgido a respeito da disponibilidade dos programas nacionais de imunização e tem sido ressaltada a necessidade de apoio continuado de doadores, identificação de outros mecanismos de financiamento, ou reconsideração de política direcionada favoravelmente a implementação e manutenção da cobertura vacinal.85 A integração da vacina contra a FA ao PAI necessita ser feita dentro do contexto de reforço aos programas de imunização em geral, em muitos dos países afetados, onde a atual infra-estrutura para o programa de rotina é deficiente. O custo das campanhas de vacinação preventiva (como oposto a campanhas de resposta diante de um surto) é desconhecido. A promoção crescente de campanhas de vacinação 32 OMS/PAI/GEN/98.11 contra o sarampo levanta a questão para a integração da vacina contra FA nestas. Exalte-se que a maioria das campanhas conduzidas nas primeiras décadas dos programas de imunização contra FA usaram a escarificação ou equipamento injetor jet. Tais métodos não são mais recomendados; em particular a OMS não recomenda o uso de injetores à jato devido a sua dificuldade em garantir que eles são livres do risco de transmissão de infecções via sangüínea. As campanhas de vacinação em massa usando agulhas e seringas autodestrutíveis são de maior custo e talvez requeiram mais recursos humanos. Se a vacina contra FA for incluída nas campanhas contra o sarampo, as questões sobre a vacinação repetida poderiam também ser levantadas. Para o controle/eliminação do sarampo, campanhas seguidas poderiam ser necessárias a cada cinco anos (ou mais freqüentemente, dependendo da cobertura do programa de rotina). A vacinação contra a FA não necessita ser repetida, embora os dados sobre o potencial de quaisquer eventos adversos são deficientes. As campanhas de imunização nos países mais pobres tendem a envolver uma substancial importação de equipamento de rede de frio, suprimentos, veículos e assistência técnica de países desenvolvidos, a fim de alcançar um considerável marco de cobertura, dentro de um curto período de tempo. Estes programas nestes países são vulneráveis a defeitos apresentados por equipamentos e veículos e de acesso limitado às fontes de financiamento necessárias a cobertura dos custos decorrentes da operacionalização neste nível de atividade. Os aumentos rápidos das taxas de cobertura são, algumas vezes, seguidos por períodos de baixa atividade de imunização em alguns países, demonstrando a necessidade de uma estratégia sustentável para a imunização no futuro.85 As imunizações em massa requerem um esforço bem coordenado e planejado por parte das autoridades, promoção social intensiva e um forte gerenciamento.89 O custo da adição da vacina contra FA aos programas de imunização (vacinação de rotina de crianças e/ou campanhas preventivas em áreas de alto risco) está relacionado principalmente ao custo da vacina ($ 0,12 a $ 0,25 por dose) e ao armazenamento e distribuição da injeção (em torno de $ 0,13 por injeção). Em 1995, foi estimado que para abastecer com vacina contra a febre amarela os (então) 31 países sob risco, com uma população combinada de cerca de 18 milhões de crianças, poderia custar cerca de quatro a cinco milhões de U$ dólares por ano (S. Robertson, relatório de viagem não publicado, 1985). Em virtude da vacina contra a FA poder ser administrada simultaneamente com as vacinas do PAI, sua aplicação não deve requerer uma visita extra ao centro de saúde, o que reduz em muito os custos totais. Na prática, entretanto, os trabalhadores da saúde em muitos países insistem em administrar a vacina contra a FA em injeção separada, em criança que já irão receber duas vacinas injetáveis (por exemplo aquelas que são levadas tardiamente para a aplicação do DTP e, consequentemente, irão receber DTP e vacina contra o sarampo no mesmo dia). As mães são, então, solicitadas a retornarem em uma outra ocasião para a aplicação de vacina contra a febre amarela, aumentando os custos do programa, como também reduzindo a cobertura, porque muitas delas não retornarão. Como discutido na Seção 6 e Tabela 9, a atual cobertura com vacina contra FA, na maioria dos países que administram esta vacina, é inadequada para a prevenção de epidemia. Em 1995 um surto no Senegal ocorreu quando era relatada uma cobertura de 46% (citado em 47 ); e no mesmo país, em 1967, ocorreu outra epidemia, a despeito da apresentação de níveis de cobertura de 57% em crianças menores de 10 anos de idade.102 A prevalência da 33 OMS/PAI/GEN/98.11 imunidade em humanos necessária para prevenir uma epidemia tem sido estimada entre 60 e 90%, dependendo da taxa de picada e competência do vetor.87 Uma estratégia que permite a administração da vacina contra a FA usando a mesma seringa com a vacina contra o sarampo não reduziria apenas os custos (o custo de armazenamento do material para injeção dobra o custo de cada dose de vacina contra o sarampo ou contra FA); poderia também aumentar a cobertura. Um estudo em Mali usou uma vacina combinada, na qual a 17D e a vacina contra o sarampo de cepa Schwarz foram liofilizadas juntas,91 e a soroconversão de ambos os componentes foi alta. Uma preparação combinada de vacina contra o sarampo e contra FA facilitaria o alcance de altas coberturas, porém o fato de que a comercialização seria restrita a países sob risco para FA, pode tornar sua produção não atrativa para os fabricantes. Sua distribuição poderia também ser complicada em países, nos quais apenas parte de seu território está sob risco para FA, de forma que os centros de saúde em algumas áreas obteriam a vacina antigênica simples contra o sarampo, enquanto outras necessitariam da preparação combinada. Estudos realizados em Costa do Marfim e Cameroon mostraram que a vacina contra FA misturada com vacina contra o sarampo imediatamente antes da administração, produziu taxas de soroconversão similares, como quando foram administradas separadamente.92, 93 Entretanto, nestes estudos, os pesquisadores administraram a mistura reconstituída da vacina no espaço de uma hora, não após várias horas, como ocorreria na rotina de uma clínica de imunização. Os dados disponíveis sobre a estabilidade da vacina contra FA misturada com a vacina contra o sarampo e mantida por várias horas, são insuficientes,94 A vacina contra a FA reconstituída retém potência por cerca de três horas se mantida no gelo, porém perde potência muito mais rapidamente se for mantida em temperatura ambiente. Devido a isto, torna-se essencial mantê-la em gelo. Seria também necessária a adoção de precauções estritas para prevenir a contaminação bacteriana. Também necessitamos de dados a respeito da possibilidade de reações adversas causadas pela mistura de vacinas de diferentes fabricantes. A política do PAI/OMS não recomenda a mistura de vacinas diferentes em uma mesma seringa antes da administração.134 A análise do custo-benefício deve também considerar os fatores que afetam a eficácia e segurança da vacina. Por razões teóricas, a vacina contra a FA não é recomendada para mulheres gestantes, embora os benefícios se sobreponham aos riscos na ocorrência de um surto. Um estudo feito na Nigéria mostrou uma reduzida soroconversão desta vacina em mulheres grávidas.87 Também não é recomendada para pessoas infectadas pelo HIV, sintomáticos ou outros indivíduos imuno-deprimidos.69 Um recente estudo mostrou uma resposta baixa a vacina contra FA por crianças infectadas pelo HIV, com idade de 7-14 meses, em Costa do Marfim. Apenas 17% de 18 crianças infectadas pelo HIV responderam sorologicamente de forma adequada, comparado com 74% de 54 crianças não infectadas pelo HIV.133 As implicações da infecção pelo HIV para a vacinação em massa contra a FA em áreas de alta prevalência de HIV necessitam ser avaliadas. 34 OMS/PAI/GEN/98.11 V – Vigilância V.1. Definição de vigilância Vigilância e a rápida resposta ao tratamento da doença identificada constituem o centro da medicina preventiva. Um programa de vigilância da doença infecciosa bem planejado e bem implementado pode proporcionar uma forma para detecção da quantidade anormal de ocorrência da doença, documentar geograficamente e demograficamente o alastramento de um surto, estimar a magnitude do problema, descrever a história natural da doença, identificar fatores responsáveis pela emergência, facilitar pesquisas epidemiológicas e laboratoriais e avaliar o sucesso dos efeitos da intervenção específica. A efetividade da vigilância depende da velocidade da informação e análise dos resultados.10 O monitoramento dos fatores, tais como crescimento e migração populacional, abundância do vetor (por exemplo: o efeito do alastramento do vetor potencial da febre amarela, Aedes albopictus, nas Américas, incluindo os EUA), desenvolvimento de projetos que interferem no meio ambiente (por exemplo, o desmatamento no Brasil), e os fatores naturais do meio ambiente (temperatura e chuvas: por exemplo, o aquecimento global e os efeitos do “El Nino”) é um componente essencial de vigilância. Estes fatores podem influenciar tanto o alastramento da febre amarela, como a efetividade dos esforços para controlá-la. Os relatórios oficiais não fornecem um quadro acurado da incidência ou distribuição da doença. A evidência de atividade obtida pelo exame sorológico é também muito incompleta ou desatualizada.4 Os casos notificados à OMS mostram apenas a presença do vírus e número total de casos bastante subestimado.49 Em sete estudos epidemiológicos, realizados durante surtos de febre amarela nos últimos 25 anos na África, a morbidade e mortalidade foram constantemente sub-notificadas em 10 a 500 vezes.61 A maioria das infecções brandas não são detectadas, o que explica as altas taxas de casos fatais apresentada nestes relatórios.49 Apenas experiências limitadas têm sido feitas para definir a incidência de infecção endêmica da febre amarela. Na Nigéria (1970-71), um diagnóstico laboratorial da FA foi feito em dois (1%) de 205 pacientes com icterícia hospitalizados em áreas sem atividade epidêmica.95 Usando dados de exames sorológicos na Nigéria e uma proporção de infeção : doença de 7:1, a incidência anual de infecção evidente foi estimada entre 1.1 e 2.4 por 1000 habitantes, e a morte por febre amarela entre 0.2 e 0.5 por 1000.87 Enquanto indicam que a febre amarela endêmica pode ser uma causa “silenciosa” de significante morbidade, os níveis de incidência são 25 a 50 vezes mais baixos que aqueles ocorridos durante epidemias e estão, então, abaixo do limiar de detecção pelos sistemas passivos de vigilância existentes. A continuada atividade da FA no Quênia após a epidemia de 1993 detectada pela vigilância ativa, auxilia esta teoria. Parece que a atividade endêmica da febre amarela é geograficamente focal e que varia consideravelmente de ano a ano, porém que anualmente causa milhares de óbitos não registrados na África Ocidental. Isto proporciona uma forte razão para a imunização preventiva, porém empobrece o fornecimento de dados de exames sorológicos ou vigilância.{Monath, T. P. Comunicação escrita, 1998}. A vigilância pode assumir muitas formas, cada uma tendo vantagens e desvantagens (Tabela 6). Embora a maior parte das infecções por FA não cause icterícia, este sinal é o 35 OMS/PAI/GEN/98.11 mais fácil, no qual se baseia o relato de caso. A maioria dos países tem um sistema de notificação de casos de hepatite, ou icterícia, o qual pode ser adaptado para armazenar informação sobre a ocorrência de suspeita de febre amarela. Uma taxa incomum de mortalidade alta entre casos de icterícia deve indicar a possibilidade de um surto de febre amarela. Para uma vigilância efetiva da FA, as seguintes medidas são essenciais: identificação de pacientes suspeitos; investigação imediata de cada caso suspeito com coleta de amostra clínica apropriada; transporte das amostras do campo ao laboratório em caixas frias; testes laboratoriais altamente confiáveis; remessa de espécimes de forma apropriada, a laboratórios de alto nível, para sem submetidas a testes adicionais quando indicados, e um rápido retorno ao nível distrital e nacional, para a adoção de medidas de controle, incluindo campanhas de imunização em massa,15 em tempo hábil. Algumas dificuldades encontradas na implementação dessas medidas estão descritas na revisão do sistema sentinela de vigilância do Quênia, mais adiante. A vigilância ativa toma a forma de contatos regulares pelo pessoal da equipe com a coordenação do centro de saúde, e/ou inspeção periódica casa-a-casa, o que pode fornecer informação mais completa a respeito da incidência e fatores de risco da FA. A vigilância ativa pode ser particularmente indicada para a zona ecológica de emergência (floresta úmida). Uma inspeção sorológica anual de crianças jovens pode também fornecer informação importante sobre a circulação do vírus da FA (considerando que a maioria das infecções são sub-clínicas). Inspeções conduzidas durante a estação seca podem detectar qualquer aumento da soropositividade a partir da última estação chuvosa, ajudando a prever um perigo de maior aumento para os anos seguintes. A vigilância de anticorpos FA em macacos pode também fornecer evidência de circulação do vírus (Apêndices III, IV e V). Devido a uma associação entre o aumento da FA e surtos na África Ocidental, os vetores têm sido monitorados pelo Instituto Pasteur no Senegal e Costa do Marfim. Para melhorar a vigilância, a OMS AFRO tem desenvolvido uma oficina de treinamento e roteiro de campo para a equipe de nível distrital na vigilância de doenças alvos do PAI, com evidência para a poliomielite, sarampo, tétano neonatal e febre amarela. Uma série de oficinas de laboratório sobre o diagnóstico da FA foi realizada na região africana nos anos 90, para os países de língua inglesa e francesa (Dr. S. Robertson, relatório de viagem não publicado, setembro, 1995). As ações para fortalecer a rede de laboratório para a FA têm avançado a partir do sucesso do programa de rede de laboratório da OMS. A OMS está correntemente revisando seu material de referência para a vigilância e tem desenvolvido definições de casos sugestivos, tipos de vigilância, a análise de dados e o número mínimo de informações, e formulários de investigação de casos (Apêndice). Considerando que uma das principais armas da vigilância da FA é a detecção precoce de surtos, o treinamento apropriado e a disponibilidade de recursos de prontidão e resposta diante de surto são complementos essenciais para a vigilância. A resposta ao surto consiste de imunização em massa localmente, com a máxima extensão possível às áreas adjacentes. Dados sobre a taxa de ataque em idade específica auxiliam na decisão do grupo etário a ser incluído na vacinação em massa. A OMS mantém um estoque emergencial de vacina que pode ser disponibilizado rapidamente quando ocorrer um surto. Um especialista em controle de vetor deve também ser consultado para determinar as medidas específicas de controle do mosquito a serem indicadas. 36 OMS/PAI/GEN/98.11 Em adição a vigilância da doença, o monitoramento da cobertura vacinal também necessita de aperfeiçoamento. Dados a respeito da incidência de FA e cobertura vacinal têm sido incluídos no sistema informatizado de monitoramento do PAI da OMS desde 1991. A comparação da cobertura da vacina contra FA com a cobertura da vacina contra o sarampo pode mostrar oportunidades perdidas em imunização que podem ser causadas por problemas de suprimento da vacina e/ou pelo fato de se administrar múltiplas injeções em um mesmo dia. Na América do Sul, a vigilância de rotina para FA tem sido aumentada pela revisão histopatológica de espécimes de fígado coletados pós-morte de pacientes que faleceram em seguida a uma doença febril aguda.15 O “viscerótomo” foi inventado por Rickard em 193035 para permitir uma remoção rápida e conveniente de amostras de fígado por pessoas leigas.96 De 1.500 espécimes de fígado guardados em 1931 e 13.733 obtidas em 1932, este programa foi expandido em 1940 a mais de 30.000 viscerotomias por ano no Brasil apenas. Em 1949 mais de 400.000 amostras de fígado foram coletadas e examinadas. Este serviço de viscerotomia foi logo expandido para a Bolívia e Colômbia. Os exames patológicos confirmaram os resultados dos testes de soroproteção, porém enquanto estes últimos revelaram foco passado ou potencial,35 a vantagem do exame de fígado é que ele revela atividade focal de FA. A vigilância continua se baseando na viscerotomia na América do Sul. Porém mesmo com a vigilância pós-morte, é estimado que apenas uma pequena proporção de casos de febre amarela é detectada.10 Os países das Américas notificaram 2.238 casos à Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) entre 1965 e 1984. Este quadro, o qual serve de base para a maioria nos resultados de viscerotomia, fornece apenas uma idéia incompleta da real incidência da doença.97 A OMS não tem efetivado a vigilância histopatológica na África porque os pacientes falecem mais em residência e as famílias são relutantes em dar consentimento para a realização de uma autópsia.12 Na região africana, até recentemente, o meio diagnóstico da FA era pela sorologia (RFC, IH) em cultura de células ou em ratos. Em adição, o trabalho era feito pelo isolamento do vírus, novamente encontra a cultura celular ou em ratos. Estes testes além de demorados apresentaram vários problemas de reações cruzadas com numerosas flaviviroses na África. Atualmente estão sendo adotadas técnicas para detecção de IgM, as quais são mais rápidas, mais sensíveis e específicas, mesmo na presença de outras flaviviroses. Foram utilizadas em 1995, durante o surto da Libéria. Embora vários laboratórios tenham a capacidade de realizar o teste de IgM Elisa, ele não tem sido largamente utilizado. Como foi demonstrado na experiência do Quênia, a vigilância conduzida por laboratório é limitada pela distância e não apresenta um custo-benefício tão bom como uma vigilância epidemiológica/morbidade bem organizada, incluindo o diagnóstico laboratorial. O potencial do diagnóstico laboratorial é apenas alcançado quando está integrado com um sistema clínico epidemiológico confiável e fidedigno (Tomori O. Comunicação pessoal, 1998). V.2. Vigilância sentinela da febre amarela no Quênia98 Embora tenham sido notificados surtos periódicos de febre amarela na África Oriental desde 1940, o primeiro relatado no Quênia iniciou em setembro de 1992 e continuou até março de 1993. A vigilância sentinela foi estabelecida após este surto, inicialmente 37 OMS/PAI/GEN/98.11 envolvendo 13 centros de saúde em Vale Rife, e expandindo-se até alcançar atualmente o número 43; Uma unidade de apoio epidemiológico foi estabelecida no laboratório do Instituto de Pesquisa Médica do Quênia (IPMQ) para servir de ligação entre a possível ocorrência de doenças no campo e a promoção de diagnóstico em laboratórios distantes.99 A equipe de vigilância normalmente consiste de pessoas treinadas localmente em serviço e supervisionadas por um ou mais epidemiologista. Suas tarefas são a coleta de espécimes que serão enviados aos laboratórios para confirmação da suspeita diagnóstica. Facilitação do transporte adequado e um meio de comunicação rápida são essenciais para a investigação e controle de surtos. Em julho-agosto de 1997, foi realizada uma revisão do sistema.98 e os achados de importância estão aqui resumidos. V.2.1. Objetivo da vigilância sentinela do Quênia Aperfeiçoar a habilidade na detecção, diagnóstico e prevenção de surtos de febre amarela no Quênia (e região da África Oriental) através de programas de treinamento e educação em saúde que aumentem a consciência sobre a doença, aperfeiçoar a detecção pelo exame histopatológico, promover rápida resposta e planejamento e estimular a iniciativa de precauções de isolamento para casos suspeitos, através de: • • • aperfeiçoamento do conhecimento e aumento da consciência sobre a febre amarela dentro da comunidade médica do Quênia e dos trabalhadores dos centros de saúde pública; implementação de uma série de estações sentinelas equipadas para coletar amostras e enviá-las a laboratórios apropriados para análise pelo exame patológico e técnicas imunohistoquímicas; aperfeiçoar as capacidades diagnósticas do IPMQ para febres virais hemorrágicas e outras doenças virais. V.2.2. Definição de caso de febre amarela para vigilância Pacientes apresentando pelo menos dois dos cinco sintomas ou sinais que seguem, devem ser notificados como suspeitos de febre amarela e uma investigação do caso deve ser levada adiante: 1. Febre: >38C ou 100.4ºF 2. Icterícia: olhos amarelos, bilirrubina sangüínea elevada, bilirrubina na urina. 3. Hemorragia: vômitos sanguinolentos ou em borra de café, sangramento nasal persistente, sangramento gengival ou melena. 4. Encefalopatia: confusão, desorientação, sonolência acentuada, convulsões. 5. Problema renal: diminuição da diurese, proteinúria, sangue na urina. 38 OMS/PAI/GEN/98.11 Tabela 7: Métodos de vigilância para a febre amarela Método Vantagens Notificação de Caso (vigilância passiva, rotina) Desvantagens indica a presença do vírus e atividade da febre amarela na área - Monitoramento vacinal da cobertura - Vigilância sentinela - dá idéia do desempenho do programa baixa cobertura alerta para o risco de uma epidemia potencial monitora das oportunidades perdidas pode melhorar a qualidade dos dados se é focal em um país, podem ser concentrados recursos na área afetada - - - Revisão de registro hospitalar - Exame casa-a-casa - Exame sorológico - - Viscerotomia - - Exame entomológico - Exame de macaco - - 39 OMS/PAI/GEN/98.11 dá uma idéia da incidência hospitalar e distribuição geográfica da FA dá uma estimativa das proporções de incidência por sexo e idade revela foco passado ou potencial dá uma idéia do estado de imunidade da população e da circulação da febre amarela na área o uso do teste IgM pode revelar atividade de FA recente exames patológicos confirmam os testes de soroproteção detecta casos de febre amarela não confirmados e atípicos confirma a transmissão do vírus no mosquito limitado a pesquisas no foco enzoótico o isolamento do vírus da FA do vetor correlaciona com surtos de FA em humanos/ pode alertar para o aumento do risco determina a presença da febre amarela e fornece um índice quantitativo da taxa de transmissão do vírus a epizootia pode preceder uma epidemia - - - - - Exemplos sub-notificados/ os sistemas passivos subestimam a verdadeira incidência da doença em 10 a 250 vezes e a incidência da infecção em cerca de 20 a 5.000 vezes atrasos em média de 2 meses na África diagnóstico clínico difícil essencial um bom e confiável sistema de notificação apenas 31% dos países relataram a cobertura para o PAI em 1995 - 34 países presentemente sob risco – ver anexo II alto custo necessita laboratório não é de fácil integração às atividades governamentais de saúde pública existentes os locais de atividade da FA são imprevisíveis nem todos os pacientes são hospitalizados influência da seleção autópsia verbal: dificuldade de distinção entre a FA e doenças com sintomas similares influência da informação reações cruzadas com outras flaviviroses confunde o resultado Quênia, 1993 – (Vale Kerio) não muito sensível a maior parte dos casos fatais é notificada não obteve sucesso na África, onde os registros dos óbitos e práticas funerais são pobremente controladas necessita alto nível de esforço para coletar número adequado de mosquitos adultos pode não ajudar os serviços de saúde pública na melhoria das atividades de controle, especialmente nas áreas rural e da selva não é prático em larga escala fundamento ecológico: os macacos necessitam ser mortos - A OMS fornece um sumário anual do PAI Nigéria 1994 Nigéria (aldeia Obibi, 1994) África 1931-1935 (auxiliada a delinear as fronteiras da endemia de febre amarela) - - - - - América do Sul, de 1930 até atualmente Os países das américas notificaram 2238 casos entre 1965 e 1984. Costa do Marfim, 1982 Senegal, 1993 monitorou rotineiramente na área de Kedougou, Senegal, desde 1976 Burkina faso 1983-86 Colômbia 1936, 1942 Macacos sentinelas têm sido usado para detectar atividade da febre amarela silvestre na Uganda. Trindade 1988-1989 Senegal 1993 V.2.3. Sumário da linha de controle do Quênia7 De acordo com o Ministério da Saúde do Quênia, publicado na brochura “Manual de Campo para a Vigilância da Febre Amarela”, um serviço de saúde escolhido como centro sentinela de vigilância, coleta amostras de pacientes que apresentem-se dentro da definição de caso de vigilância. O soro é separado, estocado, congelado e transportado para o IPMQ (de acordo com a linha de controle, o soro deve ser mantido congelado, mesmo durante o transporte), pelos serviços de correio ou entregador pessoal. Todos os casos positivos são, mais tarde, buscados e se o paciente ainda estiver vivo, uma amostra é colhida nesse período de convalescença. É preenchido completamente um “Formulário de Investigação de Caso de Febre Amarela” e enviado junto com a segunda amostra de soro.7 Qualquer caso suspeito de febre amarela deve ser notificado ao Serviço Médico do Distrito (SMD), dentro de 24 horas. O SMD deve auxiliar o centro de saúde no transporte do espécime sangüíneo ao IPMQ, acompanhar a evolução do caso, buscar por outros casos na área afetada e notificar o caso ao Serviço Médico da Província.7 O Médico do Serviço Público da Província promove o apoio e supervisão ao distrito quando necessário, incluindo transporte de espécimes e auxiliando na investigação de surtos. O Ministério da Saúde realiza análises periódicas e retroalimentação com respeito a todos os casos ocorridos no país, acompanha o resultado de casos e fornece os resultados laboratoriais ao MSPP e SMD. O Centro de Pesquisa de Vírus no IPMQ processa e fornece os resultados ao Ministério da Saúde e retroalimenta o serviço de saúde que enviou o espécime.7 Todas as amostras de soro são retestadas e confirmadas pela Divisão de Doenças Infecciosas Transmitidas por Vetores, em Fort Collins, EUA. V.3.4. Achados da revisão O sangue é coletado de alguns pacientes pelo serviço de saúde sentinela (em uma proporção desconhecida daqueles que se enquadram na definição de caso clínico) e as amostras do soro são mantidas congeladas nos laboratórios. Por causa das dificuldades no estabelecimento de uma rede de frio reversa a equipe de vigilância do IPMQ trabalha equipada com gelo seco ou nitrogênio líquido, coleta as amostras (o período de tempo entre a coleta e o transporte pode ser de meses). O sistema de vigilância é principalmente de responsabilidade do IPMQ, o qual faz o seguimento das amostras positivas, busca por outros casos nas áreas afetadas e notifica ao centro de saúde e Ministério da Saúde. A equipe de vigilância, que normalmente consiste de um epidemiologista e um motorista, porém algumas vezes um técnico de laboratório, também reabastece os “kits de febre amarela” (equipamento para coleta de amostras) durante suas visitas irregulares. Entre 1993-1995 apenas uma quantidade de cinco amostras mensais foram obtidas e em 1996 apenas duas amostras foram coletadas durante todo o ano. O custo foi cerca de Ksh 20.000 (Ksh 4.000, US$ 80 por amostra coletada), o que é considerado muito alto. 40 OMS/PAI/GEN/98.11 Tabela 8: Atributos do sistema de vigilância da febre amarela no Quênia Atributo Utilidade Simplicidade Flexibilidade Aceitabilidade Valor preditivo positivo Representatividade Comentário Capacidade de contribuir para a prevenção e controle da FA Refere-se a estrutura e facilidade de operação; considera o fluxo de informação e linhas de resposta Habilidade de se adaptar as necessidades de mudança de informação ou condições operacionais com um pequeno custo adicional, tempo e equipe Reflete disposição de indivíduos e instrutores em participar Proporção de pessoas identificadas como casos que atualmente têm a condição sob vigilância Habilidade de descrever acuradamente a ocorrência de FA através do tempo e sua distribuição na população e, então, a habilidade de generalizar achados através dos dados da vigilância Reflete a velocidade ou retardo entre as etapas em um sistema de vigilância + + + - - + = Bom; - = Necessita melhorar Os resultados de entrevista com os profissionais da saúde nos locais sentinelas, em agosto de 1997, mostraram que: 1) A vigilância da febre amarela é considerada de importância em virtude da alta mortalidade da doença. É potencialmente útil, porém devido a participação variável e atrasos do sistema de vigilância, a implementação rápida das medidas de prevenção e controle não pode ser gerada com rapidez. 2) O sistema é, por outro lado, simples e flexível, porém necessita de rede de frio para transporte das amostras e depende de confirmação diagnóstica. O fato de que o sistema não é integrado com outros serviços do Ministério da Saúde torna difícil de se manter a motivação da equipe. Entretanto, para algumas técnicas, como a detecção por antígeno, ELISA, RPC e amostras sorológicas, os requisitos da rede de frio são muito reduzidos. 3) A equipe têm interesse no objeto, julga importante a vigilância da febre amarela com importância, porém necessita de melhor treinamento no reconhecimento de casos suspeitos de FA e no uso do manual de campo. 4) O Vetor Preditivo Positivo da definição de caso é baixa, por causa da sua extensão e similaridade dos sintomas com muitas outras doenças infecciosas comuns na área. 5) A representatividade é pobre devido as poucas amostras coletadas, porém também devido a notificação com regularidade por parte apenas de uma menoridade de serviços de saúde. 6) Presentemente o sistema é muito lento no fornecimento de informações de utilidade para as atividades de controle. Baseado na revisão da vigilância sentinela do Quênia, uma série de recomendações foram feitas para aperfeiçoamento. Um aspecto importante do diagnóstico clínico é a definição de caso. Para uma vigilância efetiva a definição de caso mais extensa possível deve ser usada. A definição de caso para a vigilância da febre amarela no Quênia é muito complexa e necessita ser substituída por uma forma mais extensa – para a febre amarela poderia consistir dos três maiores sintomas: febre, icterícia e hemorragias. 41 OMS/PAI/GEN/98.11 O manual e os formulários de investigação de caso deveriam ser simples o suficiente para serem compreendidos facilmente por diferentes grupos da equipe de saúde, com diferentes formações educacionais. É necessário o treinamento contínuo, para promover um desempenho de dedicação ao serviço. Cada Serviço Distrital de Saúde tem um “Coordenador de Recursos Humanos (CRH), cuja responsabilidade é coordenar todos os treinamentos e que pode atuar como facilitador durante a realização de oficinas de trabalho. A equipe de vigilância deve dedicar mais tempo com a equipe de campo, com realização de supervisão e treinamento em serviço. Se a comunicação entre o campo e o IPMQ pode ser estabelecida (através de telefone, cartas), um encontro especial de equipe poderá ser facilmente organizado com a equipe de vigilância e a equipe do centro de saúde. O centro de saúde necessita de retroalimentação rápida para motivar o trabalho. O pessoal de laboratório do centro de saúde foram melhor treinados que os demais da equipe, porém eles não têm autorização para prescrever investigações laboratoriais – uma tarefa exclusiva dos clínicos. A carga de trabalho nos serviços de saúde para maioria dos Servidores Médicos nos hospitais do Quênia, consiste principalmente de administração e cirurgia, e o trabalho dos cuidados médicos e em pacientes ambulatoriais é feito pelos servidores clínicos ou enfermeiros. Os clínicos (incluindo os enfermeiros) necessitam ser melhor treinados a respeito da febre amarela e sua vigilância, porque eles estão em posição chave para prescrever uma investigação. Também os Servidores da Saúde Pública e Técnicos devem ser envolvidos, porque eles foram treinados para detectar doenças nas suas áreas. O Departamento de Saúde Pública poderia servir de elo entre o programa especializado de vigilância da febre amarela e o governo para cooperação e integração, porque os Administradores de Saúde Pública/Técnicos são treinados para a vigilância e são usados para o seguimento não apenas de casos, porém de surtos de outras doenças infecciosas. Eles têm motocicleta, nas quais podem transportar mais uma pessoa (por exemplo, o técnico de laboratório se for necessário a coleta de amostra). O MSP da Província de Vale Rife, Dr. K. Chebet, em uma entrevista em 24 de julho de 1997, solicitou ao IPMQ apoio logístico para sua equipe participar da vigilância e encontros – talvez quadrimestrais – regulares, a fim de estreitar o elo entre seu escritório e o IPMQ. A vigilância deveria ser vista como uma iniciativa do Ministério da Saúde visando a sustentatibilidade. O atual sistema de vigilância da febre amarela pode ser aperfeiçoado pela redução do número de locais sentinelas (melhor concentrar em poucos, porém bem escolhidos e bem supervisionados, que em muitos mal supervisionados), treinando-se melhor a equipe localmente (especialmente a equipe do departamento de saúde pública) e organizando comunicação regular e confiável entre os locais sentinelas e o IPMQ. A vigilância da febre amarela deveria ser integrada gradualmente às atividades do MS. Qualquer outra pesquisa de arbovírus de interesse científico e tendência virológica poderia ser levada adiante em um pequeno número de sentinelas bem escolhidos. 42 OMS/PAI/GEN/98.11 VI. Comentários e sugestões Historicamente a febre amarela tem causado epidemias devastadoras na África, América do Norte, Sul, Central, e Europa. Por razões desconhecidas, a febre amarela não se espalhou para a Ásia. Recentemente, ocorreu a notificação de casos importados de febre amarela na Europa e nos EUA. É de grande importância se informar todos os centros internacionais de vacinação a respeito dos perigos da febre amarela. A febre amarela ressurgiu nos anos 90: 1989-1991 foi um período de especial atividade na África, onde 34 países estão sob risco para a febre amarela: 17 têm uma política para incluir a vacina contra a febre amarela no PAI; porém, 14 têm um desempenho muito pobre em seus programas de imunizações e 14 dos 34, pertencem aos países de enormes dificuldades econômicas. É muito difícil se tentar listar os 34 países africanos sob risco, na ordem de maior a menor risco, porque a ressurgência de febre amarela é imprevisível, porém certos critérios poderiam ser usados: as epidemias notificadas durante os anos passados, categorizadas segundo os tipos; casos notificados nos últimos 15 anos; cobertura vacinal e desempenho, incluindo a cobertura vacinal contra o sarampo. 1) Epidemias recentes: De acordo com o Mapa 3, a Nigéria, que tem notificado muito mais casos que qualquer outro país durante os últimos 15 anos, parece que vem sendo um centro de epidemia e necessita de muito apoio para controlar a febre amarela, como Mali (o qual talvez tenha sido o centro da epidemia de 1987) e a Libéria. Outros países na África Ocidental (incluindo Burkina faso, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benin, Nigéria, Niger e Cameroon) também necessitam intensificar a cobertura vacinal. Alguns países parecem necessitar de cobertura apenas em partes do território (especialmente na África Central e Oriental). 2) A notificação de casos durante os últimos 15 anos, são de Angola, Benin, Burkina faso, Cameroon, Gabão, Gana, Guiné, Quênia, Libéria, Mali, Mauritânia, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. Dentre eles, Angola, Burkina faso, Gabão, Gana, Mauritânia, Nigéria e Senegal já têm uma política para incluir a vacinação contra a febre amarela no PAI. Destes países, o desempenho do programa de imunização é pobre (<50%) na Angola, Burkina faso, e Cameroon, Quênia, Mali, Mauritânia e Nigéria: Burkina faso, Mali, e Mauritânia estão também incluídos nos países de grande carência econômica. Apenas partes de alguns países estão expostas ao risco de surtos severos, por exemplo, na Angola, Mali e Quênia, apenas alguns distritos necessitam ser incluídos no programa de vacinação contra a febre amarela. No momento, devido a extensa epidemia de 1984-1994, grande parte da população da Nigéria vem sendo vacinada através de programas de vacinação em massa, ou têm adquirido imunidade natural – é importante agora se enfatizar a imunização de novas populações suscetíveis – as crianças. 43 OMS/PAI/GEN/98.11 A notificação, em geral, é pobre e baixa e necessita de padronização. Por exemplo, a maioria das notificações de febre amarela no Registro Epidemiológico Semanal não tem informação a respeito de dados sobre a distribuição por sexo e ocupação, e as categorias de idade podem variar enormemente, tornando difícil a realização de comparações acuradas. A principal utilidade dos números (sub) notificados de casos e óbitos é apenas indicar a atividade da febre amarela na área e as Taxas de Letalidade, variando de 10 a 80% dependendo se as amostras são coletadas de pessoas vivas ou mortas (por exemplo, as altas TLs na América do Sul devido a política da viscerotomia), não são de muita utilidade. O Mapa 4 mostra a cobertura vacinal contra a febre amarela nos países sob risco de surtos. A Tabela 8 compara os diferentes países africanos, quanto ao desempenho da vacinação, cobertura vacinal, casos e epidemias notificadas e situação econômica. Nas Tabelas 11, 12, 13 e 14, os países estão categorizados em quatro grupos prioritários recomendados, indo da mais alta a mais baixa prioridade. Isto não significa que os países de prioridade “mais baixa” devem ser negligenciados, mas que a ênfase do trabalho, especialmente para a febre amarela, deveria inicialmente ser desenvolvidos nos países de prioridade mais alta. Atualmente, todos esses países necessitam estar de prontidão para a realização de campanhas de vacinação em massa. A importância da vigilância não deve ser esquecida, especialmente levando em consideração as experiências da vigilância do Quênia. Como exemplo, a Gâmbia tem alcançado sucesso em seu programa de imunização como estratégia combinada (a imunização em massa cobriu 95% da população em 1978-1979, seguida de vacinação preventiva no PAI, alcançando neste a cobertura de 87% das crianças). A última epidemia do Gâmbia foi notificada em 1979, porém ainda necessita de um sistema de vigilância sensível para aperfeiçoar a detecção, diagnóstico e prevenção de surtos de febre amarela e monitorar a cobertura da febre amarela, incluindo detalhes das vacinações por faixa etária, realizadas em resposta aos surtos. As imunizações aplicadas através do PAI são uma das muitas intervenções de custobenefício visando a sobrevivência de crianças. Apenas um estudo foi realizado comparando o custo-benefício da vacinação preventiva contra a febre amarela e as campanhas de vacinação em massa – a eficiência do PAI foi registrada como maior em termos de prevenção de casos e mortes. As campanhas de vacinação em massa são também eficazes e de custo-benefício razoável e elas asseguram os fundos adicionais necessários (doações). Não existe estudo sobre o custo-benefício da vacinação preventiva combinada através da vigilância do PAI, contra campanhas de vacinação em massa; tais estudos deveriam ser incentivados. Entretanto, em países que têm recentemente experimentado epidemias vastas, a maioria não indicou campanhas “preventivas”. O custo do uso da vacina contra FA poderia ser bastante reduzido se a vacina pudesse ser administrada na mesma seringa da vacina contra o sarampo. Os testes de laboratório para determinar a estabilidade das vacinas contra a FA e sarampo, misturadas após diluição e mantidas por até 4 horas (como ocorreria na maioria das sessões de imunização de rotina), deveria ser de fácil realização e deveriam ser feitos usando vacinas contra o sarampo e FA dos mesmos fabricantes, já que o efeito da mistura poderia variar dependendo da 44 OMS/PAI/GEN/98.11 origem da vacina. Deveria se estimular a realização de experiências laboratoriais, um estudo de campo, sobre resposta sorológica, para as vacinas misturadas, antecedendo à vacinação, poderia ser feito com relativa rapidez e baixo custo. Atualmente, o interesse potencial dos fabricantes de vacinas, para a fabricação de um produto combinado deveria ser explorado, porém as implicações práticas de distribuição deste imunobiológico para apenas certos países, ou regiões dentro de um país, devem ser avaliadas. Todos os países asiáticos deveriam se esforçar no sentido de checar se todas as pessoas vindas de países endêmicos para a febre amarela têm um certificado de vacinação contra esta doença, com prazo de validade em vigência. Na América do Sul a febre amarela é uma doença de trabalhadores da floresta, porém existe o perigo do mosquito Aedes aegypti, que já reinfestou toda América Central e do Sul, pode transmitir a febre amarela em um ciclo urbano. As epidemias urbanas eram prevenidas nos anos 90 exatamente pela privação do mosquito de seus locais de desenvolvimento – isto poderia ser o suficiente na época atual para prevenir a febre amarela urbana nas cidades da América do Sul, combinada com a vacinação contra a febre amarela como parte da atenção a saúde “ocupacional” dos trabalhadores da floresta. 45 OMS/PAI/GEN/98.11 46 OMS/PAI/GEN/98.11 Sumário das Recomendações A estratégia combinada de vigilância, resposta ao surto e prevenção é ainda necessária para o combate a febre amarela. O grupo de “alta prioridade” necessita que a vacina contra a febre amarela seja incluída no PAI urgentemente (tanto no país inteiro ou apenas em parte dele), porém necessita, também, de esforços para melhorar o desempenho da imunização em geral, seguido pela melhoria dos sistemas de vigilância. Problemas práticos são decorrentes da instabilidade política e infra-estrutura deficiente em alguns desses países. O grupo de “alta prioridade” necessita que a vacina contra a febre amarela seja incluída no PAI (a maioria já o fizeram), porém necessita de apoio para aperfeiçoar o desempenho da imunização em geral, juntamente com uma melhoria do sistema de vigilância. A maioria dos países no grupo de “média prioridade” já incluiu a vacina contra a febre amarela no PAI e baixaram razoavelmente a atividade da FA. Entretanto, muitos desses países são politicamente instáveis e/ou com grandes carências econômicas, e seus programas de imunização e sistemas de vigilância para todas as doenças do PAI necessitam de reforço. As razões para as diferenças entre a cobertura vacinal contra FA e sarampo deveriam ser investigados localmente. Alguns desses países têm apresentado pequena atividade de FA durante décadas, porém a vigilância necessita ser continuada e fortalecida, vez que ressurgências têm sido documentadas após longos intervalos de inatividade, em outros países. A prioridade de introdução da vacina contra FA nos países desse grupo, que ainda não têm esta vacina (Congo, Guiné Equatorial, Etiópia, Serra Leoa, Sudão, Uganda e Zaire), necessita ser discutida. Os países de “prioridade mais baixa” (incluindo a Gâmbia) não têm notificado casos de febre amarela. A vigilância e resposta a possível surto é o suficiente neste estágio. A Gâmbia já tem um bom programa de imunização, que naturalmente necessita de apoio para continuar. Países maiores como Mali, Mauritânia, Niger, Chade e Sudão poderiam tomar a decisão de imunizar abaixo, talvez, 15ºN, baseados em considerações ecológicas e, similarmente, Angola poderia priorizar a região acima, talvez 12º. Entretanto, precisa ser reiterado que tais esquemas de prioridade são problemáticos nos locais em que o A. aegypti existe fora da “zona de emergência”, criando uma área “receptiva” dentro dos limites nacionais. Além do mais, o problema de migração e movimento de pessoas não imunes para regiões endêmicas, tanto no comércio normal, como durante inquietações políticas, é substancial. Estes são precisamente os resultados atuais para a América do Sul e existe o risco de se recriá-los na África. Normas sobre a vacinação seletiva necessitam ser desenvolvidas. 47 OMS/PAI/GEN/98.11 Tabela 9: Surtos, cobertura vacinal & performance nos países africanos sob risco para surtos de febre amarela País Angola Benin Burkina faso Burundi Cameroon Ilha do Cabo Verde CAR Chade Congo Guiné Equatorial Eritréia Etiópia Gabão Gâmbia Gana Guiné Guiné Abissal Costa do Marfim Quênia Libéria Mali Mauritânia Niger Nigéria Ruanda São Tomé Senegal Serra Leoa Somália Sudão Tanzânia Togo Uganda Zaire Total de casos notificados 1982-1996 Último ano de notificação de casos Relataram no mínimo um surto 1982-1996 Desempenho do Programa de Imunização pobre (<50% de cobertura vacinal) Vacina contra FA incluída no PAI (mesmo parcialmente) Cobertura vacinal contra FA (ano Cobertura vacinal contra o sarampo (1995) 37 124 280 1988 1996 1985 + + + + + 34(1994) + + 55(1995) 184 1994 + + + + 52((1995) 28(1994) 32 81 55 44 51 66 70 + + 1961 1970 44 523 5 25 64 360 305 21 1966 1995 1979 1996 1987 20.337 1982 1995 1997 1987 1987 1939 1994 79 33 1995 1995 39 + + + + + + + + + + + + + + + + + + 38 + + + 23(1991) 68(1994) 24(1995) + 43(1995) 57 35 3(1994) 32(1990) 27(1995) 1(1993) 49 + + + + 2(1994) 46(1994) 80 14(1993) 77 75 65 8(1992) 41 1942 7 1987 1971 1972 + + 54 38 48 OMS/PAI/GEN/98.11 Tabela 10: Os 34 países africanos de altíssima prioridade, sob risco para a febre amarela Altíssima prioridade País Nigéria Argumentos - - Cameroon - Quênia - - Libéria - Mali - Vastas epidemias em anos recentes: o maior número de casos notificados na África Centro de outras epidemias na área de topotipo II contíguo a Nigéria duas epidemias nos anos 90 topotipo III no Vale Kerio tem implantada a vigilância sentinela para a febre amarela área endêmica restrita a centros urbanos densamente habitados PCMN*** A mais recente epidemia notificada na África Comentários Recomendações - já incluiu a FA no PAI, porém cobertura de apenas 1% - a vacinação contra a FA junta com a contra o sarampo em idades >6 meses o país inteiro deve ser incluído implementação da vigilância - 214.000 doses de vacina FA aplicadas em 1990 as vacinações em massa em 1992-1993 cobriram um milhão de pessoas o mesmo da Nigéria - - - PCMN*** Centros da área do topotipo I Notificada uma epidemia em 1987; 70% <15 anos as vacinações em massa cobriram um milhão de pessoas em 1995 campanhas de vacinação em massa em 1969 e três milhões foram vacinados em 1987 - - - a vacinação contra a febre amarela necessita ser incluída no PAI no Vale Kerio, também todos os imigrantes devem ser vacinados o sistema de vigilância existente necessita ser implementado a vacinação FA junto com a contra o sarampo em idade >6 meses implementação da vigilância atividades do PAI necessita apoio a vacinação FA deve ser incluída no PAI nas áreas de alto risco implementação da vigilância ** Nenhuma notificação para a OMS nos últimos 3 a 5 anos. *** País com maiores carências: O PAI identificou 21 países com maiores necessidades de melhoria no desempenho do programa de vacinação e aumento de apoio financeiro.100 49 OMS/PAI/GEN/98.11 Tabela 11: Os 34 países africanos de alta prioridade, sob risco para a febre amarela Países de alta prioridade País Argumentos Comentários Angola - notificou uma epidemia - já incluiu FA no PAI em 1988 Burkina faso - Gabão - PCMN - já incluiu FA no PAI Notificou uma epidemia em 1985 Notificou uma epidemia - já incluiu FA no PAI em 1985 Mauritânia - Senegal - Togo - - já incluiu FA no PAI PCMN notificou uma epidemia em 1987 – porém em conexão com a epidemia de Mali notificou uma epidemia - já incluiu FA no PAI em 1995 alto risco: historicamente - cobertura de 80% na vacinação contra muitas epidemias o sarampo, porém a vacinação FA com cobertura <50% notificou uma epidemia - difícil avaliar o em 1987 grau de risco Recomendações - - apenas parte do país necessita vacinação FA, porém o PAI como um todo necessita ser implementado apoio a vigilância apoio às atividades do PAI apoio a vigilância - cobertura vacinal FA pobre, necessário sistema de vigilância - apenas parte do país necessita vacinação FA - 23 apoio ao PAI e vigilância para manter um bom controle monitorar a cobertura vacinal FA e oportunidades perdidas - - introdução da vacinação contra sarampo e FA juntas em idade >6 meses 50 OMS/PAI/GEN/98.11 Tabela 12: Os 34 países africanos de média prioridade, sob risco para a febre amarela Países de média prioridade País Argumentos Comentários Recomendações - boa cobertura vacinal - último caso em 1982 contra o sarampo Guiné notificou uma epidemia em 1996 - historicamente muitas epidemias - PCMN*** - Não notificou epidemias por 10 anos - PCMN*** - Não notificou epidemias por 10 anos - última epidemia em 1961 - PCMN*** - Último caso em 1970 - PCMN*** - Última epidemia em 1966 notificou o segundo maior número de casos durante os últimos 15 anos - último caso em 1987 Costa do Marfim - último caso em 1082 - já incluiu a FA no PAI Niger - Serra Leoa - Sudão - Uganda - Antigo Zaire - Benin CAR Chade Congo Guiné Equatorial Etiópia Gana - - já incluiu FA no PAI - PCMN*** Última epidemia em 1939 - já incluiu FA no PAI - apoio às atividades do PAI apoio a vigilância - apoio às atividades do PAI apoio a vigilância apoio às atividades do PAI apoio a vigilância - apoio às atividades do PAI apoio a vigilância - já incluiu FA no - apoio a vigilância PAI cobertura FA >50% - já incluiu a FA no PAI PCMN*** Última epidemia em 1939 PCMN*** Notificou uma epidemia em 1995 - última epidemia - parte do país sob em 1942 risco últimos casos notificados em 1971 PCMN*** Última epidemia em 1972 - apoio às atividades do PAI apoio a vigilância apoio às atividades da vigilância e do PAI apoio às atividades da vigilância e do PAI - incluir a vacina FA no PAI - incluir FA no PAI, porém apenas parcialmente apoio a vigilância - apoio a vigilância e atividades do PAI ** Sem notificação a OMS nos últimos 3 a 5 anos *** Países em maiores necessidades: O PAI identifica 21 países com maiores necessidades de melhoria no desempenho do programa de vacinação e carência de apoio financeiro.100 51 OMS/PAI/GEN/98.11 Tabela 13: Os 34 países africanos de baixa prioridade, sob risco para a febre amarela Países de Baixa prioridade País Burundi Ilha do Cabo Verde Eritréia Gâmbia Guiné Abissal Ruanda São Tomé & Príncipe Somália Tanzânia Argumentos Comentários Recomendações - PCMN *** - vigilância e resposta a surtos Não notificou epidemias - não notificou epidemias - vigilância e resposta a surtos - PCMN*** - vigilância e resposta a surtos - não notificou epidemias - bom desempenho na - já incluiu FA no - apoio a vigilância imunização: não relata PAI epidemias desde 1979 - não relatou casos desde - vigilância e resposta a surtos 1951 - não relatou epidemias - vigilância e resposta a surtos - não relatou epidemias - vigilância e resposta a surtos - PCMN*** - vigilância e resposta a surtos - não notificou epidemias - não notificou epidemias - vigilância e resposta a surtos (mesmo históricas) 52 OMS/PAI/GEN/98.11 Apêndice I: Exemplos de epidemias de febre amarela histórias 12 23 24 25 27 101 102-106 América Central e do Sul Ano Local 164- Índia Ocidental 1664 Sta. Lúcia 1780 Jamaica 1699 México 1725 México 1760 Guiana Holandesa: Suriname Guiana Francesa 1762 1793 1795 180- Venezuela Índias Ocidentais América Central e do Sul 1804 1898 1900 San Juan Puerto Rico Rio de Janeiro Colômbia 190- Guiana Holandesa 19-19-- Colômbia Venezuela 53 OMS/PAI/GEN/98.11 Casos 500-20.000 Óbitos Comentários Epidemias: 1649, 1652, 1656, 1664, 1671, 1686, 1690,1691, 1694, 1695, 1703, 1705, 1715, 1723, 1664, 1729, 1731, 1734, 1735, 1740, 1741, 1743, 1750, 1751, 1754,1756, 1761, 1762, 1765, 1767, 94% 1769, 1500, 1770, 1779, 1780, 1781, 1791, 1793, de 1795, 1796, 1800, 1801, 1802, 1803, 1804,1807, 1500 1813, 1816, 1780, 2500, 1817, 1818, 1819, 1820, 1821, 1822, 1823, 1824, 1825, 1826, 1827, 1828, 1829, 1830, 1837, 1838, 1839, 1841, 1842, 1843, 1847, 1850, 1852, 1853, 1854, 1855, 1856, 1858, 3500 1860, 1861, 1862, 1864, 1865, 1866, 1867, 1868, 1869, 1877, 1881, 1887, 1889, 1891, 1894, 1895, 1901, 1907, 1908 Vera Cruz: considerada a primeira epidemia neste local Em Vera Cruz: relatado por Clavigero em Histoire de la Mexique Dito por Fermin em seu Traite des Maladies les plus frequentes a Surinam como a primeira epidemia lá Em Cayenna, onde o surto durou três anos, outra epidemia em 1791 Caracas foi atacada em outubro 31.000 Entre as tropas européias Venezuela em 1802, 1869, Guiana Inglesa em 1800, 1820, 1821, 1825, 1837, 1838, 1840, 1841, 1881,Colômbia em 1830, 1861, 1833, 1886, 1887, 1888, 1889, Guiana Holandesa em 1800, 1835, 1837, 1841, 1854, Peru em 1842, 1852, 1854, 1869, México em 1846, 1863, 1865, 1868, 1875, 1878, Rio de Janeiro em 1850, 1894, Guiana Francesa em 1802, 1850, 1855-1858, 1877, Honduras em 1860, San Salvador em 1868, Nicarágua em 1868 Mortalidade foi excessiva Mortalidade 95,5% ??? O Aedes aegypti foi muito escasso e os casos podem ter sido do tipo rural As epidemias de 1902 e 1908 coincidiram com o advento de um grande número de não imunes Surtos em 1907, 1910, 1912, 1915, 1920, 1929 Surtos em 1908,1912, 1914, 1917, 1918, 1928-1929 América do Norte Ano Local 1668 América do Norte 169- América do Norte 169- Filadélfia 17-- América do Norte 1793 Filadélfia 180- América do Norte 1839 Galveston, Texas As planícies dos 1846 1851853 1870 1876 1877 1878 1905 Charleston, Carolina do Sul New Orleans New York Casos Óbitos 4.000 Cerca de 100 EUA Comentários Particularmente destrutiva nas cidades de New York e Filadélfia. Intercomunicação freqüente entre as ocorrências na América do Norte e Índias Ocidentais supondo que o mosquito foi levado pelos velhos navios de madeira 1690 em Charleston, 1691 em Boston, 1693 na Filadélfia, Charleston e Boston, 1694 em Boston, New York e Filadélfia, 1699 em Charleston e Filadélfia Epidemias: 1699, 1741, 1762, 1780, 1794, 1795, 1796, 1797,1798, 1799, 1800,1803, 1804, 1805. A pior ocorreu em 1793 1702 em New York, 1703 em Charleston, 1728 em Charleston, 1732 em Charleston, 1734 em New York, Boston, Charleston, Filadélfia e Albany, 1737 em Virgínia, 1739 em Charleston, 1751 em New York e Filadélfia, 1778 em Filadélfia, 1783 em Baltimore, 1791 em New York e Filadélfia, 1792 em Charleston, 1793 em Filadélfia. Após a chegada dos refugiados de São Domingos em agosto, a “febre biliosa” iniciou em setembro e durou 7 semanas. Norfolk em 1801, New York em 1801, 1819, 1821, 1870, Massachusetts em 1801, Filadélfia em 1802, 1803, 1805, 1819, 1820, 1821, 1867, Boston em 1803, 1821, Charleston em 1807, 1817, 1819, 1821, 1839, 1843, 1854, 1856, New Orleans em 1811, 1817, 1819, 1820, 1821, 1822, 1824 1827, 1828, 1837, 1841, 1847, 1854, 1856, 1867, 1873, 1878, Flórida em 1811, Nova Jersey em 1811, Baltimore em 1817, 1819, 1821, Alabama em 1821, 1854, 1873, Mississipi em 1821, 1843, 1855, 1873, Key West em 1823, 1829, 1841, 1867, Natchez em 1825, 1829, 1837, 1847, Washington em 1825, Mobile em 1825, 1827, 1829, 1837, 1839, 1843, 1847, 1857, 1867, Memphis em 1828, 1873, 1879, Galveston em 1839, 1843, 1867. Epidemia descrita em detalhes por Dr. Ashbel Smith “Os mormons, durante sua marcha de Nanboo a Utah, sofreram de febre amarela e remitente. A travessia do deserto foi marcada pela gravidade daqueles que faleceram” (Walford). Várias epidemias maiores: a maioria em 1852, 1854, 1856 e 1858. 682 mortes foram notificadas em 1854. 4858 Charleston Porto Real, Carolina do Sul Vale do 100.000 20.000 Mississipi New Orleans 5.000 1.000 O último surto notificado de febre amarela em New York Final da epidemia de febre amarela em Charleston Final da epidemia de febre amarela na Carolina do Sul Perda econômica de mais de 100 milhões de dólares 54 OMS/PAI/GEN/98.11 Europa Ano Local 1649 Gibraltar, Espanha 1700 Cadiz 1723 Lisboa, Portugal, Londres ??? 1724 Espanha e Portugal 172- Espanha 1730 Europa 1740 Cartagena 1741 1801802 Málaga, Espanha Bress, Brittany Cadiz, Espanha 1804 181- Livorno, Itália Espanha 1821 Barcelona, Espanha 1823 1826 Portugal Dublin 1828 1852 1857 1865 Gibraltar Southampton Oporto, Lisboa, Portugal Saint-Nazaire, França Swansea Wales 1870 1878 Barcelona Madri 1861 55 OMS/PAI/GEN/98.11 Casos Óbitos Comentários 8.431 Trazida por navios na rota da África para as Índias Ocidentais, ou durante o retorno De acordo com Hirsch, primeiro registro de FA em Cadiz Relato de epidemia local por Pedro Francisco da Costa Alvarenga – a febre amarela apareceu pela primeira vez na Europa? O aparecimento da doença em Londres é considerado como transmitida a partir de Lisboa. A doença foi atribuída a “ingestão de frutas e água da neve”. Gibraltar em 1727, Cadiz em 1730, 1764, Malaga e Cartágena em 1741 Durante setembro e outubro, 22.000 óbitos ocorreram após a chegada de Cartagena, da frota de Pintado, onde muitos de seus homens faleceram de “el vomito prieto”. Os escritos de Bascome sobre este surto adiciona: “ Foi provavelmente esta pestilência que durante os sete anos de 1729-35 assolou em Viena, Pignerol Fossano, Nizza, Rivoli, Asti, Larti, Acqui, Basle, Silésia, Thrasburg (Reno mais baixo), Trino Fresneuse (Seine mais baixo), Vimeux Seine et Oise), Orleans (Loiret), Plouviers (Loiret), Meaux, Villeneuve, St. George (Seine et Maine), Bohemia, Dinamarca, Suiça e Rússia”. A negligência quanto a precaução de ancoragem a certa distância do porte, resultou em uma epidemia na Marinha Britânica. Durante uma operação militar. Pequeno surto em 1802 e 1856. Em 1804 a Córdoba, Granada, Valença, Catalunha e Gibraltar foram seriamente atingidas. 2.000 650 5.383 Surtos notificados em Barcelona, Cadiz, Cartagena, Málaga em 1810, em Gibraltar em 1813. 5.000- Observadores franceses e ingleses passaram a reconhecer 20.000 que a febre amarela poderia se mover mais além e para o norte dentro da Europa. Surto em Lisboa Notificada a epidemia de febre amarela mais remota na Europa, de acordo com Fannim, 1848. 1.183 “Causa atmosférica” Pequeno surto “Terrível na escalada e mortalidade”- a última maior epidemia da Europa. 26 “Anne Marie”, um pequeno navio de madeira de Havana registrou no mar 22% de óbito por febre amarela. 17 Durante um período de extraordinário calor um pequeno número de mosquitos infectados de um cargueiro de cobre ou de Cuba estabeleceu uma epidemia na cidade. 40 27 África Ano 1751 Local 181- África Ocidental: Costa da Guiné, Senegal África Ocidental 1900 África Ocidental 1923-27 África Ocidental Casos Óbitos Comentários Lind: “Em várias cidades, dentre a população negra a mortalidade foi tão grande que não houve partida suficiente para cessar a morte...”. Senegal em 1814, 1816, 1828, 1830, 1837, 1840-41, 1844, 1852, 1858, 1863, 1866, 1872, Serra Leoa em 1816, 1823, 1859, 1862, 1865, 1866, a Costa do Congo em 1816, 1862, 1865, Fernando Po em 1839, 1862, a Costa Dourada em 1852, 1862, Senegâmbia em 1858, 1859, 1866, Gâmbia em 1860, Angola em 1860, a Costa de Benin em 1862, Ilhas Canárias em 1810, 1862, 1888, Lagos em 1864. Iniciou no Senegal e se espalhou ao longo da estrada de ferro de Kayes a Dioubeba no Sudão Francês, a Costa do Marfim, Dahomey, Togo e Volta Superior, e o Congo Belga. A febre amarela tornou-se ativa na Costa Dourada, Nigéria, Senegal, Sudão Francês, Costa do Marfim, Dahomey, Togo, Volta Superior e Congo Belga. 56 OMS/PAI/GEN/98.11 Apêndice II: Casos de Febre amarela notificados na África, 1900-1996 57 OMS/PAI/GEN/98.11 1900 Angola Congo Belga Costa do Marfim Costa Dourada Dahomey Gâmbia Guiné Guiné Portuguesa Libéria Niger Nigéria Senegal Sudão Francês Togo Francês Volta Superior -00 -01 -02 -03 -04 -05 -06 -07 -08 -09 -10 -11 -12 -13 -14 -15 -16 -17 18 -19 -20 -21 -22 -23 -24 -25 -26 -27 -28 9 3 107 4 1 45 3 4 6 5 X 15 X 11 12 X 2 16 7 8 14 6 3 7 27 2 1 5 1 5 20 1 2 36 21 15 5 pouco 6 11 27 5 X 5 1 3 116 8 2 X = casos notificados 58 OMS/PAI/GEN/98.11 -29 África Eq. Francesa Cameroon Britânico Cameroon Francês Congo Belga Costa do Marfim Costa Dourada (Gana) Dahomey Gabão Gâmbia Guiné Francesa Guiné Guiné Portuguesa Libéria Mauritânia Niger Nigéria Quênia Rodésia do Norte Senegal Serra Leoa Sudão AngloEgípcio Sudão Francês Togo Britânico Togo Francês Uganda Volta Superior -30 -31 -32 -33 -34 -35 -36 2 -37 -38 -39 -40 -41 7 1 3 5 2 1 11 2 1 2 2 2 3 4 4 1 -42 -43 -44 -45 -46 -47 -48 2 -49 -50 -51 -52 -53 -54 1 -55 -56 -57 4 3 1 8 2 16 20 4 * 3 6 * 28 5 4 3 3 1 46 7 5 1 8 7 1 9 101 5 1 6 10 77 14 24 15 2 4 7 1 8 1 7 1 2 3 2 1 2 5 2 1 2 1 3 2 1 5 27 13 25 6 2 8 6 1 3 1 7 1 3 1 3 7 1 8 2 2 1 1 22 1 1 2 4 3 1 15 22 1 1 4 3 1 5 10 1 26 24 1 11 2 3 8 17 3 1 3 1 15,641 1 1 4 2 1 1 1 8 3 3 7 3 9 1 1 8 1 1 46 3 3 3 OMS/PAI/GEN/98.11 42** 18 3 2 1 1 1 1 1 * Icterícia, o que não foi confirmado sorologicamente como febre amarela. ** Uma série de surtos dentro da população indígena da Nigéria com pelo menos 12.000 casos não notificados oficialmente. 59 13** 3 1 1 1** 1 1 1 3 2 2 -58 Angola Cameroon Congo Costa do Marfim Etiópia Gâmbia Gana Guiné Equatorial Mali Nigéria Senegal Serra Leoa Suíça Togo Uganda Volta Superior (B. Faso) -59 -60 -61 -62 -63 -64 -65 -66 -67 -68 -69 -70 -71 -72 -73 -74 -75 -76 2 1 1 2 1 -77 -78 -79 -80 -81 -82 -83 -84 -85 65 1 60 11 7 7 1 4 25 *** 2 10 350 3 5 21 208x 12 4 3 4x 5 5 1 2x 25 2 2 110 30x 213 243# x 494 8 11 1 1 4 6 372 12 6 3 130 1 1 1 1 1 1 106 14 87 536x 17 7 X = 8.400 casos estimados em Gâmbia e cerca de 100.000 na Nigéria em 1969 e 1000 em 1973; e 3.000 em Burkina faso em 1983 # = 20.000 casos estimados. *** = 100.000 casos na Etiópia 60 OMS/PAI/GEN/98.11 1986 Angola Benin Cameroon Gabão Gana Guiné Libéria Mali Mauritânia Nigéria Quênia Senegal Serra Leoa Togo 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 39 10 28 79 1995 1996 37 214 173 16 27 5 360 1.289x 305x 21 2.676x 4.920x 3.270 4.075 2.561 149 27 6 X = Morbidade estimada em 1.525 em Mali em 1987, e na Nigéria em 1986, 120.000 em 1987 e > 1.000 em 1988. 61 OMS/PAI/GEN/98.11 152 27 1.227 7 3 79 33 Apêndice III: Vetores Africanos 49, 51, 79, 83, 107-115 Mosquito Aedes (Stegomyia) aegypti a) forma doméstica (aegypti) Reprodução/vida Hábito de picar reprodução em recipientes artificiais (recipientes para armazenamento de água, latas velhas, pneus usados, etc.) - antropofílico pica dentro e fora durante todo o dia, especialmente no final da tarde durante todo o ano inclusive na estação seca zoofílico encontrado durante a estação chuvosa e o início da estação seca b) forma selvagem reprodução coleções (formosus) naturais de água (orifícios de árvores, orifícios de pedras, cascas de frutas, conchas de moluscos) Aedes (Stegomyia - encontrado em áreas desde florestas tropicais até as africannus savanas secas Aedes opok - - (Stegomyia) - conhecido nas áreas de savanas Comentários primatofílico após o anoitecer no alto das árvores, porém pode picar a qualquer hora durante o dia quando um hospedeiro conveniente é introduzido na sua área de atividade (efeito de intrusão) menos primatofílico que o A. africanus Aedes (Stegomyia) - conhecido apenas nas galerias de florestas do leste neoafricanus do Senegal Aedes (Stegomyia) luteo-cephalus Aedes (Stegomyia) simpsoni nas áreas de savana, comum em áreas reflorestadas reprodução nos orifícios das árvores - - primatofílico pica macacos após o anoitecer no alto das árvores da floresta/manguezais - - sua distribuição correlaciona-se com o comportamento humano maior e único vetor envolvido na transmissão homem-a-homem pouca participação na transmissão da febre amarela (período de vida curto, tem menos contato com macacos) principal vetor na floresta tropicais e importante vetor nas galerias das florestas vírus freqüentemente isolado do A. opok na República da África Central e Costa do Marfim considerado um importante vetor nunca é muito abundante, porém pode atuar como um vetor local efetivo (a taxa de infecção é alta) indiscriminado em 1969 durante a epidemia Jos Plateau na Nigéria principal vetor nas áreas de savana na África Ocidental ao menos três espécies isolado na Uganda em 1942 e muitas vezes durante a epidemia na Etiópia em 1960-62 na África Ocidental as espécies do grupo Simpsoni que picam o homem foram registradas apenas na Nigéria Mosquito Reprodução/vida Hábitos de picar a) A. Simpsoni - - b) A. lilii - - Comentários - não primatofílico - c) A. bromeliae - Aedes (Diceromyia) grupo furciffertaylori reprodução em locais vegetais (folhas de bananeiras), orifícios de árvores savanas úmidas - durante o dia - alimenta-se de sangue por duas vezes durante um simples ciclo gonotrópico - a) A. taylori - no alto das árvores das galerias florestais mais simiofílico que antropofílico b) A. furcifer - em savanas abertas antropofílico pica dentro e fora das residências - Outros Mosquitos a) A. metallicus b) A. vittatus c) A. dentatus d) A. stokesi e) Eretmapodites f) Mansonia g) Culex Carrapatos Amblyomma veriegatum - - encontrado apenas na África do Sul encontrado na África Oriental não é considerado vetor da febre amarela vetor mais provável segundo Mahaffy e Haddow sob o nome de A. simpsoni espécies deste grupo primeiro responsabilizadas durante a epidemia das Montanhas Nubano Sudão, em 1940 58 cepas de vírus da febre amarela isoladas de machos e fêmeas capturadas durante uma epizootia no Senegal em 1977 principal vetor de macacoa-macaco no alto das florestas de galerias a transmissão macaco-amacaco, porém também infecção humana principal vetor nas epidemias intermediárias: Gâmbia em 1978; Burkina faso em 1969 e 1983; Mali em 1987 - não têm preferências trópicas, ou não pica primatas nunca têm participação importante na disseminação ou amplificação do vírus - Nunca têm uma participação importante na disseminação ou amplificação do vírus, devido ao longo período de incubação deste. - o vírus da febre amarela foi isolado por duas vezes de carrapatos (uma vez de machos e outra de ovos) mais importante participação na manutenção do vírus, considerando que sua transmissão pode ser verticalmente. na natureza da República da África Central - Apêndice IV: ii Hospedeiros vertebrados africanos Nome Meio ambiente Comentários - todos os macacos africanos suscetíveis ao vírus da febre amarela, desenvolvendo uma viremia seguida de anticorpos neutralizantes, porém têm um moderada doença não perceptível. Simioidea (macacos) a) Colobus abyssinicus 35, 115, 73, 107, 116-124 - África Oriental e Ocidental - viremia é longa (cinco a nove dias) - b) Colobus polykomos c) Colobus badius d) Cercopithecus e) Cercocebus (mangabeys) f) Erythrocebus patas (macaco vermelho ou patas) anticorpos aparecem após o oitavo dia - uma cepa do vírus isolada durante a epidemia da Etiópia em 160-62 - África Ocidental encontrado positivo sorologicamente em Gana em 1965, Serra Leoa em 1937 e Senegal em 1936 - África Oriental: C. mitis: transmite o - gênero melhor estudado vírus na floresta, C. aethiops e C. nictitans alimentam-se nas plantações e áreas fonte de infecção de mosquitos antropofílicos - África Ocidental: C. diana e C. mona habitam a floresta e C. aethiops nas áreas de savana - macacos da floresta os quais com - na Uganda, C. albigena tem freqüência vão ao solo para se alimentar altas taxas de prevalência de anticorpos, porém sua viremia é de curta duração e baixo nível - comuns em savanas - deslocam-se em longas distâncias e com freqüência alimentam-se nas plantações - g) Papio papio h) Papio anubis (babuínos) i) Pan troglodytes (chimpanzé) - habitantes da savana vivem em grandes grupos atrativos para os mosquitos primatofílicos África Oriental, Central e Ocidental - - com freqüência são positivos sorologicamente alta taxa de soropositividade na África Oriental e Ocidental não muito comum, de forma que não ocupa papel importante iii Nome Lemurioidea (pottos e galagos) a) pottos Meio ambiente - hábitos noturnos, habitantes de árvores na floresta de chuva Comentários - espécie muito rara para ter participação importante epidemiologicamente b) galagos (Galago senegalensis, Galago crassicaudatus) - vive nas florestas e savanas, ativo durante à noite na natureza, exames sorológicos não mostraram qualquer evidência de sua participação na circulação do vírus na África Ocidental, porém na África Oriental os galagos foram encontrados positivos no Quênia e na Uganda Outros vertebrados - Os porcos selvagens do Sudão (Atelerix prunen) e da Europa (A. erinaceus) - morcego (Epomophorus sp.) cobaio de laboratório Porcos da Guiné (após inoculação intracerebral) Steatomys opimus Carnívoros são normalmente resistentes, com exceção de Genetta tigrina e Nandinia binotata Artiodactyla (camelos, carneiros, bodes, gado, porcos, etc.) foram encontrados sorologicamente positivos, porém com freqüência nos países onde o vírus da febre amarela nunca apareceu. encontrados vários suscetíveis, porém sua participação pode ser limitada devido a falta de contato com vetores conhecidos - - reações cruzadas possíveis. muitas respostas positivas são provavelmente causadas por anticorpos induzidos por outras flaviviroses iv Apêndice V: Vetores e hospedeiros vertebrados da América do Sul 17, 35, 46, 125, 126, 73, 107, 127-131 Mosquito Reprodução-vida Aedes (Stegomyia) aegypti a) Haemagogus b) H. (Haemagogus) janthinomys - c) Hg. (Haemagogus) equinus d) Hg. (Haemagogus) mesodentatus e) Hg. (Haemagogus) lucifer f) Hg. (Haemagogus) iridicolor g) Hg. (Haemagogus) capricornii - h) Hg. (Haemagogus) albomaculatus i) Hg. (Conopostegus) leucocelaenus Sabethes (Sabethoides) chloropterus Hábito de picar peridoméstico abrigam-se nos orifícios das árvores e bambus abundante na copa das árvores da floresta úmida da Colômbia e costa Atlântica do Panamá importado da África Ocidental - o principal vetor América do Sul se ocorre desmatamento floresta, este vetor sobreviver a nível solo nas plantações principal vetor Guatemala - - na o da irá do na - principal vetor na Guatemala em 1956 - maior vetor selvagem encontrado infectado na natureza: confundido com o Hg. Janthinomys??? simiofílico, porém pica o homem ocasionalmente ativo durante todo o ano altamente tolerante a condições áridas: pode ocupar lugar de importância na manutenção do vírus nas áreas com longos estações secas importado da Ásia participação potencial??? - a nível do solo pica o homem tanto dentro como fora do lar - artropofílico - se abrigam nos orifícios de árvores e bambu - Aedes albopictus semiofílico, porém pica ocasionalmente o homem compartilha uma ecologia similar com o H. janthinomys - vive nas florestas Comentários - v Hospedeiros vertebrados da América do Sul Nome Alouatta (macacos gritadores) Ateles (macacos aranhas) Callitrix (saguis) Cebus (macacos de cheiro) Saimiri (macacos esquilos) Meio ambiente - vivem em grupos no alto das árvores - vivem no topo das árvores - vivem em grupos Comentários - muito suscetíveis a febre amarela muito suscetíveis - muito suscetíveis - relativamente resistentes - participam do conceito de “epizootia inconstante” vi Bibliografia 1. 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